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COMERCIO INTERNACIONAL REGULAR 16

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CURSOS ONLINE – COMÉRCIO INTERNACIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSORES RODRIGO LUZ E MISSAGIA 
www.pontodosconcursos.com.br 1
Oi, pessoal. 
 
Na aula anterior, vimos os conceitos de dumping e de subsídios, que são 
as práticas desleais no comércio internacional. E vimos também os 
remédios previstos nos acordos internacionais administrados pela OMC 
para a defesa contra essas deslealdades. 
Veremos hoje os itens restantes (em negrito) do tópico 7: “Práticas 
Desleais no Comércio Internacional. Medidas de Defesa Comercial: 
Antidumping, Compensatórias e de Salvaguarda. Defesa Comercial na 
OMC. Defesa Comercial no Mercosul. Defesa Comercial no Brasil.” 
 
Cláusulas de Salvaguarda 
 
O que são e para que servem? 
No GATT/1947, artigo XIX, está prevista a imposição de cláusulas de 
salvaguarda: 
“Se, como conseqüência da evolução imprevista das circunstâncias 
e por efeito das obrigações, incluídas as concessões tarifárias, 
contraídas por uma parte contratante em virtude do presente 
Acordo, as importações de um produto no território desta parte 
contratante tenham aumentado em tal quantidade que causam 
ou ameaçam causar um dano grave aos produtores nacionais 
de produtos similares ou diretamente concorrentes no território, a 
parte contratante poderá, na medida e no tempo necessários para 
prevenir ou reparar esse dano, suspender total ou parcialmente a 
obrigação contraída com respeito a tal produto, ou retirar ou 
modificar a concessão.” 
 
As cláusulas de salvaguarda são o reerguimento de barreiras que foram 
eliminadas. Isto porque, por conta desta eliminação, as indústrias do 
país estão sofrendo um dano. Veja que está escrito “...por efeito das 
obrigações ... contraídas ... em virtude do presente Acordo...” 
Em outras palavras, o texto é mais ou menos o seguinte: “Por causa da 
redução de barreiras que vimos praticando, pode ocorrer de um ou outro 
país sofrer alguma dificuldade. Nós concordamos então que este país 
poderá voltar com a barreira, suspendendo a obrigação, reduzindo ou 
eliminando a concessão outorgada.” 
Portanto, salvaguarda é voltar com alguma barreira. 
Na imposição de cláusula de salvaguarda, existe alguma defesa contra 
deslealdade do parceiro comercial? De jeito nenhum. Não se está 
defendendo de uma tentativa de quebrar as indústrias do país. A 
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cláusula de salvaguarda é uma medida adotada contra uma concessão 
feita pelo próprio país, suspendendo, reduzindo ou eliminando-a. 
Se houvesse deslealdade, estaríamos falando de dumping ou de 
subsídio. Isto se depreende do próprio edital do AFRF. Veja que no 
edital, ao se referir à salvaguarda, faz-se menção apenas à defesa 
comercial e não à deslealdade comercial. 
Há defesa comercial pela salvaguarda, mas sem que haja deslealdade do 
parceiro comercial. 
Este artigo XIX do GATT precisou ser regulamentado visto que não vinha 
sendo usado adequadamente. Os países, em vez de imporem cláusulas 
de salvaguarda quando havia um aumento de importações que causava 
dano a uma indústria sua, usavam os Acordos Voluntários de Restrição 
às Exportações (AVRE), que consistem em ameaçar o país exportador. 
Pelos AVRE, o governo do país importador, o qual estava sofrendo dano 
em virtude do aumento das importações, pegava o telefone e ligava para 
o Governo do país da empresa exportadora e dizia: “Ô, país, pára de 
exportar para cá. Minhas indústrias não estão agüentando. Se você não 
parar de mandar mercadorias para o meu país, eu vou impor uma 
cláusula de salvaguarda.” 
Esta é uma das barreiras não-tarifárias ainda existentes no mundo: são 
os chamados Acordos Voluntários de Restrição às Exportações (AVRE). 
De “voluntário” não tem nada. É uma ameaça velada. Mas é chamada de 
acordo voluntário, pois o país exportador pode acolher a ameaça e 
“voluntariamente” parar de exportar. 
Caso não o faça, suas mercadorias serão embarreiradas de outra forma: 
com a imposição das salvaguardas. 
Na prática então, de 1947 a 1994, as salvaguardas não foram muito 
usadas. Os AVRE eram usados no seu lugar. 
Foi por isso que surgiu o Acordo sobre Salvaguardas em 1994, na 
Rodada Uruguai do GATT (No tópico 2 do edital, vamos estudar alguns 
outros acordos que surgiram nesta Rodada). 
O acordo prevê expressamente, no artigo 11, que os AVRE não serão 
mais tolerados: 
“Artigo 11º - Proibição e eliminação de certas medidas 
§ 1o ... 
b) Além disso, um membro não procurará adotar, não adotará nem 
manterá medidas de limitação voluntária das exportações, 
acordos de comercialização ordenada ou outras medidas similares 
no que respeita à exportação ou à importação. ... Qualquer medida 
deste tipo aplicada à data da entrada em vigor do Acordo OMC 
deverá ser tornada conforme ao presente acordo ou 
progressivamente eliminada, em conformidade com o disposto 
no nº 2. 
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...” 
 
O artigo 2o do Acordo trouxe uma novidade acerca da possibilidade de se 
criar uma medida de salvaguarda. Vejamos. 
“§1o Um membro poderá aplicar uma medida de salvaguarda em 
relação a um produto unicamente se tiver determinado, em 
conformidade com as disposições a seguir enunciadas, que esse 
produto é importado no seu território em quantidades de tal modo 
elevadas, em termos absolutos ou em relação à produção 
nacional, e em tais condições que cause ou ameace causar um 
prejuízo grave à indústria nacional de produtos similares ou 
diretamente concorrentes.” 
 
A novidade foi a permissão de se imporem cláusulas de salvaguarda 
mesmo que não haja aumento de importações em termos absolutos, 
mas em termos relativos. Ou seja, mesmo que a quantidade importada 
se mantenha a mesma de um período para outro, mas a produção 
nacional caia, é admissível a imposição das salvaguardas. 
Para apurar a existência do dano, devem ser analisados os dados 
positivos, ou seja, dados concretos, objetivos, e não simples alegações. 
É o que se depreende do artigo 4o do Acordo: 
“1. a) Entender-se-á por ‘prejuízo grave’ a deterioração geral 
significativa da situação de uma indústria nacional; 
b) Entender-se-á por ‘ameaça de prejuízo grave’ o prejuízo grave 
que seja claramente iminente, de acordo com as disposições do 
§2o. A determinação da existência de uma ameaça de prejuízo 
grave basear-se-á em fatos, e não simplesmente em alegações, 
conjecturas ou possibilidades remotas; e ... 
2. a) No decurso do inquérito para determinar se um aumento das 
importações causou ou ameaça causar um prejuízo grave à 
indústria nacional em conformidade com as disposições do 
presente acordo, as autoridades competentes avaliarão todos os 
fatores pertinentes de natureza objetiva e quantificável que 
influenciam a situação dessa indústria, em especial, o ritmo de 
crescimento das importações do produto considerado e o seu 
aumento em volume, em termos absolutos e relativos, a parte do 
mercado interno adquirida pelo aumento das importações, as 
variações do nível das vendas, a produção, a produtividade, a 
utilização da capacidade instalada, os lucros, as perdas e o 
emprego. 
b) A determinação referida na alínea a) só será efetuada se o 
inquérito demonstrar, com base em elementos de prova 
objetivos, a existência de uma relação de causalidade entre o 
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aumento das importações do produto em questão e o prejuízo 
grave ou ameaça de prejuízo grave...” 
 
Perceba que pelo Acordo não há previsão de se impor uma salvaguarda 
por “retardamento na instalação de indústria”, como aparece na defesa 
contra dumping.Somente pode ser imposta uma cláusula de salvaguarda em caso de 
prejuízo grave ou de ameaça de prejuízo grave. 
Já no dumping, tínhamos visto na aula anterior que, se houver dano 
material, ameaça de dano material ou retardamento sensível na 
instalação da indústria, pode ser criada a alíquota antidumping. 
 
Não-discriminação em relação aos países ou a firmas 
 
As cláusulas de salvaguarda não podem ser discriminatórias em relação 
a países ou a firmas, pois assim foi definido no § 2o do artigo 2o do 
Acordo: “As medidas de salvaguarda serão aplicadas a um produto 
importado independentemente de sua procedência.” 
A lógica é clara: o país está se defendendo de um aumento de 
importações e não de uma deslealdade. Se houvesse uma deslealdade, a 
medida seria tomada contra o país ou a firma desleal. Mas, não havendo 
deslealdade, a medida é tomada indistintamente em relação aos países 
ou às firmas. 
 
