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HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 1 HISTÓRIA DO DESIGN (APOSTILA) A NATUREZA DO DESIGN Posicionamento do Design na História PRÉ-HISTÓRIA, ANTIGUIDADE CLÁSSICA, IDADE MÉDIA, IDADE MODERNA, MODERNISMO, PÓS-MODERNIDADE Descrição da Arte e do Design antes da Revolução Industrial REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E ARTS & CRAFTS Início do Design como profissão e movimento contra industrialização ART NOUVEAU E JUGENDSTIL Movimento que surgiu com a necessidade da indústria na Europa DEUTSCHER WERKBUND, DE STIJL (NEOPLASTICISMO E ABSTRACIONISMO) E CONSTRUTIVISMO RUSSO Associações que contestaram a posição do Design na época BAUHAUS Primeira universidade de Design INTERNATIONAL STYLE Artistas atuantes ORGANIC DESIGN/ BIO DESIGN Estilos de design STREAMLINING, HIGHTECH E MATT BLACK Influência da Industrialização no Design POP Influência da Industrialização no Design PÓS-GUERRA E ESCOLA DE ULM Incorporação do Design na Indústria DESIGN NO BRASIL Design chega no Brasil DESIGN NO BRASIL ATUAL Design já é usado na indústria DESIGN RADICAL, ANTIDESIGN, PÓS-MODERNISMO E GRUPO MEMPHIS Contestações do Design na Contemporaneidade HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 2 TÓPICO 1 A NATUREZA DO DESIGN Posicionamento do Design na História Neste texto você aprenderá como o Design, a Arte e a Arquitetura foram formadas nos tempos primitivos até a Revolução Industrial. Este recorte de períodos da história mostra a atuação de criação do ser humano desde a pré-história até a idade moderna. Nesta fase o homem criava seus próprios meios de adequação ao ambiente e com isso desenvolvia sua própria comunicação visual, artefatos e moradias. Este texto se inicia com uma pergunta. Para que precisamos estudar a História do Design, se design é uma área ligada a tecnologia e a necessidades atuais? O estudo da história como um todo, seja ela história social, política, da arte ou do design serve como uma ferramenta ou uma biblioteca para o nosso raciocínio, nossa memória, que podemos acessar a qualquer momento e ter a noção do todo. O registro da história é feito através da seleção de fatos importantes que tiveram impacto na vid a de muitas pessoas e então registrados por muitos historiadores ao mesmo tempo, sem que houvesse algum senso comum ou comunicação entre eles. A história é feita do passado em que muitas pessoas realizaram ideias, experiências e acontecimentos. Estes acontecimentos já impactaram em nosso passado, agora, no presente e também no futuro. Nós vivemos hoje, um tempo em que todo esse conhecimento está disponível para o nosso uso. O que precisamos, é dar continuidade a este raciocínio com a nossa contribuição, seja ela o melhor que puder fazer. A História do Design é construída tanto de acontecimentos sociais, realização de trabalho de pessoas consagradas como também da formação da cultura material, gerados pela necessidade populacional, seja desenvolvido individualmente ou em grupo. A profissão de design, assim como a sua história também são recentes. Os primeiros ensaios escritos datam da década de 1920, pós surgimento da BAUHAUS, mas pode-se dizer que a área só começou a atingir a sua maturidade nos últimos vinte anos (CARDOSO, 2010 apud DENIS, 1998). O significado da palavra DESIGN foi importada ao nosso vocabulário, da língua inglesa, e quer dizer ideia de plano, desígnio, intenção de configuração, arranjo, estrutura, e não apenas de produtos ou imagens gráficas, como também da organização de uma empresa, ou do planejamento de uma programação de softwares. Porém, a HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 3 palavra é originada do Latim, designare, que abrange os sentidos tanto de designar quanto de desenhar. No entanto, desde suas origens palavra indica a ambiguidade da profissão, entre o aspecto abstrato de conceber, projetar, atribuir, como também o aspecto concreto de registrar, configurar e formar, ou seja, atribuir a forma material a conceitos intelectuais. Ao observar a história dos seres humanos, percebemos que o homem desde seu tempo primitivo criou os seus próprios meios de sobrevivência e usou a criatividade para transpor situações adversas com a criação da tecnologia, ou seja, o design em seu significado mais profundo sempre esteve presente na maneira de agir do ser humano. No entanto, o uso real do termo ‘Design’ começou a ser usado na Inglaterra, com o surgimento da revolução industrial, do processo de produção segmentado, na segunda metade do século XVIII (1780), principalmente, mas não exclusivamente, de trabalhadores de padrões ornamentais da indústria têxtil, época influenciada pelo movimento “Arts and Crafts”. Como as etapas de trabalho haviam sido dividas, um nome deveria ser dado a etapa de concepção e planejamento do produto, e assim foi incorporada pelos trabalhadores. Para alguns historiadores o início do uso da intitulação só começa com a formação em curso superior, seja ela de arquiteto, engenheiro ou mesmo designer. O surgimento da revolução industrial e do profissional do campo do design, que ocorreu a quase 100 anos, fez com que o mundo mudasse completamente, de uma produção artesanal e localizada, para a industrialização bem organizada, envolvendo muitas pessoas. A industrialização possibilitou a evolução tecnológica de alimentos, d e materiais e etc., como também a globalização. Produtos embalados, com rótulos, com característica interculturais, podem ser usados ao mesmo tempo em todo o mundo de forma globalizada como também a maneira cultural e popular de comunicação. O design tem a tendência de se misturar com profissões semelhantes, dependendo do interesse e das especializações do profissional atuante, sendo estas, as áreas de arquitetura e engenharia, como também das artes plásticas, artes gráficas e artesanato. Todas estas profissões análogas fizeram parte da formação do Design em algum momento de sua história, por isso a semelhança, seja durante a industrialização ou da necessidade de criação. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 4 A subdivisão do campo do design em programação visual ou produto é dado pela grande quantidade de informações que cada um necessita e também suas técnicas específicas, mas a metodologia de desenvolvimento e comunicação deve existir igualmente para ambos. A definição da profissão até o momento é que todo aquele que desempenha atividade especializada de caráter técnico-científico, criativo, artístico para a elaboração de projetos de design passíveis de seriação ou industrialização que atendam, tanto no aspecto de uso quanto no aspecto de percepção, necessidades materiais e de informação visual. SAIBA MAIS Saiba mais sobre as associações de Design Gráfico e de Produto no Brasil. Acesso os sites http://www.adg.org.br/ http://www.adp.org.br/ Referências CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Editora Blücher, 2010. TÓPICO 2 PRÉ-HISTÓRIA, ANTIGUIDADE CLÁSSICA, IDADE MÉDIA, IDADE MODERNA, MODERNISMO, PÓS-MODERNIDADE Descrição da Arte e do Design antes da Revolução Industrial Ao iniciar a leitura deste texto, você viajará no tempo até a pré-história, caminhando pela evolução da inteligência do homem, de seus artefatos e sua arte, formando consecutivamente a base de conhecimento para o próximo passo da história. Perceba quanto o homem progrediu e como o mundo foi se formando para chegar aonde estamos hoje. A nossa história é realmente incrível. Aproveite a sua viagem no tempo! Design Vernacular – Período antes da Revolução Industrial que indica desenvolvimento de Design em culturas locais Acriação e o desenvolvimento do design pertencem ao instinto humano desde a sua existência, quando inventam meios artificiais de sobrevivência, ou seja, criam produtos, utensílios e organizações que permitem a sua evolução. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 5 O chamado “Design Vernacular” indica este instinto humano de criação, que mesmo antes do design ser chamado de design, ele já existia, é o design que não é aprendido nas academias, é o design popular. O Design Vernacular refere-se ao campo de produção de bens materiais ou simbólicos relacionados a vivência cotidiana e social. Trata-se de um campo informal que se define pelo design informal, instintivo e não por aquele design institucionalizado e erudito. Esta maneira de criação é atemporal se o relacionarmos com a história humana. Este instinto nasceu com o homem e continua com o homem, mesmo depois da revolução industrial e da maturidade da profissão. Talvez seja esta motivação instintiva que fez com que a revolução industrial acontecesse e que o ser humano se desenvolvesse. O conhecimento humano se desenvolveu, evoluiu, ganhou segmentações e nomenclaturas. O indivíduo que nasce, cresce, estuda algum conhecimento já estabelecido através da experiência do homem, e ganha assim um título para atuação junto à sociedade. Estes títulos são as profissões, que ainda continuam em prima evolução. Toda esta evolução foi documentada através da vivência do ser humano e neste texto vamos dar ênfase a vivência criada através dos produtos, comunicações e tecnologias. Pré-história Já na pré-história, quando os homens tinham seu corpo, crâneo e inteligência em evolução, desenvolviam modos de sobrevivência, registravam acontecimentos com pinturas e se adornavam, assim como um animal em evolução, seguiam seus instintos mais primitivos. Nesta época ainda não havia escrita, e o que está documentado foi feito através de pesquisas de antropólogos sobre objetos encontrados em várias partes do mundo, como pinturas em cavernas, esculturas e artefatos. Esta época vai desde o Paleolítico inferior (cerca de 500.000 a.C), Paleolítico superior (30.000 a.C) e Neolítico (10.000 a.C). Portanto, conclui-se com estes dados, que o ser humano já existe a muito tempo na superfície terrestre (PROENÇA, 1999). HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 6 No Paleolítico, o homem caçava para se alimentar, era nômade. As pinturas em cavernas, eram primeiramente feitas com o contorno das mãos e só depois de dominar esta técnica é que faziam desenhos de animais mostrando os seus movimentos. Figura 1 Caverna "Cueva de las Manos" Argentina Fonte http://www.terraadentro.com/2015/01/31/arte-rupestre-da-cueva-de-las-manos/ HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 7 Figura 2 Pintura rupestre em Lascaux, França. Fonte https://pt.wikipedia.org/wiki/Lascaux Além das pinturas, desenvolviam também esculturas apenas femininas, demonstrando fertilidade, com seios, ventre e nádegas volumosos. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 8 Figura 3 Vênus de Willendorf, Áustria (24.000 a 22.000 a.C.) Fonte http://studiow.com.br/blog/a-beleza-ao-longo-dos-seculos-os-primeiros-sinais-de-vaidade/ No período Neolítico, ocorreram muitas evoluções. Os grupos de pessoas sabiam lascar as pedras e fazer ferramentas, iniciaram a agricultura, a domesticação de animais, não eram mais nômades, construíram casas de pedra, formavam famílias, sabiam tecer panos, fabricar cerâmica e descobriram o fogo, o que permitiu o cozimento das carnes e fabricação de objetos com metal. Os desenhos evoluíram para cenas coletivas, com homens, danças e momentos de plantio e colheita, surgindo aí a pictografia, ou seja, a escrita com símbolos. Egito Os egípcios foram uma das principais civilizações da Antiguidade e viveram entre 3200 a.C até 715 a.C., quando foram dominados sucessivamente pelos assírios (670 a.C.), HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 9 persas (525 a.C.), gregos (332 a.C.) e romanos (30 a.C). Era uma civilização grande, organizada, com escrita bem estruturada e com religião dominante, além de acreditarem na vida após a morte, sendo esta mais importante que a terrestre. Toda a arte e construção imprimia seus deuses e crenças, faziam tecidos, joias, esculturas, móveis, utensílios e objetos simbolizando o poder destes Deuses. Muitos dos objetos eram relacionados a morte e a vida que surgia após ela. A população era formada com extrema hierarquia, em que o faraó estava no topo, depois estavam os nobres e sacerdotes, soldados, escribas, comerciantes, artesãos, camponeses e então os escravos que faziam uma parcela significante desta sociedade. Figura 4 Pictogramas de hieróglifos egípcios Fonte http://brasilescola.uol.com.br/historiag/hieroglifos-egipcios.htm HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 10 Figura 5 A necrópole de Gizé, no Egito (foto: pixabay) Fonte http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2017/11/cientistas-encontram-espaco-vazio-secreto-na- grande-piramide-de-gize.html Antiguidade clássica – Grécia e Roma Grécia Os gregos foram a sociedade que apresentou maior liberdade cultural de criação. Eles não se submeteram as imposições de sacerdotes, reis autoritários e religião, valorizavam especialmente as ações humanas e a razão, o antropocentrismo. Por volta do século X a.C. os povos gregos falavam diversos dialetos e a união entre a Grécia continental e as ilhas do Mar Egeu formaram a “pólis”, um conjunto de cidades-estados influenciados pela política e por volta do século V a.C. (400 a.C) o chamado século de Péricles que as atividades intelectuais, artísticas e políticas manifestaram-se de forma única em toda a história helênica. Os gregos eram filósofos, matemáticos, cientistas e atingiram altos graus de precisão nas artes, tanto nas esculturas do corpo humano em mármore com proporções ideais e a arquitetura simétrica com tecnologia de distribuição de peso e acústica. Nas obras eram aplicados o conceito da Proporção áurea que eram proporções matemáticas de crescimento da natureza (1: 1,618), o que transcrevia as obras, harmonia visual e beleza. