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RESUMO DE EMPRESARIAL 1. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES: FALÊNCIA, RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL: 1.1. RECUPERAÇÃO JUDICIAL: É a oportunidade de recuperação de uma empresa insolvente. O conceito de recuperação judicial de acordo com "Sergio Campinho" é o somatório de providências de ordem econômico/financeiras e econômico/produtivas, organizacionais e jurídicas por meio das quais a capacidade produtivas de uma empresa possa, da melhor forma, ser reestruturada, permitida a manutenção de fontes produtoras do emprego e a composição dos interesses dos credores. A finalidade da RJ encontra-se no art. 47 da LRF:permitir a recuperação dos empresários individuais e sociedades empresárias em crise, em reconhecimento à função social da empresa em homenagem ao princípio da preservação da empresa. A RJ só deve ser facultada aos devedores que realmente se mostrarem em condições de se recuperar, ou seja, antes da crise do empresário chegar em uma situação irreversível, no geral, antes do pedido de falência. OBS: é possível o pedido de RJ após o pedido de falência, se feito dentro do prazo de contestação ao requerimento de falência (arts. 95 e 96, II da LRF). 1.1.1. REQUISITOS: Estão delineados no art. 48 da LRF: Caput - o devedor deve estar exercendo regularmente suas atividades há mais de dois anos no momento do pedido: OBS: É feita por meio de juntada de certidão da Junta Comercial competente que ateste o exercício regular da atividade empresária por tempo superior ao exigido na lei falimentar. I - Não ser falido, mas se já o foi, que estejam declaradas extintas as devidas responsabilidades por sentença transitada e julgada; II - Não ter obtido concessão de RJ há menos de 5 anos; III - Não ter obtido concessão de RJ com base no plano especial da seção V do mesmo capítulo (Plano de Recuperação Judicial Para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), há menos de oito anos; IV - Não ter sido condenado por crime falimentar ou não ter como administrador ou sócio que já foi; 1.2. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL: Surge no art. 161 da LRF: “o devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta lei poderá propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial.” Verifica-se que para fazer jus a este instituto o devedor em crise deverá preencher os mesmo requisitos exigíveis para a RJ, permitindo a ele apresentar plano de recuperação aos seus credores e posteriormente submeter à homologação judicial. É importante frisar que o art. 161 não impede a mera negociação devedor/credor, portanto, se o devedor deseja negociar uma saída para sua crise sem nenhuma intervenção judiciária, não será necessário o preenchimento destes requisitos. 1.3. FALÊNCIA: É a inviabilidade de empresa, arrecadação dos bens de uma empresa, a fim de ser liquidado para, posteriormente, pagar os credores. A falência encerra uma empresa. O conceito seria a medida juridicamente razoável para resolver a situação jurídica do devedor insolvente 1.4. LEGITIMIDADE PASSIVA: Por legitimidade passiva, entende-se que seja aquele a quem vai recair a ação, aqueles que sofrerá os efeitos do processo. As normas da LRF só se aplicam àqueles que exercem atividade empresária, não se referindo a devedores civis. Portanto, somente empresários (individuais e sociedades empresárias) podem requerer a RJ. 1.5. LEGITIMIDADE ATIVA: ➔ Nas ações de falência, os legitimados ativos estão elencados no artigo 97. Assim, são legitimados ativos para o pedido de falência: I - O próprio devedor: é o que se chama de autofalência. O pedido de autofalência, apesar de estar previsto em lei é hipótese raríssima na prática. Veja-se que a lei impõe ao devedor o dever de requerer sua própria falência, determinando em seu artigo 105 que o devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial. Porém, não obstante a lei imponha ao devedor este dever, não prevê nenhuma sanção para a hipótese de descumprimento, o que desestimula ao devedor a seguir o comando legal. II - O cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante: esta regra é aplicável apenas ao empresário individual, não sendo possível à sociedade empresária. Se o empresário individual falecer, seus sucessores podem ter interess em dar continuidade à sua atividade ou não. Caso não tenham interesse, em princípio cabe ea eles promover o encerramento normal das atividades, com a devida baixa na Junta Comercial. Mas, caso se note que o empresário individual faleceu em estado de insolvência, caberá e eles, nesse caso, pedir a sua falência, com base no dispositivo legal em comento. III - O cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade: nas sociedades empresárias, pode o acionista pedir a falência da empresa. Essa prática é pouco utilizada nos dias atuais sendo que, caso os outros acionistas não concordem com o pedido, retirarão o sócio dissidente e continuarão com a empresa. IV - Qualquer credor: é o que acontece com a ampla maioria dos casos. A ação falimentar pode ser ajuizada por qualquer um de seus credores. Nem sempre o credor, com o ajuizamento da ação, pretende a quebra definitiva da empresa devedora e sim pressionar para que esta pague o que deve. Com relação ao credor ser empresário, deve-se atentar as seguintes ressalvas legais: - Artigo 97, §1º: o credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. - Artigo 97, §2º: O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei. Esta indenização é devida em alguns casos de denegação de falência. ➔ Na recuperação judicial (art. 48/LRF): somente os empresários (empresários individuais e sociedades empresárias) podem requerer recuperação judicial, sendo estes os mesmo legitimados da falência. Assim, os legitimados são: - O próprio autor. - Cônjuge, herdeiro ou inventariante; - Cotista ou acionista; - Qualquer credo. 