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Historio serviço social

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Aula 00
Serviço Social p/ Câmara dos Deputados 2017 - Analista Legislativo - Assistente Social
Professor: Ana Paula de Oliveira
00000000000 - DEMO
 
Profa. Ana Paula www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 79 
 
Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
Profa. Ana Paula de Oliveira ʹ Aula 00 
 
 
AULA 00: Apresentação/ Metodologia e 
cronograma/Fundamentos históricos e teórico-
metodológicos do serviço 
social/Institucionalização do serviço social ao 
movimento de reconceituação na América Latina, 
em particular no Brasil/ Análise crítica das 
influências teórico-metodológicas e as formas de 
intervenção construídas pela profissão em seus 
distintos contextos históricos. 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Apresentação 02 
2. Introdução ao conteúdo teórico 06 
3. Serviço Social enquanto especialização do trabalho coletivo 07 
4. Trajetória histórica do Serviço Social 
4.1 - O ethos tradicional: Serviço Social doutrinário 
4.2 - A construção de uma nova base profissional 
4.3 - O movimento de Renovação do Serviço Social 
4.4 - A Década de 1970 e o Congresso da Virada 
15 
16 
21 
24 
30 
5. Resumo do concurseiro 37 
6. Questões comentadas 37 
7. Lista de questões 41 
8. Gabarito 49 
9. Indicação de conteúdo complementar 50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais 
(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a 
legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de 
rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os 
professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe 
adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos 
;-) 
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00000000000 - DEMO
 
Profa. Ana Paula www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 79 
 
Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
Profa. Ana Paula de Oliveira ʹ Aula 00 
 
1. APRESENTAÇÃO 
 
 
 
Car@ colega assistente social! Seja bem-vindo a nossa primeira aula do curso 
de Serviço Social para a Câmara dos Deputados! Esperamos que este nosso primeiro 
contato seja muito agradável e lhe permita conhecer melhor a proposta do Estratégia 
Concursos e especificamente deste curso que iremos oferecer à você. 
 
Qual é a nossa proposta para você? 
 
 
Antes de prosseguirmos gostaríamos de destacar alguns princípios fundamentais 
desta parceria que estamos propondo à você. 
Inicialmente é muito importante que saiba: nós do Estratégia Concursos 
estamos comprometidos com o seu sucesso neste concurso público! Para tanto nos 
valeremos de todos os recursos que dispusermos. Sabemos que com nosso apoio você 
estará pronto para prestar a prova e ser aprovado! 
 
 
Especialistas em concursos e não só em conteúdos 
 
 
 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
Profa. Ana Paula de Oliveira ʹ Aula 00 
 
Talvez você se pergunte: eu não poderia estudar sozinho para o concurso, 
apenas por meio da leitura de livros e manuais que possuem os conteúdos que são 
cobrados no edital? 
É claro que você pode, mas certamente estará bem menos preparado e 
competitivo do que os que recorrerem a algum tipo de apoio profissional. É 
importante que você compreenda que nós professores do Estratégia não somos 
apenas especialistas nos temas que apresentamos em nossas aulas, nós somos 
especialistas em concursos!!! 
A partir de análise sistemática, mapeamos tendências das principais bancas e 
trazemos para você os conteúdos mais relevantes cobrados por elas. Isso nos embasa 
na construção de aulas com um linguajar acessível e focadas na assimilação apenas do 
que é importante para as provas. Assim, ao tratar de temas densos como questão 
social e trabalho, política social, neoliberalismo, por exemplo, conteúdos pedidos em 
todos os concursos da nossa área, buscamos formatar uma aula que dialogue 
diretamente com você e construa uma ponte entre você e a prova do seu concurso. 
Selecionamos ainda as melhores questões que te ajudarão a fixar os conteúdos e 
desenvolver um raciocínio assertivo, o que te fará estar pronto a responder quaisquer 
tipos de questões nas provas. 
 Trabalhamos com as fontes de informação e referências bibliográficas mais 
fidedignas e atuais, não só pautado nos referenciais que as bancas utilizam, mas 
também no arcabouço normativo vigente. Assim, em casos extremos em que se tenha 
que recorrer após a prova, estaremos prontos para orientá-lo a entrar com recurso 
contra uma questão errônea. 
Ao adquirir este curso você terá acesso ao fórum, por meio do qual terá 
contato direto conosco para esclarecer o conteúdo das aulas. Se bem aproveitado, este 
recurso te proporcionará a nítida sensação de uma abordagem personalizada e 
favorecerá a produção de uma relação próxima com a professora. 
 
 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
Profa. Ana Paula de Oliveira ʹ Aula 00 
 
Agora, farei uma breve apresentação, para que você me conheça um pouco 
melhor, e tenha segurança de que está fazendo uma boa escolha ao estudar conosco do 
Estratégia para o seu tão almejado cargo público na Câmara dos Deputados! Em 
seguida trataremos da metodologia e cronograma do curso. 
 
Olá coleg@ assistente social! 
 
Meu nome é Ana Paula de Oliveira, e estarei com você nos estudos para o 
concurso de Assistente Social da Câmara dos Deputados. Vou então compartilhar 
um pouco da minha trajetória profissional. Entrei na faculdade aos 17 anos, após ser 
DSURYDGD� SDUD� R� PHX� SULPHLUR� ³FDUJR� S~EOLFR´�� R� GH� HVWXGDQWH� GD� 8QLYHUVLGDGH�
Estadual Paulista ± UNESP/Franca. Aos 21 anos conclui a graduação em Serviço 
Social, e no ano seguinte iniciei uma pós-graduação na Universidade Federal de São 
Carlos ± UFSCar. Em 2008 prestei a prova e fui aprovada no concurso do INSS. Em 
junho de 2009 tomei posse do tão almejado cargo de analista do seguro social com 
formação em Serviço Social e passei a fazer parte dos quadros do Instituto Nacional 
do Seguro Social, instituição em que permaneço até a atualidade. No ano de 2013 me 
candidatei a uma das vagas do Programa de pós-graduação em Política Social da 
UnB, tendo concluído meu mestrado em 2015 com a elaboração de uma dissertação 
sobre o Serviço Social do INSS, sob orientação da Profa. Maria Lucia Lopes da Silva. 
 
 
No decorrer do curso iremos conhecer você através do 
fórum!!! Agora que me apresentei, vamos fazer algumas 
considerações sobre a banca e as nossas aulas. 
 
 
 
A nossa banca ainda não foi escolhida, mas há uma forte tendência de ser o Centro 
Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Promoção de Eventos (Cebraspe), mais conhecido 
por todos nós como CESPE/UnB. Assim, este curso será focado no conteúdo 
programático básico da área do Serviço Social e no conteúdo mais pedido nas últimas 
provas elaboradas pelo CESPE. 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
Profa. Ana Paula de Oliveira ʹ Aula 00 
 
A Cespe é uma das bancas mais respeitadas do país, e porque não dizer temida? É muito 
FRQKHFLGD� SRU� VXDV� TXHVW}HV� GH� ³FHUWR� H� HUUDGR´�� 0DV� YRFr� VDELD� TXH� HVWD� QmR� p� D� ~QLFD�
formatação das provas da CESPE?Eles também elaboram certames com questões de 
múltiplas escolhas. 
Tenha certeza que o material que você tem em mãos é uma sintese do que há de mais 
atualizado no conteúdo teórico. A parte teórica seguem-se questões comentadas. 
Subsequentemente apresentamos questões que você, aluno(a), poderá resolver para avaliar 
como está seu conhecimento e assim poder se dedicar ao estudo de temas pontuais. Ao final 
disponibilizamos uma sugestão de textos para você ler e aprofundar seu conhecimento, se 
sentir necessidade e, quando houver material disponível, indicamos uma filmografia caso 
esteja querendo descansar um pouco, sem se desligar totalmente dos estudos. Um ponto 
importante... nossas aulas sempre serão postadas ao final do dia da data indicada no 
cronograma! 
 Este curso tem o objetivo de te preparar para o cargo de Assistente Social da Câmara 
dos Deputados. Nossas duas últimas aulas foram estrategicamente pensadas para que 
possamos aprofundar algum conteúdo, de acordo com sua necessidade e conforme trazido 
pelo edital que está saindo.... e por fim realizar um simulado para deixá-l@ ainda mais seguro 
para o dia da prova!!! Imaginamos que você esteja ansioso para ler o conteúdo da aula. Por 
isso.... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
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2. INTRODUÇÃO AO CONTEÚDO TEÓRICO 
 
 
 
 
 
[...] os homens fazem sua própria história, 
 mas não a fazem como querem; 
não a fazem sob circunstanciais de suas escolha, 
e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, 
legadas e transmitidas pelo passado. 
(MARX, 1978, p. 17) 
 
 
 
Car@ alun@! Estudaremos nesta aula os fundamentos históricos e teórico-
metodológicos do Serviço Social. Geralmente é com esses termos que o CESPE cobra o 
conhecimento sobre a institucionalização do Serviço Social no Brasil. Lembre-se alun@, o 
foco do CESPE são os fundamentos históricos e teórico-metodológicos da profissionalidade 
do Serviço Social, por isso, você precisa ficar atent@ as datas, e as correntes teóricas que 
influenciaram a intervenção profissional nos diferentes momentos históricos, sobre os 
quais falaremos detalhadamente. 
 
 
 
 
 
Fique atent@! O Cespe basicamente 
pede conhecimento de DATAS, 
MARCOS HISTÓRICOS E 
CORRENTES TEÓRICAS. 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
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3. SERVIÇO SOCIAL ENQUANTO ESPECIALIZAÇÃO DO TRABALHO 
COLETIVO 
 
 Os autores mais utilizados para essa discussão pelo CESPE, e pela maior parte das 
bancas organizadoras de concursos, são José Paulo Netto e Marilda Vilela Iamamoto. O 
CESPE, em particular, utiliza também as ideias da Professora Maria Lúcia Martinelli, como 
você verá nas questões. 
 
