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ADAPTAÇÃO DA ADAPTAÇÃO Por: Juliana Moraes Almeida Terapeuta Ocupacional 08/04/10 A novela “Viver a Vida” trás em sua trama a história vivida por Luciana interpretada pela atriz Aline Moraes, que devido a um acidente trágico de ônibus sofreu lesão medular e ficou tetraplégica, por conta das seqüelas do acidente, necessitou desde o início de sua recuperação acompanhamento terapêutico em diversas áreas, as quais tiveram destaque Neurologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Como profissional da área, fico deslumbrada com as diversas adaptações que a personagem vem recebendo ao longo da sua recuperação, como o adaptador de vários utensílios, sendo estes: batom, garfo, digitador de computador e até sombra de olho e blush, bem como cama que responde ao comando de voz, computador adaptado, móveis mais baixos, clinica de fisioterapia só pra ela, enfim tudo o que há de mais moderno em adaptações no mercado para melhorar a independência e autonomia da mesma. Porém diante da realidade que me cerca e que cerca a maior parte dos colegas em exercício, essas adaptações estão muito longe do alcance dos nossos pacientes, pois muitas vezes ele é o Zezinho que mora na favela ou em bairro carente e estuda em uma instituição filantrópica, que não tem o que comer na casa, seus pais estão desempregados, enfim que não tem a menor condição de comprar uma daquelas adaptações tão sofisticadas que aparecem na novela, diante dessa problemática, resta dizermos que esse paciente vai ficar sem o direito de ter uma vida mais independente e autônoma porque não tem dinheiro para adquirir as adaptações? Com certeza ficar sem adaptações não é a melhor resposta, pois como o título mesmo diz se faz necessário muitas vezes que o Terapeuta Ocupacional crie uma adaptação da Adaptação em questão, pois existem muitos materiais baratos e alternativos que substituem outros materiais caros e de difícil alcance da maior parte da população. Por exemplo o garfo que a Luciana utiliza além de ser de um custo alto, é muito difícil copiar o material, porém se pegarmos uma embalagem de chocolate MM, colocarmos um velcro para prender a mão do paciente, entortar uma colher ou garfo de acordo com a dificuldade de movimentação de punho, enrolar a colher no EVA para ficar firme dentro da embalagem e vedar a embalagem com durepox teremos o mesmo garfo sem ter gasto quase nada e o que é melhor, ele terá a mesma função do garfo utilizado por Luciana. Garfo Adaptado na novela Garfo adaptado de baixo custo Esse é um dos muitos exemplos que poderia citar aqui nesse texto e como pode ser observado nas fotos de algumas adaptações que fiz, porém a mensagem que quero deixar é a importância da flexibilidade e criatividade na vida profissional do Terapeuta ocupacional que trabalha com a população carente, pois em muitos casos é necessário substituir materiais para que o nosso paciente adquira a independência tão sonhada por ele, através de uma adaptação, ou seja, algum equipamento simples que permite que ela faça um movimento que não consegue sozinha.
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