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Equações Diferenciais – Tópico 9 • Existência e unicidade da solução • Existencia de um conjunto de soluções fundamentais • Indepêndencia linear das duas soluções fundamentais Soluções fundamentais de equações lineares homogêneas { Seja p, q funções contínuas no intervalo I = (α, β), que pode ser infinito. Para qualquer função y que é duas vezes diferenciável em I, define-se o operador diferencial L por { Note que L[y] é uma função em I, qual valores de saída { Por exemplo, [ ] yqypyyL +′+′′= [ ] )()()()()()( tytqtytptytyL +′+′′= ( ) [ ] )sin(2)cos()sin()( 2,0),sin()(,)(,)( 22 22 tettttyL Ittyetqttp t t ++−= ==== π Notação de operador diferencial { Neste tópico abordaremos a equação de segunda ordem linear e homogênea L[y](t) = 0, com condições iniciais dadas abaixo: { Nós queremos saber se este problema de valor inicial possui soluções e se estas soluções são únicas. { Além disso, queremos saber o que pode ser dito sobre a forma e a estrutura das soluções que pode nos ajudar a determinar as soluções de problemas particulares. { Estas questões serão abordadas nos teoremas deste tópico. [ ] 1000 )(,)( 0)()( ytyyty ytqytpyyL =′= =+′+′′= Teorema 1 { Considere o problema de valor inicial onde p, q, e g são funções contínuas no intervalo aberto I que contém t0. { Existe uma única solução y = φ(t) em I. { Obs: Apesar, deste teorema dizer que a solução do problema de valor inicial acima existe, não é possível determinar uma expressão geral fechada para esta solução. Esta é a maior diferença entre as EDO lineares de primeira e segunda ordem. 0000 )(,)( )()()( ytyyty tgytqytpy ′=′= =+′+′′ Exemplo 1 { Considere o problema de valor inicial linear de segunda ordem { Este problema de valor inicial possui a seguinte solução: { Note que p(t) = 0, q(t) = -1, g(t) = 0 são contínuas em (-∞, ∞). Assim, pelo teorema anterior a solução y e suas duas primeiras derivadas y’ e y’ estão contidas em (-∞, ∞). tt eety −+= 2)( ( ) ( ) .10,30,0 =′==−′′ yyyy 1000 )(,)( )()()( ytyyty tgytqytpy =′= =+′+′′ Exemplo 2 { Considere o problema de valor inicial linear de segunda ordem onde p, q são contínuas em um intervalo aberto I contendo t0. { Em vista das condições iniciais, vemos que y = 0 é uma solução deste problema homogêneo de valor inicial. { Assim, uma vez satisfeita as hipóteses do teorema 1, segue que y = 0 é a única solução deste problema. ( ) ( ) 00,00,0)()( =′==+′+′′ yyytqytpy Exemplo 3 { Determine o maior intervalo na qual é certo que o problema de valor inicial possui uma única solução duas vezes diferenciáveis. { Primeira colocamos a equação diferencial na forma padrão: { O maior intervalo contendo o ponto t = 0 na qual os coeficientes da função são contínuos é (-1, ∞). { Segue do teorema 1, que o maior intervalo na qual PVI certamente possui uma solução duas vezes diferenciável é também (-1, ∞). ( ) ( ) ( ) 00,10,13)(cos1 =′==+′−′′+ yyyytyt ( ) ( ) 00,10, 1 1 1 3 1 cos =′=+=++′+−′′ yytytyt ty Teorema 2 (princípio da superposição) { Se y1e y2 são soluções da equação então uma combinação linera c1y1 + y2c2 é também uma solução, para toda constante c1 e c2. { Para provar este teorema, substituimos c1y1 + y2c2 na equação acima, e usamos o fato de que y1 e y2 são soluções. { Assim, para qualquer duas soluções y1 e y2, podemos construir uma família infinita de soluções sob a forma y = c1y1 + c2 y2. { Será que todas as soluções podem ser escritas desta forma , ou temos ainda soluções com formas diferentes? Para responder a esta questão, usamos o determinante conhecido como Wronskiano. 