Formas das cláusulas de salvaguarda 
 
Que tipos de cláusula de salvaguarda podem ser adotadas? Podem ser 
usadas quotas? E alíquotas? 
Podem ser usadas quotas ou alíquotas. O Acordo sobre Salvaguardas 
não elencou as medidas, mas, no artigo 5o, fez referência às quotas 
(esta é uma das permissões excepcionais para o uso de quotas). 
“5. §1o Um membro aplicará medidas de salvaguarda unicamente 
na medida do necessário para prevenir ou reparar um prejuízo 
grave e facilitar o ajustamento. Caso se recorra a uma restrição 
quantitativa, essa medida não reduzirá as quantidades 
importadas para um nível inferior ao registrado num período 
recente, que corresponderá à média das importações efetuadas 
durante os últimos três anos representativos relativamente aos 
quais existam estatísticas disponíveis, a menos que seja 
claramente demonstrada a necessidade de um nível diferente para 
prevenir ou reparar um prejuízo grave. Os membros deverão 
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escolher as medidas mais adequadas para a realização destes 
objetivos.” 
 
Mas perceba também que os países podem usar outras barreiras já que 
os países “deverão escolher as medidas mais adequadas” e a restrição 
quantitativa (quota) não é obrigatória (basta ver que está escrito “caso 
se recorra a uma restrição quantitativa”). 
Que outras medidas mais adequadas poderiam ser adotadas? 
Para responder a esta questão, precisamos ver inicialmente o que foi 
decidido no GATT acerca das barreiras tarifárias e não-tarifárias. 
Barreira tarifária é imposto de importação. Barreira não-tarifária é 
qualquer outra barreira diferente de imposto. Por exemplo, quotas, 
subsídios à produção interna, AVRE, ... Estas barreiras são pedidas no 
edital no tópico 1, que ficou a cargo do Missagia. Vejamos um detalhe 
delas. 
Ao elaborarem o GATT em 1947, os países, usando a teoria econômica, 
compararam os efeitos gerados em um país que adotasse 
alternativamente quotas, tarifas e subsídios. E perceberam que a quota é 
a forma mais danosa de barreira às importações. É a que traz maiores 
efeitos danosos ao comércio. E, por isso, proibiram-nas expressamente 
no artigo XI do GATT (permitindo-as o uso apenas em casos 
excepcionais): 
“Parágrafo 1o – Nenhuma parte contratante imporá nem manterá 
– além dos direitos aduaneiros, impostos e outras taxas – 
proibições nem restrições à importação de um produto do território 
de outra parte contratante ou à exportação ou à venda para 
exportação de um produto destinado ao território de outra parte 
contratante que sejam aplicadas mediante contingentes, licenças 
de importação ou de exportação ou por meio de outras medidas.” 
(PS: Contingenciar é impor quotas) 
 
Os países viram também que os subsídios são a barreira que gera menos 
efeitos colaterais ao comércio, mas, por serem uma afronta ao 
liberalismo (“Dinheiro público entrando numa empresa? Nunca.”), os 
subsídios também foram proibidos. Somente em alguns casos 
excepcionais, como vimos na aula anterior, os subsídios são permitidos. 
Logo, se um país tiver que colocar uma barreira, que seja na forma de 
tarifa, pois os subsídios e as quotas são, em regra, proibidos. Este é o 
mandamento do artigo XI acima transcrito. O artigo define a chamada 
“tarificação das barreiras”, ou seja, substituição de todas as barreiras 
existentes por tarifas (Veremos em aula futura que, apesar deste artigo, 
a principal barreira usada atualmente são as barreiras não-
tarifárias). 
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Portanto, concluindo: ao criar uma cláusula de salvaguarda, os 
países podem optar entre criar uma tarifa ou uma quota. 
 
Prazo das Cláusulas de Salvaguarda 
 
Existe um prazo máximo para a imposição de cláusulas de salvaguarda? 
Sim, 4 anos, mas este prazo pode ser prorrogado sendo que, conforme o 
§ 3o do artigo 7o do Acordo, “O período total de aplicação de uma 
medida de salvaguarda, incluindo o período de aplicação de qualquer 
medida provisória, o período de aplicação e qualquer eventual 
prorrogação, não ultrapassará oito anos.” 
Para os países em desenvolvimento, o prazo de imposição de uma 
salvaguarda pode ser prorrogado por mais dois anos, chegando no total 
a dez anos, por força do parágrafo 2o do artigo 9o do Acordo. 
A medida provisória referida anteriormente é, analogamente e 
guardadas as devidas proporções, a liminar em mandado de segurança. 
Veremo-la ainda nesta aula. 
 
Condenação ao Uso dos AVRE 
 
Por que foi assinado mesmo o Acordo sobre Salvaguardas? 
Para eliminar o uso dos Acordos Voluntários de Restrições às 
Exportações (AVRE). Logo, como não poderia deixar de ser, o Acordo 
condenou expressamente os AVRE. Veja o artigo 11: 
“Proibição e eliminação de certas medidas 
1. a) Um membro não adotará nem procurará adotar medidas de 
emergência relativamente à importação de determinados produtos, 
tal como definidas no artigo XIX do GATT de 1994, a menos que 
essas medidas sejam conformes às disposições desse artigo e 
aplicadas em conformidade com as disposições do presente 
acordo. 
b) Além disso, um membro não procurará adotar, não adotará 
nem manterá medidas de limitação voluntária das 
exportações, acordos de comercialização ordenada ou outras 
medidas similares no que respeita à exportação ou à importação. 
Entre estas medidas estão incluídas as medidas adotadas por um 
único membro, bem como as decorrentes de acordos, convênios e 
memorandos de entendimento, assinados por dois ou mais 
membros. Qualquer medida deste tipo aplicada à data da entrada 
em vigor do Acordo OMC deverá ser tornada conforme ao presente 
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acordo ou progressivamente eliminada, em conformidade com o 
disposto no nº 2...” 
 
 
DEFESA COMERCIAL NO BRASIL 
 
Na última aula, estudamos os acordos da OMC que versam sobre 
deslealdade comercial, ou seja, estudamos o Acordo Antidumping 
(Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do GATT) e o Acordo sobre 
Subsídios e Medidas Compensatórias. 
E na aula de hoje, já vimos o acordo da OMC que trata das cláusulas de 
salvaguarda, que não envolvem deslealdade comercial. É situação de 
defesa, mas sem que seja por conta de deslealdade. 
Neste tópico que se inicia, veremos a Defesa Comercial no Brasil, ou 
seja, as normas nacionais que regulamentaram os acordos internacionais 
citados. 
Devemos ter em mente a ordem em que se desenrolam as normas de 
defesa comercial: 
1o) Em 1947, no GATT, os países condenaram o uso de dumping danoso 
(artigo VI), subsídio danoso (artigo VI e XVI) e permitiram o uso de 
cláusulas de salvaguarda (artigo XIX). 
2o) Algum tempo depois,decidiram regulamentar estes artigos e 
surgiram o Acordo sobre a Implementação do Artigo VI do GATT, o 
Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias e o Acordo sobre 
Salvaguardas, respectivamente. 
3o) Cada país membro da OMC regulamentou a aplicação destes acordos 
dentro de seu território. Assim fez o Brasil: editou o Decreto 1.488, de 
11 de maio de 1995, cuja ementa é “Regulamenta as normas que 
disciplinam os procedimentos administrativos relativos à aplicação de 
medidas de salvaguarda.” Foi alterado pelo Decreto 1.936/96. 
Editou também os Decretos no 1.602, de 23 de agosto de 1995, cuja 
ementa é “Regulamenta as normas que disciplinam os procedimentos 
administrativos, relativos à aplicação de medidas antidumping” e no 
1.751, de 19 de dezembro de 1995, cuja ementa é “Regulamenta as 
normas que disciplinam os procedimentos administrativos relativos à 
aplicação de medidas compensatórias.” 
 
Veremos neste tópico os decretos brasileiros para atender ao edital no 
assunto Defesa Comercial no Brasil, visto que a Defesa Comercial na 
OMC já foi vista. 
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Naturalmente, estes três decretos editados pelo Brasil obedecem às 
diretrizes e seguem os conceitos dos três acordos internacionais aos 
quais se referem. 
Portanto, o estudo da Defesa Comercial no Brasil não passa por 
aprendermos, por exemplo, os conceitos de subsídio nem de dumping, 
pois isto já foi visto no acordo internacional. 
Neste tópico, veremos como é a operacionalização da investigação e 
aplicação das barreiras. 
Aqui não há muita explicação: a operacionalização é assim e ponto final. 
Não há como explicar por que é a SECEX que investiga e a CAMEX que 
fixa. É assim porque o Governo quis. 
Vejamos as principais questões operacionais. 
 
Competência de investigação 
 
Qual o órgão do Governo brasileiro que procede à investigação da 
existência do dumping e dos subsídios? E do aumento das importações 
para a imposição de salvaguardas? 
As três perguntas têm a mesma resposta: o Departamento de Defesa 
Comercial (DECOM) da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). 
E a investigação sobre a existência de danos causados pelas situações 
citadas? 
Também o DECOM. 
 
Competência para fixar as medidas de defesa comercial 
 
O Presidente da República delegou à CAMEX (Câmara de Comércio 
Exterior, do Conselho de Governo) a fixação das alíquotas antidumping, 
das medidas compensatórias e das cláusulas de salvaguarda. 
Além destas competências, a CAMEX também fixa, como já tínhamos 
visto na aula sobre Mercosul, as alíquotas do imposto de importação e do 
imposto de exportação. 
 
