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A NOÇÃO DO DIREITO • O objeto Direito é apenas um, no imensurável mundo dos objetos. Uma grande parte deste é fornecida pela natureza, enquanto a outra decorre do homem, do ser inteligente, da atuação deste sobre a realidade natural, de sua criatividade e imaginação. • Uma observação profunda, pelas vias da ciência e da filosofia, revela uma harmonia: a ordem natural das coisas. • A ação humana, ao desenvolver processos criativos, corresponde a uma tentativa de ajustamento, de engajamento à ordem natural das coisas. A NOÇÃO DO DIREITO • Algumas Notas do Direito: • O Direito é algo criado pelo homem para estabelecer as condições gerais de organização e de respeito interindividual, necessárias ao desenvolvimento da sociedade. • O objeto Direito coloca-se em função da convivência humana: visa favorecer à dinâmica das relações sociais; é um caminho, não o único, para se chegar a uma sociedade justa. • Função disciplinadora do Direito: faz-se mediante regras que comandam a conduta interindividual. • Causa motivadora do Direito: é a satisfação das necessidades de justiça. • Elementos do Direito positivo: • a) relações sociais (fato); • b) justiça: causa final (valor); e • c) regras impostas pelo Estado (norma). • Definição de Direito: é conjunto normativo que ordena o convívio social. A NOÇÃO DO DIREITO • A ordem do universo compõe-se de objetos, entre os quais se inclui o Direito. • Objetos naturais: • É todo elemento que integra o reino da natureza e se subordina ao princípio da causalidade. A sua existência independe da vontade humana. • São regidos pelo princípio da causalidade: há uma sucessão infalível, previsível, entre causa e efeito nos fenômenos naturais. • No reino da natureza, nada ocorre por acaso. Cada fenômeno tem a sua explicação em uma causa determinante. • Corresponde ao nexo existente entre a causa e o efeito de um fenômeno. • Na esfera da natureza não há recompensas nem punições: há consequências. A NOÇÃO DO DIREITO • Conceito de lei natural: • “É a relação necessária derivada da natureza das coisas” (Montesquieu). Caracteres particulares das LEIS DA NATUREZA: a) universalidade: porque são iguais em todos os lugares. b) imutabilidade: as leis da natureza não sofrem variações. Não evoluem. Não perdem e nem recebem novas dimensões. Não se pode afirmar que o cientista cria uma lei natural, pois na realidade tem o poder apenas de constatar a sua existência. c) inviolabilidade: o homem só pode influenciar os objetos naturais até onde as leis permitem. E o que a lei permitirá no futuro é o mesmo que permite hoje e no passado distante, de vez que a ordem natural das coisas é inalterável. Se o homem obtém, na atualidade, a fecundação do óvulo pelo método de inseminação artificial, teoricamente tal fenômeno já era possível desde o início da criação, ao homem, porém, faltavam conhecimentos e recursos tecnológicos. d) isonomia: é o princípio da igualdade de todos perante a natureza. Ex.: morte, é fenômeno decorrente de leis biológicas e atinge a todos os seres vivos indistintamente. e) a ordem natural das coisas: é obra do criador. A NOÇÃO DO DIREITO • Os Valores: • Axiologia ou teoria dos valores: parte da filosofia que estuda os valores em seu caráter abstrato, sem considerar a sua projeção nas diferentes ciências. • A atividade humana, em última análise, é motivada pelos valores. • A ideia de valor está vinculada às necessidades humanas. Só se atribui valor a algo, na medida em que este pode atender a alguma necessidade. • A necessidade gera o valor, este coloca o homem em ação, que por sua vez vai produzir algum resultado prático: a obtenção de algum objeto natural ou cultural, ou a mentalização e vivência espiritual de objeto ideal ou metafísico. • O valor não comporta uma definição lógica ou real, mas compreende-se pela noção que temos entre o bem e mal, ente as coisas que promovem o homem e as que destroem. • Assim como a estética existe em função do belo. A técnica visa a alcançar o útil, a Moral projeta o bem, a religião valora a divindade e O Direito tem na justiça a sua causa principal. A NOÇÃO DO DIREITO Caracteres dos