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alheia de aquisição.” Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (Vol.IV, tomo 2) entendem que “melhor seria colocá-lo em categoria própria, qual seja, de direito real à aquisição da coisa (ad rem), uma vez que não guarda a suficiente identidade com as duas outras categorias (gozo/fruição ou garantia) para o fim de encontrar assento em qualquer delas”. Serpa Lopes: ‘..., temos essa figura jurídica recém-introduzida no nosso direito, a do ônus real resultante do compromisso de compra e venda, a que denominamos de direito real de aquisição, ...”. Luciano de Camargo Penteado: “O direito do promitente comprador é direito de aquisição”. Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: “O registro da promessa de compra e venda gera um direito real à aquisição,...”. d) Requisitos d1) Contrato irretratável; d2) Tem como objeto bem imóvel, alienável, loteado ou não loteado, rural ou urbano, edificado ou não; d3) Pagamento do preço à vista ou em parcelas; d4) Partes capazes; d5) Registro do contrato no Registro de Imóveis. *O registro é dispensado para a adjudicação nos termos da súmula n.º 239 do STJ. e) Constituição Por instrumento público ou particular – artigo 1.417. f) Efeitos f1) Oponibilidade “erga omnes”; f2) Transmissibilidade aos herdeiros; f3) Direito de seqüela; f4) Imissão na posse; f5) Cessão da promessa sem necessidade do consentimento do promitente-vendedor; f6) Purga da mora; g) Adjudicação compulsória No caso de recusa da outorga da escritura definitiva, pode o promissário-comprador propor a ação de adjudicação compulsória. Vide 1.418 do Código Civil. Para a adjudicação compulsória, não se exige o registro do contrato no Registro de Imóveis, entende o STJ. Súmula 239 do STJ: O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. h) Extinção O direito real de aquisição se extingue-se: h1) Pela execução voluntária do contrato; h2) Pela execução compulsória (adjudicação); h3) Pelo distrato (=dissolução por mútuo consentimento); h4) Pela resolução (com intervenção judicial, ex.: mora); h5) Pelo perecimento do imóvel em razão de caso fortuito ou força maior; h6) Pela desapropriação; h7) Pelo vício redibitório; h8) Pela evicção. Dia 12/06/2014 – Recesso Escolar – Copa do Mundo – Jogo da seleção Dia 19/06/2014 – Corpus Christi – Feriado Municipal � 14.ª AULA – 26/06/2014 4.3 Dos direitos reais de garantia 4.3.1 DO PENHOR – CC, arts. 1.431-1.472 4.3.1.1 - Espécies 4.3.1.1.1 – Penhor comum ou civil (Rizzzardo) a) Definição É a entrega de uma coisa móvel, ou mobilizável, alienável, pelo devedor, ou por terceiro, ao credor, para garantir um débito. É “a efetiva transmissão da posse direta, ou a transferência de um bem móvel das mãos ou do poder do devedor, ou de terceiro anuente, os quais têm o poder dominial sobre o mesmo, para o poder e a guarda do credor, ou da pessoa que o representa, com a finalidade de garantir a satisfação do débito” (Rizzardo). b) Sujeitos b.1) Devedor pignoratício – pode ser tanto o próprio devedor como um terceiro. b.2) Credor pignoratício – pessoa que empresta o dinheiro e recebe a coisa. c) Características c.1) É um direito real de garantia (CC, art. 1.225, VIII); c.2) É um direito acessório; c.3) Depende da tradição; c.4) Em regra, recai sobre coisa móvel. * Exceção: Penhores rurais, industrial e sobre direitos. Obs.: Em alguns casos, bens móveis são objeto de hipoteca, como, navios, ferrovias e aeronaves. c.5) Objeto alienável; c.6) Devedor deve ser o proprietário do bem. c.7) Pacto comissório proibido; c.8) Direito real uno e indivisível; c.9) É temporário. d) Constituição d.1) Por convenção É feito por instrumento público ou particular e deve ser registrado no Registro de Títulos e Documentos (Lei n.