Quem pode solicitar a investigação 
 
1) No caso de dumping: É a indústria doméstica. O Governo pode, 
excepcionalmente, iniciar a investigação de ofício. 
“Art. 18. Com exceção do disposto no art. 24, a investigação, para 
determinar a existência, o grau e o efeito de qualquer alegação de 
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dumping, será solicitada pela indústria doméstica ou em seu nome 
por meio de petição, formulada por escrito, de acordo com roteiro 
elaborado pela SECEX. 
... 
Art. 24. Em circunstâncias excepcionais, o Governo Federal, ex 
offício, poderá abrir a investigação, desde que haja elementos de 
prova suficientes da existência de dumping, de dano e do nexo 
causal entre eles, que justifiquem a abertura. O governo do país 
interessado será notificado da existência desses elementos de 
prova, antes da abertura da investigação.” 
 
2) No caso de subsídio: Idêntico ao dumping. 
“Art. 25. Com exceção do disposto no art. 33, a investigação, para 
determinar a existência, o grau e o efeito de qualquer subsídio 
alegado, será solicitada pela indústria doméstica ou em seu nome 
por meio de petição, formulada por escrito, de acordo com roteiro 
elaborado pela SECEX. 
 ... 
Art. 33. Em circunstâncias excepcionais, o Governo Federal, ex 
offício, poderá abrir a investigação, desde que haja elementos de 
provas suficientes da existência de subsídio, de dano e do nexo 
causal entre eles, que justifiquem a abertura.” 
 
3) No caso de cláusula de salvaguarda: Indústria doméstica, SECEX e 
outros órgãos do Governo Federal, o que acaba sendo, na prática, 
igual aos casos de dumping e de subsídios. 
“Art. 3º A solicitação de aplicação de medida de salvaguarda 
poderá ser apresentada: 
I - pela SECEX; 
II - pelos demais órgãos e entidades interessadas do Governo 
Federal; 
III - por empresas ou associações representativas de empresas 
que produzam o produto objeto da solicitação.” 
 
Elementos da petição 
 
1) Em relação ao dumping: 
A petição deve ser instruída com elementos que indiquem, mas 
sem precisar comprovar, a existência de dumping e do dano por 
ele causado. 
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Se os elementos já fossem a prova da existência do dumping e 
do dano causado, prá que a SECEX precisaria investigar? 
A SECEX é quem investiga, mas ela exige que haja um quadro 
indiciário do dumping e do dano por ele causado. Sem isso, a 
petição nem é aceita. 
 
“§ 1º A petição, mencionada no caput deste artigo, deverá 
incluir elementos de prova de dumping, de dano e de nexo 
causal entre as importações objeto de dumping e o dano 
alegado e os seguintes dados: 
a) qualificação do peticionário, indicação do volume e do valor 
da produção da indústria doméstica que lhe corresponda. No 
caso de a petição ter sido feita em nome da indústria 
doméstica, o documento deverá indicar a indústria em nome da 
qual foi feita a petição e o nome das empresas representadas, 
bem como o volume e o valor da produção que lhes 
corresponda; 
b) estimativa do volume e do valor da produção nacional do 
produto similar. 
c) lista dos conhecidos produtores domésticos do produto 
similar que não estejam representados na petição e, na medida 
do possível, indicação do volume e do valor da produção 
doméstica do produto similar correspondente àqueles 
produtores, bem como sua manifestação quanto ao apoio à 
petição; 
d) descrição completa do produto alegadamente importado a 
preços de dumping, nome do respectivo país de origem e de 
exportação, identidade de cada exportador ou produtor 
estrangeiro conhecidos e lista dos conhecidos importadores do 
produto em questão; 
e) descrição completa do produto fabricado pela indústria 
doméstica; 
f) informação sobre preço representativo pelo qual o produto 
em questão é vendido, quando destinado ao consumo no 
mercado interno do país ou países exportadores, ou, nas 
hipóteses previstas no art. 6º, a informação sobre preço 
representativo pelo qual o produto é vendido, pelo país ou 
países exportadores a um terceiro país ou países, ou sobre o 
valor construído do produto; 
g) informação sobre preço de exportação representativo ou, nas 
hipóteses previstas no art. 8º, sobre preço representativo pelo 
qual o produto é vendido, pela primeira vez, a um comprador 
independente situado no território brasileiro; 
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h) informação sobre a evolução do volume das importações, 
alegadamente objeto de dumping, os efeitos de tais 
importações sobre os preços do produto similar no mercado 
doméstico e o conseqüente impacto das importações sobre a 
indústria doméstica, demonstrado por fatores e índices 
pertinentes, que tenham relação com o estado dessa indústria.” 
 
2) Em relação aos subsídios, a lógica é a mesma que no dumping,isto é, o peticionário deve juntar os elementos de prova do 
subsídio, do dano e do nexo causal. 
A única diferença é que o decreto solicita que o peticionário 
informe, “se possível”, o montante do subsídio. 
Estando presentes todos estes elementos, a SECEX vai avaliar 
se abre a investigação. 
 
“Art. 25 ... 
§ 1º A petição deverá incluir elementos de prova de 
existência de subsídio, e, se possível, seu montante, de 
dano e de nexo causal entre as importações do produto 
subsidiado e o dano alegado e os seguintes dados: 
a) qualificação do peticionário, indicação do volume e do valor 
da produção da indústria doméstica que lhe corresponda ou, no 
caso de a petição ter sido apresentada em nome da indústria 
doméstica, a indústria em nome da qual a mesma foi 
apresentada e o nome das empresas representadas, bem como 
o volume e o valor da produção que lhe corresponda; 
b) estimativa do volume e do valor da produção nacional total 
do produto similar; 
c) lista dos conhecidos produtores domésticos do produto 
similar, que não estejam representados na petição, e, na 
medida do possível, indicação do volume e do valor da produção 
doméstica do produto similar correspondente àqueles 
produtores, bem como sua manifestação quanto ao apoio à 
petição; 
d) descrição completa do produto alegadamente subsidiado, 
nome do respectivo país ou países de origem e de exportação, 
qualificação de cada exportador ou produtor estrangeiro 
conhecidos e listados conhecidos importadores do produto em 
questão; 
e) descrição completa do produto fabricado pela indústria 
doméstica; 
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f) elementos de prova da existência, do montante e da natureza 
do subsídio em questão; 
g) elementos de prova de evolução do volume e do valor das 
importações do produto alegadamente subsidiado, dos efeitos 
de tais importações sobre os preços do produto similar no 
mercado doméstico e do conseqüente impacto das importações 
sobre a indústria doméstica, demonstrados por fatores e índices 
pertinentes que tenham relação com o estado dessa indústria.” 
 
3) Em relação às cláusulas de salvaguarda, há uma pequena 
diferença: tem que ficar provado também o aumento das 
importações (aumento absoluto ou relativo), posto que isto 
decorre do próprio conceito de salvaguarda (“reerguimento de 
barreira tendo em vista um aumento das importações”). 
“Artigo 3o... 
§ 1º Os pedidos de aplicação de medidas de salvaguarda 
deverão ser formulados por escrito, de acordo com roteiro 
elaborado pela SECEX, instruídos com elementos suficientes 
de prova, demonstrativos do aumento das importações, 
do prejuízo grave ou da ameaça de prejuízo grave por 
elas causado e da relação causal entre ambas as 
circunstâncias.” 
 
Dano 
 
O decreto brasileiro que regulamentou o Acordo sobre Subsídios inovou 
ao definir o dano da forma como definido no Acordo Antidumping. 
Vejamos os conceitos de dano nos três decretos: 
 
 1) Em relação ao dumping: 
“Art. 14. Para os efeitos deste Decreto, o termo ‘dano’ será 
entendido como dano material ou ameaça de dano material 
à indústria doméstica já estabelecida ou retardamento 
sensível na implantação de tal indústria. 
§ 1º A determinação de dano será baseada em provas 
positivas e incluirá exame objetivo do: 
a) volume das importações objeto de dumping; 
b) seu efeito sobre os preços do produto similar no Brasil; e 
c) conseqüente impacto de tais importações sobre a indústria 
doméstica.” 
 
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2) Em relação aos subsídios, o conceito é idêntico como podemos 
ver: 
“Art. 21. Para os efeitos deste Decreto, o termo "dano" será 
entendido como dano material ou ameaça de dano material 
à indústria doméstica já estabelecida ou retardamento 
sensível na implantação de tal indústria. 
§ 1º A determinação de dano será baseada em provas 
positivas e incluirá exame objetivo do: 
a) volume das importações do produto subsidiado; 
b) seu efeito sobre os preços do produto similar no Brasil; e 
c) conseqüente impacto dessas importações sobre a indústria 
doméstica.” 
Mas no GATT nem no Acordo sobre Subsídios, há esta definição 
de dano no subsídio. Foi o Decreto brasileiro que assim dispôs. 
 
3) Em relação às cláusulas de salvaguarda, o conceito de dano 
está na própria definição das salvaguardas: 
“Art. 1º Poderão ser aplicadas medidas de salvaguarda a um 
produto se de uma investigação resultar a constatação, de 
acordo com as disposições previstas neste regulamento, de que 
as importações desse produto aumentaram em tais quantidades 
e, em termos absolutos ou em relação à produção nacional, e 
em tais condições que causem ou ameacem causar prejuízo 
grave à indústria doméstica de bens similares ou diretamente 
concorrentes.” 
 O conceito de dano para as cláusulas de salvaguarda é um 
pouco diferente do conceito de dano para dumping e para 
subsídios. Nas salvaguardas, não há a previsão de defesa se 
houver “retardamento sensível na implantação de uma 
indústria”, mas apenas se houver prejuízo ou ameaça de 
prejuízo grave. 
 
