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DIREITO AMBIENTAL Aula 01, 02 e 03

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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
Direito Ambiental – Aulas 01 a 03 
Frederico Amado 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
Direito Ambiental – Aulas 01 a 03 
Frederico Amado 
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DIREITO AMBIENTAL - Princípios do Direito 
Ambiental. A Constituição Federal e o meio 
ambiente. O Código Florestal brasileiro (Leis 
nº 12.651/2012). A legislação brasileira de 
unidades de conservação (Lei nº 9.985/2000). 
Poder de Polícia Ambiental. Crimes e 
infrações administrativas contra o meio 
ambiente (Lei nº 9.605/98). 
Licenciamento ambiental. Responsabilidade 
ambiental: conceito de dano e reparação 
ambiental. 
 
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AMBIENTAL E PREVIDENCIÁRIO PARA 
CONCURSOS 
MEIO AMBIENTE 
 
Artigo 3º, I, da Lei 6.938/81, “o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de 
ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as 
suas formas”. 
MODALIDADES: natural, cultural, artificial e 
do trabalho. 
Ramo do direito composto por princípios e 
regras que regulam as condutas humanas 
que afetem, potencial ou efetivamente, direta 
ou indiretamente, o meio-ambiente, quer o 
natural, o cultural, o do trabalho ou o artificial. 
 
COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS 
COMUNS 
 
“Art. 23. É competência comum da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
[...] 
III – proteger os documentos, as obras e 
outros bens de valor histórico, artístico e 
cultural, os monumentos, as paisagens 
naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV - impedir a evasão, a destruição e a 
descaracterização de obras de arte e de 
outros bens de valor histórico, artístico e 
cultural; 
[...] 
VI – proteger o meio ambiente e combater a 
poluição em qualquer de suas formas; 
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; 
[...] 
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as 
concessões de direitos de pesquisa e 
exploração de recursos hídricos e minerais 
em seus territórios”. 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão 
normas para a cooperação entre a União e os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 
tendo em vista o equilíbrio do 
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito 
nacional. 
 
LEI COMPLEMENTAR 140/2011 
COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS 
EXCLUSIVAS DA UNIÃO 
 
“Art. 21. Compete à União: 
[...] 
IX - elaborar e executar planos nacionais e 
regionais de ordenação do território e de 
desenvolvimento econômico e social; 
[...] 
XIX - instituir sistema nacional de 
gerenciamento de recursos hídricos e definir 
critérios de outorga de direitos de seu uso; 
XX - instituir diretrizes para o 
desenvolvimento urbano, inclusive habitação, 
saneamento básico e transportes urbanos; 
XXIII - explorar os serviços e instalações 
nucleares de qualquer natureza e exercer 
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o 
enriquecimento e reprocessamento, a 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Ambiental – Aulas 01 a 03 
Frederico Amado 
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industrialização e o comércio de minérios 
nucleares e seus derivados, atendidos os 
seguintes princípios e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional 
somente será admitida para fins pacíficos e 
mediante aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas 
a comercialização e a utilização de 
radioisótopos para a pesquisa e usos 
médicos, agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas 
a produção, comercialização e utilização de 
radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a 
duas horas; 
d) a responsabilidade civil por danos 
nucleares independe da existência de culpa;” 
 
COMPETÊNCIAS MATERIAIS AMBIENTAIS 
MUNICÍPIOS 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
VIII - promover, no que couber, adequado 
ordenamento territorial, mediante 
planejamento e controle do uso, do 
parcelamento e da ocupação do solo urbano; 
IX - promover a proteção do patrimônio 
histórico-cultural local, observada a legislação 
e a ação fiscalizadora federal e estadual. 
 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
AMBIENTAIS 
CONCORRENTES 
 
“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao 
Distrito Federal legislar concorrentemente 
sobre: 
VI – florestas, caça, pesca, fauna, 
conservação da natureza, defesa do solo e 
dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle da poluição; 
VII – proteção ao patrimônio histórico, 
cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII – responsabilidade por dano ao meio 
ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de 
valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico”. 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a 
competência da União limitar-se-á a 
estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar 
sobre normas gerais não exclui a 
competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas 
gerais, os Estados exercerão a competência 
legislativa plena, para atender a suas 
peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre 
normas gerais suspende a eficácia da lei 
estadual, no que lhe for contrário. 
 
STF = “o espaço de possibilidade de 
regramento pela legislação estadual, em 
casos de competência concorrente abre-se: 
(1) toda vez que não haja legislação federal, 
quando então, mesmo sobre princípios gerais, 
poderá a legislação estadual dispor; 
e (2) quando, existente legislação federal que 
fixe os princípios gerais, caiba 
complementação ou suplementação para o 
preenchimento de lacunas, para aquilo que 
não corresponda à generalidade; ou ainda, 
para a definição de peculiaridades regionais”. 
ADI/MC 2.396, de 26.09.2001. 
 
Para o STF, o meio ambiente do trabalho está 
fora da competência legislativa concorrente: 
“o gênero ‘meio ambiente’, em relação ao 
qual é viável a competência em concurso da 
União, dos Estados e do Distrito Federal, a 
teor do disposto no artigo 24, inciso VI, da 
Constituição Federal, não abrange o ambiente 
de trabalho, 
muito menos a ponto de chegar-se à 
fiscalização do local por autoridade estadual, 
com imposição de multa. Suspensão da 
eficácia da Lei 2.702, de 1997, do Estado do 
Rio de Janeiro”. 
ADI/MC 1.893, de 18.12.1998. 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a 
estadual no que couber; 
STJ - “a teor dos disposto nos arts. 24 e 30 da 
Constituição Federal, aos Municípios, no 
âmbito do exercício da competência 
legislativa, cumpre a observância das normas 
editadas pela União e pelos Estados, como as 
referentes à proteção das paisagens naturais 
notáveis e ao meio ambiente, não podendo 
contrariá-las, mas tão somente legislar em 
circunstâncias remanescentes” (AR 756, 1ª 
Seção, de 27/02/2008). 
Segunda-feira, 15 de dezembro de 2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ministro reafirma competência de municípios 
para legislar sobre proteção ao meio 
ambiente 
O decano do Supremo Tribunal Federal 
(STF), ministro Celso de Mello, deu 
provimento a Recurso Extraordinário (RE 
673681) para declarar a constitucionalidade 
de lei municipal de Mogi-Mirim (SP) que 
dispõe sobre preservação e defesa da 
integridade do meio ambiente, e determina a 
regulamentação da norma pelo Executivo 
local. 
Para o ministro, os municípios têm 
competência para formular políticas públicas 
destinadas a viabilizar a proteção local do 
meio ambiente. 
Em sua decisão, o ministro citou parecer do 
Ministério Público Federal e precedentes da 
Corte para afirmar que ao município é 
garantida competênciaconstitucional para 
formular regras e legislar sobre proteção e 
defesa ambiental, “encargo irrenunciável que 
incide sobre todos e cada um dos entes que 
integram o Estado Federal brasileiro”. 
 
COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS 
PRIVATIVAS DA UNIÃO 
 
Art. 22. Compete privativamente à União 
legislar sobre: 
IV - águas, energia, informática, 
telecomunicações e radiodifusão; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais 
e metalurgia; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer 
natureza; 
Parágrafo único. Lei complementar poderá 
autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste 
artigo. 
STF: “Energia nuclear. Competência 
legislativa da União. Artigo 22, XXVI, da 
Constituição Federal. É inconstitucional 
norma estadual que dispõe sobre atividades 
relacionadas ao setor nuclear no âmbito 
regional, por violação da competência da 
União para legislar sobre atividades 
nucleares, na qual se inclui a competência 
para fiscalizar a execução dessas atividades 
e legislar sobre a referida fiscalização. Ação 
direta julgada procedente.” ADI 1.575, de 
07.04.2010. 
 
INEXISTÊNCIA DO DIREITO ADQUIRIDO 
DE POLUIDOR/NÃO INCIDÊNCIA DA 
TEORIA DO FATO CONSUMADO AO MEIO 
AMBIENTE/POSIÇÃO DO STJ E STF. 
STJ: “inexiste direito adquirido a poluir ou 
degradar o meio ambiente. O tempo é 
incapaz de curar ilegalidades ambientais de 
natureza permanente, pois parte dos sujeitos 
tutelados – as gerações futuras – carece de 
voz e de representantes que falem ou se 
omitam em seu nome”. Passagem do REsp 
948.921, de 23.10.2007. 
 
Ainda de acordo com a Corte Superior “em 
tema de direito ambiental, não se cogita em 
direito adquirido à devastação, nem se admite 
a incidência da teoria do fato consumado” 
(REsp 1394025, de 08/10/2013). 
STF, julgamento do RE 609.748 AgR/RJ, de 
23.08.2011: 
“Agravo regimental no Recurso 
Extraordinário. Direito ambiental. Mandado de 
segurança. Ausência de licença ambiental. 
Matéria infraconstitucional. Reexame de fatos 
e provas. Inaplicabilidade da teoria do fato 
consumado. 
 
3. A teoria do fato consumado não pode ser 
invocada para conceder direito inexistente 
sob a alegação de consolidação da situação 
fática pelo decurso do tempo. Esse é o 
entendimento consolidado por ambas as 
turmas desta Suprema Corte 
STJ: “as normas ambientais devem atender 
aos fins sociais a que se destinam, ou seja, 
necessária a interpretação e a integração de 
acordo com o princípio hermenêutico in dubio 
pro natura” (REsp 1.367.923, de 27/08/2013). 
 
