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02/05/2013 1 Fenômenos de Transporte Professora: Ana Áurea Maia Unidade 4- Orifícios, Bocais e Vertedouros Parte I- Orifícios Belém-PA 2013 Orifícios, Bocais e Vertedouros 1. Escoamento em orifício Orifício� é uma abertura de forma regular executada na parede ou fundo de um recipiente, através do qual sai o líquido contido nesse recipiente. Recipiente� reservatório, canal ou tanque. Aberturas feitas abaixo da superfície livre do líquido Vertedouros�aberturas feita até da superfície livre do líquido Orifício Fonte: Alves Pinto, 2011 Vertedouro Fonte: Alves Pinto, 2011 02/05/2013 2 • Quanto à forma: circulares, triangulares, retangulares, etc. • Quanto às dimensões relativas: Grandes � d > h/3 Pequenos � d < h/3 • Quanto à espessura da parede: �Em parede delgada � e < 1,5 d (o jato toca somente o perímetro interno do orifício) �Em parede espessa � e > 1,5 d (o jato adere-se ao interior da parede) Classificação dos Orifícios (a) Parede delgada biselada (b) Parede delgada: e < 1,5 d (e) parede espessa: e >1,5 d Fonte: Azevedo Netto, 1998 Bocal padrão � 2d < e < 3d O jato que sai de um orifício chama-se veia líquida , sua trajetória é parabólica. 02/05/2013 3 2. Orifícios pequenos em paredes delgadas: teorema de Torricelli Experimentos mostraram : Filetes líquidos tocam as bordas do orifício� continuam a convergir até A2 Em A2 o jato apresenta área menor que do orifício. A� área do orifício A2 � área da seção contraída Orifício pequeno e seção contraída Fonte: Adaptada de Alves Pinto, 2011 vt � velocidade teórica A2 vt P2 A h A1 v1 P1 h � carga sobre o centro do orifício O valor médio prático de Cc é 0,62 Ver tabela 5.1 de Azevedo Netto (1998). No caso de orifício pequeno� as partículas apresentam mesma velocidade, sob a mesma carga h. Aplicando-se o teorema de Bernoulli às seções 1 e 2 (Figura anterior) e tomando o eixo do orifício como referência: 2 c AC A =Coeficiente de contração da veia 2 2 1 1 2 2 1 2 v P v P + + z + + z 2 2g gγ γ = Como nesse caso, a área A do orifício é muito pequena em relação a A1, v1 é desprezível comparado a vt. v1 = 0 z1 = h P1 = Patm = 0 P2 = Patm = 0 z2 = 0 02/05/2013 4 2 2 1 1 2 2 1 2 v P v P + + z + + z 2 2g gγ γ = 2 t v h v = 2gh 2 t g = ∴ Teorema de Torricelli vt � velocidade teórica, que não leva em consideração as perdas sempre existentes. Na realidade: v2 < vt e por isso se introduz um coeficiente de correção, coeficiente de redução da velocidade 2 v t vC = v V2 � velocidade real Cv� Sempre menor que a unidade O valor médio prático de Cv é 0,985 (Tabela 5.2 de Azevedo Netto, 1998) 2 v t 2 vv = C v v = C 2gh∴ A vazão será, então dada por 2 2Q = A v = A v 2 c A = A C c vQ = A C C 2gh Designamos coeficiente de descarga ou de vazão ao produto Cc Cv dQ = C A 2gh Para orifícios em geral, d c v C C C= d c v C C C 0,62 x 0,985 = 0,61= = A Tabela 5.3 em Azevedo Netto (1998) apresenta valores de Cd para pequenos orifícios, aplicáveis em questões que envolvem mais precisão. 02/05/2013 5 3. Orifícios afogados abertos em paredes verticais delgadas Orifício afogado� veia escoa em massa líquida� ocorre a contração da veia t 1 2 v = 2 g (h -h )Teorema de Torricelli � Cd � pouco inferior aos indicados para orifícios com descarga livre. Em muitos problemas na prática, essa diferença é desprezível. Orifício afogado Fonte: Azevedo Netto, 1998 4. Orifícios de grandes dimensões. Orifícios sob cargas reduzidas Orifício de grandes dimensões. Fonte: Adaptada de Alves Pinto, 2011 h2 h h1 dh Orifícios grandes� não pode admitir que todas a partículas apresentam a mesma velocidade� não se pode considerar carga única (h) A carga é variável de faixa para faixa. Para estudar� grande orifício dividido em um grande número de pequenas faixas horizontais, de altura infinitamente pequena� aplicar a expressão para orifícios pequenos L� largura do orifício h � carga sobre um trecho elementar de espessura dh L 02/05/2013 6 A vazão para esse trecho elementar será: ddQ = C L dh 2gh A descarga de todo o orifício será obtida integrando-se essa expressão entre os limites h1 e h2 (cargas correspondentes ao topo e à base do orifício). 2 2 1 1 d dQ = C L dh 2gh = C L 2g h dh h h h h ∫ ∫ 3/2 3/2 d 2 1 2Q = C L 2g (h - h ) 3 Substituindo-se o valor , obtém-se 2 1 AL = h - h 3/2 3/2 2 1 d 2 1 h - h2Q = C A 2g 3 h - h Exercício 1. Em um reservatório contendo um líquido, sua parede vertical apresenta uma abertura retangular de 0,6 m de base e 0,3 m de altura. Sabendo que o nível do fluido encontra-se a 1,05 m da borda superior e o coeficiente de descarga é atribuído a 0,61, determine a vazão. 