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Unidade IV Pragmática As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)

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Língua Portuguesa: 
Linguística Textual 
Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Elaine A. Souto Antunes
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan. 
5
• Introdução
• Dêixis – Dêiticos 
• Debreagem e Embreagem 
• A Pessoa
• O Tempo
• O Sistema Enunciativo
• O Sistema Enuncivo
• Os Advérbios de Tempo
• O Espaço
 · Apropriar-se do conceito de enunciação;
 · Compreender a sistematização das categorias de pessoa, tempo e espaço 
nos enunciados;
 · Reconhecer as marcas linguísticas que remetem ao sistema enunciativo ou 
ao sistema enuncivo.
Nesta unidade, vamos falar a respeito da instauração das categorias de pessoa, espaço e 
tempo na enunciação e sua relação com essas mesmas categorias no enunciado. Buscaremos 
entender como as pessoas do discurso se colocam, como o tempo se organiza e como os lugares 
se determinam.
Para obter um bom desempenho, você deve começar pela leitura do Conteúdo Teórico. 
Aqui, você encontrará o material principal de estudo na forma de texto escrito. Depois, assista 
à Apresentação Narrada e à Videoaula, que sintetizam questões importantes. Consulte as 
indicações sugeridas e leia os textos na íntegra. É importante e interessante, se possível, ir aos 
textos indicados pois eles trazem pormenores e curiosidades que não estavam no âmbito desta 
unidade.
É muito importante que você exerça a sua autonomia de estudante para construir novos 
conhecimentos.
Bons estudos!
Pragmática: As categorias de enunciação 
(tempo, pessoa e espaço)
6
Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Contextualização
Em 2014,
tivemos eleição
para presidente.
Aqui é o melhor
lugar do mundo!
Cheguei!!!
Voltaremos para o
Brasil só em 2018.
Ele foi um
ótimo pai
A vida é
bela!!
Esse é meu
melhor amigo
Você não imagina
como estou feliz!!
A viagem para
Os Estados Unidos
foi maravilhosa.
Lá é o melhor lugar
que já estive.
Observe as palavras grifadas nas falas dos balões.
Você consegue identificar o que elas têm em comum?
A saber, as palavras sublinhadas instauram dentro dos textos as categorias de pessoa, tempo 
e espaço. E serão essas três categorias que estudaremos nesta unidade. A pessoa, o tempo e o 
espaço linguístico são pensados sempre a partir de uma instância chamada enunciação.
Você já ouviu falar em enunciação?
Pois bem, conversaremos bastante a respeito dela. A enunciação é uma instância virtual 
sempre pressuposta por qualquer enunciado. Ela é realizada por um sujeito virtual que toma 
a palavra e que chamaremos de “eu”, o momento específico que este sujeito enuncia é visto 
como um “agora” e em relação ao espaço que este sujeito está, teremos sempre um “aqui”. 
Será então, a partir dessa enunciação (eu, aqui e agora) que buscaremos compreender tudo o 
que ocorre nos enunciados com relação às categorias de pessoa, tempo e espaço.
7
Introdução
A comunicação humana se efetiva por meio de textos. Os textos produzidos pelos sujeitos, 
sejam orais ou escritos, trazem enunciados que transmitem muito mais do que se explica apenas 
na observação dos elementos linguísticos que o constitui. 
Por exemplo:
Se uma pessoa pergunta para outra: 
-Tem fogo?
Na realidade, o que a pessoa realmente deseja é que o outro lhe acenda o cigarro. Essa 
informação não está contida no enunciado, mas é previsível pela situação de comunicação 
desenvolvida. Esse exemplo nos faz perceber que existem ocorrências que somente serão 
equacionadas no uso efetivo da língua por meio da linguagem. 
A Pragmática é ciência que se preocupa em observar e explicar ocorrências como a do 
exemplo acima. Ela mostra que por meio da linguagem se comunica muito mais do que as 
informações centradas no sentido das palavras que compõem um enunciado. 
Lembrando Fiorin, “A Pragmática é a ciência do uso linguístico, estuda as condições que 
governam a utilização da linguagem, a prática linguística.” (2004a, p.166)
Existem vários fatos linguísticos que necessitam de uma abordagem pragmática para serem 
compreendidos. No entanto, nesta unidade, nos deteremos nos fatos de enunciação e nos 
focaremos nos trabalhos do Prof. José Luiz Fiorin sobre esse tema. 
A Enunciação é “o ato produtor de enunciado”. Ela é uma instância linguística virtualmente 
pressuposta por todo enunciado. Para entender melhor essa colocação, compreenda que o 
enunciado é uma sequência linguística que comporta marcas que remetem a instância da 
enunciação ou não.
A enunciação é a instância virtual de produção do discurso, percebida pela projeção de um 
“eu” virtual que se realiza quando alguém fala ou lê, em um espaço considerado sempre como 
um “aqui” e dentro de um tempo presente.
O enunciado é a sequência linguística concreta, que pode ter as marcas que remetem a 
instância da enunciação ou pode não ter marcas que coincidam com a instância da enunciação.
