Buscar

007. Termo Direito Internacional I

Prévia do material em texto

DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 1 
 
Prof. Flademir Jeronimo Belinati Martins 
E-mail: flademirjeronimo@toledoprudente.edu.br 
 
 BIBLIOGRAFIA 
 Curso Direito Internacional Público – Florisbal de Souza Del`Ohio – Forense; 
 Curso de Direito Internacional Público – Valério de Oliveira Mazzioli – RT; 
 Direito Internacional Público – Francisco Rezek – Saraiva; e 
Curso de Direito internacional Público – Alberto Amaral Júnior – Atlas. 
Curso de direito Internacional Público e Privado – Portela. 
 
02/02/2015 
 
AS VÁRIAS DENOMINAÇÕES DA MATÉRIA DE DIREITO INTERNACIONAL (TAMBÉM 
DIREITOS HUMANOS) 
A palavra “internacional” tem origem em “nação”. Há diferenças do inglês para as 
línguas latinas. A expressão nação não é sinônima da palavra “Estado”. Nos dias atuais, há uma 
crise do Estado-Nação, com o Estado-Comunitário e outros tipos. 
 
 DIREITO INTERNACIONAL-PÚBLICO 
Há outros ramos do direito, como de Integração, que vigora no MERCOSUL e o Direito 
Comunitário, responsável pela União Europeia, sendo este supranacional. 
Diferenças são importantes, entre um Direito da Comunidade ou Comunitário, que 
busca congregar os participantes que já possuem um laço dentro da Teoria da Integração, 
enquanto que o outro (Direito de Integração) visa buscar justamente a integração, que é o 
caso do MERCOSUL. 
Há ainda um chamado de direito internacional privado ou de particulares e outros 
defendem um direito internacional comercial, bem como direito marítimo, este com a 
presença do juiz brasileiro, Marota Rangel. 
Há alguns que dizem que não há direito internacional privado, mas um direito 
internacional particular, o que nos parece mesmo mais apropriado. 
 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 2 
 
 HÁ MUITAS DIVISÕES DO DIREITO INTERNACIONAL NO TOCANTE AO OBJETO OU 
FINALIDADE. 
Neste caso, podemos abordar uma divisão de Direito da GUERRA e PAZ – clássica, 
como a obra de Leon Tolstoi. 
Atualmente apesar dos conflitos na Faixa da Gaza, África, Iraque e Afeganistão, a 
guerra não é aceita como algo inevitável e também não pode ser aceita como normalidade. A 
paz é a regra, a guerra, uma exceção. 
 
o Quanto à abrangência: 
Direito Internacional Público Geral 
Direito Internacional Particular 
Direito Comunitário (União Europeia) 
Direito de (ou à) Integração (MERCOSUL) 
 
o Ramos ou sub-ramos chamados antigos: 
Direito da Guerra e da Neutralidade 
Direito do Mar 
Direito Aéreo 
Direito Diplomático e Consular 
Direito dos Tratados 
 
o Ramos Novos: 
Direito Internacional do Espaço Extra-Atmosférico 
Direito Internacional da Proteção dos Direitos do Homem ou Direitos Humanos 
Direito Internacional da Economia e do Desenvolvimento 
Direito Administrativo Internacional 
Direito das Organizações Internacionais 
Direito da Cooperação Científica e Técnica Internacional 
Direito Internacional do Meio Ambiente 
Direito Comercial (ou do Comércio) Internacional 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 3 
 
