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Complexos: Estrutura e Aplicações

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Complexos
Complexo é um composto que tem uma estrutura com um metal central rodeado de ânions ou de moléculas
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Um íon metálico central é rodeado de moléculas de água
As moléculas de água orientam-se de acordo com a
 atração eletrostática entre a carga do íon (positivo) e os 
 pares de elétrons não partilhados da molécula de água que 
 é o ligante
Formação de um complexo
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Definição: É a união de um íon metálico central com um grupo de moléculas ou íons vizinhos, que são denominados agentes complexantes ou ligantes.
Os compostos que contém complexos são conhecidos como compostos de coordenação
A esse conjunto dá-se o nome de esfera de coordenação do complexo, e numa fórmula química ela fica entre colchetes.
Íon metálico central
Esfera de coordenação de um íon metálico
A união entre o íon metálico e o ligante pode ser entendida como o compartilhamento de um par de elétrons.
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[Ag(NH3)2]+
A carga de um complexo é a soma algébrica das cargas do íon metálico central e dos ligantes.
Ag+ é o íon metálico
NH3 é o íon ligante 
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Nos íons complexos :
 O átomo central é um íon do metal (aceita elétrons )
 Designa – se por nº de coordenação o nº de pares 
 eletrônicos aceitos pelo átomo central
A ligação coordenada envolve pares de elétrons
 não ligantes dos átomos ligantes
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Cu ( H2O )42+
Íon central
ligante
Nº de coordenação
Íon central – Cu2+
Ligante – H2O
Nº coordenação - 4
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Co Cl ( NH3 )52+
Íon central – Co+
Ligantes – Cl - e NH3
Nº coordenação – 6 
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	Quando um íon metálico se liga a uma substância que possui dois ou mais doadores de pares de elétrons, o composto resultante será um quelato, substância mais estável que o complexo.
	[Cu(NH3)4]+2 é um complexo
 	[Cu(NH2CH2CH2NH2)2 ]+2 é um quelato
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Exemplos:
Nota-se a grande diferença das constantes de formação.
Sendo o complexo polidentado (quelante) mais estável que o monodentado.
Ligante monodentado
Ligante polidentado
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Utilização:
Impede reações comuns de íons metálicos
Usados na indústria alimentícia
Usado na medicina para tratar envenenamentos
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Classificação dos ligantes
 monodentados – ligantes que partilham apenas um par
 de elétrons com o átomo central
 polidentados – (bidentado , tridentado ,..) - ligandos que
 partilham mais do que um par de elétrons
 com o átomo central
 Sempre que um íon complexo contém um ou mais
 íons polidentados designa-se por quelato 
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A molécula 1,2-diaminoetano liga-se ao metal central por dois pares de elétrons (um de cada átomo de nitrogênio) N desta molécula – é um ligante bidentado 
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EDTA é o acrónimo em inglês: EthyleneDiamineTetrAcetic acid.(ácido etilenodiamino tetra-acético).
É um composto orgânico que age como ligante polidentado, formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos. 
EDTA
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Geometria dos íons complexos
Linear – corresponde a nº coordenação dois , 2
Tetraédrica – corresponde a nº coordenação quatro, 4
Quadrangular plana – corresponde a nº coordenação 				quatro, 4
Octaédrica – corresponde a nº coordenação seis, 6
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Geometria dos íons complexos
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Aplicações dos complexos
Produtos de limpeza – O EDTA é um agente complexante capaz de formar quelatos com metais como Ca2+ Mg2+, criando um complexo iônico solúvel evitando a fixação cálcio em tubulações e materiais
Química
Limpar ferrugem – o óxido de ferro é insolúvel em água, mas dissolve – se na presença de ácido oxálico dando origem ao íon complexo trioxalato ferrato (III) [ Fe ( C2O4)3 ]3 – solúvel 
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Metalurgia
Processos de extração de metais nobres , prata e ouro , a partir do minério
4 Au(s) + 8 CN – (aq) + O2 (g)  4 [ Au ( CN)2 ] – ( aq) + 4HO – (aq)
Zn(s) + 2 [ Au ( CN)2 ] – ( aq)  [ Zn ( CN)4 ]2 – ( aq) + Au(s) 
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Medicina
Um dos complexos de maior sucesso na área da terapêutica é a cisplatina [Pt(NH3)2Cl2]
Este complexo tem a capacidade de se introduzir nas cadeias de ADN do núcleo das células .Como consequência desta introdução anómala na cadeia ADN, a célula deixa de se replicar o que permite que a cisplatina seja um instrumento eficaz na cura do cancro. É injectada nas células tumorais o que as impede de se replicarem.