PRINCÍPIOS AMBIENTAIS 
Lei 11.428/2006, que regula o Bioma Mata 
Atlântica: função socioambiental da 
propriedade, da equidade intergeracional, da 
prevenção, da precaução, do usuário-
pagador, da transparência das informações e 
atos, da gestão democrática, da celeridade 
procedimental, da gratuidade dos serviços 
administrativos prestados ao pequeno 
produtor rural e às populações tradicionais e 
do respeito ao direito de propriedade. 
Uma série de princípios ambientais vem 
listada no artigo 3.º, da Lei 12.187/2009, que 
aprovou a Política Nacional sobre Mudança 
 
 
 
 
 
 
 
 
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do Clima: princípios da precaução, da 
prevenção, da participação cidadã, do 
desenvolvimento sustentável e das 
responsabilidades comuns, porém 
diferenciadas, este último, no âmbito 
internacional. 
Posteriormente, o artigo 6.º, da Lei 
12.305/2010, que instituiu a Política Nacional 
de Resíduos Sólidos, previu os seguintes 
princípios ambientais: prevenção, precaução, 
poluidor-pagador, protetor-recebedor, a visão 
sistêmica (na gestão dos resíduos sólidos, 
que considere as variáveis ambiental, social, 
cultural, econômica, tecnológica e de saúde 
pública), desenvolvimento sustentável, 
ecoeficiência (mediante a compatibilização 
entre o fornecimento, a preços competitivos, 
de bens e serviços qualificados que 
satisfaçam as necessidades humanas e 
tragam qualidade de vida e a redução do 
impacto ambiental e do consumo de recursos 
naturais a um nível, no mínimo, equivalente à 
capacidade de sustentação estimada do 
planeta), entre outros. 
PREVENÇÃO (risco certo, conhecido – 
certeza científica) 
PRECAUÇÃO (risco incerto – dúvida 
científica – in dubio pro natura ou salute); 
É previsto na Declaração do Rio (ECO/1992), 
no Princípio 15, litteris: 
 
“De modo a proteger o meio ambiente, o 
princípio da precaução deve ser amplamente 
observado pelos Estados, de acordo com 
suas capacidades. 
Quando houver ameaça de danos sérios ou 
irreversíveis, a ausência de absoluta certeza 
científica não deve ser utilizada como razão 
para postergar medidas eficazes e 
economicamente viáveis para precaver a 
degradação ambiental”. 
Medidas da precaução: 
 
PROPORCIONALIDADE; 
COERÊNCIA; 
PRECARIEDADE. 
De grande felicidade é a afirmação de JEAN-
MARC LAVIEILLE, brilhantemente citado por 
PAULO AFFONSO LEME MACHADO (2009, 
p. 78), para quem “o princípio da precaução 
consiste em dizer que não somente somos 
responsáveis sobre o que nós sabemos, 
sobre o que nós deveríamos ter sabido, mas, 
também, sobre o de que nós deveríamos 
duvidar”. 
É com base no princípio da precaução que 
parte da doutrina sustenta a possibilidade de 
inversão do ônus da prova nas demandas 
ambientais, carreando ao réu (suposto 
poluidor) a obrigação de provar que a sua 
atividade não é perigosa nem poluidora, em 
que pese inexistir regra expressa nesse 
sentido, ao contrário do que acontece no 
Direito do Consumidor. 
Inclusive, esta tese foi recepcionada pelo STJ 
no segundo semestre de 2009 (REsp 
972.902-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 
25.08.2009). 
Conforme a jurisprudência do STJ, “em 
matéria de meio ambiente vigora o princípio 
da precaução. Esse princípio deve ser 
observado pela Administração Pública, e 
também pelos empreendedores. A segurança 
dos investimentos constitui, também e 
principalmente, responsabilidade de quem os 
faz. 
À luz desse pressuposto, surpreende na 
espécie a circunstância de que 
empreendimento de tamanho vulto tenha sido 
iniciado, e continuado, sem que seus 
responsáveis tenham se munido da cautela 
de consultar o órgão federal incumbido de 
preservar o meio ambiente a respeito de sua 
viabilidade” (Corte Especial, AgRg na SLS 
1564, de 16/05/2012). 
 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL; 
Princípio 04 da Declaração do Rio: “Para se 
alcançar um desenvolvimento sustentável, a 
proteção ambiental deve constituir parte 
integrante do processo de desenvolvimento e 
não pode ser considerada separadamente” 
Segundo a União Internacional para a 
Conservação da Natureza, em Cuidando do 
Planeta Terra: uma estratégia para o futuro da 
vida, são princípios da vida sustentável: 
 
“1) Respeitar e cuidar da comunidade dos 
seres vivos; 
2) Melhorar a qualidade da vida humana; 
3) Conservar a vitalidade e a diversidade do 
planeta; 
4) Minimizar o esgotamento de recursos não 
renováveis; 
5) Permanecer nos limites da capacidade de 
suporte do planeta Terra; 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6) Modificar atitudes e práticas pessoais; 
7) Permitir que as comunidades cuidem de 
seu próprio meio ambiente; 
8) Gerar uma estrutura nacional para a 
integração de desenvolvimento e 
conservação; 
9) Construir uma aliança global”. 
 
POLUIDOR-PAGADOR OU 
RESPONSABILIDADE; 
 
Inclusive, o mesmo consta na Declaração do 
Rio de 1992, no Princípio 16: “Tendo em vista 
que o poluidor deve, em princípio, arcar com 
o custo decorrente da poluição, as 
autoridades nacionais devem procurar 
promover a internalização dos custos 
ambientais e o uso de instrumentos 
econômicos, levando na devida contao 
interesse público, sem distorcer o comércio e 
os investimentos internacionais”. 
“Pacífica a jurisprudência do STJ de que, nos 
termos do art. 14, § 1.°, da Lei 6.938/1981, o 
degradador, em decorrência do princípio do 
poluidor-pagador, previsto no art. 4.°, VII 
(primeira parte), do mesmo estatuto, é 
obrigado, independentemente da existência 
de culpa, a reparar – por óbvio que às suas 
expensas – todos os danos que cause ao 
meio ambiente e a terceiros afetados por sua 
atividade, sendo prescindível perquirir acerca 
do elemento subjetivo, o que, 
consequentemente, torna irrelevante eventual 
boa ou má-fé para fins de acertamento da 
natureza, conteúdo e extensão dos deveres 
de restauração do status quo ante ecológico e 
de indenização” (passagem do REsp 769.753, 
de 08.09.2009). 
 
USUÁRIO-PAGADOR; 
Saliente-se que é um dos objetivos da Política 
Nacional do Meio Ambiente “a imposição, ao 
poluidor e ao predador, da obrigação de 
recuperar e/ou indenizar os danos causados 
e, ao usuário, da contribuição pela utilização 
de recursos ambientais com fins econômicos”, 
nos moldes do inciso VII, do artigo 4.º, da Lei 
6.938/1981. 
 
PROTETOR-RECEBEDOR; 
Em concretização ao Princípio do Protetor-
recebedor, o artigo 41 do novo Código 
Florestal brasileiro previu o programa de 
apoio e incentivo à preservação e 
recuperação do meio ambiente, com a 
possibilidade de pagamento ou incentivo a 
serviços ambientais como retribuição, 
monetária ou não, às atividades de 
conservação e melhoria dos ecossistemas e 
que gerem serviços ambientais, tais como, 
isolada ou cumulativamente: 
 
“a) o sequestro, a conservação, a 
manutenção e o aumento do estoque e a 
diminuição do fluxo de carbono; 
b) a conservação da beleza cênica natural; 
c) a conservação da biodiversidade; 
d) a conservação das águas e dos serviços 
hídricos; 
e) a regulação do clima; 
f) a valorização cultural e do conhecimento 
tradicional ecossistêmico; 
g) a conservação e o melhoramento do solo; 
h) a manutenção de Áreas de Preservação 
Permanente, de Reserva Legal e de uso 
restrito.” 
Por meio da edição do Decreto 45.113/2009, 
o Estado de Minas Gerais criou o Programa 
Bolsa-Verde, em que o Poder Público 
estadual paga um incentivo financeiro aos 
proprietários que prestam serviços 
ambientais, consistente em uma bolsa que 
variará entre R$ 110,00 e R$ 300,00 por 
hectare preservado de reserva legal ou área 
de preservação permanente, sendo um 
emblemático caso de incidência do Princípio 
do Protetor-Recebedor. 
Outro excelente exemplo de aplicabilidade do 
Princípio do Protetor-recebedor vem do 
Estado do Amazonas, com a criação do 
Programa Bolsa Floresta, pela Lei Estadual 
3.135/2007, que instituiu a Política Estadual 
sobre Mudanças dos Climas. 
 
COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS; 
SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL OU 
EQUIDADE; 
 NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO 
AMBIENTAL; 
 PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA OU 
CIDADÃ; 
A Declaração do Rio de 1992 seguiu essa 
tendência ao cristalizá-lo no Princípio 10: 
 
“A melhor maneira de tratar questões 
ambientais é assegurar a participação, no 
 
 
 
 
 
 
 
 
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nível apropriado, de todos os cidadãos 
interessados. 
No nível nacional, cada indivíduo deve ter 
acesso adequado a informações relativas ao 
meio ambiente de que disponham autoridades 
públicas, inclusive informações sobre 
materiais e atividades perigosas em suas 
comunidades, bem como a oportunidade de 
participar em processos de tomada de 
decisões. 
Os Estados devem facilitar e estimular a 
conscientização e a participação pública, 
colocando a informação à disposição de 
todos. Deve ser propiciado acesso efetivo a 
mecanismos judiciais e administrativos, 
inclusive no que diz respeito à compensação 
e reparação de danos”. 
 
FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA 
PROPRIEDADE (ecologização da 
propriedade); 
Para o STJ, “inexiste direito ilimitado ou 
absoluto de utilização das potencialidades 
econômicas de imóvel, pois antes até ‘da 
promulgação da Constituição vigente, o 
legislador já cuidava de impor algumas 
restrições ao uso da propriedade com o 
escopo de preservar o meio ambiente’ 
(EREsp 628.588/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, 
Primeira Seção, DJe 9.2.2009), tarefa essa 
que, no regime constitucional de 1988, 
fundamenta-se na função ecológica do 
domínio e posse (REsp 1.240.122, de 
28/06/2011). 
artigo 1.228, § 1.º, do Código Civil 
“o direito de propriedade deve ser exercitado 
em consonância com as suas finalidades 
econômicas e sociais e de modo que sejam 
preservados, de conformidade com o 
estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, 
as belezas naturais, 
o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico 
e artístico, bem como evitada a poluição do ar 
e das águas” 
 
INFORMAÇÃO; 
 
“qualquer indivíduo, independentemente da 
comprovação de interesse específico, terá 
acesso às informações de que trata esta Lei, 
mediante requerimento escrito, no qual 
assumirá a obrigação de não utilizar as 
informações colhidas para fins comerciais, 
sob as penas da lei civil, penal, de direito 
autoral e de propriedade industrial, assim 
como de citar as fontes, caso, por qualquer 
meio, venha a divulgar os aludidos dados”. 
 Artigo 2.º, § 1.º, da Lei 10.650/2003. 
 
LIMITE OU CONTROLE - Cuida-se do dever 
estatal de editar e efetivar normas jurídicas 
que instituam padrões máximos de poluição, 
a fim de mantê-la dentro de bons níveis para 
não afetar o equilíbrio ambiental e a saúde 
pública. 
 
RESPONSABILIDADE COMUM, MAS 
DIFERENCIADA (INTERNACIONAL); 
DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE 
ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO; 
DIREITO À SADIA QUALIDADE DE VIDA; 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações 
 
PROIBIÇÃO DO RETROCESSO 
ECOLÓGICO; 
recurso especial 302.906, de 26.08.2010 
“[...] O exercício do ius variandi, para 
flexibilizar restrições urbanístico-ambientais 
contratuais, haverá de respeitar o ato jurídico 
perfeito e o licenciamento do 
empreendimento, pressuposto geral que, no 
Direito Urbanístico, como no Direito 
Ambiental, é decorrência da crescente 
escassez de espaços verdes e dilapidação da 
qualidade de vida nas cidades. 
Por isso mesmo, submete-se ao princípio da 
não regressão (ou, por outra terminologia, 
princípio da proibição de retrocesso), garantia 
de que os avanços urbanístico-ambientais 
conquistados no passado não serão diluídos, 
destruídos ou negados pela geração atual ou 
pelas seguintes [...]”. 
 
MÍNIMO EXISTENCIAL ECOLÓGICO. 
 
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou 
arrecadadas pelos Estados, por ações 
discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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§ 6º - As usinas que operem com reator 
nuclear deverão ter sua localização definida 
em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas. 
Energia nuclear. Competência legislativa da 
União. Artigo 22, XXVI, da Constituição 
Federal. É inconstitucional norma estadual 
que dispõe sobre atividades relacionadas ao 
setor nuclear no âmbito regional, por violação 
da competência da União para legislar sobre 
atividades nucleares, na qual se inclui a 
competência para fiscalizar a execução 
dessas atividades e legislar sobre a referida 
fiscalização. Ação direta julgada procedente.” 
 ADI 1.575, de 07.04.2010. 
 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
LICENÇA AMBIENTAL 
 
“Ato administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente estabelece as 
condições,restrições e medidas de controle 
ambiental que deverão ser obedecidas pelo 
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para 
localizar, instalar, ampliar e operar 
empreendimentos ou atividades utilizadoras 
dos recursos ambientais consideradas efetiva 
ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, 
sob qualquer forma, possam causar 
degradação ambiental” (artigo 1º, inciso II, da 
Resolução CONAMA 237/97). 
 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
“Procedimento administrativo pelo qual o 
órgão ambiental competente licencia a 
localização, instalação, ampliação e a 
operação de empreendimentos e atividades 
utilizadoras de recursos ambientais, 
consideradas efetiva ou potencialmente 
poluidoras ou daquelas que, sob qualquer 
forma, possam causar degradação ambiental, 
considerando as disposições legais e 
regulamentares e as normas técnicas 
aplicáveis ao caso” (artigo 1º, inciso I, da 
Resolução CONAMA 237/97). 
 
LC 140/2011 
Art. 2
o
 Para os fins desta Lei Complementar, 
consideram-se: 
I - licenciamento ambiental: o procedimento 
administrativo destinado a licenciar atividades 
ou empreendimentos utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente 
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, 
de causar degradação ambiental; 
 
LICENCIAMENTO E PODER DE POLÍCIA 
AMBIENTAL 
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo 
licenciamento ou autorização, conforme o 
caso, de um empreendimento ou atividade, 
lavrar auto de infração ambiental e instaurar 
processo administrativo para a apuração de 
infrações à legislação ambiental cometidas 
pelo empreendimento ou atividade licenciada 
ou autorizada. 
§ 1
o
 Qualquer pessoa legalmente identificada, 
ao constatar infração ambiental decorrente de 
empreendimento ou atividade utilizadores de 
recursos ambientais, efetiva ou 
potencialmente poluidores, pode dirigir 
representação ao órgão a que se refere o 
caput, para efeito do exercício de seu poder 
de polícia. 
§ 2
o
 Nos casos de iminência ou ocorrência de 
degradação da qualidade ambiental, o ente 
federativo que tiver conhecimento do fato 
deverá determinar medidas para evitá-la, 
fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando 
imediatamente ao órgão competente para as 
providências cabíveis. 
§ 3
o
 O disposto no caput deste artigo não 
impede o exercício pelos entes federativos da 
atribuição comum de fiscalização da 
conformidade de empreendimentos e 
atividades efetiva ou potencialmente 
poluidores ou utilizadores de recursos 
naturais com a legislação ambiental em vigor, 
prevalecendo o auto de infração ambiental 
lavrado por órgão que detenha a atribuição de 
licenciamento ou autorização a que se refere 
o caput. 
STJ - 3. O pacto federativo atribuiu 
competência aos quatro entes da federação 
para proteger o meio ambiente através da 
fiscalização. 
4. A competência constitucional para fiscalizar 
é comum aos órgãos do meio ambiente das 
diversas esferas da federação, inclusive o 
artigo 76 da Lei Federal n. 9.605/1998 prevê a 
possibilidade de atuação concomitante dos 
integrantes do SISNAMA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Ambiental – Aulas 01 a 03 
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9 
5. Atividade desenvolvida com risco de dano 
ambiental a bem da União pode ser 
fiscalizada pelo IBAMA, ainda que a 
competência para licenciar seja de outro ente 
federado. Agravo regimental provido” (AgRg 
no REsp 711.405/PR, de 28.04.2009). 
. 2. O domínio da área em que o dano ou o 
risco de dano se manifesta é apenas um dos 
critérios definidores da legitimidade para agir 
do parquet federal. Ademais, o poder-dever 
de fiscalização dos outros entes deve ser 
exercido quando a atividade esteja, sem o 
devido acompanhamento do órgão 
competente, causando danos ao meio 
ambiente. 
3. A atividade fiscalizatória das atividades 
nocivas ao meio ambiente concede ao IBAMA 
interesse jurídico suficiente para exercer seu 
poder de polícia administrativa, ainda que o 
bem esteja situado em área cuja competência 
para o licenciamento seja do município ou do 
estado. STJ, AgRg no REsp 1373302, de 
11/06/2013 
TCFA – Taxa de Controle e Fiscalização 
Ambiental – Lei 6.938/81, artigo 17-B. 
Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e 
Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato 
gerador é o exercício regular do poder de 
polícia conferido ao Instituto Brasileiro do 
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis – IBAMA para controle e 
fiscalização das atividades potencialmente 
poluidoras e utilizadoras de recursos naturais 
 
ESPÉCIES DE LICENÇA AMBIENTAL 
Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua 
competência de controle, expedirá as 
seguintes licenças: 
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase 
preliminar do planejamento do 
empreendimento ou atividade aprovando sua 
localização e concepção, atestando a 
viabilidade ambiental e estabelecendo os 
requisitos básicos e condicionantes a serem 
atendidos nas próximas fases de sua 
implementação; 
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a 
instalação do empreendimento ou atividade 
de acordo com as especificações constantes 
dos planos, programas e projetos aprovados, 
incluindo as medidas de controle ambiental e 
demais condicionantes, da qual constituem 
motivo determinante; 
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a 
operação da atividade ou empreendimento, 
após a verificação do efetivo cumprimento do 
que consta das licenças anteriores, com as 
medidas de controle ambiental e 
condicionantes determinados para a 
operação. 
 
Art. 19 – O órgão ambiental competente, 
mediante decisão motivada, poderá modificar 
os condicionantes e as medidas de controle e 
adequação, suspender ou cancelar uma 
licença expedida, quando ocorrer: 
I - Violação ou inadequação de quaisquer 
condicionantes ou normas legais. 
II - Omissão ou falsa descrição de 
informações relevantes que subsidiaram a 
expedição da licença. 
III - superveniência de graves riscos 
ambientais e de saúde. 
A LP tem prazo de validade de até cinco 
anos, não podendo ter lapso de tempo inferior 
ao necessário para a elaboração dos 
programas técnicos, ao passo que a LI não 
poderá ter validade superior a seis anos. 
Já os prazos da LO variarão entre quatro e 
dez anos, a critério do órgão ambiental, sendo 
que a sua renovação deverá ser requerida 
com a antecedência mínima de cento e vinte 
dias do seu vencimento, ficando 
automaticamente renovada até a 
manifestação do ente licenciante. 
 