0)()(][ =+′+′′= ytqytpyyL O determinante Wronskiano (1 de 3) { Suponha que y1 e y2 são soluções da equação { Do teorema 2 sabemos que y = c1y1 + c2 y2 é solução desta equação. { O próximo passo é determinar os coeficientes c1 e c2 tal que y = c1y1 + c2 y2 satisfaça a condição inicial { Para isso, é necessário resolver o seguinte sistema de equações: 0)()(][ =+′+′′= ytqytpyyL 0000 )(,)( ytyyty ′=′= 0022011 0022011 )()( )()( ytyctyc ytyctyc ′=′+′ =+ O determinante Wronskiano (2 de 3) 0022011 0022011 )()( )()( ytyctyc ytyctyc ′=′+′ { Resolvendo estas equações, obtemos { Em termos de determinantes: =+ )()()()( )()( )()()()( )()( 02010201 010010 2 02010201 020020 1 tytytyty tyytyyc tytytyty tyytyyc ′−′ ′+′−= ′−′ ′−′= )()( )()( )( )( , )()( )()( )( )( 0201 0201 001 001 2 0201 0201 020 020 1 tyty tyty yty yty c tyty tyty tyy tyy c ′′ ′′= ′′ ′′= O determinante Wronskiano (3 de 3) { Para que estas soluções sejam válidas, o determinante W no denominador não pode ser zero: { W é chamado de determinante Wronskiano, ou simplesmente, de Wronskiano das soluções y1e y2. Muitas vezes usaremos a notação )()()()( )()( )()( 02010201 0201 0201 tytytyty tyty tyty W ′−′=′′= W yty yty c W tyy tyy c 001 001 2 020 020 1 )( )( , )( )( ′′=′′= ( )( )021, tyyW Teorema 3 { Suponha que y1 e y2 são soluções da equação e que o Wronskiano não é zero no ponto t0 onde são dadas as condições iniciais Então, existe uma escolha de constantes c1, c2 no qual y = c1y1 + c2 y2 é uma solução da equação diferencial (1) em concordância com as condições iniciais (2). )1(0)()(][ =+′+′′= ytqytpyyL 2121 yyyyW ′−′= )2(.)(,)( 0000 ytyyty ′=′= Exemplo 4 { Lembremos do problema de valor inicial e de sua solução: { Veja que as duas funções abaixo são soluções da equação diferencial: { O Wronskiano de y1 e y2 é { Uma vez que W ≠ 0 para todo t, combinações lineares de y1 e y2 podem ser usadas para construir soluções do PVI para qualquer valor inicial t0. tt eyey −== 21 , 22 02121 21 21 −=−=−−=′−′=′′= −− eeeeeyyyy yy yy W tttt ( ) ( ) tt eetyyyyy −+=⇒=′==−′′ 2)(10,30,0 2211 ycycy += Teorema 4 (soluções fundamentais) { Suponha que y1 e y2 são soluções da equação Se existe um ponto t0 tal que W(y1,y2)(t0) ≠ 0, então a família de soluções y = c1y1 + c2 y2 com coeficientes arbitrários c1, c2 inclui todas as soluções da equação diferencial. { A expressão y = c1y1 + c2 y2 é chamada de solução geral da equação diferencial, e neste caso y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções desta equação. .0)()(][ =+′+′′= ytqytpyyL Exemplo 5 { Lembremos da equação abaixo, com as seguintes soluções: { O Wronskiano de y1 e y2 é { Assim, y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções para a equação diferencial acima, e pode ser usado para construir todas as suas soluções. { A solução geral é tt eyeyyy −===−′′ 21 ,,0 . todopara 022 0 21 21 teeeee yy yy W tttt ≠−=−=−−=′′= −− tt ececy −+= 21 