Possui no entanto grandes efeitos secundários a nível renal
cisplatina [Pt(NH3)2Cl2]
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EDTA é um composto orgânico que age como ligante polidentado, formando complexos muito estáveis com diversos íons metálicos. Devido a isso, é usado como preservante do sangue, pois "inativa" os íons de cálcio, que promovem a coagulação sanguínea. 
Medicina
Esta habilidade de complexar e assim "inativar" íons metálicos é também usada como antídoto para envenenamento por chumbo
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Medicina
Complexos de gadolínio utilizam – se na Imagiologia Médica formando o complexo DOTA 
DOTA – ácido 1,4,7,10 –tetraazaciclododecano-1,4,7,10-teraacético – gadolínio , que atua como agente de contraste na ressonância magnética nuclear - RMN
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Indústria
Complexos de európio podem ser usados em sistemas luminescentes
Complexos de európio e térbio são usados em pigmentos para tintas
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Bioquímica
A molécula de hemoglobina (C2952H4664O832N812S8Fe4) é um complexo de ferro , podendo ser dividida em mais de 500 aminoácidos. A parte principal da molécula é um anel heterocíclico contendo um átomo de ferro. Este átomo de ferro é o responsável por manter o oxigênio ligado à molécula e assegurar o transporte de oxigênio no sangue . 
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A Cor
 Quando a luz branca incide sobre um material, algumas radiações são absorvidas outras podem ser transmitidas e outras refletidas
Componente da luz branca . Vermelho, verde,azul; refletidas pelo branco, absorvidas pelo preto e transmitidas por objectos transparentes incolores
 A cor resulta da absorção selectiva de radiação visível
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A Cor
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 A Cor
A cor dos complexos está relacionada com a absorção de radiações em zonas específicas do espectro visível devido a transições electrônicas entre as orbitais d .
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A Cor nos complexos
O conjunto das orbitais d apresenta simetria esférica
A cor dos complexos dos metais de transição pode ser relacionada com a presença de orbitais d
As orbitais a vermelho orientam – se na direção dos eixos
As orbitais a azul orientam – se na direção entre os eixos
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A Cor nos complexos
 A cor dos complexos dos metais de transição pode ser relacionada com a presença de orbitais d vazias ou semi preenchidas e com a presença de elétrons não emparelhados no metal.
 Nos complexos os orbitais d não apresentam todas a mesma energia, embora a energia total permaneça constante.
 Teoria do campo cristalino dá uma explicação de como se processa a distribuição energética dos orbitais d foi utilizada com sucesso para explicar a cor, propriedades magnéticas, espectro electrônico (Uv-Vis) e de ressonância paramagnética eletrônica (RPE) de compostos de coordenação de metais de transição.
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Compostos de Coordenação
Compostos de adição são formados quando quantidades estequiométricas de dois ou mais compostos estáveis são colocados em contato.
Os compostos de adição pertencem a dois grupos:
1. Aqueles que perdem sua identidade em solução (sais duplos).
2. Aqueles que mantêm sua identidade em solução (complexos).
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Números atômicos efetivos (NAE)
	Pode-se dizer que o número de valências secundárias de Werner é igual ao número de átomos ligantes coordenados ao metal.