Abertura da Investigação 
 
Depois de aceita a petição, a SECEX vai fazer um exame preliminar de 
mérito para ver se a indefere sumariamente ou não. 
1) Em relação ao dumping e ao subsídio, o procedimento é o 
mesmo: A SECEX recebe a petição e avalia se os elementos de 
prova do dumping (ou do subsídio), do dano e do nexo causal 
são consistentes. Caso conclua positivamente, a SECEX começa 
a investigação. 
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O § 3o do artigo 20 do Decreto sobre medidas antidumping (há 
um idêntico no Decreto sobre subsídios) dispõe que as firmas 
que apóiam a petição devem reunir pelo menos 50% da 
produção nacional para que se considere que a petição foi feita 
pela indústria doméstica e, portanto, não seja indeferida em 
decorrência do artigo 21, § 1o, “b”. 
 
“Art. 20. Os elementos de prova da existência de dumping e de 
dano por ele causado serão considerados, simultaneamente, na 
análise para fins de determinação da abertura da investigação. 
... 
§ 2º A SECEX procederá a exame do grau de apoio ou rejeição à 
petição, expresso pelos demais produtores nacionais do produto 
similar, com objetivo de verificar se a petição foi feita pela 
indústria doméstica ou em seu nome. No caso de indústria 
fragmentária, que envolva um número especialmente alto de 
produtores, poderá se confirmar apoio ou rejeição mediante a 
utilização de técnicas de amostragem estatisticamente válidas 
§ 3º Considerar-se-á como feita ‘pela indústria doméstica ou em 
seu nome’ a petição que for apoiada por aqueles produtores 
cuja produção conjunta constitua mais de cinqüenta por cento 
da produção total do produto similar produzido por aquela 
parcela da indústria doméstica que tenha expressado apoio ou 
rejeição à petição.” 
 
Quando pode a SECEX indeferir sumariamente a petição? 
O artigo 21 do Decreto sobre dumping dispõe que, não havendo 
elemento de prova do dumping, do dano ou do nexo causal OU 
se a petição não tiver sido feita por produtores domésticos que 
respondam por pelo menos 25% da produção nacional, a SECEX 
indefere a petição e a arquiva. 
Isto parece ser incompatível com o § 3o antes analisado. Veja o 
artigo 21 e depois veremos o que parece ser uma 
incongruência: 
 
“Art. 21. O peticionário será notificado da determinação, 
positiva ou negativa, quanto à abertura da investigação, no 
prazo de trinta dias contados a partir da data de expedição da 
comunicação de que a petiçãoestá devidamente instruída. 
§ 1º A petição será indeferida e o processo conseqüentemente 
arquivado, quando: 
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a) não houver elementos de prova suficientes da existência de 
dumping ou de dano por ele causado, que justifiquem a 
abertura da investigação; 
b) a petição não tiver sido feita pela indústria doméstica ou em 
seu nome; ou 
c) os produtores domésticos, que expressamente apóiam a 
petição, reúnam menos de 25% da produção total do produto 
similar realizada pela indústria doméstica.” 
 
Afinal, precisa do apoio de produtores que reúnam 25% ou 50% 
da produção nacional? 
A resposta é: Produtores que respondam por, pelo menos, 25% 
têm que apoiar EXPRESSAMENTE a petição, ou seja, assiná-la. 
Depois que a SECEX recebe esta petição, ela vai fazer uma 
pesquisa, conforme dispõe o § 2o do artigo 20 (antes 
transcrito), perguntando para os demais que NÃO assinaram a 
petição se eles concordam com ela. Caso a SECEX obtenha 
retorno favorável de produtores que, somados aos peticionários, 
respondam por mais de 50%, então a investigação pode 
avançar. 
“Expressamente apóiam” significa “assinaram a petição”. 
“Apóiam” significa “concordam”, mas sem terem assinado a 
petição inicial. 
 
2) Em relação às cláusulas de salvaguarda, o Decreto não informa 
possibilidades de indeferimento sumário, informa apenas que 
cabe à SECEX tomar a decisão e publicá-la em Diário Oficial da 
União, mas não informa os critérios, a exemplo do que ocorre 
com o dumping e os subsídios. 
“Artigo 3o... 
... 
§ 2º A decisão sobre início de investigação, destinada a 
deliberar acerca da aplicação de medidas de salvaguarda, será 
objeto de Circular da SECEX, publicada no Diário Oficial da 
União, cabendo ao Ministério das Relações Exteriores transmitir 
as informações pertinentes ao Comitê de Salvaguardas da 
Organização Mundial de Comércio - OMC.” 
 
Medidas Provisórias de Defesa 
 
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Nos três casos (dumping, subsídio e salvaguardas), está prevista a 
imposição de medidas provisórias de defesa. A idéia é, já que está se 
estendendo o tempo da investigação (“pelo menos sessenta dias”), 
precisamos estancar o prejuízo que está sofrendo a indústria nacional. 
Por conta deste prejuízo, podem ser adotadas medidas provisórias, 
análogas às liminares em mandado de segurança, enquanto se conclui o 
procedimento de investigação. 
Presentes o periculum in mora e o fumus boni iuris. 
 
1) Em relação ao dumping: 
“Art. 34. Medidas antidumping provisórias somente poderão ser 
aplicadas se: 
I - uma investigação tiver sido aberta de acordo com o disposto 
na Seção II do Capítulo V, o ato que contenha a determinação 
de abertura tiver sido publicado e às partes interessadas tiver 
sido oferecida oportunidade adequada de se manifestarem; 
II - uma determinação preliminar positiva da existência de 
dumping e conseqüente dano à indústria doméstica tiver sido 
alcançada; 
III - as autoridades referidas no art. 2º decidirem que tais 
medidas são necessárias para impedir que ocorra dano 
durante a investigação; e 
IV - houver decorrido pelo menos sessenta dias da data da 
abertura da investigação. 
§ 1º O valor da medida antidumping provisória não poderá 
exceder a margem de dumping. 
... 
§ 8º A vigência das medidas antidumping provisórias será 
limitada a um período não superior a quatro meses, exceto 
nos casos em que, por decisão das autoridades referidas no art. 
2º e a pedido de exportadores que representem percentual 
significativo do comércio em questão, poderá ser de até seis 
meses. Os exportadores que desejarem a extensão do prazo de 
aplicação da medida antidumping provisória a solicitarão por 
escrito, no prazo de trinta dias antes do término do período de 
vigência da medida. 
...” 
 
2) Em relação aos subsídios: 
“Art. 44. Medidas compensatórias provisórias somente poderão 
ser aplicadas se: 
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I - a investigação tiver sido aberta de acordo com o disposto na 
Seção II do Capítulo VI, o ato que contenha a determinação de 
abertura tiver sido publicado e às partes e aos governos 
interessados tiver sido oferecida oportunidade adequada de se 
manifestarem; 
II - uma determinação preliminar positiva de existência de 
subsídio acionável e de dano à indústria doméstica, em 
decorrência de importações de produto subsidiado, tiver sido 
alcançada; 
III - as autoridades referidas no art. 2º decidirem que tais 
medidas são necessárias para impedir que ocorra dano 
durante a investigação; e 
IV - houver decorrido pelo menos sessenta dias da data da 
abertura da investigação. 
§ 1º O valor da medida compensatória provisória não poderá 
exceder o montante do subsídio acionável preliminarmente 
determinado. 
... 
§ 6º A vigência das medidas compensatórias provisórias será 
limitada a período não superior a quatro meses.” 
 
3) Em relação às cláusulas de salvaguarda, também presentes o 
periculum in mora e o fumus boni iuris: 
“Art. 4º Medida de salvaguarda provisória poderá ser aplicada 
em circunstâncias críticas, nos casos em que qualquer demora 
possa causar prejuízo grave de difícil reparação, após uma 
determinação preliminar da existência de elementos de 
prova claros de que o aumento das importações causou ou 
esteja ameaçando causar prejuízo grave à indústria doméstica, 
devendo ser as consultas com qualquer Governo envolvido 
iniciadas imediatamente após a sua aplicação. 
§ 1º A medida de salvaguarda provisória terá duração máxima 
de duzentos dias, podendo ser suspensa por decisão 
interministerial antes do prazo final estabelecido. 
...” 
 
Formas de Defesa 
 
1) Em relação ao dumping: São usadas alíquotas antidumping no 
montante equivalente à margem de dumping, ou seja, é uma 
alíquota que fará o importador gastar exatamente o valor que 
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gastaria se não houvesse o dumping. A diferença entre o preço do 
bem no mercado do país de exportação e o preço pelo qual ele 
está sendo exportado será embolsada pelo Governo. 
A alíquota antidumping é barreira não-tarifária, visto que é 
cobrada como sanção de ato ilícito internacionalmente. Não se 
confunde, portanto, com o imposto de importação. 
2) Em relação aos subsídios: tudo escrito em relação ao dumping se 
aplica para os subsídios. A única diferença é o nome dado à 
barreira não-tarifária: medida compensatória. 
3) Em relação às cláusulas de salvaguarda, há uma diferença 
relevante. Veja o artigo 8o do Decreto 1.488/95, alterado pelo 
Decreto 1.936/96: 
 
“Art. 8º As medidas de salvaguarda definitivas serão aplicadas na 
extensão necessária para prevenir ou reparar o prejuízo grave e 
facilitar o ajustamento da indústria doméstica, da seguinte forma: 
I - elevação do imposto de importação, por meio de adicional à 
Tarifa Externa Comum - TEC, sob a forma de alíquota ad valorem, 
de alíquota específica ou da combinação de ambas; 
II - restrições quantitativas.” 
 