02/05/2013 7 Exercício 2. Em um reservatório contendo um líquido, sua parede vertical apresenta uma abertura retangular de 1,2 m de base e 0,6 m de altura. Sabendo que o nível do fluido encontra-se a 60 cm da borda superior e o coeficiente de descarga é atribuído a 0,62, determine a vazão. 5. Orifícios sob Pressões Em orifícios afogados com pressões diferentes pode ser aplicado o teorema de Bernoulli entre 1 e 2 para determinar a vazão. Fonte: Adaptada de Silva (ano não informado) 2 2 1 1 2 2 1 2 v P v P + + z + + z 2 2g gγ γ = 2 2 2 1 2 1 2 v P - P + (h - h ) 2g γ = 1 1 2 2z = h z = h 1 2h = h - h 1 2 t (P - P ) v 2 h g γ = + 1 2 d (P - P ) C A 2 Q g h γ = + (teórica) 02/05/2013 8 6. Contração Incompleta da veia Para determinadas posições dos orifícios, a contração da veia pode ser afetada, modificada ou mesmo suprimida, alterando-se a vazão. Condição para contração completa da veia� posição do orifício junto ao fundo ou nas paredes laterais deve ser pelo menos igual ou duas vezes a sua menor dimensão. Contração completa � ocorre em todos os lados do orifício. Contração incompleta� a contração deixa de ocorrer em alguns lados do orifício No caso de orifícios abertos, junto ao fundo ou às paredes laterais, é necessário uma correção. Assim, aplica-se um coeficiente de descarga corrigido.'dC Para orifícios retangulares, tem-se ' d dC = C (1 + 0,15 k) perímetro da parte em que ocorreu a supressão da contraçãok = perímetro total do orifício a b Perímetro total = 2 (a+b) ( )2 bk a b = + ( )2 a bk a b + = + ( ) 2 2 a bk a b + = + Fonte: http://www2.ufersa.edu.br/portal/ 02/05/2013 9 Para orifícios circulares, temos: • Para orifícios junto a uma parede lateral, k = 0,25; • Para orifícios junto ao fundo, k = 0,25; • Para orifícios junto ao fundo e a uma parede lateral, k = 0,50; • Para orifícios junto ao fundo e a duas paredes laterais, k = 0,75. ' d dC = C (1 + 0,13 k) Exercício 3. Determine a descarga de um orifício retangular (contração incompleta) que está localizado junto ao fundo e a uma parede lateral de um tanque aberto (figura abaixo). a b h1 Dados: a = 0,8 m b = 0,2 m h1 = 0,6 m Cd = 0,61 ' d dC = C (1 + 0,15 k) 02/05/2013 10 5. Perda de carga nos orifícios Se não existisse perdas nos orifícios � v2 = vt A perda de carga que ocorre na passagem por um orifício� Diferença da energia cinética 2 2 t 2 p1,2 v vH - 2g 2g = 2 2 v t t v v vC = v = v C ∴ 2 2 2 2 p 2 v v vH - C 2g 2g = 2 2p 2 v v 1H - 1 2 Cg = 5. Escoamento com nível variado Nos casos anteriores� h� invariável Se não for mantido o nível constante� h passará a diminuir com tempo em consequência do próprio escoamento com o tempo. Com redução de h� a descarga através do orifício também irá decrescendo. Na prática, o problema consiste em se determinar o tempo necessário para o esvaziamento de um recipiente ou um tanque. dQ = C A 2gh Tem-se para pequeno orifício� E o volume de líquido descarregado� V = Q x t ddV = C A 2gh dt Nesse mesmo intervalo de tempo, o nível de água no reservatório baixará de dh, o que corresponde a um volume de líquido: dV = AR dh sendo AR � área do reservatório 02/05/2013 11 Igualando as duas expressões R dA dh = C A 2gh dt R d A dhdt = C A 2gh Integrando-se a expressão acima, entre dois níveis h1 e h2 1 2 h -1/2 1/2 1/2R R 1 2 hd d A 2A t = h dh t = ( ) C A 2g C A 2g h h∴ −∫ Para o esvaziamento completo h2 = 0 e h1 = h R d 2A t = h C A 2g 1/2 d C 0,61 e 2 4,43 m /g s= = RA t = 0,74 h A Exercício 4. Em uma estação de tratamento de água existem dois decantadores de 5,5 x 16,5 m e 3,5 m de profundidade (figura abaixo). Para limpeza e reparos, qualquer uma dessas unidades pode ser esvaziada por meio de uma comporta quadrada de 0,3 m de lado instalada junto ao fundo do decantador. A espessura da parede é de 0,25 m. Calcular a vazão inicial na comporta e determinar o tempo necessário para o esvaziamento do decantador. Dado: ' dC 0,62 = R d 2A t = h C' A 2g Fonte: Adaptada de Azevedo Netto, 1998 02/05/2013 12 ALVES PINTO, R. Escoamento em Orifícios e Vertedores. Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Mossoró, 2011. AZEVEDO NETTO. Manual de Hidráulica. 8 ed. São Paulo: Edgard Blücher LTDA, 1998 (627. A994M) SILVA, G. Q. Estudo dos Orifícios e Bocais. Escola de Minas/Ufop. Departamento de Engenharia Civil http://www2.ufersa.edu.br/portal/ Referências
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