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PATOLOGIAS DO SISTEMA REPRODUTOR DO MACHO http://www.resumaodeveterinaria.com.br/patologia-do-sistema-reprodutor-do-macho/ A importância em pequenos animais é menor, pois não há tanto interesse em reprodução. Já em grandes animais, é de extrema importância, pois se o animal não serve para reprodução, normalmente é descartado. ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO Animais Intersexos Distúrbios Cromossômicos Podem ser caracterizadas por anomalias estruturais e ou numéricas dos cromossomos. Podem haver cromossomos faltando ou sobrando, sendo situações raras onde geralmente ocorre o descarte ou castração indo para consumo humano. Pode haver falta de uma porção do cromossomo, como do braço curto do y ou a duplicação do braço remanescente, no caso da perda, e causa a formação do isocromossomo Y. Animais que apresentarem pelo menos um cromossomo y, possuirão genitália masculina externamente. Anomalias gonadais Hermafroditas Possuem testículos e ovários, todavia estes são anormais. Normalmente ambos são anormais, podendo aparecer fundidos, separados, etc. As gônadas podem estar separadas ou mescladas em uma única estrutura, que é chamada de ovoteste No caso do ovoteste, os tecidos ovariano e testicular são facilmente identificáveis. Observa-se folículos e túbulos seminíferos juntos no ovoteste. O testículo pode apresentar regressão. O restante da genitália normalmente é indiferenciado. Histologicamente o ovário é normal, mas o testículo possui alterações causadas pelo estrogênio e também pela criptorquidia que é comum nesses casos. Já foi descrito em todas as espécies animais, porém ocorre com maior frequência em suínos e caprinos. A maioria dos hermafroditas possuem genótipo XX, porém são portadores do antígeno HY. Os hermafroditas são classificados como: 1. Bilaterais: testículos e ovários ou ovoteste em ambos os lados 2. Unilateral: ovoteste em um lado e testículo ou ovário no outro 3. Lateral: testículo em um lado e ovário no outro A genitália externa é normalmente de ambos os sexos, apresentando diferentes graus de diferenciação. Os bilaterais apresentam útero hipoplásico, os demais não apresentam tuba uterina e corno do lado do testículo. Sexo reverso As gônadas não correspondem à informação genética XX ou XY, são invertidos; ocorre em camundongo SXR (sex reversal gene). Anomalias fenotípicas Síndrome da feminilização testicular ou insensibilidade ao andrógeno, a composição cromossômica é XY. As gônadas apresentadas são testículos, normalmente retidos. há o desenvolvimento do trato é reduzido, e a genitália externa é feminina. Pseudo-hermafroditas: apresentam as gônadas apenas de um sexo, mas a genitália externa é característica do outro sexo. São denominados pseudo- hermafroditas masculinos ou femininos, de acordo com a gônada que está presente. Os cães são machos normais externamente (XY/XXY), com frequente criptorquidia uni ou bilateral. Os testículos estão presentes, porém aderidos às extremidades dos cornos uterinos. Deficiência de 5-redutase converte testosterona em diidrotestosterona. Síndromes de regressão testicular embrionária e fetal: a genitália externa será: feminina (início da gestação), ambígua (intermediária) e masculina (final da gestação). TESTÍCULOS Distúrbios de Desenvolvimento Criptorquidia Pode acometer todas as espécies praticamente. É caracterizada pela descida incompleta dos testículos para o saco escrotal. Sua localização pode ser desde caudal ao rim até na passagem do anel inguinal. Pode ser tanto uni como bilateral. É importante avaliar a espécie e a idade do animal, pois dependendo da espécie o animal não nasce com os testículos na bolsa escrotal, estes descem depois. Em potros nasce na no saco mas se retraí, e só desce novamente quando está na puberdade. É muito comum em cães, com provável caráter genético autossômico recessivo. Em equinos há uma predominância da criptorquidia esquerda, devido à descida mais lenta do testículo esquerdo. As causas mais comuns são a hipoplasia (quando o testículo é pequeno e muito leve, é mais difícil de descer), exposição à estrogênios na prenhes, parto com posição fetal posterior (diminui o suprimento de sangue) e