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BIOQUÍMICA DE ÓRGÃOS E TECIDOS

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BIOQUÍMICA DE ÓRGÃOS E TECIDOS
FÍGADO:
Ofígado é o órgão que recebe os produtos absorvidos pela mucosa intestinal, resultantes da reduçãodos alimentos em derivados mais simples, assimiláveis, pelos processos da digestão. As substâncias tóxicas provenientes do intestino, assim como de outros tecidos do organismo, são metabolizadas no fígado. Essas funções são de importância fundamental para a vida do organismo e fazem com que o fígado seja considerado o órgão, por excelência, da regulação de grande parte dos processos metabólicos. É o principalcentro de distribuição dos nutrientes.
O fígado é constituído de lóbulos cercados por ramificações da veia porta, banhados por intrincado sistema de capilares venosos. O sangue circula lentamente e entra em contato íntimo com as células hepáticas, onde são metabolizadas as numerosas substâncias nutritivas e detoxificadas as substâncias nocivas.
O sangue penetra por ramificações da veia porta que convergem para uma única veia central. Essa estruturaexplica porque grande quantidade de sangue é normalmente armazenada no fígado(cerca de 50% do peso total do órgão).
O fígado é a maior glândula do organismo e tem peso médio de 1.500 g.Todo o sistema vascular tem que atravessar o fígado antes de voltar para o coração. O sangue passa por filtração através dos sinusóides contendo células retículo-endoteliais. Os sinusóides hepáticos são canais entre os cordões de hepatócitos por onde o sangue passa para atingir a veia hepática terminal. 
	As células hepáticas, de forma poligonal, são as mais abundantes do parênquima do fígado (60% do total);as restantes são as células de Kuppfer, as células dos vasos sanguíneos e as células dos canalículos biliares.
	A estrutura da célula hepática compreende citoplasma, núcleo e nucléolos. No citoplasma existem numerosas mitocôndrias, grânulos de secreção, gotículas lipídicas e microssomas. O esgastoplasma ou substância básica tem a estrutura finamente reticulada.
	As células hepáticas se agrupam em fileiras de cinco a oito, formando oque se chama trabéculas ou traves de Remak. Essas trabéculas ficam intimamente ligadas à rede capilar, separadas apenas por uma fibra reticular. Os canalículos biliares penetram nas células e as trocas metabólicas se fazem entre as células e o sangue.
	O fígado é o órgão mais rico em enzimas. Nas mitocôndrias estão as enzimas oxidativas(do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidativa). Os ácidos graxos são completamente oxidados no fígado.
	Numerosas enzimas do metabolismo se encontram no fígado, tais como a hexoquinase, as desidrogenases e as fosforilases implicadas na formação daglicose-1-fosfato e na série de etapas da glicólise. A insulina também segue primeiro do pâncreas ao fígado, para daí passar aos tecidos. Todo o carboidrato introduzido pelos alimentos, antes de utilizado, tem que passar pelo fígado. 
	A glicose-6-fosfatase do fígado é a enzima que libera a glicose do glicogênio (glicogenólise) e desse modo mantém a glicemia ao nível normal. Na doença de Von Giercke , pela falta dessa enzima, o glicogênio se acumula no fígado.
O fígado é a sede das reações de transaminação entre aminoácidos e cetoácidos. Por exemplo, o ácido glutâmico e o ácido pírúvico dão origem ao ácido aspártico e ao ácido alfa-ceto-glutárico.
	A formação da uréia foi demonstrada no fígado. Quando o fígado se autolisa, a uréia aparece, indicando a existência nesse órgão de enzimas implicadas na sua síntese. É interessante salientar que a arginase só existe no fígado dos animais ureotélicos. 
	O papel do fígado no catabolismo das purinastambém é importante, graças à presença de enzimas entre as quais a xantina-oxidase e a uricase. A desaminação da adenosina também é feita no fígado pela desaminase.
	O fígado é o local principal da síntese dos lipídios provenientes dos carboidratos. Os polipeptídeosdo plasma têm origem no fígado, o mesmo se dando com as lipoproteínas. A esterificação do colesterol tem por sede esse órgão. Quando o fígado é lesado, a função de esterificar o colesterol diminui, e os ésteres do colesterol baixam no plasma sanguíneo. A vitaminaA e as vitaminas do complexo B se armazenam no fígado. 