Lei 6938/81- 
Art. 10. A construção, instalação, ampliação e 
funcionamento de estabelecimentos e 
atividades utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente 
poluidores ou capazes, sob qualquer forma, 
de causar degradação ambiental dependerão 
de prévio licenciamento ambiental. (Redação 
dada pela Lei Complementar nº 140, de 2011) 
DISPENSA DE LICENCIAMENTO 
AMBIENTAL – NOVO C. FLORESTAL: 
APP/ART. 8º 
§ 3
o
 É dispensada a autorização do órgão 
ambiental competente para a execução, em 
caráter de urgência, de atividades de 
segurança nacional e obras de interesse da 
defesa civil destinadas à prevenção e 
mitigação de acidentes em áreas urbanas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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10 
LICENCIAMENTO MÚLTIPLO: vedado pelo 
artigo 7º, da Resolução CONAMA 237/97 e 
pelo artigo 13, da LC 140/2011. 
Art. 7º - Os empreendimentos e atividades 
serão licenciados em um único nível de 
competência, conforme estabelecido nos 
artigos anteriores. 
 
LC 140/2011 
Art. 13. Os empreendimentos e atividades são 
licenciados ou autorizados, ambientalmente, 
por um único ente federativo, em 
conformidade com as atribuições 
estabelecidas nos termos desta Lei 
Complementar. 
§ 1
o
 Os demaisentes federativos 
interessados podem manifestar-se ao órgão 
responsável pela licença ou autorização, de 
maneira não vinculante, respeitados os 
prazos e procedimentos do licenciamento 
ambiental. 
 
ARTIGO 14, LC 140/2011: 
§ 4
o
 A renovação de licenças ambientais deve 
ser requerida com antecedência mínima de 
120 (cento e vinte) dias da expiração de seu 
prazo de validade, fixado na respectiva 
licença, ficando este automaticamente 
prorrogado até a manifestação definitiva do 
órgão ambiental competente. 
Art. 15. Os entes federativos devem atuar em 
caráter supletivo nas ações administrativas de 
licenciamento e na autorização ambiental, nas 
seguintes hipóteses: 
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou 
conselho de meio ambiente no Estado ou no 
Distrito Federal, a União deve desempenhar 
as ações administrativas estaduais ou 
distritais até a sua criação; 
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou 
conselho de meio ambiente no Município, o 
Estado deve desempenhar as ações 
administrativas municipais até a sua criação; 
e 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou 
conselho de meio ambiente no Estado e no 
Município, a União deve desempenhar as 
ações administrativas até a sua criação em 
um daqueles entes federativos. 
 
Art. 16. A ação administrativa subsidiária dos 
entes federativos dar-se-á por meio de apoio 
técnico, científico, administrativo ou 
financeiro, sem prejuízo de outras formas de 
cooperação. 
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser 
solicitada pelo ente originariamente detentor 
da atribuição nos termos desta Lei 
Complementar. 
Competências licenciatórias federais 
 
“Art. 7º São ações administrativas da União: 
 
(...) 
XIV – promover o licenciamento ambiental de 
empreendimentos e atividades: 
a) localizados ou desenvolvidos 
conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
b) localizados ou desenvolvidos no mar 
territorial, na plataforma continental ou na 
zona econômica exclusiva; 
c) localizados ou desenvolvidos em terras 
indígenas; 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades 
de conservação instituídas pela União, exceto 
em Áreas de Proteção Ambiental – APAs; 
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) 
ou mais Estados; 
f) de caráter militar, excetuando-se do 
licenciamento ambiental, nos termos de ato 
do Poder Executivo, aqueles previstos no 
preparo e emprego das Forças Armadas, 
conforme disposto na Lei Complementar nº 
97, de 9 de junho de 1999; 
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, 
beneficiar, transportar, armazenar e dispor 
material radioativo, em qualquer estágio, ou 
que utilizem energia nuclear em qualquer de 
suas formas e aplicações, mediante parecer 
da Comissão Nacional de Energia Nuclear – 
CNEN; ou 
h) que atendam tipologia estabelecida por ato 
do Poder Executivo, a partir de proposição da 
Comissão Tripartite Nacional, assegurada a 
participação de um membro do Conselho 
Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, e 
considerados os critérios de porte, potencial 
poluidor e natureza da atividade ou 
empreendimento”; DECRETO 8.437/2015. 
“Art. 9º São ações administrativas dos 
Municípios: 
XIV – observadas as atribuições dos demais 
entes federativos previstas nesta Lei 
Complementar, promover o licenciamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
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11 
ambiental das atividades ou 
empreendimentos: 
a) que causem ou possam causar impacto 
ambiental de âmbito local, conforme tipologia 
definida pelos respectivos Conselhos 
Estaduais de Meio Ambiente, considerados os 
critérios de porte, potencial poluidor e 
natureza da atividade; ou 
b) localizados em unidades de conservação 
instituídas pelo Município, exceto em Áreas 
de Proteção Ambiental – APAs”; 
 
“Art. 8º São ações administrativas dos 
Estados: 
 
(...) 
 
XIV – promover o licenciamento ambiental de 
atividades ou empreendimentos utilizadores 
de recursos ambientais, efetiva ou 
potencialmente poluidores ou capazes, sob 
qualquer forma, de causar degradação 
ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º 
e 9º”; 
Art. 10. São ações administrativas do Distrito 
Federal as previstas nos arts. 8
o
 e 9
o
. 
APA’S - Art. 12. Para fins de licenciamento 
ambiental de atividades ou empreendimentos 
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou 
potencialmente poluidores ou capazes, sob 
qualquer forma, de causar degradação 
ambiental, e para autorização de supressão e 
manejo de vegetação, o critério do ente 
federativo instituidor da unidade de 
conservação não será aplicado às Áreas de 
Proteção Ambiental (APAs). 
Parágrafo único. A definição do ente 
federativo responsável pelo licenciamento e 
autorização a que se refere o caput, no caso 
das APAs, seguirá os critérios previstos nas 
alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do inciso XIV do 
art. 7
o
, no inciso XIV do art. 8
o
 e na alínea “a” 
do inciso XIV do art. 9
º.
 
Poder judiciário e mérito do licenciamento 
5. Se não é possível considerar o projeto 
como inviável do ponto de vista ambiental, 
ausente nesta fase processual qualquer 
violação de norma constitucional ou legal, 
potente para o deferimento da cautela 
pretendida, a opção por esse projeto escapa 
inteiramente do âmbito desta Suprema Corte. 
Dizer sim ou não à transposição não compete 
ao Juiz, que se limita a examinar os aspectos 
normativos, no caso, para proteger o meio 
ambiente. 6. Agravos regimentais 
desprovidos” (ACO-MC-AgR 876, de 
19.12.2007). 
 
ESPAÇOS TERRITORIAIS 
ESPECIALMENTE PROTEGIDOS PELO 
PODER PÚBLICO 
ESPAÇOS TERRITORIAIS 
ESPECIALMENTE PROTEGIDOS 
 
ARTIGO 225, §1º, III, DA CF: 
III - definir, em todas as unidades da 
Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão 
permitidas somente através de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua 
proteção 
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. 
MEIO AMBIENTE. DEFESA. ATRIBUIÇÃO 
CONFERIDA AO PODER PÚBLICO. ARTIGO 
225, § 1º, III, CB/88. DELIMITAÇÃO DOS 
ESPAÇOS TERRITORIAIS PROTEGIDOS. 
VALIDADE DO DECRETO. SEGURANÇA 
DENEGADA. 
1. A Constituição do Brasil atribui ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defender 
um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. [CB/88, art. 225, §1º, III]. 
2. A delimitação dos espaços territoriais 
protegidos pode ser feita por decreto ou por 
lei, sendo esta imprescindível apenas quando 
se trate de alteração ou supressão desses 
espaços. Precedentes. Segurança denegada 
para manter os efeitos do decreto do 
Presidente da República, de 23 de março de 
2006 (STF, MS 26.064, Plenário, de 
17/6/2010). 
Novo Código Florestal – Lei 12.651/12, 
publicada em 28/05/2012. Alterações pela Lei 
12.727/2012 (conversão da MP 571). 
O artigo 2º, do novo CFlo, reproduziu 
literalmente a redação do artigo 1º, do Código 
revogado, ao prever que “as florestas 
existentes no território nacional e as demais 
formas de vegetação, reconhecidas de 
utilidade às terras que revestem, são bens de 
interesse comum a todos os habitantes do 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
País, exercendo-se os direitos de 
propriedade, 
com as limitações que a legislação em geral e 
especialmente esta Lei estabelecem”, o que 
reflete a titularidade difusa do direito 
fundamental ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo brasileiro. 
 