Exemplo 6 { Considere a EDO linear de segunda ordem abaixo: { Suponha que as funções abaixo são soluções desta equação: { O Wronskiano de y1 e y2 é { Assim y1e y2 formam um conjunto fundamental de soluções desta equação, e podem ser usadas para construir todas as suas soluções. { A solução geral é 2121 ,, 21 rreyey trtr ≠== ( ) ( ) . todopara 021 21 21 12 2121 21 terr erer ee yy yy W trrtrtr trtr ≠−==′′= + 0)()( =+′+′′ ytqytpy trtr ececy 21 21 += Exemplo 7: soluções fundamentais (1 de 2) { Considere a seguinte equação diferencial: { Mostre que as soluções abaixo são soluções fundamentais: { Para mostrar isso, substituimos y1 na equação: { Assim, y1 é de fato solução da equação diferencial. { Similarmente, y2 é também uma solução: 1 2 2/1 1 , −== tyty 0,032 2 >=−′+′′ tyytyt 01 2 3 2 1 2 34 2 2/12/1 2/12/3 2 =⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −+−=−⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ − −− tttttt ( ) ( ) ( ) 0134322 11232 =−−=−−+ −−−− tttttt Exemplo 7: soluções fundamentais (2 de 2) { Lembre que { Para mostrar que y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções, calculamos o Wronskiano de y1 e y2: { Uma vez que W ≠ 0 para t > 0, y1, y2 formam um conjunto fundamental de soluções para a equação diferencial 3 2/32/32/3 22/1 12/1 21 21 2 3 2 3 2 1 2 1 t ttttt tt yy yy W −=−=−−=−=′′= −−− −− − 1 2 2/1 1 , −== tyty 0,032 2 >=−′+′′ tyytyt Teorema 5: Existência de um conjunto fundamental de soluções { Considere a equação diferencial abaixo, cujos coeficientes p e q são contínuos em um intervalo aberto I: { Seja t0 um ponto em I, e y1 e y2 soluções da equação com y1 satisfazendo as condições iniciais e y2 satisfazendo as condições iniciais { Então y1, y2 formam um conjunto fundamental de soluções da equação diferencial dada. 0)()(][ =+′+′′= ytqytpyyL 0)(',1)( 00 == tyty 1)(',0)( 00 == tyty Independência linear e o Wronskiano { Duas funções f e g são linearmente dependentes se existe constantes c1 e c2, com ao menos uma diferente de zero, tal que para todo t em I. Note que isto se reduz a determinar se f e g são múltiplos uma da outra. { Se a única solução desta equação é c1 = c2 = 0, então f e g são linearmente independentes . { Por exemplo,, seja f(x) = sin2x e g(x) = sinxcosx, e considere a combinação linear Esta equação é satisfeita se escolhermos c1 = 1, c2 = -2, assim f e g são linearmente dependentes. 0)()( 21 =+ tgctfc 0cossin2sin 21 =+ xxcxc Solução de um sistema de equações 2x2 { Quando resolvemos para c1 e c2, pode-se mostrar que { Note que se a = b = 0, então a única solução para este sistema de equações é c1 = c2 = 0, pois D ≠ 0. bycyc axcxc =+ =+ 2211 2211 21 2111 2121 11 2 22 2121 22 1 o, , yy xx Dnde D bxay xyyx bxayc D bxay xyyx bxayc =+−=− +−= −=− −= Exemplo 8: Independência linear (1 de 2) { Mostre que as duas funções abaixo são linearmente independentes para qualquer intervalo: { Seja c1 e c2 escalares, e suponha para todo t em um intervalo arbitrário (α, β ). { Queremos mostrar que c1 = c2 = 0. Uma vez que a equação vale para todo t em (α, β ), escolhemos t0 e t1 em (α, β ), onde t0 ≠ t1. Então tt etgetf −== )(,)( 0)()( 21 =+ tgctfc 0 0 11 00 21 21 =+ =+ − − tt tt ecec ecec Exemplo 8: Independência linear (2 de 2) { A solução para o nosso sistema de equação será c1 = c2 = 0, pois o determinante D não é zero: { Então { Uma vez que, t0 ≠ t1, segue que D ≠ 0, e portanto f e g são linearmente independentes. 