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DIREITO EMPRESARIAL III - Resumo 2 - Prof. Gerson Branco

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PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
DIREITO EMPRESARIAL III 
AULA 8 – RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 
1. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL: NOÇÃO GERAL 
Na recuperação extrajudicial a principal diferença é que não há o feito do art. 6º. É por 
esse motivo que ela é pouco utilizada: pois acaba sendo pouco eficaz, uma vez que o devedor 
deve se sustentar mesmo em situação adversa sem qualquer suspensão de prazos e ações. 
Além disso, ela tem um alcance restrito, além de risco de revogação de atos ou intromissão do 
judiciário. Por fim, há ausência de estímulos dos fornecedores. 
A recuperação extrajudicial serve para enfrentar crises de menor gravidade. Ela 
permite que se negocie diretamete com os credores, despindo-se de maiores formalidades. É, 
em geral, mais flexível, com quóruns mais simples, mais célere, menos custoso, com menor 
desgaste de imagem da empresa, menor intervenção estatal e baixo risco. 
Ela inicia-se com o plano de recuperação extrajudicial. É necessário, após isto, a 
assinatura de 100% dos credores, concordando. Caso não haja aprovação, pode haver uma 
segunda tentativa, na qual bastará a aceitação de 60% dos credores. Nesse segundo caso, 
porém, fica vedado tratamento diferenciado entre eles. Um caso famoso que conseguiu a 
aceitação está na jurisprudência do moodle (empresa de TV). 
Se houver aceitação, ocorre a novação sem precisar levar a questão a juízo. Deve-se 
usar a recuperação, e não a mera novação, para que não se confunda tal ato com uma 
negociação das dívidas – o que seria considerado ato falimentar. Apesar disso, caso queria 
vincular os 40% não aceitantes, ou se quiser vender ativos, é preciso homologar a recuperação 
extrajudicial no judiciário. Há, portanto, uma etapa judicial nesse processo. 
Essa etapa judicial busca dar maior solenidade ao processo, maior efetividade ao 
pacto, viabilizar a alienação de bens, forçar a participação de credores dissidentes e sujeitar 
todos os participantes ao regime de crimes previstos na LREF. 
 Em princípio, haverá procedimento simples no judiciário, sem administrador, mas com 
editais e prazos para impugnação. Muitos fazem habilitação1 nessas recuperações, mas a 
jurisprudência já definiu que não há juízo universal, sendo possível a execução em outra 
comarca, inclusive. Aqui, não há nem a Assembleia de Credores, nem precisa ser adicionada a 
expressão “Em Recuperação” após o nome. 
2. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO 
Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor 
e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. 
 
1 Normalmente as habilitações são feitas para demonstrar que o devedor não teve os 60% de anuência. 
Ainda assim é inútil, pois esse credor não habilitado poderia cobrar sua dívida separadamente. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 Devem ser cumpridos os mesmos requisitos do que o devedor que postula 
recuperação judicial. Somam-se, porém, aos que aparecem a seguir. O plano de recuperação 
possui natureza contratual, e materializa as negociações realizadas entre credores e devedor. 
§ 1o Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de 
natureza tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de 
acidente de trabalho, assim como àqueles previstos nos arts. 49, § 3o, e 86, inciso 
II do caput, desta Lei. 
 Créditos tributários, trabalhistas e de alienação fiduciária não podem ser alvo de 
recuperação extrajudicial. A classe trabalhista é, então, imune a esse tipo de recuperação. 
Nada impede, porém, que essas 3 categorias criem acordos paralelos com o devedor. 
§ 2o O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas 
nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. 
 Trata da questão de igualdade no tratamento dos credores. Cabe, aqui, dizer que não 
há necessidade de englobar todos os credores na negociação do plano. 
§ 3o O devedor não poderá requerer a homologação de plano 
extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver 
obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação 
extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. 
 Não pode pedir recuperação extrajudicial se estiver em recuperação judicial ou se tiver 
obtido outra recuperação em menos de 2 anos. 
§ 4o O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não 
acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do 
pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de 
recuperação extrajudicial. 
 Deixa claro que não é aplicado o art. 6º da lei. Inclusive os credores que não estiverem 
no plano poderão pedir a falência da empresa. Se o credor estiver incluído no plano, porém, 
seus direitos em face do devedor são suspensos. Isso não exclui, porém, a capacidade de 
exercer seus direitos contra coobrigados e garantidores – apesar de ser possível previsão em 
contrário no plano. 
§ 5o Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não 
poderão desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais 
signatários. 
 Até a data de levar ao juízo para a homologação, há livre desistência. 
§ 6o A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial 
constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do caput, da 
Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
 A sentença de homologação é um título executivo judicial, e caso o plano não seja 
cumprido os credores podem executar o devedor. O descumprimento, porém, aqui, não 
constitui causa de decretação da falência – podendo, inclusive, o devedor recorrer à 
recuperação judicial. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
Art. 162. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de 
recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus 
termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram. 
 Não são determinadas grandes exigências quanto a forma do plano de recuperação. 
Normalmente estabelece-se um contrato após negociações, e então se permite que os 
credores assinem um termo de adesão. 
Aqui determina-se, ainda, a recuperação facultativa – em que só os credores 
interessados vão aderir. A adesão é, então, voluntária. 
Art. 163. O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de 
recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que 
assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de 
cada espécie por ele abrangidos. 
 A participação dos credores é voluntária, exceto no caso de recuperação 
imposta. Esse artigo trata expressamente do segundo tipo: o impositivo. Há, então, 
possibilidade de o devedor impôr suas condições a credores minoritários. 
§ 1o O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de 
créditos previstos no art. 83, incisos II, IV, V, VI e VIII do caput, desta Lei, ou grupo de 
credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma vez 
homologado, obriga a todos os credores das espécies por ele abrangidas, exclusivamente 
em relação aos créditos constituídos até a data do pedido de homologação. 
 O plano não precisa envolver todas as classes da recuperação judicial, podendo 
determinar outros grupos. Além disso, os efeitos do plano se restringem aos créditos 
constituídos até a data do pedido de homologação – de modo que créditos posteriores não 
são afetados. 
§ 2o Não serão considerados para fins de apuração do percentual 
previsto no caput deste artigo os créditos não incluídos no plano de recuperação 
extrajudicial,os quais não poderão ter seu valor ou condições originais de pagamento 
alteradas. 
 Os créditos não incluídos não podem ter seus créditos ou condições de pagamento 
alteradas. 
§ 3o Para fins exclusivos de apuração do percentual previsto 
no caput deste artigo: 
I – o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional 
pelo câmbio da véspera da data de assinatura do plano; e 
II – não serão computados os créditos detidos pelas pessoas 
relacionadas no art. 43 deste artigo. 
 Mesmo que possam se submeter ao plano, as pessoas do art. 43 não tem seus votos 
contabilizados pois pode existir conflito de interesse. 
 § 4o Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia 
ou sua substituição somente serão admitidas mediante a aprovação expressa do credor 
titular da respectiva garantia. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 
§ 5o Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser 
afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa 
no plano de recuperação extrajudicial. 
§ 6o Para a homologação do plano de que trata este artigo, além dos 
documentos previstos no caput do art. 162 desta Lei, o devedor deverá juntar: 
 I – exposição da situação patrimonial do devedor; 
II – as demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as 
levantadas especialmente para instruir o pedido, na forma do inciso II do caput do 
art. 51 desta Lei; e 
III – os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para 
novar ou transigir, relação nominal completa dos credores, com a indicação do 
endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, 
discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação 
dos registros contábeis de cada transação pendente. 
 A petição inicial deve atender o art. 319 do CPC, conter justificativa e exposição da 
situação patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício. Deve, ainda, estabelecer 
o quadro de credores, com indicação de endereço, natureza, classificação e valor. 