 
 
De acordo com Iamamato e Carvalho (2014, p.83) entender o Serviço Social como 
SURILVVmR�³LPSOLFD�R�HVIRUoR�HP�LQseri-la no conjunto de condições e relações sociais que 
lhe atribuem um significado e nas quais torna-VH�SRVVtYHO� H�QHFHVViULD´. Portanto, para 
estudar a institucionalização do Serviço Social faremos uma contextualização dos principais 
períodos históricos no Brasil. 
A institucionalização do Serviço Social enquanto profissão no Brasil está 
profundamente ligada à gênese e ao desenvolvimento das relações sociais capitalistas, 
considerando o marco histórico de 1930, assinalado pelo desenvolvimento industrial e pela 
expansão urbana. A década de 1930 no país significou alterações no âmbito político e 
econômico, pois marcou a queda do regime oligárquico baseado num modelo agrário-
exportador cuja ênfase estava na produção da monocultura cafeeira e o início do processo de 
intensificação industrial. Esta política de industrialização desencadeou um intenso êxodo 
rural, já que os trabalhadores dirigiam-se às cidades em busca de emprego no setor 
inaugurado; por conseguinte, esta nova configuração da economia acarretava o aumento do 
espaço urbano. O movimento migratório ocorreu de forma desordenada: os centros urbanos 
não possuíam uma infra-estrutura adequada para comportar o grande contingente 
populacional, submetendo o proletariado a precárias condições de vida e de trabalho. Neste 
contexto, ampliam-se as desigualdades sociais, concentração de renda, aumento das tensões 
nas relações de trabalho e agravamento das expressões da questão social. 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
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Netto (2006, p. 29) afirma que nesse período do capitalismo, marcado pela 
necessiGDGH�GH� ³PHFDQLVPRV�GH� LQWHUYHQomR�H[WUD� HFRQ{PLFRV´�HP� IDFH�GD� DJXGL]DomR�GDV�
manifestações da questão social, foram gestadas as condições para a constituição do Serviço 
Social como profissão. Em suas palavras: 
 
[...] o capitalismo monopolista conduz ao ápice a contradição 
elementar entre a socialização da produção e a apropriação 
privada: internacionalizada a produção, grupos de monopólios 
controlam-na por cima de povos e Estados. E no âmbito 
emoldurado pelo monopólio, a dialética forças 
produtivas/relações de produção é tensionada adicionalmente 
pelos condicionantes específicos que a organização monopólica 
impõe especialmente ao desenvolvimento e à inovação 
tecnológicos. O mais significativo, contudo, é que a solução 
monopolista ± a maximização dos lucros pelo controle dos 
mercados ± é imanentemente problemática: pelos próprios 
mecanismos novos que deflagra, ao cabo de um certo nível de 
desenvolvimento, é vítima dos constrangimentos inerentes à 
acumulação e à valorização capitalistas. Assim, para efetivar-se 
com chance de êxito, ela demanda mecanismos de intervenção 
extra-econômicos. Daí a refuncionalização e o redimensionamento 
da instância por excelência do poder extra-econômico, o Estado. 
 
 
O capitalismo monopolista estabelece as condições histórico-sociais para o 
redimensionamento do papel do Estado, o qual, na busca por legitimação política, se 
torna permeável às demandas das classes trabalhadoras, e, por meio da política social, 
HQWUH�RXWUDV�HVWUDWpJLDV��³>���@�SURFXUD�DGPLQLVWUDU�DV�H[SUHVV}HV�GD�µTXHVWmR�VRFLDO¶�GH�
forma a atender às demandas da ordem monopólica conformando, pela adesão que 
recebe de categorias e setores cujas demandas incorporam, sistemas de consenso 
YDULiYHLV��PDV�RSHUDQWHV´��1(772�������S������ 
 
 
 
 
 
Preste atenção alun@! Essa 
ideia é muito pedida nos 
concursos. 
 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
Profa. Ana Paula de Oliveira ʹ Aula 00 
 
As políticas sociais estão na base da institucionalização da profissão de Serviço Social 
e são, portanto, uma mediação fundamental para o seu entendimento. De acordo com o 
mesmo autor: 
 
 
A constituição do mercado de trabalho para o assistente social pela via 
das politicas sociais ± e recorde-se que aqui falamos do Estado burguês 
no capitalismo monopolista ± é que abre a via para entender 
simultaneamente a continuidade e a ruptura [...] que assinalam a 
profissionalização do Serviço Social (NETTO, 2005, p.75). 
 
São essas as premissas que condicionam a instauração das basesde construção de um 
espaço ocupacional que exige quadros profissionais especializados no enfrentamento da 
questão social. Desta feita 
 
O Serviço Social afirma-se como uma especialização do trabalho 
coletivo, inscrito na divisão sociotécnica do trabalho, ao se constituir em 
expressão de necessidades históricas, derivadas da prática de classes 
sociais no ato de produzir seus meios de vida e de trabalho de forma 
socialmente determinada. Assim seu significado social depende da 
dinâmica das relações entre as classes e dessas com o Estado nas 
sociedades nacionais em quadros conjunturais específicos, no 
HQIUHQWDPHQWR�GD�µTXHVWmR�VRFLDO¶��,$0$0272��������S������� 
 
Para apreendermos o Serviço Social enquanto profissão inserida na divisão social e 
técnica do trabalho, vamos nos reportar à análise teórica desenvolvida por Iamamoto (2006), 
em 1982, mais especificamente em obra conjunta com Raul de Carvalho, intitulada Relações 
Sociais e Serviço Social: Esboço de uma Interpretação Histórico-Metodológica. 
Publicada em 1982, a obra é considerada marco histórico na literatura acadêmica da 
profissão, visto que, pela primeira vez, o Serviço Social foi colocado como objeto de análise, 
a partir de fundamentação teórica calcada na perspectiva marxiana. De acordo com Raichelis 
������� S�� ���� WDO� SURGXomR� LQVWLWXLX� D� DSUHHQVmR� ³>���@� GR� 6HUYLoR� 6RFLDO� QR� SURFHVVR� GH�
produção e reprodução das relações sociais capitalistas, particularizando a sua inserção na 
divisão social e técnica do trabalho e reconhecendo o assistente social como trabalhador 
DVVDODULDGR´� 
 
Praticamente todos os certames 
utilizam essa obra como referência 
para tratar sobre a 
institucionalização do Serviço Social 
no Brasil. 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
Profa. Ana Paula de Oliveira ʹ Aula 00 
 
Preliminarmente, Iamamoto (2011, p. 78) pontua que o processo de reprodução das 
relações sociais não se restringe à 
 
[...] reprodução material no seu sentido amplo, englobando reprodução, 
consumo, distribuição e troca de mercadorias. Refere-se à reprodução das 
forças produtivas e das relações sociais de produção na sua globalidade, 
envolvendo, também, a reprodução da produção espiritual, isto é, das formas 
de consciência social: jurídicas, religiosas, artísticas ou filosóficas, através 
das quais se toma consciência das mudanças ocorridas nas condições 
materiais de produção. Nesse processo são gestadas e recriadas as lutas 
sociais entre os agentes sociais envolvidos na produção, que expressam a 
luta pelo poder, pela hegemonia das diferentes classes sociais sobre o 
conjunto da sociedade. 
 
 
 
 
Nesse sentido, Iamamoto (2006) elucida que o Serviço Social deve ser compreendido 
a partir de uma posição historicamente situada, visto que é uma profissão que se instituiu pela 
necessidade de respostas estatais às novas formas de manifestação da questão social, 
considerando o marco histórico da década de 1930, assinalado pelo desenvolvimento 
capitalista industrial e pela expansão urbana, como já foi dito. 
Tendo em vista tal acepção, e ponderando que a sociedade capitalista sustenta-se na 
valorização do mundo das coisas e na desvalorização do mundo dos homens (MARX, 1994), 
Iamamoto (2011, p. 82) destaca que o Serviço Social não se mantém aquém desta realidade, 
visto que 
 
 
[...] a atuação do Assistente Social é necessariamente polarizada pelos 
interesses de tais classes, tendendo a ser cooptada por aqueles que têm 
uma posição dominante. Reproduz, também, pela mesma atividade, 
interesses contrapostos que convivem em tensão. Responde tanto a 
demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro 
polo pela mediação do seu oposto. Participa tanto dos mecanismos de 
dominação e exploração como, ao mesmo tempo e pela mesma 
atividade, da respostas às necessidades de sobrevivência da classe 
trabalhadora e da reprodução do antagonismo nesses interesses sociais, 
reforçando as contradições que constituem o móvel básico da história. 
 
