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Wilhem Wundt e a Psicologia

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Wilhem Wundt
A psicologia entra no laboratório
O filósofo alemão Wilhem Wundt fundou o primeiro laboratório de psicologia.
O objetivo das suas investigações psicológicas era identificar a estrutura das nossas experiências conscientes. Essa estrutura seria descoberta ao identificar as unidades básicas da consciência e como se combinam.
E com base nas suas múltiplas experiências, pôde concluir que os elementos da consciência se combinam de tal maneira que os fenómenos psíquicos são a associação dos dados elementares.
 A doutrina estruturalista de Wundt tem também o nome de associanismo, por defender que os processos mentais complexos são resultado de associação de elementos simples.
Utilizou um método em laboratório chamado introspeção.
Então assim:
Podemos dizer que o ser humano é um conjunto de processos mentais ativamente organizados e que a mente por si só, não é, um simples conjunto de conteúdos mentais.
A psicologia centra-se na mente, mas não perde de vista a relação entre a experiência externa (fisiológica) e a experiencia interna (mental).
Freud
Atualmente define-se a psicologia como o estudo científico do comportamento e dos processos mentais, conscientes e inconscientes.
Segundo Freud, a consciência tem um papel menos influente do que o inconsciente na nossa vida psíquica.
Ou seja o inconsciente domina a nossa vida psíquica, que é a realidade psíquica fundamental.
É no plano psiquiátrico que surgem provas da existência do inconsciente. 
No final do séc.XIX o francês Hippolyte Bernhein, sugere a um homem hipnotizado que ao acordar, peque num chapéu de chuva, e que dê duas voltas com o chapéu aberto na galeria.
Ao acordar do estado hipnótico, o homem executa todas essas tarefas com naturalidade.
E quando Bernhein lhe pergunta o que está a fazer, ele apenas lhe responde que está a apanhar ar. Ignora portanto a verdadeira razão do seu comportamento.
O ser humano tem de admitir que não manda em tudo o que lhe acontece. Pois são os desejos e impulsos que mandam em nós.
Ou seja:
O inconsciente é, para Freud, um “lugar psíquico”, que contém os pensamentos; desejos; impulsos; sentimentos, que estão todos nas profundezas da nossa mente, para lá da consciência.
Freud apresentou três manifestações que para si, provam a existência e influencia do inconsciente: 
Neuroses
Sonhos
Atos falhados
Neuroses
As neuroses são sintomas ou manifestações de algo que foi recalcado, impedindo o acesso á consciência.
Ignorando aquilo que recalca, não conhece os desejos que se escondem no seu inconsciente.
São então doenças psíquicas que, traduzindo-se em perturbações físicas, resistem à medicação.
Sonhos
São a realização ilusória(simbólica) de desejos recalcados (inconscientes) .
Um ato psíquico inconsciente, devido á sua dinâmica própria, tende a passar para a consciência e manifestar-se. E para haver essa passagem são submetidos ao exame da censura. Se esta lhe for recusada, essas representações permanecerão no inconsciente. Sendo recalcadas. 
Atos falhados
Para Freud os atos falhados têm um significado, esses “deslizes” quotidianos provêm do recalcamento de desejos, sentimentos e pensamentos que queríamos lançar no inconsciente. 
São portanto representações inconscientes a vencerem a barreira da censura.
A estrutura da mente humana segundo Freud
O inconsciente exprime simbolicamente que os nossos comportamentos e processos mentais são dominados por uma dimensão situada nas profundezas do psiquismo e que exerce a sua influência sem nos apercebemos.
Id: é regido pelo princípio do prazer, é a componente primitiva do nosso psiquismos 
Ego: é regido pelo princípio da realidade, e é o mediador em relação ao id. Começa a desenvolver-se aos 6 meses de idade.
Superego: começa-se a desenvolver a partir dos 3-5 anos. E é o resultado da educação que recebemos, tendo a função de sobrepor a moralidade à realidade.
O desenvolvimento psicossexual
Baseando-se no estudo de casos de vários pacientes, psicanalisando-os, Freud concluiu que os problemas que os pacientes apresentavam eram resultado, de experiências traumáticas.
O ser humano desenvolve-se através de cinco estádios, cada um desses estádios representa uma complexa interação entre o impulso natural para obtenção do prazer e fatores ambientais que influenciam o modo como lidamos com os desejos sexuais ou eróticos.