retardo do fechamento umbilical O aspecto macroscópico do testículo criptórquio até a puberdade é normal. Após esse período é comum tornar-se fibrótico e diminuir de tamanho. Degeneração testicular, fica mais firme. Há deposição de fibra de colágeno no meio intersticial e poucos espermatozoides. Reduz as células germinativas, geralmente não produz espermatozoides, se for criptorquida bilateral será estéril, e se produzir espermatozoide será defeituoso e com má formação, pois a temperatura é muito alta, devido estar localizado no abdômen. Um agravante da criptorquidia é a maior propensão às neoplasias (sertoliomas e seminomas), sofrendo maior risco de torção. Hipoplasia Nunca atingiu o tamanho normal. Um animal pode ser hipoplásico sem ser criptorquida. O animal hipoplásico pode transmitir isso para os seus filhos de ambos os sexos, por isso não deve ser utilizado para a reprodução. Pode também confundir-se com degeneração, estes são mais firmes, é possível diferenciar pela consistência. Pode ser de origem genética, nutricional (geral ou mineral Normalmente deficiências proteicas e energéticas), criptorquidia, intersexo, alterações endócrinas e citogenéticas. Alterações genéticas compreendem um exemplo muito conhecido, a Síndrome de Klinefelter, xxy, descrita em várias espécies e causa o gato tricolor. Fazer exame andrológico para evitar passar para os filhos. Torna-se mais evidente após a puberdade, sendo normalmente unilateral, o que facilita a comparação. Cuidados na comparação testicular: O tamanho varia muito entre as espécies e entre indivíduos, já a consistência varia menos, sendo próxima à normal. Pode cada um ser de um tamanho, e ambos estarem normais. Em cortes histológicos pode-se graduar a intensidade da hipoplasia. Se esta for discreta e bilateral, pode nem ser percebida. Para saber se atrofiou observa-se fibrose ou pelo histórico do animal (era grande e diminuiu). Degeneração É uma lesão relativamente frequente e de etiologia variada, podendo ser causada por temperatura elevada. Algumas causas são inflamação (orquite), calor, obstrução (espermática e vascular), calcificação, castração, torção (corta suprimento sanguíneo), deficiências nutricionais (muda forçada), alterações hormonais (anabolização pouco comum), irradiação. A consistência de um testículo degenerado é normalmente mais firme. Ao corte um testículo normal apresenta protrusão e o degenerado não. Microscopicamente o aspecto é semelhante à hipoplasia, com fibrose, membranas basais espessadas, fenestração e vacuolização do epitélio de revestimento > espessamento. A diferenciação pode ser feita através do contorno irregular da membrana basal, pode haver a ausência de células ou apenas as de Sertoli estarem ausentes. Na maioria das vezes não faz diagnóstico, vai direto para descarte. Inflamação A barreira hematotesticular possui uma função muito importante para isolar os espermatozóides da circulação sanguínea. Os processos de divisão produzem alterações na superfície celular originando antígenos estranhos ao organismo; são também haplóides. Restrição na circulação testicular feita pela barreira hematotesticular, células brancas não conseguem chegar pois atuam contra os espermatozoídes. Se houver quebra nessa barreira ocorre inflamação. ex: trauma no testículo, sendo que estas são menos preocupantes que as orquites bacterianas. Não há linfócitos nos testículos. A ruptura da barreira hematotesticular está relacionadacom a ocorrência de orquite autoimune, pois o sistema imune tem acesso aos espermatozóides, gerando um processo inflamatório tipo corpo estranho. O complexo antígeno-anticorpo, pode diminuir a viabilidade espermática. Dependendo da quantidade de complexo formado. A orquite não-específica, não apresenta lesões macroscópicas; microscopicamente apresenta infiltração linfocitária ao redor dos túbulos e vasos; Orquite intra-tubular: via ascendente, com focos amarelados difusos que se tornam brancos quando crônicos; perde-se o revestimento tubular, com a presença de granulomas e fibrose. Orquite necrosante: é um caso extremo e muito grave; há completa destruição testicular sendo formada uma massa caseosa. Granulomas, destruição, atrofia de tecido. Orquite granulomatosa: