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2 Elementos da narrativa jurídica PlanoDeAula 346720

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Plano de Aula: Elementos da narrativa jurídica 
REDAÇÃO INSTRUMENTAL - CCJ0267 
Título 
Elementos da narrativa jurídica 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
2 
Tema 
Elementos da narrativa jurídica 
Objetivos 
- Identificar as partes que compõem algumas das peças processuais 
- Compreender a relevância dos fatos do caso concreto para a aplicação do direito objetivo 
- Distinguir a narrativa jurídica simples da narrativa jurídica valorada; 
- Compreender a relação entre o tipo de narrativa e a peça processual produzida; 
- Conhecer as principais características da narrativa jurídica. 
Estrutura do Conteúdo 
1. Estrutura textual das peças processuais 
2. Teoria Tridimensional do Direito 
3. Elementos da narrativa 
3.1. Correta identificação do fato gerador 
3.2. Narrativa jurídica simples 
3.3. Narrativa jurídica valorada 
3.4. Impessoalidade 
Aplicação Prática Teórica 
 Há uma regularidade na organização das peças processuais: são indispensáveis a narrativa dos 
fatos importantes da lide, a fundamentação de um ponto de vista e aplicação da norma, em forma de 
pedido, decisão etc. 
 Não importa se a narrativa dos fatos será denominada ?dos fatos? (petição inicial) ou ?relatório? 
(sentença, parecer, acórdão). Também não cabe, neste momento, nomear a parte argumentativa como 
?do direito? (petição inicial) ou fundamentação (parecer). Pretendemos apenas, como já dissemos, que o 
estudante de Direito perceba que as peças processuais seguem, independente de suas peculiaridades, 
uma estrutura regular: narrar, fundamentar e pedir. 
 Essa estrutura não existe sem motivação. Uma proposta teórica, internacionalmente conhecida, 
chamada Teoria Tridimensional do Direito, do jusfilósofo brasileiro Miguel Reale, defende que o Direito 
compõe-se de três dimensões: FATO, VALOR e NORMA. Assim: 
 
Teoria Tridimensional Macroestrutura de algumas peças processuais 
petição inicial parecer sentença 
FATO Dos fatos Relatório Relatório 
Narrar os fatos importantes 
VALOR Do direito Fundamentação Motivação 
Fundamentar um ponto de vista 
NORMA Do pedido Conclusão Dispositivo 
Conclusão, na forma de pedido, decisão etc. 
 Portanto, é preciso estudar com profundidade todas as questões relativas à produção do texto 
narrativo, primeira dimensão do direito, que consiste na exposição de todos os fatos importantes para a 
adequada solução da lide. 
 Como vimos, as peças processuais têm um denominador comum: precisam, em primeiro lugar, 
narrar os fatos importantes do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa 
pela análise do fato gerador do conflito e das circunstâncias em que ocorreu. Ainda assim, vale di zer que 
essa narrativa será imparcial ou parcial, podendo ser tratada como simples ou valorada, a depender da 
peça que se pretende redigir. São diferentes os objetivos de cada operador do direito; sendo assim, o 
representante de uma parte envolvida não poderá narrar os fatos de um caso concreto com a mesma 
versão da parte contrária. Por conta disso, não se poderia dizer que todas as narrativas presentes no 
discurso jurídico são idênticas no formato e no objetivo, visto que dependem da intencionalidade de ca da 
um. 
 