Freud utiliza o termo psicossexual para se referir ao modo como a vivencia dos nossos impulsos sexuais no confronto com o meio envolvente e como isso se reflete na pessoa que viremos a ser.
Existe fixação de um individuo num estádio quando há um alto grau de frustração, ansiedade excessiva. E por isso há essa fixação que é uma cessação parcial de desenvolvimento que traduz na persistência de comportamentos característicos do estádio do desenvolvimento onde ocorreu essa tal frustração.
Essa fixação pode ser uma ligação extremamente forte com alguém, um objeto ou até uma atividade anteriormente apropriada ao estádio.
Estádios do desenvolvimento psicossexual
Estádio oral (do nascimento aos 12/18 meses)
Fase inicial do desenvolvimento psicossexual caracterizada por atividades que se centram no prazer oral (boca e lábios).
É levando os objetos à boca, que o bebé explora o meio envolvente. A sucção, necessária à alimentação, emancipa-se progressivamente dessa função e torna-se por si mesma, uma fonte de prazer, de gratificação erótica.
O processo de desmamamento é um dos principais conflitos deste estádio.
Enquanto adulto:
 Se pessoa enquanto bebé, foi desmamada, demasiado cedo, ou muito tarde, desenvolverá uma fixação neste estádio oral e posteriormente, na sua vida, terá necessidade de atividades que consistem, simbólica e realmente, em obter gratificação oral (fumar, beber; roer as unhas; passar horas ao telefone…).
Devido á grande dependência que temos de alguém neste estádio, podemos como adultos apresentar características como a crueldade, humor sarcástico, má-língua, grande capacidade de argumentação, entre outras características.
 Neste estádio, o Id reina durante maior parte do tempo quase sem oposição, mas o Ego já está em desenvolvimento.
Estádio anal (dos 12/18 meses aos 3 anos)
Fase do desenvolvimento em que o prazer erótico deriva da estimulação do ânus ao reter e expelir fezes, embora a estimulação oral continue. Trata-se ainda de uma forma de sexualidade autoerótica, centrada em determinada zona do corpo. 
A experiência marcante no estádio anal consiste em aprender a controlar os músculos envolvidos na evacuação. 
A necessidade de adquirir hábitos higiénicos e de controlar pulsões do Id mostra que o Ego já se formou. O confronto com as imposições paternas, o medo de ser punido e o desejo de agradar mostram que o Superego se está a formar.
Enquanto adulto:
Se a regulação dos impulsos biológicos da criança, é demasiado exigente e severa, e for simbolicamente generalizada a outros comportamentos a criança desenvolverá um caráter anal-retentivo.
Pode levar á teimosia; mania da pontualidade; avareza; egoísmo…
Mas ainda assim a criança poderá reagir de maneira totalmente contraria expelindo as fezes nos momentos mais inoportunos. Desenvolvendo um caráter expulsivo-anal.
E como adulto terá traços de personalidade explosivos: crueldade; irritabilidade; sadismo; tendências violentas; desorganização; etc.
A experiencia ou conflito decisivo será então aprender a controlar as funções orgânicas de evacuação.
Estádio fálico (dos 3 aos 6 anos)
Fase do desenvolvimento afetivo em que se vive a primeira experiência sentimental significativa. O rapaz compete com o pai pelo amor da mãe, e a rapariga com a mãe pelo amor do pai.
Durante este estádio, os órgãos genitais, tornam-se o centro de atividade erótica da criança através da autoestimulação. E a fase em que muitas crianças começam a masturbar-se e a aperceberam-se das diferenças anatómicas entre os sexos e de que a sexualidade faz parte das relações entre pessoas.
É no plano da fantasia e a nível inconsciente, a primeiraexperiencia de amor heterossexual.
Nos rapazes:
O complexo Édipo manifesta-se nos rapazes quando estes se intrometem, agarrando-se às pernas da mãe, quando o pai e ela se abraçam; recusar que o pai se ofereça para brincar com ele e preferir a mãe…
Para Freud todos os rapazes, desejam inconsciente, matar os seus pais e possuir suas mães. Sendo para eles o pai, um rival que gostariam de afastar ou fazer desaparecer ( este desejo pode provocar sentimentos de culpa muito fortes).
Tem pavor que o pai castigue o seu desejo sexual pela mãe retaliando de forma severa. Há um tremor inconsciente de perder os órgãos genitais (ansiedade de castração).