 Art. 164. Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial 
previsto nos arts. 162 e 163 desta Lei, o juiz ordenará a publicação de edital no órgão oficial e em 
jornal de grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, 
convocando todos os credores do devedor para apresentação de suas impugnações ao plano de 
recuperação extrajudicial, observado o § 3o deste artigo. 
 Trata do procedimento de homologação. Devem ser publicados editais convocando os 
devedores e o envio de carta, pelo devedor, informando aos credos a distruibuição do 
pedido.Pela lei, 60 dias seriam suficientes, mas na prática leva cerca de 6 meses. 
§ 1o No prazo do edital, deverá o devedor comprovar o envio de carta a todos os 
credores sujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, informando a distribuição 
do pedido, as condições do plano e prazo para impugnação. 
§ 2o Os credores terão prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do edital, 
para impugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito. 
 Todos os credores estão legitimados para apresentar suas impugnações, mesmo que 
titulares de créditos não sujeitos ao plano. A impugnação deve ser fundamentada, conforme o 
parágrafo abaixo. 
§ 3o Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores 
somente poderão alegar: 
I – não preenchimento do percentual mínimo previsto no caput do art. 163 desta 
Lei; 
II – prática de qualquer dos atos previstos no inciso III do art. 94 ou do art. 130 
desta Lei, ou descumprimento de requisito previsto nesta Lei; 
 III – descumprimento de qualquer outra exigência legal. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 § 4o Sendo apresentada impugnação, será aberto prazo de 5 (cinco) dias para que 
o devedor sobre ela se manifeste. 
 A LREF não prevê instrução probatória no procedimento de homologação do plano 
extrajudicial. O magistrado pode, porém, pedir a produção de provas em caso de controvérsia. 
§ 5o Decorrido o prazo do § 4o deste artigo, os autos serão conclusos 
imediatamente ao juiz para apreciação de eventuais impugnações e decidirá, no prazo de 5 
(cinco) dias, acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença 
se entender que não implica prática de atos previstos no art. 130 desta Lei e que não há 
outras irregularidades que recomendem sua rejeição. 
 Não compete ao magistrado examinar a viabilidade do plano, pois são os credores que 
decidiram aderir. Ele deve cingir sua análise aos aspectos de legalidade. A homologação do 
plano acarreta a novação dos créditos a ele submetidos. 
§ 6o Havendo prova de simulação de créditos ou vício de representação dos 
credores que subscreverem o plano, a sua homologação será indeferida. 
 Caso a homologação seja indeferida, não há convolação em falência. Não cabe, então, 
ao juiz converter em falência. Os credores que devem pedir, se quiserem. 
 § 7o Da sentença cabe apelação sem efeito suspensivo. 
 A jurisprudência aceitando agravo de instrumento quando não se busca ir contra a 
totalidade da homologação, mas sim contra um valor reconhecido, por exemplo. 
 § 8o Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as 
formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação 
extrajudicial. 
 Art. 165. O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua homologação 
judicial. 
§ 1o É lícito, contudo, que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à 
homologação, desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma 
de pagamento dos credores signatários. 
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, caso o plano seja posteriormente rejeitado 
pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o direito de exigir seus créditos nas 
condições originais, deduzidos os valores efetivamente pagos. 
 Aborda os efeitos da homologação. É facultada a eficácia retroativa à assinatura ou ao 
pacto, com grande liberdade. 
 Além disso, caso o plano seja rejeitado, restaura-se a dívida original. O credor sabe, 
então, que se os outros não aceitarem a novação, ele também não precisará cumpri-la. É uma 
garantia de que ele não “ficará para trás”. 
 Os efeitos jurídicos após a homologação podem levar à novação dos créditos, o que 
gera, eventualmente, extinção de ações e execuções. Desse modo, os efeitos podem se 
estender aos credores dissidentes que foram abarcados pela recuperação extrajudicial 
imposta. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 Art. 166. Se o plano de recuperação extrajudicial homologado envolver alienação judicial 
de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, 
observado, no que couber, o disposto no art. 142 desta Lei. 
 Art. 167. O disposto neste Capítulo não implica impossibilidade de realização de outras 
modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores. 
 Vale, por fim, lembrar que os efeitos do stay não são aplicados. Por esse motivo, são 
possíveis execuções individuais. Há, nesse caso, extinção de cautelares e garantias, por 
exemplo, de todos aqueles que assinaram o plano, após sua homologação. 
AULA 9 – FALÊNCIA 
1. FALÊNCIA: NOÇÃO GERAL 
A falência é uma norma de fechamento sistemático do direito das obrigações. Isso 
porque o direito das obrigações é baseado no direito restituitório e na ideia de que ninguém 
pode provocar dano a outrem. Tem, então, como fundamento, a ideia de justiça comutativa – 
dá a cada um o que é seu. 
Já a falência foi um fenômeno formado justamentecom a evolução do direito das 
obrigações. Esse último desenvolver a teoria do inadimplemento, estabelecendo parâmetros, 
mas em algumas situações, especialmente empresariais, há um inadimplemento coletivo. 
O sistema de falências abandona, então, a ética do Direito das Obrigações, adotando 
um método muito mais próximo da justiça distributiva, através de um escalonamento de 
valores, determinando como e quem se paga. É, então, um caso excepcional vinculado ao 
direito falimentar, não alterando os paradigmas éticos da sociedade. 
O direito falimentar serve como uma saída, um farol do direito das obrigações e para 
todos os credores. Permite, então, que eles saibam o destino no caso de inadimplemento. O 
direito das obrigações tem um limite: a solvabilidade patrimonial do devedor. A falência, 
então, é uma saída essencial para todos, indicando um processo organizado. 
Ela não caracteriza, portanto, uma punição ao devedor. Isso porque, atualmente, já 
somos capazes de diferenciar a falência inocente da fraudulenta. Qualquer penalidade 
necessária deverá ser aplicada pelo direito penal. 
Nas áreas em que não há esse farol, é muito mais frequente a ocorrência de desvios 
éticos – a exemplo dos laranjas. É o que vemos no direito do consumidor, já que este não pode 
pedir falência, colocando seus bens no nome de outros. Esses desvios éticos são trágicos para 
a sociedade: isso porque não há uma consequência e nem uma saída nesses casos. 
A falência funciona também, então, como farol para os devedores, porque eles podem 
saber as consequências a que estarão submetidos se sofrerem o insucesso. A consequência 
principal é uma espécie de “morte civil”. 
O legislador, porém, não substitui o modelo obrigacional em sua totalidade. Isso 
porque a falência “não cria, extingue ou modifica direitos, mas sim altera o modo de exercê-
los”. Cria-se, então, um mecanismo, e não novo direito. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
A falência brasileira, porém, possui problemas. Um dos primeiros é que as pessoas 
naturais não tem direito a falir, ficando submetidas ao regime de insolvência – que é muito 
ruim, quase inútil.2 Falta, então, um mecanismo para isso, que existe em países como 
Inglaterra. Aqui, a falência é um privilégio dos empresários. Poderia, também, ser ampliada a 
aplicação da lei para os agentes econômicos. 
Outro problema é que a extinção das obrigações ocorre apenas 5 anos depois, um 
prazo muito longo. Além disso, nos casos em que há desconsideração da personalidade 
jurídica, não adianta a falência. Em casos de dívida trabalhista, ainda, nem é necessária a 
desconsideração, pois o devedor já responde pessoalmente. 
A falência nada mais é do que um processo de execução coletiva do devedor em face 
da pluralidade de credores com interesse sobre o seu patrimônio. Fica clara, então, sua função 
liquidatória, evitando uma multiplicidade de execuções individiuais diante de um patrimônio 
insuficiente. 
Tal procedimento, então, elimina o agente insolvente do mercado, protege os credores 
e seu crédito, e ainda pode almejar a preservação da empresa (nas mãos de outros 
empresários). 