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Sidgwick sugeriu por meio de sua regra do número atômico efetivo, que os pares de elétrons dos ligantes são adicionados ao metal central até que este esteja rodeado por um número de elétrons equivalente ao do gás nobre mais próximo.
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Exemplo: hexacianoferrato(II) de potássio, K4[Fe(CN)6]
um átomo
de ferro possui 26 elétrons e, portanto, o íon Fe2+ possui 24 elétrons. A adição de seis pares de elétrons de seis ligantes CN- totalizam 12 elétrons, aumentando o número atômico efetivo do Fe2+ no complexo [Fe(CN)6]4- para 36. Existem muitas exceções.
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Ligações em complexos de metais de transição
	Há três teorias que expliccam as ligações entre o metal e os ligantes nos complexos:
Teoria da Ligação de Valência (Pauling)
Teoria do Campo Cristalino (Bethe e van Vleck)
Teoria dos Orbitais Moleculares
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Teoria do Campo Cristalino
 O aumento de energia deve-se ao aumento de repulsões entre um elétron do metal nesse orbital e o par eletrônico do ligante.
 Quando os pares de elétrons dos ligantes se aproximam do átomo central para estabelecer ligação coordenada, aos orbitais d do metal, que se orientam preferencialmente para receber os pares de elétrons dos ligantes, sofrem um aumento de energia
 A energia total dos orbitais d tem de se manter constante , assim os restantes orbitais d sofrem um decréscimo de energia para compensar o aumento sofrido pelos outros orbitais d 
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A Teoria do Campo Cristalino supõe que a atração entre o metal central e os ligantes num complexo é puramente eletrostática. O átomo central do complexo, é considerado como sendo um íon positivo com carga igual ao seu estado de oxidação. Este é rodeado por ligantes negativamente carregados ou moléculas neutras possuindo pares de elétrons livres. 
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Na Teoria do Campo Cristalino são feitas as seguintes suposições:
1. Os ligantes são tratados como cargas pontuais.
2. Não há interação entre os orbitais do metal e o dos ligantes
3. Todos os orbitais d do metal, no íon livre, tem a mesma energia (isto é, são degenerados). Contudo os ligantes removem o caráter degenerado desses orbitais quando o complexo é formado, isto é, os orbitais passam a ter energias diferentes.
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Os ligantes aproximam-se ao logo dos eixos x , y e z
Complexo octaédrico
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Os orbitais afetados vão depender da distribuição espacial dos ligantes – da geometria do complexo
Geometria octaédrica – maior diferença de energia entre os orbitais de maior e menor energia
Geometria tetraédrica – menor diferença de energia entre os orbitais de maior e menor energia
A cor nos complexos é consequência de absorções de radiação visível que ocorrem normalmente entre orbitais d do metal
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Complexo octaédrico
Os orbitais d desdobram-se em orbitais de maior e de menor energia
A diferença de energia entre estas orbitais é representado por o
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Complexo tetraédrico
A diferença de energia entre estas orbitais é representado por T e tem valor inferior a o
Neste tipo de complexos os ligantes aproximam-se dos orbitais dxy , dxz ´e dzy
A separação das orbitais d é oposta à observada para os complexos octaédricos
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 A Cor em conclusão 
A cor de um íon complexo depende :
 Do nº de elétrons presentes nos orbitais d do íon metálico central
 Do arranjo dos ligantes à volta do íon central (geometria do complexo) , pois isso afeta a separação dos orbitais d
 Da natureza do ligante , já que diferentes ligantes têm diferentes efeitos nas energias relativas dos orbitais d
 Das transições entre orbitais d de diferentes energias 
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Isomerismo
Isômeros – O que são?
