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Criação e Funcionamento do SUS: Saúde no Brasil até 1987 e a Reforma Sanitária

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Aula 2 : Criação e Funcionamento do SUS 
 
Assunto 1 - A saúde no Brasil até 1987 
Antes do Sistema Único de Saúde (SUS) ser criado no Brasil, em 1988, o cenário da 
saúde brasileira era o seguinte: 
Até 1987 apenas os trabalhadores com carteira assinada tinham acesso ao 
atendimento na rede pública de saúde, por serem segurados pela previdência 
privada. 
A assistência médico-hospitalar era prestada pelo Instituto Nacional de Assistência 
Médica da Previdência Social (INAMPS), controlado pelo Ministério da Previdência e 
Assistência Social. 
As ações de promoção da saúde eram responsabilidade do Ministério da Saúde, que 
desenvolvia quase todas as campanhas que visavam à prevenção de doenças, como 
informação sobre o controle de endemias e vacinação. 
**A reforma sanitária brasileira: 
Para entender o que foi a Reforma Sanitária e sua repercussão no contexto atual da 
saúde pública, é importante compreendê-la como um movimento global, associado 
ao processo de consolidação da democracia no Brasil, iniciado na década de 1970. 
Trata-se de um movimento voltado para a ampliação dos direitos de cidadania à 
população, especialmente às camadas sociais marginalizadas. A limitação dos 
direitos civis, durante os anos de autoritarismo, agravou a desigualdade social com 
relação a direitos básicos, como o direito ao atendimento no setor de saúde pública. 
A proposta central da reforma sanitária brasileira era garantir o direito à saúde para 
toso cidadão, colocando em questão o dever do Estado nesse contexto. 
Podemos entender a Reforma Sanitária como um projeto dentro de uma trajetória 
maior que englobou outros projetos econômico sociais. Esse cenário de 
reivindicações comtemplava a unificação do sistema de saudade através de uma 
nova politica pública. Esse processo visava à universalização do atendimento e o 
acesso de toda população, com extensão de cobertura de serviços. 
O movimento sanitarista brasileiro cresceu a longo dos anos 1980 e ganhou 
representatividade através da participação de profissionais de saúde, políticos e 
lideranças populares. Com o objetivo de lutar pela reestruturação do sistema de 
saúde, este movimento teve como marco a 8ª Conferência Nacional de Saúde, 
ocorrida em Brasília, em 1986. 
As discussões centralizadas nesta conferência, que contou com a participação de 
representantes da população, resultaram em propostas que foram comtempladas no 
texto da Constituição Federal, promulgada em 1988. as ideias também se 
consolidaram nas leis orgânicas da saúde, garantindo a valorização de um conceito 
ampliado de saúde, que engloba a promoção, a proteção e a recuperação. 
 