As marcas da enunciação aparecem no enunciado por meio da dêixis que projeta os elementos 
chamados dêiticos. Vamos estudar isso melhor a seguir:
8
Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Dêixis – Dêiticos 
A dêixis se efetiva por meio de elementos chamados dêiticos (eu, tu, aqui, agora).
Para entendermos as marcas deixadas pelo ato de enunciar, recorreremos à dêixis. Ela 
instaura elementos que fazem referências à situação comunicativa. Esses elementos marcam a 
pessoa, o tempo e o espaço da enunciação. 
Os dêiticos definem os participantes de uma situação comunicativa na hora da enunciação. 
As pessoas são “eu” quem fala, “tu” ara quem se fala, o momento é sempre um “agora” e o 
lugar é sempre um “aqui”. 
A enunciação se realiza sempre a partir de um sujeito “eu” e o espaço e o tempo será sempre 
organizado em função desse “EU”. Ou seja, em relação ao “eu” temos o seu espaço que é 
um “aqui” e um tempo que é o “agora”. Todas as relações espaço temporais acontecerão em 
relação ao “eu” pressuposto pela enunciação.
Fiorin comenta:
Como a enunciação é o lugar de instauração do sujeito e este é o 
ponto de referência das relações espaço-temporais, ela é o lugar 
do ego, hic et nunc. Benveniste usa os termos latinos ego (eu), 
hic (aqui), nunc (agora), para mostrar que essas categorias, de 
pessoa, de espaço e de tempo, não existem apenas em algumas 
línguas, mas são constitutivas do ato de produção do enunciado 
em qualquer língua, em qualquer linguagem (por exemplo, as 
linguagens virtuais). (2004, p.163)
Émile Benveniste foi um linguista francês que contribuiu 
muito para os estudos da enunciação.
No processo de produção e escrita de um texto, para se projetar as marcas de pessoa, espaço 
e tempo contamos com dois mecanismos que serão estudados a seguir:
9
Debreagem e Embreagem 
A debreagem e a embreagem são os mecanismos de instauração de pessoa, tempo e espaço 
no enunciado. 
Debreagem
Consiste em projetar no enunciado a pessoa, o espaço e o tempo. Quando ela acontece 
falamos em debreagem actancial – de pessoa, debreagem espacial – de espaço e debreagem 
temporal – de tempo.
A debreagem instaura nos enunciados dois sistemas distintos com relação às categorias de 
pessoas, espaços e tempos: 
Sistema 
Enunciativo
acontece por meio de uma debreagem enunciativa e instaura no 
enunciado: para a categoria de pessoa “eu/tu”; para a categoria de 
tempo o “agora”; para a categoria de espaço o “aqui”.
Exemplo:
Eu decidi que vou ficar aqui no Japão para estudar um pouco mais 
e aprender sobre as novas tecnologias que ajudam os deficientes a 
serem mais independentes. 
Veja que no exemplo, o eu que decide é o mesmo eu da enunciação, sua decisão coincide 
com o momento do agora da enunciação é uma decisão que ocorre no momento em que se 
enuncia e o espaço deonde o enunciador fala, é o mesmo onde o enunciador está, o Japão.
Sistema 
Enuncivo
acontece por meio de uma debreagem enunciva e instaura no 
enunciado: para a categoria de pessoa um “ele”, para a categoria de 
tempo um “então”; para a categoria de espaço um “lá”.
Exemplo:
Roberto decidiu que ficará no Japão para estudar um pouco mais e 
aprender sobre as novas tecnologias que ajudam os deficientes a serem 
mais independentes.
Nesse exemplo, instaura se no enunciado um ele, Roberto que não coincide com o eu da 
enunciação. O verbo decidiu mostra que Roberto tomou sua decisão em um momento anterior 
ao momento do agora da enunciação. E o espaço da enunciação visto como um aqui não é o 
mesmo que o do enunciado que foi projetado como um lá no Japão.
O recurso da debreagem possibilita criar determinados efeitos de sentido. A debreagem 
enunciativa cria o efeito de subjetividade e a debreagem enunciva cria o efeito de objetividade. 
Falamos que são efeitos porque todos os textos são frutos da visão e opinião de um enunciador 
que assume seu posicionamento ou busca distanciar-se.
10
Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Embreagem
A embreagem é um mecanismo de neutralização das categorias de pessoa, espaço e tempo que 
busca recriar a instância da enunciação e apagá-las no enunciado. Ela instaura o discurso direto.
Exemplo: 
1. Quando o Presidente diz:
- O Presidente da República julga que o Congresso 
Nacional deve estar afinado com o plano de estabilização 
econômica 
Neste exemplo, temos uma debreagem enunciva – um ele, o Presidente; mas, na realidade, 
ocorreu uma neutralização, pois ele significa eu. O presidente deveria ter falado “Eu julgo que o 
Congresso Nacional deve estar afinado com o plano de estabilização econômica.”, mas preferiu 
usar sua titulação. Essa neutralização da categoria de pessoa “ele- presidente” no lugar de “eu” 
projeta a imagem pública do presidente e busca esconder seu posicionamento particular. Perceba 
que não é uma escolha aleatória, ao contrário, tem a intenção de realçar o valor institucional da 
pessoa pública. 
