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CCJ0040-WL-C-AMMA-22-Questões e Processos Incidentes

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AULA 22
PROCESSO PENAL I
DIREITO PROCESSUAL PENAL I
AULA 22
Incidente de insanidade mental do acusado: Inimputabilidade por doença mental; A superveniência da doença mental durante o processo e na execução da pena; a aplicação da medida de segurança (o CP. e a lei 10.216/01). O procedimento: Nomeação de curador, os peritos e suas conclusões, oportunidade para arguição. Exame de dependência toxicológica (Lei nº 11.343/06). Prazo. Suspensão do processo. 
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Prisões cautelares. Introdução.
Prisão em flagrante.
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Incidente de insanidade mental
 
Caso concreto da semana 12.
 
João foi condenado por crime de latrocínio a uma pena de 25 anos de reclusão a ser cumprida no regime fechado. Ocorre que no curso da execução de tal pena privativa de liberdade sobrevém doença mental ao condenado. Diante de tal situação, na qualidade de juiz da execução como decidiria? E se a doença mental ocorresse no curso do processo de conhecimento e posteriormente ao crime? E se a doença mental já existia no momento da prática da infração?
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O art. 26, caput e parágrafo único, do CP, trata da inimputabilidade e da semi-imputabilidade, sendo certo que só é possível concluir que o réu tenha tal status através do exame insanidade mental.
 
Se o réu for declarado inimputável, deve ser aplicada uma das medidas de segurança (internação hospitalar e tratamento ambulatorial). Se o réu for declarado semi-imputável, deve ser aplicada uma das medidas de segurança (internação hospital ou tratamento ambulatorial) ou deve ser diminuída de um a dois terços a pena.
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Obs.: O juiz não fica vinculado à conclusão dos peritos (art. 182 do CPP). Os jurados também não ficam vinculados. 
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Podem ocorrer algumas situações curiosas.
 
(a) se o réu era imputável no momento do crime e continua imputável no momento da sentença, ele será condenado normalmente.
 
(b) se o réu era imputável no momento do crime, mas se tornou inimputável no curso do processo, o processo será suspenso (art. 152 do CPP). 
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(c) se o réu era inimputável no momento do crime e continua inimputável no momento da sentença, ele será absolvido impropriamente, aplicando-se a medida de segurança.
	
(d) se o réu era imputável no momento do crime, continuou imputável no momento da sentença, foi condenado normalmente e se tornou inimputável na execução da pena, a pena será convertida em medida de segurança (art. 183, da Lei 7210/84).
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A busca e apreensão
 
 
Para Marcellus Polastri, Camargo Aranha, Magalhães Noronha, a busca e apreensão tem natureza de medida cautelar, e não de meio de prova, como registra o CPP.
Marcellus Polastri afirma que o juiz não deve determinar de ofício a busca e apreensão na fase policial, sob pena de um atuar inconstitucional, porque na fase inquisitorial ele deve manter-se equidistante, só atuando no caso de provocação.
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Em se tratando de medida cautelar, a busca e apreensão exige fumus boni iuris e periculum in mora. Para Ada Pellegrini Grinover, o fumus é que deve ensejar maior reflexão, porque o periculum quase sempre está presente.
 
O art. 5º, XI, da CF, garante a inviolabilidade de domicílio. Para Marcellus Polastri e Tourinho Filho, a expressão “dia” abrange o horário das 6h às 18h.
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Quando a constituição se refere a “flagrante delito”, Marcellus Polastri e Camargo Aranha entendem que estão abrangidas todas as hipóteses de flagrante, previstas no art. 302 I a IV, do CPP, e não apenas os casos de flagrante próprio. Tourinho Filho afirma que a constituição se refere apenas às hipóteses de flagrante próprio, previstas no art. 302, I e II, do CPP.
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Observação: em se tratando de crime permanente (ex. sequestro, tráfico de drogas), sempre haverá estado de flagrância, o qual autoriza o ingresso no domicílio em qualquer horário e sem ordem judicial.
Observação 2: Para o entendimento majoritário (Tourinho Filho), o art. 240, § 1º, f, do CPP, não foi recepcionado pelo art. 5º, XII, da CF.
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PRISÕES CAUTELARES
 
 
Introdução 
 
 
A prisão pode ser definitiva ou cautelar. A prisão definitiva, também chamada de prisão-pena ou prisão-sanção, decorre da sentença condenatória transitada em julgado. A prisão cautelar, também chamada de prisão sem pena ou prisão provisória, é aquela aplicada antes da sentença condenatória ou absolutória. 
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O princípio da presunção da inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF, veda expressamente a prisão definitiva antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, mas não a prisão cautelar. Em verdade, não obstante a presunção de inocência, o art. 5º, LXI, da CF, autoriza expressamente a prisão no curso do processo. Deve ser feita a ponderação dos valores constitucionais, cabendo ao juiz, em cada caso concreto, definir se o acusado deve ou não responder ao processo em liberdade. 
 