Conteúdo do novo CFlo 
Art. 1
o
-A. Esta Lei estabelece normas gerais 
sobre a proteção da vegetação, áreas de 
Preservação Permanente e as áreas de 
Reserva Legal; 
a exploração florestal, o suprimento de 
matéria-primaflorestal, o controle da origem 
dos produtos florestais e o controle e 
prevenção dos incêndios florestais, e prevê 
instrumentos econômicos e financeiros para o 
alcance de seus objetivos 
 
PRINCÍPIOS 
 
Parágrafo único. Tendo como objetivo o 
desenvolvimento sustentável, esta Lei 
atenderá aos seguintes princípios: 
I - afirmação do compromisso soberano do 
Brasil com a preservação das suas florestas e 
demais formas de vegetação nativa, bem 
como da biodiversidade, do solo, dos 
recursos hídricos e da integridade do sistema 
climático, para o bem estar das gerações 
presentes e futuras; 
II - reafirmação da importância da função 
estratégica da atividade agropecuária e do 
papel das florestas e demais formas de 
vegetação nativa na sustentabilidade, no 
crescimento econômico, na melhoria da 
qualidade de vida da população brasileira e 
na presença do País nos mercados nacional e 
internacional de alimentos e bioenergia; 
III - ação governamental de proteção e uso 
sustentável de florestas, consagrando o 
compromisso do País com a compatibilização 
e harmonização entre o uso produtivo da terra 
e a preservação da água, do solo e da 
vegetação; 
IV - responsabilidade comum da União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, em 
colaboração com a sociedade civil, na criação 
de políticas para a preservação e restauração 
da vegetação nativa e de suas funções 
ecológicas e sociais nas áreas urbanas e 
rurais; 
V - fomento à pesquisa científica e 
tecnológica na busca da inovação para o uso 
sustentável do solo e da água, a recuperação 
e a preservação das florestas e demais 
formas de vegetação nativa; 
VI - criação e mobilização de incentivos 
econômicos para fomentar a preservação e a 
recuperação da vegetação nativa e para 
promover o desenvolvimento de atividades 
produtivas sustentáveis 
Em muitas passagens o novo CFlo adota dois 
regimes jurídicos: um de tolerância para as 
condutas lesivas ao ambiente perpetradas até 
o dia 22 de julho de 2008 e outro rígido para 
os atos praticados a partir dessa data. 
Isso porque, no dia 23 de julho de 2008, foi 
publicado o Decreto 6.514, que dispõe sobre 
as infrações e sanções administrativas ao 
meio ambiente, que instituiu uma série de 
novos tipos administrativos para punir os 
infratores da legislação ambiental. 
De sua vez, insta salientar também que o 
novo CFlo traz várias disposições mais 
flexíveis em favor do pequeno proprietário ou 
possuidor rural (prédio rústico de até 04 
módulos fiscais), especialmente no que 
concerne às áreas de preservação 
permanente e reserva legal. 
Em positivação da jurisprudência consolidada 
do STJ, previu o novo CFlo que “as 
obrigações previstas nesta Lei têm natureza 
real e são transmitidas ao sucessor, de 
qualquer natureza, no caso de transferência 
de domínio ou posse do imóvel rural”. 
ARTIGO 2º, §2º. 
Outra inovação do novo CFlo foi a previsão 
de criação do CAR – Cadastro Ambiental 
Rural, no âmbito do Sistema Nacional de 
Informação sobre Meio Ambiente, registro 
público eletrônico de âmbito nacional, 
obrigatório para todos os imóveis rurais, com 
a finalidade de integrar as informações 
ambientais das propriedades e posses rurais, 
compondo base de dados para controle, 
monitoramento, planejamento ambiental e 
econômico e combate ao desmatamento, 
devendo ser feito, preferencialmente, no 
órgão ambiental municipal ou estadual. 
ARTIGO 29 
Aliás, nos termos do seu artigo 78-A, após 
cinco anos da data da publicação novo CFlo, 
 
 
 
 
 
 
 
 
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13 
as instituições financeiras só concederão 
crédito agrícola, em qualquer de suas 
modalidades, para proprietários de imóveis 
rurais que estejam inscritos no CAR. 
Também foi prevista a instituição, pelas 
entidades políticas, no prazo de 01 ano após 
a publicação do novo Código Florestal, 
prorrogável uma vez por igual período, dos 
Programas de Regularização Ambiental – 
PRA’s, 
que objetivam regularizar os imóveis rurais no 
que concerne às situações consolidadas até 
22 de julho de 2008 nas áreas de reserva 
legal e de preservação permanente, cuja 
assinatura do termo de compromisso 
repercutirá na esfera administrativa e criminal 
com a extinção da punibilidade, além da civil. 
ARTIGO 59 
 
Outros três programas ambientais ainda 
foram previstos no novo CFlo: 
 
A) Programa de Apoio e Incentivo à 
Conservação do Meio Ambiente (artigo 41) – 
a ser instituído pelo Poder Executivo federal, 
para adoção de tecnologias e boas práticas 
que conciliem a produtividade agropecuária e 
florestal, com redução dos impactos 
ambientais, como forma de promoção do 
desenvolvimento ecologicamente sustentável, 
observados sempre os critérios de 
progressividade; 
 
B) Programa para Conversão da Multa 
prevista no art. 50 do Decreto n
o
 6.514, de 22 
de julho de 2008 (artigo 42) - a ser instituído 
pelo Poder Executivo federal, destinado aos 
imóveis rurais, referente a autuações 
vinculadas a desmatamentos em áreas onde 
não era vedada a supressão, que foram 
promovidos sem autorização ou licença, em 
data anterior a 22 de julho de 2008; 
C) Programa de Apoio Técnico e Incentivos 
Financeiros (artigo 58) – a ser instituído pelo 
Poder Público, para atendimento prioritário 
dos pequenos proprietários e possuidores 
rurais, podendo incluir medidas indutoras e 
linhas de financiamento. 
 
Recentemente, esta Turma, por relatoria do 
Ministro Herman Benjamin, firmou o 
entendimento de que "o novo Código Florestal 
não pode retroagir para atingir o ato jurídico 
perfeito, direitos ambientais adquiridos e a 
coisa julgada, tampouco para reduzir de tal 
modo e sem as necessárias compensações 
ambientais o patamar de proteção de 
ecossistemas frágeis ou espécies ameaçadas 
de extinção, a ponto de transgredir o limite 
constitucional intocável e intransponível da 
'incumbência' do Estado de garantir a 
preservação e restauração dos processos 
ecológicos essenciais (art. 225, § 1º, I)." 
Agravo regimental improvido” (STJ, 2ª Turma, 
AgRg no AREsp 327.687, de 15/08/2013). 
 
Vale registrar que vários dispositivos da Lei 
12.651/2012 foram questionados no STF pelo 
Procurador-Geral da República em 21 de 
janeiro de 2013 através das ADI’s 4.901, 
4.902 e 4.903, ainda não julgadas. 
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE 
De acordo com o artigo 3.º, II, do novo Código 
Florestal, Área de Preservação Permanente 
(APP) 
é a “área protegida, coberta ou não por 
vegetação nativa, com a função ambiental de 
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a 
estabilidade geológica e a biodiversidade, 
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, 
proteger o solo e assegurar o bem-estar das 
populações humanas. 
APP’S DO ARTIGO 4º - INCIDÊNCIA EX 
LEGE 
APP’S DO ARTIGO 6º - PRECISAM SER 
DECLARADAS POR ATO DO PODER 
EXECUTIVO PARA EXISTIREM 
 
HIPÓTESES DO ARTIGO 4º - 
I) Mata ciliar – 
São consideradas áreas de preservação 
permanente as faixas marginais de qualquer 
curso d’água natural perene e intermitente, 
excluídos os efêmeros, desde a borda da 
calha do leito regular, em largura mínima de: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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14 
A sua linha inicial de demarcação foi alterada, 
o que, via transversa, acabou diminuindo o 
seu tamanho. 
É que o antigo CFlo previa a sua fixação 
desde o seu nível mais alto em faixa marginal 
(nível alcançado por ocasião da cheia sazonal 
do curso d’água perene ou intermitente), ao 
passo que o novo CFlo pontifica que será 
desde a borda da calha do leito regular, assim 
considerada a calha por onde correm 
regularmente as águas do curso d’água 
durante o ano. 
 
 
 
II) Entornode lagos e lagoas naturais 
 
Atualmente, consideram-se áreas de 
preservação permanente as áreas no entorno 
dos lagos e lagoas naturais, em faixa com 
largura mínima de: 
 a) 100 metros, em zonas rurais, exceto para 
o corpo d’água com até 20 hectares de 
superfície, cuja faixa marginal será de 50 
metros; 
b) 30 metros, em zonas urbanas. 
 
 
 
Por outro lado, nos termos do artigo 4º, §4º, 
do novo CFlo, fica dispensado o 
estabelecimento das faixas de Área de 
Preservação Permanente no entorno das 
acumulações naturais ou artificiais de água 
com superfície inferior a 01 hectare, 
 vedada nova supressão de áreas de 
vegetação nativa, salvo autorização do órgão 
ambiental competente do Sistema Nacional 
do Meio Ambiente - Sisnama. 
III) Entorno de reservatórios d’água artificiais, 
decorrentes de barramento ou represamento 
de cursos d’água naturais, na faixa definida 
na licença ambiental do empreendimento 
 
A faixa da APP no entorno do reservatório 
d’água artificial será definida pela licença 
ambiental, razão pela qual o artigo 4º, inciso 
III, do novo CFlo, não possui aplicabilidade 
imediata total, pois depende da licença 
ambiental para delimitar a APP. 
§ 1
o
 Não será exigida Área de Preservação 
Permanente no entorno de reservatórios 
artificiais de água que não decorram de 
barramento ou represamento de cursos 
d’água naturais 
§ 4
o
 Nas acumulações naturais ou artificiais 
de água com superfície inferior a 1 (um) 
hectare, fica dispensada a reserva da faixa de 
proteção prevista nos incisos II e III do caput, 
vedada nova supressão de áreas de 
vegetação nativa, salvo autorização do órgão 
ambiental competente do Sistema Nacional 
do Meio Ambiente - Sisnama 
Art. 5
o
 Na implantação de reservatório d’água 
artificial destinado a geração de energia ou 
abastecimento público, 
é obrigatória a aquisição, desapropriação ou 
instituição de servidão administrativa pelo 
empreendedor das Áreas de Preservação 
Permanente criadas em seu entorno, 
conforme estabelecido no licenciamento 
ambiental, observando-se a faixa mínima de 
30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) 
metros em área rural, e a faixa mínima de 15 
(quinze) metros e máxima de 30 (trinta) 
metros em área urbana 
§ 1
o
 Na implantação de reservatórios d’água 
artificiais de que trata o caput, o 
empreendedor, no âmbito do licenciamento 
ambiental, elaborará Plano Ambiental de 
Conservação e Uso do Entorno do 
Reservatório, 
em conformidade com termo de referência 
expedido pelo órgão competente do Sistema 
Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, não 
 
 
 
 
 
 
 
 
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15 
podendo o uso exceder a 10% (dez por cento) 
do total da Área de Preservação Permanente. 
IV) Entorno de nascentes e olhos d’água 
 
Considera-se APP as áreas no entorno das 
nascentes e dos olhos d’água perenes, 
qualquer que seja a sua situação topográfica, 
no raio mínimo de 50 metros. 
A nascente é o afloramento natural do lençol 
freático que apresenta perenidade e dá início 
a um curso d’água, ao passo que o olho 
d’água é o afloramento natural do lençol 
freático, mesmo que intermitente. 
 