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 11 Por eles foram criadas as colunas, os frontões, os anfiteatros e as decorações próprias que são copiadas até os dias de hoje. Figura 6 Busto de Homero em mármore Fonte https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_da_Gr%C3%A9cia_Antiga HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 12 Figura 7 Definição da proporção áurea Roma A fundação da cidade de Roma está envolta a lendas e mitos (Romulo e Remo) e dos povos gregos e etruscos, mas a sua fundação aconteceu em 753 a.C. e foi fortemente influenciada pela arte etrusca e greco-helenística. Os etruscos deixaram a herança dos arcos e abóbadas nas construções e os gregos as colunas, que foi absorvido pelos romanos após a dominação da Grécia por curto período. Os arcos e abóbadas permitiam a criação de vãos livres internos, livres de colunas, o que mais tarde foi misturado para arco e coluna. Os romanos desenvolveram uma organização interna de moradia que se desenvolveu e é o que utilizamos ainda hoje. A sua organização mostra o ambiente divido em quartos com sala de jantar, implúvio e átrio (tanque para coletar a água da chuva e vão no teto para permitir a entrada de luz e água, respectivamente) e o tablino que era HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 13 o aposento principal da casa, alémdo peristilo que era um vão livre no fundo das residências rodeado por quartos, o quintal ou área de lazer que conhecemos hoje. Como a luz elétrica ainda não existia naquela época a entrada de luz em todos os edifícios eram feitos com uma abertura no topo. Os romanos foram grandes dominadores de terras e formaram um grande império que durou por muito anos. O estilo usado por eles era chamado de greco-romano. Figura 8 Casa Romana: planta baixa e perspectiva Fonte http://historiadaarte.pbworks.com/w/page/18413936/Villae%20e%20Domus Idade Média A idade média é nomeada pela época em que os bárbaros godos invadem e dominam Roma. Foi marcada pelos séculos V a XV d.C., até o surgimento da arte moderna. A tecnologia até então desenvolvida é excluída, com a queda do império romana, e inicia-se aí uma lacuna artística. O rei dominador era o Carlos Magno e a época iniciada agora era a Carolíngia, onde as joias eram os principais produtos a serem aplicados técnicas avançadas. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 14 Era uma época feudal, em que famílias viviam em terras de um único proprietário, trabalhando para ele com a agricultura, dividindo os seus lucros, entretanto a arte estava totalmente ligada a religião e inicia-se um novo período com as construções de edifícios de pedra, nesta época inicia-se o estilo Românico, denominado desta forma, porque lembravam as construções dos romanos. As paredes eram feitas de blocos de pedra, as janelas pequenas, abóbadas e pilares maciços para sustentar o peso, traduzindo verdadeiras fortalezas. Figura 9 Tipos de abóbadas Fonte https://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2013/10/12/forma-estrutural-i/ O estilo românico utilizado na Itália utilizou os frontões criados pelos gregos, porém tinham agora o nome de tímpano. Na pintura românica uma técnica nova foi inventada, os afrescos. Seguindo o significado do nome, os afrescos eram feitos em gesso fresco, objetivando que os HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 15 pigmentos das tintas fossem absorvidos pelo gesso e quando secos ficassem com a cor mais viva. Eram feitos grandes murais com esta técnica. É possível identificar afrescos ao vê-los, devida a sua confecção em faixas verticais, de modo a conservar o gesso fresco em cada etapa de confecção. Em seguida, com a movimentação dos povos do campo para as pequenas metrópoles, as igrejas eram os locais onde tinham vida social, intelectual e artística e foi com este objetivo que as igrejas góticas foram pensadas, desenvolver locais atrativos para a sociedade. Foi então que conseguiram desenvolver grandes edifícios com paredes finas, sustentados por colunas e arcos e abóbadas ogivais, arcobotantes, altamente decorados, com rosáceas e vitrais em todo o edifício, possibilitando que a luz interna fosse colorida e interessante. A intensão era verticalizar os edifícios e estar próximo a deus . O nome deste período foi conhecido como Gótico. Figura 10 Igreja de Notre Dame, Paris, França. Local em que se pode ver os arcos ogivais, arcobotantes, gárgulas e rosáceas. Fonte http://historiacomgosto.blogspot.com.br/2017/02/igrejas-de-arquitetura-gotica.html Idade Moderna HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 16 A idade moderna se inicia com as grandes navegações, com a ida de Vasco da Gama as Índias e Cristóvão Colombo nas américas e o seu termino com a Revolução Francesa em 1789, foi o momento de mudança do feudalismo para o capitalismo, inclusive com o início da Revolução Industrial. Portanto as épocas vão do século XV até XVIII. Os movimentos marcados foram o Renascimento, o Barroco e o Rococó. O Renascimento foi um momento que reviveu as características greco-romanas como também uma época de muitas evoluções humanas. O homem neste período “renasceu” com o ideal de humanismo que possuíam, valorizando o homem e a natureza, a racionalidade, o rigor científico e a perfectibilidade e o progresso, em oposição ao divino e sobrenatural, que impregnou a época passada, a idade média. Esta época aconteceu entre os anos de 1300 até 1650. Os projetos eram extremamente organizados. Utilizavam conhecimentos de matemática, geometria, proporção áurea, o uso da perspectiva e sombra e luz. Leonardo da Vinci viveu nesta época. Teve início na região de Toscana, na Itália, depois passou a Florença e Siena, e então para Europa. Na Alemanha, Johannes Gutenberg, desenvolve tipos para impressão e dá início as artes gráficas. A sua maior obra foi a impressão da Bíblia. O Barroco (início século XVII) foi muito importante para a sociedade ocidental porque surgiu em uma época em que ocorreu a revolta protestante na Alemanha o que se estendeu por toda a Europa. As cidades se desenvolviam em estados nacionais com seus governantes e a igreja não era mais a comandante. Foi assim que a religião católica buscou reconquistar as pessoas com a arte e arquitetura em seus templos. Por exemplo a obra de Michelangelo “O juízo final” foi feito nesta época (1536 até 1541). HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 17 Figura 11 "A criação do Homem", pintura realizada por Michelangelo no teto da Capela Sistina entre 1508 e 1512. Fonte https://en.wikipedia.org/wiki/Christian_anthropology O movimento ficou marcado pelo intensa decoração, ornamentação e formatos orgânicos. O Rococó procurou o aprimoramento da técnica do Barroco e se tornou ainda mais requintada, voltada a aristocracia e monarquia, com ênfase nas cores dourado e tons pasteis. Teve início na França, no século XVIII e em seguida difundiu-se por toda a Europa. O nome originou-se da palavra rocaille em francês, que significa concha, que faz alusão aos formatos orgânicos e decorativos que expressa. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 18 Figura 12 Grand Trianon decorado no estilo Rococó Fonte http://pariswithnancy.com/2013/05/30/versailles/grand-trianon-red-room/ Referências: PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 1999. SAIBA MAIS Veja o Filme - Marie Antoniette (2006). TÓPICO 3 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E ARTS & CRAFTS Início do Design como profissão e movimento contra industrialização Este texto inicia uma fase revolucionária, em que a profissão de design começou a aparecer e a industrialização tornou-se responsável pelo abastecimento da população de novos produtos para diversos fins. O processo de realização dos produtos agora era dividido em etapas. A Revolução Industrial A Revolução Industrial teve início na segunda metade do século XVIII (1760-80) e foi realmente aparecer em meados de 1820. O nome utilizado “revolução” deu ênfase a profunda mudança econômica, tecnológica, política que sofreram as sociedades, mas na época não teve efeito de revolta. A mudança ocorreu lentamente. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 19 O que ocorreu de fato, foi que em meados dos séculos 16 a 17, antes do que foi chamada de Revolução Industrial, os estados na Europa se consolidaram através de uma política centralizada e mercantilista em colonizar o resto do mundo. Os portos de navegação haviam mudado do mar Mediterrâneo para o Atlântico e os países europeus concorriam entre si quanto a confecção de navios e viagens transatlânticas. Cada estado possuía suas manufaturas reais de modo a produzir artigos de luxo com as mercadorias trazidas das viagens. O país que desenvolveu um sistema mais completo de produção foi a França, com a fábrica de Gobelins, fundada em 1667 por Jean-Baptiste Colbert, que fabricavam vidros, móveis, tapeçaria, entre outrosprodutos para a família Real. Lá iniciava o processo que poderia se chamar de industrial. Charles le Brun, que fazia o papel de “inventeur” (inventor), criava as formas a serem produzidas, gerava um desenho que servia como diretrizes para os mestres-artesões confeccionarem (CARDOSO, 2010). Outras formações como esta foram se desenvolvendo em vários pontos da Europa até sua concentração maior ocorrer na Inglaterra. “Estas transformações foram tão importantes para a sociedade atual que costuma ser conceituada como o acontecimento mais importante desde o desenvolvimento da agricultura” (CARDOSO, R. 2010) Muitas vezes se utiliza o termo industrialização, e esta nomenclatura se relaciona ao processo de transição do mundo antes e depois da revolução. Hoje, tudo à nossa volta passa por algum processo de industrialização. As primeiras divisões do trabalho artesanal surgiram, entretanto na Inglaterra. A Inglaterra e como um todo a Grã-Bretanha, tinham vantagens claras com o seu domínio naval e também pelos bloqueios durante as guerras napoleônicas. Naquela época, os ingleses já começavam o comercio exterior, comprando matéria prima de um país p elo menor preço e vendendo-as pelo maior. Produtos chineses e indianos eram adquiridos, eram trocados por negros escravos na África usados para plantar algodão barato nos EUA e no Brasil, e assim o algodão era usado por eles produzirem tecidos e vender para estes mesmos locais de volta (CARDOSO, 2010). HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 20 A Inglaterra possuía reservas de carvão mineral, o principal propulsor de energia na época para que as máquinas funcionassem. Além disto, possuíam reservas de Ferro e também capital suficiente para desenvolvimento das máquinas, armazenada durante todos estes anos de colonização em países terceiros, compra de matéria-prima complementar e contratação de empregados. O modelo de segmentação das etapas de trabalho iniciou com a teoria clássica do economista Adam Smith em 1776. A divisão do trabalho permitiria um maior controle da mão-de-obra e o grande número de trabalhadores não precisariam ter capacitação técnica. Bastava-se ter um bom Designer, um bom gerente de produção e a grande massa de trabalhadores operando as máquinas, no qual poderiam ser demitidos em épocas de crise, sem grandes danos a produção. O pensamento de Adam Smith evoluiu com Andrew Ure, Charles Babbage e Karl Marx, que comentavam sobre a total mecanização do trabalho e a exclusão do erro humano. Os produtos produzidos pela indústria da época eram: louças, têxteis, moveis e sapatos. Os criadores de padronizações em tecidos foram os primeiros a se autodenominarem Designers. Isso ocorreu porque a produção mecanizada facilitava a pirataria e por isso foi importante possuir projetistas internos. Com o grande número de piratarias foram formuladas as leis de patentes e “copyrights” na Grã-Bretanha. A mecanização se tornava cada vez maior, com o uso de moldes, tornos e das fases de planejamento e execução, todos contribuindo para que a produção gerasse produtos padronizados, sem modificações personalizadas ou individuais. O modo de viver mudou completamente das épocas em que prevalecia o Feudalismo. As pessoas eram contratadas pelas empresas, recebiam seus salários e tinham poder de compra. Foi então que surgiu o capitalismo, um sistema econômico baseado na compra e venda, legitimidade de bens privados e no lucro gerado com a industrialização. A produção de tecidos e produtos em geral, tinham enorme demanda pela sociedade e foi desenvolvida rapidamente. Com o aumento da sociedade e das industrias HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 21 a demanda tenderia a crescer cada vez mais. A sociedade se dividiu em duas classes: a dos proprietários e dos operários (proletariados). Nesta época a sociedade estava com um número significativo de habitantes, e os centros urbanos ficaram superlotados, para que as pessoas tivessem o seu lugar na produção. No entanto, ocorreram grandes modificações no modo de vida e na demografia da cidade. A mão de obra de funcionários estava crescente naquela época, porque todos queriam trabalhar. Devido a esta alta demanda o pagamento se tornava cada vez mais barato. Figura 13 Imagem de uma empresa de produção de metal (Bethlehem Steel Works) em maio de 1881. Fonte https://fineartamerica.com/featured/bethlehem-steel-works-in-may-1881-everett.html Outro fator muito importante contribuiu para que a Revolução Industrial acontecesse. Através das Revoluções Gloriosas e Puritanas a Monarquia Absolutista se transformou em Monarquia Parlamentar, ou seja, a burguesia tinha liberdade de ação e a Inglaterra não era mais centralizada apenas as decisões da Família Real. As máquinas inventadas foram: máquina a vapor (inventor Thomas Newcomen), locomotiva a vapor (inventor George Stephenson), barco a vapor (inventor Robert Fulton), máquina de Hargreaves, Teares hidráulico e mecânico. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 22 Figura 14 Produção de tecido em teares criados na revolução industrial. Fonte https://ativandoneuronios.com/2017/09/08/a-revolucao-industrial-e-o-trabalho-infantil/ A industrialização gerada demanda, ao invés de suprir aquela existe. Com produtos de baixo custo e qualidade aceitável, estava acessível para toda a classe de compradores. Com o passar do tempo a classe consumidora era numerosa e passou a exigir bens de consumo mais sofisticados, surgindo a organização industrial e o mercado do luxo. Com a expansão da revolução para outros países inicia o que chamamos de Segunda Revolução Industrial, que ocorreu a partir de 1850 na Bélgica, França, Alemanha, Itália e Rússia e recebeu grande impulso com o rápido desenvolvimento de ferrovias e das locomotivas a vapor. A revolução também acontecia tardiamente em países mais distantes, como: Estados Unidos da América e Japão. Nos EUA ocorreu após a Guerra Civil que ocorreu entre 1861 e 1865, em que os estados escravistas do Sul declararam a sua secessão, ou seja, criação outra “União”, os Estados Confederados da América. Já no Japão o feudalismo foi superado e o país unificado. Os Estados Unidos tiveram vantagens na produção de armas de fogo, que teriam peças trocais e isto virou tendência mundial, HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 23 inclusive a Inglaterra e o Brasil, aderiram a produção. Ao longo dos séculos, os EUA tornavam-se líderes em produção de equipamentos mecânicos, como cadeados, relógios, máquinas agrícolas e de escrever. Não existe uma explicação para que os norte-americanos aderissem tão rapidamente a industrialização, ultrapassando os europeus neste quesito. O Brasil, enfrentando dificuldades geográficas e demográficas ainda dependia da importação europeia (CARDOSO, 2010). Na Segunda Revolução Industrial novas fontes de energia foram criadas, como o uso de Petróleo, energia elétrica, a invenção do motor de combustão interna, novos meios de transporte de pessoas, máquinas automáticas, e uso de novos materiais de fabricação como: alumínio, magnésio e aço. Em 1880 e 1890 foi feita por Frederick W. Taylor a evolução dos pensamentos sobre mecanização da produção. Taylor visava atingir a máxima eficiência d e produção através do “gerenciamento científico”, ou seja, planejar o tempo dos movimentos em cada etapa e estudos de ergonomia, para impedir o cansaço do trabalhador, excluindo todos os movimentos supérfluos. Nesta época também surgiu o desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação, como as estradas de ferro, navegação a vapor, telégrafo, fotografia,entre outros. A era da Globalização, já estava acontecendo. A Terceira Revolução Industrial iniciou nos séculos XX e XXI e se desenvolveu com a tecnologia e a criação do computador, internet, engenharia genética, celular e etc. Revolução Industrial no Brasil A revolução industrial ocorria em um Brasil imperialista, em que a influência europeia ainda era muito grande. O governo criou a Sociedade Auxiliadora da Industria Nacional e também tínhamos o Visconde de Mauá, que atuava bravamente para o seu desenvolvimento, mas o Brasil ainda continuava com a situação agrária, a indústria do café, e tão pouco fizeram para a sua evolução. Mais tarde, a partir do primeiro mandato de Getúlio Vargas, no ano de 1930, investiu na indústria de base e energia. Nesta época as plantações de café entraram em decadência, houve um forte movimento migratório de nordestinos e trabalhadores da HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 24 roça para o Rio de Janeiro e São Paulo, e a mão-de-obra foi substituída dos imigrantes para os naturais do Brasil. O design no Brasil, ainda no século 19, seguia tendências de produção europeias, como por exemplo os mobiliários feitos de madeira curvada com a técnica de vapor e pressão de Michael Tonet, de Viena e também as camas patentes, que foram exemplo de padronização em todo o mundo. Tem-se o exemplo da empresa Moreira Carvalho e Cia e 1880, que produzia em grande escala no Rio de Janeiro. Figura 15 Cama Patente. Precursora do design brasileiro Fonte http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI250820-17699,00- EXPOSICAO+CAMA+PATENTE+DEMOCRACIA+EM+FORMA+DE+MOVEL+SAIBA+MAIS.html Arts & Crafts (1850 – 1914) Uma grande mudança que transformou o mundo aconteceu na metade do século dezoito na Europa, iniciando-se na Inglaterra e depois espalhando pela Europa e outros continentes: a Revolução Industrial. Com a industrialização iniciou-se o processo de HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 25 produção de produtos em série e a divisão social do trabalho. A industrialização veio com o intuito de substituir o processo artesanal e também inaugurar o capitalismo. Nesta aula, vamos falar de um período inicial da Industrialização onde ela era ainda muito insipiente, a qualidade dos produtos fabricados ainda era muito baixa e sua produção muito precária, com péssimas condições de trabalho dos operários da época. Toda grande mudança gera um certo desconforto em algum grupo de pessoas. Há sempre aqueles que não concordam com a mudança e levantam questionamentos e críticas. O movimento Arts & Crafts surge com severas críticas à industrialização, numa tentativa de reforma social e de inovação de estilo. Eles eram um grupo de pensadores, artistas e artesãos que lutaram contra a baixa qualidade dos produtos industrializados em massa e aos danos ambientais provocados pela industrialização da época. Nesse momento ainda não se falava em ecologistas, mas o movimento Arts & Crafts já criticava os impactos ambientais provocados por indústrias que poluíam o ar e a água. Em termos estéticos, o movimento Arts & Crafts rechaçou a decoração pretensiosa e superficial dos objetos fabricados na época e buscou a beleza ao alcance de todos. Buscou a fidelidade aos materiais utilizados e baseou-se nas formas do mundo natural. Muitos desses conceitos foram incorporados posteriormente até mesmo pelos designers que desenharam produtos para a indústria, como é o caso da Bauhaus. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 26 Figura 16 Guarda-louças de Sidney Barnsley. 1920 Fonte http://gimson.leicester.gov.uk/virtual-museum/leicester-museums-ernest-gimson-collection/cabinets-and- sideboards/walnut-sideboard-by-s-barnsley/ Nesse exemplo, podemos notar um objeto despojado de ornamentos, onde se destaca a qualidade do produto e a fidelidade do seu material, a madeira. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 27 Figura 17 “The Orange Tree”. Papel de parede, projetado por Walter Crane e fabricado pela Jeffrey & Company, 1902 Fonte https://collection.cooperhewitt.org/objects/18615681/ HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 28 Figura 18William De Morgan Antelope Charger em brilho vermelho decorado por John Pearson.jpg Fonte https://commons.wikimedia.org/wiki/File:William_De_Morgan_Antelope_Charger_in_red_lustre_decorated_by_John_Pear son.jpg HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 29 Figura 19 Aparador compacto em carvalho, criado por Charles Voysey, 1897. Fonte http://www.artsandcraftsdesign.com/Voysey/VoyseySelectedFurniture.html No período da revolução industrial, o governo britânico criou a “Society of Arts” que eram escolas de desenho que buscavam o aprimoramento da manufatura para se tornar compatível a industrialização. Porém no berço da industrialização, dois pensadores, John Ruskin e William Morris questionavam e se opunham ao movimento industrial e a queda de qualidade dos produtos que este sistema produzia. Na Inglaterra, em 1861 eles fundaram a empresa Morris, Marchal, Faulker & Co., especializada em móveis e decoração em geral (papeis de parede, vidros, pratarias, tapeçarias e etc.), para renovar as artes aplicadas. Eles queriam a separação do trabalho em etapas cessasse, que o projeto e a produção juntos mostrariam uma renovação nas Artes e Ofícios. Por isso o uso do nome “Arts and Crafts”, que em tradução ao português quer dizer “Artes e Ofícios”. Eles buscaram definir o posicionamento do trabalho HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 30 artístico. Portanto denominaram a arte de arte pura e arte aplicada, ou belas-artes e artesanato. Para os objetos as denominações eram arte decorativa e arte industrial. O artesanato criativo seria a alternativa da mecanização forçada a produção em massa. Este artesão-artista que pretendia projetar o que iria produzir, seria mais tarde conhecido como Designer. Apesar deste movimento conter aspectos adequados a preservação da qualidade dos produtos e de vida dos criadores, o mundo estava em ascensão e o desejo de crescimento dos empreendedores não deteve o avanço tecnológico e a diversidade de produção. John Ruskin (1819-1900) foi um escritor, poeta e desenhista romântico, sendo lembrado até hoje por suas críticas de arte e sociais. Uma de suas frases remonta este período: “Para a saúde da mente e do corpo, os homens deveriam enxergar com seus próprios olhos, falar sem megafone, caminhar sobre os próprios pés ao invés de andar sobre rodas, trabalhar e lutar com seus próprios braços, sem artefatos ou máquinas. (...) A maior recompensa pelo nosso trabalho não é o que pagam por ele e sim no que ele nos transforma”. (John Ruskin) William Morris, um pouco mais novo que John Ruskin, e se tornou influenciado pelo mesmo na universidade, onde mais tarde tornaram colaboradores por toda a vida. Morris era poeta, sociólogo e pintor de tecidos. O seu ideal era produzir objetos de arte a baixo custo para que todos tivessem acesso, combinando as teses de Ruskin com as de Marx, defendendo uma arte "feita pelo povo e para o povo": o operário artista que confere valor estético ao trabalho desqualificado da indústria. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 31 Figura 20 Detalhe do carpete Llittle Flower, William Morris (1834-1896) Fonte https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Morris_Little_Flower_carpet_design_detail.jpg HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 32 Após alguns anos as ideias de Morris foram esquecidas e ficaram apenas a valorizaçãodo trabalho artístico manual. Porém foi uma importante influência para Walter Groupius (1883-1969), mais tarde, com o surgimento da Bauhaus, que assim como os ingleses, ele acredita que o aprendizado do designer deveria ser feito sobre orientação de mestres artistas-artesões, como nas guildas medievais (oficinas originais de arte), em que o a assinatura, criatividade e responsabilidade do artesão tem papel fundamental. Figura 21 Linha cronológica do Design Fonte Design of the 20th Centery, Charlotte&Peter Fiell O movimento Arts & Crafts foi o início do processo do pensamento do design: se por um lado esse movimento foi contra a industrialização defendendo a qualidade dos HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 33 produtos, por outro, ela também gerou a resposta para que a indústria desenvolvesse toda uma nova conceituação de design a partir de grupos como Deutcher Werkbund, De Stijl e da Escola Bauhaus. O movimento Arts & Crafts influenciou também o trabalho de Frank Lloyd Wright (1867 – 1959) como uma ponte do Design Orgânico conectando o Movimento Arts & Crafts com o Movimento Moderno. Nomes de artistas e associações importantes desta época foram: Pimpernel (1876), A.H.Mackmurdo (1851-1942), The Cromer Bird (1884), Walter Crane (1845-1915), Jones Burne, Charles Robert Ashbee (1863-1942), Charles F. Annesley Voysey (1857- 1941), Richard Lethaby (1857-1931), além das Guildas desenvolvidas por Morris, Guilda de S. Jorge, de Trabalhadores de Arte e de Artesanato. SAIBA MAIS Para aprofundar mais nesse assunto recomendamos a leitura de “A brief history of Green design” do livro The Eco-Design handbook” do Alastair Fuad-Luke da Thames & Hudson. Movimento Estético (1870 – 1900) Combinava o Gótico com uma releitura do Estilo da Rainha Anna, que tinha influências orientais, como a carpintaria japonesa, bem como do Oriente Médio. Tornou-se um “estilo de vida” para a classe média emergente através do mobiliário das casas e também no vestuário feminino. A flor do girassol foi o símbolo do movimento que nasceu na Inglaterra mas que também se manifestou nos Estados Unidos da América. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 34 Figura 22 Móveis do Movimento Estético Fonte https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Desk_and_Bookcase,_1893,_by_Ladislaus_Zdzieblowski,_Chicago,_oak_- _Art_Institute_of_Chicago_-_DSC09945.JPG Fonte https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sideboard,_circa_1868,_designed_by_Thomas_Jeckyll_(1827- 1881)_for_the_Oak_Parlor_at_Heath_Old_Hall.JPG HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 35 O Movimento Estético influenciou duas correntes importantes: o Art Nouveau, através do uso de motivos da natureza; e o Movimento Moderno, através das formas japonesas abstratas. Características de design Elementos góticos e orientais (japoneses ou oriente médio) Tinha certa semelhança com o movimento Arts & Crafts: a utilização de elementos naturais Referências BÜRDEK, Bernhard. História, teoria e prática do Design de Produtos. São Paulo: Editora Blücher, 2006. CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Editora Blücher, 2010. 