Nas raparigas:
Verifica-se uma crise psicossexual semelhante mas o objeto de desejo é o pai e não a mãe. O objeto original de afeto é substituído por outro, o pai, que se deseja agora possuir. É o complexo de Electra.
 
Contudo a resolução do conflito no caso das raparigas é mais complicada e menos bem sucedidas.
A sociedade em geral reprime com menos severidade a persistência dos sentimentos de posse em relação ao pai. E nos rapazes a inveja do pénis e o sentimento de inferioridade a ela ligado dificultam seriamente a identificação plena com a mãe.
Freud afirmava que durante o desenvolvimento psicossexual as raparigas viviam uma experiencia traumatizante de implicações duráveis (a descoberta da inexistência do pénis).
Enquanto adultos:
Associado a problemas e fixações desenvolvidas neste estádio estão a falta de maturidade no plano afetivo.
As dificuldades no plano do relacionamento sexual e uma personalidade bipolar: promiscuidade-castidade; sedução-recusa.
Estádio de latência (dos 6 aos 11 anos)
Estádio de acalmia relativa das pulsões sexuais sublimadas (amnésia infantil) e convertidas em desejo de conhecimento, de competência intelectual e física e reconhecimento social. 
É marcado por um acontecimento significativo: a entrada na escola e a consequente ampliação do mundo social da criança.
No final deste estádio, o aparelho psíquico está totalmente formado.
Estádio genital (após a puberdade)
Fase do desenvolvimento em que se deve liquidar o complexo édipo para que se possa construir uma vida sexual equilibrada e uma vida psíquica saudável.
É o ponto de chegada de uma longa viagem desde a sexualidade autoerótica, à sexualidade realisticamente orientada, característica do individuo socializado.
Em virtude da maturação do aparelho genital e da produção de hormonas sexuais, renascem ou reativam-se os impulsos sexuais e agressivos.
Neste estádio genital desenvolve-se o desejo pela gratificação sexual mútua.
John Watson e a perspetiva behaviorista: 
Somos o resultado do meio em que vivemos e do modo como nos educamos
John Broadus Watson um psicólogo norte-americano nascido em 1878 foi considerado o fundador do comportamentalismo (behaviorismo).
Watson argumentava que os psicólogos não deveriam estudar os processos mentais nem conscientes nem os inconscientes, pois para ele a psicologia só podia ser o estudo do que é observável e verificável.
Nas suas pesquisas com animais, há um aspeto marcante que deve ser destacado, Watson ficou impressionado com os vastos conhecimentos que adquiriu em relação ao comportamento animal, sem qualquer referência á mente ou a processos mentais das suas cobaias. 
Numa famosa experiência com uma criança de 11 meses de idade, chamada Little Albert, o psicólogo Watson mostrou que o comportamento humano também podia ser condicionado. 
 Experiência com Little Albert
Little Albert era um bebé alegre que gostava de ratinhos e de coelhos brancos .Quando lhe mostraram um destes pequenos animais – no caso um ratinho branco - e a criança se preparava para lhe tocar, Watson fez soar um barulho estridente .Repetindo isto várias vezes fez com que a criança associasse o rato branco ao desagradável e assustador ruído. Ao fim de algum tempo, bastava ver o rato para começar a chorar e a tentar fugir. 
Aconteceu o que Watson previra: Little Albert começava a chorar e a gatinhar aterrorizado sempre que lhe era mostrado um rato branco, já não sendo preciso o som barulhento. O rato branco tinha-se tornado um estímulo condicionado que induzia respostas condicionadas como chorar e fugir gatinhando. Albert aprendeu, por generalização, a ter medo não só de ratos, mas de todas as coisas peludas (mesmo sem o barulho estridente).
Conceito behaviorista de comportamento
O behaviorismo é uma corrente que define psicologia como a ciência do comportamento.
O comportamento na perspetiva behaviorista é o conjunto de respostas observáveis a estímulos igualmente observáveis provenientes do meio em que um organismo se insere.
Um estímulo será qualquer impressão ou dado proveniente do meio envolvente.
Ou seja na perspetiva behaviorista a tarefa da psicologia seria a de prever, dado certo estímulo, a reação de um organismo e, perante determinada resposta, identificar o estímulo (ou estímulos) que a desencadearam. 