São três os pressupostos da falência no Brasil: a qualidade de empresário ou sociedade 
empresária, a presunção de insolvência e a declaração judicial da falência. Fica claro, ainda, na 
legislação, que os princípios aplicáveis a falência são da preservação e maximização do 
patrimônio da empresa; da economia e celeridade processual; da unidade, indivisibilidade e 
universalidade do juízo da falência e do par conditio creditorium. 
2. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO: DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa 
a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, 
inclusive os intangíveis, da empresa. 
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da 
celeridade e da economia processual. 
 O primeiro artigo das disposições gerais determina a finalidade do sistema, dando um 
teor teleológico ao direito falimentar. Está por trás a ideia de função social, relacionada à 
propriedade dinâmica (valor da empresa ativa). Busca preservar os efeitos da empresa e o 
interesse dos credores. 
 Marca, também, que a falência gera o afastamento do devedor. Isso, porém, não é tão 
positivo, pois significa a paralisação da empresa. É por esse motivo que, muitas vezes, para 
garantir os fins da própria falência (interesse dos credores), prefere-se utilizar a recuperação 
como alternativa. É típico em casos em que a empresa não é capaz de suportar a liquidação, 
optando por uma liquidação na própria recuperação. 
 
2 Jurisprudência no moodle. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 O processo falimentar nada mais é do que uma execução coletiva, que busca a 
liquidação do patrimônio, através de um concurso de credores do direito empresarial, para 
levar à falência e dissolução da sociedade. Diz-se concurso de credores pois concorrem pelo 
patrimônio – o que existiria também fora da falência, mas é mais difícil, pois torna os bens 
ilíquidos (com a penhora, por exemplo). 
 Além disso, a falência dissolve, mas não extingue a sociedade. A dissolução é feito 
jurídico que abre a fase de da liquidação, impedindo que a sociedade exerça sua função social. 
Após a extinção das obrigações, ela pode voltar a atuar. 
 Na falência, a pessoa jurídica continua existindo, mas fica inabilitada pra prática de 
atos empresariais. Nasce, então, um ente despersonalizado: a massa falida. É regida pelas 
regras do condomínio. O elemento subjetivo é a união dos credores, e o objetivo é a própria 
extinção da massa falida. 
A falência é aplicada conforme o art. 2º da lei, que diz que “Esta Lei não se aplica a: 
empresa pública e sociedade de economia mista; instituição financeira pública ou privada, 
cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade 
operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e 
outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.” Apesar disso, há exceção: segundo a 
jurisprudência, sociedade de economia mista que não foi criada por lei pode se submeter à 
falência. A instituição financeira também pode falir pela lei 6024 (BACEN pode pedir a falência 
através do liquidante). 
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as 
ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, 
fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou 
litisconsorte ativo. 
 É o princípio da indivisibilidade e universalidade. Há, então, juízo universal, motivo 
pelo qual pode ser suscitado conflito de competência. Todas as ações tramitam no juízo 
falimentar, desde que envolvam bens, interesses ou negócios da massa falida. A vis attractiva 
se faz presente também, portanto, na falência. Isso porque, assim como na recuperação 
judicial, presume-se que o juízo falimentar está melhor capacitado para julgar as questões 
envolvendo interesses patrimoniais da massa falida. A jurisprudência pacificou, ainda, o 
entendimento de suspensão. 
 Tramitam no juízo falimentar as ações tipicamente falimentares, como a ação de 
responsabiliade de sócio ou administrador, a ação declaratória de ineficácia e a ação 
revocatória. 
 Existem, porém, exceções: as ações trabalhistas, fiscais, de competência da Justiça 
Federal, ações de quantia ilíquida anteriores à quebra, ações não reguladas na LREF em que a 
massa falida figura como autora, e ações anteriores à quebra em geral (que permanecem no 
juízode origem). A maioria dos casos anteriores é direcionada ao juízo universal após esgotar-
se a fase de conhecimento e ser determinada quantia líquida. 
 O fisco, porém, não se sbumete ao concurso, podendo as execuções fiscais serem 
propostas, mesmo apos a decretação da falência, fora do juízo falimentar. Embora a execução 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
siga normalmente, será inválido qualquer ato de constrição judicial (penhora) posterior à 
decretação. É possível, porém, que a Fazenda Pública se habilite no processo falimentar. 
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste 
artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser 
intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo. 
 O administrador é vinculado à massa falida. Há afastamento do devedor na falência, 
mas ele mantém a propriedade – mesmo que de modo “vazio”, pois não pode dispor. Os 
processos, então, prosseguem com o administrador judicial. Substitui-se o falido pela massa 
falida – sendo que integram esta última todos os bens e direitos do primeiro. 
Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das dívidas 
do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o abatimento 
proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a moeda 
do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta Lei. 
 A falência é marcada pelo vencimento antecipado das dívidas. Além disso, há 
necessidade de equalização, para determinar os poderes de cada credor. 
Art. 78. Os pedidos de falência estão sujeitos a distribuição obrigatória, 
respeitada a ordem de apresentação., 
Parágrafo único. As ações que devam ser propostas no juízo da falência 
estão sujeitas a distribuição por dependência. 
 Há distribuição obrigatória do processo, em ordem e por dependência. Além disso, a 
petição que postula a falência deve ser feita no juízo do local do principal estabelecimento do 
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil, conforme o art. 3º da Lei. 
Art. 79. Os processos de falência e os seus incidentes preferem a todos os outros 
na ordem dos feitos, em qualquer instância. 
 Esse artigo é vinculado à economia e celeridade. Na prática, é um dos últimos 
analisados, quando deveria ser um dos primeiros. 
Art. 80. Considerar-se-ão habilitados os créditos remanescentes da recuperação 
judicial, quando definitivamente incluídos no quadro-geral de credores, tendo 
prosseguimento as habilitações que estejam em curso. 
 Há, então, aproveitamento dos atos de recuperação judicial. 
Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente 
responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos 
jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para 
apresentar contestação, se assim o desejarem. 
§ 1o O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se 
retirado voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há menos de 2 
(dois) anos, quanto às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração do 
contrato, no caso de não terem sido solvidas até a data da decretação da falência. 
§ 2o As sociedades falidas serão representadas na falência por seus 
administradores ou liquidantes, os quais terão os mesmos direitos e, sob as 
mesmas penas, ficarão sujeitos às obrigações que cabem ao falido. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos 
controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas respectivas 
leis, será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da realização do ativo e 
da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, observado o procedimento ordinário 
previsto no Código de Processo Civil. 
§ 1o Prescreverá em 2 (dois) anos, contados do trânsito em julgado da 
sentença de encerramento da falência, a ação de responsabilização prevista 
no caput deste artigo. 
§ 2o O juiz poderá, de ofício ou mediante requerimento das partes 
interessadas, ordenar a indisponibilidade de bens particulares dos réus, em 
quantidade compatível com o dano provocado, até o julgamento da ação de 
responsabilização. 
 Os arts. 81 e 82 falam da responsabilidade dos sócios. Cabe dizer que, aqui, pessoa 
natural pode falir – em hipóteses raríssimas – mas não podem ser retirados “bens de família’. É 
mais comum a falência, então das sociedades. 
 Nas sociedades limitadas, os sócios não respondem. Nas ilimitadas sim, mas essas são 
poucas: as em comum (irregulares) e as simples (que desenvolvem atividade empresarial). 
 Existem, porém, fenômenos capazes de ultrapassar a limitação de responsabilidade. 
São eles: 
a) Desconsideração da Personalidade Jurídica: art. 50 do CC. Não implica em falência do 
sócio, mas sim em responsabilidade patrimonial. 
b) Responsabilidade Civil dos Controladores e Administradores: art. 82 desta Lei. Ocorre 
quando há ato ilícito. A responsabilidade patrimonial é proporcional ao dano causado. 
c) Extensão dos Efeitos da Falência: art. 81 desta Lei. Estende a falência para os sócios, 
que passam a ser falidos e, portanto, inabilitados. Só é possível esse feito para 
sociedades ilimitadas. Todo seu patrimônio pessoal será liquidado. Ocorre nos casos 
em que o empresário não cumpre seus deveres e, portanto, não ganha proteção. Aqui 
precisam ser habilitados também credores particulares. É exemplo o caso Temaky3, no 
moodle. 