	Diversas causas influenciam a composição do fígado em lipídeos:a) ingestão de gorduras; b) intensificação da síntese dos lipídios a partir dos carboidratos; c) redução na degradação dos ácidos graxos no fígado.
	O fígado detoxifica os produtos de degradação das proteínas e tóxicos provenientes do trato intestinal, por meio de processos de oxidação, redução e metilação. Abilirrubina(*) e os estrogênios também são conjugados no fígado. No embrião o fígado forma as hemácias e no adulto sintetiza e armazena o fator antianêmico
	FÍGADO E FATORES ALIMENTARES
	O fígado é muito sensível à qualidade e quantidade do alimento ingerido. Addis e Poode monstraram que o fígado perde 40% de suas proteínas após 7 dias de jejum, ao passo que outros órgãos, como próstata e vesículas seminais, perdem 29%; os rins e coração, 18% e o cérebro, somente 5%. Foi verificado que a proteína consumida deriva da proteína armazenada no fígado e que a alimentação protêica faz voltar o teor de proteínas ao normal.
	A maioria das enzimas hepáticas diminui ou mesmo desaparece pelo jejum prolongado. As modificações produzidas pela dieta sem proteínas afetam a célula hepática no seu teor em glicogênio, que baixa a valores mínimos no jejum.
(*) Bilirrubina ou “hemaitoidina” é uma substância amarelada, produzida por quebra do heme e redução da biliverdina(**), absorvida pelas células do fígado. É encontrada na bile que permanece no plasma sanguíneo até ser eliminada na urina. Quanto mais hemoglobina eliminada na urina, mais amarelada ela se torna. Excesso de bilirrubina (hiperbilirrubinemia) pode indicar problemas no fígado, baço, rins ou vesícula biliar.
(**) Biliverdina é umpigmento biliar de cor verde, produzido por oxidaçãoda bilirrubina.	
O fígado tem extraordinário poder de regeneração. A retirada de 70% do parênquima hepático (hepatectomia parcial) não causa morte, porque a parte restante se regenera rapidamente, atingindo o volume inicial4 a 10 dias depois da operação.
	As deficiências alimentares produzem dois tipos de lesões hepáticas, ambas terminando em fibrose. O primeiro tipo inicia-se pela infiltração gordurosa que é causada pela dieta gorda em excesso, pela carência de fatores lipotrópicos (*)–colina ou metionina ; acentuada deficiência de proteínas é capaz de produzir no homem essas lesões e acredita-se que a cirrose hepática seja causada pela desnutrição e não pela ação doálcool.
	O segundo tipo de necrose é a necrose maciça, com entumecimento do parênquima hepático, que evolui para a hiperplasia nodular. Em ambos os casos a causa parece ser secundária à irrigação defeituosa do fígado.
	As dietas ricas em gorduras e pobres em proteínas causam acúmulo de gorduras no fígado. A supressão da colina da alimentação, determina o aumento da gordura hepática. O fígado dos animais deficientes em colina são incapazes de oxidar os ácidos graxos.
	A necrose maciça ou zonal e a cirrose podem ser facilmente provocadas por procedimento dietéticos experimentais: a ausência total ou parcial de caseína na dieta, produz sempre cirrose hepática no rato; a ministração de colina previne a cirrose mas a necrose é, pelo contrário intensificada (Györgyi); a adição de levedura à dieta é outro fator causador de necrose do fígado. A cistina e a metionina adicionadas à alimentação do rato previnem essa necrose. Atribui-se, portanto a necrose nutricional à deficiência em aminoácidos contendo enxofre (cisteína e metionina).
INTOXICAÇÕES:
	Várias substâncias tóxicas tem eleição para o fígado, lesando-o intensamente, e que por isso foram chamadas hepatotóxicas. Dentre as mais conhecidas figuram o tetracloreto de carbono, o clorofórmio, o tricloro etileno, os arsenicais e os sais de metais pesados.
	Várias modificações bioquímicas tem lugar nessa intoxicação. A turgescência e a degeneração das mitocôndrias,se dão logo no início, com liberação da succino-oxidase. A respiração do tecido em presença de glicose diminui acentuadamente, mas a glicólise é normal. A enzima xantino-oxidase (**)aumenta muito devido a liberação dessa enzima do complexo lipídico ao qual ela se encontra armazenada no fígado. Existe também desorganização das enzimas do ciclo de Krebs, observando-se diminuição da oxidação do piruvato e do citrato e dos ácidos graxos.