Assunto 2 - A criação do regulamento do SUS - Constituição Federal de 1988 
. Como resultante de um processo de mudanças sociais que englobou a saúde 
pública, o Sistema Único de Saúde é criado na Constituição Federal de 1988. 
**. Mas, além da formalização garantida pela Constituição, outras leis são 
fundamentais para a compreensão da proposta de funcionamento dos SUS. Vamos 
conhecê-las a seguir: 
A Lei 8.080/90 de 19.09.90 
O SUS é definido pelo artigo 198 da Constituição Federal Brasileira (1988) e 
regulamentado pela Lei 8080 promulgada em 19 de setembro de 1990. A lei 
estabelece a integração das ações e serviços de saúde, substituindo um sistema 
regionalizado e hierarquizado. A saúde é assegurada, na Constituição Brasileira, 
como um dever do Estado. Mas nesse contexto, o Estado não diz respeito apenas ao 
governo federal. O Poder Público, no que diz respeito à saúde, abrange a União, os 
Estados e os municípios. A implementação do SUS implica a integração das 
obrigações de todas as esferas do governo e a construção de políticas setoriais, 
adequadas às diferentes realidades regionais. 
A lei Orgânica da Saúde regulamenta as ações do Sus em todo o território nacional, 
estabelecendo diretrizes e detalhando as competências de cada esfera 
governamental. A lei: “Determina como competência do SUS a definição de critérios, 
valores e qualidade dos serviços. Trata da gestão financeira, define o Plano Municipal 
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível de direção do 
SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos públicos” 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 
Na lei 8.080/1990 estão formuladas a estrutura do SUS e as bases para o seu 
funcionamento. Faz parte da legislação que ampliou a definição de saúde, 
considerando-a também a partir de aspectos sociais, dentro da noção de qualidade 
de vida. Assim, são levados em conta diversos fatores determinantes, como: 
alimentação, moradia, saneamento básico, trabalho, educação, lazer e acesso a bens 
e serviços essenciais. 
A lei 8.142/90 de 28/12/90 
Trata do papel e participação da comunidade na gestão do SUS e da transferência de 
recursos financeiros entre União, estados e municípios. Fica estabelecida a 
participação da comunidade, que deve ser concretizada através dos Conselhos de 
Saúde. 
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) institui um espaço de participação social na 
administração do Sistema Público. O Conselho Nacional consolida o controle social 
por intermédio dos Conselhos Estaduais e Municipais. 
“ O CNS é uma instância coletiva, com pode de decisão. Ligado ao Poder executivos, 
é comporto por 50% de usuários, 25% de trabalhadores de saúde e 5%de 
prestadores de serviços. Representantes do governo, profissionais de saúde e 
usuários estão entre os participantes e o número de conselheiros varia entre 10 e 20 
membros. O Presidente é eleito entre os membros e a representação depende da 
realidade existente em cada área preservando-se o principio da paridade em relação 
aos usuários” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 
Quanto ao funcionamento, as reuniões ordinárias do CNS ocorrem uma vez por mês, 
podendo haver reuniões extraordinárias por convocação do Presidente do Conselho 
ou por deliberação do plenário ( fóruns deliberativos). Entre as atribuições dos 
Conselhos de Saúde, destaca-se: 
• Propor a adoção de critérios que definam qualidade e melhor funcionamento do 
sistema de saúde; 
• Fiscalizar a movimentação de recursos; 
• Propor critérios para a execução financeira e orçamentária do Fundo de Saúde; 
• Examinar propostas e denúncias; 
• Estimular a participação social na administração do SUS (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2012). 
*Novas premissas * 
**As leis 8.080/90 e 8.142/90 preveem os princípios de funcionamento do SUS, 
baseados em premissas que modificam a concepção de saúde e, consequentemente, 
o modelo de assistência: 
 
“O Sistema Único de Saúde é, por definição constitucional, um sistema público, 
nacional e de caráter universal, baseado na concepção de saúde como direito de 
cidadania e nas diretrizes organizativas de: descentralização, com comando único em 
cada esfera de governo; integralidade do atendimento; e participação da comunidade. 
 
A implantação do SUS não é facultativa e as respectivas responsabilidades de seus 
gestores – federal, estaduais e municipais – não podem ser delegadas. O SUS é uma 
obrigação legalmente estabelecida” (CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS 
DE SAÚDE, 2012). 
 