• Na desconsideração e extensão só atinge o patrimônio dos sócios nos casos em 
que o da empresa for insuficiente. 
AULA 10 – ANÁLISE DA LEI (FALÊNCIAS) 
3. CLASSIFICAÇÃO DE CRÉDITOS 
O direito falimentar baseia a distribuição de crédito na ideia de que alguns possuem 
mais direitos que outros, tratando os desiguais de modo desigual. Esse tratamento 
diferenciado diz respeito à classificação dos créditos concursais conforme as prioridades 
 
3 Recentemente foi deferida a extensão, pois só agora Temaky foi considerada sociedade em comum 
devido às suas irregularidades. Ela é agora, então, ilimitada, podendo ser submetida ao art. 81 da lei. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
previamente estabelecidas. Como regra, os empregados são os primeiros a receber, mas a 
legislação brasileira também oferece grande proteção aos bancos. 
Isso sigifica dizer que uma classe só começa a receber o produto da alienação dos bens 
do falido depois que a classe hierarquiamente superior já estiver plenamente satisfeita, de 
acordo com a ordem estabelecida no art. 83. A integral satisfação da classe significa o 
recebimento do principal devido aos credores, acrescido da correção monetária do período. 
No interior dessas classes, o tratamento entre os credores é de igualdade, saalvo se existir 
regra que privilegie algum deles. 
O legislador compreendeu que algumas atividades devem ser tratadas de modo 
diverso, entrando aqui a atividade bancária. Aqui entra inclusive a ideia do Spread Bancário, 
que é a diferença entre o custo do dinheiro para o banco (o quanto ele paga ao tomar 
empréstimo) e o quanto ele cobra para o consumidor na operação de crédito. Se custo de 
captação do banco é de 10% ao ano, por exemplo, por meio de poupança, CDBs e outros 
produtos e ele empresta esse dinheiro por 50% ao ano, a diferença é o spread. 
A lei de falências, como já dito, deve ser um fatol para estimular a atividade 
econômica. O legislador, então, buscou dar segurança aos créditos bancários para evitar os 
juros excessivos que recaíam sobre aquelesque pagavam. 
A lei dividiu os créditos em créditos da massa falida e do falido. Os da massa são pagos 
antes, já que são extraconcursais. São diferentes, portanto, dos concursais. Precisamos, então, 
compreender alguns conceitos a fim de entender a classificação dos créditos. 
Há, ainda, outra categoria de crédito, que contempla as restituições. São bens, então, 
que foram arrecadados, mas não pertencem a massa ou ao falido. Esses bens devem ser 
restituídos com anterioridade, assemelhando-se aos créditos extraconcursais. O legislador 
resolveu usar essa técnica de determinar que alguns devem receber antes, sobrepondo-se 
inclusive aos empregados. Também entram aqui os créditos com garantia de propriedade, 
conforme o art. 49, parágrafo 3º. 
Há toda essa noção geral sobre a classificação de créditos, mas é a partir do art. 83 da 
lei que podemos fazer uma análise mais específica dos créditos concursais. Existem, porém, 
pontos nebulosos na matéria de classificação de créditos que devem ser abordados ao longo 
das aulas. 
Na classificação de créditos temos problemas, como o conflito entre classes de 
credores, das liquidações em apartado (que ocorrem antes de tudo) e até das restituições 
(novidade da lei). 
Temos, aqui, ainda, o “par conditio creditorium”, que é o princípio da paridade de 
tratamento aos credores. Essa foi a política legislativa escolhida. Há, então, prioridade dos 
credores conforme as classes determinadas por lei. Excluiu-se a ideia de “o primeiro no tempo, 
preferente no direito”. O princípio da igualdade entre os credores reina absoluto na fase de 
arrecadação, avaliação e alienação, só sendo relativizado na fase de pagamentos – em que há 
relação de ordem estabelecida pela lei. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
Ainda é possível a distinção entre credores da massa falida e do falido, sendo possível 
inclusive distinção dentro da própria massa falida. Em casos em que não se pode pagar todo o 
crédito extraconcursal, por exemplo, pode ser necessário um concurso na massa falida. 
Os créditos com prioridade absoluta são os de natureza estritamente salarial4, 
vencidos nos 3 meses antes da falência e até 5x o salário mínimo. O legislador não fala que são 
acima do extraconcursal, mas sim que, se houver caixa, deve pagar. Isso porque há uma 
natureza alimentar do salário. 
 Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem: 
Os créditos concursais estão, de certa forma, prejudicados, pois muitos já receberam 
antes deles. De modo geral, podemos dizer que 70% são quirografários. 
 I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) 
salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho; 
O primeiro inciso determina a prioridade absoluta dos créditos trabalhistas dentre os 
concursais. O legislador, porém, criou um limite de 150 salários mínimos, de modo que, 
excedendo isso, o restante irá para quirografário. Esse limite busca dispensar atenção especial 
aos trabalhadores com remuneração mais modesta, além de funcionar como dispositivo 
antifraude. É preciso analisar o caso concreto, pois existem casos, por exemplo, em que 
familiares são empregados, o que pode acabar gerando desvios. 
Os honorários não respeitam o limite estabelecido pela lei. Além disso, para a lei de 
falências, as contribuições ao FGTS (ente despersonalizado de direito público) é trabalhista. 
Além disso, representantes comerciais autônomos (pessoas naturais) entram no inciso I, como 
trabalhistas, havendo divergência sobre a aplicação do limite de 150 salários mínimos. As 
multas trabalhistas moratórias não se encaixam aqui. 
Sobre os honorários, discute-se: se há limite, é de 150 salários mínimos por processo, 
por advogado? Além disso, o CPC determina que os honorários são alimentares, enquadrando-
se como trabalhistas. A OAB, porém, determina que são de privilégio geral. Caso exceda os 150 
salários, fica como quirografário (vinculado ao trabalhista) ou geral (vinculado a OAB)? 
 II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado; 
 Aqui entra a garantia real, o que levou à discussão sobre o crédito bancário. Garantia 
real significa que tais credores possuem uma garantia protetiva ao inadimplemento da 
obrigação. 
 Há, porém, uma limitação: são classificados nessa classe os créditos até o limite do 
valor do bem gravado, sendo o excedente quirografário. Os juros dos créditos com garantia 
real também podem ser alocados nessa classe, se ainda estiverem dentro deste limite. 
 
4 Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses 
anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão 
pagos tão logo haja disponibilidade em caixa. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, 
excetuadas as multas tributárias; 
 Créditos tributários fiscais e parafiscais entram aqui. Os parafiscais são aqueles que 
incidem na folha de pagamento, a exemplo das contribuições para a previdência social. Não 
entram aqui, porém, multas tributárias. 
 Vale lembrar que a Fazenda Pública está dispensada do procedimento habilitatório, 
podendo ajuizar execução fiscal ou habilitar seu crédito. Escolher uma das vias materializa 
renúncia em relação a outra. 
 Os créditos tributários possuem uma sub-hierarquia interna. Primeiro recebe a União, 
depois os estados e, por fim, os municípios. 
 IV – créditos com privilégio especial, a saber: 
 Os créditos com privilégio especial decorrem, basicamente, de uma especial relação 
entre o bem e o crédito. São, então, créditos atrelados a bens, mas sem garantia real. Existem, 
porém, outras hipóteses determinadas pela lei. 
 a) os previstos no art. 964 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
 O CC determina que tem privilégio especial: o credor por despesas de salvamento, o 
credor por benfeitorias, o credor vinculado à frutos agrícolas, o credor vinculado à prédios e o 
credor por animais. 
 b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; 
 São exemplo aqui as notas de crédito industrial, comercial e rural, cuja função é 
facilitar a obtenção de empréstimos. Também entram aqui créditos das entidades de 
previdência complementar. 
 c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia; 
 Os credores com direito de retenção tem privlégio especial, mesmo que não possam 
exercer tal direito no contexto falimentar. Isso porque não é possível retenção na falência. 
 d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas e empresas 
de pequeno porte de que trata a Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 
2006 (Incluído pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 
 Os de privilégio especial normalmente estão associados à coisa. 