Na regulamentação do Acordo sobre Salvaguardas, o Governo 
brasileiro definiu duas possibilidades: a cobrança de imposto ou a 
imposição de quotas. Sendo assim, a cláusula de salvaguarda 
pode ser uma barreira tarifária ou uma não-tarifária. 
A possibilidade para que seja uma barreira tarifária reside no fato 
de que a cláusula de salvaguarda não é sanção de ato ilícito. 
 
Petição de Investigação por Outro PaísPode uma investigação ser solicitada por um governo estrangeiro? 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
1) A França está subsidiando a exportação de sapatos para o Brasil; 
2) No Brasil, não há produção nacional de sapatos; 
3) A Alemanha, que também é produtora de sapatos, se sente 
prejudicada e pede que o Brasil imponha uma medida 
compensatória; 
4) O que o Brasil fará? 
 
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O Brasil irá mandar a Alemanha procurar a turma dela. Ora, o Brasil está 
sendo prejudicado de alguma forma? Não. Não há indústria brasileira 
sendo prejudicada. 
Se a Alemanha quiser tomar alguma medida, qual será? 
Recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). Entrar com uma 
reclamação contra a França e a OMC irá julgar o subsídio concedido por 
este país (Na aula relativa ao tópico 2 do edital veremos como funciona 
este Sistema de Solução de Controvérsias). 
Portanto, não há a mínima lógica em um terceiro país solicitar que o país 
importador tome alguma medida de defesa contra subsídios. 
 
E pode um país pedir que o outro imponha cláusulas de salvaguarda? 
Pode a Alemanha pedir que o Brasil crie salvaguardas? 
Claro que não. Aliás, pedir alguma coisa nunca é proibido. Mas o 
Governo irá atendê-la? 
Parece óbvio que não. Não há a mínima lógica. A cláusula de 
salvaguarda é levantar de novo uma barreira já que a indústria do país 
está sofrendo prejuízo ou ameaçando sofrê-lo. Que que a Alemanha tem 
a ver com as nossas indústrias? Por que ela está tão preocupada 
conosco? 
 
Mas, em relação ao dumping, há uma excrescência no Acordo Sobre 
Dumping e na nossa legislação. O artigo 62 do Decreto 1.602/95 dispõe 
que um terceiro país pode sim solicitar e o Brasil acatar o pedido de 
investigação. Eu já tentei entender a lógica disso e concluí que não passa 
de um mecanismo de colaboração internacional. Mas por que isto não 
acontece também com o subsídio? Isto é que não dá para entender. Pela 
lógica, já que um terceiro país pode nos pedir para impor alíquotas 
antidumping, não vejo motivos para que não pudesse pedir a imposição 
de medidas compensatórias. Mas isto não é discussão que interesse para 
a prova. 
Só para reforçar: esta maluquice não é coisa inventada pelo Brasil, mas 
provém do acordo internacional antidumping. 
Para que o Brasil aceite a petição, o reclamante deve juntar prova de 
dumping, dano e nexo causal. 
Vejamos o artigo citado: 
 
“DAS MEDIDAS ANTIDUMPING EM NOME DE TERCEIRO PAÍS 
Art. 62. Terceiro país, por suas autoridades, poderá apresentar 
petição para aplicação de medidas antidumping. 
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§ 1º A petição deverá ser instituída com informações sobre preços 
que permitam demonstrar que as importações estão sendo 
realizadas a preços de dumping e que o dumping alegado está 
causando dano à indústria daquele país. 
§ 2º A análise de petição levará em consideração os efeitos do 
alegado dumping sobre a indústria em apreço como um todo no 
território do terceiro país. O dano não será avaliado apenas em 
relação ao efeito do alegado dumping sobre as exportações da 
produção destinadas ao Brasil, nem tampouco em relação às 
exportações total do produto. 
§ 3º No caso de abertura de investigação, o Governo brasileiro 
solicitará aprovação ao Conselho para o Comércio de Bens da 
Organização Mundial de Comércio - OMC.” 
 
Subsídios Acionáveis e Não-Acionáveis 
 
O Decreto 1.751/95 criou novos nomes para se referir aos Subsídios 
Proibidos, Recorríveis e Irrecorríveis expressos no acordo internacional. 
O Decreto classificou os subsídios em: Acionáveis e Não-Acionáveis. 
Os Acionáveis são os que podem ser combatidos (são os chamados 
internacionalmente de Proibidos e de Recorríveis). 
Os não-acionáveis são os subsídios Irrecorríveis, ou seja, aqueles que 
são permitidos e de cujo uso ninguém pode reclamar. A lista destes é 
naturalmente copiada do acordo internacional: são os subsídios 
genéricos e aqueles três específicos (atividades de pesquisa, regiões 
desfavorecidas dentro do território nacional e adaptação de instalações 
em decorrência de novas exigências ambientais). 
 
Vejamos: 
 
“Dos Subsídios Acionáveis 
Art. 5º Para os fins deste Decreto, um subsídio, como definido no 
artigo anterior, será denominado acionável, sujeito a medidas 
compensatórias, se o mesmo for específico, com exceção 
daqueles previstos nos arts. 11, 12 e 13 [que são os três 
específicos irrecorríveis/não-acionáveis]. 
... 
Art. 8º Não obstante o disposto nos arts. 6º e 7º, serão 
específicos, para fins de investigação, qualquer subsídios que se 
enquadrem na definição de subsídios proibidos, nos termos do 
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Artigo 3 de Acordo de Subsídios e Medidas Compensatórias, a 
saber: 
I - subsídios vinculados, de fato ou de direito, exclusivamente ou a 
partir de uma entre várias condições, a desempenho exportador, 
inclusive os indicados no Anexo I A vinculação de fato caracterizar-
se-á quando ficar demonstrado que a sua concessão, ainda que 
não vinculada de direito ao desempenho exportador, está 
vinculada de fato a exportações ou ganhos com exportações, reais 
ou previstos. O simples fato de que subsídios sejam concedidos a 
empresas exportadoras não deverá, por si só, ser considerado 
como subsídio à exportação; 
II - subsídios vinculados, exclusivamente ou a partir de uma entre 
várias condições, ao uso preferencial de produtos domésticos em 
detrimento de produtos estrangeiros.” 
 
“Dos Subsídios Não-Acionáveis 
Art. 10. Para os fins deste Decreto, um subsídio, como definido no 
art. 4º, será denominado não-acionável, não sujeito a medidas 
compensatórias, quando: 
I - não for específico conforme definido nos arts. 6º e 7º; 
II - for específico conforme definido nos arts. 6º e 7º, mas 
preencha as condições enumeradas nos arts. 11, 12 e 13.” 
 
 
Há algumas questões de provas envolvendo cláusula de salvaguarda. 
Uma foi esta esquisita aí embaixo. 
 
(AFRF/2000) Para a determinação de dano, é incorreto afirmar: 
a) Com relação aos efeitos das importações sobre os preços, deve-se 
observar se o preço dos produtos importados não é superior ao preço do 
produto similar nacional e a qualidade de ambos. 
b) A determinação de dano deve estar baseada em evidência positiva. 
c) A determinação de dano deve implicar um exame objetivo de volume 
de importações subsidiadas e o efeito destas sobre os preços no 
mercado doméstico para produtos similares. 
d) O termo deve significar dano material a uma indústria doméstica, 
ameaça de dano material ou o retardamento material do 
estabelecimento de uma indústria. 
e) Medidas de salvaguarda aplicadas a um produto. 
 
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Resp.: 
Vejamos cada assertiva frisando que se está perguntando sobre o 
conceito de DANO. E efeito danoso pode ser defendido com alíquota 
antidumping (se houver dumping), com medida compensatória (se 
houver subsídio) e com cláusulas de salvaguarda (se não houver dolo). 
A Letra A está correta, pois, para verificar se há dano para o Brasil, tem 
que se ver se o preço dos produtos importados não é superior ao preço 
do nacional. Se for superior, não há dano. 
Tem que comparar também a qualidade do importado com a do 
nacional. Não dá para comparar alhos com bugalhos. 
A Letra B está correta porque, como vimos, toda determinação de dano 
deve se basear em dados positivos, concretos,e não em simples 
alegações. 
A Letra C está correta, como vimos na aula anterior sobre danos ligados 
a subsídios. 
A Letra D fala do dano ligado ao dumping e ao subsídio, como 
conceituado pelo Brasil. Dano, nestas duas situações, implica dano 
material, ameaça de dano material ou retardamento sensível na 
implantação de uma indústria. Mas nas salvaguardas, o retardamento 
não é dano. Portanto, a questão não está perfeita, visto que este 
conceito não valeria se estivesse se referindo ao dano protegido pelas 
salvaguardas. 
Até hoje, sete anos depois desta prova, eu estou tentando entender o 
que a ESAF quis dizer na letra E. Lendo a questão inteira, temos a 
seguinte pérola: “Para a determinação de dano, é incorreto afirmar 
medidas de salvaguarda aplicadas a um produto.” O que está escrito? 
Parece que está faltando alguma coisa na resposta para ela ficar 
inteligível. Esta é a resposta dada como errada. Erro existe, pelo menos 
de português... 
 