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(* )Substâncias que tem facilidade de remover depósitos de gordura no corpo. Esses nutrientes desempenham essencialmente a tarefa de quebrar e transportar gorduras do fígado. Os fatores lipotrópicos são importantes porque podem aprimorar a função hepática, assim como eliminar toxinas. 
(**) Enzima que oxida a hipoxantina à xantina, precursora de ácido úrico, que tem papel decisivono aparecimento da GOTA (doença reumatológica, inflamatória, causada por depósitos de cristais de monaurato de sódio nas articulações).
MÚSCULO ESTRIADO
	O tecido muscular tem sido objeto durante muitos anos da curiosidade de histologistas, fisiologistas e bioquímicos. Foi Köller quem estabeleceu que as microfibrilas eram a unidade fundamental dos elementos contráteis do músculo. A estrutura das microfibrilas é bastante complexa e tem sido objeto de estudos histológicos e citológicos muito detalhados.
	O sarcolema é uma membrana que isola as microfibrilas, envolvendo-as. A sua estruturanão é bem definida , sendo, porém, delgada e homogênea, com uma espessura de 0,001 a 1 micra. O sarcolema não deve ser considerado como uma membrana no sentido deque esta é bem definida. Admite-se que exista outra membrana separando o sarcolema da fibrila, e que funciona na distribuição dos eletrólitos, mantendo o Na+ e o Cl- fora, e o k+dentro do sarcoplasma. O sarcoplasma constitui a substância intersticial que banha as fibrilas.
	O tecido muscular encerra proteínas, carboidratos, gorduras e sais minerais. A distribuição dessas substâncias no citoplasma e no sarcolema pode ser resumidada seguinte maneira: a) SARCOPLASMA: miogênio (enzimas), mio-albuminas; aminoácidos, glicogênio, peptídeos e substâncias nitrogenadas diversas;b) MIOFIBRILAS: Miosina, actina e tropomiosina; c) SARCOLEMA: Proteínas extracelulares (colágeno e elastina).
	A fonte de energia domúsculo é o ATP queaí existe em pequena quantidade. No músculo em trabalho, o consumo de ATP é enorme, mas ele se regenera as custas do ADP e do fosfato proveniente da fosfocreatina que é abundante no tecido. O ADP vai então formar novas moléculas de ATP.	Quando o músculo não fixa a creatina, esta se excreta pelos rins, como na distrofia muscular progressiva,acarretando grandes perdas de massa muscular.
	O glicogênio existe em quantidade apreciável (0,5 a 1%), chegando aos valores de 100 a 200 g para toda a massa muscular. Com o exercício, o glicogênio muscular diminui. O glicogênio muscular deriva da glicose do sangue. O ácido Lático, que também aparece no músculo é proveniente do metabolismo anaeróbico do tecido. As gorduras do músculo se encontram no tecido conjuntivo e, em menor escala, no sarcoplasma.
Os músculos se caracterizam pela sua contratibilidade, pela contração e extensão de suas fibras. A contração muscular ocorre com a saída de um impulso elétrico do SNC que é conduzido ao músculo através de um nervo. Em termos científicos as etapas da contração se resumem em (1) despolarização do sarcolema, (2) estimulação do retículo sarcoplasmático e (3) ação do cálcio e de ATP, provocando o deslizamento da actina sobre a miosina (contração muscular). 
EXERCÍCIO MUSCULAR:
O esforço excessivo ou movimentações bruscas podem provocar lesões musculares como cãibras, cansaço muscular e distensões, geralmente durante a prática desportiva. A cãibra é causada por contrações repentinas e involuntárias do músculo.
Na atividade intensa, as fibras musculares necessitam de grande quantidade de energia (creatina fosfato, carboidratos, gorduras e proteínas).
Quando a demanda de glicose na fibra muscular não é acompanhada de suprimento suficiente de oxigênio para a sua oxidação completa, há formação de ácido lático, o qual impede a renovação da energia necessária para a contração do músculo (cansaço e fadiga). A cãibra é uma contração espontânea da musculatura acompanhada de dor intensa.