 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
Profa. Ana Paula de Oliveira ʹ Aula 00 
 
Iamamoto (2011) sinaliza que, à primeira vista, é possível identificar o Serviço Social 
como profissão que não participa do processo de criação de produtos e de valor. No entanto, 
não se pode esquecer que a especificidade do trabalho profissional do assistente social se dá, 
majoritariamente, por sua intervenção direta nas vidas cotidiana e material do trabalhador e 
de sua família, a qual é operacionalizada pela gestão, organização e prestação de serviços 
sociais, tendo o Estado como principal empregador. 
Desta forma, a autora aponta que, sendo o trabalhador e a sua força de trabalho a fonte 
de toda a riqueza social, o Serviço Social encontra-VH� LQWLPDPHQWH� YLQFXODGR� ³>���@� DR�
processo de criação de condições indispensáveis ao funcionamento da força de trabalho, à 
extração de mais-YDOLD´��,$0$0272��������S������ 
 
 
Embora a profissão não se dedique, preferencialmente, ao desempenho 
de funções produtivas, podendo ser, em geral, caracterizada como 
trabalho improdutivo [...] participa, ao lado de outras profissões, da 
tarefa de implementação de condições necessárias ao processo de 
reprodução no seu conjunto, integrada como está à divisão social e 
técnica do trabalho. [...] Embora não sejam produtoras de valor, 
tornam mais eficiente o trabalho produtivo, reduzem o limite negativo 
colocado à valorização do capital, não deixando de ser para ele uma 
fonte de lucro. (IAMAMOTO, 2011, p. 93).1 
 
 
1 Em obra publicada em 2007, na qual Iamamoto faz um baODQoR�FUtWLFR�GH�³5HODo}HV�VRFLDLV�H�6HUYLoR�6RFLDO�
QR� %UDVLO´�� D� DXWRUD� ������� LQGLFD� D� DWXDOLGDGH� GD� WHVH� UHODFLRQDGD� j� FDUDFWHUL]DomR� GD� SURILVVmR� HQTXDQWR�
trabalho produtivo e/ou improdutivo. Inicialmente, fundamentada nos pressupostos marxianos, Iamamoto (2011, 
S�� ���� H[S}H� TXH� ³D� SURGXWLYLGDGH� GR� WUDEDOKR� VXS}H� >���@� XPD� UHODomR� VRFLDO� GHWHUPLQDGD�� R� WUDEDOKR�� FRPR�
WUDEDOKR�DVVDODULDGR��H�RV�PHLRV�GH�WUDEDOKR��FRPR�FDSLWDO�´��LQGLFDQGR�³>���@�TXH�R�PHVPR�WLSR�GH�WUDEDOKR�SRGH�
ser produtivo ou improdutivo: a cantora que vende seu canto é improdutiva, mas, se contratada por um 
HPSUHViULR�TXH�D�ID]�FDQWDU�SDUD�HQULTXHFHU��p�SURGXWLYD��SRUTXH�SURGX]�FDSLWDO�´��,$0$0272��������S�������
Ademais, a autora explicita que o trabalho realizado no âmbito da prestação de serviços públicos não pode ser 
considerado como produtivo, uma vez que não há uma relação direta com o capital. Tal assertiva é corroborada 
SRU�,DPDPRWR��������S�������HP�REUD�DQWHULRU��QD�TXDO�H[S}H�TXH�QD�yUELWD�GR�(VWDGR�³>���@�QmR�H[LVWH�FULDomR�
capitalista de valor e mais-valia, visto que o Estado não cria riquezas ao atuar no campo das políticas sociais 
S~EOLFDV´�� 1HVVH� VHQWLGR�� D� DXWRUD� DILUPD� TXH� ³>���@� D� DQiOLVH� GDV� FDUDFWHUtVWLFDV� DVVXPLGDV� SHOR� WUDEDOKR� GR�
assistente social e de seu produto depende das características particulares dos processos de trabalho que se 
inscreve´��,$0$0272��������S�������3RU�FRQVHJXLQWH��YLVOXPEUD-se uma polêmica acerca desse debate, visto 
que a inserção profissional do assistente social não se restringe à esfera estatal, sendo que a condição de 
trabalhador assalariado o coloca diante de todas as particularidades do processo de trabalho sobre os ditames do 
capital. Perante tais especificidades e considerandoo amplo contexto de privatização e mercantilização dos 
serviços sociais, Iamamoto (2011) assevera a proeminência em analisar as condições e relações de trabalho, bem 
como o trabalho especializado exercido pelos assistentes sociais, nos diversos espaços sócio-ocupacionais da 
profissão. 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
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Conforme pontuado anteriormente, Iamamoto (2011) explicita que a atuação 
profissional dos assistentes sociais é mediatizada pelos serviços sociais operacionalizados 
pelo Estado e por instituições privadas; por conseguinte, se estabelece uma relação de compra 
e venda de sua força de trabalho. Desta feita, o exercício profissional do assistente social é 
profundamente polarizado por interesses antagônicos, dada a própria natureza de seu trabalho 
em face das manifestações da questão social. 
 
 
No Brasil, o Serviço Social tem caráter de profissão liberal, com exigência de 
formação de nível superior, Código de Ética, Lei de Regulamentação, temas sobre os quais 
falaremos na próxima aula. Ou seja, possui normativas legais que regulamentam a atividade e 
garantem certa autonomia profissional. No entanto, o assistente social não dispõe dos 
instrumentos e meios necessários para a realização plena de seu trabalho, que depende das 
UHODo}HV� HVWDEHOHFLGDV� FRP� VHXV� HPSUHJDGRUHV�� ³>���@� R� (VWDGR� �H� VXDV� GLVWLQWDV� HVIHUDV� GH�
SRGHU��� R� HPSUHVDULDGR�� DV� RUJDQL]Do}HV� GD� VRFLHGDGH� FLYLO� >���@´� �,$0$0272�� ������ S��
215). Essas relações interferem substancialmente no exercício profissional. 
 
O significado social do trabalho profissional do assistente social depende 
das relações que estabelece com os sujeitos sociais que o contratam, os 
quais personificam funções diferenciadas na sociedade. Ainda que a 
natureza qualitativa dessa especialização do trabalho se preserve nas 
várias inserções ocupacionais, o significado social de seu processamento 
não é idêntico nas diferenciadas condições em que se realiza esse trabalho 
porquanto envolvido em relações sociais distintas (IAMAMOTO, 2012 
p.218, grifo da autora). 
 
Ou seja: 
 
A profissão se consolida, então, como parte integrante do aparato estatal e de 
empresas privadas, e o profissional, como um assalariado a serviço das mesmas. 
Dessa forma, não se pode pensar a profissão no processo de reprodução das 
relações sociais independente das organizações institucionais a que se vincula, 
como se a atividade profissional se encerrasse em si mesma e seus efeitos 
sociais derivassem, exclusivamente, da atuação profissional. Ora, sendo 
integrantes dos aparatos de poder, como uma das categorias profissionais 
envolvidas na implementação de políticas sociais, seu significado social só pode 
ser compreendido ao levar em consideração tal característica (IAMAMOTO, 
2012, p. 86). 
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Embora preserve certa autonomia pela própria natureza de especialização do seu 
trabalho, o profissional não tem controle total sobre a maneira de exercer ou sobre os 
resultados de seu exercício profissional, que é permeado por diversos determinantes, tanto 
internos ± referem-se às suas próprias atividades; quanto externos ± relacionados às 
circunstâncias sociais, como as relações institucionais, realidade social específica dos 
usuários da instituição, instrumentos e técnicas utilizados, recursos financeiros, entre outros 
(IAMAMOTO, 2006, p. 107, grifo da autora). Ou seja, 
 
 
[...] o assistente social é chamado a desempenhar sua profissão em um 
processo de trabalho coletivo, organizado dentro de condições sociais 
dadas, cujo produto, em suas dimensões materiais e sociais, é fruto do 
trabalho combinado ou cooperativo, que se forja com o contributo 
específico das diversas especializações do trabalho. 
 
 
Esses argumentos levam à superação do entendimento do trabalho do assistente 
VRFLDO�FRPR�³SUiWLFD�SURILVVLRQDO´��RX�PHVPR�D�GHQRPLQDomR�³SURFHVVR�GH�WUDEDOKR�GR�
6HUYLoR� 6RFLDO´�� $� SDUWLU� GHVVD� DFHSomR�� R� SURILVVLRQDO� GH� 6HUYLoR� 6RFLDO� DWXD� HP� XP�
determinado processo de trabalho coletivo, o qual, de acordo com Marx (2013, p. 256), é 
constituído pelos seguintes elementos ³>���@�HP�SULPHLUR�OXJDU��D�DWLYLGDGH�RULHQWDGD�D�XP�ILP��
RX�R�WUDEDOKR�SURSULDPHQWH�GLWR��HP�VHJXQGR�OXJDU��VHX�REMHWR�H��HP�WHUFHLUR��VHXV�PHLRV´. 
 
 
 
 
 
 
Car@ aluno! Essa discussão é muito importante. 
Alguns autores vinculam prática profissional e prática 
social, por exemplo. Entretanto, usamos neste curso a 
definição de Iamamoto, que é a autora de maior 
referência no tema. Segunda ela, não podemos definir o 
trabalho do assistente social como prática profissional, 
ou falar de processo de trabalho do assistente social. A 
autora defende que o Serviço Social é trabalho, e que o 
assistente social participa de um processo de trabalho 
coletivo. Não se esqueça!!! 
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Assim, o Serviço Social é entendido enquanto trabalho, e o assistente social como 
trabalhador assalariado que tem nas expressões da questão social a matéria-prima de 
sua atuação profissional. Essa condição de trabalhador assalariado interfere 
 
[...] decisivamente no exercício profissional, que supõe a mediação do 
mercado de trabalho por tratar-se de uma atividade assalariada de 
caráter profissional. Ela implica compra e venda da força de trabalho e 
a presença do equivalente geral - o dinheiro - que expressa o valor de 
troca dessa força de trabalho, corporificado no salário, atestando estar 
esta atividade profissional inserida no reino do valor na sociedade 
capitalista. Assim, a condição de trabalhador assalariado, regulada por 
um contrato de trabalho impregna o trabalho profissional de dilemas da 
alienação e de determinações sociais que afetam a coletividade dos 
trabalhadores, ainda que se expressem de modo particular no âmbito 
desse trabalho qualificado e complexo (IAMAMOTO, 2012, p. 215, 
grifo da autora). 
 