(ACE/2002) Salvaguardas são medidas de defesa comercial que 
objetivam: 
a) impedir danos aos setores produtivos nacionais causados pela prática 
de dumping. 
b) compensar prejuízos causados à indústria nacional por importações de 
produtos que tenham recebido subsídios no país exportador. 
c) retaliar países que imponham restrições tarifárias e não-tarifárias ao 
acesso a seus mercados. 
d) fornecer proteção temporária à indústria doméstica, em razão de 
prejuízos graves ou de ameaça de prejuízo grave decorrentes do 
aumento da quantidade de importações. 
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e) suspender eventuais benefícios fiscais que usufruam produtos 
importados com o propósito de proteger a indústria doméstica. 
 
Resp.: Basta saber o conceito de salvaguarda. Letra D. 
 
 
Defesa Comercial no Mercosul 
 
Este é um dos pontos mais fáceis do edital. 
Pergunto: Podem ser adotadas medidas compensatórias no Mercosul? 
Não. 
E alíquotas antidumping? Não. 
E cláusulas de salvaguarda? Não. 
 
Vimos que as medidas compensatórias, as alíquotas antidumping e as 
cláusulas de salvaguarda estão previstas, respectivamente, nos artigos 
XVI, VI e XIX do GATT/47. 
Em uma união aduaneira, como é o Mercosul, pode haver barreiras? 
Sim, basta ver o artigo XXIV do GATT/47: 
Ҥ 8o. Para os efeitos do presente Acordo, 
a) entender-se-á por união aduaneira a substituição de dois ou 
mais territórios aduaneiros por um único território aduaneiro, de 
maneira que: 
i) os direitos aduaneiros e as demais normas restritivas 
de comércio (exceto, na medida em que forem 
necessárias, as restrições autorizadas em virtude 
dos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX) sejam 
eliminados em relação ao substancial do comércio 
entre os países-membros ou, ao menos, em relação 
aos produtos originários destes países; e 
ii) que ... cada um dos membros da união aduaneira 
aplique ao comércio com os países extrabloco direitos 
aduaneiros e demais normas de comércio que sejam 
essencialmente idênticos; 
...” 
(tradução livre de 
http://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/gatt47_01_e.htm) 
 
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Portanto, repito a pergunta: Pode haver barreiras numa união 
aduaneira? Sim, mas desde que sejam as barreiras previstas nos artigos 
XI, XII, XIII, XIV, XV e XX. 
Como as alíquotas antidumping, as medidas compensatórias e as 
cláusulas de salvaguarda estão previstas em artigos não-excepcionados 
(VI, XVI e XIX), nada disso poderá ser aplicado. 
Além desta conclusão a que chegamos lendo o GATT/47, podemos 
também ver no Tratado de Assunção os artigos 1o e 5o do seu Anexo IV, 
relativamente às cláusulas de salvaguarda: 
“Art. 1 - Cada Estado Parte poderá aplicar, até 31 de dezembro 
de 1994, cláusulas de salvaguarda à importação dos produtos que 
se beneficiem do Programa de Liberação Comercial estabelecido no 
âmbito do Tratado. 
Os Estados Partes acordam que somente deverão recorrer ao 
presente Regime em casos excepcionais. 
... 
Art. 5 - As cláusulas de salvaguarda terão um ano de duração e 
poderão ser prorrogadas por um novo período anual e consecutivo, 
aplicando-se-lhes os termos e condições estabelecidas no presente 
Anexo. Estas medidas apenas poderão ser adotadas uma vez para 
cada produto. 
Em nenhum caso a aplicação de cláusulas de salvaguarda 
poderá estender-se além de 31 de dezembro de 1994.” 
 
Em relação às cláusulas de salvaguarda, elas não podem mais ser 
utilizadas no Mercosul desde 31/12/94, conforme dispõem os artigos 
acima. 
Em relação às medidas compensatórias e às alíquotas antidumping, os 
países estão em conversação para eliminá-las. 
Pergunta que não cala: E se algum país então subsidiar ou se houver um 
dumping, gerando danos para os outros? Quem é prejudicado não pode 
se defender criando uma medida compensatória ou uma alíquota anti-
dumping? 
Não. Especificamente no caso de integração regional (área de livre 
comércio, união aduaneira, mercado comum, união econômica e 
integração econômica total), o remédio não é criar uma barreira, mas 
sim levar o caso ao sistema de solução de controvérsias, que irá, com 
certeza, propugnar pelo fim da deslealdade. Mas definitivamente não 
pode ser imposta uma alíquota antidumping nem uma medida 
compensatória. 
Já no caso de aumento de importações que poderia levar à imposição de 
cláusula de salvaguarda, não há nada que o país importador possa fazer 
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contra. Veja: está havendo um aumento de importações proveniente dos 
demais países do bloco. Isto está gerando dificuldade para o país 
membro do Mercosul. Mas em blocos comerciais não pode haver cláusula 
de salvaguarda (como vimos anteriormente), e se isso não bastasse, o 
próprio Tratado de Assunção previu que elas somente poderiam ser 
usadas até 1994. 
O que poderia então fazer um país do Mercosul em decorrência do 
aumento de importações? Reclamar para o sistema de solução de 
controvérsias? 
Não, pois não está havendo deslealdade de ninguém. Se houvesse 
deslealdade, estaríamos tratando de dumping ou de subsídio. 
Em suma, não pode impor cláusulas de salvaguarda porque, além de o 
GATT/47 proibir seu uso em blocos comerciais, os países do Mercosul 
reforçaram tal proibição impondo inclusive uma data máxima para que 
as existentes fossem extintas. Não podem também recorrer ao sistema 
de solução de controvérsias porque não há deslealdade. 
É, portanto, por falta de alternativa, que, vira-e-mexe, a Argentina 
impõe barreiras sobre os produtos brasileiros (têxteis, calçados, frango, 
eletrodomésticos, ...). 
Mas, em 2006, como vimos na aula sobre Mercosul, foi criado o 
Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC) entre Brasil e Argentina. 
Atualmente, portanto, podem ser criadas cláusulas de salvaguarda entre 
os dois países. 
 
Exaurindo as questões da ESAF sobre defesa comercial, temos mais as 
seguintes: 
 
(AFRF/2002-2) Exercer, prévia ou posteriormente, a fiscalização 
de preços, pesos, medidas, qualidade e tipos declarados nas 
operações de importação e de exportação, acompanhar a 
execução dos acordos internacionais relacionados com o 
comércio exterior, conceder a aplicação do mecanismo do 
“drawback”, investigar a ocorrência de “dumping” e subsídios 
com vistas a estabelecer as medidas de defesa comercial, são 
algumas das atribuições 
a) da Secretaria da Receita Federal, tendo em vista sua competência 
constitucional para a fiscalização e controle do comércio exterior, além 
da pesquisa e fiscalização do valor aduaneiro das mercadorias e de 
reprimiras práticas de sub e superfaturamento na importação e na 
exportação. 
b) do Ministério das Relações Exteriores, tendo em vista que dumping, 
subsídios, salvaguardas, valoração aduaneira, Sistema Harmonizado, 
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acordos internacionais de comércio são decorrentes de atos 
internacionais sob sua competência constitucional. 
c) da Secretaria de Comércio Exterior, tendo em vista competir a ela, 
entre outras atribuições, exercer a política de comércio exterior e 
autorizar as importações e exportações de mercadorias através do 
mecanismo do licenciamento. 
d) do Banco Central do Brasil em conjunto com a Secretaria de Comércio 
Exterior, tendo em vista o controle cambial e administrativo das 
operações de importação e exportação. 
e) da Secretaria da Receita Federal e do Banco Central do Brasil, tendo 
em vista a necessidade de coibir as fraudes cambiais nas operações de 
comércio exterior, fretes internacionais e conciliação entre os contratos 
de câmbio, faturas comerciais e conhecimentos de carga. 
 
Resp.: 
Esta questão é relativa às instituições intervenientes do tópico 8 do 
edital, que ficou a cargo do Missagia. Roubei-a para cá já que no 
enunciado pergunta sobre quem investiga a ocorrência de dumping e de 
subsídios, ou seja, mexe também com defesa comercial no Brasil. 
A resposta é a letra C. 
 