1.6. A QUEM NÃO SE APLICA A LEI 11.101/05 O art. 2º delimita a quem NÃO se aplica a lei: I - empresa pública e sociedade de economia mista; II - instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidade legalmente equiparadas às anteriores; Uma vez que possuem leis próprias para tal. Instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores: pelo mesmo motivo. Porém, aplica-se a Lei 11101/05 de forma subsidiária, no que couber. 1.7. FORO COMPETENTE: De acordo com o art. 3º o foro serpa no principal estabelecimento do devedor, o qual não corresponde exatamente à sede administrativa da empresa, mas ao local onde se concentra o maior volume de negócios dela. 2. DISPOSIÇÕES COMUNS À RECUPERAÇÃO JUDICIAL E À FALÊNCIA: Encontram-se no Capítulo II da LRF: 2.1. TÍTULOS NÃO EXIGÍVEIS: “Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: I - as obrigações a título gratuito; II - as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor.” A inadmissão dasobrigações gratuitas tem o sentido de economizar os poucos recursos disponíveis para o atendimento dos credores que titulam crédito derivado de negócio oneroso ou de natureza pública. Por seu turno, a inadmissão das despesas para fazer parte do processo de falência ou de recuperação judicial representa uma exceção à regra geral da distribuição dos ônus da sucumbência. 2.2. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO: É encontrada no art. 6º primeira parte que determina que a decretação de falência ou deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição. É suspensão, não interrupção de prazo, de modo que, cessada a eficácia suspensiva, o prazo recomeça a fluir do momento em que foi suspenso. No caso da falência, a suspensão da prescrição se encerra no trânsito em julgado da sentença de encerramento; já na recuperação judicial, após transcorrido o prazo de suspensão de 180 dias previsto no §4º deste artigo, a prescrição retoma seu curso. 2.3. SUSPENSÃO DAS AÇÕES E EXECUÇÕES: Também suspende o curso de todas as ações e execuções. A ideia é a de que todos os credores participem do processo de recuperação judicial e falência. No entanto, há exceções, podendo algumas ações prosseguir normalmente, são elas: - Ações na qual se demanda quantia líquida (§ 1º); - Reclamações trabalhistas (§ 2º); - Ações fiscais (§ 7º); - Relativas a créditos executados; A suspensão das execuções, na maioria das vezes, será definitiva, o que corresponde à extinção do processo. As execuções individuais apenas retornarão seu curso regular caso a decretação da falência seja reformada no julgamento de recurso. Sendo única exceção à regra são as execuções fiscais. Além dela, há duas situações na qual o juiz poderá considerar exceção: - Execução individual com hasta já designada; - Execução individual com hasta já realizada; Portanto, estas poderão continuar tramitando simultaneamente à falência. 2.4. SUSPENSÃO DAS EXECUÇÕES NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Os motivos para haver suspensão das execuções individuais na RJ resumem-se em possibilitar ao empresário ou sociedade empresária o fôlego necessário para atingir o objetivo pretendido na reorganização da empresa, pois se as execuções continuassem, o devedor poderia não conseguir atingir seus objetivos e recuperação judicial. Por isso, a lei fixa prazo de 180 dias (§ 4º, art. 6º/LRF) para a suspensão. Se, durante o prazo, alcançar um plano de RJ, abrem-se duas alternativas: o crédito em execução individual tem suas condições de exigibilidade alteradas ou mantidas. Nesse último caso a execução individual prossegue. 2.5. CRISES DA EMPRESA: Para ensejar recuperação ou falência. Existem os seguintes tipos de crise empresarial que ensejam recuperação ou falência, são os seguintes: - Patrimonial: é a espécie de crise empresarial mais comum. Ocorre quando o passivo da empresa supera o ativo. Ou seja, quando as dívidas são maiores do que os meios de pagá-las. - Econômica: é a retração nos negócio. Ocorre quando uma empresa atua em um setor que caiu em desuso ou que não se modernizou a tempo. O melhor exemplo de crise empresarial econômica é o da Kodak, que não quis investir em uma modernização das máquinas fotográficas a filme, o que causou um sério abalo em sua econômica. - Financeira: a crise financeira é parecida com a patrimonial. É a falta de liquidez, falta de bens realizáveis para saldar o passivo em um determinado momento. 3. EFEITOS DA FALÊNCIA: 3.1. EM RELAÇÃO À PESSOA DO DEVEDOR: - Dissolução da sociedade; - Falência dos sócios de responsabilidade ilimitada (art. 81/LRF); - Apuração de eventual responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, ação prescreve 2 anos (art. 82, § 1º/LRF); - Inabilitação empresarial (art. 102/LRF); - Perda do direito de administração dos seus bens e da disponibilidade sobre eles, onde ocorre a formação da massa falida objetiva (art. 103/LRF); - Não pode ausentar-se do lugar da falência sem autorização do juiz; - Suspensão do direito ao sigilo à correspondência e ao livre exercício da profissão; - Dever de colaboração com a administração da falência (art. 104/LRF); 3.2. EM RELAÇÃO AOS BENS DO DEVEDOR: - Formação da massa falida objetiva (arrecadação de todos os bens do devedor, exceto os absolutamente impenhoráveis); 3.3. EM RELAÇÃO ÀS OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR (art. 115/LRF): - Suspensão do exercício do direito de retenção (sobre os bens