É importante reforçar, ainda, como já foi dito, que o exercício profissional dos 
assistentes sociais é mediatizado por políticas e serviços sociais, materializados por 
instituições públicas e privadas (IAMAMOTO, 2012, p. 218-219), e esse processo 
 
[...] envolve necessariamente, a incorporação de parâmetros institucionais e 
trabalhistas que regulam as relações de trabalho, consubstanciadas no 
contrato de trabalho, que estabelecem as condições em que esse trabalho se 
realiza: intensidade, jornada, salário, controle do trabalho, índices de 
produtividade e metas a serem cumpridas. Os empregadores definem ainda a 
particularização de funções e atribuições consoante as normas que regulam 
o trabalho coletivo. Oferecem, ainda o background de recursos materiais, 
financeiros, humanos e técnicos indispensáveis à objetivação do trabalho e 
recortam as expressões da questão social que podem se tornar matéria da 
atividade profissional. Assim, as exigências impostas pelos distintos 
empregadores, no quadro da organização social e técnica do trabalho, 
também materializam requisições, estabelecem funções e atribuições, 
impõem regulamentações especificas ao trabalho a ser empreendido no 
âmbito do trabalho coletivo, além de normas contratuais (salário,jornada, 
entre outras) que condicionam o conteúdo do trabalho realizado e 
estabelecem limites e possibilidades à realização dos propósitos 
profissionais. 
 
A elucidação desses aspectos é importante, numa conjuntura em que impera a 
ideologia neoliberal e consequente reestruturação do papel do Estado e das políticas sociais, 
ou seja, cRQMXQWXUD� PDUFDGD� SHOD� ³>���@� SURJUHVVLYD� PHUFDQWLOL]DomR� GR� DWHQGLPHQWR� jV�
necessiGDGHV�VRFLDLV�>���@´��,$0$0272��������S��������TXH�SURGX]�PXGDQoDV�QRV�SURFHVVRV�
de trabalho em que os assistentes sociais estão inseridos, como no âmbito da Previdência 
Social, as quais repercutem na esfera da relativa autonomia do profissional. 
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Entretanto, é mister não perder a perspectiva de que o trabalho profissional dos 
assistentes sociais é condicionado por outro fator relacionado 
 
[...] às necessidades sociais dos sujeitos, que condicionadas pelas lutas 
sociais e pelas relações de poder, se transformam em demandas 
profissionais, re-elaboradas na óptica dos empregadores no embate com os 
interesses dos cidadãos e cidadãs que recebem os serviços profissionais 
(IAMAMOTO, 2012, p. 219). 
 
 
Nesse contexto é exercida a autonomia profissional, da qual decorre a 
possibilidade de imprimir uma direção social ao trabalho cotidiano, e sua 
materialização se expressa, de forma específica, nos distintos espaços ocupacionais, os 
quais condicionam o trabalho a ser realizado. Essa autonomia é condicionada pelas 
forças hegemônicas da sociedade, bem como por conhecimentos e princípios éticos que 
IRPHQWDP�DV�³>���@�SURMHo}HV�SURILVVLRQDLV�KLVWRULFDPHQWH�GHWHUPLQDGDV��PDWHULDOL]DQGR�
a dimensão teleológica do trabalho do assistente social: a busca, por parte da categoria, 
de imprimir nortes ao seu trabalho, afirmando-VH� FRPR� VXMHLWR� SURILVVLRQDO´�
(IAMAMOTO, 2012, p. 416). 
 
4. TRAJETÓRIA HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Car@ alun@! Preste muita 
atenção nas datas e marcos 
históricos. Atencie-se também às 
correntes teóricas que 
influenciaram cada período. 
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4.1 - O ethos tradicional: Serviço Social doutrinário 
 
A primeira escola de Serviço Social do Brasil é fundada em 1936, na cidade de 
São Paulo, pelo Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) que tinha o objetivo de 
viabilizar uma formação baseada na Doutrina Social da Igreja, a qual fundamentaria uma 
ação eficiente das trabalhadoras sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A incorporação da ideologia cristã acarretava uma série de premissas para o ingresso 
dos estudantes nas respectivas escolas, podemos cita como exemplo: os docentes 
deveriam ser católicos e praticantes; os alunos só seriam matriculados se tivessem 18 
anos completos e menos de 40 anos de idade, deveriam possuir uma comprovação de 
conclusão do 1° grau, apresentar referência de três pessoas idôneas e submeter-se a 
exame médico. 
 
 
Devido ao conservadorismo moral presente na formação profissional, no projeto 
social da Igreja e na cultura brasileira, o Serviço Social apresentou a predominância da 
inserção feminina no bojo da profissão, pois para a concepção da época, o sexo feminino 
possuía aspectos naturais como a bondade, a paciência e a responsabilidade moral e cívica na 
educação dos filhos. Destarte, estas características estariam condizentes com a proposta de 
cunho doutrinário e moralizador. 
É interessante observar que as pioneiras do Serviço Social eram representantes da 
classe burguesa. Esta origem abastada, segundo o ponto de vista católico, impressionaria os 
 
PRIMEIRA ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DO BRASIL ʹ FUNDADA EM 1936 
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³FOLHQWHV´2, despertando nestes um exemplo de comportamento, possibilitando a retirada dos 
³GHFDtGRV´3 de sua situação de anormalidade. 
 
 
O assistente social deveria, assim: ser uma pessoa da mais íntegra 
formação moral, que a um sólido preparo técnico alie desinteresse 
pessoal, uma grande capacidade de devotamento e sentimento de amor 
ao próximo; deve ser realmente solicitado pela situação penosa de seus 
irmãos, pelas injustiças sociais, pela ignorância, pela miséria, e a esta 
solicitação devem corresponder as qualidades pessoais de inteligência e 
vontade. Deve ser dotado de tantas outras qualidades inatas, cuja 
enumeração é bastante longa: devotamento, critério, senso prático, 
desprendimento, modéstia, simplicidade, comunicatividade, bom 
humor, calma, sociabilidade, trato fácil e espontâneo, saber conquistar 
a simpatia, saber influenciar e convencer, etc. (IAMAMOTO; 
CARVALHO, 1985, p.227) 
 
 
 Para ser um assistente social naquela época a pessoa deveria ser mulher, e 
praticamente uma santa, né? Se você alun@ é homem, não poderia (rs). 
Ou se é mulher, mas, assim como eu, não tem todas essas ³YLUWXGHV´... 
também não. 
 
 
Retomando.... 
 
A fundamentação teórica deste primeiro momento da trajetória do Serviço 
Social é calcada sob a influência de teorias oriundas do continente europeu, mais 
especificamente da Escola Franco-belga, e neotomistas. 
 
 
 
O neotomismo consiste na retomada da filosofia de Santo Tomás de Aquino com os 
princípios de dignidade da pessoa humana e do bem comum. Segundo Barroco (2005, p. 
91, destaque do autor), na corrente tomista: 
 
 
2
 Este termo era utilizado para se referir à demanda que recorria às ações do Serviço Social. Sabemos que 
DWXDOPHQWH�D�GHQRPLQDomR�HPSUHJDGD�p�R�YRFiEXOR�³XVXiULR´� 
3
 Palavra com o mesmo significado de cliente 
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$� QDWXUH]D� KXPDQD� p� FRQVLGHUDGD� D� SDUWLU� GH� XPD� µRUGHm universal 
LPXWiYHO¶� GRQGH� DV� IXQo}HV� LQHUHQWHV� D� FDGD� VHU� DSUHVHQWDP-se como 
QHFHVViULDV�j�KDUPRQLD�GR�FRQMXQWR�VRFLDO��FXMD�UHDOL]DomR�OHYD�DR�µEHP�
FRPXP¶�RX�j�µIHOLFLGDGH�JHUDO¶�� 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
De acordo com Yazbek (2009, p. 145), 
 
[...] é por demais conhecida a relação entre a profissão e o ideário 
católico na gênese do Serviço Social brasileiro, no contexto de 
expansão e secularização do mundo capitalista. Relação que vai 
imprimir à profissão caráter de apostolado fundado em uma 
DERUGDJHP�GD�µTXHVWmR�VRFLDO¶�FRPR�SUREOHPD�PRUDO�H�UHOLJLRVR�H�
numa intervenção que prioriza a formação da família e do 
indivíduo para solução dos problemas e atendimento de suas 
necessidades materiais, morais e sociais. O contributo do Serviço 
Social, nesse momento, incidirá sobre valores e comportamentos 
GH�VHXV�µFOLHQWHV¶�QD�SHUVSHFWLYD�GH�VXD�LQWHJUDomR�j�VRFLHGDGH��RX�
melhor, nas relações sociais vigentes. 
Fundamentação teórica 
deste primeiro momento-
teorias oriundas do 
continente europeu, mais 
especificamente da Escola 
Franco-belga, e neotomistas. 
 
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Por conseguinte, nessas bases, o trabalho profissional se materializava a partir da 
premissa do ajustamento dos indivíduos à regularidade harmônica da sociedade, em uma 
perspectiva na qual a pobreza era compreendida como um problema moral individual. 
 
 
 
O princípio primeiro a pôr em evidência, é que o homem deve aceitar 
com paciência a sua condição: é impossível que na sociedade civil todos 
sejam elevados ao mesmo nível [...] Foi ela (natureza), realmente, que 
estabeleceu entre os homens diferenças tão multíplices como profundas, 
diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saúde, de força; 
diferenças necessárias donde nasce espontaneamente a desigualdade 
das condições. (LEÃO XIII, Encíclica Rerum Novarum). 
 