NARRATIVA SIMPLES DOS FATOS NARRATIVA VALORADA DOS FATOS 
É uma narrativa sem compromisso de representar 
qualquer das partes. Deve apresentar todo e 
qualquer fato importante para a compreensão da 
lide, de forma imparcial. 
É uma narrativa marcada pelo compromisso de 
expor os fatos de acordo com a versão da parte que 
se representa em juízo. Por essa razão, apresenta 
o pedido (pretensão da parte autora) e recorre a 
modalizadores. 
Motivado por essa explicação, leia os casos concretos que seguem e responda à questão. 
Caso concreto 1 
 O caso ocorreu em Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, no ano de 2005. Uma mulher 
de 36 anos, desempregada, estava casada com um mecânico, também desempregado. Os dois moravam 
em um barraco de 10 metros quadrados, junto com seus três filhos. O mais velho tinha seis anos de 
idade; o filho do meio, quatro; o caçula, um ano e meio. 
 É importante mencionar que essa mulher, Marcela, estava gestando o quarto filho. No mês de 
fevereiro daquele ano, em decorrência das fortes chuvas, um deslizamento de terra arrastou, ladeira 
abaixo, o lar em que vivia essa família. A mãe conseguiu salvar os dois filhos mais velhos, entretanto o 
caçula, ainda aprendendo a andar, não conseguiu sair a tempo. Morreu so terrado. Por tudo o que 
aconteceu, Marcela entrou em trabalho de parto. 
 Chegou ao hospital público mais próximo e foi submetida a uma cesariana. Assim que ouviu o 
choro do bebê, prematuro, pediu para segurá-lo um pouco no colo. A enfermeira o permitiu. Marcela 
beijou a criança e jogou-a para trás. O menino caiu no chão, sofreu traumatismo craniano e morreu. 
 Perguntada por que tomara aquela atitude, disse que não gostaria que seu filho passasse por 
tudo o que os demais estavam passando: fome e miséria. Um exame realizado no Instituto Médico Legal 
apontou que Marcela se encontrava em estado puerperal no momento em que matou o próprio filho. 
Caso concreto 2 
 Este segundo caso ocorreu em São Paulo. A secretária Adriana Alves engravidou do namorado 
e, sem saber explicar por qual motivo, não contou o fato para ele; também não contou para mais 
ninguém. Seus pais, com quem morava, não sabiam de sua gravidez. Não compartilhou esse segredo 
com amigas ou colegas de trabalho. Definitivamente, ninguém conhecia a gestação de Adriana. 
 Com o passar dos meses, Adriana não recebeu qualquer tipo de acompanhamento ou cuidado 
pré-natal especial; escondia a barriga com cintas e usava roupas largas. No mês de dezembro de 2006, 
quando participava de uma festa de final de ano, no escritório em que trabalha, sentiu -se mal e foi para 
casa. 
 Sua intenção era realizar o parto sozinha e jogar a criança em um rio próximo à sua casa. 
Ocorre, porém, que o parto não transcorreu tranquilamente. Adriana teve complicações e teve de puxar à 
força a criança. Depois, matou-a afogada na bacia de água quente que separou para realizar o parto. 
Para se livrar da justiça, jogou a criança, já morta, no r io, enrolada em um saco preto. 
 Muito debilitada, foi a um hospital buscar ajuda para si, mas não soube explicar o que aconteceu. 
Após breve investigação da Polícia, Adriana confessou tudo o que fizera. Exames comprovaram que ela 
não estava sob o estado puerperal. 
Questão 1 
 a) Indique os elementos da narrativa dos casos lidos. 
 b) Ao perceber que as circunstâncias como a conduta é praticada influenciam substancialmente 
o crime imputado ao agente, o profissional do direito deve estar atento para selecionar todas as 
informações que não podem deixar de constar de sua exposição dos fatos. Identifique nos dois casos 
concretos quais informações não podem deixar de ser narradas e as indique em tópicos. 
 c) Quais crimes praticaram Marcela e Adriana? Defenda seus pontos de vista em um parágrafo. 
Questão 2: Objetivas. 
 1. As narrativas jurídicas contêm características distintas das demais narrativas. Além disso, 
podem ser simples ou valoradas. Independentemente de serem simples ou valoradas, toda narrativa 
jurídica apresenta esta característica: 
 (A) Ser escrita em terceira pessoa. 
 (B) Apresentar a descrição dos espaços. 
 (C) Ser parcial. 
 (D) Conter modalizadores. 
 (E) Ser imparcial. 
 2. Leia o trecho, analise os elementos constitutivos da narrativa e marque a alternativa correta: 
Trata-se de negligência ao dever de cuidar de Maria de Lurdes Silva, 27 anos, a que expôs sua 
filha Carla Silva de dois anos. O fato ocorreu em Botafogo, Rio de Janeiro. 
 (A) Não é possível extrair do parágrafo o elemento "onde". 
 (B) É possível extrairdo parágrafo o elemento "quando". 
 (C) O parágrafo informa o porquê do conflito. 
 (D) É desconhecido o agente da ação. 
 (E) O fato gerador do conflito não se encontra identificado nesse parágrafo, somente sua 
valoração.

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