 
V) Encostas ou partes destas com declividade 
acima de 45º, equivalente a 100% na linha de 
maior declive 
 
VI) As restingas, como fixadoras de dunas ou 
estabilizadoras de mangues 
 
A restinga é o depósito arenoso paralelo à 
linha da costa, de forma geralmente 
alongada, produzido por processos de 
sedimentação, onde se encontram diferentes 
comunidades que recebem influência 
marinha, com cobertura vegetal em mosaico, 
 encontrada em praias, cordões arenosos, 
dunas e depressões, apresentando, de 
acordo com o estágio sucessional, estrato 
herbáceo, arbustivo e arbóreo, este último 
mais interiorizado. 
 
 
 
VII) Os manguezais, em toda a sua extensão 
 
O manguezal é o ecossistema litorâneo que 
ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação 
das marés, formado por vasas lodosas 
recentes ou arenosas, às quais se associa, 
predominantemente, a vegetação natural 
conhecida como mangue, com influência 
fluviomarinha, típica de solos limosos de 
regiões es-tuarinas e com dispersão 
descontínua ao longo da costa brasileira, 
entre os Estados do Amapá e de Santa 
Catarina. 
 
 
VIII) Bordas de tabuleiros ou chapadas 
 
Assim como seu verificou na legislação 
anterior, o novo CFlo considera como APP as 
bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a 
linha de ruptura do relevo, em faixa nunca 
inferior a 100 metros em projeções 
horizontais. 
 Tabuleiro ou chapada é a paisagem de 
topografia plana, com declividade média 
inferior a dez por cento, aproximadamente 
seis graus e superfície superior a dez 
hectares, terminada de forma abrupta em 
escarpa, caracterizando-se a chapada por 
grandes superfícies a mais de seiscentos 
metros de altitude. 
 
 
 
IX) Topo de morros, montes, montanhas e 
serras 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Apenas a vegetação natural localizada no 
topo de morros, montes, montanhas e serras, 
com altura mínima de 100 metros e inclinação 
média maior que 25°, as áreas delimitadas a 
partir da curva de nível correspondente a 2/3 
da altura mínima da elevação sempre em 
relação à base, sendo esta definida pelo 
plano horizontal determinado por planície ou 
espelho d’água adjacente ou, nos relevos 
ondulados, pela cota do ponto de sela mais 
próximo da elevação, estará situada em APP. 
X) Áreas em altitude acima de 1.800m 
 
Consideram-se como APP’s as áreas em 
altitude superior a 1.800 metros, qualquer que 
seja a vegetação, com o objetivo principal de 
preservar essa fauna e flora tão diferenciada 
no Brasil por habitar em elevadas altitudes. 
XI) Veredas 
Faixa marginal, em projeção horizontal, com 
largura mínima de 50 metros, a partir do limite 
do espaço brejoso e encharcado. 
 
Vereda é a fitofisionomia de savana, 
encontrada em solos hidromórficos, 
usualmente com a palmeira arbórea Mauritia 
flexuosa - buriti emergente, sem formar 
dossel, em meio a agrupamentos de espécies 
arbustivo-herbáceas 
 
 
 
APP’S DO ARTIGO 6º, DO NOVO CFLO 
Art. 6
o
 Consideram-se, ainda, de preservação 
permanente, quando declaradas de interesse 
social por ato do Chefe do Poder Executivo, 
as áreas cobertas com florestas ou outras 
formas de vegetação destinadas a uma ou 
mais das seguintes finalidades: 
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de 
enchentes e deslizamentos de terra e de 
rocha; 
II - proteger as restingas ou veredas; 
III - proteger várzeas; 
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora 
ameaçados de extinção; 
V - proteger sítios de excepcional beleza ou 
de valor científico, cultural ou histórico; 
VI - formar faixas de proteção ao longo de 
rodovias e ferrovias; 
VII - assegurar condições de bem-estar 
público; 
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a 
critério das autoridades militares. 
IX – proteger áreas úmidas, especialmente as 
de importância internacional. 
 
Seção II 
Do Regime de Proteção das Áreas de 
Preservação Permanente 
Art. 7
o
 A vegetação situada em Área de 
Preservação Permanente deverá ser mantida 
pelo proprietário da área, possuidor ou 
ocupante a qualquer título, pessoa física ou 
jurídica, de direito público ou privado. 
§ 1
o
 Tendo ocorrido supressão de vegetação 
situada em Área de Preservação Permanente, 
o proprietário da área, possuidor ou ocupante 
a qualquer título é obrigado a promover a 
recomposição da vegetação, ressalvados os 
usos autorizados previstos nesta Lei. 
§ 2
o
 A obrigação prevista no § 1
o
 tem 
natureza real eé transmitida ao sucessor no 
caso de transferência de domínio ou posse do 
imóvel rural. 
§ 3
o
 No caso de supressão não autorizada de 
vegetação realizada após 22 de julho de 
2008, é vedada a concessão de novas 
autorizações de supressão de vegetação 
enquanto não cumpridas as obrigações 
previstas no § 1
o
. 
Art. 8
o
 A intervenção ou a supressão de 
vegetação nativa em Área de Preservação 
Permanente somente ocorrerá nas hipóteses 
de utilidade pública, de interesse social ou de 
baixo impacto ambiental previstas nesta Lei. 
§ 1
o
 A supressão de vegetação nativa 
protetora de nascentes, dunas e restingas 
somente poderá ser autorizada em caso de 
utilidade pública. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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§ 2
o
 A intervenção ou a supressão de 
vegetação nativa em Área de Preservação 
Permanente de que tratam os incisos VI e VII 
do caput do art. 4
o
 poderá ser autorizada, 
excepcionalmente, em locais onde a função 
ecológica do manguezal esteja 
comprometida, para execução de obras 
habitacionais e de urbanização, inseridas em 
projetos de regularização fundiária de 
interesse social, em áreas urbanas 
consolidadas ocupadas por população de 
baixa renda. 
§ 3
o
 É dispensada a autorização do órgão 
ambiental competente para a execução, em 
caráter de urgência, de atividades de 
segurança nacional e obras de interesse da 
defesa civil destinadas à prevenção e 
mitigação de acidentes em áreas urbanas. 
§ 4
o
 Não haverá, em qualquer hipótese, 
direito à regularização de futuras intervenções 
ou supressões de vegetação nativa, além das 
previstas nesta Lei. 
Art. 9
o
 É permitido o acesso de pessoas e 
animais às Áreas de Preservação 
Permanente para obtenção de água e para 
realização de atividades de baixo impacto 
ambiental. 
 
São hipóteses de utilidade pública: 
a) as atividades de segurança nacional e 
proteção sanitária; 
b) as obras de infraestrutura destinadas às 
concessões e aos serviços públicos de 
transporte, sistema viário, inclusive aquele 
necessário aos parcelamentos de solo urbano 
aprovados pelos Municípios, saneamento, 
gestão de resíduos, energia, 
telecomunicações, radiodifusão, instalações 
necessárias à realização de competições 
esportivas estaduais, nacionais ou 
internacionais, bem como mineração, exceto, 
neste último caso, a extração de areia, argila, 
saibro e cascalho; 
c) atividades e obras de defesa civil; 
d) atividades que comprovadamente 
proporcionem melhorias na proteção das 
funções ambientais nas APP’s; 
e) outras atividades similares devidamente 
caracterizadas e motivadas em procedimento 
administrativo próprio, quando inexistir 
alternativa técnica e locacional ao empreen-
dimento proposto, definidas em ato do Chefe 
do Poder Executivo federal. 
São casos de interesse social: 
a) as atividades imprescindíveis à proteção da 
integridade da vegetação nativa, tais como 
prevenção, combate e controle do fogo, 
controle da erosão, erradicação de invasoras 
e proteção de plantios com espécies nativas; 
b) a exploração agroflorestal sustentável 
praticada na pequena propriedade ou posse 
rural familiar ou por povos e comunidades 
tradicionais, desde que não descaracterize a 
cobertura vegetal existente e não prejudique a 
função ambiental da área; 
c) a implantação de infraestrutura pública 
destinada a esportes, lazer e atividades 
educacionais e culturais ao ar livre em áreas 
urbanas e rurais consolidadas, observadas as 
condições estabelecidas no CFlo; 
d) a regularização fundiária de assentamentos 
humanos ocupados predominantemente por 
população de baixa renda em áreas urbanas 
consolidadas, observadas as condições 
estabelecidas na Lei nº 11.977, de 7 de julho 
de 2009 (Programa Minha Casa, Minha Vida); 
e) implantação de instalações necessárias à 
captação e condução de água e de efluentes 
tratados para projetos cujos recursos hídricos 
são partes integrantes e essenciais da ati-
vidade; 
f) as atividades de pesquisa e extração de 
areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas 
pela autoridade competente; 
g) outras atividades similares devidamente 
caracterizadas e motivadas em procedimento 
administrativo próprio, quando inexistir 
alternativa técnica e locacional à atividade 
proposta, definidas em ato do Chefe do Poder 
Executivo federal; 
Atividades eventuais ou de baixo impacto 
ambiental: 
a) abertura de pequenas vias de acesso 
interno e suas pontes e pontilhões, quando 
necessárias à travessia de um curso d’água, 
ao acesso de pessoas e animais para a 
obtenção de água ou à retirada de produtos 
oriundos das atividades de manejo 
agroflorestal sustentável; 
b) implantação de instalações necessárias à 
captação e condução de água e efluentes 
tratados, desde que comprovada a outorga do 
direito de uso da água, quando couber; 
 