Na décade de 1940 verifica-se o surgimento de grandes instituições 4, nas quais o 
profissional de Serviço Social passa a se inserir. A partir de então, os assistentes sociais 
rompem com as coordenadas do bloco católico e passam a desenvolver o seu trabalho 
nas grandes entidades assistenciais estatais e privadas, ou seja, para além das obras 
sociais da Igreja. 
De acordo com Iamamoto e Carvalho (1985), quando o Serviço Social se constituiu 
em profissão remunerada, as camadas subalternas da sociedade, como a pequena burguesia e 
setores médios, passaram a compor o novo quadro de assistentes sociais. ³2�6HUYLoR�6RFLDO�
deixa de ser um instrumento de distribuição da caridade privada das classes 
dominantes, para se transformar [...] em uma das engrenagens da execução da política 
VRFLDO�GR�(VWDGR�H�GH�VHWRUHV�HPSUHVDULDLV�´��,$0$0272��������S����� 
 
 
 
 
 
 
 
 
4
 6LOYD��������S�����³(QWUH�RXWUDV��VXUJHP��HP�������R�&RQVHOKR�1DFLRQDO�Ge Serviço Social; em 1940, a Legião 
Brasileira de Assistência; em 1942, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; em 1946, o Serviço Social 
GD�,QG~VWULD��R�6HUYLoR�6RFLDO�GR�&RPpUFLR�H�D�)XQGDomR�/HmR�;,,,´� 
Década de 1940 - o profissional de Serviço Social 
passa a se inserir nas grandes instituições e, a 
partir de então, passam a romper com o bloco 
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Neste contexto o cenário mundial sofria os embates da Segunda Guerra (1939-1945) e 
os Estados Unidos aparecia como a nova potência. A supremacia americana demonstrou 
empenho em estreitar seus laços com os países latino-americanos. No caso brasileiro, este 
relacionamento evidenciava claros interesses econômicos e políticos. Esta aproximação 
rebateu no Serviço Social, afinal em 1941 ocorre um intercâmbio cultural que se iniciou com 
o Congresso Internacional de Serviço Social em Atlantic City (EUA). 
As assistentes sociais que participaram deste intercâmbio puderam observar como se 
operacionalizava o Serviço Social na realidade norte-americana. A boa impressão causada 
pelos instrumentos utilizados naquele país fez com que as profissionais trouxessem para 
a conjuntura brasileira as técnicas de Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade; 
esta aproximação segundo Iamamoto (2004, p. 28): 
 
[...] aprimora os procedimentos de intervenção incorporando os 
progressos do Serviço Social no que se refere aos métodos de trabalho 
com indivíduos, grupos e comunidades. [...] enquanto os procedimentos 
de intervenção são progressivamente racionalizados, o conteúdo do 
projeto profissional permanece fundado no reformismo conservador e 
na base filosófica aristotélico-tomista. 
 
 
 
Conforme Barroco, na origem da trajetória ético-política da profissão 
predominava-se o ethos, modo de ser, tradicional, pois o assistente social deveria 
adaptar o maior número possível de indivíduos à vida social. Ou seja, a questão social 
era entendida como problemas morais individuais, transformando as demandas por 
direitos sociais em patoORJLDV��³>���@�DR�PRUDOL]DU�D�µTXHVWmR�VRFLDO¶��WUDQVIRUPD�D�PRUDO�
em moralismo, o que reproduz uma ética profissional preconceituosa, negando seu 
GLVFXUVR�KXPDQLWiULR�´�%$552&2��������S����. 
 
 
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Neste cenário, segundo Martinelli (2009), é que se pode falar que o Serviço Social 
surge com uma identidade atribuída pelo capital, refletindo no trabalho profissional por 
PHLR�GR�³>���@�IHWLFKH�GD�SUiWLFD��IRUWHPHQWH�LPSUHJQDGR�QD�HVWUXWXUD�GD�VRFLHGDGH´��R�
TXDO� ³>���@� VH� DSRVVRX� GRV� DVVLVWHQWHV� Vociais, insuflando-lhe um sentido de urgência e 
uma prontidão para a ação que roubavam qualquer possibilidade de reflexão crítica" 
(Martinelli, 2009) 
 
 
4.2 A construção de uma nova base profissional 
 
O Professor José Paulo Netto (2011) explicita que, ao final dos anos 50, gestaram-
se novas demandas para a profissão, a partir do movimento de industrialização pesada, 
no Brasil. Desse modo, as atividades profissionais, fundamentadas em intervenções 
individuais e grupais e pela importação de modelos de abordagem de outras realidades 
sociais, eram insuficientes para atender às demandas específicas do País. 
Nesse contexto é que afloraram as discussões sobre o Desenvolvimento de 
Comunidade5�� YLVWR� TXH� D� ³>���@� WHPiWLFD� GD� VXSHUDomR� GR� VXEGHVHQYROYLPHQWR� GDYD� D�
tônica nas ciências sociais, na atividade política e imantava interesses governamentais e 
UHFXUVRV� HP� SURJUDPDV� LQWHUQDFLRQDLV� >���@´� �1(772�� ������ S�� ������ WHQGR� HP� YLVWD�
formas de intervenção mais condizentes com as necessidades e características regionais. 
 
É nesta postura que, nem sempre elaborada teórica e estrategicamente, 
VH�ILOWUD�D�HURVmR�GDV�EDVHV�GR�6HUYLoR�6RFLDO�³WUDGLFLRQDO´��VHP�QHJDU-
lhe explicitamente a legitimidade, as novas energias profissionais 
dirigiam-se para formas de intervenção (e de representação) que 
apareciam como mais consentâneas com a realidade brasileira que as já 
 
5
 ³>���@� R� 6HUYLoR� 6RFLDO� SDVVD� D� WHU� SUHVHnça significativa no projeto de desenvolvimento nacional quando, 
durante a década de 50, a Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais se 
empenham em sistematizar o Desenvolvimento de Comunidade (DC) como estratégia de integrar os esforços da 
SRSXODomR�DRV�SODQRV�QDFLRQDLV�H�UHJLRQDLV�GH�GHVHQYROYLPHQWR�´��6,/9$��������S�������2�'HVHQYROYLPHQWR�GH�
Comunidade possuía uma visão acrítica e aclassista, apreendendo a dinâmica social como harmônica. À época, 
para os profissionais de Serviço Social, a proposta da ONU era a forma de intervenção mais condizente com as 
reais demandas e características da sociedade brasileira. 
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FRQVDJUDGDV� H� FULVWDOL]DGDV� QRV� ³SURFHVVRV´� TXH� R� LGHQWLILFDYDP�
historicamente (o caso e o Grupo). (NETTO, 2011, p. 138). 
 
O autor salienta que tal processo não significou uma crise do Serviço Social 
³WUDGLFLRQDO´��PDV�VLP�XPD�VLQDOL]DomR��$QDOLVD�TXH��QRV�DQRV�VXEVHTXHQWHV�D�HVVH�PRPHQWR��balizaram-se os pilares para a erosão do modo de ser confessionalista da profissão, sendo que 
³VHXV�GHWRQDGRUHV�GH�IXQGR�VmR�H[WUDprofissionais: compreendem o estágio de precipitação da 
dinâmica sociopolítica da vida brasileira, entre 1960-61/1964, como o aprofundamento e a 
SUREOHPDWL]DomR�GR�SURFHVVR�GHPRFUiWLFR�QD�VRFLHGDGH�H�QR�(VWDGR�>���@´��1(772��������S��
139). E foram permeados pelos seguintes elementos profissionais: 
 
O primeiro remete ao próprio amadurecimento de setores da categoria 
profissional, na sua relação com outros protagonistas (profissionais: nas 
equipes multiprofissionais; sociais: grupos da população politicamente 
organizados) e outras instâncias (núcleos administrativos e políticos do 
Estado). O segundo refere-se ao desgarramento de segmentos da Igreja 
FDWyOLFD�HP�IDFH�GR�VHX�FRQVHUYDQWLVPR�WUDGLFLRQDO��D�HPHUVmR�GH�µFDWyOLFRV�
SURJUHVVLVWDV¶� H� PHVPR� GH� XPD� HVTXHUda católica, com ativa militância 
cívica e política, afeta sensivelmente a categoria profissional. O terceiro é o 
espraiar do movimento estudantil, que faz seu ingresso nas escolas de 
Serviço Social e tem aí uma ponderação muito peculiar. O quarto é o 
referencial próprio de parte significativa das ciências sociais do período, 
imantada por dimensões críticas e nacional-populares. (NETTO, 2011, p. 
139). 
 
 
 
 
 
Em 1961, no Rio de Janeiro, é realizado o II Congresso Brasileiro de Serviço 
Social. Neste encontro sinalizou-se a necessidade de vincular o Serviço Social às 
H[LJrQFLDV� GD� VRFLHGDGH� EUDVLOHLUD�� 3RUWDQWR� p� LPSHUDWLYR� ³>���@� DSHUIHLoRDU� R� DSDUHOKR�
conceitual do Serviço Social e de [...] elevar o padrão técnico, científico e cultural dos 
prRILVVLRQDLV� GHVVH� FDPSR� GH� DWLYLGDGH´�� �&%&,66�� ����� DSXG� 1(772�� -�� 3�� ������
p.139). 
 
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Retomando! 
 
