Buscar

Filosofia Geral - Resenha O Quarto de Jack

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Faculdade Nacional de Direito – Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Resenha: O Quarto de Jack (2015) 
Professora: Carolina Duarte Zambonato – Filosofia Geral 
Ingrid Caroline Grandini Rodrigues 
 
 
O Quarto de Jack 
Antes de iniciar a resenha do filme, a qual é a finalidade desse trabalho, façamos uma 
síntese sobre o Mito, ou Alegoria, da Caverna de Platão. 
O mito em questão é uma passagem do livro “A Republica” do filósofo grego, Platão. Por 
muitos é considerada muito mais uma alegoria do que um mito, pelo fato de poder representar 
metaforicamente diversas situações do nosso dia-a-dia de descobertas. É através dessa 
metáfora que é possível conhecer uma das mais importantes teorias platônicas: Como é 
possível, através do conhecimento, captar a existência do mundo sensível (conhecimento 
adquirido através dos sentidos) e o mundo inteligível (conhecimento adquirido unicamente 
pela razão). O Mito é sobre prisioneiros que estão nessa situação desde o momento do 
nascimento. 
Essas pessoas estão presas por correntes dentro de uma caverna voltada para o fundo da 
mesma que é iluminado pela luz gerada por uma fogueira. Com isso, nessa parede, são 
projetadas sombras representando pessoas, animais, plantas e objetos, mostrando aos 
prisioneiros cenas corriqueiras do dia-a-dia. Resta aos prisioneiros que deem nomes às 
imagens vistas, analise e julgue as situações. 
Supondo que um dos prisioneiros fosse forçado a sair das correntes para explorar o interior 
da caverna e ir além atingindo o mundo externo. Ao entrar em contato com a realidade, 
tomaria conta de que a vida toda passou analisando apenas projeções . Ao entrar em contato 
com o mundo real ficaria encantado com os seres em seu estado natural, sem distorções ou 
penumbras. Ao retornar a caverna e contar a experiência para os demais prisioneiros seria 
ridicularizado, pois as pessoas do interior da caverna só são capazes de crer naquilo que vêm. 
 
É exatamente isso que acontece no filme “O Quarto de Jack”, drama canadense –irlandês 
de 2015, dirigido por Lenny Abrahamson e com roteiro de Emma Donoghue, baseado no livro 
homônimo . Devido sua genialidade o filme foi indicado a diversos prêmios de diversos 
festivais, entre eles o Oscar 2016. 
O filme inicia com duas pessoas em um quarto, mãe e filho, Joy e Jack. Durante o começo 
do filme nada passa de uma mostra de cotidiano de mãe e filho em um quarto. A data em que 
a história começa a ser passada para o espectador é o dia do aniversário de cinco anos do 
jovem Jack. Após alguns minutos podemos perceber que aquilo não é simplesmente um 
quarto de uma casa qualquer, é um galpão, um cativeiro, sem janelas (apenas com uma 
claraboia no telhado voltada para o céu) e com apenas uma porta, a qual é necessário uma 
senha para o destrave (obviamente apenas o sequestrador possui tal senha). A verdade é que o 
livro, no qual o filme foi inspirado, também tem certa inspiração, porém em uma história real 
conhecida como “O monstro de Amstetten”. 
Sucintamente, a austríaca Elizabeth Fritzl viveu presa em um porão durante 24 anos. O seu 
sequestrador foi seu próprio pai, que a estuprava frequentemente e com quem teve 7 filhos. 
Diferente de Elizabeth, Joy não foi sequestrada por seu pai, e sim por um qualquer que, 
quando a garota tinha 17 anos, simulou que estava com um cachorro doente e pediu ajuda da 
moça. 
Voltando ao dia do aniversário de Jack, no fim daquela noite, Joy o coloca para dormir 
dentre de um armário. Nesse momento do filme, o sequestrador, denominado pela mãe e pelo 
filho de “velho Nick” (ninguém sabe o nome verdadeiro do rapaz), adentra o galpão e 
conversa sobre algumas coisas com a mãe de Jack. Em seguida ele se despe, e fica nítido o 
motivo pelo qual Joy coloca o menino para dormir no armário, ela não quer que ele veja Nick 
a estuprando. Nesse momento do filme já é perceptível que Jack é fruto de um dos estupros 
que Joy sofreu durante todos esses anos de sequestro. Já havia se passado sete anos do 
sequestro de Joy, e ela priva o filho de todas as formas possível a ter um contato com o 
sequestrador. 
Jack não conhece o mundo real, ele vive desde o nascimento preso naquele galpão que 
podemos relacionar com a caverna da Alegoria de Platão. O menino não acredita que existam 
coisas fora daquele espaço. Para ele é simples pensar que o mar não pode existir, não pode ser 
real, porque ele simplesmente não cabe naquele espaço que ele vive. As árvores não cabem 
naquele espaço. O menino crê que tudo aquilo que ele vê na televisão é inventado. Inclusive 
as pessoas. O que existe de verdade são apenas ele, a mãe e o velho Nick. 
No momento em que a mãe de Jack começa a contar para ele que ela nem sempre morou 
naquele quarto, e que existiam coisas do outro lado da parede o menino se revolta pois não 
consegue acreditar que tudo que ele acreditou que era imaginação poderia ser real, não 
conseguia crer na existência de um mundo fora daquele quarto, como se qualquer coisa que 
tivesse fora do quarto estivesse perdido diretamente no espaço sideral. Ela explica para o 
menino que as coisas que passam na televisão realmente existem, e que a comida que eles 
comem não aparece por pura e simples mágica, com exceção de “Dora, a aventureira” – 
desenho preferido do menino – que realmente não existe, e é apenas um desenho. 
 
“Você ‘tá’ me enganando! Mentirosa da língua cor-de-rosa! (...) Essa história 
é chata! O quarto não é fedido! Eu não acredito no seu mundo fedido” – diz 
Jack com raiva. 
 
Joy, então começa a criar meios de sair daquele lugar e apresentar ao Jack o mundo fora do 
quarto. Uma das tentativas foi fingir que o menino estava doente para , dessa forma, tirá-lo do 
quarto. Sem sucesso, ela opta por enrolar o garoto em um tapete e fingir a morte dele, pedindo 
para que Nick levasse o “defunto” para longe daquele lugar. Ao som de “Ficar. Rolar. Pular. 
Correr. Alguém.” Jack sai do quarto, atrás de ajuda. Ao se desenrolar do tapete, encontra o 
céu e as nuvens, e fica hipnotizado com o que vê. 
O menino então consegue escapar da caminhonete de Nick e pedir ajuda para um rapaz 
que passeia com um cachorro. Nesse instante a polícia é acionada e começam a ajudar o 
menino a falar. Ele sente muita dificuldade na comunicação com outra pessoa, pois para ele, 
até aquele momento, só existiam ele, a mãe e o Nick, o resto era tudo criação da televisão. 
Com apenas algumas informações os oficiais conseguem localizar o cativeiro onde está Joy, e 
a libertam. Desse momento em diante, Jack começa a descobrir o mundo que não conhecia. 
Cada objeto observado é único, é sua primeira experiência com o mundo real. 
Ao mesmo tempo que “O quarto de Jack” conta a história de cativeiro e liberdade, destaca 
o triunfante poder do amor familiar apesar das piores circunstâncias.É impressionante como 
Lenny Abrahamson conseguiu trabalhar o assunto. As lagrimas do espectador vem 
naturalmente cena pós cena, principalmente na cena de reencontro dos dois após Jack ter 
saído do cativeiro.

Continue navegando