 
 
 
 
 
 
 
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c) implantação de trilhas para o 
desenvolvimento do ecoturismo; 
d) construção de rampa de lançamento de 
barcos e pequeno ancoradouro; 
e) construção de moradia de agricultores 
familiares, remanescentes de comunidades 
quilombolas e outras populações extrativistas 
e tradicionais em áreas rurais, onde o 
abastecimento de água se dê pelo esforço 
próprio dos moradores; 
f) construção e manutenção de cercas na 
propriedade; 
g) pesquisa científica relativa a recursos 
ambientais, respeitados outros requisitos 
previstos na legislação aplicável; 
h) coleta de produtos não madeireiros para 
fins de subsistência e produção de mudas, 
como sementes, castanhas e frutos, 
respeitada a legislação específica de acesso 
a recursos genéticos; 
i) plantio de espécies nativas produtoras de 
frutos, sementes, castanhas e outros produtos 
vegetais, desde que não implique supressão 
da vegetação existente nem prejudique a 
função ambiental da área; 
j) exploração agroflorestal e manejo florestal 
sustentável, comunitário e familiar, incluindo a 
extração de produtos florestais não 
madeireiros, desde que não descaracteri-zem 
a cobertura vegetal nativa existente nem 
prejudiquem a função ambiental da área; 
k) outras ações ou atividades similares, 
reconhecidas como eventuais e de baixo 
impacto ambiental em ato do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou 
dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente. 
Ainda é admitido pelo artigo 4º, §5º, do novo 
CFlo, nas pequenas propriedades ou posses 
rurais familiares, o plantio de culturas 
temporárias e sazonais de vazante de ciclo 
curto na faixa de terra que fica exposta no 
período de vazante dos rios ou lagos, desde 
que não implique supressão de novas áreas 
de vegetação nativa, seja conservada a 
qualidade da água e do solo e seja protegida 
a fauna silvestre. 
 
Artigo 4º, §6º 
Nas matas ciliares e nas APP’s no entorno de 
lagos e lagoas naturais, o novo Código 
Florestal permite o desenvolvimento da 
aquicultura e infraestrutura física diretamente 
a ela associada nos imóveis com até 15 
módulos fiscais, desde que: 
I – sejam adotadas práticas sustentáveis de 
manejo de solo e água e de recursos hídricos, 
garantindo sua qualidade e quantidade, de 
acordo com norma dos Conselhos Estaduais 
de Meio Ambiente; 
II – esteja de acordo com os respectivos 
planos de bacia ou planos de gestão de 
recursos hídricos; 
III – seja realizado o licenciamento pelo órgão 
ambiental competente; 
IV – o imóvel esteja inscrito no Cadastro 
Ambiental Rural – CAR; 
V - não implique novas supressões de 
vegetação nativa. 
 
Áreas consolidadas em APP’s reguladas 
pelo novo Código Florestal 
Art. 59. A União, os Estados e o Distrito 
Federal deverão, no prazo de 1 (um)ano, 
contado a partir da data da publicação desta 
Lei, prorrogável por uma única vez, por igual 
período, por ato do Chefe do Poder 
Executivo, implantar Programas de 
Regularização Ambiental - PRAs de posses e 
propriedades rurais, com o objetivo de 
adequá-las aos termos deste Capítulo. 
§ 1
o
 Na regulamentação dos PRAs, a União 
estabelecerá, em até 180 (cento e oitenta) 
dias a partir da data da publicação desta Lei, 
sem prejuízo do prazo definido no caput, 
normas de caráter geral, incumbindo-se aos 
Estados e ao Distrito Federal o detalhamento 
por meio da edição de normas de caráter 
específico, 
em razão de suas peculiaridades territoriais, 
climáticas, históricas, culturais, econômicas e 
sociais, conforme preceitua o art. 24 da 
Constituição Federal. 
§ 2
o
 A inscrição do imóvel rural no CAR é 
condição obrigatória para a adesão ao PRA, 
devendo esta adesão ser requerida pelo 
interessado no prazo de 1 (um) ano, contado 
a partir da implantação a que se refere o 
caput, prorrogável por uma única vez, por 
igual período, por ato do Chefe do Poder 
Executivo. 
§ 3
o
 Com base no requerimento de adesão ao 
PRA, o órgão competente integrante do 
Sisnama convocará o proprietário ou 
 
 
 
 
 
 
 
 
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possuidor para assinar o termo de 
compromisso, que constituirá título executivo 
extrajudicial. 
§ 4
o
 No período entre a publicação desta Lei e 
a implantação do PRA em cada Estado e no 
Distrito Federal, 
bem como após a adesão do interessado ao 
PRA e enquanto estiver sendo cumprido o 
termo de compromisso, o proprietário ou 
possuidor não poderá ser autuado por 
infrações cometidas antes de 22 de julho de 
2008, relativas à supressão irregular de 
vegetação em Áreas de Preservação 
Permanente, de Reserva Legal e de uso 
restrito. 
§ 5
o
 A partir da assinatura do termo de 
compromisso, serão suspensas as sanções 
decorrentes das infrações mencionadas no § 
4
o
 deste artigo e, cumpridas as obrigações 
estabelecidas no PRA ou no termo de 
compromisso para a regularização ambiental 
das exigências desta Lei, 
nos prazos e condições neles estabelecidos, 
as multas referidas neste artigo serão 
consideradas como convertidas em serviços 
de preservação, melhoria e recuperação da 
qualidade do meio ambiente, regularizando o 
uso de áreas rurais consolidadas conforme 
definido no PRA. 
O tema é tratado no Capítulo XIII, Seção II, do 
novo Código Florestal, nos artigos 61-A usque 
65, tendo sido tomado como marco legal 
divisor do regime jurídico o dia 23 de julho de 
2008. 
Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação 
Permanente, é autorizada, exclusivamente, a 
continuidade das atividades agrossilvipastoris, 
de ecoturismo e de turismo rural em áreas 
rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. 
Assegurou-se que, a partir da data da 
publicação do novo CFlo (28.05.2012) e até o 
término do prazo de adesão ao Programa de 
Regularização Ambiental (um ano após a 
criação do referido cadastro), é autorizada a 
continuidade das referidas atividades 
desenvolvidas nas APP’s, 
 as quais deverão ser informadas no Cadastro 
Ambiental Rural, para fins de monitoramento, 
sendo exigida a adoção de medidas de 
conservação do solo e da água. 
Em caso de desapropriação de imóvel por 
utilidade pública ou interesse social, entende-
se que a melhor posição é a que exclui da 
indenização a cobertura florestal em APP, 
justamente porque a regra é a impossibilidade 
de supressão vegetal. 
Nesse sentido, o STJ: 
“O valor atribuído à cobertura florística, 
destacado do valor do terreno, deve ser 
excluído da indenização quando tal cobertura 
for insusceptível de exploração econômica, 
como na hipótese dos autos, uma vez que a 
área já havia sido declarada como de 
preservação permanente em data anterior à 
criação do parque nacional que fundamentou 
o pedido indenizatório” (STJ, REsp 
935.888/2008). 
Todavia, registre-se que o STF tem inúmeros 
julgados que decidiram pela indenizabilidade 
da vegetação em APP na desapropriação, 
sob o frágil argumento de que a limitação 
legal não elimina o valor econômico das 
matas protegidas. 
 AI 677647, de 20.05.2008; RE 189779, de 
05.04.2005; AI 369469, de 31.08.2004; RE 
267817, de 25.02.2003. 
 
RESERVA LEGAL 
Artigo 3.º, inciso III, do novo CFlo (Lei 
12.651/2012): “área localizada no interior de 
uma propriedade ou posse rural, delimitada 
nos termos do art. 12, com a função de 
assegurar o uso econômico de modo 
sustentável dos recursos naturais do imóvel 
rural, auxiliar a conservação e a reabilitação 
dos processos ecológicos e promover a 
conservação da biodiversidade, bem como o 
abrigo e a proteção de fauna silvestre e da 
flora nativa”. 
80%, nas áreas de floresta situadas na 
Amazônia Legal; 
35%, nas áreas de cerrado situadas na 
Amazônia Legal; 
20% nas áreas de floresta ou vegetação 
nativa em outras regiões do Brasil. 
De acordo com o STJ, “pressupostos internos 
do direito de propriedade no Brasil, as Áreas 
de Preservação Permanente e a Reserva 
Legal visam a assegurar o mínimo ecológico 
do imóvel, sob o manto da inafastável 
garantiaconstitucional dos ‘processos 
ecológicos essenciais’ e da ‘diversidade 
biológica’. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Componentes genéticos e inafastáveis, por 
se fundirem com o texto da Constituição, 
exteriorizam-se na forma de limitação 
administrativa, técnica jurídica de intervenção 
estatal, em favor do interesse público, nas 
atividades humanas, na propriedade e na 
ordem econômica, com o intuito de discipliná-
las, organizá-las, circunscrevê-las, adequá-
las, condicioná-las, controlá-las e fiscalizá-las. 
Sem configurar desapossamento ou 
desapropriação indireta, a limitação 
administrativa opera por meio da imposição 
de obrigações de não fazer (non facere), 
de fazer (facere) e de suportar (pati), e 
caracteriza-se, normalmente, pela 
generalidade da previsão primária, interesse 
público, imperatividade, unilateralidade e 
gratuidade” (REsp 1.240.122, de 28/06/2011). 
O proprietário ou possuidor de imóvel com 
Reserva Legal conservada e inscrita no 
Cadastro Ambiental Rural, cuja área 
ultrapasse ao mínimo exigido pelo novo CFlo 
(80%, 35% ou 20%, a depender), poderá 
utilizar a área excedente para fins de 
constituição de servidão ambiental e Cota de 
Reserva Ambiental. 
 