Para Netto (2011, p. 141), entretanto, esse movimento foi interrompido a partir do 
regime de Ditadura Militar (1964-1985), instaurado em 1964 no Brasil, o qual, por 
LQWHUPpGLR� GD� DQXODomR� GH� DWRUHV� SROtWLFRV� ³>���@� FRPSURPHWLGRV� FRP� D� GHPRFUDWL]DomR� GD�
sociedade e do Estado, cortou com os efetivos suportes que poderiam dar um 
HQFDPLQKDPHQWR�FUtWLFR�H�SURJUHVVLVWD�j�FULVH�HP�DQGDPHQWR�QR�6HUYLoR�6RFLDO�µWUDGLFLRQDO¶�
>���@´� 
 
A ditadura foi antidemocrática e anticomunista, prendeu, espancou e 
torturou a torto e a direito, disseminou ódio e pavor, abusou do arbítrio e da 
repressão. Seus porões foram indignos e repulsivos. Milhares sofreram 
barbaridades em suas mãos, tiveram vidas destroçadas, morreram trucidados 
e violentados. (NOGUEIRA, 2011, p. 21). 
 
Netto (2011) pontua que embora, no Brasil, a conjuntura política não tenha sido 
favorável para a continuidade e o aprofundamento do processo de erosão do Serviço 
6RFLDO� ³WUDGLFLRQDO´�� QRV� PDUFRV� GD� PRGHUQL]DomR� FRQVHUYDGRUD� GD� DXWRFUDFLD�
burguesa, isso não significou uma interrupção definitiva dessa perspectiva. 
Nesse sentido, o autor elucida que o questionamento e a revisão das bases que 
fundamentavam o exercício profissional foi um fenômeno que ocorreu em escala 
mundial, e para compreendermos esse processo nos marcos da realidade brasileira é 
mister elucidar o Movimento de Reconceituação latino-americano que se explicitou no 
período de 1965-75. 
 
 
 
1961 - II Congresso Brasileiro de Serviço Social ± Rio de Janeiro 
 
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4.3 O movimento de Renovação do Serviço Social no Brasil 
 
 
 
 
Preliminarmente, o autor indica que o cenário da década de 1960 foi permeado pelo 
HVJRWDPHQWR� GH� XP� SDGUmR� GH� GHVHQYROYLPHQWR� FDSLWDOLVWD�� SURSLFLDQGR� ³>���@� XP� TXDGUR�
favorável para mobilização das classes sociais subalternas em defesa dos seus interesses 
LPHGLDWRV´��1(772��������S������� 
 
[...] começam a cristalizar-se reivindicações referenciadas a categorias 
específicas (negros, mulheres, jovens), à ambiência social e natural (a 
cidade, o equipamento coletivo, a defesa dos ecossistemas), a direitos 
emergentes (ao lazer, à educação permanente, ao prazer) etc. Nas suas 
expressões menos consequentes, este movimentos põem em questão a 
racionalidade do Estado burguês e suas instituições; nas suas expressões 
mais radicais, negam a ordem burguesa e o seu estilo de vida. Em 
qualquer dos casos, recolocam em pauta as ambivalências da cidadania 
fundada na propriedade e redimensionam a atividade política, 
multiplicando os seus sujeitos e as suas arenas. (NETTO, 2011, p. 143). 
 
Por conseguinte, Netto (2011) elucida que essa conjuntura culminou na 
contestação da forma de conduzir um conjunto de atividades profissionais vinculadas à 
reprodução das relações sociais, não se restringindo ao Serviço Social. 
Desse modo, o questionamento das bases profissionais tradicionais, além do 
cenário exterior à profissão, encontrou elementos internos ao Serviço Social para a sua 
operacionalidade, os quais também foram apontados nos anos precedentes à instauração do 
golpe militar de 1964, quais sejam: 
 
 
Em primeiro lugar, a revisão crítica que se processa na fronteira das 
FLrQFLDV�VRFLDLV��2V�LQVXPRV�³FLHQWtILFRV´�GH�TXH�KLVWRULFDPHQWH�VH�YDOLD�
R� 6HUYLoR� 6RFLDO� H� TXH� IRUQHFLDP� D� FUHGLELOLGDGH� ³WHyULFD´� GR� VHX�
fundamento com a chancela das disciplinas sociais acadêmicas viam-se 
questionados no seu próprio terreno de legitimação original. [...] O 
segundo vetor que intercorria no processo era o deslocamento 
sociopolítico de outras instituições cujas vinculações com o Serviço 
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Social são notórias: as Igrejas [...] Deslocamento muito desigual nas 
várias latitudes, porém visível em todas elas e operantes em dois planos: 
no adensamento de alternativas de interpretação teológica que 
justificavam posturas concretamente anticapitalistas e antiburguesas e 
na permeabilidade de segmentos da alta hierarquia a demandas de 
reposicionamento político-VRFLDO�DGYLQGDV�GDV�EDVHV�H�GR�³EDL[R�FOHUR´��
[...] Finalmente [...] o movimento estudantil: condensamente, ele 
reproduz, no molde particular da contestação global característica da 
sua intervenção, todas as alterações que indicamos e as insere 
perturbadoramente no próprio lócus privilegiado da reprodução da 
categoria profissional: as agências de formação, as escolas. (NETTO, 
2011, p. 144 e 145). 
 
Netto (2011) discorre que o Movimento de Reconceituação Latino-Americano foi 
XPD�GDV�SULQFLSDLV�PDQLIHVWDo}HV�GR�SURFHVVR�GH�HURVmR�GR�6HUYLoR�6RFLDO�³WUDGLFLRQDO´�
e, de acordo com Iamamoto (2006, p. 207), caracterizou-VH� SHOD� ³>���@� EXVFD� GD�
construção de um novo Serviço Social [...], saturado de historicidade, que apostasse na 
criação de novas formas de sociabilidade a partir do próprio protagonismo dos sujeitos 
FROHWLYRV´�� 
 
 
 
 
 
 
 
[...] a reconceptualização está intimamente vinculada ao circuito 
sociopolítico latino-americano da década de sessenta: a questão que 
originalmente a comanda é a funcionalidade profissional na superação do 
subdesenvolvimento. Indagando-se sobre o papel dos profissionais em face 
GDV� PDQLIHVWDo}HV� GD� ³TXHVWmR� VRFLDO´�� LQWHUURJDQGR-sesobre a adequação 
dos procedimentos profissionais consagrados às realidades regionais e 
nacionais, questionando-se sobre a eficácia das ações profissionais e sobre a 
eficiência e legitimidade das suas representações, inquietando-se com o 
relacionamento da profissão com os novos atores que emergiam na cena 
política (fundamentalmente ligados às classes subalternas) ± e tudo isso sob 
o peso do colapso dos pactos políticos que vinham do pós-guerra, do 
surgimento de novos protagonistas sociopolíticos, da revolução cubana, do 
incipiente reformismo gênero Aliança para o Progresso ±, ao mover-se 
assim, os assistentes sociais latino-americanos, através de seus segmentos de 
vanguarda, estavam minando as bases tradicionais da sua profissão. 
(NETTO, 2011, p. 146). 
 
Netto (2011) explicita que, nesse processo de funcionalidade profissional para a 
superação do subdesenvolvimento, considerando a adaptação dos procedimentos 
profissionais, de acordo com a realidade latino-americana, surgiram diferentes 
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posicionamentos relacionados às concepções política, teórica e da própria profissão. De 
DFRUGR� FRP� R� DXWRU�� ³>���@� XP� SROR� LQYHVWLD� QXP� DJJLRUQDPHQWR� GR� 6HUYLoR� 6RFLDO� H�
RXWUR�WHQFLRQDYD�XPD�UXSWXUD�FRP�R�SDVVDGR�SURILVVLRQDO�>���@´��1(772��������S�������� 
É nesse contexto que a profissão aproxima-VH�GD�WUDGLomR�PDU[LVWD��³>���@�H�R�IDWR�
central é que, depois da reconceptualização, o pensamento de raiz marxiana deixou de 
VHU� HVWUDQKR� DR� XQLYHUVR� SURILVVLRQDO� GRV� DVVLVWHQWHV� VRFLDLV´� �1(772�� ������ S�� ������
Iamamoto (2006) discorre que a aproximação da profissão com a teoria crítico-dialética, 
nos marcos da década de 1970, significou um processo de ruptura com o 
tradicionalismo profissional, e um reducionismo na análise de seu universo teórico. 
Em um primeiro momento, a interlocução do Serviço Social com a perspectiva 
crítico-dialética foi mediada pela prática político-partidária, permeada pela indiferença 
entre a militância política e a prática profissional. Tal posicionamento também 
culminou na restrição ao compromisso político e na ausência de interlocução com o 
conhecimento científico acumulado. 
 
Essa primeira forma de aproximação redundou no chamamento dos 
profissionais ao compromisso político, o que sugeria a necessidade de 
dispor de um ponto de vista de classe na análise da sociedade e do papel da 
profissão nessa sociedade. Esse ângulo de visão, alimentado apenas pela 
prática e pela vontade política, mostrava-se, em si, insuficiente para desvelar 
tanto a herança intelectual do Serviço Social como sua prática no jogo das 
relações de poder econômico e nas relações do Estado como movimento das 
classes sociais. Tal exigência não depende apenas de uma ação político-
moral, mas supõe uma consciência teórica capaz de possibilitar a explicação 
do processo social e o desvelamento das possibilidades de ação nele 
contidas. Ora, se a consciência teórica tem suas raízes nas relações 
econômicas e nas lutas de classes historicamente determinadas, ela não 
surge espontaneamente de tais relações e lutas. Exige, para a sua construção, 
uma interlocução crítica com o conhecimento científico acumulado, um 
trabalho rigoroso de elaboração intelectual, o que, na reconceituação, não 
foi possível acumular a contento. (IAMAMOTO, 2006, p. 210). 
 
