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AA2 Seminário Temático 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS 
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB 
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
 
Atividade Avaliativa II - Seminário Temático I 
Professora Coordenadora Marina Cordeiro 
Tutor Reynaldo Loio 
 
Disciplina: Seminário Temático I 
Nome da Atividade: Atividade Avaliativa II 
Nome do aluno: Juliana Cristina Ribeiro 
Pólo: Darcy Ribeiro – VRE 
Matrícula: 17113110247 
Artigo de referência 
 
ARRETCHE, Marta. Relações federativas nas políticas sociais. Educ. Soc., Campinas, Set 2002, 
v.23, n.80, p.25-48. 
 
Questões 
 
(1) (03 pontos) IDENTIFIQUE no através do resumo do artigo de ARRETCHE (2002), os 
três elementos centrais do texto. TRANSCREVA-OS com suas palavras, de forma 
organizada em três tópicos (exemplo: a, b, c). 
 
a) Conceituação e distinção entre Estado federativo e descentralização; 
b) Apresentação de um breve histórico da restauração do federalismo no Brasil no final dos 
anos 80 e da descentralização das políticas sociais no final dos anos 90; 
c) Comparação da trajetória brasileira com as relações federativas nos EUA no que se refere à 
descentralização das políticas sociais. 
 
(2) (03 pontos) EXPLIQUE, com suas palavras, os elementos que compunham o debate 
sobre política pública e gestão pública no Brasil, na percepção de ARRETCHE. 
 
Segundo Arretche (2002), entre os anos 70 e 80 havia um anseio, em consenso com 
correntes políticas tanto de esquerda quanto de direita, de mudança na gestão das políticas 
públicas para a forma descentralizada, pois, durante o período da ditadura, a avaliação era de 
que o regime militar com sua centralização excessiva no processo decisório havia produzido 
ineficiência, corrupção, além, é claro, de falta de participação da maioria nas decisões 
governamentais. Portanto, o debate à época era de que a descentralização reverteria esses 
problemas e produziria o oposto, ou seja, a eficiência, participação e transparência, que aliás, 
é o comportamento previsto na administração pública de um país democrático. 
 
(3) (03 pontos) APONTE de que forma o debate acima descrito estava presente nem outros 
países e de que modo estes organizaram sua atuação diante da “descentralização”. 
 
De acordo com Arretche (2002, p.26): 
Este debate não se restringia ao Brasil. Também em países com democracias 
estáveis, a descentralização aparecia como uma alternativa às estruturas decisórias 
centralizadas instituídas durante a construção dos Estados de Bem-Estar Social, de 
inspiração keynesiana. Em alguns países europeus, como a França, esperava-se que 
a descentralização operasse como um instrumento de radicalização democrática, 
com vistas à ampliação dos canais de participação política (Rosanvallon, 1993). Em 
outros países, como a Itália, a descentralização era portadora de expectativas 
relacionadas à vitalização dos governos regionais, esvaziados em seus poderes por 
Estados unitários excessivamente centralizados (Putnam, 1996). Em outros países 
ainda, como Bélgica e Espanha, a grande demanda era a do federalismo, isto é, a 
afirmação da autonomia política de etnias sub-representadas politicamente em 
Estados unitários com regras eleitorais majoritárias (Watts, 1999). 
Na esteira destes debates, alguns países permaneceram Estados unitários e adotaram 
programas extensivos de descentralização, como foram os casos da França e da Itália 
(D’Arcy e Baena del Alcazar, 1986; Putnam, 1996). O Reino Unido devolveu certas 
prerrogativas a Escócia, País de Gales e Irlanda (Watts, 1999). Em outros casos, 
entretanto, imperaram as soluções políticas federativas. Bélgica (1993), África do 
Sul (1996), Espanha (a partir de 1978) adotaram sistemas plena ou parcialmente 
federativos. No norte da Itália, há forte pressão pela adoção do federalismo. Grande 
parte do processo de integração da União Europeia está baseada em princípios 
federativos (Watts, 1999). 
 