A CRA – Cota de Reserva Ambiental, 
inovação do novo CFlo, é um título nominativo 
representativo de área com vegetação nativa, 
existente ou em processo de recuperação. 
Art. 44. É instituída a Cota de Reserva 
Ambiental - CRA, título nominativo 
representativo de área com vegetação nativa, 
existente ou em processo de recuperação: 
I - sob regime de servidão ambiental, 
instituída na forma do art. 9
o
-A da Lei n
o
 
6.938, de 31 de agosto de 1981; 
II. Correspondente à área de Reserva Legal 
instituída voluntariamente sobre a vegetação 
que exceder os percentuais mínimos exigidos; 
III. Protegida na forma de Reserva Particular 
do Patrimônio Natural (espécie de unidade de 
conservação a ser estudada); 
IV. Existente em propriedade rural localizada 
no interior de Unidade de Conservação de 
domínio público que ainda não tenha sido 
desapropriada. 
Art. 46. Cada CRA corresponderá a 1 (um) 
hectare: 
I - de área com vegetação nativa primária ou 
com vegetação secundária em qualquer 
estágio de regeneração ou recomposição; 
II - de áreas de recomposição mediante 
reflorestamento com espécies nativas. 
Art. 47. É obrigatório o registro da CRA pelo 
órgão emitente, no prazo de 30 (trinta) dias, 
contado da data da sua emissão, em bolsasde mercadorias de âmbito nacional ou em 
sistemas de registro e de liquidação financeira 
de ativos autorizados pelo Banco Central do 
Brasil. 
Art. 48. A CRA pode ser transferida, onerosa 
ou gratuitamente, a pessoa física ou a pessoa 
jurídica de direito público ou privado, 
mediante termo assinado pelo titular da CRA 
e pelo adquirente. 
 
A pequena propriedade ou posse rural familiar 
terá um tratamento diferenciado. Isso porque 
a CRA poderá ser expedida em razão da 
vegetação da reserva legal, mesmo que esta 
não supere aos limites mínimos legais. 
O titular da CRA terá o direito de utilizá-la 
para compensar Reserva Legal de imóvel 
rural situado no mesmo bioma da área à qual 
o título está vinculado, na hipótese de não 
atingir os percentuais mínimos legais, 
devendo ser averbada na matrícula do imóvel 
no qual se situa a área vinculada ao título e 
na do imóvel beneficiário da compensação. 
Redução da RL 
- Nos casos de imóveis rurais localizados na 
Amazônia Legal, em áreas de floresta, o 
Poder Público poderá reduzir a reserva legal 
de 80% para até 50%, para fins de 
recomposição, quando o Município tiver mais 
de 50% da área ocupada por unidades de 
conservação da natureza de domínio público 
e por terras indígenas homologadas 
- Nos casos de imóveis rurais localizados na 
Amazônia Legal, em áreas de floresta, o 
Poder Público estadual poderá reduzir a 
reserva legal de 80% para até 50%, ouvido o 
Conselho Estadual de Meio Ambiente, 
quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-
Econômico aprovado e mais de 65% do seu 
território ocupado por unidades de 
conservação da natureza de domínio público, 
devidamente regularizadas, e por terras 
indígenas homologadas; 
- Nos casos de imóveis rurais localizados na 
Amazônia Legal, em áreas de floresta, o 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Poder Público federal poderá reduzir a 
reserva legal de 80% para até 50%, quando 
indicado pelo Zoneamento Ecológico-
econômico estadual, exclusivamente para fins 
de regularização, mediante recomposição, 
regeneração ou compensação da Reserva 
Legal de imóveis com área rural consolidada, 
excluídas as áreas prioritárias para 
conservação da biodiversidade e dos 
recursos hídricos. 
 
Elevação da RL 
 
Excepcionalmente, também será possível a 
ampliação dos percentuais mínimos de 
reserva legal em até 50% em qualquer Bioma 
brasileiro, a critério do Poder Público federal, 
quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-
econômico estadual, para cumprimento de 
metas nacionais de proteção à biodiversidade 
ou de redução de emissão de gases de efeito 
estufa. 
 
Localização da RL 
 
A reserva legal é criada pelo só efeito do 
artigo 12 do Código Florestal, tendo 
existência ex lege. Contudo, evidentemente a 
sua localização deverá ser definida 
casuisticamente, de acordo com o melhor 
interesse ambiental, cabendo ao órgão 
estadual integrante do SISNAMA ou 
instituição por ele habilitada aprovar a 
localização da Reserva Legal após a inclusão 
do imóvel no Cadastro Ambiental Rural. 
. Deverão ser observados os seguintes 
critérios para a sua delimitação: 
 
I - o plano de bacia hidrográfica; 
II - o Zoneamento Ecológico-Econômico 
III - a formação de corredores ecológicos com 
outra Reserva Legal, com Área de 
Preservação Permanente, com Unidade de 
Conservação ou com outra área legalmente 
protegida; 
IV - as áreas de maior importância para a 
conservação da biodiversidade; e 
V - as áreas de maior fragilidade ambiental. 
Insta registrar que, protocolada a 
documentação exigida para análise da 
localização da área de Reserva Legal, ao 
proprietário ou possuidor rural não poderá ser 
imputada sanção administrativa, inclusive 
restrição a direitos, por qualquer órgão 
ambiental competente integrante do 
SISNAMA, em razão da não formalização da 
área de Reserva Legal. 
Agora, por força do artigo 15, do novo CFlo, 
será admitido o cômputo das Áreas de 
Preservação Permanente no cálculo do 
percentual da Reserva Legal do imóvel, 
desde que: 
I - o benefício previsto neste artigo não 
implique a conversão de novas áreas para o 
uso alternativo do solo (novos 
desmatamentos); 
II - a área a ser computada esteja conservada 
ou em processo de recuperação, conforme 
comprovação do proprietário ao órgão 
estadual integrante do SISNAMA; e 
III - o proprietário ou possuidor tenha 
requerido inclusão do imóvel no Cadastro 
Ambiental Rural. 
 
Dispensa da RL 
 
O novo Código Florestal também inovou ao 
prever expressamente a não exigência da 
reserva legal para determinados 
empreendimentos: 
 
A) empreendimentos de abastecimento 
público de água e tratamento de esgoto; 
B) áreas adquiridas ou desapropriadas por 
detentor de concessão, permissão ou 
autorização para exploração de potencial de 
energia hidráulica, nas quais funcionem 
empreendimentos de geração de energia 
elétrica, subestações ou sejam instaladas 
linhas de transmissão e de distribuição de 
energia elétrica; 
C) áreas adquiridas ou desapropriadas com o 
objetivo de implantação e ampliação de 
capacidade de rodovias e ferrovias. 
Registro imobiliário e inscrição no Cadastro 
Ambiental Rural 
 
O antigo Código Florestal (Lei 4.771/65) 
previa que a reserva legal deveria ser sempre 
registrada no Cartório de Imóveis mediante 
averbação. Entretanto, essa obrigatoriedade 
foi extinta pelo novo Código Florestal. 
Com propriedade, foi instituído o dever de o 
proprietário de registrar a reserva legal no 
Cadastro Ambiental Rural no órgão ambiental 
competente, sendo vedada, em regra, a 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 
Direito Ambiental – Aulas 01 a 03 
Frederico Amado 
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alteração de sua destinação, nos casos de 
transmissão, a qualquer título, ou de 
desmembramento, salvo disposição legal em 
sentido contrário. 
Logo, o registro no CAR irá desobrigar o 
proprietário de averbar a reserva legal no 
Cartório de Registro de Imóveis, sendo mais 
uma inovação do novo CFlo (18, §4º, novo 
CFlo). 
No caso de posse, a área de Reserva Legal é 
assegurada por termo de compromisso 
firmado pelo possuidor com o órgão 
competente do SISNAMA, com força de título 
executivo extrajudicial, que explicite, no 
mínimo, a localização da área de Reserva 
Legal e as obrigações assumidas pelo 
possuidor, sendo que a transferência da 
posse implica a sub-rogação das obrigações 
assumidas no termo de compromisso. 
Para a pequena propriedade ou posse rural, a 
inscrição da reserva legal no CAR será 
gratuita, devendo apresentar os dados 
identificando a área proposta de reserva legal, 
cabendo o órgão ambiental competente, ou 
instituição por ele habilitada, realizar a 
captação das respectivas coordenadas 
geográficas. 
 
Seção II 
Do Regime de Proteção da Reserva Legal 
 
Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada 
com cobertura de vegetação nativa pelo 
proprietário do imóvel rural, possuidor ou 
ocupante a qualquer título, pessoa física ou 
jurídica, de direito público ou privado. 
§ 1
o
 Admite-se a exploração econômica da 
Reserva Legal mediante manejo sustentável, 
previamente aprovado pelo órgão competente 
do Sisnama, de acordo com as modalidades 
previstas no art. 20. 
 
Considera-se manejo sustentável a 
administração da vegetação natural para a 
obtenção de benefícios econômicos, sociais e 
ambientais, respeitando-se os mecanismos 
de sustentação do ecossistema objeto do 
manejo e considerando-se, cumulativa ou 
alternativamente, a utilização de múltiplas 
espécies madeireiras ou não, de múltiplos 
produtos e subprodutos da flora, bem como a 
utilização de outros bens e serviços. 
2
o
 Para fins de manejo de Reserva Legal na 
pequena propriedade ou posse rural

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