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Convém destacar que a regra geral é a liberdade, sendo a prisão cautelar medida excepcional. Isso se justifica porque sempre se corre o risco de deixar o acusado preso no curso do processo e, depois, no momento da sentença, absolvê-lo. Registre-se que o art. 5º, LXXV, da CF, não prevê expressamente o direito de indenização neste caso. Registre-se que a jurisprudência majoritária não reconhece o direito de ser indenizado ao réu que, preso no curso do processo, vem a ser absolvido. 
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Segundo Marcelus Polastri, a prisão cautelar tem os seguintes pressupostos.
 
(a) fumus boni iuris ou fumus comissi delicti: concretiza o processo penal condenatório pela verificação da presença de elementos indicadores da existência do crime e da autoria.
 
(b) periculum in mora ou periculum libertatis: perigo ou risco de que, com a demora do julgamento, possa o acusado, solto, impedir a correta solução da causa ou a aplicação da sanção punitiva. 
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A prisão cautelar admite as seguintes espécies: (a) prisão em flagrante; (b) prisão temporária; (c) prisão preventiva; (d) prisão decorrente de pronúncia; (e) prisão decorrente de sentença condenatória recorrível. 
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Prisão em flagrante
 
 
A palavra “flagrante” vem do latim flagrans, do verbo flagrare, que significa queimar, arder em chamas, crepitar. Logo, a expressão “flagrante delito” significa o delito que está sendo cometido. 
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A prisão em flagrante, prevista nos arts. 301 a 310 do CPP, é a única hipótese em que ocorre a prisão cautelar sem prévia ordem judicial, havendo expressa previsão constitucional no art. 5º, LXI, da CF. Trata-se de pronta reação da sociedade à prática do crime.
Convém distinguir: uma coisa é o ato de flagrante, ou seja, a captura do agente na ardência da prática delitiva; outra coisa é a prisão que decorre da lavratura do auto de prisão em flagrante.
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Nos casos de ação penal pública condicionada à representação ou de ação penal privada, é possível a captura do agente, mas é imprescindível a manifestação da vítima para a lavratura do auto de prisão em flagrante, a qual, segundo Marcellus Polastri, deve ser colhida em até 24h, em razão do art. 306 do CPP. 
Abordando o sujeito ativo da prisão em flagrante, o art. 301 do CPP trata do flagrante facultativo, que pode ser efetivado por qualquer pessoa, e do flagrante obrigatório, que deve ser efetivado pela autoridade policial e seus agentes.
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Espécies de prisão em flagrante:
 
Caso concreto da semana 13:
Determinada quadrilha, composta por oito membros, realizava crime de roubo em agência bancária quando foram surpreendidos por policiais, tendo início intensa troca de tiros. Dois dos membros da quadrilha, João e José, conseguiram fugir pela porta dos fundos da agência, levando consigo três malas contendo dinheiro, sendo que saíram despercebidos no meio da confusão não sendo perseguidos. 
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João estava baleado e foi preso em um hospital particular, onze horas após o crime, ao ser reconhecido por um dos funcionários do banco, sendo José encontrado nove horas depois, no interior de sua casa, já durante a noite, na posse das malas com o dinheiro. Um outro grupo de quatro quadrilheiros, Ricardo, Gelson, Ângelo e Everardo, fizeram o gerente do banco de refém, ingressaram em um veículo e fugiram do local, passando a ser perseguidos pelos policiais que, porém, logo após o início da perseguição perderam os criminosos de vista, continuando a procurá-los, tendo estes sido localizados e presos dezesseis horas após o crime.
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Um outro bandido, Mário, fugiu correndo, sem ser visto pelos policiais, aproveitando-se da grande confusão, mas um transeunte informou aos policiais a direção seguida pelo meliante e estes foram em tal direção buscando localizá-lo e acabaram por prendê-lo já no dia seguinte, escondido em um matagal, após intensas buscas. O último dos membros da quadrilha, Renato, que havia ficado em um carro, furtado seis horas antes, e que serviria para dar fuga aos demais, abandona o local e uma hora depois é parado em uma blitz e acaba sendo preso. Diante do quadro fático exposto, analise a legalidade de cada uma das prisões ocorridas, abordando o alcance das expressões "logo após" e "logo depois"(artigo 302, III e VI, CPP), indicando ainda as espécies de flagrante e os correspondentes dispositivos legais .
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O art. 302 do CPP prevê as espécies de prisão em flagrante.
 
