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POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO WEBCONFERÊNCIA II Nome do(a) professor(a) Charles Martins Unidade 2 • Unidade 2 Sistema educacional brasileiro ....................................35 • Diretrizes e bases da educação nacional ......................................37 • Níveis escolares ............................................................................38 • Princípios e fins da educação escolar ............................................39 • O direito à Educação e os deveres do Estado .................................41 • Organização do sistema de ensino ................................................44 • Competências da União .................................................................45 • Competências dos estados .............................................................46 • Competências dos municípios ........................................................47 • Gestão democrática .......................................................................47 • Sistema federal de ensino ...............................................................48 • Sistema estadual de ensino ............................................................48 • Sistema municipal de ensino ...........................................................48 • Ensino privado .................................................................................49 • Modalidades de educação e ensino ................................................49 • Educação básica ..............................................................................50 • Conteúdos curriculares ..........................................................................51 • Educação infantil ...................................................................................54 • Ensino fundamental ..............................................................................55 • Ensino médio .........................................................................................56 • Educação profissional técnica de nível médio ........................................57 • Educação de Jovens e Adultos (EJA) ......................................................58 • Educação profissional e tecnológica ......................................................59 • Educação superior.................................................................................59 • Educação especial ................................................................................63 • Construindo um sistema nacional de educação....................................64 • Plano Nacional de Educação (PNE) – 2014 ..........................................65 • Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – 2016 .................................66 • Rumo a um Sistema Nacional de Educação ..........................................67 Objetivos de aprendizagem • Apresentar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei n. 9.394/96) de forma sistemática, incluindo as alterações introduzidas nas últimas décadas. • Analisar a organização do sistema de ensino brasileiro, com destaque para o papel desempenhado pela União, pelos estados e pelos municípios na gestão desse sistema complexo. • Expor as modalidades de educação e ensino existentes no país, analisando a legislação relativa a cada uma dessas variantes, especialmente a educação básica. • Contribuir para a formação do estudante enquanto pessoa humana e cidadão, investido de direitos e deveres. • 1 – Diretrizes e bases da educação nacional Vamos iniciar esta unidade apresentando os princípios e as normas legais que regem a educação brasileira atual. Nossa referência principal será a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996 – orientada pelos princípios, diretrizes e normas estabelecidos na Constituição de 1988; portanto, o seu estudo é muito importante para que possamos compreender o restante da legislação educacional brasileira. • 2 – Organização do sistema de ensino Você sabia que o Brasil não tem um sistema único de ensino, tal como a saúde, o emprego e o setor financeiro? O nosso sistema educacional é descentralizado, por conta da Constituição Federal e do sistema federativo de organização político-administrativa do país. Basta lembrar que temos escolas públicas federais, estaduais e municipais. Neste tema, nosso propósito é explicar a organização e o funcionamento desse sistema educacional • 3 – Modalidades de educação e ensino Este é o tema mais abrangente e extenso desta unidade. Vamos analisar as diversas modalidades de ensino existentes no país (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação superior, educação profissional e técnica de nível médio, educação de jovens e adultos, educação profissional e tecnológica, ensino superior e educação profissional) do ponto de vista da legislação, especialmente a LDB. • 4 – Construindo um sistema nacional de educação No último tema desta unidade, vamos destacar duas medidas recentes muito importantes para a educação brasileira: o Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso Nacional em 2014, e a Base Nacional Comum Curricular, divulgada em 2016. Ambas devem contribuir para a construção de um sistema nacional de educação integrado e para a melhoria da qualidade do ensino. Diretrizes e bases da educação nacional • A situação da educação escolar no Brasil atualmente é bem diferente daquela que existia poucas décadas atrás. Você já deve ter percebido isso em conversas com seus pais, tios e outros familiares. A verdade é que, a partir da Constituição Federal de 1988, o país mudou muito em termos econômicos, políticos e sociais, assim como o sistema de ensino como um todo (público e privado), a começar pela mudança da legislação que regulamenta a educação nacional e o sistema educacional vigente no país • Neste texto, a nossa principal fonte de estudo será a LDB e as diversas emendas legislativas incluídas nos últimos anos com vistas à atualização dessa lei. Também faremos referências ao Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), cujos princípios e normas com o objetivo de garantir o direito de todas as crianças e adolescentes à educação pública foram incorporados à LDB. • A Lei n. 