 V – créditos com privilégio geral, a saber: 
 Créditos com privilégio geral decorrem, normalmente, de gastos gerados com o 
falecimento do empresário individual. Existem, porém, hipóteses diversas. 
 a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002; 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 Vinculados ao falecimento do empresário: funeral, luto do cônjuge, despesas com a 
doença, etc. 
 b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei; 
 Aqueles que continuarem fornecendo durante a recuperação judicial,caso se 
mantenha a RJ ficam na mesma classe. Caso ocorra a falência, tem privilégio geral: o que foi 
emprestado durante a RJ é extraconcursal, mas o crédito que já existia antes pode ter seu 
privilégio convertido para real até o limite do que forneceu.5 
 c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei; 
 VI – créditos quirografários, a saber: 
 Quirografários são os créditos sem nenhum privilégio, também chamados de comuns 
ou ordinários. Esses credores estão sujeitos a rateio em caso de insuficiência de recursos para 
pagamento da totalidade da classe. 
 a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo; 
 Todos os demais créditos, não citados, são quirografários. 
 b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu 
pagamento; 
 Os valores que excedem a garantia real ou o bem do privilégio especial daqueles que 
os tiverem são quirografários. 
 c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o limite 
estabelecido no inciso I do caput deste artigo; 
 O valor trabalhista que exceda os 150 salários mínimos é quirografário. 
 VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou 
administrativas, inclusive as multas tributárias; 
 Entram aqui os créditos decorrentes da aplicação de sanções pelo descumprimento de 
obrigações contratuais ou legais. São, então, as multas contratuais e penas pecuniárias. 
Entram aqui, também, as multas tributárias. 
 VIII – créditos subordinados, a saber: 
 Os subordinados recebem por último, se remanescer algum saldo de ativo do devedor. 
 
5 Art. 67. Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial, 
inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão 
considerados extraconcursais, em caso de decretação de falência, respeitada, no que couber, a ordem 
estabelecida no art. 83 desta Lei. 
 Parágrafo único. Os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial pertencentes a 
fornecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de 
recuperação judicial terão privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, no limite do 
valor dos bens ou serviços fornecidos durante o período da recuperação. 
 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 a) os assim previstos em lei ou em contrato; 
 b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. 
 Os subordinados são aqueles que só podem ser pagos quando há lucro, não possuindo 
ativos como sua garantia. 
 § 1o Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bem 
objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no caso de 
alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. 
 § 2o Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao recebimento de 
sua parcela do capital social na liquidação da sociedade. 
 § 3o As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles 
estipuladas se vencerem em virtude da falência. 
 Cláusula penal de mútuo, por exemplo, não é exigível se ela venceu pela própria 
falência. 
 § 4o Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. 
 Hipótese de rebaixamento por cessão do crédito. Crédito trabalhista é personalissímo 
e, se for cedido, deixa de ser trabalhista – tornando-se meramente quirografário. Busca evitar 
a criação de um mercado de créditos trabalhistas, no qual seus titulares, com dificuldades 
financeiras, podem se ver compelidos a transferir seus créditos por valores irrisórios. 
 Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência 
sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a: 
 I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da 
legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados 
após a decretação da falência; 
 II – quantias fornecidas à massa pelos credores; 
 III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu 
produto, bem como custas do processo de falência; 
 IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido 
vencida; 
 V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, 
nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos 
geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 
desta Lei. 
 O art. 84 fala dos créditos extraconcursais, que normalmente ocorrem após as 
restituições (que são abordadas no artigo a seguir). Os créditos extraconcursais englobam as 
despesas da massa falida (remuneração do administrador e auxiliares e créditos trabalhistas 
após decretada a falência), quantias que os credores emprestam para a massa falida, despesas 
com custas do processo, custas judiciais (inclusive honorários) e obrigações relativas a 
negócios jurídicos durante a recuperação. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 Os gastos de despesas da massa podem ter de ser feitos inclusive antes da restituição. 
Isso porque as despesas serão pagas conforme a necessidade da massa falida. 
Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em 
poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. 
 Na arrecadação não se indaga se a efetiva propriedade é do falido ou de terceiros. Em 
decorrência disso, é comum que no momento da quebra estejam na posse do falido bens de 
propriedade de terceiros. A discussão sobre a propriedade desses bens ocorrerá em juízo, 
devendo o proprietário pedir a restituição. 
 A restituição visa, então, salvaguardar os direitos de proprietários de bens que não 
pertencem ao falido. Isso porque é o patrimônio do devedor, e não de terceiros, que deve 
garantir as obrigações do falido. 
 Em razão de sua natureza devolutiva, o pedido de restituição deve ser atendido antes 
de todo e qualquer credor, inclusive dos credores extraconcursais. 
 O caput do artigo prevê a restituição ordinária, a forma convencional do instituto. 
Aqui, o terceiro prprietário postula e obt´m a restituição do próprio bem. São diversos os 
exemplos, como bem dado em penhor ao credor que vem a falir, ou bem dado em comodato, 
dentre outros. 
 Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue 
ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. 
 Há, porém, hipótese de restituição extraordinária. Essa restituição protege algo diverso 
do direito de propriedade: protege a boa-fé e busca vedar o enriquecimento ilícito. Segundo a 
LREF, pode ser restituída coisa vendida a crédito e entregue ao devedor 15 dias antes do 
requerimento da falência, se ainda não alienada. Quem vendeu para a empresa pode, então, 
pedir restituição do bem, a fim de evitar que esse seja habilitado na falência (pois 
normalmente trata-se de crédito quirografário). É um estímulo, então, para que as vendas 
sejam a crédito – mas na prática ocorre pouco. 
 Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: 
 I – se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o 
requerente receberá ovalor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o 
respectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado; 
 II – da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de 
adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma do art. 75, §§ 3o e 4o, da Lei no 4.728, 
de 14 de julho de 1965, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, 
não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente; 
 III – dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé na hipótese de revogação ou 
ineficácia do contrato, conforme disposto no art. 136 desta Lei. 
 Parágrafo único. As restituições de que trata este artigo somente serão efetuadas após o 
pagamento previsto no art. 151 desta Lei. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 A restituição em dinheiro ocorre caso não seja possível restituir o bem, devendo 
corresponder ao seu valor de avaliação ou preço corrigido. Há, porém, uma peculiariade em 
relação as demais: a restituição em dinheiro somente é efetuada após dos créditos trabalhistas 
de natureza estritamente salarial vencidos nos três meses anteriores à decretação falência – 
até o limite de 5 salários mínimos por trabalhador. 
 O inciso I fala de perde, extravio ou venda da coisa pelo falido.O bem deve ser 
arrecadado e, após pedido de restituição, constata-se que ele não mais existe. Por exemplo, se 
um bem locado foi extraviado ao longo do processo, o locador pode pedir restituição em 
dinheiro. Normalmente entra no primeiro inciso os bens alienados para bancos. 
 O inciso II fala, basicamente, do adiantamento de contrato de câmbio6, consistindo na 
devolução do valor. É um mecanismo que busca incentivar as exportações e reduzir o risco do 
crédito. A instituição financeira que antecipou o valor que receberia pode, então, pedir 
restituição em dinheiro. 