Iamamoto (2006, p. 212) ainda dispõe que esse encontro do Serviço Social com o 
marxismo foi permeado por interpretações da teoria crítica através de manuais de 
divulgação, portanto, delineou-VH�XP�PDU[LVPR�³VHP�0DU[´��FDUDFWHUL]DGR�SRU� IRUWHV�
traços ecléticos. Como exemplos de leituras reducionistas, a autora pontua a ausência da 
categoria trabalho nas análises realizadas, além de as categorias do método marxiano 
GHL[DUHP�GH�³>���@� µH[SUHVVDU� IRUPDV�GH� VHU��GHWHUPLQDo}HV�GD� H[LVWrQFLD¶�� GHVOLJDQGR-se do 
movimento da sociedade que deveriam expressar, passando a ser criações aleatórias do 
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SHQVDPHQWR´��(P�IDFH�GHVVDV�LQWHUSUHWDo}HV��VXUJLUDP�QD�SURILVVmR�GXDV�IRUPDV�UHGXFLRQLVWDV�
de compreensão do significado social do Serviço Social, quais sejam, o fatalismo e o 
messianismo, nos quais, segundo Iamamoto (2006, p. 213), há um esvaziamento da 
historicidade da prática social. 
 
O fatalismo, inspirado em interpretações que naturalizam a vida social, 
apreendida à margem da subjetividade humana, redundando em uma 
visão perversa da profissão concebida como totalmente atrelada às 
malhas de um poder tido como monolítico, resultando disso a 
impotência e a subjugação do profissional ao instituído. Por outro lado, 
o messianismo utópico privilegiando os propósitos do profissional 
individual, num voluntarismo, não permite o desvendamento do 
movimento social e das determinações que a prática profissional 
incorpora nesse movimento, ressuscitando inspirações idealistas que 
reclamam a determinação da vida social pela consciência. 
 
No tocante ao Brasil, a autora aponta que o debate da reconceituação difundiu-se em 
parcela minoritária da categoria profissional, devido ao contexto político dos anos da 
Ditadura Militar. Nesse sentido, 
 
Este panorama contribui para que, no Brasil, diferentemente da tônica 
predominante nos demais países, o embate com o Serviço Social 
tradicional se revertesse em uma modernização da profissão que 
atualiza a sua herança conservadora. Verificou-se uma mudança no 
discurso, nos métodos de ação e nos rumos da prática profissional, no 
sentido de obter um reforço de sua legitimidade junto às instâncias 
demandantes da profissão, em especial o Estado e as grandes empresas, 
adequando o Serviço Social à ideologia dos governantes. (IAMAMOTO, 
2006, p. 215) 
 
Netto (2011, p. 152) destaca que, no Brasil, se gestou um processo de renovação 
da profissão, cuja característica mais relevante referiu-se ao esforço de validar 
teoricamente todas as etapas de intervenção do Serviço Social. O autor esclarece que tal 
SURFHVVR� ³>���@� FRQILJXUD� XP� PRYLPHQWR� FXPXODWLYR�� FRP� HVWiJLRV� GH� GRPLQkQFLD�
teórico-cultural e ideopolítica distintos, porém entrecruzando-se e sobrepondo-se, donde 
a dificuldade de qualquer esquema para representá-OR´. 
Dentre esses estágios, Netto (2011) explicita três momentos característicos. Para 
compreender melhor este tema, você, querid@ alun@, precisa ter conhecimento do 
livro de José Paulo Netto ± ³'LWDGXUD�H�6HUYLoR�6RFLDO��XPD�DQiOLVH�GR�6HUYLoR�6RFLDO�QR�
Brasil pós-��´� �������� SRLV�� QHVWD� REUD� R� DXWRU� GHQRPLQD� H� DQDOLVD� RV� WUrV� PRPHQWRV�
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característicos da renovação do Serviço Social brasileiro. O primeiro, nomeado pelo 
DXWRU� SRU� ³SHUVSHFWLYD� PRGHUQL]DGRUD´�� GLIXQGLX-se no país na segunda metade dos 
anos 1960 e baseava-se na corrente teórica positivista, a qual não questionava a ordem 
política e tinha como pressuposto a adequação do Serviço Social às exigências da 
autocracia burguesa. Netto (2011) afirma que em meados de 1975 surge o segundo 
PRPHQWR� GHVWH� PRYLPHQWR�� GHQRPLQDGR� SRU� HOH� GH� ³UHDWXDOL]DomR� GR�
FRQVHUYDGRULVPR´�� (VWD� SHUVSHFWLYD� IXQGDPHQWDYD-se na vertente teórica 
fenomenológica, a qual, na apreensão efetuadapelos assistentes sociais daquela época, 
recuperava a herança psicossocial, a tendência à centralização nas dinâmicas 
individuais e o viés psicologizante. Por fim, Netto (2011) explica que na abertura dos 
anos de 1980 instituiu-VH� D� GHQRPLQDGD� ³LQWHQomR� GH� UXSWXUD´�� IXQGDPHQWDGD� QD�
tradição marxista, cujo enfoque é a análise e o questionamento da sociedade de classes, 
com vistas à transformação social por meio do protagonismo da classe trabalhadora. 
 
Tendo recebido ponderável influência do pensamento latino-americano 
reconceptualizado no final dos anos setenta e o início da presente década 
(1980), esta vertente tem muito da sua audiência contabilizada ao descrédito 
político da perspectiva modernizadora e à generalizada crítica às ciências 
sociais acadêmicas; no entanto, parecem-nos fundamentais, para explicar a 
sua repercussão, as condições de trabalho da massa da categoria profissional 
± com sua aproximação geral às camadas trabalhadoras -, o novo público em 
que se recrutam os quadros técnicos [...] o clima efervescente do circuito 
universitário quando da crise da ditadura (envolvendo todos os 
intervenientes da arena acadêmica) e, principalmente, o quadro sociopolítico 
e ideológico dos primeiros anos da década, que conduziu à participação 
cívica amplos contingentes das novas camadas médias urbanas, com 
destaque para seus setores técnicos. (NETTO, 2011, p. 160). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Movimento de Renovação do Serviço Social brasileiro (segundo José Paulo Netto): 
 
 - 3ULPHLUR� PRPHQWR�� GHQRPLQDGD� ³SHUVSHFWLYD� PRGHUQL]DGRUD´� �SRVLWLYLVPR��� QRV�
marcos da segunda metade dos anos 1960; 
- Segundo momento: ³UHDWXDOL]DomR� GR� FRQVHUYDGRULVPR´� �IHQRPHQRORJLD��� VHJXQGD�
metade dos anos 1970); 
- 7HUFHLUR�PRPHQWR�� ³LQWHQomR�GH� UXSWXUD´� �WUDGLomR�PDU[LVWD��� VH� ORFDOL]D�QD� DEHUWXUD�
dos anos 1980. 
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É importante ressaltar ainda que no primeiro período do movimento de renovação do Serviço 
Social brasileiro ocorreram os Seminários de Araxá e Teresópolis. Lembremos que, como já foi 
HVWXGDGR�� D� ³SHUVSHFWLYD� PRGHUQL]DGRUD´� não questionava a ordem política estabelecida pelo 
Golpe Militar, desta forma, tinha o pressuposto de adequar o Serviço Social às exigências da 
autocracia burguesa, a fim de que este se integrasse ao movimento desenvolvimentista. A citada 
perspectiva se afirma a partir dos encontros organizados pelo Centro Brasileiro Cooperação e 
Intercâmbio de Serviço Social (CBCISS). O primeiro ocorre entre 19 e 26 de março de 1967, na 
cidade de Araxá (MG) e o segundo acontece em Teresópolis (RJ), entre os dias 10 e 17 de janeiro 
de 1970. No Documento de Araxá, explicita-se a preocupação de discutir a teorização do Serviço 
6RFLDO�� HQWUHWDQWR�� VHJXQGR� 1HWWR�� D� WHQWDWLYD� IRL� LQFLSLHQWH�� Mi� TXH� ³>���@� R� GRFXPHQWR� UHGX]� D�
WHRUL]DomR� D� µXPD� DERUGDJHP� WpFQLFD� RSHUDFLRQDO� HP� IXQomR� GR� PRGHOR� EiVLFR� GR�
GHVHQYROYLPHQWR¶� �&%&,66�� ��������´�� �1(772�� ������ S������ Neste mesmo encontro, ao 
Serviço Social é conferido um desempenho em nível micro e macro, sendo que no primeiro é 
indicada a administração e prestação de serviços diretos e, no último, é demarcada a integração das 
funções dos assistentes sociais à política de desenvolvimento. É na concepção de globalidade, 
macroatuação, que se verifica o avanço desta perspectiva, pois se desvincula do campo ético 
neotomista. Entretanto, não podemos esquecer que a visão de globalidade estava associada à teoria 
estrutural-funcionalista, ou seMD�� ³$V� µGLVIXQo}HV¶� FRORFDP-se como objeto de intervenção 
justamente porque o equilíbrio dinâmico do sistema guarda potencial para corrigi-las (e mesmo 
preveni-ODV��´��1(772��������S������ O documento criado em Teresópolis, portanto, conserva os 
valores ideoculturais e a noção de desenvolvimento presentes em Araxá, contudo, evidencia-se a 
consolidação dos valores modernos sob a herança tradicional. Conforme Netto, as formulações de 
Teresópolis voltam-se para a metodologia de ação, isto é, quais serão os instrumentais capazes de 
JDUDQWLU� XPD� SUiWLFD� SURILVVLRQDO� GH� HILFiFLD�� 6HQGR� DVVLP�� ³DSRQWDP� SDUD� D� UHTXDOLILFDomR� GR�
assistente social, definem nitidamente o perfil sociotécnico da profissão e a inscrevem 
FRQFOXVLYDPHQWH�QR�FLUFXLWR�GD�µPRGHUQL]DomR�FRQVHUYDGRUD¶�´��1(772��������S������GHVWDTXH�GR�
autor). 
 