valores: a) correspondem a necessidades humanas: para que algo possua valor, é indispensável que seja dotado de algumas propriedades, capazes de satisfazer às necessidade humanas. Se o homem não possuísse necessidades, não haveria sequer a ideia de valor; b) são relativos: porque as necessidades humanas não são padronizadas, ainda que haja uma faixa comum, os valores não se apresentam com idêntico significado para todas as pessoas. • Diante das coisas o homem pode assumir três posições básicas: atribuir valor positivo, negativo ou manter-se neutro. c) bipolaridade: a cada valor positivo corresponde um valor negativo ou desvalor. Ex.: justiça e injustiça; amor e ódio. d) possuem hierarquia: o homem estabelece uma linha de prioridade entre os valores. Os valores espirituais ocupariam um plano superior aos de ordem material. Entre estes, os de sobrevivência teriam primazia em relação aos de ostentação. A NOÇÃO DO DIREITO • Localização dos valores: • a) no sujeito: este é portador de necessidade. • b) no objeto: este é que irá suprir a necessidade, possui certas propriedades que o fazem valioso perante o homem. • c) na relação entre o sujeito e o objeto (eclética): o valor não existe isolado, mas na coparticipação do sujeito e objeto. A NOÇÃO DO DIREITO • Leis jurídicas - caracteres particulares: a) o Direito Positivo não é universal: varia no tempo e no espaço, a fim de expressar a experiência de um povo, manifesta em seus costumes, cultura (produto da criatividade humana) e desenvolvimento geral; b) é mutável: para ser um efetivo processo de adaptação social. À medida que se operam mudanças sociais, o Direito deve apresentar-se sob novas formas e conteúdos; c) é violável: apesar de o Direito ser obrigatório e possuir coercibilidade, não dispõe de meios para impedir a violação de seus preceitos; A NOÇÃO DO DIREITO • Leis jurídicas - caracteres particulares: • d) a isonomia é relativa: do ponto de vista teórico a isonomia da lei é princípio de validade absoluto, no campo das aplicações práticas o absoluto se transforma em relativo, por força de múltiplos fatores de distorções; • e) O Direito é dominado pelo princípio da finalidade: a ideia de fim a ser alcançado é responsável pelo fenômeno jurídico. É a indagação para quê de determinada lei; • f) O Direito Positivo é elaboração humana. • O Direito é um objeto criado pelo homem e dotado de valor. • Objeto cultural é qualquer ente criado pela experiência humana, infere-se que o Direito é objeto cultural. A NOÇÃO DO DIREITO Definições e Acepções da Palavra Direito • Seria um erro enunciar-se apenas uma definição do Direito. Devem-se dar tantas definições quantos os sentidos do vocábulo. • “Juristas ainda estão à procura de uma definição para o Direito”. (Kant) • O conceito é um valioso instrumento do raciocínio jurídico. • Definições Etimológicas (origem do vocábulo): • - origem latina – directus - qualidade do que está conforme a reta. O que não tem inclinação, desvio ou curvatura. • - jus – utilizada pelo romanos -: para designar o que era lícito. Bom, santidade, proteção. Do vocábulo surgiram outros termos incorporados à terminologia jurídica: justiça, juiz, juízo, jurisconsulto, jurista, jurisprudência, jurisdição. • Definições Semânticas (sentidos das palavras em evolução): • -a qualidade do que está conforme a reta; • - aquilo que está conforme à lei. • - a própria lei. • - conjunto de leis. • - a ciência que estuda as leis. • Definições Reais ou Lógicas: • Direito é um conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, segundo os critérios de justiça. A NOÇÃO DO DIREITO Definições e Acepções da Palavra Direito • Definições Históricas do Direito: • - Celso – Direito é a arte do bom e do justo. Crítica: não distingue o Direito da Moral. • - Emmanuel Kant – Direito é o conjunto das condições segundo as quais o arbítrio de cada um pode coexistir com o arbítrio dos outros, de acordo com uma lei geral de liberdade. • - Rudolf Von Ihering – Direito é a soma das condições de existência social, no seu amplo sentido, assegurada pelo Estado através da coação. A NOÇÃO DO DIREITO Definições e Acepções da Palavra Direito • Acepções da Palavra Direito: • A Ciência do Direito: • - Lato sensu -: a Ciência do Direito corresponde as setor do conhecimento humano que investiga e sistematiza os conhecimentos jurídicos. • - stricto sensu -: é a particularização do saber jurídico, que toma por objeto de estudo o teor normativo de um determinado sistema jurídico. • Direito Natural: • Revela ao legislador os princípios fundamentais de proteção ao homem, que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação, a fim de que se obtenha um ordenamento jurídico substancialmente justo. • - Não é escrito. • - Não é criado pela sociedade. • - Não é formulado pelo Estado. • - É um direito espontâneo, que se origina da própria natureza social do homem. • - É revelado pela conjugação da experiência e razão. • - É constituído por um conjunto de princípios (e não de regras) de caráter universal, eterno e imutável. • Ex.: o direito à vida, à liberdade. A NOÇÃO DO DIREITO - Definições e Acepções da Palavra Direito • Direito Natural: conjunto de princípios fundados na razão humana, que se prestam para o direcionamento das comunidades, independentemente do que estabeleçam os órgãos ou poderes instituídos. • Direito Positivo - Conjunto de normas jurídicas vigentes em determinada sociedade. - É institucionalizado pelo Estado. - É a ordem jurídica obrigatória em determinado lugar e tempo. - Não é necessário, à sua caracterização, que seja escrito. As normas costumeiras (consuetudinárias), que se manifestam pela oralidade, constituem também Direito Positivo. - As normas postas pelo Estado permitem que as pessoas regulem suas relações mediante normas que elas mesmas estabelecem, são as convenções ou contratos, que também estão incluídas no conceito de direito positivo (Hugo de Brito Machado). • Divergência: o Direito que perdeu a vigência ainda é Direito Positivo ou passa apenas a ser história do Direito. A NOÇÃO DO DIREITO Definições e Acepções da Palavra Direito • Direito Objetivo e Direito Subjetivo: • O Direito vigente pode ser analisado sob dois ângulos diferentes: objetivo ou subjetivo. • Premissas: • Não são duas realidades distintas, mas dois lados de um mesmo objeto. • Entre ambos não há antítese ou oposição. • Um é impensável sem o outro. Um não existe sem o outro. A NOÇÃO DO DIREITO • Do ponto de vista do Direito Objetivo: - Complexo de normas jurídicas que regem o comportamento humano, prescrevendo uma sanção no caso de sua violação. - É sempre um conjunto de normas impostas ao comportamento humano, autorizando o indivíduo a fazer ou não fazer algo. - Indica o caminho a ser seguido, prescrevendo medidas repressivas em caso de violação de normas. - O Direito é norma de organização social. A NOÇÃO DO DIREITO Definições e Acepções da Palavra Direito • Do ponto de vista do Direito Subjetivo: - É um direito personalizado, em que a norma, perdendo o seu caráter abstrato, projeta-se na relação jurídica concreta, para permitir uma conduta ou estabelecer consequências jurídicas. - É o efeito que a incidência da norma jurídica produz para alguém, para um sujeito. - É o poder de agir e a condição de reclamar em juízo. - Corresponde às possibilidades ou poderes de agir, que a ordem jurídica garante a alguém. Ex.: direito à indenização. - Faculdade de agir garantida pelas regras jurídicas. - Apresenta-se sempre em relação jurídica. O sujeito ativo é o portador de direito subjetivo, enquanto o sujeito passivo é o titular de dever jurídico. - Categorias: direito potestativo e direito a uma prestação. A NOÇÃO DO DIREITO (05.03) Definições e Acepções da Palavra Direito • Ordem Jurídica: • É o sistema de legalidade do Estado, forma-se pela totalidade de normas vigentes, que se localizam em diversas fontes e se revelam a partir da Constituição Federal – a responsável pelas regras mais gerais e básicas à organização social. • Ordenamento Jurídico: • Reunião de normas vinculadas entre si por uma fundamentação unitária. • É falsa a ideia de que o legislador entrega à sociedade um ordem jurídica pronta e aperfeiçoada. Ele elabora as leis, mas a ordem fundamental – ordem jurídica – é obra de beneficiamento a cargo dos juristas, definida em tratados e em acórdãos dos tribunais.