Um bom estoque e manutenção da reserva de glicogênio muscular com ingestão de carboidratos antes, durante e depois de uma corrida, retarda a fadiga muscular e melhora a recuperação. Após a corrida, a nutricionista pode sugerir bebidas isotônicas para reposição imediata de vitaminas, minerais e glicose. A refeição pode ser feita de 1 a 2 horas após a prova. Combinar a ingestão de carboidrato e proteínas: Sanduíche de queijo light e embutidos (peito de peru), cereal-granola(*) com iogurte de frutas e água de côco. Uma boa pedida, após um treino, é ir direto comer um prato de arroz, feijão e carne vermelha, uma dieta tradicional e completa.
	A prática de oferecer champagne ou similares a atletas como brinde após competições, é fisiológica e bioquimicamente nefasta e perigosa. O consumo de álcool é inibitório à gliconeogênese hepática, especialmente ativa nessas ocasiões, as custas do lactato liberado do músculo para o fígado no exercício continuado ; esse lactato contribui, na manutenção da glicemia. Se o etanol for oferecido após um período de esforço físico exaustivo, o nível de glicose sanguínea pode declinar até apenas 30 a 40 % de sua concentração normal. A alimentação e hidratação com elementos nutritivos adequadamente selecionados é essencial para uma boa performance e para um exercício eficaz e saudável. 
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(*) Granola-Mistura de frutas secas, grãos (fibra de trigo, aveia e flocos de arroz), sementes (castanha do caju, amendoim e castanha do pará) e açúcar mascavo(**). Foi inventada em 1826 por um médico suíço. É bastante difundida nos EUA e na Escócia.
(** ) Acúcar mascavo- obtido diretamente da concentração do caldo de cana de açúcar recém extraído. Esse processo elimina o uso de aditivos químicos para o processo de branqueamento. É mais rico em vitaminas (perdidas no processo de refinação), cálcio e potássio. Ligeiramente menos calórico.
CORAÇÃO
	O coração é um órgão muscular oco, de forma ligeiramente cônica, situado próximo ao centro da cavidade torácica em relação íntima com os pulmões. Cerca de um terço do seu volume situa-se a direita e dois terços à esquerda da linha mediana do corpo É dividido por tabiques ou septos em quatro câmaras, dois átrios ou aurículas acima e dois ventrículos abaixo. É envolvido por uma dupla membrana, o pericárdio.
	O lado direito do coração contém sangue venoso, isto é, sangue que passou através dos tecidos e liberou uma parte do seu conteúdo de oxigênio. O lado esquerdo contém sangue vermelho vivo (arterial) – sangue que foi oxigenado nos pulmões. O sangue venoso é levado à auricula direita por duas grandes veias – a veiacava superior, que drena o sangue da parte superior do corpo (cabeça, pescoço, membros superiores e o interior da parede torácica),e a veia cava inferior, que leva o sangue da parte inferior do corpo (membros inferiores e órgãos abdominais).
	O sangue flui da aurícula direita para o ventrículo direito, do qual é lançado para os pulmões. Depois de passar pelos capilares pulmonares, onde libera CO2 e absorve O2, o sangue oxigenado é levado pelas quatro veias pulmonares (duas de cada pulmão) para a aurícula esquerda, de onde passa ao ventrículo esquerdo. Quando o músculo ventricular se contrai, o sangue é bombeado na aorta – a grande artéria que se projeta na parte superior do ventrículo esquerdo.
	Assim, o sangue circula através dos pulmões do ventrículo esquerdo paras a aurícula direita. O cursoatravés dos pulmões do ventrículo direito para a aurícula esquerda e, através do resto do corpo, do ventrículo esquerdo para a aurícula direita é chamado circulação pulmonar ou pequena circulação;aquele que é feito através de todas as outras partes do corpo é chamado circulação sistêmica ou grande circulação.
 TRABALHO DO CORAÇÃO – DÉBITO CARDÍACO
	A energia que permite manter a pressão dentro do sistema vascular e impulsionar o sangue, através da circulação sistêmica, provém da contração do ventrículo esquerdo. O ventrículo direito impulsiona o sangue através dos pulmões.
	A quantidade de sangue expulsada por um ventrículo em um minuto é chamada volume minuto ou débito cardíaco. O volume minuto do coração humano, em condições fisiológicas de repouso, varia entre 3 e 4,6 litros, conforme o tamanho do indivíduo. O volume minuto aumenta consideravelmente durante o exercício muscular. Em um indivíduo jovem e robusto que realiza chega a ultrapassar 20 litros. Em indivíduos com pequeno desenvolvimento muscular, o exercício é acompanhado de um maior aumento da frequência cardíada, em relação aos indivíduos treinados. O volume-minuto aumenta também durante os processos digestivos, nos estados emocionais e nos dois últimos meses da gravides. Aumenta também no hipertireoidismo, febre, anemia grave e outros estados patológicos. Por outro lado o volume minuto encontra-se reduzido no hipotireoidismo e em certas doenças cardíacas.