276p. DE MORAES, Dijon. Limites do Design. São Paulo: Editora Studio Nobel, 1997. revolução-industrial.info acessado em 30/06/2015. www.sohistoria.com.br acessado em 30/06/2015. TÓPICO 4 ART NOUVEAU E JUGENDSTIL Movimento que surgiu com a necessidade da indústria na Europa Com o sucesso da industrialização, as indústrias precisaram de novos estilos de produtos para diversificar a produção e novos movimentos artísticos surgiram a partir desta necessidade, entre eles Art Nouveau na França e Jugendstil na Alemanha. Art. Nouveau (1880 – 1910) A Arte Nova, com a tradução da denominação “Art Nouveau” em francês, surgiu no século 19 (XIX), com a união de diversas tendências europeias surgidas após o movimento “Arts and Crafts”. A euforia da sociedade buscava um estilo que traduzisse este senso de fervilhamento e modernidade da época. A vontade de mudança e da releitura do antigo, trouxe a mistura, o ecletismo de culturas aplicadas em um único estilo. Suas influências eram a arte oriental, artes decorativas e iluminuras medievais e deveriam se refletir nos produtos da vida diária (PROENÇA, 1999). HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 36 Este movimento teve origem em Glasgow na Escócia, que possuía diversos artistas e designers com ânsia de evolução, como o Charles Rennie Mackintosh e Andrey Beardsley, depois foi para Bruxelas na Bélgica com Victor Horta e Henry van de Velde e seguiu diretamente para Paris, com René Lalique, Emile Gallé, Paul Berthon e Louis Majorelle; depois na Áustria com Otto Wagner e Gustav Klimt; Alphonse Murcha na República Tcheca; Antoní Gaudí na Espanha; Louis Comfort Tiffany e William Bradley nos Estados Unidos (DE MORAES, 1997; CARDOSO, 2010). Figura 23 Exemplos da Art Nouveau com os artistas, Charles Mackintosh, Alphonse Murcha, René Lalique e Otto Wagner, respectivamente. Fonte Sentido horário: Wikiart.org / Restantes: Wikimedia Commons Os trabalhos passaram a serem reconhecidos e comprados como Art Nouveau por volta de 1900, portanto nesta época o movimento foi afirmado. O mesmo movimento incorporado em diferentes países na Europa, ganhavam nomes diferentes, como por exemplo Jugendstil, na Alemanha, Modern Style, na Inglaterra, Sezessionstil, na Áustria, e Stile Liberty, na Itália (PROENÇA, 1999; BÜRDEK, 2006) HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 37 A intenção conceitual deste movimento era se tornar a arte acessível à população massificada, já que as empresas precisavam de alimentação contínua de trabalhos de criação, no entanto muitos artistas foram direcionados a criar com arte e vivacidade na indústria. Os produtos eram carregados de beleza estando ao alcance de todos. A criação da forma usava elementos de referenciais botânicos, como motivos florais, organicidade, curvas assimétricas que impulsionam verticalmente, animais e vegetação exóticos. A nova vida ao tudo que já existia brotava da releitura de formas da natureza e culturas inatingíveis. Queriam algo que fosse oposto a criação do homem, tão vigente durante a industrialização. O Japonismo estava em alta na Europa entre as épocas 1880 e 1890, ou poderia também ser chamado de Ukiyo-e Woodblock Prints (Retratos do mundo flutuante - Impressões em blocos de madeira). Usava cores fortes e perspectiva plana, tinham como tema principal a natureza exótica e influenciaram fortemente a composição do Art Nouveau. Figura 24Exemplos de Japonismo (Ukiyo-e Woodblocks Prints) Fonte: Wikimedia Commons e Hokusai Hiroshige Um dos pioneiros a incorporar este estilo foi o arquiteto Henry Van de Velde, quem desenvolveu o primeiro prédio da Bauhaus na cidade de Weimar. Ele insistia em incorporar os formatos orgânicos da natureza, nos traços do projeto como ornamento. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 38 Figura 25 Henry van de Velde e edifício da Bauhaus em Weimar. Fonte: Wikimedia Commons Muitas vezes causa-se estranheza e confusão com os nomes Art Nouveau e seu estilo sucessor, Art Déco. As diferenças é que um utiliza formas orgânicas e as outras formas geométricas. Entretanto o Art Déco ainda será comentado nos textos seguintes. O Art Nouveau antecedeu a Primeira Guerra Mundial e estava ligado ao luxo e a prosperidade, por isso a época foi chamada de Belle Époque (época bela) e o Art Déco está ligado ao modernismo dos anos 20 e 30, do pós-guerra. Os materiaisutilizados no Art Nouveau eram de fácil fundição e reprodução, como: Ferro, bronze e vidro. A indústria gráfica estava em alta naquela época e a Art Nouveau também foi incorporada a cartazes feitos por Jules Cherét e Henri de Toulouse-Lautrec. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 39 Figura 26 Moulin Rouge - La Goulue de Toulouse-Lautrec (1981) Fonte: http://www.pictorem.com/3267/Moulin%20Rouge%20la%20Goulue%20by%20Toulouse-Lautrec.html Este movimento foi satisfatório tanto para o artista quanto para a sociedade, porque permitiu ao artista que o seu trabalho fosse vastamente percebido e elevou o nível cultural das pessoas. Na arquitetura foram importantes artistas o Victor Horta (1861-1947) e Hector Guimard (1867-1942). Veja abaixo algumas de suas obras. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 40 Figura 27 Exemplos de Art Nouveau em construções, Victor Horta Fonte: Victor Horta - Wikimedia Commons Já no Brasil, na época da República Velha, em que era um país distante das novas tecnologias e com produção industrial limitada, o produto industrializado tornava -se objeto de luxo e restrito apenas a elite, portanto os produtos criados para elite e para o povo eram diferentes. O estilo Art Nouveau foi incorporado por alguns artistas e era uma forma de afirmar que a modernidade havia chegado. Aqui a Belle époque era tropical, nós seguíamos a moda. No campo gráfica, o Art Nouveau surgiu como renovação estilística. Surgiram revistas como a Kosmos, O Malho, A Careta, A Nova Ilustração Brasileira, Para Todos, e Tico-Tico (CARDOSO, 2010 apud SODRÉ, 1966). Este momento de grande crescimento das artes gráficas coincidiu com os esforços do governo em modernizar o País, simbolizados pela reforma urbana do Rio de Janeiro. Os artistas de grande repercussão foram: o carioca J. Carlos, ilustrador da “Para Todos”, com alto grau de qualidade, trabalhou de 1902 até 1950 sem rupturas e atuou também como diretor artístico da revista “O Malho”, também outros importantes artistas K. Lixto, Andrés Guevara, Raul, Fritz, Júlio Vaz, J. Wasth Rodrigues. Além das revistas A maçã e A Garoa. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 41 Figura 28 Capa da revista “Para Todos” feita por José Carlos de Brito e Cunha na década de 1920. Fonte: Acervo BN Digital - Disponível em: http://bndigital.bn.br/acervodigital/ Figura 29 Revistas "A Maçã", feita por Ivan e Andrés Guevara e "O Malho", feita por J. Carlos, ambas da década de 1920. Fonte: Fundação Casa Rui Barbosa - Disponível em: http://bit.ly/1PJS6rd / Agência Fiocruz de Notícias - Disponível em: http://bit.ly/1KKsOld - Acesso em 29/01/2016 Em São Paulo, a Semana de Arte Moderna de 1922, trouxe à tona importantes artistas brasileiras, da pintura, da literatura e música. Os nomes conhecidos até hoje: Tarsila do Amaral, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Heitor Villa-Lobos, apresentaram neste dia o que tinham de mais novo. As histórias de Monteiro Lobato foram pioneiras na área de livros infantis no Brasil, sendo nesta época publicada por uma editora que levada seu nome em 1919, no qual mudou de nome em 1925 para Editora Nacional e se uniu a outra editora carioca HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 42 Civilização Brasileira, unindo pela primeira vez o campo editorial em RJ e SP. O processo de offset foi importado em 1922 para o Brasil especialmente para a companhia de cigarros Souza Cruz, além do papel de qualidade que também precisava ser importado, este feito por Monteiro Lobato. Jugendstil (1880 – 1910) Jungendstil significa “estilo para a juventude” em alemão e ocorreu de maneira semelhante ao Art Nouveau, porém na Alemanha. Inclusive, os movimentos aconteceram ao mesmo tempo, em diferentes países da Europa, por volta dos anos de 1890. Como foi mencionado no texto de Art Nouveau, o movimento surgiu pós- industrialização com a necessidade de trazer motivos decorativos para o processo de produção e torná-la acessível ao público em massa. Na Alemanha, o Jugendstil teve maior aplicação nas artes gráficas e recebeu este nome por causa de uma revista da época com o nome Jugend: Münchner illustrierte Wochenschrift für Kunst und Leben, que significa em português “Juventude, revista semanal de Munique ilustrada de arte e vida”. Esta revista foi fundada em 1896, por Otto Eckmann e sobreviveu até 1940. Figura 30 Série de ilustrações da revista Jugendstil Fonte: Wikimedia Commons - Jugend Magazine O movimento foi distinguido em dois momentos, sendo o primeiro ocorrido antes de 1900, marcado pelas características florais relacionadas ao Japonismo do Art Nouveau original, e depois de 1900 evoluiu para um momento abstrato assemelhando-se ao HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 43 trabalho Vienense de Henry van de Velde, que foi residente na Alemanha, durante grande parte da sua vida. A ilustração da Jugend abrangia desde a forma de comunicação em formas como também de tipografia. A revista como um topo era desenhada e elaborada com elementos decorativos. Outras revistas também utilizaram o mesmo tema para demonstrar as artes aplicadas, eram elas: Pan and Die Jugend (1895-1900), Simplicissimus (1896), Dekorative Kunst (arte decorativa) e Deutsche Kunst und Dekoration (arte e decoração alemã) ambas fundadas em 1897. O movimento influenciou não só as artes gráficas, como também toda a indústria atual, assim como a arquitetura. Figura 31 Estação de trem Karlsplatz – Viena / Áustria, projetada por Otto Wagner Fonte https://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/descobrindo-historia-arquitetura/metro.php Referências BÜRDEK, Bernhard. História, teoria e prática do Design de Produtos. São Paulo: Editora Blücher, 2006. CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Editora Blücher, 2010. 276p. DE MORAES, Dijon. Limites do Design. São Paulo: Editora Studio Nobel, 1997. PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 1999. TÓPICO 5 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 44 DEUTSCHER WERKBUND, DE STIJL (NEOPLASTICISMO E ABSTRACIONISMO) E CONSTRUTIVISMO RUSSO Associações que contestaram a posição do Design na época Nesta época movimentos e associações se formaram para discutir o direcionamento da criação de formatos. Pensamentos completamente novos pairaram no ar e direcionaram toda esta época até hoje. A Alemanha era o país que o Design era mais discutido. Deutscher Werkbund (1907 - 1935) O período anterior a Primeira Guerra Mundial foi marcada por intensos movimentos de emancipação da sociedade na Europa. As classes médias e baixas lutavam por direitos, as mulheres exigiam o direito de voto e a indústria e exploração ultramarinas estavam indo de vento em popa. Os países concorrentes eram Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos. Abaixo desta esfera de desenvolvimento estavam todos os estados da Rússia, América latina, Japão, Ásia e África, ainda com estruturas feudais e escravistas, muitas vezes servindo como mão de obra para estas potencias. Os países líderes já não eram mais comandados pela monarquia e foi ganhando a força crescente de Nação, por isso o patriotismo foi se consolidando nos cidadãos. A concorrência capitalista era o enfoque mundial neste momento. Cada nação buscava otimizar o seu sistema de produção para que gerasse maior lucro e o país se sobressaísse aos outros. Para tanto, cada nação criava associações para que esta organização fosse feita. Na Inglaterra era chamada de “Society for the Encouragement of Arts”, na França “Union Centrale desArts Décoratifs”, no Brasil “Sociedade Auxiliadora da Industria” e na Alemanha “Deutscher Werkbund”. O terceiro movimento mais marcante para o design, após industrialização seguido do Arts and Crafts e a Art Nouveau foi a criação do Deutscher Werbund, fundada por Hermann Muthesius em 1907 (que tem a tradução em português “Confederação Alemã do Trabalho”) Juntamente com Friedrich Naumann político liberal-progressista, Muthesius, que era funcionário do Ministério do Comércio alemão e professor da Universidade Comercial de Berlim, lutou para criar um estilo nacional baseado na produção industrial. O design era a alavanca do sucesso e exportação do nacionalismo alemão. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 45 Muthesius propunha uma reforma de vida (Lebensreform) em que a industrialização traria benefícios a vida e deveria ser aceita e explorada. Seguindo o conceito de transformação social de William Morris, Muthesius fundou em 1907, em Berlim, na Alemanha, um movimento que era favorável ao dualismo entre a arte pura e a arte aplicada, mas achava que a arte deveria fazer parte da industrialização crescente, ao contrário à segunda contestação de William Morris. Para Muthesius, o mundo não poderia ir contra a evolução natural do ser humano, e a mesma poderia trazer um mundo melhor. Segundo o seu conceito, os artistas deveriam trabalhar junto as empresas, no desenvolvimento de produtos e também no aprimoramento das condições de trabalho e que viessem a interferir no processo de produção, ou seja, o artista trabalharia não só como desenhista, mas atuaria na melhoria dos processos, assim como um gestor, no seu planejamento. Assim, o trabalho entre o artista e o artesão seriam combinados e reorganizados, o artista era quem fazia a forma e o artesão que a executava. Por isso, pensavam em padronizar a produção, tipificar os produtos e evoluir o trabalho do artista, para a criação através de planejamento e individualidade artística. A Werkbund funcionava como um fórum de empresários, políticos, artistas, arquitetos, designers que se encontravam periodicamente para estimular uma política setorial de aplicação do design padronizado a indústria. A padronização estética e técnica traria melhorias para a indústria como também para a funcionalidade do produto. Os primeiros formadores da associação, além de Hermann Muthesius, formam: Peter Behrens (designer da AEG, empresa de eletricidade), Theodor Fischer, Bruno Paul, Richard Riemerschmid, Henry van de Velde, entre outros. Outras associações foram criadas na Áustria, na Suíça, na Suécia e também na Inglaterra, e tinham como foco principal a formação de gosto, tanto no produtor como do consumidor. As reuniões do Werkbund foram marcadas por intensas discussões. Enquanto Muthesius era a favor da padronização estilística e da subordinação da arte aos interesses industriais, Henry van de Velde neste momento diretor da escola de artes e ofícios de Weimar (anterior da Bauhaus), que seguia o movimento Art Nouveau até HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 46 então, lutava a favor da liberdade criativa e da autonomia da arte como meio de expressão dos valores humanos, independente de questões comerciais. Além de que outro momento importante do movimento aconteceu em uma exposição de arquitetura realizada após a Primeira Guerra Mundial, em 1927, em Stuttgart em um bairro chamado de “Weissenhofsiedlung”, que hoje funciona como museu de arquitetura. O evento foi dirigido por Mies van der Rohe e serviu para discutirem novos conceitos para a realização de projetos. Entre os arquitetos convidados estavam: Le Corbusier, Hans Scharoun, Walter Groupius, Max Taut, Jacobus Johannes Pieter Oud, Hans Poelzig, Peter Behrens e Mart Stam. Foram desenvolvidos nos conceitos de habitação e também de materiais. A ideia era conceber desde a casa, até a xícara de café. O arquiteto estava apto a realizar todo o projeto e a sua forma deveria ser reduzida apenas as funções elementares e ao utilitarismo. Figura 32 Weissenhofsiedlung - Conjunto de edifícios criado por Mies van der Rohe em 1927 Fonte: https://no.wikipedia.org/wiki/Weissenhofsiedlung HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 47 Com o início da Primeira Guerra todos estes ânimos foram postergados e seria retomada apenas após a finalização da guerra. A primeira formação da Werkbund durou até 1934, quando foi formado um Partido Nacional Socialista, mas foi retomada em 1947 e existe até hoje (CARDOSO, 2010). De Stijl (Neoplasticismo, Abstracionismo) (1917-1931) O Termo utilizado “De Stijl”, quer dizer “O estilo” em holandês (neerlandês) e foi iniciado com a publicação de uma revista em 1917 por Theo van Doesburg (1883-1931). Junto com a publicação e os outros pensadores Piet Mondrian (1872-1944) e Gerrit Rietveld (1888-1964), surgiu um conceito de estética-social e produção orientada para o futuro. Eles defendiam o uso das máquinas e negavam a manufatura. Desenvolveram um padrão estético que se assemelhava as máquinas e a mecânica. Esta estética levou o nome de “Estética mecânica” e era análoga ao conceito do Construtivismo Russo. Figura 33 Capa da Revista DE STJIL - novembro de 1921. Fonte: http://destijlthac.blogspot.com.br/ HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 48 As estéticas dos produtos criados pós-industrialização estavam muito ligadas a praticidade de produção e, portanto, a simplicidade da forma. Seguindo este mesmo raciocínio, o grupo De Stijl defendeu a estética de redução, ou seja, o uso das formas e cores simplificadas: circulo, quadrado e triangulo (campo bidimensional), esfera, cubo e pirâmide (campo tridimensional) e as cores primárias. O uso destas cores e formas combinadas já haviam sido utilizadas por artistas como essenciais durante o s movimentos Renascentistas, Neoclássico e etc., porém foi a partir deste movimento que se criaram categorias de formas válidas até hoje. Algumas instituições sucessoras ao De Stijl, como a Bauhaus, Hochschule für Gestaltung de Ulm e New Bauhaus de Chicago, seguiram a mesma tradição. O termo “menos design é mais design” (Weniger, aber besser) desenvolvido por Dieter Rams, importante designer industrial do século XX, pode ter seguido este mesmo conceito de redução estética. Este movimento desencadeou o surgimento de outros estilos, como o Neoplasticismo e o Abstracionismo que foi capitaneado por Piet Mondrian. O Neoplasticismo (nome dado por Piet Mondrian) tornou a pintura totalmente limpa, excluindo-a do campo da representação. As formas e cores utilizados agora eram os essenciais e puros, buscando características próprias. Fizeram com que usassem as cores primarias em seu estado máximo de saturação, juntamente com preto e branco, sendo o preto representação da ausência total da luz e o branco a presença tota l da luz). HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 49 Figura 34 Imagem representando o Neoplasticismo, semelhante ao que Piet Mondrian criou. Fonte https://www.todamateria.com.br/neoplasticismo/ O Abstracionismo refere-se à configuração da forma através das relações entre as cores, linhas e superfícies, sem que represente objetos reais. Foram notadas duas vertentes na incorporação deste estilo. O primeiro é inclinado a representação da emoção ao ritmo da cor e a expressão de impulsos individuais, tendo como principal representante o artista Wassily Kandinsky, que mais tarde foi professor na Bauhaus. O segundo foi mais afinado aos fundamentos racionalistas das composições cubistas, o rigor matemático e a depuração da forma, chamado deabstracionismo geométrico. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 50 Figura 35 Wassily Kandinsky (Russian, 1866–1944) Blau, 1922.Abstracionismo. Fonte: http://www.artnet.com/artists/wassily-kandinsky/blau-fHxuSamx8UqKxtI6xhvckQ2 A formação do campo de design veio amadurecendo e tomando corpo, após diversos movimentos que discutiam qual seria o presente o futuro do papel do artista na indústria. Com a influência da Bauhaus o Neoplasticismo e o De Stijl ficaram popularizados e largamente utilizados pela indústria, que avaliavam este estilo como o futuro. As criações de Rietveld, que era arquiteto, foram grandes exemplos do movimento e que expressam uma estética futurista. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 51 Obras de Rietveld - Poltrona Rietveld e Casa Schroeder - Anton Havelaar / Shutterstock.com (localizada em Utrecht ¿ Holanda) O auge do movimento ocorreu entre 1921 e 1925 quando Doersburg internalizou o conceito. Através de suas palestras levou o conceito a outros países. Theo van Doesburg se estabeleceu em Weimar (local da primeira Bauhaus) e lá foi professor de 1921 até 1922. Paralelamente a revista De Stijl, Doesburg lança outra revista com o nome MECANO, que também foi um bom exemplo de diagramação Neoplástica. Em 1925, já mostrava alguns sinais de desgaste, quando Piet Mondrian deixa o movimento por descordar o uso de linhas e leitura diagonal por Doesburg, o que iria contra a filosofia inicial do Neoplasticismo. Em seguida Mondrian atuou em Nova York, no qual influenciou muitos artistas. A última publicação da revista ocorreu em 1928 e o movimento foi levado bravamente por Doesburg até a sua morte em 1931. Construtivismo Russo (1917-1935) Na Rússia, um grupo de construtivistas se formou em 1917, após a Revolução de Outubro e baseados em um artigo do crítico N. Punin, (que mencionava os relevos tridimensionais de Tatlin) em que também defendiam as teorias estético-sociais, ou seja, a arte para o povo. Era um movimento de renovação artística e arquitetônica, fortemente vinculado a ideais políticos socialistas. A produção artística deveria ser funcional e informativa. Os integrantes do grupo eram: El Lissitzky, Kasimir Malevitch e Wladimir Tatlin. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 52 Para eles, as necessidades básicas da população deveriam ser preenchidas através da industrialização e os princípios básicas eram voltados para definição da técnica e da tecnologia de materiais. O raciocínio voltado para o desenvolvimento da técnica ainda determina o design nos países de terceiro mundo, devido ao déficit de abastecimento de produtos básicos. Outro importante designer desta época foi Alexander Mikhailovich Rodchenko (1891-1956), que acreditava fortemente que a arte deveria ter uma função social e cumprir um papel prático na vida das pessoas, fez pintura, fotografia e também escultura. A arte realmente mudou com o seu trabalho. Trabalhou como Designer na Dobrolet (Russian Airline), produzindo embalagens, cartazes e etc., e também design gráfico para teatro e ilustrações particulares. Obra realizada por Rodchenko durante o Construtivismo Russo. Fonte: Revista Fórum - Disponível em http://bit.ly/1Y4eEmY - Acesso em 26/01/2016 Em 1934, o Construtivismo foi proibido na Rússia pelo Congresso dos Escritores. Alguns artistas foram expulsos e exilados. Com o poder de Stalin, o realismo socialista volta à tona. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 53 Referências BÜRDEK, Bernhard. História, teoria e prática do Design de Produtos . São Paulo: Editora Blücher, 2006. CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Editora Blücher, 2010. 276p. DE MORAES, Dijon. Limites do Design. São Paulo: Editora Studio Nobel, 1997. PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 1999. TÓPICO 6 BAUHAUS Primeira universidade de Design Nesta época um curso foi aberto por Walter Groupius em uma Universidade para o Design ser tratado como profissão. Essa Universidade, chamada por Bauhaus, tornou-se ícone em todo o mundo. Walter Groupius, um dos arquitetos frequentavam as reuniões do Deutscher Werkbund, fundava em 1919 um curso, apoiado pelo governo na “Staatliche Bauhaus Weimar”, que unia as funções do artista com o artesanato, e fazendo com que aquele novo aprendiz soubesse aplicar o que se imagina, ou seja, a arte e a técnica está fundida. O prédio da escola em Weimar, foi construído através do projeto em Art Nouveau de Henry van de Velde, e lá funcionava uma escola de artes aplicadas. Desde sua fundação, a Bauhaus teve como premissa detectar algo nas origens da arte, que seria eterno e que regeneraria a vida das pessoas. Como um manifesto, um cartaz foi criado invocando o momento histórico deste início de era. O cartaz representava em uma xilogravura uma catedral gótica, demonstrando a unidade, completude e harmonia que estavam iniciando. “A técnica não necessita da arte, mas a arte necessita muito da técnica” (BÜRDEK, 2010 / pag.28) O intuito de Groupius era formar uma nova era de profissionais, que fossem modernos e inteligentes, voltados a produção de produtos e ambientes para pessoas do século XX, com ambientes claros e arejados, ou seja, uma nova forma de viver após industrialização. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 54 Como corpo docente foram escolhidos por Groupius, artistas abstratos ou cubistas, dentre eles: Wassily Kandinsky, Paul Klee, Lyonel Feiniger, Oskar Schlemmer, Johannes Itten, Georg Muche e László-Moholy-Nagy. O curso diluía barreiras entre a capacitação técnica e artística, como os cursos tradicionais possuíam. O curso básico, ou Vorkurs, era uma introdução geral a composição de cores, materiais e formas tridimensionais, uma maneira de familiarizar o aluno a técnicas e conceitos formais que pudesse ser aplicada a qualquer campo de design, tornando-se o alicerce para fundamentação da teórica e prática para qualquer empreendimento artístico. Desta forma as cores primárias e formas essenciais usadas no De Stijl era usado como ponto de partida para a expressão visual. O conceito do curso básico era baseado nas reformas educacionais progressivas de Friedrich Froebel (1782-1852) que valorizava o aprendizado como uma forma de cultivo de faculdades inerentes, ou seja, o ser humano aplicava as características de todas as áreas de forma lúdica. Johannes Itten, que ali lecionou nos primeiros anos, usava métodos de ensino não convencionais, como iniciar a aula com meditação, de forma que os alunos “desaprendessem” o que sabiam para voltar ao estado de inocência inicial (MILLER, 2008) HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 55 Catedral gótica representando o início da Bauhaus de Lyonel Feiniger (1919). Fonte: Bauhaus.de - Acesso em 11/11/2015 Estrutura do curso da Bauhaus (alemão - esquerda / português - direita) Fonte: Adaptado de Bauhaus.de - Acesso em 11/11/2015" SAIBA MAIS Livro: “Ponto e linha sobre plano” - Wassily Kandinsky. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 56 As três fases da Bauhaus A fase da fundação (1919 – 1923) Nesta fase a atenção principal estava em experimentar e consolidar a proposta pedagógica do curso básico e depois as disciplinas optativas por especialidade. Após o curso básico de 1 ano e meio, os alunos escolheriam pela especialidade desejada e em cada oficina havia um mestre artesão e um mestre da forma (artista), mas no final das contas o mestre artesão prevalecia, e surgiram diversas maneiras de revertereste sistema (BÜRDEK, 2010). A fase de consolidação (1923 – 1928) Nesta fase a Bauhaus já era bem conhecida como uma universidade e a geradora de novos protótipos industriais. Os estudantes eram orientados para confeccionar produtos seguindo a realidade de produção e também serem dirigidos a atender grande demanda da população. As oficinas mais influentes da Bauhaus eram a de metal e a de madeira e o foco estava no desenvolvimento da forma. Marcel Breuer, foi aluno da Bauhaus em 1920 e em 1925 se tornava mestre de oficina de metal e durante a sua estava da Bauhaus desenvolveu uma linha de mobiliários utilizando o tubo de metal como forma estrutural. Provavelmente ele se inspirou no guidão de sua bicicleta, desenvolvendo assim mobiliários muito bem estruturados. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 57 Cadeira Wassily ( em homenagem ao seu professor) de Marcel Breuer. Fonte: Zoltan Katona / Shutterstock.com Outro fator importante desta fase foi dar importante a funcionalidade dos produtos. A função dos produtos significava a ligação entre duas vertentes: combinar as etapas de produção industrial e também atender as necessidades da população condizendo com o planejamento social. A Bauhaus nesta fase se transforma em “Hochschule für Gestaltung”, ou seja, a escola entrava no enquadramento técnico entre os graus escolares. A fase de Desintegração (1928-1933) Nesta fase, Walter Groupius deixa a direção da escola para Hannes Meyer, que incluiu disciplinas como: fotografia, plásticas e psicologia na grade curricular. O conceito de Meyer era que todo Designer ou Arquiteto deve salvar a população ou fazer a sua contribuição, ou seja, as necessidades do povo deveriam ser atendidas. A mudança de diretor ocorreu novamente em 1932, para Mies van de Rohe, que foi perseguido pelos nacionalistas e então a Bauhaus fechava as portas. Em 20 de Julho de 1933, Adolf Hitler, seguia para o fechamento da Bauhaus. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 58 Weimar Com o final da primeira guerra mundial e a Alemanha se sentindo fracassada após a perda, e o povo em busca de um idealismo germânico. O governo estava completamente instável sem haver um líder governante. Socialistas brigavam com seus pares e comunistas recusavam acordos. Dizia-se que “judeus e comunistas” haviam minado a vitória das forças alemãs (Lupton et al, 2008) Walter Groupius propôs-se a dirigir a escola de artes e criar uma nova ordem em que poderia ser criado uma nova arte. A intenção de Groupius era atender as necessidades da indústria e ligar o artesanato, arquitetura e artes com o mundo atual. Sendo assim, na Staatliches-Bauhaus (Literalmente Casa de Construção Estadual) que já existia foi implantado um curso de artes aplicadas. Weimar é o nome do estado em que foi implantado a primeiro curso que influenciaria do design atual. Universidade Bauhaus de Weimar Fonte: Arquivo pessoal - Ângela Vido Nadur Dessau HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 59 Em 1925, por causa de pressões políticas o curso de artes aplicadas foi mudado para Dessau, uma cidade industrializada as margens de Berlim. Era uma nova oportunidade para Groupius. Foi então que ele projetou um novo edifício seguindo todos os conceitos de funcionalidade germânicos e agora a escola ganhava o nome de Höchschule für Gestaltung. O governo alemão, nesta época havia divido os cursos superiores entre técnicos e teóricos, portanto os técnicos são chamados de Höchschule e os teóricos de Universität. Como o curso de artes aplicadas é voltado para a prática física de artefatos, o curso foi considerado técnico. Tanto os cursos técnicos como os teóricos têm o mesmo grau de importância. Edifício da Bauhaus em Dessau Fonte: Shutterstock Berlim Em 1932 a Bauhaus é mudada para Berlim devido a uma perseguição nazista e em 1933 é fechada e hoje funciona como museu. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 60 Bauhaus em Berlim Fonte: vvoe / Shutterstock.com Professores que se destacaram Walter Groupius (1883-1969) Era arquiteto e foi o fundador da Bauhaus e diretor do curso de arquitetura de Harvard. Ele iniciou sua carreira na Alemanha, mas devidos as perseguições nazistas em 1930 se mudou para os Estados Unidos e lá desenvolveu grande parte da sua obra. Imagem de Walter Groupius e Edifício de sua autoria em Dessau Johanes Itten (1888-1967) HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 61 Ele lecionou na Bauhaus nos seus primeiros anos de existência, e tinha uma forma de ensino não convencional. O seu ideal era que os alunos “desaprendessem” ou voltassem a inocência mental a ponto de iniciar um novo aprendizado sem preconcepções. Ele tinha o costume de iniciar as aulas com meditações e alongamentos. Este formato de ensino também foi usado por Wassily Kandinsky, que dizia que toda obra é concebida a partir de elementos básicos e sem elas qualquer obra não existiria. Estas concepções faziam parte do ideal da Bauhaus, em buscar na origem do pensamento algo que seria a chave do sucesso. Eles queriam trazer a arte deixada de lado pela sociedade industrial e traze-la para o dia a dia das pessoas. Portanto este curso inicial ministrado chamado de Vorkurs, curso básico, daria uma capacitação técnica com introdução a composição, cor materiais, formas tridimensionais, fundamentais para toda expressão visual. Desta forma, as concepções de formas e cores básicas, que foram princípios do De Stijl agora era o embasamento para todo o curso. Wassily Kandinsky (1866-1944) De nacionalidade russa, morou grande parte da sua vida na Alemanha e também França. Era formado em Direito, mas não seguiu a profissão. Lecionou na Bauhaus desde a sua fundação até 1933, quando foi levada a Berlim. Se mudou para a França e foi um dos principais artistas da Abstração. Além de artista também foi poeta. A música clássica e a Teosofia foram grandes direcionadores de suas obras. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 62 Wassily Kandinsky e sua obra Composição VIII (1923) Fonte: Wikimedia Commons Paul Klee (1879-1940) Foi pintor e poeta suíço naturalizado na Alemanha. Ele foi expressionista, cubista e surrealista. Foi professor da Bauhaus e artista. Suas obras refletem o seu humor seco e as vezes a perspectiva infantil. Paul Klee em 1911 e sua obra Senecio (1922) Fonte: Wikimedia Commons Referências BÜRDEK, Bernhard. História, teoria e prática do Design de Produtos . São Paulo: Editora Blücher, 2006. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 63 LUPTON, Ellen; MILLER, J. Abbott. ABC da Bauhaus: a Bauhaus e a teoria do design. Tradução André Stolarski. São Paulo: Cosac Naify, 2008. TÓPICO 7 INTERNATIONAL STYLE Artistas atuantes Você alguma vez já viu esta poltrona? É muito provável que sim. É um clássico do design: a poltrona ou cadeira Barcelona, desenhada Ludwig Mies van der Rohe em 1929. Mies van der Rohe foi professor da Bauhaus no período em que a escola estava sediada em Berlim. Mas, se ele foi da Bauhaus, porquê agora ele aparece no tópico do Estilo Internacional? Vamos explicar isso compreendendo o que é o Estilo Internacional. Poltrona Barcelona, Ludwig Mies van der Rohe, 1929 Fonte: Knoll International. Disponível em: http://bit.ly/1dqO2Tj - Acesso em 18/11/2015 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 64 Em 1931, o diretor do MoMa (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque) Albert Barr Jr. utilizou pela primeira vezo termo “Estilo Internacional“ no título de um catálogo: "International Style: Archicteture Since 1922", que apresentava o trabalho de dois arquitetos, Henry Russell Hitchcock e Philip Johnson. Barr identificou uma universalidade de estilo nos trabalhos modernistas de Le Corbusier, Jacobus Johannes Pieter Oud, Walter Gropius e Ludwig van der Rohe que transcendia os limites territoriais dos países. O termo Estilo Internacional referia-se especificamente ao trabalho dos arquitetos e designers do Movimento Moderno que uniam função e tecnologia com o vocabulário geométrico da forma para produzir a estética moderna. “Uma estética nova e própria para os produtos industrializados – essa era a constante busca de designers e arquitetos do início do século XX. O designer e arquiteto Le Corbusier tentava combinar a utilização da mecanização com formas que exprimissem também o processo de modernidade iniciado. O movimento apontava a utilização de proporções geométricas, do jogo de volumes, do conceito de purismo e da economicidade da produção seriada. Com a difusão de suas ideias em L´esprit Nouveau, Corbusier foi uma importante referência cultural e estético-formal para o design, bem como sua produção junto ao chamado international style que se firmava como conceito de mercado daquela época.” (DE MORAES 1999) DE MORAES, Dijon. Limites do Design. São Paulo: São Paulo : Studio Nobel, 1999 Com certeza vocês já perceberam que vários dos princípios de design da Bauhaus são também os que definiram o Estilo Internacional: a tradução da modernidade, baseados no racionalismo e do funcionalismo expressos através de formas geométricas puras que foi sintetizado na expressão "menos é mais" (less is more) de Mies van der Rohe. O Estilo Internacional, não foi uma "escola" de design, mas, como o próprio nome diz, um estilo baseado em princípios comuns que transcenderam os limites territoriais dos países. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 65 Chaise Longue Model No. B306, Le Corbusier e Charlotte Perriand, 1928 Fonte: Vitra design Museum - Disponível em: http://bit.ly/1iI4scB - acesso em 18/11/2015 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 66 Poltrona Tecta F51, Walter Gropius, 1920 Fonte: Tecta. Disponível em: http://bit.ly/212rRPD - Acesso em 18/11/2015 Na arquitetura, o edifício Seagram - projetado por Ludwig Mies van der Rohe e Philip Johnson - é um marco e um dos grandes representantes do Estilo Internacional. Sua estrutura metálica e o fechamento em vidro, simboliza muito bem o mundo industrial contemporâneo, ilustra o lema "menos é mais", mostrando que um edifício simples pode ser tão surpreendente que um edifício com designs mais compostos. É uma síntese refinado da arquitetura racionalista e as contribuições da Escola de Chicago. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 67 Edifício Seagram, Philip Johnson e Ludwig Mies van der Rohe, 1958 Fonte: Wikimedia Commons Notem que esse edifício foi construído em 1958! Ele se tornou um modelo ou um tipo de arquitetura que está presente em praticamente todas as grandes metrópoles no mundo e foi reproduzido durante muitas décadas. Voltando ao design, vimos a proximidade dos princípios da escola de Bauhaus e do Estilo Internacional. O mesmo ocorreu com a Escola HfG em Ulm, também na Alemanha: Em contraste com o cinismo da obsolescência planejada, algumas companhias, em especial a Braun, na Alemanha e a Saab, na HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 68 Escandinávia, começaram a projetar e comercializar bens duráveis. Em 1955, o designer industrial, pintor e escultor suíço Max Bill (1908-1994) foi co-fundador da Hochschule für Gestaltung, em Ulm, na Alemanha. Bill estudara na Bauhaus e seu objetivo era dar continuidade à abordagem racionalista da escola ao design. Esse ressurgimento do estilo modernista assumiu, com maior intensidade, a busca por uma estética da máquina; exigia que o design se voltasse para o futuro, refletindo a vida moderna e abraçando a tecnologia. Esse enfoque funcionalista, rotulado frequentemente de Estilo Internacional, encontrou sua representação mais clara nos designs da escola Ulm.” (TAMBINI, 1997) TAMBINI, Michael. O Design do Século, o livro definitivo do design do século XX. São Paulo: Editora Ática, 1997. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 69 Poltrona, Jacobus Johannes Pieter Oud, 1950 Fonte: Wikimedia Commons - Oscar NL O Estilo Internacional como vimos no início deste tópico, foi assim denominado em 1931, a partir de trabalhos dos anos vinte e durou até o final da década de setenta. TÓPICO 8 ORGANIC DESIGN/ BIO DESIGN HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 70 Estilos de design Design Orgânico (Organic Design) e o Biodesign (1930 – até presente) Os elementos orgânicos, as formas da natureza, os ornamentos florais, como vimos nas aulas anteriores, estiveram presentes em diversos movimentos e estilos de design. O movimento Arts & Crafts e o movimento estético inspirou-se nas formas da natureza; o Art Nouveau utilizava muitos ornamentos florais. O Organic Design ou Design Orgânico é uma abordagem holística e humanizadora que foi lançada primeiro na arquitetura do final do século dezenove por Charles Rennie Macintosh e Frank Lloyd Wright, até chegar ao design nos anos 30. Na busca por capturar o espírito da natureza, o desenvolvimento de soluções era totalmente integrado, onde a totalidade de um sistema de arquitetura foi trazido em conjunto, de tal modo que o efeito total é maior do que a soma das partes. Para esta abordagem orgânica foi crucial a consideração de elementos como individuais (objetos e móveis), ligados visualmente e funcionalmente com o contexto de seu ambiente interior e do edifício como um todo. A arquitetura de interiores era conectada visualmente e funcionalmente com o todo do sistema e o próprio edifício era conectado com seu ambiente circundante através da harmonia das suas proporções, uso de materiais e cores. Enquanto a interconectividade e espírito da natureza estava no coração da arquitetura orgânica num primeiro momento, o uso de formas orgânicas ainda era raro. No final dos anos 1920 e início dos anos 1930, Alvar Aalto - arquiteto finlandês (1898 - 1976) - foi um dos maiores defensores do Design Orgânico, pioneiro em um humanizar o vocabulário orgânico moderno da forma. As curvas suaves do seu plywood moldado (um tipo de contraplacado de madeira) revolucionário e mobiliário assento de madeira laminada contrapôs ao formalismo geométrico rígido do Estilo Internacional. Os projetos de Aalto, como a Arquitetura Orgânica, foram concebidos de forma holística, mas sua preocupação central não foi tanto com a transcendência espiritual mas sim como com as conexões funcionais, intelectuais e emocionais que seus móveis tinham com u suários individuais. Ele acreditava que a madeira era "a forma inspiradora, material profundamente humano" e rejeitou o uso de materiais industriais tais como tubos metálicos, materiais escolhidos pela vanguarda europeia. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 71 O sucesso dos móveis desenhados por Aalto e a difusão de suas ideias foram tão grandes, especialmente nos Estados Unidos, que ele praticamente sozinho, mudou o curso do design no sentido de um Modernismo "mais orgânico". Chaise Longue Modelo no. 43, Alvar Aalto, 1936 Fonte: Jacksons Furniture Design - Disponível em: http://bit.ly/1Qw923v - Acesso em 19/11/2015 Em 1940, Eliot Noyes organizou o concurso” Organic Design in Home Furnishings", realizadapelo MoMa, Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, para promover esta nova abordagem de design. No catálogo que acompanhou o concurso, Noyes definiu Design Orgânico como "uma organização harmoniosa das partes com o todo, de acordo com a estrutura, material e propósito. Conforme essa definição, não poderia haver ornamentação gratuita ou superficialidade, mas a beleza é fundamental - na escolha ideal do material, no refinamento visual, e na elegância racional das coisas destinadas a serem utilizadas”. (Organic Design in Home Furnishings catalogue, MoMa – Museu de arte Moderna de Nova Iorque, 1941) O trabalho vencedor da categoria "assentos para a sala de estar", foi feito em conjunto por Eero Saarinen e Charles Eames, e foi considerado como um dos projetos de móveis mais importantes do século XX. Suas poltronas foram revolucionárias não só no estado-da-arte da tecnologia que implantou na construção de assentos de forma única de conchas em plywood moldado com o composto, mas também pelo conceito de contato contínuo através de refinadas formas orgânicas ergonômicas. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 72 Poltrona (protótipo), Charles Eames e Eero Saarinen, 1940 Fonte: Vitra design Museum - Disponível em: http://bit.ly/1lFdSJf - acesso em 19/11/2015 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 73 La Chaise, Charles e Ray Eames, 1948 Fonte: Vitra design Museum - Disponível em: http://bit.ly/1NdKtId - acesso em 19/11/2015 O sucesso do Design Orgânico durante os anos do pós-guerra acabou influenciando o surgimento de Biomorfismo no design – ou Biodesign - e continuou a inspirar designers que trabalharam na década e 1960 e 1970, como Maurice Calka, Pierre Paulin e Olivier Mourgue para criar formas altamente esculturais no idioma orgânico. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 74 Mesa Boomerang, Maurice Calka, 1970 Fonte: Good Old Dayz - Disponível em: http://bit.ly/1j9njVe - Acesso em 19/11/2015 Luigi Colani (designer e engenheiro nascido na Alemanha em 1928) foi quem criou o termo Biodesign. E ele disse: "a natureza ainda é o melhor design que conheço. Apenas olhe para um ovo. A sua casca não é uma coisa fantástica?" (CAR STYLING, 1978, P. 27) "A Terra é redonda, todos os corpos celestes são redondos, todos eles se movem em órbitas circulares elípticas. Esta mesma imagem de um globo ocular em forma de minimundos, que orbitam em torno de si, nos guia direto para baixo, para o microcosmo. Estamos, inclusive, despertados por formas redondas do erotismo, na propagação das espécies relacionadas. Por que eu deveria juntar-me à massa devaneadora dos que querem fazer tudo angular? Estou perseguindo a filosofia de Galileu Galilei: o meu mundo também é redondo." (COLANI, 1978) COLANI, Luigi: Designing tomorrow. Revista Car Styling, special edition. Tóquio: San´ei Shobo Publishing, 23, 1978. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 75 Câmera fotográfica Canon, Luigi Colani 1974 Fonte: Colani.org - Disponível em: http://bit.ly/1XaLvUU - Acesso em 19/11/2015 VEJA MAIS BIODESIGN DO DESIGNER LUIGI COLANI EM: http://www.colani.org/ Ainda hoje, a inspiração na Natureza através das formas vivas, somado aos conceitos de Sustentabilidade e do Biomimetismo inspiram o trabalho de Ross Lovegrove (designer nascido no Reino Unido em 1958), o "Captain Organic". Biomimetismo: bios quer dizer vida; e mimetismo, imitação - buscar a sustentabilidade aprendendo a partir da observação da natureza. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 76 Supernatural chair - Ross Lovegrove 2005 Fonte: Rosslovegrove - Disponível em: http://bit.ly/1HZjBcE - Acesso em 19/11/2015 TÓPICO 9 STREAMLINING, HIGHTECH E MATT BLACK Influência da Industrialização no Design STREAMLINING (1930 – 1950) No início dos anos de 1930, durante o período em que ocorria o Art Decô na Europa, surgia nos Estados Unidos um estilo baseado na aerodinâmica e nas pesquisas técnico-científicas. O termo durou até os anos 50 e ficou conhecido como Streamlining, ou seja, quer dizer em português, racionalização, simplificada, eficiência e aerodinâmica. O avanço da tecnologia aeronáutica que utilizavam alta velocidade foi observado, assim como a aerodinâmica dos pássaros. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 77 “(...) sustentadas pelas pesquisas do mundo científico, a aerodinâmica e a hidrodinâmica, com suas formas orgânicas e naturais – é o que acontece com peixes, pássaros e gota d’água – que proporcionam menor resistência e reação. A aerodinâmica veio a ser utilizada em diversos projetos de aeronaves, automóveis e locomotiva. (...) conquistou cada vez mais espaços e adeptos nos Estados Unidos.” (DE MORAES, 1997) DE MORAES, Dijon. Limites do design. São Paulo: Studio Nobel, 1999 Aerodinâmica sobre as formas Fonte: A aerodinâmica era o tema do design dos produtos como automóveis, locomotivas e aeronaves, que passou também para objetos estáticos como uma luminária ou mesmo um apontador de lápis: a forma aerodinâmica simbolizava a modernidade, como afirma TAMBINI: “Aerodinâmica sugere velocidade, eficiência e, acima de tudo, modernidade. Como a Art Déco, ela virou um imperativo comercial, pois era óbvio que o consumidor sentia atração, se não pelo Airflow, por outros produtos aerodinâmicos. A primeira evidência segura desse fato veio em 1929, quando Raymond Loewy reprojetou o duplicador Gestetner. Até então, ele era o protótipo da máquina industrial – ninguém tentara tornar seu visual agradável ou simplificar seu uso. Loewy, usando um modelo de argila em tamanho natural para alcançar o efeito desejado, embutiu todo o mecanismo num corpo único, liso. O duplicador foi um grande sucesso comercial e, nos EUA. Os designers começaram a aplicar a aerodinâmica a um amplo espectro de aparelhos HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 78 domésticos. Embora os produtos remodelados sugerissem um aumento de eficiência, por vezes, apenas o invólucro fora modificado.” (TAMBINI 1997) TAMBINI, Michael. O design do século, livro definitivo do século XX. São Paulo: Editora Ática, 1997 Duplicadora Gestetner 1929, Raymond Loewy Fonte: 1stdibs Marketplace. Disponível em: http://bit.ly/1PzSVSs - Acesso em 18/11/2015 Houve influência também no Design Gráfico, relacionado a forma futurista com o espaço e a curiosidade do homem HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 79 design da garrafa de Coca-cola, Raymond Loewy Fonte: Disponível em: http://bit.ly/1NDvhhY - Acesso em 18/11/2015 Raymond Loewy nasceu na França, mas viveu nos Estados Unidos nesta época e atuou na área de design automotivo, gráfico e foi ele que redesenhou a garrafa icônica da Coca-Cola. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 80 Trabalho de design gráfico de Raymond Loewy Fonte: Disponível em http://bit.ly/1l5LLrU - Acesso em 18/11/2015 Além de Raymond Loewy (1893-1986), outros artistas e designers que incorporaram o estilo foram: Walter Dorwin Teague, Gilbert Rohde, Norman Bel Geddes (1893-1958), Henry Dreyfuss (1904-1972) e também Buckminster Fuller (1895-1983). Réplica do veículo Dymaxion car (1933) - Buckminster Füller Fonte: Wikimedia Commons HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 81 Locomotiva desenhada por Dreyfuss Fonte: Wikimedia Commons luminária Jumo Bakelite 1945 Fonte: 1stdibs Marketplace. Disponível em: http://bit.ly/1MBnzoB - Acesso em 18/11/2015 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho82 Bicycle for the Future (bicicleta para o futuro), Bem Bowden 1946 Fonte: Wikimedia Commons e Brooklin Museum. Disponível em: http://bit.ly/1SYaES5 - Acesso em 18/11/2015 Contexto do Pop Design: os anos dourados da década de 50 e a revolução comportamental da década de 60 Após terminada a Segunda Grande Guerra Mundial em 1945, os anos 50 foram um tempo de muitos avanços científicos e tecnológicos, como por exemplo as transmissões de televisão e muitas mudanças nos meios de comunicação. No campo político a guerra fria, os conflitos entre os blocos capitalista e socialista era um dos grandes temas. A década de 60 foi marcada por uma grande revolução comportamental como o feminismo e o movimento de contracultura, os hippies e os movimentos estudantis. No campo das artes e do design floresceram movimentos muito criativos e de crítica e contestação aos padrões dominantes. O Pop Design O termo Pop foi cunhado nos anos cinquenta e referia ao movimento de cultura do consumo popular emergente, inspirados no chamado “low art” (arte baixa), ou seja, na publicidade, embalagem, quadrinhos e televisão. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 83 Up Series para a C&B, Gaetano Pesce, 1969 Fonte: Wikimedia Commons - Pava (2011) “A moda e a arte exerceram forte influência sobre o design dos produtos, e nenhum movimento artístico causou maior impacto sobre o design comercial do que a arte pop. Artistas pop como Andy Warhol (1928-1987), Jasper Johns (1930-), Roy Lichtenstein (1923- 1997) e Robert Indiana viravam a arte mundial de cabeça para baixo introduzindo o cotidiano em seus estúdios e reciclando- o numa arte irônica e irreverente.” (TAMBINI, 1997) TAMBINI, Michael. O design do século, livro definitivo do século XX. São Paulo: Editora Ática, 1997 O Pop Design dos anos sessenta, foi possível também devido a muitos novos tipos de materiais plásticos e os processos de injeção a partir de moldes, tornaram produtos viáveis e com baixo custo. Com a adoção de cores vibrantes e formas arredondadas, o espírito livre dos anos de liberação sexual, contrapôs à austeridade do design do pós- guerra. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 84 Televisor Nivico 3240 GM da JVC, 1970 Fonte: Disponível em: http://bit.ly/1MUQuTJ - Acesso em 18/11/2015 Capa do álbum Cream´s "Disraeli Gears", Martin Sharp, 1967 Fonte: Wikimedia Commons - Usada sob regime de Fair Use TÓPICO 11 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 85 PÓS-GUERRA E ESCOLA DE ULM Incorporação do Design na Indústria Após a Segunda Guerra Mundial os países buscam reestruturação social e da indústria. Surge então uma nova Universidade na Alemanha, baseada na agora antiga Bauhaus. Escola de Ulm – Hochschule für Gestaltung (1952-1968) A escola mais importante após segunda-guerra foi a Escola de Ulm, podendo ser comparada a Bauhaus, pois influenciaram fortemente o ensino do design, com a teoria e prática da configuração da forma. Alguns professores da Bauhaus também lecionaram na HfG, como Johannes Itten, Walter Peterhans, Helene Nonné-Schmidt e Josef Albers. A influência inicial foi o modelo de ensino da Bauhaus de Dessau e a continuidade foi acentuada com o discurso de Walter Groupius em 1955, em que ele relacionou o papel do artista em uma democracia progressista com as pretensões práticas e estético - psicológicas da época (BÜRDEK, 2010). Hochschule für Gestaltung Ulm (2007), com prédio projetado por Max Bill. Fonte: Wikimedia Commons HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 86 Max Bill, um dos fundadores, foi estudante da Bauhaus e dirigiu a HfG desde a sua fundação em 1953 até 1956, juntamente com Inge Aicher-Scholl, Otl Aicher e Walter Zeichegg. A escola persistiu até 1968, apesar dos intensos conflitos de definição de temas e inovações, durante seus 15 anos de existência foram implementados pela primeira vez os departamentos de Design de Produto, Comunicação Visual, Construção industrializada, informação e filmagem. Foram pioneiros no estudo da SEMIÓTICA. A sua história pode ser dividida em seis fases, sendo elas: 1° fase (1947-1953) – Antes de sua fundação, Inge Scholl fundou uma instituição em memória a seus irmãos que foram executados pelos nazistas, e tinha o intuito de formar pessoas com um saber profissional, como também responsabilidade política e configuração cultural. 2° Fase (1953-1956) – Época em que Max Bill foi diretor. O ensino iniciou em um prédio provisório, com os professores da Bauhaus (especialidade em Artes) no curso básico. Em 1955, se mudavam para o prédio novo de nome “Ulmer Kuhberg” e Max Bill fez o seu discurso de inauguração. “A meta é clara: a tarefa da escola é direcionada para contribuir à construção de uma nova cultura com o objetivo de conseguir formas de vida adequadas ao desenvolvimento técnico de nossa época (...) A cultura atual está tão abalada, como se tivéssemos que começar a construir no topo da pirâmide. Precisamos começar por baixo, precisamos rever as fundações” (BÜRDEK, 2010 apud Spitz, 2001). Alguns de seus professores foram Tomás Maldonado e Gui Bonsiepe. 3° fase (1956-1958) – Esta fase foi marcada pela introdução de disciplinas científicas a grade curricular. Max Bill não concordou com o andamento que a escola estava tomando e deixou a direção. 4° fase (1958-1962) – A escola estava comprometida com o racionalismo alemão e com o rigor científico ao Design. As disciplinas seguintes passaram a ter maior peso no currículo: Ergonomia, Técnicas Matemáticas, Economia, Física, Ciência Política, Psicologia, Semiótica, Sociologia e Teoria da Ciência. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 87 5° fase (1962-1966) – Nesta fase a teoria e pratica passaram a terem pesos iguais e com isso passou a ser referência pelo mundo. As empresas alemãs que estavam ansiosas pela criação inovadora, reconheceram a aplicação dos princípios racionais a concepção de produtos e que correspondiam ao estado da tecnologia da época. 