desloca e substitui o parênquima testicular Orquite brucélica: acomete várias espécies, principalmente touros e cachaços, mas também carneiros, bodes e cachorros. É uma orquite intratubular que evolui para necrosante; há um aumento de volume (tumefeito) e com a necrose o parênquima torna-se liquefeito ou caseoso; há uma fibrose intensa. Muita dor. Alguns microganismos envolvidos em orquite: TOURO: Brucella abortus, Chlamydia psittaci, Nocardia asteroides, Actinomyces pyogenes, M. tuberculosis BODE: Brucella melitensis CÃO: Brucella canis, vírus da Cinomose, E. coli, Proteus vulgaris, Pseudomonas pseudomallei CARNEIRO: +Brucella ovis, Corynebacterium ovis*, vírus da Varíola ovina GARANHÃO: Salmonella abortus equi, Strongylus edentatus, vírus da AIE, vírus da arterite viral equina CACHAÇO: Brucella suis, Pseudomonas pseudomallei Neoplasias Comuns em animais velhos como cães e touros. Os tipos de neoplasias são originados das células germinativas e do estroma gonadal. Neoplasias de células germinativas Seminoma Comum em cães e garanhões; acometem normalmente os testículos criptórquios. Acomete os túbulos seminíferos, não produzem hormônios, pois as células que produzem tem neoplasias específicas. Coloração esbranquiçada ou acinzentada, consistência firme e protrui ao corte. Normalmente são benignos e causam dor por pressão. Microscopicamente: células grandes, agrupadas ou difusas; são poliédricas, núcleo que preenche quase todo o interior da célula; uni ou multinucleadas. Teratomas Estudo dos monstros. São originados de células germinativas totipotentes. São raros, e de ocorrência maior em cavalos criptorquidas. Apresentam tamanho variável, podendo ser císticos ou policísticos. Em seu interior possuem fragmentos de outros tecidos/substâncias: pêlo, osso, dente, olho, muco. Pode-se encontrar em um tecido pedaços de outros tecidos, é um quadro bem feio, porém benigno. Tumores do estroma gonadal Tumor de células de Leydig São células intersticias, sendo o tumor mais comum no cão e touro. Sua coloração é característica: alaranjada ou bronzeada. Normalmente é bem delimitado e de formato esférico. Há dificuldades em se distinguir entre neoplasia e hiperplasia nodular de células de Leydig. Há diferenças na microscopia entre espécies: bovino: pouca variação celular cão: células podem apresentar-se grandes; redondas ou poliédricas ou fusiformes; citoplasma volumoso que normalmente apresenta-se vacuolizado e de coloração marrom; podem ser divididos por trabéculas. Apresenta hemorragia e necrose (pelo crescimento exagerado da massa neoplásica - isquemia), mas raramente são invasivos. Tumores de células de Sertoli Essa neoplasia acomete praticamente apenas a espécie canina, sendo rara em outros animais. É muito comum em testículos criptórquios. Apresenta coloração branca, firme e lobulada (devido à presença de feixes fibrosos) trabéculos. O aumento do tamanho testicular pode estar presente. O cordão espermático pode ser invadido. Pode haver metástase para os linfonodos regionais. Apresenta muito tecido fibroso (característica de diferenciação) quando comparado a outros tumores. As células possuem arranjo em paliçada empilhadas. Há produção de estrógenos pelas células neoplásicas (1/3 delas). Perdem a característica de converter testosterona em molécula mais ativa e interconvertem estrógeno, gerando consequências nos machos. Consequências: Ginecomastia, anemia não-regenerativa (mielotoxicidade) alteração hormonal, granulocitopenia e trombocitopenia, hipotireoidismo, alopecia. A produção de estrogênio é diretamente proporcional ao tamanho da massa tumoral. ESCROTO Pele, túnica dartos, fáscia escrotal, túnica vaginal (parietal). Dermatites: Dermatophilus congolensis, Besnoitia besnoti (touro) e Chorioptes ovis (carneiro). Todos os ectoparasitas de pele. Traumatismos: touros, cachaços e cães por brigas e mordidas. Neoplasias: iguais às que acometem a pele, porém menos frequentes; mastocitoma e melanoma (cão) e papiloma-tvt (cachaço); hemangiomas (varicoses). Os papilomas são muito comuns em animais velhos. São verrugas que sangram, miíase, machucados. Os hemangiomas são neoplasias benignas de vasos sanguíneos, sangram facilmente. TÚNICA VAGINAL É uma extensão