Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA+AULA+ Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Prof. Renato PortoProf. Renato Porto Aula 11: Aula 11: Contratos Submetidos às Regras do CDC I. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor IDENTIFICAR a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor em contratos que envolvem relações de consumo. SABER que o Código de Defesa do Consumidor é aplicado aos contratos bancários. ANALISAR a não abusividade da cláusula que permite o desconto de empréstimo em folha. IDENTIFICAR a solidariedade entre a administradora de cartões de crédito e os bancos. APLICAR o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de arrendamento mercantil . Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor 1. Contratos bancários 1.1. Aplicabilidade do CDC 1.2. Cláusula de empréstimo com desconto em folha (não abusividade) 2. Contrato de cartão de crédito 2.1. Cláusula mandato 2.2. Juros de mercado 2.3. Solidariedade entre o banco e a administradora de cartão de crédito 3. Contrato de arrendamento mercantil Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor INTRODUÇÃO Inúmeros contratos celebrados são submetidos às regras do Código de Defesa do Consumidor, por isso, para a verificação da aplicabilidade do CDC a determinados tipos de específicos de contratos, deve- se identificar que o serviço prestado envolve uma relação de consumo, como será analisado em três aulas. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor CONTRATOS BANCÁRIOS Começando com os contratos bancários deve-se observar que legislador ao trazer o conceito de fornecedor de serviço, inclui os serviços de natureza bancária de forma expressa, mas somente tivemos esse assunto pacificado com o Enunciado da Súmula 297 do STJ porque parte da doutrina sustentava que o CDC não era inaplicável aos contratos bancários, considerando que o dinheiro e o crédito não são produtos que se utilizam ou se adquirem com destinação final, eles são instrumentos ou meios de pagamentos. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Súmula 297 do STJ: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras” (v. jurisprudência s/ esta Súmula em RSTJ 185/666). A aplicação do CDC às relações de consumo de natureza bancária foi declaradaconstitucionalpelo STF (STF-RT855/79: Pleno,ADI 2.591). “Relações bancárias com clientes pessoas jurídicas: existência (ou não) de relação de consumo”, por Marcio Koji Oya (RP 128/149); “A proteção do consumidor titular de cartões de crédito”, por Maria Fernanda Raposo de Medeiros Tavares Martins (RDPr 24/172); “O direito monetário na recente jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”, por Arnoldo Wald (RT 861/11); “Abertura e encerramento de contas bancárias”, por Gladston Mamede (RMDECC 15/5); “Responsabilidade civil dos estabelecimentos bancáriose o Códigode Defesa do Consumidor”,por Rui Stoco (RJ 358/49) Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Uma vez consolidada a aplicação do CDC aos contratos bancários, determinados aspectos passaram a ser discutidos à luz da lei consumerista, chegando até o STJ e, hoje temos posições firmes acerca de alguns aspectos, são eles: A) O CDC pode ser aplicado aos contratos de financiamento porque o bancopossui a qualidadede prestadorde serviço (REsp. 231.825); B) A cláusula contratual que permite o empréstimo bancário com desconto em folha é válida, não é considerada abusiva. Tal cláusula é da essência do próprio contrato (REsp 728.563); C) Com relação aos juros o STJ já decidiu que as relações de crédito realizadas pelo banco em que haja relação de consumo estão submetidos às regras do CDC, salvo com relação a incidência dos juros porque é regido por lei específica (REsp. 271.214, REsp. 420.111; REsp. 213.825). Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor CARTÕES DE CRÉDITO No mesmo seguimento observa-se os cartões de crédito cujo seu funcionamento ocorre da seguinte forma: “no mecanismo do cartão de crédito o papel principal cabe ao emissor, pois é ele que escolhe e credencia o titular do cartão, abre-lhe o crédito e paga as suas despesas junto aos fornecedores. É ele que impulsiona o sistema” (Sergio Cavalieri Filho). Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor STF-Noscontratosdecartãodecréditoaplica-seoCDC...(STJ-3ªT.,REsp393.798, Min.MenezesDireito,j.27.6.02,DJU23.9.02;RF368/352); STJjápossuiposiçõespacificadassobredeterminadostemas,sãoeles: A) Oscartõesdecréditopodemaplicarosjurosdemercado,conformeEnunciado daSumula283doSTJ; B) É válida a cláusula mandato inserida nos contratos de cartões de crédito que possibilitaasempresasqueadministramoscartõescaptarrecursosemnomedo consumidornomercadofinanceiro(Informativo178doSTJ); C) Oenviodecartãodecreditonãosolicitadoépráticaabusiva–art.39,IIIdoCDCe; D) Hásolidariedadeentreosbancoseasempresasdecartõesdecréditoquandohá parceriasentreeles–art.25,§1°doCDC. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor ARRENDAMENTO MERCANTIL Finalmente, nos contratos de arrendamento mercantil, também chamado de leasing está incluído no conceito de operação financeira expressamente mencionado no art. 3°, §2° do CDC, logo, nessas relações, havendo a figura do consumidor como destinatário final (conceito finalista) aplica-se a lei consumerista. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Também se aplica o CDC: — à Caixa de Previdência dos Militares (STJ-4ª T., AI 80.671- AgRg, Min. Ruy Rosado, j. 16.4.96, DJU 20.5.96); — aos espectadores pagantes, por qualquer meio, de espetáculo ou evento desportivo (Lei 9.615, de 24.3.98, art. 42 § 3º); — aos fornecedores de produtos ou serviços, em geral, independentemente de sua natureza jurídica, mesmo no caso de “sociedade civil, sem fins lucrativos, de caráter beneficente e filantrópico, bastando que desempenhem determinada atividade no mercado de consumo mediante remuneração” (STJ-3ª T., REsp 519.310, Min. Nancy Andrighi, j. 20.4.04, DJU 24.5.04); Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — às relações resultantes da exploração comercial da internet: “O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo mediante remuneração, contido no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor” (STJ-3ª T., REsp 1.308.830, Min. Nancy Andrighi, j. 8.5.12, DJ 19.6.12); — aos sites que intermedeiam negócios na Internet, recebendo comissão na venda (RT 899/287: TJRN, AP 2008.001217-1; RIDCPC 48/25: TJRS, AP 70016093080; Bol. AASP 2.627: TJRS, AP 70025673856; RJTJERGS 273/364: AP 70026228668); Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — nas relações entre os agentes financeiros do SFH e seus mutuários (STJ-3ª T., AI 478.167-AgRg, Min. Nancy Andrighi, j. 25.3.03, DJU 22.4.03; STJ-4ª T., AI 465.114-AgRg, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 20.2.03, DJ 31.3.03; RT 840/298). Todavia: “Nos contratos de financiamento do SFH vinculados ao Fundo de Compensação de Variação Salarial — FCVS, pela presença da garantia do Governo em relação ao saldo devedor, aplica-se a legislação própria e protetiva do mutuário hipossuficiente e do próprio Sistema, afastando-se o CDC, se colidentes as regras jurídicas” (STJ-RT 863/177: 1ª Seção, REsp 489.701,maioria). Contra, afastando a aplicação do CDC em geral: RT 838/409 (TRF-2ª Reg., AI 2004.02.01.011414-3); Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — “aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas” (STJ-4ª T., REsp 612.505, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 18.12.07, DJU 25.2.08). No mesmo sentido: JTJ 348/441 (AP 994.05.088605-1); — “a cooperativa de crédito integra o sistema financeiro nacional, estando sujeita às normas do CDC” (STJ-3ª T., AI 1.224.838-AgRg, Min. Nancy Andrighi, j. 4.3.10, DJ 15.3.10); — nos contratos de cartão de crédito (STJ-3ª T., REsp 393.798, Min. Menezes Direito, j. 27.6.02, DJU 23.9.02; RF 368/352); — “aos contratos de cédula de crédito rural” (STJ-2ª T., REsp 1.127.805, Min. Eliana Calmon, j. 6.10.09, DJ 19.10.09). No mesmo sentido: STJ-4ª T., REsp 794.526-AgRg, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 16.3.06, DJ 24.4.06; Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — nos contratos de arrendamento mercantil de bens móveis — leasing (STJ-3ª T., REsp 431.031, Min. Pádua Ribeiro, j. 25.2.03, DJU 24.3.03; STJ-4ª T., REsp 364.140, Min. Ruy Rosado, j. 18.6.02, DJU 12.8.02; RF 347/359, RJM 174/153); contra: Bol. AASP 2.123/4; — “à relação travada entre os titulares do direito de uso dos