(a) flagrante próprio ou propriamente dito (art. 302, I e II, do CPP): o agente é surpreendido praticando o crime ou ainda na cena do crime, havendo relação de imediatidade entre a prática criminosa e a prisão;
 
(b) flagrante impróprio ou quase-flagrante (art. 302, III, do CPP): a perseguição ocorre logo após a prática criminosa; a expressão “logo após” não se vincula ao prazo de 24h, como normalmente se afirma na prática; 
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(c) flagrante ficto ou presumido (art. 302, IV, do CPP): a expressão “logo depois” é mais ampla do que a expressão “logo após”; embora não haja consenso.
 
Observação: no caso de crime permanente (ex. seqüestro – art. 148 do CP), assim como a sua consumação, o estado de flagrância se prolonga no tempo, razão pela qual se justifica a prisão em flagrante em qualquer momento
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Observação: existe divergência quanto à possibilidade de prisão em flagrante no caso de crime habitual (ex. curandeirismo – art. 284 do CP); Tourinho Filho entende que o flagrante não é possível porque o crime habitual apenas se consuma com a reiteração da prática criminosa, motivo pelo qual a conduta isolada praticada no dia da prisão não configura o crime e, portanto, não justifica a prisão; mas há autores que entendem que a conduta do dia prisão deve ser considerada em conjunto com as condutas passadas, de modo que é possível a prisão em flagrante. 
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A doutrina também se refere às seguintes prisões em flagrante.
 
Exercício suplementar da semana 13:
 
O policial Fernando recebe determinação para investigar a venda de drogas em uma determinada localidade, próximo a uma reconhecida Faculdade de Direito. A autoridade judiciária autoriza que o policial, neste primeiro momento, não atue sobre os portadores e vendedores de entorpecentes, com a finalidade de identificar e responsabilizar um maior número de integrantes na operacionalização do tráfico e de sua distribuição. A figura do flagrante diferido é prevista em quais legislações brasileiras? 
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a) Na Lei de Drogas (11.343/06) e na Lei do Crime Organizado (9.034/95).
b) Somente na Lei de Drogas (11.343/06).
c) Na Lei de Drogas (11.343/06) e na Lei de Crimes Hediondos (8.072/90).
d) Na Lei do Crime Organizado (9.034/95) e na Lei de Crimes Hediondos (8.072/90). 
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(a) flagrante provocado ou preparado: é criada uma situação em que o agente é levado a praticar uma conduta que, a princípio, não praticaria; a súmula 145 do STF afirma que a hipótese é de crime impossível, razão pela qual a prisão não se sustenta; logo, a prisão em flagrante deve ser relaxada; 
(b) flagrante esperado ou aguardado: não se muda a vontade do agente; sabendo que o agente praticará tal conduta, apenas aguarda-se o momento para efetuar a prisão; a prisão é legal e deve ser mantida.
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(c) flagrante forjado ou criado: muda-se o fato para justificar a prisão que, a princípio, não ocorreria; a prisão é ilegal e deve ser relaxada.
 
(d) flagrante postergado ou protelado: atrasa-se o momento da execução da prisão com o objetivo de conseguir maiores elementos probatório (art. 2º, II, da Lei 9034/95). 
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Observação: Quando a constituição – art. 5º, XII - se refere a “flagrante delito”, Marcellus Polastri e Camargo Aranha entendem que estão abrangidas todas as hipóteses de flagrante, previstas no art. 302 I a IV, do CPP, e não apenas os casos de flagrante próprio. Tourinho Filho afirma que a constituição se refere apenas às hipóteses de flagrante próprio, previstas no art. 302, I e II, do CPP.

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