Ou seja: R= f (s)
R é a resposta e S a situação (fatores ambientais, históricos, culturais, educativos) que a condiciona e a determina. 
A letra f indica que as respostas ou comportamentos variam em função das situações que nos condicionam.
O poder dos fatores ambientais na educação
Watson defendeu que todo o nosso comportamento é exclusivamente influenciado pela experiência, por fatores sociais e educativos, ou seja, somos produtos do meio e por ele somos modelados.
Como o comportamento humano é determinado. Pelo meio, alterando as situações, poderemos modificar os comportamentos. 
A fraca relevância do fator herditário
Watson põe o acento máximo na importância do ambiente. Declara que os fatores hereditários têm escassa influência no comportamento humano. Acredita que, se o comportamento depende do ambiente, reformando favoravelmente o meio social, poderemos melhorar o ser humano.
A teoria ou modelo mecanicista defendida por Watson não atribuía importância alguma ao processo maturacional (que o desenvolvimento cumpre um plano biológico, numa sequencia temporal).
Sendo que o desenvolvimento individual é u processo lento, gradual, cumulativo, sem alterações bruscas de ritmo. O desenvolvimento acentua a mudança quantitativa: é contínuo.
Jean Piaget: Nascemos programados para aprender na interação com o meio
Como psicólogo experimental num laboratório, onde desenvolveu testes de inteligência. Durante a tarefa rotineira de medir os resultados dos testes, Piaget detetou que as crianças da mesma idade cometiam o mesmo tipo de erros, concluindo que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente. Sendo assim que iniciou os seus estudos experimentais sobre a mente humana, começando a pesquisar sobre o desenvolvimento das habilidades cognitivas. 
Para piaget, o nosso desenvolvimento intelectual não depende exclusivamente do meio, negando assim a conceção behaviorista, mas nega também a conceção inativista (o inatismo defende que a nossa relação com o meio é determinada por estruturas inatas ou potencialidades genéticas). E assim Piaget entende que um comportamento resulta da interção organismo-meio.
O conceito de comportamento segundo Piaget 
Ao estudar o desenvolvimento da inteligência, Piaget chegou à conclusão de que a nossa evolução intelectual é um processo em que os esquemas e estruturas mentais se alteram e modificam no contacto com o mundo e o contacto com o mundo se modifica de acordo com os esquemas que vamos construidos na relação com meio.
R = f (s ↔ p) 
(R) é uma resposta que varia em função da interação entre a personalidade do sujeito (P) e a situação (S). 
O construtivismo é uma abordagem psicogenética e interaccionista do comportamento, pois mostra como as estruturas que nos permitem conhecer e agir sobre a realidade se formam e desenvolvem na interação com o meio. 
O comportamento humano não é algo determinado pelo meio,mas construído ao longo de um desenvolvimento em que interagem predisposições biológicasdo sujeito (potencialidades genéticas), a aprendizagem efetuada com os outros e a nossa atividade sobre o meio. Para compreender o meio e entender como ele pode influenciar o sujeito, é preciso dar atenção ao sujeito, conhecendo, por exemplo, como se processa o seu desenvolvimento intelectual e moral. 
O desenvolvimento cognitivo segundo Piaget
Os 3 principios em que se baseia a teoria
O desenvolvimento intelectual implica mudanças qualitativas. 
 Para Piaget, há uma diferença qualitativa entre o adulto e a criança quanto ao modo de funcionamento intelectual.
O conhecimento é uma construção ativa do sujeito. 
O desenvolvimento cognitivo não consiste na receção passiva da informação proveniente do meio nem na pura e simples atualização de um potencial genético e na aplicação de estruturas e esquemas dados a priori. 
O construtivismo de Piaget supera quer o empirismo quer o inatismo. 
O desenvolvimento cognitivo é descontínuo, qualitativamente diferenciado, processando-se ao longo de momentos distintos denominados estádios. 
Segundo Piaget pensamos e raciocinamos de forma qualitativamente diferente em diferentes fases do desenvolvimento intelectual.
Fatores que condicionam o desenvolvimento cognitivo
O desenvolvimento cognitivo, processando-se através de estádios cuja ordem de sucessão é invariante e as aquisições são progressivamente mais complexas, é influenciado pela ação combinada dos seguintes fatores: 
A hereditariedade e a maturação física 
Piaget refere-se a mudanças biologicamente determinadas no desenvolvimento físico e neurológico que ocorrem de forma relativamente independente em relação às experiências. 