Entender esses conceitos de embreagem e debreagem colabora para a análise de textos e 
para a compreensão dos efeitos de sentido que os textos constroem. Esses conceitos orientam 
tanto a leitura como a produção de textos.
Para entender como ocorrem a embreagem e a debreagem é necessário analisar mais 
aprofundadamente as 3 categorias pessoa, tempo e espaço. Faremos isso a seguir:
11
A Pessoa 
Existem 3 tipos de pessoas – eu, tu, ele – no entanto como afirma Benveniste: “elas não 
possuem o mesmo estatuto”. 
Eu e tu:
• são os verdadeiros participantes da comunicação e 
estão em posição de reversibilidade, pois eu é quem 
fala e tu é quem escuta, quando o tu toma a palavra 
ele vira eu e me coloca na posição de tu;
• mudam ao formarem o masculino e o feminino;
• têm formas distintas para o singular (eu/tu) e para o 
plural (nós e vós).
Nós e vós
• não são apenas uma pluralização, como ocorre com 
eles, mas sim uma ampliação de pessoas (nós = eu 
+ outra pessoa e vós = tu + terceira pessoa).
Ele
• refere-se a alguém que está fora da comunicação 
ou designa algum ser ou nenhum ser;
• ao contrário do eu/tu que convivem num processo 
de reversibilidade mútua, o ele não possibilita a 
reversibilidade, pois não faz parte da situação de 
enunciação.
(Fonte: Adaptado de Fiorin, 2004b, 164)
A categoria de pessoa ainda comporta as seguintes características:
1. Da pessoalidade:
que se opõem eu/tu - pessoas da enunciação
da não pessoa ele - elementos do enunciado
2. Da subjetividade: pessoa subjetiva – eu/tu -, e não-subjetiva (objetiva)– ele
Exemplos:
1. Eu vi quando a moto de João Pedro veio em alta velocidade e atropelou os pedestres
Neste exemplo, o sujeito da enunciação é o mesmo eu do enunciado isso cria 
um efeito de subjetividade e de proximidade com os fatos narrados.
2. A moto de João Pedro veio em alta velocidade e atropelou os pedestres.
Neste exemplo, o eu da enunciação não está inscrito no enunciado, isso cria 
um efeito de sentido de não-subjetividade com o fato narrado para mostrar 
distanciamento do sujeito que enuncia e o atropelamento. 
12
Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
O professor Fiorin, também, nos ensina que será no ato enunciativo, ou seja pela enunciação, 
que se determinará quem são as pessoas e as não pessoas e nomearemos de:
1. Pessoas Enunciativas (eu/tu): que participam do ato de comunicação
2. Pessoa Enunciva (ele): aquele que está inscrito no enunciado.
As pessoas enunciativas são aquelas que efetivamente participam da comunicação, são 
aquelas que falam e escutam. A pessoa enunciva é considerada uma não pessoa porque não 
participa da cena comunicativa, ela está fora da comunicação, ou seja, é de quem se fala.
Exemplo:
Eu: Encontrei a Ana no mercado.
Tu: Ela está bem?
Eu: Sim, ela está muito feliz. Ela está grávida.
Veja que eu e tu conversam, portanto são pessoas enunciativas, já a Ana está fora da cena 
comunicativa, é o sujeito enuncivo a respeito de quem eu e tu falam. Ana não aparece no 
diálogo apenas é citada.
Veja a seguir o que cada pessoa significa:
Eu: é quem fala, eu é quem diz eu;
 
Tu: é aquele com quem se fala, aquele a quem o eu diz tu, que por esse fato se torna 
interlocutário;
 
Ele: é substituto pronominal de um grupo nominal, de que tira a referência; é participante 
do enunciado; é aquele de que eu e tu falam;
Nós: não é a multiplicação de objetos idênticos, mas sim a junção de um eu com um não eu;
• há três nós: 
• um nós inclusivos, em que ao eu se acrescenta um tu (singular ou plural); 
• um nós exclusivo, em que ao eu se juntam ele ou eles (nesse caso, o texto deve 
estabelecer que sintagma nominal o ele presente no nós substitui);
• um nós misto, em que ao eu se acrescentam tu (singular ou plural) e ele(s).
Vós: é o plural de tu e outro, ou seja, vós é junção de tu + ele ou eles;
Eles: pluralização de ele.
(Adaptado de Fiorin, 2004b, 165)
13
Os morfemas que expressam a pessoa são de três tipos:
1. Pronomes pessoais retos e oblíquos (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas, me, mim, te, ti, o, a, lhe, se, si, nos, vos, os, as, lhes);
2. Pronomes possessivos (seu, sua, seus, suas, dele, dela, deles, delas);
3. As desinências números-pessoais dos verbos (amo, amamos).
Exemplo:
Gansa dos Ovos de Ouro
“Quem tudo quer tudo perde”
Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua gansa 
tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo, correu para 
casa, mostrou-o à mulher, dizendo: - Veja! Estamos ricos! 
Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço. Na 
manhã seguinte, a gansa tinha posto outro ovo de ouro, que o 
fazendeiro vendeu a melhor preço. E assim aconteceu durante 
muitos dias. Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, mais 
dinheiro queria. E pensou: “Se esta gansa põe ovos de ouro, 
dentro dela deve haver um tesouro!” Matou a gansa e, por 
dentro, a gansa era igual a qualquer outra. 
(Fonte: http://www.mensagenscomamor.com/livros/fabulas.htm. Acesso em: 09/12/2014)
Observe que no início do texto ocorreu uma alternância entre a pessoa enunciva, ele- o 
fazendeiro, que descobre o ovo de ouro e a pessoa enunciativa expressa por nós na frase “Veja! 
Estamos ricos!” O uso do “ele” cria o efeito de sentido de distanciamento da história narrada 
com relação ao leitor, no entanto, quando se instaura um nós por meio de uma debreagem 
enunciativa esse distanciamento é por alguns instantes apagados, apesar do nós referir-se ao 
fazendeiro + a esposa, esse pronome pessoal possibilita um ponto de ligação entre o texto e o 
sujeito da enunciação que vivencia a alegria do fazendeiro. É um efeito de sentido singelo, mas 
que colabora para ligar o texto ao leitore enfatizar a moral que será desenvolvida na história. 
Veja que o uso dos pronomes possibilita não apenas recuperar os sujeitos do texto, mas criam 
efeitos de sentido que colaboram para a compreensão do texto como um todo. 
Além da categoria de pessoa, a categoria de tempo também é muito importante para a 
projeção de efeitos de sentido dentro do texto. Veja a seguir:
14
Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
O Tempo
Estamos acostumados com a perspectiva gramatical do tempo, no entanto, existem maneiras 
diferentes de situar os acontecimentos no tempo:
1. O tempo cronológico é o tempo dos calendários que marca a ordem dos acontecimentos;
2. O tempo físico é o tempo baseado no movimento dos astros e possibilita a organização dos calendários em dias, meses e anos;
3. O tempo linguístico é o tempo da língua e está relacionado ao momento presente em que se fala.
Nos deteremos, aqui, ao tempo linguístico por ser ele que organiza o nosso posicionamento 
em relação aos tempos que se encontram instaurados nos enunciados e que organizam os textos 
em uso. Veja o seguinte comentário:
O que o tempo linguístico tem de singular é que ele é ligado ao 
exercício da fala, pois ele tem seu centro no presente da instância da 
fala. (Benveniste, 1974, 73). Quando o falante toma a palavra, instaura 
um agora, momento da enunciação. Em contraposição ao agora, cria-
se um então. Esse agora é, pois o fundamento das oposições temporais 
da língua. (Fiorin, 2004, p. 166)
Em outras palavras, a enunciação é sempre tomada como um agora que ocorre toda vez que 
se enuncia e será a partir desse agora que todos os tempos se organizarão de acordo com um 
eixo constituído pelo ato de linguagem em concomitância vs não concomitância ao momento 
da enunciação (ME). 
A não-concomitância, ainda, se articula em anterioridade vs posterioridade. Essas relações 
estabelecerão os momentos de referência (MR) presente, passado e futuro. 
Os momentos de referência (MR) passado e futuro encontram-se marcados no enunciado 
pelo tempo cronológico (No ano passado, em janeiro de 2015, no século XXI). 
O momento da enunciação (ME) pode ser instaurado em qualquer ponto do tempo 
cronológico. Exemplo: Estamos a cem milhões de anos. Os dinossauros passeiam pela Terra e, 
nesse caso, o agora está colocado no passado cronológico remoto.) (Fiorin, 2004b, 166) 
As categorias concomitância vs não concomitância em relação ao ME instauram o momento 
de referência (MR) que são o presente, o passado e o futuro.
 Ainda em relação ao MR presente, passado e futuro aplica-se as categorias concomitância vs 
não concomitância e as categorias anterioridade vs posterioridade, então, teremos o momento 
do acontecimento (MA) que determina cada tempo linguístico.
15
A língua apresenta dois sistemas temporais:
1. O primeiro é o sistema enunciativo que corresponde a uma concomitância entre o presente da enunciação e presente do momento de referência.
2. O segundo é o sistema enuncivo que está ligado ao passado e ao futuro instalados no enunciado.
Em síntese: A temporalidade linguística marca as relações de 
sucessividade entre os eventos representados no 
texto. Ela ordena a progressão dos eventos, mostra 
quais são anteriores, quais são concomitantes e quais 
são posteriores a cada momento de enunciação 
(ME) e a cada momento de referência (MR).
Há, pois, três momentos significativos para a determinação do tempo linguístico:
ME momento da enunciação;
 
MR momento de referência (presente, passado e futuro);
 
MA momento do acontecimento (concomitante, anterior e posterior a cada um dos 
momentos de referência). (Fiorin, 2004b, p.166-167)
Ao aplicarmos novamente a categoria concomitância vs não concomitância e anterioridade 
vs posterioridade a cada um dos momentos de referência chegaremos ao momento dos 
acontecimentos (MA) que são visto pelos tempos verbais. 