	O músculo cardíaco difere do músculo estriado porque contém mais mioglobina, citocromo esarcossomas. Os sarcossomas contém as enzimas oxidativas para os processos respiratórios domúsculo. Os sarcossomas formam colunas entre as microfibrilas. Em anaerobiosea fibra cardíaca, sendo pobre em ATP e fosfocreatina, não consegue regenerar as ligações ricas em energia do ATP. O músculo cardíaco também contém filamentos de miosina e actina, mas difere do músculo esquelético pelo fato de ser continuamente ativo no ritmo regular de contração e relaxamento. 
	Embora algumas vezes o coração deva trabalhar mais rápido e vigorosamente, por exemplo, quando a demanda de oxigênio do corpo aumenta ou quando é estimulado pela insulina, ele não possui o intervalo de trabalhopossibilitado ao músculo esquelético. Além disso, o coração tem um metabolismo completamente aeróbico em todos os instantes, em contraste com o músculo esquelético que pode funcionar anaerobicamente em curtos períodos.As mitocôndrias são muito mais abundantes no músculo cardíaco do que no esquelético;elas perfazem quase a metade dovolume das células. 
ENERGÉTICA DO MÚSCULO CARDÍACO
	Como combustível o coração usa uma mistura de glicose, ácidos graxos livres e corpos cetônicos trazidos pelo sangue. Essescombustíveis são oxidados pela via do ciclo do ácido cítrico a fim de liberar a energia requerida para gerar ATP pela fosforilação oxidativa. Da mesma forma que o musculoesquelético, o músculo cardíaco não armazena grandes quantidades de lipídios ou glicogênio. Pequenas quantidades de reservas energéticas são armazenadas na forma de fosfocreatina.
	Pelo fato do coração ser normalmente aeróbico e obter praticamente toda sua energia da fosforilação oxidativa, a impossibilidade do oxigênio atingir uma porção do músculo cardíaco, quando os vasos sanguíneos são bloqueados por depósitos de lipídios, pode ocasionar a morte desta região do músculo cardíaco, processo conhecido como infarto do miocárdio.
O LACTATO COMO COMBUSTÍVEL
O lactato é produto final da glicólise anaeróbica em algumas células do organismo. É o principal destino do piruvato nas hemácias, cristalino e córnea oculares, medula renal, testículos e leucócitos.
	O sentido da reação da lactato desidrogenase depende das concentrações intracelulares relativas do piruvato e lactato e da relação NADH/NAD+ na célula. Por exemplo, no fígado e coração, a relação NADH/NAD é menor que no músculo em exercício. Estes tecidos oxidam o lactato (obtido do sangue) a piruvato. No fígado, o piruvato é convertido em glicose pela gliconeogênese ou oxidado no ciclo de Krebs. O músculo cardíaco oxida exclusivamente o lactato até CO2 E H2O via piruvato no ciclode Krebs, sendo considerado como substrato de reforço na produção de energia nesse tecido.
TECIDO ADIPOSO
	O tecido adiposo, que consiste de adipócitos ou células gordurosas, é amorfo e largamente distribuído no organismo: embaixo da pele, ao redor dos vasos sanguíneos mais profundos e na cavidade abdominal. A quantidade total do tecido adiposo num adulto masculino é cerca de 20 kg, quase igual à massa muscular total. Aproximadamente 65 % do peso do tecido adiposo consiste de triacilgliceróis armazenados. Embora o tecido adiposo possa dar a impressão de ser inerte, ele é metabolicamente muito ativo. Ele responde rapidamente aos estímulos hormonal e metabólico e participa de um intercâmbio muito ativo com o fígado, musculo esquelético e coração.
	Da mesma forma que outros tipos celulares no organismos, as células gordurosas possuem um metabolismo glicolítico ativo; elas usam o ciclo do ácido cítrico para oxidar o piruvato e ácidos graxos e desenvolvem a fosforilação oxidativa.