6° fase e última (1967-1968) – A escola de Ulm não era um centro de pesquisa e por isso o parlamento de Baden Württemberg, decidiu por cortar as verbas. Houve desentendimento entre os membros da escola, e um novo diretor deveria assumir, porém a vaga não foi preenchida e a HfG fechava as portas ao final de 1968. Referências BÜRDEK, Bernhard. História, teoria e prática do Design de Produtos . São Paulo: Editora Blücher, 2010. TÓPICO 12 DESIGN NO BRASIL Design chega no Brasil O Design no Brasil tem origem não surgiu necessariamente com a Revolução Industrial. Como já foi dito em outros textos, na mesma época em que ocorria a Revolução Industrial na Europa e também nos Estados Unidos da América, o Brasil continuava em sistema agrário e os poucos produtos que eram produzidos em um sistema semelhante ao de industrialização era consumido apenas pela elite. Os estilos artísticos e arquitetônicos chegavam a ser incorporados na produção artística brasileira, mas não com a mesma filosofia com a qual foi criada e sim como tendência de moda. Se o Design e a Arte são feitos por pessoas, a origem do estilo do artesanato brasileiro era compatível com a nacionalização da colonização europeia. Antes de 1808 em que ocorreu a abertura dos portos pela chegada da família real portuguesa, a grande influência era lusitana, e com a chegada de grande quantidade com costumes europeus, foi-se necessário a importação de grande quantidade de artigos de luxo de diversos países. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 88 Nesteperíodo a introdução das cadeiras austríacas Thonet, de madeira curvada a fogo, e a instalação em 1890 de uma fábrica no Rio de Janeiro para curvar madeira. Grande número de marcenarias e fábricas surgiram, juntamente com o Liceu de Artes e Ofícios. Nesta época era produzido o móvel de madeira com pequenos processos de mecanização. No século XX, surgiram diversos designers que possuíam grande conhecimento com o trabalho em madeira, eram eles: Carlos Motta, Joaquim Tenreiro, José Zanine Caldas, Maurício Azeredo e Sérgio Rodrigues. Durante as guerras europeias, primeira e segunda, a importação de móveis e produtos não aconteciam, e os artistas locais se destacavam com a produção local. É importante notar, que o pós-guerra era acentuado com o fortalecimento das características de produção brasileiras, adequados as nossas condições climáticas e materiais. Destacaram-se no quesito de buscar o significado de materiais nacionais, a Lina Bo Bardi, Bernard Rudofsky e Roberto Burle Marx. Um momento muito importante para cultura brasileira, foi a semana de arte moderna de 1922, o que levou muitos artistas a se manifestarem através de diferentes meios de expressão, a literatura, dança, pintura, arquitetura, música e até design. Importantes artistas modernistas da época foram: Flávio de Rezende Carvalho, Gregori Warchavchik, Mario de Andrade, Sergio Rodrigues e Michel Arnoult. Muitos deles eram arquitetos e artistas europeus que chegaram no Brasil com o intuito de trabalhar e fazer seu nome. Como exemplo a italiana Lina no Bardi, o português Joaquim Tenreiro e o suíço John Graz. No design gráfico, os artistas J. Carlos e Andrés Guevara mancaram décadas com ilustração de revistas. Outros nomes do design gráfico brasileiro foram; Alexandre Wollner (1929), em 1958, com a sua empresa FORMINFORM, juntamente com Geraldo de Barros (1923- 1998), Rubem Martins (1929-1968) e Walter Macedo. Sua formação em design foi feita na Escola de Ulm na Alemanha, no qual ganhou uma bolsa de estudos na época e a escola ainda era recém-formada. Geraldo de Barros, tinha outro trabalho paralelo e fazia parte de um sistema colaborativo social-religioso conduzido pelo Frei dominicano João Baptista Pereira e tinham apoio de empresários, intelectuais a artistas. A empresa foi chama de UNILABOR, HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 89 era a união da força laboral, ou seja, a força de trabalho. Em torno de uma Capela construída com o apoio de Alfredo Volpi e Burle Marx, juntamente com uma escola infantil e um posto de saúde foi construída uma fábrica moveleira, que Geraldo de Barros projetada e acompanhava a produção. O seu intuito era atingir sucesso comercial. Por volta de 1950, a fábrica tinha cerca de 100 funcionários e quatro lojas, realizando a tão sonhada produção em série com Design Brasileiro. Referências SANTOS, M.C.L. Móvel Moderno Brasileiro. Fapesp, Edusp. São Paulo. 1995. TÓPICO 13 DESIGN NO BRASIL ATUAL Design já é usado na indústria Design no Brasil atual Contextualização Num período inicial de prática do design a partir da importação dos conceitos de design europeus, um grande marco para o design brasileiro foi a Fundação da ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial no Rio de Janeiro) em 1962, hoje filiada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro, seguindo a tradição da Escola de Ulm. Nomes como o do designer e artista plástico Geraldo de Barros e a indústria Unilabor, e mais tarde a Móveis Hobjeto, dos arquitetos e designers Sérgio Rodrigues (1927-2014) e Michel Arnoult (1922-2005) e sua experiência do móvel em série, marcaram as décadas seguintes na busca de um design brasileiro. Nas décadas de 70 e 80, encontramos uma indústria nacional com escala de produção massiva: o estímulo às exportações criou um terreno fértil para a expansão do design no país. A indústria começou a se interessar pelo assunto e surgiram, assim, os primeiros núcleos de apoio à inserção do tema no setor. "Em nível de desenho industrial notamos maior ênfase no uso dos materiais brasileiros, maior preocupação com as formas do móvel HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 90 vernacular do país e, no limite, a própria produção em série visava atender a um consumidor mais popular, enfim, o móvel se orientou por um certo "estilo nacional" (SANTOS,1995). Bernhard Bürdek (2006) no livro "DESIGN História, Teoria e Prática do Design de Produtos" ressalta o alto índice de exportação da indústria do mobiliário e desde os anos 80 a indústria da computação e das telecomunicações. Geração Atual de Designers Brasileiros Segundo Maria Cecília Loschiavo dos Santos em Móvel Moderno do Brasil constituem a geração atual de designers do móvel no Brasil: Adriana Adam (1946 - ) , Carlos Lichtenfels Motta (1952 - ), Freddy van Camp (1946 - ), Fúlvio Nanni Jr. (1952 - 1995), Maurício dos Santos Azeredo (1948 - ), Oswaldo Mellone (1945 - ). HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 91 Cadeira São Paulo - Carlos Motta 1980 Fonte: Radar Design - Disponível em: http://bit.ly/1X0R0KU - Acesso em 19/11/2015 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 92 Cadeiras de múltiplo uso - Freddy van Camp 1990 Fonte: Mostra Rio de Design - http://bit.ly/1ISG1gn - Acesso em 15/12/2015 Mesa com tampo em sete espécies de madeira - Maurício Azeredo 1988 Fonte: Base7, Grupo INK - Portfólio de Mauricio Azeredo - http://bit.ly/1P5fsDU - Acesso em 15/12/2015 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 93 Bürdek (2006) ainda inclui os nomes dos designers Fernando e Humberto Campana, Giorgio Giorgi Jr., Fabio Falange, Guto Índio da Costa e Ângela Carvalho (NCS Design), como representantes do design contemporâneo brasileiro. Cadeira Vermelha - Móveis de Humberto e Fernando Campana 1993 Fonte: Bomtempo - Disponível em http://bit.ly/1MVOsHi - Acesso em 19/11/2015 Ventilador de teto Spirit - Guto Índio da Costa 2001 Fonte: Disponível em: http://bit.ly/1ieGWWu - Acesso em 19/11/2015 TÓPICO 14 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 94 DESIGN RADICAL, ANTIDESIGN, PÓS-MODERNISMO E GRUPO MEMPHIS Contestações do Design na Contemporaneidade Neste tópico, serão abordados movimentos de design que contestaram o racionalismo do movimento Moderno que no design foram conhecidos como "Good Design" (o bom design) e "International Style" (estilo internacional). São eles: o Radical Design, o Anti-design, o pós- modernismo e o Grupo Memphis. A década de 60 A década de 60 foi marcada por uma grande revolução comportamental como o feminismo e o movimento de contracultura, os hippies e os movimentos estudantis. Os avanços tecnológicos também foram destaque com o homem chegando à lua e lançamento do circuito integrado, o chip. O design dessa época retrata bem esse contexto. Movimentos de design contestaram o racionalismo vigente através de sua crítica e ironia e também com a utilização de novos materiais que representavam o avanço tecnológico daquele momento, notadamente os materiais plásticos. Design Radical (1968-1978) O Design Radical emergiu na Itália no final dos anos sessenta como uma reação ao Good Design e o Estilo Internacional. Semelhante ao Anti-Design, que veremos logo abaixo, o Design Radical era mais teórico, politizado e experimental, e tentava confrontar a percepção geral do Modernismo através de propostas e projeções utópicas. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 95 Up Series para a C&B, Gaetano Pesce, 1969 Fonte: Vitra design Museum - Disponível em: http://bit.ly/1HY2brF- acesso em 18/11/2015 “Na Europa, os designers italianos haviam assumido a liderança no cenário internacional, e muitos reconheciam a influência dos artistas pop em seu trabalho. Joe Colombo, Ettore Sottsass e Marco Zanuso, livres das restrições do modernismo, assumiram o espírito lúdico da época e começaram a brincar com os novos temas. Seu trabalho, chamado de “Radical” ou “Anti-design”, caiu no gosto popular. Joe Colombo empregou o plástico em seus designs de mobiliário, assim como Sottsass, em clássicos como a máquina de escrever Valentine, num estilo vivo, vermelho-alaranjado e amarelo” (TAMBINI, 1997). TAMBINI, Michael. O Design do Século - o livro definitivo do design do século XX. São Paulo. Editora Ática, 1997 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 96 Máquina de escrever Valentine, Ettore Sottsass e Perry A. King para a Olivetti, 1969 Fonte: Wikimedia Commons - Folletto It. Anti-design` Os anos se passaram e as sociedades estavam cada vez mais conectadas quanto formação de ideias e consumo de produtos, já que os produtos frutos da industrialização eram exportados para todo o mundo através dos portos com o início da Globalização. O movimento Anti-design, surgiu entre os anos 1966 até 1980 na Itália, contestando o modo anti-humano com que o capitalismo tratava a criatividade dos designers. Criticavam a cultura do funcionalismo e do racionalismo alemão que até então estava em voga, voltando a valorizar a criatividade individual e a diversidade cultural. Este movimento criou os fundamentos para o surgimento dos movimentos pós-moderno e contemporâneo, que vivemos ainda hoje. Ele estava contra qualquer artista “avant - guard” (vanguardista) que estava ligado a estética perfeccionista do modernismo. O Anti-design enfatizou o uso de cores marcantes, novos materiais, distorção de escala, a ironia e o kitsch. O formato do objeto brincava com a imaginação humana, criando insights novas maneiras de uso e formatos. O Anti-design, como dá para notar, poderia também ser chamado de Radical Design. HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 97 O Designer Ettore Sottsass foi o precursor do movimento e também fundou o Grupo Memphis que marcou os anos 80 em Milão, juntamente com Barbara Radice, Michele De Lucchi, Marco Zanini e Martine Bedin. Outros grupos também foram revolucionários, como Archigram, que enfatizou o pensamento alternativo e a arquitetura futurista, como também o Superstudio, que realizaram suas ideias confeccionando móveis e publicações em revistas, com caráter revolucionário ainda para os dias atuais. Diziam que o design desta época tinha que ser temporário, que deveria ser rapidamente substituído por algo novo e mais funcional. O Museu de Arte Moderna dos Estados Unidos (MoMA), fez uma exposição em 1972, intitulada “Italy: The New Domestic Landscape”, o que enfatizava o novo estilo italiano, o Anti-design, e demostraram os seguintes artistas e grupos: Vico Magistrelli (1966), Gianfranco Frattini e Lívio Castiglioni (1969), Enzo Mari (1969), Piero Gilardi (1967), Ettore Sottsass (1966) Paolo Lomazzi (1970), Superstudio (1966), Archizoom (1966), Studio Alchymia (1976), Grupo Memphis (1981). Arm Chair e Tube Chair, Joe Colombo Fonte: 2French Magazine. Disponível em: http://bit.ly/1Nb8Ia0 - Acesso em 18/11/2015 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 98 Luminária Pillola, Cesare Casati e Emanuele Ponzio para a Ponteur, 1968 Fonte: Design Innova. Disponível em: http://bit.ly/1l5mvCb - Acesso em 17/11/2015 HISTÓRIA DO DESIGN Universidade Nove de Julho 99 Grupo Memphis, Estante Carlton Fonte: Blog Design Innova - Disponível em: http://bit.ly/1SXOMX0 - Acesso em 18/11/2015 Grupo Memphis e o Pós Modernismo O Grupo Memphis foi fundado em Milão em 1981 com o objetivo de revigorar o movimento Design Radical pelo designer Sottsass em conjunto com Barbara Radice, Michele De Lucchi, Marco Zanini, Aldo Cibic, Matteo Thun e Martina Bedin. O nome nasceu da música de Bob Dylan “Stuck Inside of Mobile with the Memphis Blues Again”. O nome Memphis também faz referência à antiga capital do Egito. O grupo Memphis também teve a participação de nomes como Hans Hollein, shiro Kuramata, Peter Sh ire, Javier Mariscal, Masanori Umeda e Michael Graves. O Grupo Memphis ajudou a popularizar o Anti-design e com isso contribuiu muito para a aceitação do Pós-modernismo como um estilo internacional durante os anos oitenta. Tawaraya boxing, Masanori Umeda Grupo Memphis 1981 Fonte: "Design is fine". Disponível em: http://bit.ly/1QMfQsX - Acesso em 17/11/2015