41 pág.

Pré-visualização | Página 3 de 11
da competência distinta e da vantagem competitiva pode não estar na posse de recursos ou habilidades de organizações específicas; ao invés disso, a vantagem competitiva pode estar no tema orquestrado e mecanismos integradores que asseguram a complementariedade dentre os diversos aspectos da empresa (seu domínio de mercado, habilidades, recursos e rotinas, tecnologias, departamentos, processos de tomada de decisão). Organizações podem ser vistas como sistemas de interdependência desses componentes, quais devem ser coordenados para competir no mercado. E é a complexidade e ambiguidade desses relacionamentos que dá capacidades únicas para algumas organizações que são impossíveis de copiar. Logo, é mais provável que a configuração seja maior fonte de vantagem competitiva do que qualquer único aspecto da estratégia. As vantagens de um alto grau de configuração incluem: • Sinergia: partes organizacionais complementam um ao outro; • Clareza de direção e coordenação: visão compartilhada sobre para onde a organização deveria ir e como chegar lá; • Dificuldade de imitação: complementariedades complexas encorpadas pela configuração rígida são difíceis de copiar; • Competências distintivas: focar recursos e esforços em oposição à esforços espalhados; • Comprometimento: configuração rígida mostra que a empresa se comprometeu irreversivelmente seus recursos, dando-lhe determinação, credibilidade e “first-mover momentum”; • Velocidade: determinações compartilhadas resultam em reações rápidas; • Economia: coordenação e cooperação são atingidas via compreensão, eliminando a necessidade de controles burocráticos caros. Configuração excessiva. Uma vez que um tema orquestrado se estabelece, é capaz de incitar um processo darwinista dentro da organização que seleciona elementos congruentes e expele os demais – deixando a organização mais especializada e internamente coerente. Existe um perigo de que empresas altamente configuradas se tornarão muito simples, dominadas por uma única visão de mundo, muito uniforme, muito movida por um tema ou função. Torna-se estreitamente focada e muito simples para equilibrar com a complexidade do ambiente. Configuração excessiva pode ser indicada por uma preponderância de recursos indo para uma atividade ou função em particular; uma cultura intolerante; um critério estreito de contratação e promoção; e um conjunto de programas e rotinas altamente especializado e rígido. Talvez uma das coisas mais importantes sobre uma boa configuração é a possibilidade que ela traz para reavaliação e reconfiguração. Achando o grau apropriado de configuração. O nível apropriado de configuração depende do ambiente da organização. Quando mais mutável e incerto o ambiente, mais “soltos” devem ser os elementos da organização. Pode-se determinar o grau de configuração de uma organização, examinando: • seu foco ou simplicidade: concentração da atenção ou recursos em atividades competitivas específicas ou pela concentração de poder em certo departamento ou pela customização dos sistemas e rotinas organizacionais; • a combinação de seus elementos: grau em que estratégia, estrutura e sistemas complementam um ;’’ao outro; • o tema central é refletido por todos os elementos da organização: em suas tecnologias, políticas, sistemas e rotinas, pelos departamentos e funcionários e a alta gestão. COURTNEY, ET AL – STRATEGY UNDER UNCERTAINTY A prática tradicional é fazer uma análise que permita achar o resultado mais provável e criar uma estratégia baseada nele. Essa abordagem ajuda em ambientes relativamente estáveis, porém quando há grandes incertezas sobre o futuro, no melhor dos casos, ela ajuda um pouco e, no pior, é extremamente perigosa – pois indica uma visão binária da incerteza: ou o mundo é certo e posso fazer previsões precisas, ou é incerto e completamente imprevisível. A incerteza que sobra após ser feita a melhor análise possível do ambiente de negócio é chamada de residual. Na prática, esse tipo de incerteza pode ser dividido em quatro grupos: Nível 1 – Um Futuro Claro o Suficiente Gerentes podem desenvolver uma simples previsão do futuro que é precisa o suficiente para o desenvolvimento e direcionamento de uma única estratégia. A incerteza residual é irrelevante para a tomada de decisão estratégica. Para gerar previões precisas, gerentes podem utilizar das ferramentas estratégicas básicas (pesquisa de mercado, análise de custos e capacidade dos concorrentes, análise da cadeia de valor, cinco forças de Porter, etc). Nível 2 – Futuros Alternativos O futuro pode ser descrito como um dentre alguns cenários discretos. Análises não conseguem identificar qual irá ocorrer, entretanto pode ajudar a estabelecer probabilidades. Alguns, se não todos, os elementos da estratégia iriam mudar se o resultado fosse previsível. O valor da estratégia depende principalmente das estratégias dos competidores e estas não podem ser observadas ou previstas. Gerentes devem desenvolver um conjunto de cenários discretos baseados em seu entendimento de como as incertezas residuais poderão acontecer. Cada cenário pode requerir um modelo avaliativo diferente, sendo prioridade recolher informações que ajudem a estabelecer as probabilidade relativas dos resultados alternativos. Depois, avalia-se os riscos e retornos inerentes às estratégias alternativas. Nível 3 – Uma Gama de Futuros Uma gama de futuros pode ser identificada, definida por um número limitado de variáveis-chave, mas o resultado final pode estar em qualquer lugar dentro dessa gama; não existe cenários discretos naturais.! Alguns, se não todos, os elementos da estratégia iriam mudar se o resultado fosse previsível. Um conjunto de cenários são identificados descrevendo futuros alternativos e a análise deve focar nos eventos desencadeantes que sinalizam que o mercado está indo em direção para um ou outro cenário. Desenvolva somente um número limitado de cenários alternativos, entre quatro e cinco. Evite desenvolver cenários redundantes que não tem implicações singulares para a tomada de decisão estratégica. Tenha certeza que cada cenário oferece uma imagem distinta da estrutura, conduta e performance da indústria. Desenvolva um conjunto de cenários que conjuntamente representam a gama provável de futuros e não necessariamente toda a gama possível. Nível 4 – Verdadeira Ambiguidade Múltiplas dimensões de incerteza interagem criando um ambiente que é virtualmente impossível de ser previsto. Uma gama de resultados potenciais não pode ser identificada, muito menos cenários. Pode não ser possível identificar, muito menos prever, todas as variáveis relevantes que irão definir o futuro. Gerentes precisam catalogar sistematicamente o que eles sabem e o que é possível saber, ganhando valiosa perspectiva estratégica. Normalmente, conseguem identificar um pequeno conjunto das variáveis que irão determinar como o mercado irá evoluir ao longo do tempo, identificando indicadores favoráveis e não-favoráveis que irão permitir acompanhar a evolução do mercado ao longo do tempo e adaptar suas estratégias quando novas informações se tornam disponíveis. Pelo menos metade dos problemas estratégicos recaem nos níveis 2 ou 3, enquanto a maioria do restante são problemas do nível 1. Deve-se utilizar diferentes tipos de análise para identificar e avaliar opções de estratégia em cada nível de incerteza. Toda formulação de estratégia começa com algum tipo de análise situacional, criando uma imagem de como o mundo está hoje e como, provavelmente, acontecerá no futuro. Existem três tipos de postura estratégica que a empresa pode escolher em relação à incerteza. Postura define a intenção de uma estratégia em relação a situação atual e futura de uma indústria.