A experiência 
 Por ela entende Piaget, que é a atividade do sujeito sobre os objetos - física e mental - que permite distingui-los e organizá-los. Dando-se através dessa atividade, a formação de estruturas ou de esquemas que possibilitam a ação e a compreensão da realidade. 
A transmissão social 
Piaget refere-se ao processo através do qual somos influenciados, pelo contexto social, pela observação dos outros e pela educação. 
A equilibração 
A equilibração assegura formas de equilíbrio cada vez mais estáveis na adaptação ao meio. 
Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo implica que a atividade do sujeito na interação com o meio responda aos desequilíbrios cognitivos. 
Assim, procurando atingir um estado de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. 
Como se processa o desenvolvimento cognitivo?
Os instrumentos e processos fundamentais
Influenciado pela sua formação em Biologia, Piaget via o desenvolvimento cognitivo à imagem dos processos biológicos.
 A necessidade de conhecer é um impulso inato, uma manifestação particular da necessidade de sobrevivência que só é possível adaptando-nos ao meio, assim o desenvolvimento cognitivo é uma forma de adaptação ao meio, o que implica mudanças estruturais e funcionais que aumentem as probabilidades de sobrevivência do organismo individual.
O que são esquemas?
São padrões de comportamento e de pensamento que organizam a nossa interação com o meio. São padrões de ação e estruturas mentais que, organizando a nossa experiência, estão envolvidas na aquisição de conhecimentos.
Mecanismos de adaptação ao meio: assimilação, acomodação e equilibração
Assimilação
Processo adaptativo que consiste em incorporar novas informações nos esquemas existentes.
 Há assimilação quando um novo objeto ou situação suscita uma atividade que já faz parte do nosso repertório. 
Ex: Os bebés usam o esquema da sucção não só para se alimentarem, mas também para chuchar no dedo ou a criança que aprendeu a segurar num garfo demonstra assimilação ao segurar numa colher. 
Acomodação
Processo adaptativo que consiste em ajustar os esquemas às novas informações e experiências modificando-os. O processo assimilação implica sempre o mínimo de acomodação não é pura e simples recetividade.
Há uma situação de acomodação, quando se dá as primeiras vezes de comer a uma criança com uma colher, esta tenta absorver o conteúdo da colher utilizando um esquema (o da sucção) até aí bem-sucedido.
 Mas, em breve a criança aprenderá a adaptar a boca e a língua ao novo meio de alimentação. Realiza-se então uma alteração do esquema que possuía para conseguir responder a uma nova situação. 
Equilibração
Processo que consiste em procurar estabelecer um equilíbrio entre assimilação e acomodação.
Quando o equilíbrio entre assimilação e acomodação é perturbado, dá-se um estado de desequilíbrio. Há consciência desse desequilíbrio quando nos apercebemos de que os nossos atuais esquemas já não são adequados porque passamos muito mais tempo a acomodar do que a assimilar. Portanto, quando o desequilíbrio ocorre, o sujeito que procura dar sentido às suas experiências reorganiza os seus esquemas, criando novos esquemas que lhe permitam responder às novas situações e aos novos desafios da realidade a que deve adaptar-se.
Excessiva assimilação e acomodação impedem o desenvolvimento cognitivo. O desejo de equilíbrio move o desenvolvimento porque nos conduz a patamares superiores de equilíbrio e por isso a adaptação ao real.
O equilíbrio entre a assimilação e a acomodação nunca é absoluto.
Estádios de desenvolvimento cognitivo
Piaget dividiu o desenvolvimento cognitivo em quatro grandes estádios, caracterizados por níveis de adaptação qualitativamente distintos que são possíveis devido ao progressivo surgimento de novos esquemas.
Estádio da inteligência sensório-motora (nascimento até 2 anos)
Estádio em que a inteligência se adapta ao meio essencialmente através de esquemas sensório-motores (atividades percetivas de atos motores). É o estádio da inteligência totalmente pratica.
Características:
Ao longo de seis subestádios, a criança progride de simples atos reflexos para comportamentos sensório-motores mais complexos.
No início, as respostas do bebé são essencialmente reflexas, automáticas. A criança repete ações não aprendidas em virtude do resultado satisfatório que as acompanha. É uma evolução relativa porque já não se trata de um mecanismo puramente reflexo.