Durante os períodos de alta ingestão de carboidratos, o tecidoadiposoconverte ativamente a glicose(via piruvato) e aacetilCoA, em ácidos graxos, a partir dos quais são sintetizados triacilgliceróis e armazenados como grandes glóbulos de gorduras. Neste processo eles requerem NADPH como agente redutor, que é gerado pelo ciclo das pentoses fosfato e também pela enzima málica.
	Os adipócitos também armazenam ativamente os triacilgliceróis que chegam do trato intestinal na forma de quilomicras, particularmente depois de dietasricas em gorduras. As quilomicras que chegam ao tecido adiposo são atacadas pela lipase lipoproteica que está localizada na superfície externa das células gordurosas. Esta enzima hidrolisa um ou mais ácidos graxos dos triacilgliceróis das quilomicras. Os ácidos graxos são liberados em parte no plasma sanguíneo, onde se ligam à albumina sérica para serem transportados aos músculos esqueléticos e coração. OS ácidos graxoslivres liberados pela lipase lipoproteica podem tambem ser absorvidos nos adipócitos para serem convertidos em triacilgliceróis de reserva. 
A medida que os triacilgliceróis são degradados pela lipase lipoproteica, os quilomicras diminuem de tamanho no sangue, mas retém os seus componentes fosfolipídicos e a lipoproteína. Eles então retornam ao intestino delgado através do sangue para serem “recarregados” novamentecom os triacilgliceróis durante a absorção da gordura. Os triacilgliceróis já armazenados nos adipócitos não são atacados pela lipase lipoproteica que está localizada na superfície externa das células, mas são atacados pela lipase intracelular
hormônio sensível (*) que libera ácidos graxos livres que são lançados no sangue, onde se ligam à albumina sérica. O glicerol é removido para o fígado.
Cada moléculade albumina sérica pode ligar fortemente duas moléculas de ácidos graxos de cadeia longa e um ou dois mais frouxamente. Por causa da sua alta concentração no plasma sanguíneo, a albumina sérica é o principal transportador de ácidos graxos no sangue. Eles são transportados aos músculos esqueléticos e coração que usam a maioria dos ácidos graxos livres ligados a albumina sérica.
A liberação dois ácidos graxos dos adipócitos é grandemente acelerada pelo hormônio adrenalina que é ligada a receptores na superfície celular e estimula a conversão na forma inativa da lipase hormônio sensível do adipócito na sua forma ativa através dareação de fosforilação. Por outro lado, quando a insulina está ligada superfície dos adipócitos, ela cancela o efeito da adrenalina e diminui a ação da lipase do adipócito.
Algumas pessoas possuem deficiência genética na lípase lipoprotêica (situada na superfície externa dos adipócitos). Em consequência as quilomicras persistem na corrente sanguínea por longos períodos depois das dietas ricas de gordura. Os triacilgliceróis que não são adequadamenteutilizados por falta de lipase lipoproteica, são depositados em nódulos amarelos, ricos de lipídios sob a pele. Pode haver uma maior incidência de aterosclerose e infarto do miocárdio em pessoas com concentrações excessivamente altas de triacilgliceróis sanguíneos.
Os seres humanos, bem como outros animais, particularmente aqueles que hibernam, possuem um tipo especial de tecido adiposo chamado gordura marrom. Ele é especialmente proeminente nos recém nascidos, onde está presente no pescoço e tórax alto. A gordura marrom tem esta cor devido a numerosas mitocôndrias, que por sua vez são ricas em citocromos. A gordura marrom é especializada em gerar calor, ao invésde ATP, durante a oxidação dos ácidos graxos (ilustração na folha seguinte).
As membranas internas das mitocôndrias na gordura marrom possuem poros específicos, transportadores de H+que estão sob regulação. Estes permitem que os H+ ejetados durante o transporte de elétrons refluam à mitocôndria respirante, ocasionando desta forma um ciclo inútil de H+, que gera calor ao invés de ATP (ver hipótese quimiosmótica e mecanismo dedesacoplamento da fosforilação oxidativa.Quando a energia térmica não é necessária, os poros deH+ são fechados, permitindo novamente às mitocôndrias da gordura marrom sintetizar ATP.
(*) A lipase hormônio sensivel é ativada pelos hormônios glucagon, adrenalina, hormônio do crescimento e corticóides. Esses hormônios são ditos “lipolíticos”.É inibida pela insulina. Abaixo a figura ilustra a gordura marron localizada no pescoço e nas costas de adultos.