º 6.015/73, art. 127, II). d.2) Por lei É a própria norma jurídica que constitui o penhor, objetivando proteger determinados credores, dando-lhes o direito de tomar certos bens como garantia, até a obtenção do pagamento. e) Direitos e deveres do credor pignoratício - Direitos - Investir na posse da coisa empenhada; - Proteger a posse; - Reter o objeto empenhado até o cumprimento da obrigação; - Promover a venda judicial (ou amigável se houver contrato) do bem; - Receber preferencialmente o pagamento; - Exigir o reforço da garantia se houver deterioração; - Ressarcir-se de qualquer prejuízo sofrido em razão de vício do produto (CC, art. 1.433, III); - Receber o valor do seguro dos bens ou animais empenhados, caso venham a perecer; - Apropriar-se dos frutos da coisa; - Promover a venda antecipada, com autorização judicial, se houver risco de que a coisa venha perecer; - Não ser constrangido a devolver o bem antes de satisfeita a obrigação (art. 1.434). Deveres - Não usar a coisa; - Custodiar a coisa; - Ressarcir qualquer dano que a coisa sofrer por sua culpa; - Restituir o bem gravado, uma vez paga a dívida; - Entregar o que sobrar do preço da venda; - Defender a posse da coisa; - Imputar o valor dos frutos nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital (art. 1.435, III). f) Direitos e deveres do devedor pignoratício - Direitos - Não perder a propriedade; - Conservar a posse indireta; - Impedir que o credor faça uso da coisa; - Exigir do credor o ressarcimento de prejuízos que a coisa sofrer por culpa do credor; - Receber o remanescente do preço da venda da coisa empenhada; - Reaver o bem, uma vez paga a dívida. - Deveres - Pagar as despesas feitas pelo credor com a guarda e conservação do bem gravado; - Indenizar o credor de todos os prejuízos causados por vícios da coisa empenhada; - Reforçar o ônus real, quando necessário; - Obter licença do credor para alienar o bem, sob pena de incorrer no delito do artigo 171, § 2º, III, do Código Penal; - Pagar a dívida e exibir todos os objetos gravados, na execução do penhor, sob pena de prisão administrativa. 4.3.1.1.2 - Penhor rural a) Definições Divide-se em penhor agrícola e penhor pecuário. O penhor agrícola (CC, art. 1.442) recai sobre culturas; o penhor pecuário, sobre animais. b) Objeto do penhor agrícola – art. 1.442. São: colheitas pendentes ou em formação; frutos armazenados ou acondicionados; lenha cortada e carvão vegetal; máquinas e instrumentos agrícolas; animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola. c) Objeto do penhor pecuário – art. 1.444 São os animais que se criam para a indústria pastoril, agrícola ou de laticínios. Vide: AI N° 70014822381- 15ª CC – TJRS – Rel.Des. Otávio Augusto de Freitas Barcellos –J. 17/4/2006. d) Direito à inspeção – art. 1.441 O credor tem direito de verificar o estado das coisas empenhadas. e) Bens imóveis por acessão O penhor rural recai sobre bens imóveis por acessão física ou intelectual, porquanto, segundo dispõe o artigo 79 do Código Civil, as culturas, frutos pendentes, máquinas e animais empregados no serviço de uma propriedade rural são considerados como imóveis (Maria Helena Diniz), pois não faria sentido, por um lado, conceder o empréstimo, por outro, retirar do devedor os meios de produção. CC/02, art. 79 – São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. O credor, então, recebe a posse indireta, ficando o devedor com a posse direta, na qualidade de depositário. f) Dispensa da tradição Contrariando regra geral do penhor, aqui, o requisito da tradição é dispensado (CC, art. 1.431, § ún). g) Registro – CC, art. 1.438; Lei n.º 6.015/77, art. 167, I, n.º 15. Para ter eficácia contra terceiros, é necessário o registro no Registro de Imóveis da situação da coisa. No título