Classificados em dois tipos:
 Isômeros estruturais (ligações diferentes) Estereoisômeros (mesmas ligações, diferentes arranjos espaciais)
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Isomerismo Estrutural
Isomerismo de ligação: o ligante pode se coordenar ao metal de duas maneiras diferentes. Ex: NO2 ¯ 
Isomerismo de esfera de coordenação: diferem dos ligantes diretamente ligados ao metal, em oposição a estar fora da esfera de coordenação na rede sólida. Ex: [CrCl3(H2O)6] ; existindo neste caso 3 formas comuns: [Cr(H2O)6]Cl3 ;[Cr(H2O)5Cl]Cl2·H2O; [Cr(H2O)4Cl2]Cl·2H2O
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Estereoisomerismo
É a forma mais importante de isomerismo.
Estereoisomeros possuem as mesmas ligações químicas mas diferem nos arranjos espaciais.
Classificados em dois tipos: Geométrico e Óptico
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Isomerismo Geométrico
Definição ?
Obs.: Como todos os vértices de um tetraedro são adjacentes entre si,o isomerismo cis-trans não é observado em complexos tetraédricos.
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Isomerismo Ótico
- São capazes de desviar a luz polarizada. 
- Caso o isômero óptico provoque o giro da luz polarizada para a direita, o enantiômero é denominado dextrógiro (D,+). Caso o enantiômero provoque o giro da luz polarizada para a esquerda, o composto é denominado levógiro (L,); A mistura dos dois chama mistura racêmica.
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Isômero ótico destrorrotatório
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Magnetismo
É importante se estudar cores e propriedades magnéticas dos complexos de metais de transição para o desenvolvimento de modelos modernos para a ligação metal-ligante.
Muitos complexos de metais de transição exibem paramagnetismo simples. Neles , os íons metálicos individuais possuem certo número de elétrons desemparelhados. 
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Química Bioinorgânica
A Química Bioinorgânica, também chamada de Bioquímica Inorgânica, é o ramo da Bioquímica que estuda o papel dos metais (em particular dos metais de transição) em sistemas biológicos.
O campo de estudos da Química Bioinorgânica abrange o efeito da adição de metais exteriores aos sistemas vivos como por exemplo na avaliação da sua toxicidade e na determinação da estrutura e função de metaloproteínas. 
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A Química Bioinorgânica é a ciência que estuda o papel das substâncias inorgânicas (e dos complexos metálicos especialmente) em sistemas biológicos. 
Por exemplo, a hemoglobina (proteína que promove o transporte de oxigênio para as células) depende fundamentalmente de uma molécula relativamente pequena, o Heme, que por sua vez está estruturado sobre um átomo de ferro. Portanto, o estudo da estrutura e do mecanismo do grupo heme é um dos objetos típicos da Química Bioinorgânica.
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Existem ainda muitos outros exemplos: 
As superóxido-dismutases, que eliminam radicais livres gerados no metabolismo, e que dependem de átomos de cobre; 
As hemocianinas, que fazem as vezes da hemoglobina (ou seja, transportam oxigênio) nos artrópodes e moluscos, e que dependem também de átomos de cobre; 
A vitamina B12, único caso de importância biológica do cobalto e a única molécula organometálica da natureza (que contém uma ligação metal-carbono); 
- As clorofilas, que dependem de átomos de magnésio e são estruturalmente muito semelhantes à nossa hemoglobina.
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A Química Bioinorgânica é um fantástico híbrido entre a química variada e colorida dos metais e a fascinante química da vida.
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Paul Ehrlich usou organoarsênico no tratamento da sífilis, numa das primeiras demonstrações da importância da química de metais em sistemas vivos. 
A descoberta da atividade anticancerígena da cisplatina (cis-PtCl2(NH3)2) por Rosenberg reforçou esta importância. 
HISTÓRICO DA ÁREA
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A primeira proteína a ser cristalizada foi a urease, descobrindo-se mais tarde que possuía níquel no seu centro ativo. 
Dorothy Crowfoot Hodgkin demonstrou a presença de cobalto na vitamina B12, usada no tratamento da anemia perniciosa. 