O gráfico, a seguir, esquematiza a relação entre os momentos, da enunciação (sempre 
pressuposto) e o momento de referência: 
(Adaptado de Fiorin, 2004b, p. 167)
Agora, passemos a observar cada sistema apontado no gráfico: sistema enunciativo e, logo 
após, sistema enuncivo.
ME (Momento da enunciação –
presente implícito)
Sistema enunciativo
Concomitância
Sistema enuncivo
Não concomitância
Anterioridade Posterioridade
MR PretéritoMR Presente MR futuro
16
Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
O Sistema Enunciativo
O sistema enunciativo organiza-se pelo momento de referência presente (MR presente), 
ao qual vamos aplicar as categorias concomitância vs não concomitância e anterioridade vs 
posterioridade. Teremos, então, os momentos dos acontecimentos referentes ao Presente, ao 
Pretérito Perfeito 1 e ao Futuro do Presente. Veja o gráfico a seguir:
(Adaptado de Fiorin, 2004b, p. 167)
(1) Presente
O sistema enunciativo organiza-se pelo MR presente, ao qual aplicamos as categorias 
concomitância e teremos (1) MA Presente.
 Esse tempo marca uma coincidência entre os três momentos ME = MR = MA. No entanto, 
essa coincidência não precisa ser exata, ela varia em sua extensão de acordo com instantes que 
acabaram de passar ou que ainda passarão. Neste caso, o que vai marcar a coincidência é que 
em algum ponto ocorrerá um englobamento do ME no MR. Observe alguns exemplos:
1. Um relâmpago fulgura no céu. 
(Fiorin, 2004b, p. 168)
Nesse exemplo, ocorre uma coincidência entre o MR e ME demarcado pelo verbo fulgura. 
2. Neste milênio, a humanidade progride muito materialmente.
(Fiorin, 2004b, p. 168) 
Nesse exemplo, “um milênio” é o momento de referência e o “progride” coincide com esse 
momento de referência, trata-se de um Presente de continuidade. 
MR presente
Concomitância
Anterioridade Posterioridade
(2) Pretérito Perfeito 1(1) Presente (3) Futuro do Presente
Não concomitância
17
(2) Pretérito Perfeito 1
O Pretérito Perfeito 1 caracteriza-se por uma anterioridade do MA em relação ao MR presente.
Exemplo: 
Luiz Felipe Scolari assumiu a seleção para salvar a pátria do 
vexame da eliminação de uma Copa 
[(Veja, julho de 2002, Ed. 1758 A, p.22)In: Fiorin, 2004b, p. 169]
Veja que o MR é um agora (assumiu). No entanto, o MA é anterior, pois Scolari assumiu a 
seleção antes do momento em que se fala.
(3) Futuro do Presente
No futuro do presente, o MA é posterior ao MR presente.
Exemplo: 
Ronaldo nunca mais jogará em plenas condições. 
(Fiorin, 2004b, p.170) 
Jogará marca um MA posterior ao MR presente.
18
Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
O Sistema Enuncivo
O sistema enuncivo marca uma não concomitância entre o ME e o MR e organiza-se em dois 
subsistemas de acordo com as categorias anterioridade vs posterioridade. Ele se efetiva pelos 
momentos de referência: I. Pretérito e II. Futuro:
I - Momento de Referência Pretérito:
Veja o quadro a seguir. Ele esquematiza as relações temporais do MR
(Fiorin, 2004b, p.170)
Dentro do MR Pretérito (Passado) pode haver uma concomitância ou uma não concomitância dos 
acontecimentos. Se a referência for concomitante aos acontecimentos, teremos o Pretérito Perfeito 2 
 e o Pretérito Imperfeito. Se os acontecimentos não forem concomitantes à referência, teremos o 
Pretérito mais que perfeito, o futuro do pretérito simples e o futuro do pretérito composto.
(1) Pretérito Perfeito 2 e Pretérito Imperfeito
A concomitância entre MR e MA pretérito ocorrem pelo Pretérito perfeito 2 ou pelo Pretérito 
imperfeito. A diferença entre esses dois tempos se dá por valores aspectuais distintos: o pretérito 
perfeito 2 marca um aspecto pontual, acabado e limitado e o pretérito imperfeito marca um 
aspecto durativo, inacabado e não limitado.
Exemplos:
1. No dia 30 de junho de 2002, o Brasil ganhouo pentacampeonato 
mundial de futebol.
2. No dia 30 de junho de 2002, o Brasil ganhava o pentacampeonato 
mundial de futebol.