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, foi aprovada durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 20 de dezembro de 1996, após uma longa tramitação no Congresso Nacional, iniciada em 1988 – data de promulgação da nova Constituição Federal. A LDB, como é conhecida, regulamenta os princípios e as normas constitucionais relativos à Educação. LDB/EDUCAÇÃO ESCOLAR • É preciso esclarecer que a LDB trata especificamente sobre a educação escolar, e não sobre a educação em geral. Isso é explicado no próprio texto da lei: Art. 1o – A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1o – Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2o – A educação escolar deverá se vincular ao mundo do trabalho e à prática social (BRASIL, 1996). Níveis escolares • A principal novidade da LDB é a ampliação da chamada “educação básica”, já prevista na Constituição. Nas décadas de 1970 e 1980, havia três níveis de ensino: • 1. Primeiro grau (educação primária e ginásio). • 2. Segundo grau (colégio). • 3. Ensino superior (faculdade). A partir da LDB, a educação escolar no Brasil passou a ser estruturada em dois níveis: • 1. Educação básica – formada por três etapas: educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental e ensino médio (normal e técnico- profissional). • 2. Educaçãosuperior – formada pelo ensino universitário, por áreas de conhecimento e pela educação profissional e tecnológica, bem como pela pós-graduação e pelos cursos de extensão Princípios e fins da educação escolar • A LDB reproduz os princípios constitucionais relativos à educação, mas introduz princípios novos, de natureza complementar, como veremos a seguir. Na trilha de nossa Carta Magna, o art. 2o da LDB reafirma que a educação é responsabilidade da família e do Estado; diz que a educação deve se inspirar nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana (um dos principais valores dos direitos • humanos atuais); e ressalta que a educação “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996). • O art. 3o estabelece os princípios que devem nortear o ensino no Brasil: Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; Respeito à liberdade e apreço à tolerância; • Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; • Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Valorização do profissional da educação escolar; • Gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; • Garantia de padrão de qualidade; Valorização da experiência extraescolar; Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Consideração com a diversidade étnico-racial (BRASIL, 1996, grifos nossos). Valorização da experiência extraescolar, por exemplo, reflete as disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente • No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura (BRASIL, 2014, p. 34). O direito à Educação e os deveres do Estado • O texto original da LDB, de 1996, afirmava que o dever do Estado com a educação escolar pública seria efetivado mediante a garantia de ensino fundamental, obrigatório e gratuito; progressiva extensão da obrigatoriedade e da gratuidade ao ensino médio; atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos de idade etc. Se você ler com atenção, vai concluir que somente o ensino fundamental era, de fato, obrigatório e gratuito • A Lei n. 12.796, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2013 e incluída no texto da LDB, aumentou significativamente a responsabilidade do Estado (e também dos pais) com a educação. Essa lei diz que o Estado brasileiro tem o dever de garantir educação básica obrigatória e gratuita a todas as crianças e jovens, dos 4 aos 17 anos de idade, ou seja, da pré- escola até a conclusão do ensino médio. • Vejamos como ficou o art. 4o da LDB com a redação dada pela Lei n. 12.796: Art. 4o – O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; II – educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; • III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; IV – acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria; V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII – oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; IX – padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem; X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade (BRASIL, 1996, grifo nosso). • O principal instrumento para a garantia de efetivação do direito à educação básica obrigatória e gratuita, incluindo a pré-escola a partir dos 4 anos de idade, é destacado no art. 5o da LDB: O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo (BRASIL, 1996, grifo nosso). • O art. 7o explicita o princípio da coexistência de instituições públicas e privadas de ensino, estabelecido no art. 3o, nos seguintes termos: O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições: I – cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino; II – autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público; III – capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal (BRASIL, 1996). Organização do sistema de ensino • Basta observar que temos, além das escolas particulares, as escolas públicas municipais, estaduais e federais, criadas e administradas pelas autoridades e pelos agentes públicos dos municípios, estados (incluindo o Distrito Federal) e União, respectivamente. Essa forma descentralizada de organização dos sistemas de ensino no Brasil é resultante do sistema federativo de organização político-administrativa do país. A Constituição, ao invés de criar um sistema nacional de educação, como o faz com o sistema financeiro nacional, com o sistema nacional de emprego ou com o sistema único de saúde, opta por pluralizar os sistemas de ensino (CURY, 2002, p. 173). • Em total sintonia com os dispositivos constitucionais, o art. 8o • da LDB reafirma que “a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino” (BRASIL, 1996). Os parágrafos desse artigo explicam como esse regime de colaboração deve funcionar, de modo geral: § 1o Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. § 2o Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei (BRASIL, 1996). Competências da União • Os arts. 9o, 10o e 11o da LDB definem as competências e as tarefas específicas da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios para o bom funcionamento do sistema federativo de ensino. Vamos começar pela