sujeitos à arrecadação), de retirada ou recebimento do valor de quotas ou ação por parte dos sócios da sociedade falida (art. 116, I/LRF); - Vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com abatimento proporcional dos juros e conversão de todos os créditos em moeda estrangeira e moeda do País (art. 77/LRF); - Limitação à compensação de dívidas do devedor até o dia da decretação da falência; - Inexigibilidade de juros vencidos, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos credores subordinados (art. 124/LRF); - Continuidade dos contratos que puderem ser compridos e que possam reduzir ou evitar o aumento do passivo (art. 117/LRF); 3.4. EM RELAÇÃO AOS CREDORES DO FALIDO: - Formação da massa falida subjetiva (procedimento de verificação e habilitação dos créditos); 3.5. EM RELAÇÃO AOS ATOS DO FALIDO: - Fixação do termo legal da falência (ineficácia dos atos); 4. EFEITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: - Implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos (art. 59/LRF); - A decisão que concede a RJ é recorrível e contra ela cabe agravo de instrumento (art. 59, § 2º); - A princípio, o devedor não perde a administração da empresa. Isso só se dará se ocorrer alguma das situações previstas no art. 64, incisos/LRF; 5. HABILITAÇÃO E VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS: 5.1. VERIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas. 5.2. HABILITAÇÃO DOS CRÉDITOS E EDITAL Publicado o edital após a determinação pelo juiz, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. O administrador judicial, com base nas informações e documentos colhidos que foram apresentados pelos credores, fará publicar edital contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim do prazo de 15 (quinze) dias para apresentação pelos credores de suas habilitações, ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. No edital deverão constar o local, o horário e o prazo comum em que qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação. 5.3 IMPUGNAÇÃO À RELAÇÃO DE CREDORES No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação dos credores habilitados, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. A impugnação que for autuada em separado será processada nos seguintes termos: a) A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias. b) Caso não hajaimpugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante do edital do administrador judicial, dispensada a publicação de que trata o art. 18 da Lei 11.101/2005. c) Cada impugnação será autuada em separado, com os documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo crédito. Transcorridos o prazo de 5 (cinco) dias, os autos de impugnação serão conclusos ao juiz, que: i) determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de créditos não impugnadas, no valor constante da relação de credores; ii) julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação; iii) fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes; iv) determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. O juiz determinará, para fins de rateio, a reserva de valor para satisfação do crédito impugnado. 5.3.1. CONTESTAÇÃO À IMPUGNAÇÃO: Os credores cujos créditos forem impugnados serão intimados para contestar a impugnação, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando os documentos que tiverem e indicando outras provas que reputem necessárias. 5.3.2. RÉPLICA PELO DEVEDOR À CONTESTAÇÃO DO CREDOR: Transcorrido o prazo de 5 (cinco) dias, o devedor e o Comitê, se houver, serão intimados pelo juiz para se manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco) dias. 5.3.3. INTIMAÇÃO PARA PARECER DO ADMINISTRADOR JUDICIAL: Findo o prazo, o administrador judicial será intimado pelo juiz para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar à sua manifestação o laudo elaborado pelo profissional ou empresa especializada, se for o caso, e todas as informações existentes nos livros fiscais e demais documentos do devedor acerca do crédito, constante ou não da relação de credores, objeto da impugnação. 5.3.4. COMPETÊNCIA PARA APRESENTAÇÃO DA IMPUGNAÇÃO: A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas necessárias. Cada impugnação será autuada em separado, com os documentos a ela relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre o mesmo crédito. Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante do edital. Após a manifestação do credor e devedor em relação a impugnação os autos serão conclusos ao juiz que: a) determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de créditos não impugnadas, no valor constante da relação de credores; b) julgará as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a classificação; c) fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes; d) determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. O juiz determinará, para fins de rateio, a reserva de valor para satisfação do crédito impugnado. Sendo parcial, a impugnação não impedirá o pagamento da parte incontroversa. 5.4. DECISÃO JUDICIAL – INTERPOSIÇÃO: Da decisão judicial sobre a impugnação caberá agravo. Recebido o agravo, o relator poderá conceder efeito suspensivo à decisão que reconhece o crédito ou determinar a inscrição ou modificação do seu valor ou classificação no quadro-geral de credores, para fins de exercício de direito de voto em assembleia geral. 