(Fiorin, 2004b, p. 170)
MR Pretérito
Concomitância
Anterioridade Posterioridade
Pretérito mais
que Perfeito
Pretérito
Perfeito 2
Acabado
Pontual
Limitado
Inacabado
durativo
não limitado
Pretérito
Imperfeito
Futuro do
Pretérito
simples
imperfectivo
Futuro de
Pretérito
composto
perfectivo
Não concomitância
19
O verbo ganhou e ganhava marca uma relação de concomitância a um MR pretérito, no 
entanto, ganhou marca algo acabado, como um ponto no MR. Já ganhava marca uma ação 
inacabada dentro do MR (no dia 30 de junho de 2002).
(2) Pretérito Mais que Perfeito, Futuro do Pretérito Simples e Futuro do Pretérito Composto.
 A não concomitância instaura um pretérito mais que perfeito, um futuro do pretérito simples 
ou um futuro do pretérito composto.
A) Pretérito Mais que Perfeito:
O pretérito mais que perfeito marca uma relação de anterioridade entre MA e o MR pretérito 
e podem ocorrer por meio de uma forma simples ou composta desse tempo verbal.
Exemplo :
1. No comando da seleção desde junho de 2001, quando foi 
chamado para substituir o técnico Leão, que substituíra 
Wanderley Luxemburgo, ele chegou para salvar a pátria (...) 
(Veja, julho de 2002, Ed. 1758 A, p. 23)
No exemplo o MR é junho de 2001, “substituíra” é um pretérito mais que perfeito que indica 
algo que aconteceu antes do MR.
Exemplo :
2. No dia seguinte, ele partiu para a França, onde tinha vivido por 
muitos anos.
No exemplo, o MR é no dia seguinte e tinha vivido é um pretérito mais que perfeito que 
indica um acontecimento anterior ao MR.
B) Futuro do Pretérito Simples ou Composto:
 O futuro do pretérito estabelece uma relação de posterioridade do MA em relação ao MR do 
pretérito. Ele pode ser simples ou composto. A ocorrência da forma simples ou composta tem 
uma característica aspectual com relação à perspectiva temporal: o simples é imperfectivo e o 
composto perfectivo.
Exemplos:
O quadro era dramático e alguns médicos especulavam que 
Ronaldo jamais voltaria a jogar como antes.
[(Veja, julho de 2002, Edição 1758 A, p. 27) In: Fiorin, 2004b, p.172)
No exemplo, o MR pretérito é o momento da lesão de Ronaldo, Se ele volta a jogar como 
antes é um acontecimento que se dará após o MR.
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Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Todos supunham que, quando o novo ano chegasse, o dólar 
teria parado de subir.
O exemplo mostra um MR pretérito que é da suposição; o ano chegar é posterior a esse 
momento da suposição e a estabilização do dólar é anterior a chegada do ano.
II - Momento de Referência Futuro:
(Fiorin, 2004b, p. 173)
Dentro do MR Futuro pode haver uma concomitância ou uma não-concomitância dos 
acontecimentos. Se a referência for concomitante aos acontecimentos teremos o (1) Presente do 
futuro. Se os acontecimentos não forem concomitantes à referência teremos o (2)Futuro anterior 
ou (3) futuro do futuro.
(1) Presente do Futuro
O Presente do futuro marca uma concomitância entre MR Futuro e o MA. Ele não tem uma 
forma específica em português pode ocorrer por meio de um futuro do presente simples ou um 
futuro do presente progressivo (futuro do presente do auxiliar estar + gerúndio) pautado por 
uma marca temporal no futuro.
Exemplos:
No momento em que eu chegar, telefonarei para você. (Fiorin, 2004b, p.173).
No momento em que eu chegar, estarei telefonando para você.
No exemplo, o ato de chegar (MR) e o ato de telefonar são concomitantes.
MR Futuro
Concomitância
Anterioridade Posterioridade
(2) Futuro
anterior
(1) Presente
do Futuro
(3) Futuro
do Futuro
Não concomitância
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(2) Futuro Anterior
O futuro anterior, conhecido por futuro do presente composto, consiste em uma anterioridade 
do acontecimento em relação a um MR futuro.
Exemplo:
No final do ano, terei terminado meu curso. 
(Fiorin, 2004b, p.173)
No exemplo o MR é o final do ano, o término do curso e anterior ao MR.
(3) Futuro do Futuro
O futuro do futuro é indicado pelo um futuro simples. Uma sucessão de fatos no futuro que 
será marcada de maneira implícita ou explicita pela palavra “depois” ou por um sinônimo e 
indica uma posterioridade em relação a um MR futuro.
Exemplo:
Depois de passar pela Faculdade, irei a sua casa. 
No exemplo o MR futuro é passar na faculdade após esse momento acontecerá outro, ir a sua casa. 
Para marcar o tempo muitas vezes recorremos não aos tempos verbais, mas a outra classe 
de palavras: os advérbios. É o que veremos a seguir:
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Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Os Advérbios de Tempo
Os advérbios de tempo também se articulam de forma enunciativa ou de forma enunciva:
Forma
enunciativa:
Marca uma concomitância entre o ME e o MR Presente.
Forma
enunciva:
Marca uma relação entre um ME e um MR pretérito ou futuro, inscritos no enunciado.
Independente do momento de referência, aplica-se as categorias concomitante vs não 
concomitante e anterioridade vs posterioridade. 