(AFTN-96) De uma forma geral, entende-se por dumping a venda 
de produtos no exterior a preços menores do que aqueles 
praticados no mercado interno. Esse fenômeno pode ocorrer em 
razão de várias causas, entre as quais se destacam a existência 
de excedentes de produção em grande escala, a redução de 
tarifas para os produtos exportados e, principalmente, a 
concessão de subsídios governamentais. As medidas anti-
dumping são tomadas quando: 
a) o fenômeno ocorre em decorrência de pelo menos uma das causas 
mencionadas no enunciado acima e devidamente comprovada 
b) o fenômeno ocorre em decorrência de pelo menos duas das causas 
mencionadas no enunciado acima e devidamente comprovadas 
c) o fenômeno, comprovadamente, traz consigo uma forma de 
discriminação comercial que, portanto, fere um dos princípios básicos 
do GATT/OMC 
d) a entrada maciça desses produtos mais baratos ameaça a estabilidade 
de preços internos e, conseqüentemente, a estabilidade da moeda 
e) a entrada desses produtos mais baratos compromete o crescimento e 
mesmo a existência da produção nacional no setor 
 
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Resp.: Letra E. 
Esta é a pior questão que eu já vi da ESAF. 
No enunciado, eles AFIRMAM, não perguntam, AFIRMAM que o dumping 
pode ocorrer por: 
1) causa da existência de excedentes de produção em 
grande escala (falso, o dumping não decorre de 
excedente de produção, mas de desejo de quebrar os 
outros), 
2) redução de tarifas para exportação (falso, para verificar 
dumping já se comparam os valores líquidos de impostos) 
e 
3) concessão de subsídios, principalmente (falso, dumping e 
subsídio não se confundem). 
 
A resposta até que está correta, pois as alíquotas antidumping somente 
podem ser criadas quando o dumping estiver trazendo danos ao país 
(letra E). 
Mas veja que forma de elaboração horrorosa: Primeiro, afirmam três 
coisas no enunciado da questão e, nas respostas, perguntam: “Eu falei 
corretamente lá em cima?” Veja a letra A, por exemplo. Perceba que, se 
qualquer uma das três situações citadas no enunciado fosse verdadeira, 
a letra A estaria correta. Se a ESAF considerou a letra A incorreta (e o 
fez, pois a resposta foi a letra E), ela está se desdizendo. Afirma uma 
coisa no enunciado e, de forma camuflada, desdiz nas respostas. 
Quem tenta entender o enunciado antes de começar a resolver a 
questão, TEM QUE aceitar o que eles colocaram no enunciado, já que 
não há nenhuma indicação neste de que o que foi escrito lá poderia estar 
errado. 
 
(AFRF/2000) Sobre os Direitos Compensatórios, podem-se fazer 
todas as afirmativas abaixo, exceto que: 
a) Uma investigação para ser iniciada necessita de uma determinação de 
uma autoridade da área competente. 
b) Direitos compensatórios só podem ser impostos após uma 
investigação ter sido iniciada e conduzida de acordo com os dispositivos 
do Acordo sobre Medidas Compensatórias. 
c) Os membros devem assegurar que a imposição de direitos 
compensatórios sobre qualquer produto do território de outro membro e 
que seja importado para dentro de seu território esteja de acordo com o 
Artigo VI do Acordo Geral. 
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d) No caso de subsídios acionáveis que estejam causando dano material 
à indústria doméstica, o membro pode escolher aplicação de anti-
subsídios ou medidas compensatórias. 
e) A investigação deve ser encerrada se as autoridades envolvidas 
estiverem satisfeitas de que não existe evidência suficiente de subsídio 
ou de dano. 
 
Resp.: 
Quem recebe a petição de investigação? A SECEX. 
Quem decide se abre a investigação? A SECEX. 
Não há nenhum intermediário que tenha que autorizar o início da 
investigação. A SECEX não determina para ela mesma: “SECEX, você 
pode começar a investigar.” A SECEX se pauta pelas condições que são 
definidas no decreto que regulamenta o Acordo sobre Subsídios. 
A letra A está, portanto, incorreta. 
Para variar um pouco, a banca inventou: sugiro que você, caro aluno, 
entre nos sites de busca da Internet (Google, por exemplo) e digite 
“anti-subsídios”. Você vai encontrar anti-subsídios como sinônimo de 
medidas compensatórias. Pegue o Acordo sobre Subsídios. Pegue o 
Decreto 1.751/95. Se você não quiser pegar todos esses textos, eu já fiz 
isso e vou contar tudo o que eu encontrei sobre “anti-subsídio”: NADA. 
Não existe isto que foi escrito na opção da letra D. 
Recurso foi feito. Não adiantou. 
As outras letras estão corretas. Só cabe um comentário na letra C: os 
subsídios são tratados no GATT tanto no artigo VI quanto no artigo XVI, 
mas neste último é que está a parte principal. 
 
Nas provas de AFRF/2005 e TRF/2005, pediram que conhecêssemos 
alguns dos protocolos listados na aula 11 sobre Mercosul: Protocolo de 
Ushuaia e o Protocolo de Defesa da Concorrência do Mercosul. 
 
(AFRF/2005) 42- Assinale a opção incorreta. 
a) No âmbito do Mercosul, adotou-se um regime para a aplicação de 
medidas de salvaguarda às importações provenientes de países não-
membros do bloco. 
b) O sistema de solução de controvérsias do Mercosul, definido pelo 
Protocolo de Olivos, estabelece um Tribunal Permanente de Revisão para 
o julgamento de recursos contra decisões dos Tribunais Arbitrais Ad Hoc 
– o que não existia no Protocolo de Brasília, antecessor do de Olivos. 
c) Em 2004, o Mercosul concluiu acordos comerciais, por exemplo, com a 
Índia e com a SACU (União Aduaneira Sul-Africana, formada por África 
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do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia), e atualmente negocia 
acordos com outros países. 
d) Muito embora o Mercosul almeje à conformação de um mercado 
comum, atualmente o bloco se encontra no estágio de união aduaneira 
imperfeita (ou incompleta). Para a conclusão dessa etapa, basta a 
eliminação das exceções ao livre-comércio intrabloco. 
e) De acordo com o Protocolo de Ushuaia, a plena vigência das 
instituições democráticas é condição essencial para o processo de 
integração entre seus signatários (países do Mercosul, Bolívia e Chile). 
Prevê o Protocolo quea ruptura da ordem democrática em um dos 
países pode levar à suspensão de seus direitos e obrigações nos 
processos de integração entre os membros desse Protocolo. 
 
Resp.: 
Vimos, na página 16 da aula 11, em questão da prova de AFRF 2002-2, 
que “Para aperfeiçoar então a união aduaneira, precisa liberar 
integralmente o comércio de bens e serviços e acabar com as 
listas de exceção à TEC...” Portanto, não basta uma das coisas... 
Assim, a letra D está incorreta. 
A letra A está correta, pois não pode haver salvaguarda, antidumping e 
medidas compensatórias cobradas internamente, mas, em relação aos 
países de fora, pode. 
As letras B e C estão corretas, como já tínhamos visto na aula sobre 
Mercosul. 
Já a letra E foi tirada do fundo do baú, ou melhor, daquela lista enorme 
de textos legais que eu coloquei na aula sobre Mercosul: O Protocolo de 
Usuhaia é um ajuste político que define que somente países com regimes 
democráticos podem fazer parte do Mercosul. 
 
 
(TRF-2005) 23- Assinale a opção correta. 
a) Na qualidade de membros associados do Mercosul, Chile e Bolívia 
também aplicam a Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco. 
b) A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) contém capítulos 
destinados não apenas a bens, mas também a serviços. Por sua vez, o 
Sistema Harmonizado (SH) diz respeito apenas à classificação aduaneira 
de bens. 
c) O Grupo Mercado Comum, órgão máximo na estrutura do Mercosul, 
tem poderes para, por consenso, tomar decisões obrigatórias para os 
membros do bloco. 
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d) Atualmente, é possível que um membro do Mercosul aplique uma 
medida antidumping contra outro membro do bloco. 
e) Ainda não foram definidas regras que tenham por objeto a defesa da 
concorrência no âmbito do Mercosul. 
 
Solução: 
A letra A é falsa, pois os membros associados não usam a TEC do 
Mercosul. A Bolívia, por exemplo, faz parte do Pacto Andino, que tem 
uma TEC própria. 
A letra B é falsa, pois a NCM é a nomenclatura usada pelos países do 
Mercosul, em que são relacionadas apenas mercadorias para efeito de 
classificação aduaneira. Ela tem por base o Sistema Harmonizado, criado 
internacionalmente. 
A letra C é falsa, pois o órgão máximo do Mercosul é o Conselho do 
Mercado Comum. 
A letra E é falsa, tendo inclusive sido regulamentado o “Protocolo de 
Defesa da Concorrência do Mercosul” pela Diretriz nr. 13/2003 da 
Comissão de Comércio do Mercosul. O problema neste item é que 
pegaram outra das inúmeras normas listadas na aula 11 sobre Mercosul, 
em vez de pegar as fontes principais: Tratado de Assunção e Protocolo 
de Ouro Preto e de Olivos. Já tinham pego o Protocolo de Ushuaia na 
prova de AFRF. Para a de TRF, pegaram o Protocolo de Defesa da 
Concorrência. 
 
A letra D está sendo considerada como a correta pelo gabarito. Mas, em 
uma união aduaneira, como é o Mercosul, pode haver barreiras? Pode, 
desde que sejam as barreiras previstas nos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV 
e XX, conforme se pode ver no § 8o do artigo XXIV do GATT/47: 
Ҥ 8o. Para os efeitos do presente Acordo, 
a) entender-se-á por união aduaneira a substituição de dois ou 
mais territórios aduaneiros por um único território aduaneiro, de 
maneira que: 
iii) os direitos aduaneiros e as demais normas restritivas de 
comércio (exceto, na medida em que forem necessárias, 
as restrições autorizadas em virtude dos artigos XI, 
XII, XIII, XIV, XV e XX) sejam eliminados em relação ao 
substancial do comércio entre os países-membros ou, ao 
menos, em relação aos produtos originários destes países; e 
iv) que ... cada um dos membros da união aduaneira aplique ao 
comércio com os países extrabloco direitos aduaneiros e 
demais normas de comércio que sejam essencialmente 
idênticos; 
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...” 
 