5.5. REQUISITOS PARA HABILITAÇÃO DO CRÉDITO A habilitação de crédito realizada pelo credor deverá conter: a) o nome, o endereço do credor e o endereço em que receberá comunicação de qualquer ato do processo; b) o valor do crédito, atualizado até a data da decretação da falência ou do pedido de recuperação judicial, sua origem e classificação; c) os documentos comprobatórios do crédito e a indicação das demais provas a serem produzidas; d) a indicação da garantia prestada pelo devedor, se houver, e o respectivo instrumento; e) a especificação do objeto da garantia que estiver na posse do credor. Os títulos e documentos que legitimam os créditos deverão ser exibidos no original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo. 5.6. CRÉDITOS RETARDATÁRIOS Não observado o prazo de 15(quinze) dias, as habilitações de crédito serão recebidas como retardatárias. Na recuperação judicial, os titulares de créditos retardatários, excetuados os titulares de créditos derivados da relação de trabalho, não terão direito a voto nas deliberações da assembleia geral de credores. No processo de falência os titulares de créditos retardatários não terão direito a voto nas deliberações da assembleia geral de credores, salvo se, na data da realização da assembleia geral, já houver sido homologado o quadro-geral de credores contendo o crédito retardatário. Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data do pedido de habilitação. No caso de créditos retardatários na falência, o credor poderá requerer a reserva de valor para satisfação de seu crédito. As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 da Lei 11.101/2005. Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do respectivo crédito. 5.7. RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR JUDICIAL O administrador judicial será responsável pela consolidação do quadro-geral de credores, a ser homologado pelo juiz, com base na relação dos credores e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas. 5.8. HOMOLOGAÇÃO DO QUADRO GERAL DE CREDORES O quadro-geral, assinado pelo juiz e pelo administrador judicial, mencionará a importância e a classificação de cada crédito na data do requerimento da recuperação judicial ou da decretação da falência, será juntado aos autos e publicado no órgão oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data da sentença que houver julgado as impugnações. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou da falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil, pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da inclusão no quadro-geral de credores. A ação será proposta exclusivamente perante o juízo da recuperação judicial ou da falência ou, no caso das ações ação que demandar quantia ilíquida bem como nas ações trabalhista e nas impugnações, perante o juízo que tenha originariamente reconhecido o crédito. Proposta a ação de que trata este artigo, o pagamento ao titular do crédito por ela atingido somente poderá ser realizado mediante a prestação de caução no mesmo valor do crédito questionado. As habilitações dos credores particulares do sócio ilimitadamente responsávelprocessar-se-ão de acordo com os procedimentos definidos para verificação e habilitação dos créditos, observando as disposições comuns quanto à recuperação judicial e a falência. 6. ÓRGÃO ATUANTES NA FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL: 6.1. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO: 6.1.1. INICIATIVA: O Ministério Público poderá tomar iniciativa de alguns procedimentos dos processos falimentares e recuperacionais, são os seguintes: ➔ Impugnação da petição de credores: de acordo com o artigo 8º da Lei 11.101/05, no prazo de 10 dias, contado da publicação da relação referida no art. 7o, § 2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de crédito relacionado. ➔ Substituição do Administrador judicial ou dos membros do Comitê de credores: o Ministério Público também poderá requerer a substituição do Administrador Judicial, nos termos do artigo 30, §2º, que diz que o devedor, qualquer credor ou o Ministério Público poderá requerer ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitos desta Lei. ➔ Recurso no processo de recuperação judicial: dispõe o artigo 59, §2º que contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá agravo, que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público. ➔ Recurso no processo falimentar: o recurso que o Ministério Público poderá interpor no caso de processo falimentar está no artigo 499 do CPC (usado de forma subsidiária neste caso), que dispõe que o Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. 6.1.2. INTERVENÇÃO COMO CUSTUS LEGIS: O Ministério Público pode intervir como custus legis no processo falimentar ou recuperacional. Na forma do artigo 82, III, do CPC, que diz que compete ao Ministério Público intervir: (...) III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. 6.2. ADMINISTRADOR JUDICIAL O administrador judicial é o principal auxiliar do juiz na condução do processo falimentar. Trata-se de pessoa na qual o ordenamento jurídico-falimentar incumbiu tarefas relevantes, razão pela qual ele é considerado funcionário público, para fins penais. Possui as seguintes características: A) Auxiliar da justiça: Art. 21/LRF (advogado, economista, contador, administrador De empresas) O administrador atuará no processo como um auxiliar de justiça, na qual cuidará da administração dos bens remanescentes da empresa e do pagamento dos credores, sempre que possível ou de acordo com o plano recuperacional. B) Interesse público: Para assegurar o bom andamento do processo, a partir do interesse público. O administrador é nomeado a fim de que se dê um bom andamento do processo, sendo este um interesse público. C) Nomeado pelo juiz: art. 52, I e art. 99, IX O administrador é nomeado pelo juiz, nas formas da Lei 11101/05, que dispõe: Artigo 52, I (Recuperação