RINS
	
Os rins possuem um metabolismo respiratório muito ativo e uma flexibilidade metabólica considerável. Eles podem usar a glicose sanguínea, os corpos cetônicos, os ácidos graxos livres e os aminoácidos como fonte de combustível;degradá-los via ciclo do ácidocítrico (Krebs) para sintetizar ATP, pela fosforilação oxidativa.
A maioria desta energia é utilizada para a formação da urina, que se realiza num processo de duas etapas. Na primeira etapa, o plasma sanguíneo é filtrado através de estruturas microscópicas chamadas glomérulos, no córtex da camada externa do rim. Os glomérulos permitem que todos os componentes do plasma sanguíneo, exceto as proteínas e os lipídios, passem para os seus longos dutos, ostúbulos renais, que são cobertos com células epiteliais capazes de realizar um transporte ativo, dependente de ATP, de certos íons e metabólitos, entre o conteúdo do túbulos e o sangue, nos capilares circundantes dos túbulos. À medida que o filtrado do plasma entra nesses túbulos, a água é reabsorvida novamente pelos capilares sanguíneos circundantes dos túbulos. Em consequência, o filtrado glomerular sofre concentração, bem como alterações na sua composição,a medida que avança nos túbulos. Cada milímetrode urina final na bexiga éformado pela concentração de 50 a 100 ml de filtrado glomerular. O hormônio vasopressina, da hipófise posterior,promove a reabsorção da água pelos túbulos.
	Alguns componentes da urina, especialmente a glicose, estão presentes em concentrações menores do que no sangue. Componentes desse grupo são reabsorvidos no filtrado glomerular para o sangue, contra um gradiente de concentração, pelaação dos sistemas de transporte de membranas dependentes de ATP. Um segundo grupo de solutos, incluindo NH4+, K+e fosfato, ocorre na urina em concentrações relativamente altas comparadas com a do sangue;estes solutos são também ativamente transportados do sangue para os túbulos renais, contra um gradiente de concentração. Um terceiro grupo de substâncias incluindo a uréia e a creatinina, produto finalda degradação da fosfocreatinina, não é reabsorvido e gradualmente aumenta sua concentração a medida que a urina desce pelos túbulos. O Na+ é um caso especial. Ele é reabsorvido do filtrado glomerular para o sangue por um transporte ativo na primeira porção do túbulo; entretanto, parte dele posteriormente retorna para a urina, através de trocas secundárias com outros cátions.
O transporte de Na+ eK+ é especialmente importante no rim, que deve preservar concentrações adequadas desses íons vitais para o organismo, conservando o Na+ e secretando o K+ .Praticamente todas as células dos mamíferos contém uma concentração relativamente alta de K+ e uma concentração baixa de Na+, enquanto o plasma sanguíneo e a maioria dos outros líquidos extracelulares possuem umaalta concentração de Na+ e uma baixa concentração de K+.
	A membrana plasmática da maioria das células contém uma ATPase Na+/K+, que transporta o K+ para dentro das células e simultaneamente oNa+ para fora. Este processo dependente de energia é acoplado à hidrólise do ATP citossólico a ADP e fosfato. A enzima ATPaseNa+/K+ das células do túbulo funciona a permitir uma perda constante de K+ na urina, enquanto a perda de Na+ deve ser mantida em níveis muito baixos, mesmo que muito pouco dele seja captado.
	Graças à ação da ATPase transportadora de NA+/K+, bem como dos outros sistemas de transporte de membranas, que precisam de energia para a glicose e aminoácidos, a urina é formada de maneira a diminuir a concentração sanguínea daquelas substâncias necessárias, pela reabsorção nos túbulos. Cerca de três quartos do ATP gerado pela respiração dos rins é usado na formação da urina por taisprocessos ativos de transporte de membranas.
CÉREBRO
	O metabolismo do cérebro é admirável em muitos aspectos. Primeiro, o cérebro de um mamífero adulto,normalmente usa como combustível apenas a glicose. Em segundo lugar, o cérebro possui um metabolismo respiratório muito ativo:ele usa quase 20 por cento do oxigênio total consumido por um humano adulto em repouso. Além disso, a taxa de uso de oxigênio pelo cérebro é aproximadamente constante e não se altera significativamente durante o pensamento ativo ou o sono. Pelo fato do cérebro conter muito pouco glicogênio, ele depende cada minuto da chegada da glicose sanguínea. Se a glicose caísse significativamente abaixo de certos níveis críticos, mesmo por curtos períodos de tempo, severas alterações, algumas vezes irreversíveis na função cerebral, ocorreriam. Por esta razão, uma cirurgia cerebral pode ser realizada apenas se o cérebro for constantemente suprido com a glicose sanguínea.