 O nível seguinte da evolução da inteligência prática consistirá em repetir ações aprendidas. Repetem-se ações com objetos explorando as suas propriedades, como o som e a dureza. Surgem assim, os primeiros indícios de comportamento intencional (utilizar uma ação como meio para um fim). 
Entre os 12 e os 18 meses, surge o comportamento experimental: adaptação do comportamento a situações específicas de forma intencional e mediante o método do “ensaio e erro”.
 Há, portanto, uma inteligência anterior ao pensamento e à linguagem: a inteligência prática, baseada nas consequências das ações.
 A grande aquisição do estádio sensório-motor é o conceito de objeto permanente ou de permanência do objeto, sinal da emergência da capacidade de representação simbólica. 
 Com tal aquisição termina o estádio sensório-motor, a inteligência prática dá lugar à inteligência representativa, iniciando-se o estádio pré-operatório.
Estádio pré-operatório (dos 2 aos 7 anos)
Estádio do desenvolvimento cognitivo caracterizado pelo crescente uso do pensamento simbólico e da linguagem mais ainda de forma pré-lógica.
Durante este estádio o pensamento sofre uma transformação qualitativa, assim, as crianças já não estão limitadas ao seu meio sensorial imediato, onde começaram a desenvolver algumas imagens mentais.
O desenvolvimento do vocabulário, é especialmente notável.
Características:
a centração ou o egocentrismo que pode ser entendida de dois modos:
o sujeito é incapaz de compreender que há várias perspetivas acerca da realidade e dos objetos, considerando somente o seu ponto de vista;
o sujeito concentra-se num aspeto de um problema ou de uma situação, ignorando outros aspetos igualmente relevantes.
Mas o estádio pré-operatório divide-se em 2 fases:
A fase do pensamento pré-conceptual, 
é dominada pela imaginação, ou seja, a relação da criança com a realidade centra-sena imaginação (dura dos 2 aos 4 anos). É um pensamento mágico, que transforma o imaginário em realidade. 
A fase do pensamento intuitivo, 
Centrada na perceção dos dados sensoriais e a ela submetida (prolonga-se dos 4 aos 7 anos). Nesta fase há uma redução o egnocentrismo.
Estádio das operações concretas (dos 7 aos 11 anos)
Estádio cognitivo em que devido, à progressiva descentração, se desenvolve a capacidade de pensar logicamente, mas não de forma abstrata, a criança começa a construir conceitos, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número, ou seja o pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstrações.
Características:
A aquisição do conceito de conservação, isto é a capacidade de reconhecer que determinadas propriedades das coisas (quantidade, peso, volume) permanecem constantes independentemente de alterações de forma, comprimento ou posição.
A classificação, isto é a capacidade de organizar objetos em determinadas categorias segundo critérios lógicos.
A seriação é o processo que consiste em organizar os objetos segundo uma ordem sequêncial e determinado aspeto.
Começa a formar-se e a desenvolver-se o raciocínio lógico indutivo, isto é um raciocínio baseado na experiência que atinge princípios gerais.
Contudo, o pensamento lógico, neste estádio, ainda está demasiado preso à realidade concreta e física.
Estádio das operações-formais
Fase da involução intelectual em que se forma e desenvolve a capacidade de usar conceitos abstratos, de pensar a partir de situações hipotéticas ou possíveis. Predomina o raciocínio hipotético-dedutivo (tipo de raciocínio que partindo de uma hipótese, dela retira sistematicamente conclusões ou implicações) e a resolução lógica e sistemática de problemas.
As três aquisições fundamentais do estádio das operações formais são: 
A distinção entre o real e o possível amplia o campo dos objetos do pensamento. 
A capacidade de pensar e de raciocinar de forma hipotética-dedutiva: O adolescente confronta o real com o possível, o que é com o que pode ser e o que é com o que deve ser e assim clarifica os seus valores e atitudes, o que é importantes para a formação da sua identidade. 
A forma sistemática de resolução de problemas . O adolescente procura sistemática e metodicamente a resposta a uma questão, colocando hipóteses e testando-as e recorrendo ao raciocínio lógico. 
Jerome Brunner : a mente e significado
O psicólogo norte-americano nasceu em 1915 e formou-se na Universidade de Duke, em 1937. 