judicial): Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial e, no mesmo ato: I - nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta Lei. Artigo 99, IX (Falência): A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: IX - nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei. OBS: Quem pode ser administrador judicial: o artigo 21 dispõe que o administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Note que o artigo diz "preferencialmente", o que mostra que este rol não é taxativo. D) Atuará em caso de afastamento do gestor: Primeira providência para recuperação da empresa. O administrador judicial somente atuará em substituição do gestor da empresa. Porém, é o que quase sempre ocorre pois, geralmente, é o gestor que causou a crise da empresa. E) Remuneração: Art. 24, Caput e § 1º: Art. 24. O juiz fixará o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. § 1o Em qualquer hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na falência. F) Impedimentos: Art. 30 caput e § 1º: Art. 30. Não poderá integrar o Comitê ou exercer as funções de administrador judicial quem, nos últimos 5 (cinco) anos, no exercício do cargo de administrador judicial ou de membro do Comitê em falência ou recuperação judicial anterior, foi destituído, deixou de prestar contas dentro dos prazos legais ou teve a prestação de contas desaprovada. § 1o Ficará também impedido de integrar o Comitê ou exercer a função de administrador judicial quem tiver relação de parentesco ou afinidade até o 3o (terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente. 6.2.1 DEVERES E ATRIBUIÇÕES: Existem vários deveres e atribuições do administrador judicial. Deve-se, então, observar os dispostos a cada um dos tipos de processo. I - Na recuperação judicial e na falência: a) Enviar correspondência aos credores constantes na relação de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada ao crédito; b) Fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores interessados; c) Dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; d) Exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer informações; e) Elaborar a relação de credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei; f) Consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei; g) Requerer ao juiz convocação da assembleia geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessária sua ouvida para a tomada de decisões; h) Contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de suas funções; i) Manifestar-se nos casos previstos nesta Lei; II - Na recuperação judicial: a) Fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; b) Requerer a falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação; c) Apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor; d) Apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação, de que trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei; III - Na falência: a) Avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição os livros e documentos do falido; b) Examinar a escrituração do devedor; c) Relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; d) Receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o que nãofor assunto de interesse da massa; e) Apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei; f) Arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de arrecadação, nos termos dos artigos. 108 e 110 desta Lei; g) Avaliar os bens arrecadados; h) Contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial, para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a tarefa; i) Praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos credores; j) Requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecíveis, deterioráveis ou sujeitos a considerável desvalorização ou de conservação arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei; l) Praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; m) Remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens apenhados, penhorados ou legalmente retidos; n) Representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; o) Requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; p) Apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10º dia do mês seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique com clareza a receita e a despesa; q) Entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade; r) Prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo. 6.2.2. DESTITUIÇÃO: O administrador judicial será destituído de suas funções se: - Desobedecer à Lei: fazer o que não for permitido em lei ou deixar de fazê-lo se tiver tido chance. - Descumprimento de deveres: se o administrador deixar de cumprir qualquer um de seus deveres (os elencados no artigo 22), o juiz poderá destituí-lo. - Cometer atividade lesiva à empresa ou a terceiro. 6.2.3. AUXILIARES DO ADMINISTRADOR JUDICIAL: Em muitos casos o administrador judicial não conseguira desincumbir-se de suas tarefas sem ajuda de algumas pessoas, razão pela qual a lei permite contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas especializadas no exercício de suas funções. Remuneração do auxiliar: será retirada de dentro da remuneração do administrador. 6.3. ASSEMBLEIA DE CREDORES: Chamado por alguns autores simplesmente de assembleia de credores. Um conceito para a AGC seria um colegiado representativo das classes de credores participantes diretamente na recuperação judicial ou na falência, com atuação ativa dentro dos processos, podendo deliberar sobre aceites, rejeitar ou apresentar alterações no transcurso do conclave (na recuperação e na falência). Importante dizer que as decisões da AGC, quando versarem sobre as matérias de sua competência, são soberanas. Só se admitindo atuação do Poder Judiciário nas deliberações da AGC para simples controle de legalidade formal da reunião e para controle da legalidade material ou substancial. Vale destacar que o presidente da AGC é o Administrador Judicial, que presidirá as reuniões, mas delas não poderá tomar parte ou interferir de alguma forma. O Administrador só poderá fazer o que a AGC deliberar. 