jazigos situados em cemitério particular e a administradora ou proprietária deste, que comercializa os jazigos e disponibiliza a prestação de outros serviços funerários” (STJ-RT 912/606: 3ª T., REsp 1.090.044); Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — “na hipótese de serviço público prestado por concessionária, tendo em vista que a relação jurídica tem natureza de Direito Privado e o pagamento é contraprestação feita sob a modalidade de tarifa, que não se classifica como taxa” (STJ-2ª T., Ag 1.398.696-AgRg, Min. Castro Meira, j. 3.11.11, DJ 10.11.11). Assim, p. ex., o CDC é aplicável às concessionárias de serviços rodoviários, nas suas relações com os usuários da estrada (STJ-3ª T., REsp 467.883, Min. Menezes Direito, j. 17.6.03, DJU 1.9.03). No mesmo sentido: STJ-4ª T., REsp 687.799, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 15.10.09, DJ 30.11.09; Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — aos voos internacionais: “Afastam-se as normas especiais do Código Brasileiro da Aeronáutica e da Convenção de Varsóvia quando implicarem retrocesso social ou vilipêndio aos direitos assegurados pelo Código de Defesa do Consumidor” (STF-1ª T., RE 351.750, Min. Marco Aurélio, j. 17.3.09, um voto vencido, DJ 25.9.09). Afastando a Convenção de Varsóvia no caso, por ser o CDC “lei hierarquicamente superior (editada nos termos do art. 5º, XXXII, da CF) e posterior (editada em 11.9.90, e com vigência em 13.3.91), enquanto a Convenção ingressou no ordenamento jurídico nacional em 24.11.31”: RT 809/328. No mesmo sentido: STJ-3ª T., AI 827.374-AgRg, Min. Sidnei Beneti, j. 4.9.08,DJ 23.9.08;RT895/260 (TJSP, AP 991.08.045099-6),RJM173/187; V. tb. art. 27, nota1c, e CC 186, nota 4c, e 749, nota3; — no caso de “coleta de sangue de doador, exercida pelo hemocentro como partede suaatividadecomercial”(STJ-RT891/248:4ª T., REsp540.922); — nas relações entre os estabelecimentos de ensino e seus alunos (RF 368/348, RJM174/113). Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Por outro lado, tais disposições não incidem: — no atendimento prestado por hospital público: “Quando o serviço público é prestado diretamente pelo Estado e custeado por meio de receitas tributárias não se caracteriza uma relação de consumo” (STJ-2ª T., REsp 1.187.456, Min. Castro Meira, j. 16.11.10, DJ 1.12.10); Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — nas atividades notariais (STJ-RF 387/275: 3ª T., REsp 625.144, dois votos vencidos; RJM 188/87: AP 1.0105.08.257296-4/001); — nas relações entre os advogados e seus clientes (STJ-RT 878/170: 4ª T., REsp 914.105; STJ-3ª T., REsp 757.867, Min. Gomes de Barros, j. 21.9.06, DJU 9.10.06). Contra: RSTJ 182/276 (3ª T., REsp 364.168, dois votos vencidos); — nas relações entre franqueador e franqueado (STJ-RJ 349/139: 3ª T., REsp 687.322; STJ-4ª T., REsp 632.958, Min. Aldir Passarinho Jr., j. 4.3.10, DJ 29.3.10; JTJ 297/315); — nas relações entre o representante comercial e a sociedade representada (STJ-3ª T., REsp 761.557, Min. Sidnei Beneti, j. 24.11.09, DJ 3.12.09); Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — na “relação existente entre distribuidores e revendedores de combustíveis” (STJ-4ª T., REsp 782.852, Min. Luis Felipe, j. 7.4.11, DJ 29.4.11); — no “contrato de fornecimento de insumos agrícolas celebrado entre cooperativa e cooperado, por se tratar de ato cooperativo típico” (STJ-3ª T., REsp 1.122.507-AgRg, Min. Paulo Sanseverino, j. 7.8.12, DJ 13.8.12); Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — nas relações entre condomínio e condômino (STJ-4ª T., REsp 655.267, Min. Jorge Scartezzini, j. 17.2.05, DJU 21.3.05; STJ-RT 132/338: 3ª T.; RT 808/297, JTJ 235/15); — nos contratos de locação de imóvel (STJ-5ª T., REsp 303.072, Min. José Arnaldo, j. 3.12.02, DJU 19.12.02; STJ-6ª T., REsp 175.053, Min. Vicente Leal, j. 24.4.01, DJU 20.8.01; RT 782/302, 808/297, Lex-JTA 162/343, 162/401, RJ 273/109); — em contrato administrativo, “em que a Administração é quem detém posição de supremacia justificada pelo interesse público” (STJ-2ª T., RMS 31.073, Min. Eliana Calmon, j. 26.8.10, DJ 31.8.10); Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor — nas relações entre a Caixa Econômica Federal e os estudantes beneficiários do Programa de Crédito Educativo, regido pela Lei 8.436/92 (STJ-2ª T., REsp 562.565, Min. Franciulli Netto, j. 21.10.04, DJU 11.4.05); — em “contrato de financiamento de dívida pública, no qual a Caixa Econômica Federal atuou, apenas, como agente executiva de políticas públicas determinadas pela União” (STJ-1ª T., REsp 355.099, Min. Denise Arruda, j. 3.10.06, DJU 16.11.06); — nos contratos de factoring (STJ-4ª T., REsp 938.979, Min. Luis Felipe, j. 19.6.12, DJ 29.6.12); — nas operações efetuadas por meio da cédula de crédito industrial (RJM 165/156). Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor CASO CONCRETO 1 Joana, inconformada com as taxas de juros, cobradas de acordo com a média do mercado, que vem pagando em decorrência da utilização do limite de seu cartão de crédito, resolveu parar de pagar as faturas mensais e propor uma ação revisional. Considerando os elementos indicadosna questão, é incorretoafirmar: A) Há relação de consumo no caso porque bancos e financeiras são prestadores de serviços; B) Pleitear a revisão de cláusula contratual é direito básico do consumidor; C) Aação terá êxito porque é vedada a cobrança de juros acima de 12% ao ano; D) O banco poderá negativar o nome de Joana no curso da ação por ter ela deixadode pagar as faturasmensais. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor CASO CONCRETO 2 Em ação de busca e apreensão de um veículo movida pelo Banco ABC contra Antonio Pereira, ficou comprovado: a) que o contrato de alienação fiduciária, tendo o veículo por objeto, foi assinado no escritório de um preposto do Banco; b) que Antônio, antes de receber o veículo, seis dias após a celebração do contrato desistiu do mesmo; c) que o Banco não concordou com a desistência por entender que o contrato de alienação fiduciária não está subordinado ao CDC.Procede a pretensão do Banco? Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Informativo nº 0524 Período: 28 de agosto de 2013. Segunda Turma DIREITO DO CONSUMIDOR. VÍCIO DE QUANTIDADE DE PRODUTO NO CASO DE REDUÇÃO DO VOLUME DE MERCADORIA. Ainda que haja abatimento no preço do produto, o fornecedor responderá por vício de quantidade na hipótese em que reduzir o volume da mercadoria para quantidade diversa da que habitualmente fornecia no mercado, sem informar na embalagem, de forma clara, precisa e ostensiva, a diminuição do conteúdo. É direito básico do consumidor a “informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem” (art. 6º, III, do CDC). Assim, o direito à informação confere ao consumidor uma escolha consciente, permitindo que suas expectativas em relação ao produto ou serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que vem sendo denominado de consentimento informado ou vontade qualificada. Diante disso, o comando legal somente será efetivamente cumprido quando a informação for prestada de maneira adequada, assim entendida aquela que se apresenta simultaneamente completa, gratuita e útil, vedada, no último caso, a diluição da comunicação relevante pelo uso de informações soltas, redundantes ou destituídas de qualquer serventia. Além do mais, o dever de informar é considerado um modo de cooperação, uma necessidade social que se tornou um autêntico ônus pró-ativo incumbido aos fornecedores (parceiros comerciais, ou não, do consumidor), pondo fim à antiga e injusta obrigação que o consumidor tinha de se acautelar (caveat emptor). Além disso, o art. 31 do CDC, que cuida da oferta publicitária, tem sua origem no princípio da transparência (art. 4º, caput) e é decorrência do princípio da boa-fé objetiva. Não obstante o amparo legal à informação e à prevenção de danos ao consumidor, as infrações à relação de consumo são constantes, porque, para o fornecedor, o lucro gerado pelo dano poderá ser maior do que o custo com a reparação do prejuízo causado ao consumidor. Assim, observe-se que o dever de informar não é tratado como mera obrigação anexa, e sim como dever básico, essencial e intrínseco às relações de consumo, não podendo afastar a índole enganosa da informação que seja parcialmente falsa ou omissa a ponto de induzir o consumidor a erro, uma vez que não é válida a “meia informação” ou a “informação incompleta”. Com efeito, é do vício que advém a responsabilidade objetiva do fornecedor. Ademais, informação e confiança entrelaçam-se, pois o consumidor possui conhecimento escasso dos produtos e serviços oferecidos no mercado. Ainda, ressalte-se que as leis imperativas protegem a confiança que o consumidor depositou na prestação contratual, na adequação ao fim que razoavelmente dela se espera e na confiança depositada na segurança do produto ou do serviço colocado no mercado. Precedentes citados: REsp 586.316-MG, Segunda Turma, DJe 19⁄3⁄2009; e REsp 1.144.840-SP, Terceira Turma, DJe 11⁄4⁄2012. REsp 1.364.915-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 14/5/2013. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Informativo nº 0505 Período: 20 de setembro a 3 de outubro de 2012. Quarta Turma DIREITO CIVIL. VÍCIO DO PRODUTO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO ZERO QUILÔMETRO PARA USO PROFISSIONAL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Há responsabilidade solidária da concessionária (fornecedor) e do fabricante por vício em veículo zero quilômetro. A aquisição de veículo zero quilômetro para uso profissional como táxi, por si só, não afasta a possibilidade de aplicação das normas protetivas do CDC. Todos os que participam da introdução do produto ou serviço no mercado respondem solidariamente por eventual vício do produto ou de adequação, ou seja, imputa-se a toda a cadeia de fornecimento a responsabilidade pela garantia de qualidade e adequação do referido produto ou serviço (arts. 14 e 18 do CDC). Ao contrário do que ocorre na responsabilidade pelo fato do produto, no vício do produto a responsabilidade é solidária entre todos os fornecedores, inclusive o comerciante, a teor do que preconiza o art. 18 do mencionado codex. REsp 611.872-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 2/10/2012. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Informativo nº 0404 Período: 24 a 28 de agosto de 2009. Quarta Turma CDC. DEFEITO. CARRO. BANCO. Trata-se de ação de rescisão contratual cumulada com indenização por danos materiais e morais em desfavor de banco e da sociedade empresarial revendedora de veículo. A recorrida (autora) adquiriu veículo automotor usado que apresentou vícios redibitórios, tornando-o imprestável ao uso, fato incontroverso nos autos. No REsp, o banco suscita violação dos arts. 14 e 18 do CDC, inconformado por ter sido condenado no Tribunal a quo solidariamente com a empresa vendedora do veículo. Note-se que são dois contratos distintos, um de compra e venda do veículo e outro de mútuo garantido com alienação fiduciária. Isso posto, ao prosseguir o julgamento, a Turma, por maioria, conheceu do recurso e lhe deu provimento. Considerou-se que, na espécie, a instituição financeira não poderia ser reconhecida como fornecedora do veículo nem solidariamente responsável por eventuais defeitos ocultos que impedissem seu uso. O banco, no caso, é fornecedor, mas do serviço de crédito e de tudo que se relaciona a ele. Observou-se, todavia, que o pleito indenizatório, como o próprio interesse de agir da autora, legitima-se pelo defeito oculto no produto de exclusiva responsabilidade, no caso dos autos, de quem vendeu e lhe deu garantias. Assim, o causador dos danos materiais e morais (revendedora do veículo) deve responder perante a consumidora e essa responsabilidade deve abranger todas as características do negócio jurídico realizado. REsp 1.014.547-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 25/8/2009. Aula 4: Direitos Básicos IAula 4: Direitos Básicos I Direito do ConsumidorDireito do Consumidor Material de Apoio: Vídeos: Palestra Claudia Lima Marques (Direito do Consumidor) http://br.bing.com/videos/search?q=consumidor+claudia+lima&qs=n&form=QBVR&pq=consumidor+claudia+lima&s c=1-22&sp=-1&sk=#view=detail&mid=C6929B740DED9567E922C6929B740DED9567E922 Indicação de Filmes: Criança Alma do Negócio http://br.bing.com/videos/search?q=publicidade+crian%C3%A7a&qs=n&form=QBVR&pq=publicidade+crian%C3%A7 a&sc=1-19&sp=-1&sk=#view=detail&mid=1131FF7C2B8C05B776E11131FF7C2B8C05B776E1 Um pouco de arte para relaxar: Show – Jennifer Hudson – Dream Girls (maior interpretação individual da história) http://www.youtube.com/watch?v=0R2MSRPbcC4&feature=player_embedded
Compartilhar