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Abundancia relativa dos elementos
(a) Natureza
(b) Crosta Terrestre
(c) Corpo Humano
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METALOPROTEÍNAS
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Uma metaloproteína é uma proteína que contém um ou mais íons metálicos na sua estrutura, seja diretamente ligados à cadeia polipeptídica, seja inseridos numa molécula não protéica covalentemente ligada à cadeia polipeptídica.
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Metaloproteína chamada de catalase
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O metal de transição mais encontrado em metaloproteínas é o ferro. 
Outros metais de transição também encontrados: zinco, cobre e o molibdênio. 
Também se consideram metaloproteínas aquelas contendo os metais alcalino-terrosos magnésio e cálcio.
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EXEMPLOS DE METALOPROTEÍNAS
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HEMOGLOBINA
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A hemoglobina
(frequentemente abreviada como Hb) é uma metaloproteína que contém ferro e que permite o transporte de oxigênio pelo sistema circulatório. 
A hemoglobina pode ser encontrada dispersa no sangue dentro das hemácias dos vertebrados.
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 Sua molécula é um tetrâmero e cada subunidade compõem-se de uma cadeia polipeptídica, a globina, e um grupo prostético, o heme, um pigmento contendo ferro que se combina com o oxigênio e confere à molécula sua capacidade de transportar oxigênio. 
ESTRUTURA
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Formação da Hemoglobina
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Estrutura da Hemoglobina
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COMPLEXO HEME
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 Atua intensamente no transporte de gases respiratórios. O oxigênio se combina com o radical heme, em ligação instável, surgindo a oxiemoglobina. 
FUNCIONAMENTO
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ß2 - Cadeia
ß1 - Cadeia
α2 - Cadeia
α1 - Cadeia
Histidina (F8)
Oxigênio
ligado
Grupo
Heme
Cadeia Proteica
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Mudança no grupo Heme 
com a ligação do O2
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RESUMINDO
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CATALASE
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 A catalase é uma enzima intracelular, encontrada na maioria dos organismos, que decompõe o peróxido de hidrogênio (H2O2) segundo a reação química
2 H2O2 → 2 H2O + O2
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ESTRUTURA
O tipo mais comum de catalase é um tetrâmero de 240 kDa, ou seja, possui quatro cadeias polipeptídicas na sua estrutura quaternária, cada um com cerca de 60 kDa de massa. 
Cada cadeia polipeptídica liga um grupo heme, semelhante ao que existe na hemoglobina, possuindo então cada heme um íon de ferro. É este centro metálico que reage com o peróxido de hidrogênio. 
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FUNCIONAMENTO
O peróxido de hidrogênio é um produto decorrente do metabolismo celular em organismos expostos ao oxigênio atmosférico.
Sendo tóxico para as células, o peróxido tem de ser rapidamente convertido numa espécie química que seja inócua. 
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A catalase tem o mais alto número de turnover (kcat) conhecido em enzimas: 
Uma molécula de catalase pode catalisar a decomposição de até 40.000.000 moléculas de peróxido de hidrogênio por segundo, tornando-a numa enzima importante para a desintoxicação desta substância 
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H2O2 + Fe(III)-E → H2O + O=Fe(IV)-E 
H2O2 + O=Fe(IV)-E → H2O + Fe(III)-E + O2 
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Elementos Essenciais 
Os elementos são ditos essenciais quando a sua falta no organismo vai causar algum tipo de disfunção, ou vai debilitar seriamente alguma função orgânica, e a adição desse elemento vai restaurar a saúde daquele organismo. Desses elementos que o nosso organismo necessita, em grandes quantidades, sete são metais (Na, K, Mg, Ca, Fe, Cu e Zn), e outros sete são não metais (H, C, N, O, P, S e Cl). 