6.3.1. DISPOSIÇÕES COMUNS: As seguintes disposições acerca da AGC são tanto para os processos de recuperação quanto para os de falência. 1) Convocação: a convocação da AGC está previsto no artigo 36, da seguinte forma: A assembleia-geral de credores será convocada pelo juiz por edital publicado no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá: I. Local, data e hora da assembleia em 1ª e em 2ª convocação, não podendo esta ser realizada menos de cinco dias depois da 1ª; II. A ordem do dia; III. Local onde os credores poderão se for o caso, obter cópia do plano de recuperação judicial a ser submetido à deliberação da assembleia. 2) Convocação pelo administrador judicial: o administrador judicial pode requerer ao juiz do processo a convocação da AGC nos casos previsto na Lei 11.101 ou quando entender necessária sua ouvida para tomada de decisões (artigo 22, I, g). 3) Instalação: a convocação da AGC poderá ser feita duas vezes, respeitando o seguinte quórum para a sua instalação: - 1ª convocação: na primeira convocação, para que se instale a AGC deve-se ter, entre os presentes, representados mais da metade do total dos créditos. Exemplo: suponhamos que uma empresa tenha uma dívida de R$1.000.000,00. Na primeira convocação, os credores presentes precisam somar mais de R$ 500.000, em créditos para que esta seja instalada. Se não for o caso, deve-se fazer uma segunda convocação. - 2ª convocação: nesse caso, a soma pode ser de qualquer quantia para que a AGC se instale. 4) Valor proporcional ao crédito: quanto maior o crédito, maior o peso do voto do credor. Exemplo: um credor que possui um crédito de R$ 1.000.000,00 tem um peso de voto maior que um credor que tem um crédito de R$ 1.000,00. 5) Atividade da AGC: a AGC só será ativa quando convocada. Ou seja, sua atividade não é fixa dentro do processo. A AGC só entrará em atividade quando for chamada para as reuniões e posteriores deliberações. 6.3.2. ATRIBUIÇÕES DA AGC NA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Quanto à participação da AGC na recuperação, temos as seguintes atribuições dispostas no artigo 35, I: a) Aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; b) A constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) Este inciso foi vetado; d) O pedido de desistência do devedor, nos termos do §4º do art. 52 desta Lei; e) O nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; f) Qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores; 6.3.3. ATRIBUIÇÕES DA AGC NA FALÊNCIA: As atribuições da AGC na falência estão no inciso II do mesmo artigo: a) Vetado; b) A constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) A adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do artigo 145; d) Qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. 6.4. COMITÊ DE CREDORES: O Comitê é um órgão facultativo, criado pela AGC, que atuará como fiscalizadora no dia a dia do processo, protegendo seus interesses. De tal conceito, podemos retirar alguns pontos: a) O comitê é um órgão facultativo: como o próprio conceito diz, a AGC não precisa nomear um comitê, fazendo-o apenas se achar que existe necessidade pata tal. Apesar de ser um órgão facultativo, uma vez nomeado o comitê, este será fixo, só sendo extinto no final do processo. b) O comitê é um órgão fiscalizador: como o comitê agirá em defesa dos interesses dos credores, a sua principal função será o de fiscalizar o administrador judicial ou os trâmites processuais. c) Constituição do comitê: a constituição do comitê está previsto no artigo 26, que dispõe que o Comitê de Credores será constituído por deliberação de qualquer das classes de credores na assembleia geral e terá a seguinte composição: - 1 representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 suplentes; - 1 representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia ou privilégios especiais, com 2 suplentes; - 1 representanteindicado pela classe de credores quirografários e com privilégios gerais, com 2 suplentes. Atribuições do comitê de credores estão elencados no artigo 27/LRF I - na recuperação judicial e na falência: a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos credores; d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; e) requerer ao juiz a convocação da assembléia-geral de credores; f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei; II - na recuperação judicial: a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) dias, relatório de sua situação; b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de recuperação judicial. § 1º As decisões do Comitê, tomadas por maioria, serão consignadas em livro de atas, rubricado pelo juízo, que ficará à disposição do administrador judicial, dos credores e do devedor. § 2º Caso não seja possível a obtenção de maioria em deliberação do Comitê, o impasse será resolvido pelo administrador judicial ou, na incompatibilidade deste, pelo juiz. 7. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL: 7.1. REQUISITOS: O devedor, ao requerer o pedido de recuperação judicial ou extrajudicial, deverá estar exercendo regularmente as suas atividades há mais de 2 (dois) anos, atender aos seguintes requisitos, cumulativamente: a) não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; b) não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; c) não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial que é a Falência; d) não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos na lei falimentar. 