Já o inciso III são os valores entregues de boa fé, aqui subjetiva, na hipótese de 
revogação ou ineficácia do contrato. Isso significa que, uma vez conhecida a ineficácia dos 
atos, as partes retornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à 
restituição dos bens ou valores entregues ao devedor. É exemplo caso do Super Dossul X 
SENAI. O SENAI comprou o supermercado, sabendo de sua situação ruim. Houve decretação da 
ineficácia e este teve que devolver o bem, passando a ter crédito para restituição. Não se pode 
falar, porém, de restituição na ação revocatória falencial, pois essa última pressupõe má fé. 
 A ordem de recebimento é, então, basicamente a seguinte: 
 
 TRABALHISTAS RESTITUIÇÕES EXTRANCONCURSAIS 
(caso haja fluxo de caixa) (pode inverter, no caso concreto) 
 
 Existem, porém, os chamados créditos pós-concursais. O art. 124, por exemplo, 
determina que não incidem juros contra a massa falida.7 
 Além disso, se decretada a falência, e os ativos pagarem até 50% dos quirografários, 
pode ser feita a extinção da falência. Isso busca estimular que se peça a falência o mais cedo 
 
6 Quando um exportador brasileiro realiza uma operação de venda para o exerior, ele recebrá o 
pagamento em moeda estrangeira. Segundo a lei brasileira, essa moeda estrangeira deve ser vendida 
para instituição financeira, convertendo-se o valor em reais. Como existe um lapso temporal entre o 
fechamento do contrato e sua concretização, é comum que o exportador precisa de recursos e faça uma 
operação de adiantamento, antecipando os valores que receberá, tornando a instituição financeira 
credora dos valores a serem recebidos em moeda estrangeira. 
7 Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, 
previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores 
subordinados. 
 Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditos com garantia 
real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem a garantia. 
 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
possível, a fim de garantir o pagamento ao máximo de credores. Permite-se, então, nessa 
situação, que seja retomada a vida civil. 
 Art. 87. O pedido de restituição deverá ser fundamentado e descreverá a coisa reclamada. 
 § 1o O juiz mandará autuar em separado o requerimento com os documentos que o instruírem 
e determinará a intimação do falido, do Comitê, dos credores e do administrador judicial para que, 
no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, se manifestem, valendo como contestação a manifestação 
contrária à restituição. 
 § 2o Contestado o pedido e deferidas as provas porventura requeridas, o juiz designará 
audiência de instrução e julgamento, se necessária. 
 § 3o Não havendo provas a realizar, os autos serão conclusos para sentença. 
 O art. 87 determina o procedimento de restituição. Ele será realizado por meio de 
petição, com pedido fundamentado, inclusive documentalmente, delineando a relação jurídica 
entre o terceiro e o falido. O requerimento deve, ainda, descrever a coisa reclamada, de modo 
a identificá-la adequadamente. O requerente pode, inclusive, pedir antecipação da tutela. 
 A petição do pedido de restituição é distribuída por depedência ao juízo falimentar. 
Recebida a petição, o juiz mandará autuar em aparado o requerimento. Serão, ainda, 
intimados o Comitê de Credores, o falido e o administrador, para que se manifestem. Provas 
podem ser exigidas mesmo sem apresentação de contestação. 
 Art. 88. A sentença que reconhecer o direito do requerente determinará a entrega da coisa no 
prazo de 48 (quarenta e oito) horas. 
 Parágrafo único. Caso não haja contestação, a massa não será condenada ao pagamento de 
honorários advocatícios. 
 A restituição é para ser um procedimento extremamente sumário, realizado em 48h. 
Além disso, não entra a restituição no quadro de credores – ou seja, o proprietário não se 
submete ao concurso de credores. É difícil dizer, então, se há de fato prioridade, pois a lei só 
determina um critério temporal. 
 A jurisprudência, por exemplo, determina que não se faz restituição em dinheiro antes 
do pagamento dos empregados. Não está na lei, mas é entendimento pacificado. 
 Caso não haja contestação da restituição por parte da massa, ela não será condenada 
ao pagamento dos honorários sucumbenciais. O mesmo raciocínio aplica-se caso haja 
manifestação a favor da restituição. Uma vez contestado, os honorários serão suportados pelo 
vencido, seja ele a massa ou o requerente. 
 Art. 89. A sentença que negar a restituição, quando for o caso, incluirá o requerente no 
quadro-geral de credores, na classificação que lhe couber, na forma desta Lei. 
 Caso seja negada a restituição, ou seja, sentença improcedente, o requerente entra no 
quadro geral de credores, na categoria em que se julgar correta. 
 Art. 90. Da sentença que julgar o pedido de restituição caberá apelação sem efeito 
suspensivo. 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 Parágrafo único. O autor do pedido de restituição que pretender receber o bem ou a quantia 
reclamada antes do trânsito em julgado da sentença prestará caução. 
 Fala da possibilidade de apelação. 
 Art. 91. O pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em julgado. 
 Parágrafo único. Quando diversos requerentes houverem de ser satisfeitos em dinheiro e não 
existir saldo suficiente para o pagamento integral, far-se-á rateio proporcional entre eles. 
 O artigo91 suspende a disponibilidade da coisa. Esse é, então, um efeito automático 
do pedido de restituição. Fala, ainda, em seu parágrafo único, do rateio proporcional 
(conforme o valor), dando a entender que é pago antes mesmo dos extraconcursais (pois estes 
últimos teriam que fazer um concurso dos extraconcursais). Na prática, porém, não é 
necessariamente assim. 
 Art. 92. O requerente que tiver obtido êxito no seu pedido ressarcirá a massa falida ou a quem 
tiver suportado as despesas de conservação da coisa reclamada. 
 As despesas do depósito devem ser ressarcidas pelo requerente que obteve sua 
restituição. É de bom tom que o juiz, inclusive, condicione a entrega do bem ou pagameto ao 
ressarcimento de tais despesas. 
 Art. 93. Nos casos em que não couber pedido de restituição, fica resguardado o direito dos 
credores de propor embargos de terceiros, observada a legislação processual civil. 
 Possibilidade de embargos de terceiros quando não houver pedido de restituição 
propriamente. É exemplo o caso já citado da Encol, em que muitas pessoas tinham o usucapião 
– mas não a propriedade, ainda. Tais embargos devem ser distribuídos por dependência e 
autuados em apartado. 
 Interessante, aqui, dizer que, na falência, há menos alterações da jurisprudência em 
relação à lei. Segue-se mais, então, a “letra da lei”, pois as normas da falência são mais antigas 
e tendem, portanto, a refletir melhor a realidade, exigindo menos influência dos juízes. Fica 
clara, novamente, a essência do direito: o embate entre segurança jurídica (legalidade) e 
justiça (prática, jurisprudência). 
AULA 11 – ANÁLISE DA LEI (FALÊNCIAS) 
4. REGRAS DE DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA 
A falência divide-se em “autofalência” e falência requerida por terceiro. Os credores 
podem pedir em três oportunidades, conforme o art. 94 da Lei. A LREF trabalha com um 
conjunto de presunções, previamente descritas pelo legislador, que permitem que o juiz 
decrete a falência do empresário ou sociedade. 
 Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
PROF. GERSON BRANCO 2017/1 HELENA FABRICIO 
 As três hipóteses abaixo geram presunções de insolvência do devedor, e se essa 
presunção não for derrubada ao longo do processo falimentar, transforma-se em certeza, 
permitindo o decreto falimentar. 
 I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada 
em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) 
salários-mínimos na data do pedido de falência; 
Quando há impontualidade no cumprimento das obrigações, levando há uma 
presunção de insolvência. Deveria ser no mínimo 40 salários mínimos, podendo incluir juros e 
correção se o crédito prever essa possibilidade. É possível, também, litisconsórcio para atingir 
os 40 salários. Esse valor estipulado, ainda que baixo, serve para evitar que todos busquem a 
falência e para impedir que utilizem o instituto como método para cobrança de créditos. Para 
esse pedido, deve juntar o original do titulo de crédito. 