Desenvolveu várias pesquisas sobre a perceção, e mostrou que os valores e as necessidades influenciam o modo como se perceciona o mundo. As suas conceções contribuíram para a constituição da corrente americana designada por psicologia cognitiva.
Valorizou a aprendizagem por descoberta em que o sujeito tem um papel ativo no ato de aprender. E Bruner dá importância ao método da descoberta, com base na ideia de que o conhecimento da estrutura das disciplinas exige a utilização das metodologias das Ciências. Com esta ideia, Bruner faz a crítica das metodologias expositivas.
Cognição significa conhecimento e a psicologia cognitiva consiste no estudo da nossa capacidade para adquirir, organizar, relembrar e usar conhecimentos e informações para guiar e orientar o nosso comportamento. 
A revolução cognitiva não implica uma rejeição total do behaviorismo. 
Os cognitivistas estudam a mente através de inferências que têm como ponto de partida o comportamento ou atividade observável. A valorização dada aos processos por parte de Piaget ajudou a esta revolução. 
Atualmente quando pensamos na conceção do funcionamento mental em termos das tecnologias de informação, pensamos no computador.
Como funciona um computador? 
O computador recebe informação codificada (input), reorganiza-a e compara-a com outra informação armazenada na sua memória e usa os resultados para determinar quais os sinais a enviar para o sistema do computador e responder (output). 
Este modo de funcionamento é análogo ao que o cérebro faz: o input é semelhante à receção de informações pelos sistemas sensoriais. O output é semelhante à resposta comportamental e o que se passa entre estes dois processos é análogo ao pensamento. 
Mas…
Para Bruner o que acontece quando pensamos é diferente do que acontece quando um computador processa informação. Porquê? 
Porque processar informação implica a criação de significados. Esta criação de significados apesar de pessoal é partilhada com os outros que fazem parte do nosso contexto social, cultural e ideológico. 
Entre processamento da informação e a resposta aos estímulos e problemas do meio há um sujeito com um certo modo de pensar, agir, sentir e um mundo simbólico de pensamentos, ideias e teorias que constituem um dos nossos contextos de vida. 
A pertença a um dado grupo social e cultural marca a forma de uma pessoa pensar e se comportar. Para perceber os processos cognitivos devemos ter em conta o fator cultura. A cultura promove diferentes narrativas sobre a forma de agir das pessoas, as suas motivações, e crenças sobre a forma como se resolvem problemas.
Quando criamos significados, estamos a interpretar a realidade de acordo com as informações a que temos acesso e com as narrativas a que demos crédito.
 Desta forma é normal que existam sempre pessoas com visões divergentes sobre o mesmo assunto ou objeto, visto terem diferentes aprendizagens e narrativas a influenciarem-nos
A mente cria significados e desta forma realiza uma construção cognitiva da realidade (ideia consistente com o construtivismo de Piaget). No entanto a mente não processa no vazio, as interpretações ou significados dos factos são influenciados pelos contextos do conhecimento, da história e da cultura. 
A mente constitui a cultura e é constituída pela cultura.
Ainda para Bruner não será possível o desenvolvimento cognitivo nem aprendizagem longe do contexto da interação social pois não construímos sozinhos a nossa perceção do mundo.
Etapas do desenvolvimento cognitivo
Brunner, dividiu o desenvolvimento cognitivo em três etapas ou períodos.
As respostas motoras ou modo enativo de aprendizagem (até aos 3 anos de idade)
Consiste sobretudo em ações ou repostas motoras. Nesta fase a ação é a forma favorecida de representação, descoberta e compreensão da realidade. É a fase em que se aprende através da manipulação de objetos.
O pensamento icónico ou aprendizagem através da perceção e da memória visual (3 aos 9 anos)
Baseia-se na organização visual, no uso de imagens e na organização de perceções e imagens. 
Predominam os elementos audiovisuais. 
A criança é capaz de reproduzir objetos, mas está muito dependente de uma memória visual, concreta e específica
O pensamento simbólico ou aprendizagem através da linguagem simbólica e abstrata (a partir dos 10 anos de idade)
Baseia-se em símbolos abstratos. Corresponde em certa medida ao estádio das operações formais em Piaget.
O pensamento simbólico constitui a forma mais elaborada de representação da realidade porque a criança começa a ser capaz de a representar recorrendo quase só a símbolos abstratos ou ao significado dos termos e conceitos.

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