7.2. CRÉDITOS NÃO CONTEMPLADOS: Não se aplica a recuperação extrajudicial aos titulares de créditos de natureza tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, assim como os créditos em relação aos titulares da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel, e provenientes de restituição. O plano de recuperação extrajudicial não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. 7.3. PENDÊNCIA DE PEDIDO DE RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL: O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. 7.4. DA ABRANGÊNCIA EM RELAÇÃO AOS CRÉDITOS: O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. O plano poderá abranger a totalidade de uma ou mais espécies de créditos previstos no art. 83, incisos II, IV, V, VI e VIII da Lei Falimentar - 11.101/2005, ou grupo de credores de mesma natureza e sujeito a semelhantes condições de pagamento, e, uma vez homologado, obriga a todos os credores das espécies por ele abrangidas, exclusivamente em relação aos créditos constituídos até a data do pedido de homologação. Não serão considerados para fins de apuração do percentual de 3/5 os créditos não incluídos no plano de recuperação extrajudicial, os quais não poderão ter seu valor ou condições originais de pagamento alteradas. Para fins exclusivos de apuração do percentual considera-se: a) o crédito em moeda estrangeira será convertido para moeda nacional pelo câmbio da véspera da data de assinatura do plano; e b) não serão computados os créditos detidos pelas pessoas relacionadas no art. 43 da Lei 11.101/2005 (créditos de sócios, sociedades coligadas controladas, controladoras e interligadas). Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante a aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia. Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial só poderá ser afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente previsão diversa no plano de recuperação extrajudicial. 7.5. HOMOLOGAÇÃO DO PLANO EXTRAJUDICIAL: Para a homologação do plano extrajudicial, é fundamental que o devedor apresente a sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram, bem como deverá juntar: a) exposição da situação patrimonial do devedor; b) as demonstrações contábeis relativas ao último exercício social e as levantadas especialmente para instruir o pedido confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente do balanço patrimonial, demonstração de resultados acumulados, demonstração do resultado desde o último exercício social; relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; c) os documentos que comprovem os poderes dos subscritores para novar ou transigir, relação nominal completa dos credores, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente. 7.6. TRÂMITES: O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários. A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do Código de Processo Civil. O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram. Recebido o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial previsto, o juiz ordenará a publicação de edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação nacional ou das localidades da sede e das filiais do devedor, convocando todos os credores do devedor para apresentação de suas impugnações ao plano de recuperação extrajudicial, tratadas no artigo 164 § 3º da Lei 11.101/2005. No prazo do edital, deverá o devedor comprovar o envio de carta a todos os credores sujeitos ao plano, domiciliados ou sediados no país, informando a distribuição do pedido, as condições do plano e prazo para impugnação. Os credores terão prazo de 30 (trinta) dias, contado da publicação do edital, para impugnarem o plano, juntando a prova de seu crédito. Para opor-se, em sua manifestação, à homologação do plano, os credores somente poderão alegar: I – não preenchimentodo percentual mínimo previsto de adesão dos credores: 3/5 (três quintos); II – prática de qualquer dos atos previstos no caso de Falência definidos no art. 94 inciso III e art. 130 ou descumprimento de requisito previsto na Lei Falimentar; III – descumprimento de qualquer outra exigência legal. 7.7. DA IMPUGNAÇÃO: Sendo apresentada impugnação, será aberto prazo de 5 (cinco) dias para que o devedor sobre ela se manifeste. Decorrido o prazo de 5 (cinco) dias, os autos serão conclusos imediatamente ao juiz para apreciação de eventuais impugnações e decidirá, no prazo de 5 (cinco) dias, acerca do plano de recuperação extrajudicial, homologando-o por sentença se entender que não implica prática de atos previstos no art. 130 da Lei Falimentar e que não há outras irregularidades que recomendem sua rejeição. Havendo prova de simulação de créditos ou vício de representação dos credores que subscreverem o plano, a sua homologação será indeferida. Da sentença cabe apelação sem efeito suspensivo, o que o prazo para a sua propositura é de 15 (quinze) dias, conforme está estipulado pelo Código de Processo Civil em relação aos procedimentos para a interposição de recurso. Na hipótese de não homologação do plano o devedor poderá, cumpridas as formalidades, apresentar novo pedido de homologação de plano de recuperação extrajudicial. 7.8. EFICÁCIA: O plano de recuperação extrajudicial produz efeitos após sua homologação judicial. É lícito, contudo, que o plano estabeleça a produção de efeitos anteriores à homologação, desde que exclusivamente em relação à modificação do valor ou da forma de pagamento dos credores signatários. Nesta hipótese, caso o plano seja posteriormente rejeitado pelo juiz, devolve-se aos credores signatários o direito de exigir seus créditos nas condições originais, deduzidos os valores efetivamente pagos. 