A impontualidade é composta, portanto, pelo inadimplemento da obrigação, pela falta 
de justificativa8, a liquidez da dívida (que deve também ser certa e exigível), o atingimento do 
piso legal, e a existência de título executivo protestado (a fim de comprovar a falta de 
pagamento).9 
 II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora 
bens suficientes dentro do prazo legal; 
 Trata da execução frustada. É quando o credor não tem elementos para cobrar e o 
devedor para pagar. Suspende-se, então, a execução feita pelo credor, e este utiliza cópia 
autenticada do processo (não precisa do original) para pedir a falência do devedor. Também é 
cabível essa hipótese quando o devedor tem bens, mas não há liquidez. 
 São elementos da execução frustrada: a existência de execução judicial de quantia 
certa e líquida, e a verificação da tríplice omissão por parte do devedor – ele não paga, não 
deposita como garantia, e não nomeia bens à penhora. 
 Aqui, dispensa-se o mínimo de 40 salários mínimos e a necessidade de protesto. 
 III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação 
judicial: 
 É a famosa falência por “atos e fatos”. Aqui não se depende de um inadimplemento do 
devedor. O que marca a presunção de falência são atos que sinalizam a desagregação do seu 
negócio, pois tais atos não condizem com uma situação econômico financeira normal. 
É muito importante, mas muito raro que se utilize esse meio para decretar a falência. 
Normalmente são utilizados os incisos I e II e a autofalência. Apesar disso, a matéria desse 
inciso sempre acaba sendo discutida, ois determina um “estado do falido”. Ele ajuda, então, a 
 
8 Seriam justificativas as hipóteses arroladas no art. 96, como a falsidade do título, a prescrição e o 
pagamento da dívida. 
9 Aqui, mesmo os títulos não sujeitos a protesto devem ser protestados para que se postule a falência, 
pois o protesto é a única forma de caracterizar a impontualidade. 
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fixar quando houve a falência, pois passou a agir como um falido agiria Ajuda, também, então, 
nos casos em que se busca retrotrair (retroagir) o termo da falência. 
O rol de atos falimentares é fechado, numerus clausus. Vale, porém, lembrar que 
quaisquer desses atos, executados por empresa em recuperação judicial – desde que previstos 
no plano – não caracterizam falência. 
 a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou 
fraudulento para realizar pagamentos; 
 A liquidação precipitada ocorre quando o devedor, objetivando extinguir seu negócio 
ou estabelecimento, apressa a venda de ativos sem se preocupar com os credores. É exemplo 
alienação de produtos por preços injustificados, abaixo do valor de mercado. 
 Já o termo “meios ruinosos ou fraudulentos” marca o dever geral de qualquer pessoa 
pagar suas dívidas de forma lícita e idônea. 
 b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou 
fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, 
credor ou não; 
 São atos falimentares aqueles que buscam retardar pagamentos ou fraudar credores. 
Aqui, é necessário demonstrar o ânimo elisivo do devedor, que deve ter o objetivo específico 
de prejudicar os credores – mesmo que indiretamente. 
 c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os 
credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; 
 A transferência de estabelecimento, mesmo que sem intenção fraudulenta, sem o 
consentimento dos credores e sem ficar com patrimônio para solver seu passivo, caracteriza 
ato falimentar. Na falência com base nessa hipótese, o devedor pode tentar comprovar que o 
valor de venda do estabelecimento é suficiente para pagar suas dívidas. 
 d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a 
legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; 
 A simulação da transferência de estabelecimento, desde que com intenção de fraudar, 
caracteriza ato falimentar. É a mudança de endereço, muito utilizada. Empresas grandes 
também fazem. É exemplo a SIEMENS. 
 e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens 
livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; 
 O primeiro caso mundial famoso foi o Salomon VS Salomon na Inglaterra. A família 
Salomon constituiu uma SA, sendo que os sete membros eram as5 filhas, o pai e a mãe. A 
empresa faliu e o único credor que recebeu da empresa foi o próprio Salomon, pois colocou 
uma garantia real sobre os bens que teria cedido à empresa, possuindo uma hipoteca. Em 
primeiro grau, houve a desconsideração da personalidade. 
 Presume-se, então, que, se possuo um bem livre, devo utilizá-lo para produzir nova 
renda, oxigenando o patrimônio da empresa, e não para reforçar um crédito que já possuo. 
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 f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os 
credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou 
de seu principal estabelecimento; 
 A ausência ou abandono do estabelecimento, sem deixar representanda habilitado, é 
hipótese para pedido de falência. Tal hipótese independe de o negócio continuar funcionando, 
sendo que o fechamento do estabelecimento leva à presunção de abandono. 
 A simples mudança de domícilio comercial, porém, não se enquadra necessariamente. 
Isso porque deve ser comprovada que a mudança foi furtiva. 
 g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação 
judicial. 
 O inadimplemento de obrigação assumida no plano de recuperação caracteriza ato 
falimentar. Caso tal descumprimento ocorra no período de 2 anos após a concessão do regime 
recuperatório, há convolação em falência. Se for após esse período, qualquer credor poderá 
requerer execução específica ou a própria falência com base nesse inciso. 
 A seguir serão tratadas as condições para a falência. 
 § 1o Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o 
pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo. 
 Litisconsórcio para unir os 40 salários mínimos. Na petição inicial deve ser apresentado 
o título executivo (podendo ser cópia) e os respectivos instrumentos de protesto. 
 § 2o Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência os créditos que nela não se 
possam reclamar. 
 Por exemplo, não é possível reclamar de doação (que é gratuita). Além disso, os 
créditos fiscais também não poderão pedir a falência, pois o fisco prossegue com sua execução 
em apartado. Ele deve ser pago, então, conforme a ordem da falêcia – mas não pode postulá-
la. 
 § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com os 
títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9o desta Lei, acompanhados, em qualquer 
caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislação 
específica. 
 Processo para fim falimentar deve haver um pedido especial. Torna um pouco mais 
difícil pedir a falência, pois deve haver uma soma de elementos para que se caracterize a 
insolvência do devedor. Em caso de impontualidade, sempre deve haver a comprovação de 
que o título executivo da dívida foi devidamente protestado. Na doutrina, embora a lei fale da 
finalidade falimentar, já há entendimento dominante de que é desnecessário o protesto 
específico para fim falimentar. 
 § 4o Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com 
certidão expedida pelo juízo em que se processa a execução. 
 No caso de execução frustrada, deve ser emitida pelo juízo da execução uma certidão 
narratória, a fim de que o credor proceda à falência, em processo autônomo. 
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 § 5o Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido de falência descreverá os fatos 
que a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que serão 
produzidas. 
 Na falência por atos falimentares, devem ser descritos os fatos e especificadas as 
provas, elencando testemunhas, por exemplo. Há, aqui, então, maior necessidade de instrução 
probatória. Se não for aceito o pedido, o réu pode pedir indenização por perdas e danos a 
serem pagas no mesmo processo. Por isso é importante ter provas. 
5. MEIOS DE DEFESA DO DEVEDOR 
 Art. 95. Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial. 
 O devedor poderá, no prazo da contestação - ou seja, em 10 dias – postular pedido de 
recuperação judicial. O TJSP, porém, já determinou que o devedor poderá pedir a recuperação 
até a data da decretação de falência. Se for após os 10 dias, porém, não será como defesa, e 
sim em processo autônomo. 
 Fica determinada, aqui, a possibilidade de pedido incidental de recuperação judicial. 
Uma vez escolhida essa via, não pode o devedor apresentar defesa de mérito concomitante. É 
possível, porém, que se utilize o depósito elisivo, para que, caso indeferido o pedido de 
recuperação, não seja decretada sua quebra. 
 Caso seja concedida tal recuperação, o plano prevalecerá sobre o processo de falência, 
acarretando novação dos débitos por ele abrangidos. 
 Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será 
decretada se o requerido provar: 
 Hipóteses de contestação ou simples defesa oferecidas ao devedor. Esse artigo da 
contestação, porém, é um norte do que se pode alegar – não é taxativo. O devedor pode, 
então, tentar afastar a presunção relativa de que está falido. 