 
Veja abaixo o texto que consta no site da Câmara dos Deputados e no 
Ministério das Relações Exteriores 
(http://www2.camara.gov.br/comissoes/cpcms/publicacoeseinformativos
/10anosmercosul/defesa-concor-coml-merco) 
e 
(http://www2.mre.gov.br/unir/webunir/RESENHAS/Relat%C3%B3rios%
202001/re0202001doc.html) 
 
“Na doutrina do direito do comércio internacional consideram-se as 
medidas compensatórias — no que se refere a subsídios — e as medidas 
antidumping como recursos aplicáveis a um comportamento de comércio 
desleal (unfair trade), enquanto as salvaguardas permitem proteger um 
setor da produção nacional gravemente afetado por importações, mesmo 
que estas configurem expressão de fair trade. 
No Mercosul, as salvaguardas estão proibidas desde janeiro de 1995, 
conforme estipulado nos artigos 1º e 5º do Anexo IV do Tratado de 
Assunção e reiterado pelo laudo arbitral (de 10/3/2000) emitido na 
controvérsia sobre salvaguardas têxteis entre Brasil e Argentina. O 
Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt, 1947), em seu artigo XXIV.8 
(a) (i) estabelece que uma união aduaneira pressupõe que ‘‘tarifas e 
outras regulamentações restritivas ao comércio (exceto, quando 
necessário, aquelas permitidas pelos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX) 
sejam eliminadas com respeito a substancialmente todo o comércio 
entre os territórios que constituem a união ou pelo menos com respeito 
a substancialmente todo o comércio de produtos originários de tais 
territórios’’. 
As medidas antidumping (art. VI do Gatt) constituem, por um lado, 
evidente regulamentação restritiva ao comércio e, por outro, não são 
mencionadas entre as exceções do artigo XXIV que, como norma 
excepcional, não poderiam ser interpretadas extensivamente. À luz do 
sistema multilateral de comércio, portanto, tais medidas estão 
entre as restrições que devem ser eliminadas em uniões 
aduaneiras (como ocorre, de modo efetivo, na União Européia). 
Em relação às medidas antidumping, o Mercosul — como união 
aduaneira em consolidação — já tomou a decisão política de sua 
eliminação gradual. Tal objetivo já estava expresso no artigo 1º do 
Tratado de Assunção de 1991, que prevê a eliminação de todas as 
restrições tarifárias e não tarifárias. O artigo 4º do mesmo tratado 
estabelece o dever dos estados-partes em coordenar suas políticas 
nacionais com vistas a elaborar normas comuns sobre concorrência 
comercial. 
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Desde então, realizam-se esforços paralelos no Mercosul para avançar 
na eliminação do antidumping intrazona e para harmonizar as 
regras de defesa da concorrência na região. Tal paralelismo explica-se, 
pois a garantia de instrumentos eficazes para a manutenção de 
condições adequadas de concorrência na região, com a necessária 
prevenção de condutas e práticas restritivas (abuso de posição 
dominante, preços predatórios), é circunstância relevante para a 
definitiva eliminação.” 
 
Portanto, considerando que: 
1) o Mercosul é uma união aduaneira; 
2) uniões aduaneiras não permitem a imposição de medidas de 
defesa comercial como se depreende da leitura do artigo XXIV do 
GATT; 
3) as alíquotas antidumping são barreiras não-tarifárias e o artigo 1o 
do Tratado de Assunção prevê a eliminação das barreiras tarifárias 
e não-tarifárias entre os países do bloco; 
4) o Ministério das Relações Exteriores (MRE) é o responsável pela 
política exterior brasileira e também o presidente pró-tempore do 
Conselho Mercado Comum (órgão superior do Mercosul), conforme 
se constata no Protocolo de Ouro Preto; 
5) o MRE afirma, no site oficial, que as alíquotas antidumping devem 
ser eliminadas e que o Mercosul já tomou a “decisão política de 
sua eliminação gradual” 
6) “eliminaçãogradual” é incompatível com a permissão de se 
criarem novas alíquotas antidumping, 
 
tem-se que as alíquotas antidumping não podem ser levantadas contra 
os demais países-membros. 
Portanto, com base nesta explicação, solicitei anulação da questão, mas 
não fui feliz com a banca. 
 
(AFRF/2005) 44- Assinale a opção correta. 
a) A medida de salvaguarda, quando aplicada, deve incidir tão-somente 
em relação aos países responsáveis pelo surto de importação no país que 
adota a medida. A esse respeito, segundo o Acordo sobre Salvaguardas 
da OMC, a medida somente pode ser aplicada em relação aos países cuja 
participação no mercado do país importador seja igual ou superior a 
30% (trinta por cento) em relação ao produto investigado. 
b) Os pressupostos de aplicação das medidas de salvaguarda são: (i) 
surto de importações, (ii) existência de prejuízo grave à indústria 
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nacional e (iii) nexo causal entre o surto de importações e o prejuízo 
grave à indústria nacional. A ameaça de prejuízo grave não é suficiente 
para dar ensejo à aplicação de uma medida de salvaguarda. 
c) A China, que faz parte da Organização Mundial do Comércio, está 
sujeita à incidência de salvaguardas transitórias. Com base no Protocolo 
de Acessão do país à Organização, não é necessário o prejuízo grave 
para que se justifique uma salvaguarda contra a China, bastando, sob 
este quesito, a ocorrência ou ameaça de desorganização de mercado 
provocada pelo surto de importações chinesas. 
d) Como medida de defesa comercial que é, a salvaguarda não dá ensejo 
à compensação comercial para os países que vierem a ser prejudicados 
por sua aplicação. 
e) O surto de importações, para que possa justificar a salvaguarda, 
precisa ser verificado em termos absolutos. Nesse sentido, não basta 
que o aumento significativo das importações se verifique apenas em 
comparação com a produção nacional. 
 
Resposta: Letra C. Era só o que faltava: estudar o Protocolo de Acessão 
da China à OMC. E por que não o Protocolo da França, da Sérvia, da 
Espanha, de Portugal, da Argentina, dos EUA, ...? 
Pelo texto desta aula, vemos que as letras A, B e E estão incorretas. 
Já a letra D tem que ser interpretada. Do jeito que está escrito, a 
imposição de uma salvaguarda está sempre permitida já que é uma 
medida de defesa comercial. Mas devemos nos lembrar que, mesmo que 
presentes os elementos para se impor uma salvaguarda, esta não 
poderá ser adotada, por exemplo, dentro de blocos comerciais. Se, por 
exemplo, o Uruguai impõe uma salvaguarda, o Brasil pode recorrer ao 
sistema de solução de controvérsias, por ser uma medida ilegal no 
Mercosul (só o Brasil e a Argentina podem criar entre si a partir de 2006, 
pelo Mecanismo de Adaptação Competitiva). 
 
(AFRF/2005) 45- A respeito de defesa comercial, assinale a 
opção correta. 
a) Caso não seja possível o cálculo do preço de exportação, ou caso o 
preço seja duvidoso segundo os parâmetros da legislação aplicável, o 
preço de exportação do produto investigado pode ser construído pela 
autoridade investigadora para fins de constatação da prática do 
dumping. 
b) Para neutralizar a prática do dumping, o país prejudicado pode aplicar 
uma medida antidumping, respeitando o princípio da não-seletividade, 
ou seja, a aplicação da medida deverá atingir todas as importações do 
produto em questão, não importando sua procedência. 
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c) Segundo as normas da OMC, pratica dumping a empresa que vende 
no mercado de outro país abaixo do seu preço de custo. 
d) Para a aplicação da medida antidumping é necessária a comprovação 
do dolo específico, ou seja, do objetivo da empresa estrangeira de 
eliminar ou restringir a ação da concorrência no país importador. 
e) A aplicação da medida antidumping pode ser feita de modo tanto 
qualitativo, por meio de um direito antidumping ad valorem ou 
específico, ou de modo quantitativo, ou seja, por meio da definição de 
uma cota que restrinja o ingresso do produto no mercado do país 
importador. 
 
Resp.: Letra A. 
A letra B está incorreta, pois uma medida anti-dumping somente poderá 
ser adotada contra o agente do dumping. 
A letra C está incorreta, pois pratica dumping aquele que vende 
mercadorias por um preço abaixo do preço de venda, apesar de não 
estar errado o que está escrito na opção... 
A letra D está incorreta porque os elementos são: o dumping, o dano e o 
nexo causal. Não se avalia a intenção, mas apenas provas positivas. O 
dolo é inerente ao dumping, mas não se comprova o dolo e sim o 
dumping. 
A letra E está incorreta porque a defesa é sempre na forma de alíquota 
anti-dumping. 
 
 
(TRF-2005) 25- A medida de defesa comercial que restringe as 
importações de um determinado produto, cujo surto de 
importações esteja causando dano ou ameaça de dano à 
indústria doméstica, é denominada: 
a) medida antidumping. 
b) medida compensatória. 
c) salvaguarda. 
d) drawback. 
e) cota às importações. 
 
Resposta: Letra C. 
 
Um abraço, 
Rodrigo Luz

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