do peritônio: folheto parietal reveste o escroto e o folheto visceral reveste os testículos, epidídimos e cordão espermático. Está sujeita aos acometimentos do peritônio. Inflamação, sem acometimento do peritônio, é de provável origem traumática ou infecciosa local, como a orquite ou epididimite. Levam à formação de fibrose e aderências. CORDÃO ESPERMÁTICO Varicocele: é uma dilatação da veia espermática (plexo pampiniforme) estase, isquemia pelo comprometimento vascular. Pode resultar em subfertilidade, da motilidade e degeneração testicular, atrofia, trombose. Pode ser uni ou bilateral e causar aumento de volume escrotal pelo extravasamento de líquido. Torção: pode acometer tanto veia como artéria espermática em testículos criptórquios. Leva à formação de infarto e necrose Inflamação: é comum após a castração, pode ser intensa causando muita dor. Pode ser aguda e necrosante ou crônica (cordão esquirroso com botriomicose, piogranulomas, estafilocócicos (com presença de material de Splendore- Hoeppli). EPIDÍDIMO, DUCTO DEFERENTE E GLÂNDULAS ACESSÓRIAS Distúrbios de desenvolvimento: cistos, aplasia segmentar (falta um segmento, gerando obstrução no fluxo), espermatocele (obstrução, vasectomia). Inflamação: epididimite unilateral é mais frequente (comparação mais fácil de ser avaliada), infecciosa e não-infecciosa. Vesiculite seminal: infecciosa (bactérias), reduz viabilidade espermática, pois tem pus no sêmen (risco de contaminação da fêmea). Presença de sangue ou pus no ejaculado, ou seja, o problema pode se manifestar no líquido eliminado pela glândula. PRÓSTATA Prostatite: causa dor e obstrução; associada ou não à hiperplasia. Hiperplasia: são comuns em cães, não ocorre em castrados (a castração é terapêutica); quando induzida por estrógenos (Sertolioma) apresenta também a metaplasia. Neoplasia: adenocarcinoma de próstata é rara e pode ser de difícil diferenciação de hiperplasia. PÊNIS E PREPÚCIO Anomalias de desenvolvimento Várias são as anomalias que podem acometer o pênis: ausência, hipoplasia, hipertrofia, ausência de flexura sigmóide (não consegue copular), desvios, duplicação, anomalias de músculo retrator do pênis, mas são muito raras. Persistência de frênulo: limita a exposição peniana e consequentemente a cópula; remoção cirúrgica. Pode ficar na glande do pênis, atrapalhando a saída. Hipospadias e epispadias: aberturas anormais da uretra na superfície ventral ou dorsal, respectivamente; pode interferir na micção e ejaculação. Também raras. Fimose e parafimose: respectivamente,incapacidade de retrair o prepúcio para expor a glande (abertura muito pequena) e incapacidade de recolocar o prepúcio sobre a glande devido à tumefação. Faz circuncisão. Também abertura limitada, não permitindo a saída da glande. Não ocorre em animais normais; o que ocorre e a fimose inflamatória (após inflamação). Inflamação Balanite: inflamação da glande. Postite: inflamação do prepúcio. Balanopostite: ambas junto. Causa: traumas como mordidas (cães e cachaços), prepúcios pendulares em touros; protrusão de pênis para o divertículo (cachaços); infecciosa: IBR (herpesvírus), Corynebacterium (Arcanobacterium), larvas, outros traumas. Eversão da mucosa: injúria e ressecamento. Anestesia em animais jovens causa relaxamento peniano e não volta, predispondo a traumatismos, sangramentos e lesões. Neoplasias Tem que fazer amputação de pênis. Podem ser de origem metastática ou primária. TVT: acomete o cão; pode ser única ou com múltiplos focos e de tamanho variável, sua superfície é inflamada e ulcerada com aspecto característico de couve-flor. Microscopicamente são células grandes, núcleo e nucléolo grandes, pouco estroma, é transplantável e transmitido por células vivas de cão para cão. Carcinoma de células escamosas: mais frequente em cavalos (castrados ou não), na glande; é invasiva e causa necrose e ulcerações; há metástases para linfonodos e edema de prepúcio bem progressivos Atinge pele e anexos também. Fibropapiloma: acomete a glande de touros jovens, caracteriza-se por crescimento verrucoso, ulceração ou trauma. Pode interferir com a cópula (se for grande), devido ao tamanho e causar fimose ou parafimose.
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