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Por conseguinte, Iamamoto (2006) explicita que no cerne da crise da Ditadura 
brasileira gestaram-se alguns pilares para o rompimento do Serviço Social com o 
tradicionalismo profissional, contidos nas correntes teóricas e no posicionamento 
político da profissão. 
Esses pilares surgem com a reorganização do aparelho do Estado; consolidação 
de um mercado de trabalho para a profissão; ampliação do contingente de profissionais 
e das unidades de ensino públicas e privadas; efetiva inserção do Serviço Social nos 
quadros universitários (ensino-pesquisa-extensão); criação da pós-graduação stricto 
sensu; renovação e qualificação dos quadros docentes e a expansão da interlocução da 
profissão com as ciências afins. 
 
 4.4 A Década de 1970 e o Congresso da Virada 
 
Considerando que a profissão deve ser pensada a partir das relações sociais 
constituintes da história, pode-se vislumbrar que na crise da Ditadura Militar gestaram-se 
outras bases e possibilidades para a retomada do processo de Renovação da profissão em 
curso, o qual almejava a construção de um Serviço Social crítico e sintonizado com os 
interesses das classes trabalhadoras. 
Netto (2009, p. 27) destaca que a reinserção da classe operária na arena política, por 
intermédio das mobilizações grevistas no setor industrial da chamada região do ABC 
paulista, também evidencia a crise já delineada. Desse modo, 
 
 
Ao fim da década de 1970, a oposição à ditadura já não se expressa 
mais abertamente apenas nos limites do horizonte burguês: extravasa 
os seus marcos, com a vanguarda operária, envolvendo e mobilizando 
não só o proletariado, mas um amplíssimo e heterogêneo universo de 
assalariados, a que se agregaram franjas de classe pequeno-burguesas e 
burguesas ± e, por isto mesmo, o regime não pôde articular o bloco 
social que o seu projeto de autorreforma exigia, sendo que este não se 
realizou segundo os cálculos dos seus estrategistas. 
 
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A partir da indicação do contexto histórico ora explicitado, é possível iniciar um 
SURFHVVR� UHIOH[LYR� DFHUFD� GR� URPSLPHQWR� GR� FKDPDGR� 6HUYLoR� 6RFLDO� ³WUDGLFLRQDO´�� WHQGR�
como cerne determinante o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS). 
 
 
 
Segundo análise de Netto (2009, p. 29), o Serviço Social nunca esteve aquém da cena 
política instaurada pelo golpe militar de 1964, visto que 
 
Ao longo de todo o ciclo ditatorial incontável contingente de assistentes 
sociais apoiou-o abertamente (seja por convicções, seja por 
oportunismo); inúmeros assistentes sociais assumiram ± por indicação 
política ± cargos e postos de responsabilidadeem órgãos estatais e 
públicos; vários assistentes sociais assessoraram serventuários da 
ditadura e alguns foram mesmo distinguidos pelo regime e seus 
corifeus. É fato que o grosso da categoria profissional atravessou 
aqueles anos terríveis sem tugir nem mugir. Nada é mais falso do que 
imaginar que o nosso corpo profissional (nele incluídos, naturalmente, 
docentes e discentes) foi um coletivo de perseguidos ou um corajoso 
destacamento da resistência democrática. 
 
De acordo com o autor, o cenário começa a apresentar algumas modificações, em 
decorrência dos determinantes conjunturais ora explicitados, da emersão do proletariado na 
arena política e por reais potencialidades no interior da categoria profissional. 
Netto (2009) elucida que a repercussão do movimento proletário incide em 
alguns segmentos da categoria, os quais, acrescidos da influência do Movimento de 
Reconceituação latino-americano, começam a questionar o posicionamento de 
³QHXWUDOLGDGH´� GDV� LQVWkQFLDs e fóruns da categoria, em face dos ditames do regime 
ditatorial. 
Em relato sobre a sua inserção no movimento sindical do Serviço Social, Sousa 
(2009) dispõe que, nesse cenário, uma minoria de assistentes sociais atua de forma combativa 
e comprometida com os interesses populares relacionados à reivindicação de direitos por 
 
Car@ alun@! Preste muito atenção, pois o Congresso 
Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) que ocorreu 
em 1979 é um marco na trajetória histórica do Serviço 
Social. 
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saúde, moradia, entre outros; bem como na organização de seus direitos de trabalhadores 
assalariados. 
 
 
 
 
Por conseguinte, conforme relato de Sousa (2009, p. 114), em 1978, foi reativada a 
Associação Profissional de Assistentes Sociais de São Paulo (Apas) e criada, em 1979, a 
Comissão Executiva Nacional de Entidades Sindicais de Assistentes Sociais (Ceneas), as 
quais se mostraram importantes instrumentos no desencadeamento de amplo processo 
de mobilização. 
 
[...] a militância dos assistentes sociais vinculados a organizações de 
esquerda, nas décadas de 1960 e 1970, foi muito importante como 
presença da categoria nas lutas que marcaram aquele momento 
histórico da vida do país, e que criaram as condições para as mudanças 
e avanços, cujos efeitos até hoje se fazem sentir. 
 
 
 
 
Martinelli (2009) explicita que o significado marcante do Congresso da Virada, 
no processo de renovação do Serviço Social, está vinculado aos seguintes momentos 
históricos precedentes, quais sejam: o I Seminário Latino-Americano de Serviço Social6 
e a participação da geração de 1965 no Movimento Latino-Americano de 
Reconceituação; a ruptura com as influências religiosas na formação profissional; a 
 
6
 De acordo com Netto (2011), muitos especialistas na área destacam que o Seminário, ocorrido em maio de 
1965 na cidade de Porto Alegre, demarcou o início do Movimento de Reconceituação Latino-Americano. 
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relevância do Método BH7 e a militância política de setores críticos da profissão no 
contexto da ditadura. 
De acordo com Sousa (2009), o III CBAS é precedido pelo III Encontro Nacional de 
Entidades Sindicais de Assistentes Sociais, no qual, além de temas relevantes e de 
direcionamentos profissionais e políticos, é construído um manifesto de repúdio à 
organização do III Congresso8, destacando os seguintes pontos: a preparação do Congresso 
não possibilitou discussões amplas e democráticas com o conjunto da categoria; o elevado 
preço da inscrição impossibilitou a presença de amplos segmentos profissionais; crítica à 
limitação da participação de estudantes de Serviço Social; e o repúdio ao convite de honra 
feito a representantes do governo. 
 
 
No 3o Encontro Nacional de Entidades Sindicais de Assistentes Sociais 
acima referido, foi feita uma avaliação pelas entidades presentes no 
encontro, chegando-se à conclusão de que a organização do Congresso foi 
realizada à revelia da categoria, sendo que sequer suas entidades foram 
consultadas a respeito, não obstante estarem, naquele momento, bastante 
mobilizadas e ativas na defesa dos interesses profissionais e engajadas na 
luta política dos trabalhadores e da sociedade brasileira em geral, pela 
redemocratização do país. Consideraram, portanto, o processo de 
organização do Congresso muito autoritário e fortemente centralizado pelo 
CFAS e pelos Conselhos Regionais de Assistentes Sociais. (SOUSA, 2009, 
p. 114) 
 
De acordo com Sousa, o III CBAS, realizado entre os dias 23 e 28 de setembro de 
1979, na cidade de São Paulo, contou com a presença de 2.500 assistentes sociais e 
apresentou-se como frustrante para uma parcela da categoria, em virtude de seu caráter 
autoritário e oficialesco. 
 
 
7
 A elaboração de um grupo de profissionais da Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas 
Gerais é considerada um marco histórico no processo de intenção GH� UXSWXUD�� YLVWR� TXH� R� 0pWRGR� %+� ³>���@�
configurou a primeira elaboração cuidadosa, no país, sob a autocracia burguesa, de uma proposta profissional 
alternativa ao tradicionalismo preocupada em atender a critérios teóricos, metodológicos e interventivos capazes 
de aportar ao Serviço Social uma fundamentação orgânica e sistemática, articulada a partir de uma angulação 
que pretendia expressar os interesses históricos das classes e camadas exploradas e subalternas. É absolutamente 
impossível abstrair a elaboração belo-KRUL]RQWLQD�GD�IXQGDomR�GR�SURMHWR�GH�UXSWXUD�QR�%UDVLO´��1(772��������
p. 275). 
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Ministério do Trabalho, eram vistos como a expressão do braço ditatorial do Estado ou organismos da ordem e, 
portanto, manietados em se comprometerem com uma sociedade sem explorados e exploradores. Os Congressos 
da categoria eram até então organizados pelo CFAS. Para a reorganização profissional havia grande 
desconfiança dos órgãos reguladores da categoria. Ocorria um descrédito, à partida, por tudo aquilo que 
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Serviço Social para a Câmara dos Deputados 
Teoria e exercícios comentados 
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Nesse sentido, a autora destaca que cerca de 600 congressistas organizaram-se de 
forma paralela, em assembleia, que salienta a forma autoritária de organização do Congresso 
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governos federal, HVWDGXDLV�H�PXQLFLSDLV´��6286$��������S������� 
 
Por decisão unânime da assembleia paralela, as lideranças sindicais 
tomaram a direção do Congresso na abertura da plenária geral do 
segundo dia e, no início dos trabalhos, a Mesa Diretora propôs e foi 
aprovada a destituição da Comissão de Honra do Congresso, composta, 
à revelia da categoria, pelo então presidente da República, o general 
João Batista Figueiredo, pelo ministro do Trabalho, Murilo Macedo 
(que havia cassado a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, 
cujo presidente

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