	Embora o cérebro não possa usar diretamente ácidos graxos ou lipídios do sangue como combustível, ele pode usar o beta-hidroxibutirado (corpo cetônico) formado a partir da degradação dos ácidos graxos(via acetilCoA) no fígado. A capacidade do cérebro em oxidar o beta-hidroxibutirato via acetilCoA (ver degradação dos corpos cetônicos) torna-se importante durante o jejum ou desnutrição prolongada, depois que essencialmente todo o glicogênio hepático tenha sido depletado, pois permite ao cérebro usar a gordura do corpo como fonte de energia. As reservas de gordura no organismo são muito maiores do que as de glicogênio, que são esgotadas em apenas alguns dias ouaté horas, dependendo da atividade. A utilização do beta-hidroxibutirato pelo cérebro durante a desnutrição também poupa as proteínas musculares que, pela via gliconeogênica, são a última fonte de glicose para o cérebro durante a desnutrição.
	A glicose é usada pelo cérebro através da sequência glicolítica e do ciclo de Krebs;o suprimento de ATP do cérebro é quase inteiramente gerado pelo catabolismo da glicose. A energia do ATP é requerida para permitir a capacidade das células nervosas (neurônios) de manter um potencial elétrico através da membrana plasmática, particularmente aquele que envolve seus longos prolongamentos,axôniose dendritos, que formem as “linhas de transmissão” do sistema nervoso. Uma alteração em forma de onda nas propriedades elétricas da membrana, chamada de potencial de ação, é a forma de transmissão do impulso nervoso ao longo dos neurônios. 
 A ATPase Na+/K+ (citada na função renal) da membrana plasmática requer um suprimento constante de energia do ATP para bombear o K+ para dentro e o Na+ para fora dos axônios. Três íons Na+ são transportados para fora e dois íons K+ para dentro,para cada molécula de ATPhidrolisada. Por causa deste desequilíbrio nas cargas elétricas, a ATPase Na+/K+ gera uma diferença de potencial elétrico através da membrana axonal que é normalmente positiva na parte externa.
	O ATP também é usado em grandes quantidades pelo cérebro para sintetizar substâncias neurotransmissoras que transferem impulsos de um neurônio para outro através da sinapse , junções entre células nervosas sucessivas. 
	Muitos neurotransmissores diferentes e substâncias inibidoras são conhecidas; cada um é específico para certos tipos de neurônios ou certas regiões do cérebro. Entre eles estão os aminoácidos glutamato, glutamina, aspartato, glicina e gama-aminobutirato. Em certas outras sinapses, derivados de aminoácidos, peptídeos ou a acetilcolina(*)funcionam como transmissores ou inibidores. Os neurotransmissores são armazenados em vesículas especiais na extremidade pré-sináptica do nervo. Em resposta ao potencial de ação que chega via membrana axonal, os conteúdos de algumas destas vesículas são liberados na fenda sináptica e tornam-se ligados a sítios receptores específicos na extremidade sensível do neurônio pós-sináptico, estimulando-o a transmitir o impulso. Depois de estimular o neurônio pós-sináptico, o neurotransmissor liberado na fenda deve ser rapidamente destruído por enzimas ou reabsorvido de volta no terminal pré-sináptico de forma que a sinapse esteja pronta para transmitir um novo impulso. A acetilcolina, substância neurotransmissora em alguns circuitos nervosos e na junção neuromuscular, é enzimaticamente inativada na fenda sináptica pela enzima acetilcolinesteraseque a hidrolisa a acetato e colina livre.
(*) Acetilcolina (ACh)- neutrotransmissor do sistema colinérgico (**) amplamente distribuído no sistema nervoso autônomo, bem como em certas regiões cerebrais.
(**) Sistema colinérgico- proteína integral de membrana que gera uma resposta a partir de uma molécula de acetilcolina. Encontra-se principalmente nas terminações neuromusculares e, tanto no sistema nervoso central como no periférico.
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FONTE BIBLIOGRÁFICA: LEHNINGER – Princípios De Bioquímica

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