01101010 11 00 tttttttt tt tt eeeeee ee eeD −−−−− − −=−== ( ) 10 2 1 11 0 10 10 10 100110 tte e e eeeD tt tt tt tttttt =⇔=⇔ =⇔=⇔=⇔= − − − −−− 0 0 11 00 21 21 =+ =+ − − tt tt ecec ecec Teorema 6 { Se f e g são funções diferenciáveis em um intervalo aberto I e se W(f, g)(t0) ≠ 0 para algum ponto t0 em I, então f e g são linearmente independentes em I. Além disso, se f e g são linearmente dependentes em I, então W(f, g)(t) = 0 para todo t em I. { Prova (esboço): Seja c1 e c2 escalares, e suponha que para todo t em I. Em particular, quando t = t0 temos { Uma vez que W(f, g)(t0) ≠ 0, segue que c1 = c2 = 0, e portanto f e g são linearmente independentes. 0)()( 21 =+ tgctfc 0)()( 0)()( 0201 0201 =′+′ =+ tgctfc tgctfc Teorema 7 (teorema de Abel) { Suponha que y1 e y2 são soluções da equação onde p e q são contínuas em algum intervalo aberto I. Então, W(y1,y2)(t) é dado por onde c é uma constante que depende de y1 e y2 mas não de t. { Note que W(y1,y2)(t) é zero para todo t em I (se c = 0) ou nunca é zero em I (se c ≠ 0). 0)()(][ =+′+′′= ytqytpyyL ∫= − dttpcetyyW )(21 ))(,( Exemplo 9: Wronskiano e teorema de Abel { Lembremos da equação abaixo e de suas duas soluções: { O Wronskian de y1 e y2 é { Assim y1 e y2 são linearmente independentes em todo intervalo I. Agora comparando W com o teorema de Abel: { Escolhendo c = -2, obtemos o mesmoW anterior. tt eyeyyy −===−′′ 21 ,,0 . todopara 022 0 21 21 teeeee yy yy W tttt ≠−=−=−−=′′= −− ccecetyyW dtdttp =∫=∫= −− 0)(21 ))(,( Resumo { Para determinar a solução geral da equação primeiramente determinamos y1 e y2. { Depois nos certificamos de que existe pelo menos um ponto t0 no intervalo tal queW(y1, y2)(t0) ≠ 0. { Então, segue que y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções, com solução geral y = c1y1 + c2 y2. βα <<=+′+′′ tytqytpy ,0)()( Resumo (cont.) { Se as condições iniciais são dadas em um ponto t0 no intervalo onde W ≠ 0, então c1 e c2 podem ser escolhidos para satisfazer estas condições. { Veja que, neste contexto as seguintes as afirmações são verdadeiras: z As funções y1 e y2 formam um conjunto fundamental de soluções em I. z As funções y1 e y2 são linearmente independentes em I. z W(y1,y2)(t0) ≠ 0 para algum t0 em I. z W(y1,y2)(t) ≠ 0 para todo t em I. Soluções fundamentais de�equações lineares homogêneas Notação de operador diferencial Teorema 1 Exemplo 1 Exemplo 2 Exemplo 3 Teorema 2 (princípio da superposição) O determinante Wronskiano (1 de 3) O determinante Wronskiano (2 de 3) O determinante Wronskiano (3 de 3) Teorema 3 Exemplo 4 Teorema 4 (soluções fundamentais) Exemplo 5 Exemplo 6 Exemplo 7: soluções fundamentais (1 de 2) Exemplo 7: soluções fundamentais (2 de 2) Teorema 5: Existência de um�conjunto fundamental de soluções Independência linear e o Wronskiano Solução de um sistema de equações 2x2 Exemplo 8: Independência linear (1 de 2) Exemplo 8: Independência linear (2 de 2) Teorema 6 Teorema 7 (teorema de Abel) Exemplo 9: Wronskiano e teorema de Abel Resumo Resumo (cont.)
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