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Muito difícil é mostrar as necessidades do nosso organismo àqueles elementos que são necessários, aparentemente, em pequenas quantidades, os chamados elementos "traço". Por exemplo, nossa necessidade básica de selênio, um desses traçoelementos, foi determinada ser entre 50 e 200 microgramas/dia (mg.dia-1): a falta pode causar sérios problemas de saúde, enquanto o excesso pode levar à morte. 
Os traçoelementos mais importantes são os metais V, Cr, Mn, Co, Ni, Mo e Sn, e os não metais B, F, Si, Se e I. 
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Os metais alcalinos
Nós necessitamos de pelo menos 1g.dia-1 de sódio em nossa dieta, mas em nossa cultura ocidental, habitualmente ingerimos muito mais do que isso. De fato, é muito mais comum a deficiência de potássio no nosso organismo. 
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A função básica dos íons sódio e potássio é a de contrabalancear as cargas negativas associadas a grupos funcionais orgânicos em proteínas, além de manter a pressão osmótica dentro de nossas células, evitando que elas entrem em colapso. 
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Diferentemente da química inorgânica tradicional, onde tratamos o íon sódio e o íon potássio como similares, o mundo biológico discrimina ambos de forma precisa. As células do nosso organismo bombeiam o sódio para fora do citoplasma (o protoplasma da célula, excluído o núcleo) e bombeiam o potássio para dentro, através de enzimas seletivas que contém "cavidades" onde cabem ou o pequeno sódio, ou o grande potássio. 
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Esse controle enzimático sobre as concentrações de sódio e potássio dentro e fora das células produz um potencial elétrico através da membrana celular que é vital para a realização de muitos dos processos básicos do organismo, como a geração dos sinais elétricos rítmicos do coração, a incessante separação de solutos tóxicos dos não tóxicos do sangue pelo fígado. A atividade elétrica do nosso cérebro também é dependente dessa troca potássio/sódio, e até nossos olhos dependem dela para manter a nossa visão, isto é, o índice de refração de nossas lentes oculares. 
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O lítio 
Embora não se conheça o mecanismo biológico preciso do íon lítio em nosso organismo, há tempos que se reconhece sua ação sobre o cérebro das pessoas: seu excesso causa vários distúrbios cerebrais, mas não se sabe ainda se a sua falta é responsável, pelo menos em parte, por levar pacientes a estados depressivos. Excesso de lítio no organismo pode levar a parada cardíaca, e conseqüentemente à morte do paciente. 
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Os metais alcalino terrosos 
A principal função bioquímica do magnésio é a fotossíntese. A clorofila contendo magnésio, através da energia fornecida pelo sol, converte a água e o dióxido de carbono em açúcares, a fonte básica de energia dos organismos vivos, e oxigênio: 
6 CO2 + 6 H2OC6H12O6 + 6 O2 
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	Tanto o magnésio quanto o seu irmão maior, o cálcio, estão presentes nos nossos fluidos corpóreos, mas de uma forma diferente daquela dos metais alcalinos. Naquele caso, era o grandalhão potássio que era bombeado para dentro das células e aqui, é o íon cálcio que se acumula nos fluidos intracelulares, com o pequeno magnésio se acumulando dentro das células. Tanto o magnésio quanto o cálcio são essenciais aos mamíferos. 
	
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Elementos do Grupo 13 
O primeiro elemento do Grupo 13 da tabela periódica, o boro, não é um metal, de formas a que não discutiremos aqui o seu papel bioquímico. De fato, nem poderíamos, por quê até hoje ninguém sabe ao certo como ele funciona. Sabe-se sim que ele é imprescindível às plantas, onde funciona como um micronutriente. 
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Já sobre o alumínio há uma pesquisa considerável, tanto no que diz respeito à agricultura quanto à medicina. A primeira trata o íon como sendo largamente distribuído na superfície da terra, e solos ricos em alumínio são ácidos e portanto pobres para a atividade agrícola. Além disso, a grande maioria das plantas têm suas funções vitais, como o metabolismo celular, afetado pelo alumínio absorvido por suas raízes. Nós humanos somos mais tolerantes, mas devemos ter um certo cuidado com o alumínio. 