 Apesar de o caput do artigo delimitar a utilização dos incisos como defesa à 
impontualidade, é possível sua utilização na execução frustrada também. Isso porque, por 
exemplo, a falsidade de títulos também poderá ser pertinente. 
 I – falsidade de título; 
 II – prescrição; 
 Caso se reconheça a prescrição em relação a um dos débitos, e os demais não 
possuam a soma de 40 salários mínimos, deve ser julgada improcedente a ação de falência. 
 III – nulidade de obrigação ou de título; 
 IV – pagamento da dívida; 
 V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de 
título; 
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 Deixa claro que o rol é meramente exemplificativo. 
 VI – vício em protesto ou em seu instrumento; 
 Súmula 361 STJ – protesto, para requerimento de falência, exige a identificação da 
pessoa que recebeu. 
 VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os 
requisitos do art. 51 desta Lei; 
 VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, 
comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra 
prova de exercício posterior ao ato registrado. 
 Se o negócio está parado há mais de 2 anos não cabe falência. Isso porque não poderá 
atingir os intangíveis. Já há, inclusive, jurisprudência dizendo que não é necessário documento 
no registro, sendo possível outro tipo de prova. Esse critério de 2 anos é muito importante, 
pois vincula-se ao art. 75. Há coerência e sistemática na lei, de modo que um artigo 
complementa o outro. 
 Também não caberá falência quando houver dissolução total da sociedade anônima ou 
decurso do período de um ano da morte do devedor. 
 § 1o Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e partilhado seu 
ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. 
 § 2o As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a decretação de 
falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante que supere o 
limite previsto naquele dispositivo. 
 Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. 
 Prazo após o deferimento da petição inicial para que o devedor, citado,faça sua 
defesa. O oficial de justiça só é obrigado a procurar o devedor em seu estabelecimento, de 
modo que, caso não encontrado, pode ser notificado por edital. 
 A defesa do réu busca afastar a presunção relativa de insolvência. O conteúdo de tal 
contestação, portanto, varia conforme o suporte que fundamentou o pedido. 
 Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o 
devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, 
acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não 
será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do 
valor pelo autor. 
 Há, ainda, a hipótese do depósito elisivo. Busca elidir os efeitos da falência, evitando-a 
através do depósito de valores, que corresponderão a quantia cobrada10. O juiz examina e 
pode dar procedência ou improcedência à falência. Caso seja improcedente, o réu levanta o 
 
10 Dívida, acrescida de correção monetária, juros, honorários advocatícios. A jurisprudência já entende 
que cabe, inclsuvei, o depósito das custas processuais – mesmo que não esteja expressamente previsto 
em lei. 
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valor – e o juiz condenará ao autor o pagamento de custas e honorários. Se for procedente, o 
autor levanta o depósito, mas não é decretada a falência. 
Não afasta, então, o julgamento de falência, mas sim a decretação. Pode haver, 
portanto, o preenchimento dos pressupostos para falir, mas ela não é decretada devido ao 
depósito (não surte efeitos). O depósito elisivo cabe tanto para impontualidade quanto para 
execução frustrada. 
 É possível que o devedor faça apenas o depósito elisivo, ou que escolha contestar e 
fazer o depósito cumuladamente. Entretanto, uma vez depositado o valor, a falência não pode 
ser decretada, de modo que a ação falimentar converte-se em verdadeira medida judicial de 
cobrança. 
 
 Além disso tudo, o réu também pode reconhecer a procedência do pedido, oferecer 
exceções (de incompetência, impedimento e suspeição), dentre outros incidentes processuais. 
Pode o devedor também ser revel – não se defender nem fazer depósito elisivo – mas isso não 
inibe o magistrado de analisar os fatos e o direito a fim de julgar a quebra. 
 Nos casos de defesa contra atos falimentares, vale lembrar que os incisos do art. 96 
são incompatíveis. Também não caberá depósito elisivo. O devedor poderá, apenas, tentar 
explicar e comprovar que o ato realizado não tinha qualquer vínculo com sua solvência ou não. 
 A jurisprudência tem aceito, ainda, transação judicial (acordo) no bojo da ação 
falimentar para os casos de impontualidade. Com tal acordo, feito entre credor e devedor, a 
falência torna-se inviável. 
6. LEGITIMIDADE PARA FALÊNCIA 
A falência é atribuição exclusiva do Poder Judiciário, mas, ressalvadas hipóteses de 
decretação de ofício, o magistrado precisa que uma parte legítima provoque a prestação de tal 
atividade jurisdicional. 
O art. 97 determina uma ampla legitimação para postulação da falência – 
diferentemente do que ocorre na Recuperação Judicial e Extrajudicial. Analisaremos, então, 
cada um dos legitimados. 
 Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 
 I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; 
 É a autofalência. Não segue, então, o procedimento do 95. 
 No caso dos empresários individuais, o próprio sujeito faz o pedido. Já quando a 
sociedade empresária postula sua autofalência, o ordenamento exige que a decisão parta dos 
sócios – e não dos administradores, embora a assinatura seja dos últimos na maioria dos 
casos. 
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 II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; 
 Hipótese da falência póstuma, após a morte do devedor. São casos bastante raros. 
Todos os elencados tem legitimidade, individualmente, para postular a falência. 
 Apesar disso, o cônjuge só tem legitimidade quando possui interesse econômico – 
decorrente do regime de bens do casamento - e, quando o pedido for postulado por apenas 
um dos herdeiros, devem ser ouvidos os demais. 
 O rito seguido, nesses casos, é também o de autofalência. 
 III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; 
 O sócio do devedor pode pedir a falênca. Esse inciso difere da RJ: aqui, os minoritários 
podem pedir falência, confessando a situação da empresa, protegendo o seu patrimônio e dos 
credores. Isso, porém, não é muito comum. 
 O sócio legitimado pode ser pessoa física ou jurídica. Tal pedido não é embasado na 
autofalência, mas sim em uma das hipóteses do art. 94. O sócio deve, ainda, comprovar sua 
condição de cotista ou acionista a partir do contrato social. 
 IV – qualquer credor. 
 Qualquer credor, sendo empresário ou não, pode postular a falência. Vale lembrar, 
porém, que, sendo empresário, é necessária comprovação de regularidade no Registro Público 
de Empresas. Embora ele não possa postular a falência, não significa que ele não possa 
habilitar seu crédito. 
 Entram, aqui, os credores com garantia real, o credor de pensão alimentícia e até 
mesmo o credor com crédito ainda não vencido. Estão incluídos, também, o agente fiduciário 
dos debenturistas, os credores irregulares (desde que não empresários) e os credores 
domicialidos no exterior . 
 Não podem, porém, postular a falência a Fazenda Pública (credor tributário), 
justamente por seu crédito não ser passível de concurso e os credores com créditos inexigíveis 
na falência. São créditos inexigíveis os decorrentes de obrigações a titulo gratuito e resultantes 
de despesas que os credores tiveram para tomar parte na recuperação ou falência. 
 Os incisos acima são hipóteses de falência por terceiro. 
 § 1o O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que 
comprove a regularidade de suas atividades. 
 § 2o O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao 
pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei.11 
 
11 Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na sentença que julgar improcedente o 
pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em liquidação de sentença. 
 § 1o Havendo mais de 1 (um) autor do pedido de falência, serão solidariamente responsáveis aqueles que se 
conduziram na forma prevista no caput deste artigo. 
 § 2o Por ação própria, o terceiro prejudicado também pode reclamar indenização dos responsáveis. 
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 Trata, este parágrafo, da indenização na improcedência. 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: 
 O julgamento encerra essa fase pré-falimentar. Tal sentença tem caráter constitutivo. 
 I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse 
tempo seus administradores; 
 II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias 
contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por 
falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; 
 O termo legal deve ser fixado pela sentença. Tal termo não pode retrotair por mais de 
90 dias. 
 III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias,

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