Veja os exemplos:
Advérbios do sistema enunciativo
Anterior Concomitante Posterior
Há pouco
Ontem
Há uma (duas) semanas / Meses / anos e etc.
No mês/ano etc. no próximo dia 20, 21,
passado etc./ mês/ano/etc.
no último mês/dia 5, 6 etc.
agora
logo
hoje
neste momento
nesta altura
daqui a pouco
amanhã
dentro de ou em um(a) (duas etc.) semana(s) / 
mês(es) / ano(s) etc. 
Advérbios do sistema enuncivo
Anterior Concomitante Posterior
Na véspera
Na antevéspera
No dia / mês / ano etc.
Um(a) semana / mês / ano etc. antes
Daí / dali um(a)(s)
então
no mesmo dia / mês / ano etc. no dia / mês / ano, seguinte
um(a) dia /semana / mês / ano etc. depois
horas / dias, etc. 
(Fonte: Fiorin, 2004b, p.174)
 Por fim, aprofundaremos nosso conhecimento sobre a categoria de espaço. Você verá que 
utilizamos classes de palavras específicas para a demonstração do espaço na enunciação, mas 
a análise que faremos toma a perspectiva da linguística e não a da gramática e das relações 
estabelecidas pela norma culta, e sim pelo uso efetivo da língua.
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O Espaço
O espaço linguístico é sempre situado a partir de um aqui, independente do lugar físico 
que as coisas ocupam no mundo. A localização é estabelecida de acordo com o lugar do “eu” 
enunciador e será a partir dele que tudo se situa.
Exemplo:
Em 2010, quando cursava ciência da computação, Pedro ganhou 
uma bolsa de estudos e passou seis meses em um intercâmbio na 
Alemanha. Lá, além de estudar, viajou para países como Itália, 
Suíça e Irlanda.
Como sempre o espaço da enunciação é instaurado como um aqui, mas no exemplo acima 
se projeta em relação ao aqui da cena enunciativa um lá (Alemanha) onde Pedro não apenas 
tem a oportunidade de ampliar seus estudos como também acaba ampliando seu conhecimento 
de mundo graças aos contatos com culturas de diversos países. Esse lá projetado no enunciado 
mostra um lugar fora da cena enunciativa que possibilitou ao Pedro uma melhoria profissional 
e pessoal. 
Como você pôde observar para expressar o espaço linguístico utilizamos os advérbios de 
lugar, mas também podemos utilizar os pronomes demonstrativos. Ambos servirão para situar a 
cena enunciativa, sempre em relação ao “eu” enunciador – primeira pessoa.
Os Pronomes Demonstrativos:
Têm duas funções: 
1. Dêitica – serve para mostrar ou designar seres singulares; 
2. Coesiva - Anafórica ou catafórica – serve para lembrar o que foi dito (anafórica) ou o 
que será colocado a seguir (catafórica);
Em função dêitica:
As gramáticas dizem que temos um sistema tricotômico – esse, este, aqueles que funcionariam 
da seguinte maneira:
Este marca o espaço do enunciador,ou seja, o que está perto do eu;
Esse marca o espaço do enunciatário, ou seja, o que está perto do tu;
Aquele o espaço distante do eu e do tu.
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Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Exemplo:
Ganhei este anel de meu pai – disse, segurando a joia entre os dedos...
Está ocupada essa cadeira ao seu lado.
Você sabe quem é aquele homem que está parado na porta?
(Fiorin, 2004b, p.175) 
No português está ocorrendo uma neutralização da oposição entre esse/este. Assim, estamos 
passando para um sistema dicotômico. Esse/ este estão sendo usados em variação livre. Mas, os 
estudiosos observam um predomínio do uso de esse. No novo sistema teríamos os seguintes valores:
Esse (este) marca aproximação entre os participantes da enunciação;
Aquele marca distanciamento dos participantes
Exemplo: 
Esse livro que está na minha mão é muito antigo.
Essa caneta aí é sua?
Aquela mulher é a mãe da Ruth.
(Fiorin, 2004b, p.175)
Em função coesiva:
Este exerce função catafórica, anuncia o que será dito;
Esse exerce função anafórica, retoma o que acabou de ser dito;
Aquele exerce função anafórica, indica o que foi dito a algum tempo ou noutro contexto
Prof. Fiorin, citando Mattoso Câmara, comenta que o sistema em função anafórica, também, 
é dicotômico. Pois, desaparece a oposição este/esse. Sendo que “este” tem uma força enfática 
que não se apresenta em “esse”.
Exemplo:
Tinham em casa um filhote de pantera. Pensavam que era 
manso. No entanto, um dia, este bicho mostrou sua natureza. 
(Fiorin, 2004b, p.176)
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Ao usarmos este e aquele na mesma oração para retomar dois termos que acabaram de ser 
ditos, eles terão o seguinte valor:
Este retoma o que foi dito por último;
Aquele retoma o que foi dito primeiro.
Exemplo:
Ele dividia-se entre o Curso de Letras e o de Jornalismo. 