administração federal • O art. 9o da LDB afirma que a União tem as seguintes incumbências, entre outras: Elaborar o Plano Nacional de Educação, com a colaboração dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Organizar, manter, desenvolver e fiscalizar os órgãos e as instituições federais de ensino. Prestar assistência técnica e financeira para o desenvolvimento dos sistemas de ensino dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, com atendimento prioritário ao ensino obrigatório.Estabelecer, em colaboração com os demais membros da Federação, competências e diretrizes comuns para a educação básica, que sirvam para nortear os currículos e os conteúdos mínimos da educação infantil, do ensino fundamental e médio. Realizar processo nacional de avaliação do ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino. Definir normas gerais para os cursos universitários de graduação e pós- graduação. Na estrutura educacional da União, destaca-se o Ministério da Educação (MEC), órgão executivo principal, e o Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão colegiado com funções normativas e de supervisão. O CNE, criado em 1995, é composto por 24 membros, sendo que 12 são indicados por representantes da sociedade civil (associações científicas e profissionais). O Conselho colabora na formulação e avaliação da Política Nacional de Educação, além de prestar assessoria ao ministro da Educação Competências dos estados • O art. 10 da LDB descreve as atribuições dos estados no sistema educacional, entre elas: Organizar, manter, desenvolver e fiscalizar os órgãos e as instituições estaduais de ensino. Definir formas de colaboração com os municípios na oferta do ensino fundamental, dividindo responsabilidades de acordo com a população a ser atendida e com os recursos financeiros disponíveis. • Elaborar e executar políticas e planos educacionais, de acordo com as diretrizes e os planos nacionais de educação, de forma integrada e coordenada com os municípios Competências dos municípios • O art. 11 da LDB define as atribuições dos municípios no sistema federativo de ensino: Organizar, manter, desenvolver e fiscalizar os órgãos e instituições municipais de ensino, de forma integrada com as políticas e os planos educacionais federais e estaduais. Exercer ação redistributiva das escolas sob sua competência. Aprovar normas complementares para o seu sistema de ensino. Assegurar prioridade ao ensino fundamental e oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas. Assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal, de acordo com a Lei n. 10.709, de 2003. Optar pela integração com o sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica. Gestão democrática • O art. 14 recomenda que os sistemas de ensino definam normas para a gestão democrática das escolas públicas de educação básica, conforme os seguintes princípios: Participação dos docentes na elaboração do projeto pedagógico da escola. Participação das comunidades escolar e local nos conselhos escolares. Sistema federal de ensino • De acordo com o art. 16 da LDB, o sistema federal de ensino compreende: I – as instituições de ensino mantidas pela União; II – as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada; III – os órgãos federais de educação. Sistema estadual de ensino • De acordo com o art. 17, os sistemas de ensino dos estados e do DF compreendem: As instituições de ensino mantidas pelos governos estadual e distrital, respectivamente. As instituições de educação superior mantidas pelos municípios. As instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada. Os órgãos de educação estaduais e do DF, respectivamente Sistema municipal de ensino • De acordo com o art. 18, os sistemas municipais de ensino compreendem: As instituições de educação básica mantidas pelos municípios. As instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada. Os órgãos municipais de educação. Ensino privado • O art. 19 da LDB esclarece que as instituições de ensino públicas são aquelas criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; as instituições privadas são aquelas mantidas e administradas por pessoas físicas (indivíduos) ou jurídicas (empresas) de direito privado. O art. 20 classifica as instituições privadas de ensino em quatro categorias: I – particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II – comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade; III – confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; IV – filantrópicas, na forma da lei (BRASIL, 1996, grifos nossos). Modalidades de educação e ensino • Educação básica A educação básica é um conceito novo e original em nossa legislação, introduzido pela LDB. A finalidade da educação básica é explicada no art. 22 da referida lei: A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (BRASIL, 1996) • O art. 24 estabelece regras comuns para a organização da educação básica, nos níveis fundamental e médio. Entre elas, destacamos as seguintes: A carga horária mínima anual será de 800 horas, distribuídas por 200 dias, no mínimo, de efetivo trabalho escolar. A classificação em qualquer série ou etapa, com exceção da 1a série do ensino fundamental, pode ser feita por promoção; por transferência, para candidatos de outras escolas; e mediante avaliação feita pela escola, que permita a inscrição do candidato, sem considerar sua escolarização anterior, na série ou na etapa adequada. Educação infantil • Os artigos da LDB referentes à educação infantil também foram alterados pela Lei n. 12.796, de 2013. A principal mudança diz respeito à pré-escola, que agora atende crianças de 4 a 5 anos de idade, e não de 4 a 6 anos. Lembre-se de que a medida é simplesmente uma regulamentação da Emenda Constitucional n. 53, de 2006, que introduziu essa mudança na Constituição. O art. 29 da LDB afirma que “a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 1996). O art. 30 explica que a educação infantil será oferecida em creches, para crianças de até 3 anos de idade, e em pré-escolas, para crianças de 4 a 5 anos de idade. O art. 31 estabelece as regras comuns para a organização da educação infantil: Avaliação por meio de acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Carga horária mínima anual de 800 horas, distribuída por um mínimo de 200 dias de trabalho