(4) (03 pontos) CONCEITUE e EXPLIQUE os conceitos “federalismo” e 
“descentralização”: 
 
Segundo Arretche (2002 apud Lijphart,1999), “Estados federativos são uma forma 
particular de governo dividido verticalmente, de tal modo que diferentes níveis de governo 
têm autoridade sobre a mesma população e território”. Desta forma, conforme Arretche (2002 
apud Ricker,1987 e Pierson & Leibfriend, 1995), o governo central e os governos locais são 
independentes entre si e detêm soberania política cada qual dentro da sua jurisdição, definida 
esta última na Constituição do país. Ou seja, de acordo com Arretche (2002), a característica 
essencial do federalismo é a autonomia política dos governos locais que no caso do Brasil, 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UNIDADE DE VOLTA REDONDA 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – ICHS 
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – PNAP/UAB 
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
 
significa autonomia e liberdade dos estados e municípios para criação de leis, recolhimento de 
impostos e gestão de políticas públicas e sociais. 
Já a descentralização, segundo Arretche (2002 apud Ricker,1987) refere-se à 
distribuição das diversas funções administrativas entre os níveis de governo. Isso significa que 
um dado nível do governo, por exemplo, estadual ou municipal, pode receber transferências 
de recursos e delegação de funções para desempenhar uma função de gestão de uma dada 
política (por exemplo, as políticas de saúde, habitação, assistência social, etc.) 
independentemente da sua autonomia política e fiscal. 
 
(5) (03 pontos) EXPLIQUE com suas palavras, de que forma a literatura sobre federalismo 
dos anos 1980 e 1990 analisou seu impacto sobre a autoridade dos governos centrais, 
especialmente na sua capacidade de mudar o status quo. 
 
Segundo Arretche (2002), a literatura sobre federalismo dos anos 1980 e 1990 
avaliava que nos Estados Federativos, os governos centrais poderiam encontrar dificuldades 
em implementar reformas de âmbito nacional porque os governos locais poderiam aproveitar 
os incentivos e recursos recebidos para implementar suas próprias políticas 
independentemente do governo federal. Segundo Arretche (2002 apud Weaver & Rockman, 
1993), poderia haver também uma certa concorrência entre os diversos níveis de governo no 
controle da jurisdição de uma política devido a autoridade de cada um em intervir em uma 
área de política sem permissão do outro nível de governo. Além disso, os governos locais 
também poderiam vetar no parlamento, através de suas representações, iniciativas que fossem 
contrárias aos seus interesses e ainda porque os mesmos poderiam simplesmente não aderir à 
implementação de programas federais, justamente, por terem autonomia nas suas gestões. 
 
(6) (05 pontos) LEIA as orientações sobre como produzir fichamentos, resumos e resenhas 
do artigo de Santos (2009). Em seguida, FAÇA UM RESUMO do comportamento dos países 
mencionados nas considerações finais do artigo em relação à heterogeneidade das relações 
entre federalismo e descentralização das políticas sociais. 
De acordo com Arretche (2002, pg. 44), “As relações entre federalismo e 
descentralização das políticas sociais não são homogêneas entre os países federativos”. 
Segundo a autora, nos EUA, devido à capacidade fiscal dos estados advirem basicamentedo 
recolhimento de seus impostos, não é interessante o investimento dos mesmos em políticas 
sociais que os façam correr o risco de atrair imigrantes pobres, obrigando-os a elevar suas 
taxas de impostos afastando com isso, investimentos de empresas. Desta forma, nos EUA as 
políticas sociais são financiadas por transferências do governo federal. 
Já no Canadá, de acordo com Arretche (2002 apud Banting, 1995), a expansão do 
welfare state, ou seja, a política do “estado do bem-estar”, onde as políticas sociais são a 
prioridade do governo, ocorreu uma disputa entre as províncias e governo federal pelos 
créditos políticos referentes à ampliação de serviços sociais. Também na União Europeia - um 
novo arranjo federativo - o receio inicial de que a autonomia dos países participantes levasse a 
uma diminuição das políticas sociais, foi superado pela evidência de que os países do sul 
(Portugal, Espanha, Grécia), com baixos patamares de proteção social, aumentaram seus 
níveis de proteção efetiva, aproximando-se neste quesito, dos países do norte (França, 
Alemanha, Bélgica). Isso ocorreu porque na Europa, o conceito do welfare state também é 
valorizado. 
Quanto ao Brasil, o mesmo se apresenta com relação às políticas sociais de modo 
semelhante aos EUA, ou seja, por indução do governo federal, sendo que, segundo Arretche 
(2002 apud Almeida, 1995 e Affonso e Silva, 1996), até meados dos anos 1990, não havia 
ocorrido ainda, efetivamente, a descentralização das políticas sociais ou as mesmas tinham 
sido insuficientes ou caóticas, apesar das evidências mostrarem que pelo menos do ponto de 
vista fiscal, a descentralização dos gastos sociais havia ocorrido. Essas políticas somente 
foram efetivamente descentralizadas por força de condições institucionais, a partir do 
Governo de Fernando Henrique Cardoso e implementadas através de programas de 
transferência de atribuições para os governos locais, revelando, segundo Arretche (2002, pg. 
46) “que a capacidade de veto dos governos locais é bem mais reduzida do que supõe a teoria 
política sobre o federalismo”.

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