Assunto 3 - Política do SUS 
**A política que rege o SUS determina: 
A descentralização (os estados e municípios passam a fornecer atendimento 
conforme as necessidades locais). 
A integralidade do atendimento (disponível a todos os cidadãos). 
A participação da comunidade nas decisões importantes relativas à saúde pública. 
*Os princípios do SUS * 
**Dentro do programa de políticas públicas para a saúde, existem princípios (alguns 
já mencionados no tópico anterior) que são elementos fundadores da visão ampliada 
de saúde, associados às ações de promoção, proteçãoe recuperação da saúde. São 
elementos doutrinários e de organização do SUS. Dentre eles, destacam-se: 
• Universalidade: 
A saúde passa a ser vista como um direito de todos, como afirma a Constituição 
Federal de 1988. Promover e garantir a atenção à saúde para toda a população 
brasileira, sem distinção, torna-se obrigação do Estado. Esta foi a principal 
reivindicação do movimento sanitarista, que impulsionou a reformulação da política 
púbica no setor de saúde e a criação do SUS. 
• Descentralização político-administrativa: 
O processo de descentralização, como já foi visto, consiste na redistribuição do 
poder, estabelecendo uma nova relação entre os três níveis (esferas) do governo – 
federal, estadual e municipal. Desta forma, cada uma das esferas tem atribuições 
próprias. Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante no 
gerenciamento dos próprios recursos e demandas específicas da população. 
• Integralidade: 
A partir da criação do SUS, a atenção à saúde inclui tanto o tratamento quanto a 
prevenção da doença, englobando os meios individuais e os coletivos. As 
necessidades de saúde das pessoas ou de grupos devem ser levadas em conta. 
Cabe ressaltar que, dentro da visão ampliada de saúde, a qualidade do serviço 
oferecido também é valorizada, e não apenas o número de atendimentos. 
• Equidade: 
O princípio da equidade refere-se à igualdade de oportunidades. Todos devem ter 
acesso ao sistema de saúde. Leva-se em conta a desigualdade de condições 
socioeconômicas que caracteriza o Brasil. A partir das disparidades regionais, que 
englobam fatores sociais e econômicos, as necessidades da população variam no 
que diz respeito à saúde. 
Porém, de acordo com a Lei Orgânica da Saúde, mesmo dentro da diversidade, é 
fundamental garantir a igualdade com relação ao acesso à saúde. Equidade, nesse 
contexto, é compreendida como sinônimo de igualdade, no sentido de “igualdade de 
condição” para o acesso à saúde. 
• Participação da comunidade: 
Esse princípio também é chamado de controle social. É regulado pela lei nº 8.142, 
que garante o direito de participação dos usuários na gestão do SUS. Essa 
participação se dá através dos Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados 
organizados em todos os níveis (nacional, estadual e municipal) e também através 
das Conferências de Saúde, que acontecem a cada quatro anos. Trata-se de 
dispositivos que visam à democratização das decisões no campo da saúde, dando à 
população papel ativo na gestão e fiscalização da política pública da saúde. 
 
 
Esses princípios são elementos que fundamentam a proposta do SUS, de atenção à 
saúde de forma global – da prevenção ao restabelecimento –, promovendo a 
aproximação dos cidadãos às instâncias político-administrativas, com o objetivo de 
garantir a universalidade do acesso à saúde. 
 
Assunto 4 - O SUS e a cidadania: 
O movimento que culminou na criação do SUS representa um avanço no que diz 
respeito à valorização da cidadania. Paim (2011) observa que, mesmo sendo visível a 
distância entre a formalização e a garantia concreta, a implementação do SUS 
representa um avanço e uma iniciativa que vai ao encontro do direito à cidadania. 
Segundo o autor, é um desafio manter uma gestão descentralizada num país com 
uma dimensão territorial do Brasil. 
A gestão descentralizada é um tema que demanda reflexão constante por parte dos 
envolvidos no setor da saúde, assim como fiscalização e tomadas de decisão que 
avaliem a situação local e as especificidades de cada região. Ressaltamos, ao 
finalizar esta aula, a importância da difusão da informação, com o objetivo de 
promover para a população a consciência do direito à saúde. 
**A educação em saúde é um tema fundamental, que pode ser compreendido 
como: 
 “Processo que objetiva promover, junto à sociedade civil, a educação em saúde, 
baseada nos princípios da reflexão crítica e em metodologias dialógicas (ou seja, que 
tenham como base o diálogo). É instrumento para a formação de atores sociais que 
participem na formulação, implementação e controle social da política de saúde e na 
produção de conhecimentos sobre a gestão das políticas públicas de saúde, o direito 
à saúde, os princípios do SUS, a organização do sistema, a gestão estratégica e 
participativa e os deveres das três esferas de gestão do SUS” (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2009) 
 Dentro da concepção ampliada de saúde, a educação é contemplada como um dos 
fatores condicionantes. A educação em saúde, especificamente, faz parte da 
preocupação com a prevenção da saúde, seja levando informações sobre doenças e 
cuidados essenciais, seja propagando os direitos do cidadão assegurados pela 
política pública vigente. A conscientização é o primeiro passo para a participação 
efetiva dos usuários na gestão do SUS.

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