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Metais Representativos dos Grupos 12 e 14 
O estanho é outro elemento que aparece como traço-elemento necessário à vida, mas sua ação bioquímica não é conhecida. Não se tem relatos de toxicidade promovida pelo elemento ou seus compostos mais simples, mas seus compostos organometálicos, como os trialquilcloretos (R3SnCl) e trialquilhidróxidos são muito tóxicos, mas bastante empregados contra ataques de fungos nas culturas do arroz e da batata. Já o elemento mais pesado do grupo, o Chumbo, é talvez o mais tóxico de todos os elementos. O envenenamento por chumbo é lento mas gradual, se a exposição do indivíduo for contínua, e há inúmeras formas de exposição, como o contato direto com a pele, ingestão e respiração em ambientes contaminados. 
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Aparentemente, o grande pintor Cândido Portinari teria falecido por envenenamento por chumbo, devido à sua mania de limpar a tinta de seus pincéis com a boca, atraído talvez pelo sabor adocicado de muitos dos sais de chumbo, que em certa época no passado eram utilizados como adoçantes. Em muitos lugares no mundo, inclusive o Brasil, ainda se emprega o organometálico chumbotetraetila para aumentar a octanagem da gasolina, e o conseqüente aumento de rendimento dos motores a combustão. Testes analíticos em cigarros de marcas mais comuns
têm evidenciado que um fumante ingere 1 mg de chumbo por cigarro fumado. 
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Como a imensa maioria dos compostos de chumbo carregam o íon Pb+2, assume-se que o organismo o toma pelo íon cálcio, daí a sua disseminação insidiosa por todo o corpo do indivíduo afetado. Em baixas concentrações, o chumbo causa dores de cabeça e anemia, que pode se tornar cada vez mais profunda. Em concentrações mais elevadas ele leva à falha do fígado e convulsões, com os subseqüentes danos cerebrais, e portanto, à morte. 
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Outro elemento metálico, praticamente tão perigoso quanto o chumbo, é o mercúrio (Grupo 12), devido à propriedade de o íon mercuroso (Hg+2) de precipitar proteínas. Assim como no caso do chumbo, todos os compostos de mercúrio, considerando-se aí também o mercúrio elementar, são potenciais formadores daquele íon. 
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No Grupo 12, é sintomático que o mais pesado Cádmio também seja extremamente venenoso, e é um problema ambiental crescente, devido à composição níquel-cádmio das baterias recarregáveis, como as dos telefones celulares. 
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Elementos do Grupo 15 
A primeira curiosidade: ficou comprovado cientificamente, pela análise dos teores de arsênico nos fios de cabelo de Napoleão, que ele morreu por envenenamento, causado por derivados de um arseneto de cobre, antigamente utilizado para dar cor verde a papéis de parede: quanto mais doente ele ficava, mais tempo passava na cama, exposto ao ambiente hostil. 
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Os metais de Transição 
Um grande número de metais de transição estão envolvidos diretamente com processos bioquímicos essenciais, como o ferro e o cobre como primeiros exemplos, ou então estão tendo seus compostos utilizados como quimioterápicos, como a platina (na forma de cisplatina, Cl2Pt(NH3)2) e, mais recentemente, organometálicos de ródio e titânio. O ferro ocorre na hemoglobina, causando-lhe a cor avermelhada que ela empresta ao sangue, e é responsável pela respiração. 
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Conclusão 
Tanto entre os metais representativos quanto entre os de transição, existem exemplos de íons metálicos que são indispensáveis à vida. É provável que em todos os processos bioquímicos tais íons metálicos estejam envolvidos, direta ou indiretamente, e o conhecimento de suas propriedades e funções nos organismos vivos é o que busca a parte da química chamada de química bioinorgânica.

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