Este era de noite e aquele, de manhã. 
(Fiorin, 2004b, p. 176)
No exemplo, este refere-se ao curso de Jornalismo e aquele refere-se ao curso de Letras
Os demonstrativos isto, isso e aquilo são neutros, pois anulam as oposições de gênero e 
de número e referem-se sempre a coisas. Não remetem a um segmento específico do contexto, 
mas recuperam todo um segmento do texto.
Exemplo:
Isto que estou bebendo é cachaça. 
(Fiorin, 2004b, p.176
No exemplo, isto se refere à palavra cachaça.
Os Advérbios de Lugar:
• Apresentam duas séries:
 » Primeira tricotômica: aqui, aí, ali
 » Segunda dicotômica: cá, lá
• Tem as seguintes características:
Aqui marca o espaço do eu
Aí marca o espaço do tu
Ali marca o espaço fora da cena enunciativa
Cá marca o espaço da enunciação
Lá marca o espaço fora da cena enunciativa
Acolá está em oposição ao lá, para distinguir dois espaços fora do espaço da enunciação.
O espaço enunciativo é o “aqui” do enunciador.
O espaço enuncivo é o “lá”, que está fora do espaço de quem enuncia.
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Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Exemplo:
Canção do Exílio 
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
(...)
Gonçalves Dias
Ao ler esse pequeno trecho do poema de Gonçalves Dias instaura-se o aqui da enunciação 
que está sempre pressuposto, já no enunciado temos um aqui que coincide com o espaço da 
enunciação, mas também se projeta um lá que está fora do espaço enunciativo. O texto cria 
um efeito de sentido de valorização do espaço que está fora da cena enunciativa. O espaço 
linguístico demarcado como lá é valorizado como melhor do que o espaço do aqui.
Caro (a) aluno(a), chegamos ao fim dessa unidade. Esperamos que você tenha compreendido 
como as categorias de pessoa, tempo e espaço vistas a partir da perspectiva linguística podem 
ampliar o conhecimento a respeito do uso da língua. A partir dessa perspectiva podemos 
contrapor algumas regras gramaticais a um sistema de análise que leva em consideração a língua 
em uso e todos os elementos extralinguísticos, isto é, a tudo que pertence à cena enunciativa, 
que corroboram para a produção de sentidos. 
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Material Complementar
Para aprender mais sobre os conteúdos trabalhados nesta unidade, indicamos os links a seguir:
Vídeos:
Nesse vídeo, o Prof. Fiorin ministra uma aula em que explica o conceito de enunciação, 
traçando um panorama histórico do desenvolvimento dos estudos linguísticos.
Vídeoaula do Prof. José Luiz Fiorin, no Cursos Livres - TV cultura, título:
Enunciação (1) conceito de enunciação. 
https://www.youtube.com/watch?v=RQzJaFYiqhc
Nesse vídeo, o Prof. Fiorin ministra uma aula em que explica a categoria de pessoa. 
Ele mostra quem são as pessoas e quem são as não pessoas do discurso. 
Vídeoaula do Prof. José Luiz Fiorin, no Cursos Livres - TV cultura, título: 
Enunciação (2) – A categoria de pessoa.
https://www.youtube.com/watch?v=Htrw8tTmigY
Nesse vídeo, o Prof. Fiorin ministra uma aula em que explica o funcionamento do 
tempo linguístico.
Vídeoaula do Prof. José Luiz Fiorin, no Cursos Livres - TV cultura, título: 
Enunciação (3) – A categoria de tempo.
https://www.youtube.com/watch?v=Z6HUcpg8NoQ
Nesse vídeo, o Prof. Fiorin ministra uma aula em que explica a categoria de espaço. 
E como ela se instaura ou não nos enunciados.
Vídeoaula do Prof. José Luiz Fiorin, no Cursos Livres - TV cultura, título: 
Enunciação (5) – A categoria de espaço. 
https://www.youtube.com/watch?v=jjuU3SJromc
Não deixe de acessar o material complementar, pois é muito importante sua ação como 
protagonista na construção dos seus conhecimentos.
Bons Estudos!
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Unidade: Pragmática: As categorias de enunciação (tempo, pessoa e espaço)
Referências
FIORIN, José L. A linguagem em uso. In: Fiorin, José L. (Org.). Introdução à Linguística I: 
objetos teóricos. 2ed. São Paulo: Contexto, 2004a.
FIORIN, José L. Pragmática. In: Fiorin, José L. (Org.). Introdução à Linguística II: princípios 
de análise. 2ed. São Paulo: Contexto, 2004b. 
Referências Bibliográficas: (disponível para consulta)
FIORIN, J. L. Introdução à linguística II: princípios de análise. 3. ed. São Paulo: Contexto, 
2004. (E-book)
FLORES, V. N.; TEIXEIRA, M. Introdução à linguística da enunciação. São Paulo: 
Contexto, 2005. (E-book)
FLORES, V. N. et al. Enunciação e gramática. São Paulo: Contexto, 2008. (E-book)
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Anotações

Outros materiais