7.9. ALIENAÇÃO DE FILIAIS OU UNIDADES PRODUTIVAS: Se o plano de recuperação extrajudicial homologado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado, no que couber, o disposto no artigo 142 da Lei Falimentar, em que após ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver, ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades: a) leilão, por lances orais; b) propostas fechadas; e c) pregão. 7.10. ACORDO PRIVADO: Observe-se que a elaboração de plano de recuperação extrajudicial não implica impossibilidade de realização de outras modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores. 8. RECUPERAÇÃO JUDICIAL: A Recuperação Judicial é uma Ação Judicial que serve para reorganizar a empresa e tentar superar a crise dela. A ideia é manter a fonte produtora, os empregos, a arrecadação tributária e os interesses dos credores. Visa, assim, promover a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. Mas como é feito o pedido de Recuperação Judicial? 8.1. REQUISITOS: - Exercício regular de atividades há mais de 02 anos; - Não ser falido ou já ter declaradas extintas suas responsabilidades; - Não ter obtido Recuperação Judicial em 05 anos; - Não ter obtido Recuperação Judicial nos últimos 08 anos com base em plano especial para ME e EPP; - Não ter condenação por crime falimentar; O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos; Não pode abranger os créditos constituídos após a data do pedido de homologação. 8.2. FASES DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL: ● Postulatória: - Inicia: Petição inicial; - Termina: despacho para processar o pedido; ● Deliberativa: - Inicia: verificação dos créditos; - Continua: discussão e aprovação do plano; - Termina: decisão concessiva do benefício; ● Executória: - Inicia: execução do plano; - Termina: sentença que põe fim à recuperação; 8.3. O QUE DEVE CONTER NA PETIÇÃO INICIAL: A petição inicial OBRIGATORIAMENTE (art. 51) deve conter: 1) a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira; 2) as demonstrações contábeis dos 03 últimos exercícios e as levantadas especialmente para instruir o pedido: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção; 3) a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente; 4) a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento; 5) certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores; 6) a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos administradores do devedor; 7) os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras; 8) certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial; 9) a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados. 8.3. O QUE DEVE ESTAR JUNTO AO PEDIDO: O que deve estar junto ao pedido Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares, na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo, do administrador judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer interessado. Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica. O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que se referem os §§ 1o e 2º deste artigo ou de cópia destes. Créditos sujeitos à recuperação judicial 8.4. CRÉDITOS SUJEITOS À RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. As obrigações anteriores à recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar estabelecido no plano de recuperação judicial. Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva Nesta hipótese, não se admite, durante o prazo de suspensão prescricional relativa à decretação da falência ou o deferimento doprocessamento da recuperação judicial, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial. Não se sujeitará aos efeitos da recuperação judicial a importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente. Tratando-se de crédito garantido por penhor sobre títulos de crédito, direitos creditórios, aplicações financeiras ou valores mobiliários, poderão ser substituídas ou renovadas as garantias liquidadas ou vencidas durante a recuperação judicial e, enquanto não renovadas ou substituídas, o valor eventualmente recebido em pagamento das garantias permanecerá em conta vinculada durante o período de suspensão do prazo prescricional em relação a decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial. 8.5. CRÉDITOS CONTRAÍDOS DURANTE A RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e contratos de mútuo, serão considerados extra concursais, em caso de decretação de falência. 8.5.1. CRÉDITOS QUIROGRAFÁRIOS: Os créditos quirografários sujeitos à recuperação judicial pertencentes a fornecedores de bens ou serviços que continuarem a provê-los normalmente após o pedido de recuperação judicial terão privilégio geral de recebimento em caso de decretação de falência, no limite do valor dos bens ou serviços fornecidos durante o período da recuperação. 8.5.2. PARCELAMENTO DOS CRÉDITOS: As Fazendas Públicas e o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS poderão deferir, nos termos da legislação específica, parcelamento de seus créditos, em sede de recuperação judicial, de acordo com os parâmetros estabelecidos na Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. 8.5.3. NOVAÇÃO DE CRÉDITOS: O plano de recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido, e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das garantias, observado que na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva garantia.
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