educacional. Atendimento à criança por quatro horas diárias, no mínimo, para o turno parcial, e por sete horas para a jornada integral. Controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% do total de horas. Expedição de documentação atestando os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança Ensino fundamental • A redação original do art. 32 da LDB foi alterada pela Lei n. 11.274, de 2006, de modo a incluir a duração de nove anos do ensino fundamental obrigatório, iniciando-se aos seis anos de idade. De acordo com o art. 32, o ensino fundamental tem como objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (BRASIL, 1996). Ensino médio • O ensino médio, com três anos de duração, é a etapa final da educação básica, mas sabemos que muitos jovens abandonam a escola, por uma série de motivos, antes de concluir os estudos. Na tentativa de reverter essa situação, o ensino médio ganhou o status de ensino obrigatório e gratuito, junto com a educação infantil e o ensino fundamental, conforme já estudamos. Ao mesmo tempo, as emendas acrescentadas à LDB permitem que qualquer pessoa volte a estudar fora da idade adequada e também propõem a atua lização e o aperfeiçoamento dos currículos escolares, inclusive do ensino médio. Tudo isso deve contribuir para a universalização do ensino médio e a garantia de um ensino público de qualidade. Educação profissional técnica de nível médio • A seção IV-A da LDB é dedicada inteiramente à educação profissional técnica. Essa seção, que não existia no texto original, foi incluída pela Lei n. 11.741, de 2008. A principal novidade é a concepção de um ensino técnico- profissional articulado e integrado aos diferentes níveis e modalidades de educação, incluindo o acesso ao ensino superior, como veremos mais adiante. Em geral, todas as legislações anteriores trataram a questão de maneira isolada, com ênfase apenas nas formações profissional e técnica, sem oferecer soluções para a continuidade dos estudos em nível superior. Educação de Jovens e Adultos (EJA • O Art. 37 da LDB afirma que a educação de jovens e adultos, conhecida pela sigla EJA, é destinada àqueles que não ingressaram na escola na idade regular ou não deram continuidade aos estudos no ensino fundamental e médio. O artigo prevê ainda as seguintes medidas: Os sistemas de ensino deverão assegurar gratuitamente aos interessados oportunidades educacionais apropriadas e oferecer cursos e exames que levem em conta as características próprias do aluno – interesses pessoais, condição de vida e de trabalho etc. (§ 1o). Cabe ao poder público viabilizar e estimular o acesso e a permanência do trabalhador na escola, por meio de ações integradas e complementares (§ 2o). A educação de jovens e adultos será articulada, preferencialmente, com a educação profissional (§ 3o). Essa medida foi incluída pela Lei n. 11.741, de 2008. Educação profissional e tecnológica • O art. 39 da LDB explica que a educação profissional e tecnológica se integra aos diferentes níveis escolares e modalidades de educação, considerando as dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. A modalidade é constituída de três etapas, abrangendo os cursos de: 1. Formação inicial e continuada ou qualificação profissional. 2. Educação profissional técnica de nível médio. 3. Educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação Educação superior • De acordo com o Art. 43 da LDB, a educação superior tem por finalidades: I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber por meio do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; VI – estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular, os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII – promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição; VIII – atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares (BRASIL, 1996, grifo nosso). • Gestão democrática O princípio da gestão democrática das instituições públicas de educação superior prevê a existência de órgãos colegiados com poderes deliberativos, formados pelo corpo docente e por representantes da comunidade institucional, local e regional, conforme art. 56 da LDB. Contudo, os docentes têm direito a ocupar 70% da composição dos órgãos colegiados. • Educação especial Educação especial é a modalidade de ensino oferecida para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. O atendimento especializado deve ser feito preferencialmente na rede regular de ensino. O conceito de educação especial e a meta de integrar essa modalidade com o ensino regular estão no art. 58 da LDB, conforme redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013 Educação inclusiva • Educação inclusiva As alterações introduzidas na LDB com a finalidade de garantir a efetivação do direito constitucional à educação especial, em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, inserem-se na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, lançada pelo Ministério da Educação (MEC), em 2008. • Plano Nacional de Educação (PNE) – 2014 O Plano Nacional de Educação (PNE) tem vigência de 10 anos e sua regulamentação visa ao cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição Federal, segundo o qual “a lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração” (BRASIL, 1988) com os estados e os municípios. O PNE estabelece as seguintes diretrizes para a próxima década: I – erradicação do analfabetismo; II – universalização do atendimento escolar; III – superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV – melhoria da qualidade da educação; V – formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; • VI – promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII – promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do país; VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX – valorização dos(as) profissionais da educação; X – promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014). Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – 2016 • A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), direcionada à educação básica, é o resultado de exigências definidas pela LDB – • principal referência de estudo nesta Unidade –, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (2009) e pelo PNE (2014).
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