 
 CAMPOS DE ESTUDO OU ABRANGÊNCIA 
Direito dos Tratados (Convenção de Viena) 
Direito do Comércio Internacional (Organização Mundial do Comércio). 
Direito das Organizações Internacionais (ONU e OEA). 
Direito Ambiental Internacional (Protocolo de Kyoto) 
Direitos Humanos (Declaração da ONU e os Pactos dos Direitos Civis), Direitos 
dos Refugiados (Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951). 
Direito Humanitário Internacional ou dos Conflitos Armados, que são de três 
tipos1, com as Leis de Genebra (1949) que protegem as populações no caso de guerras; as Leis 
de Haia, que regem as condutas dos militares envolvidos nos conflitos e as Regras de Nova 
York, que cuidam das lutas de libertação e os limites à determinados tipos de armas, como foi 
o caso da Sírio, em 2013. 
Direito Espacial (Convenção Para a Unificação de Certas Regras Relativas ao 
Transporte Aéreo Internacional: Convenção de Montreal de 1999) 
Direito Penal Internacional (TPI, em Haia – Estatuto de Roma) 
Direito Processual Internacional (Lex Fori) 
Direito. Internacional do Trabalho (OIT) 
Direito Internacional do Mar2 
SINONÍMIAS E DEFINIÇÃO 
 
1 O tipo inicial chamado Direito de Genebra, tem quatro Convenções de Genebra, elaboradas em 1949, que visão a proteção das 
vítimas dos conflitos armados, bem como dois Protocolos Adicionais, datados de 1977. Os seis instrumentos de 600 artigos 
codificando as normas de proteção do ser humano em caso guerra. Os textos de Genebra têm como o único objetivo de proteção das 
vítimas: tanto os militares fora de combate, bem como os civis que não participem nas operações militares. 
O segundo regramento é denominado o Direito de Haia, que é o que a doutrina chama de “Direito de Guerra”, ou seja, pelos 
princípios que estabelecem limites e regem a conduta das operações militares. São direitos e deveres dos militares participantes na 
conduta das operações militares e limita os meios de ferir o inimigo. São regras que têm como finalidade a necessidade de ter em 
conta necessidades militares das partes em combate, nunca deixando de lado, porém, os princípios de humanidade, que nem sempre 
são respeitados. A maior parte das suas regras está nas Convenções de Haia de 1899 (revistas em 1907), mas igualmente em 
algumas regras do Protocolo I Adicional às Convenções de Genebra de 12 de Agosto de 1949. 
O terceiro tipo de regras, chamadas de Nova York, por sua vez, estão ligadas à proteção dos direitos humanos em período de 
guerras e conflitos bélicos. São chamadas Regras Nova Iorque por terem na sua base a atividade desenvolvida pelas Nações 
Unidas no âmbito do direito humanitário. Marco importante é 1968, quando a Assembleia Geral da ONU, adotou a Resolução 2444 
(XXIII), com o título "Respeito dos direitos humanos em período de conflito armado". É um marco de mudança de atitude da ONU, 
no Direito humanitário. Desde 1945, a organização não fez nada sobre o tema, com a justificativa de falta de confiança na própria 
organização enquanto garantidora da paz, Todavia, resta provado que desde 1968, o assunto ganhou interesse das Nações Unidas, 
que se preocupa com os assuntos relativos às guerras de libertação nacional, e à interdição ou limitação da utilização de certas 
armas clássicas. 
2 Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar foi adotada em Montego Bay, Jamaica, na data de 30 de abril de 1982, por 
uma votação de 130 votos a favor e quatro contra (Estados Unidos, Israel, Turquia e Venezuela) e 17 abstenções, entre os quais 
figuraram as do Reino Unido, República Federal da Alemanha, Itália, União Soviética e outros países da Europa. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 4 
 
Direito das Gentes é citado como precursor, embora fosse utilizado pela primeira vez 
como Direito Internacional, por Bentham, em 1790. Havia um direito romano chamado “jus 
fetiale”, que depois passou a se chamar “jus gentium”, que valia para os povos 
conquistados. 
O “jus gentium” romano, constante de dispositivos sobre os tratados e declarações de 
guerra e a convivência entre o romano (cidadão) e os estrangeiros (bárbaros), que inicialmente 
foram conquistados e depois viraram aliados. Era, sobretudo, um direito interno. Era uma 
noção mais ampla que o DIP, pois além das normas aplicadas às relações internacionais, ela 
possuía norma de direito privado. Como revela Mariângela Ariosa, o “jus fetiale” mantinha 
certo caráter religioso e jurídico nas relações com outras nações. Não era um Direito 
Internacional realmente já que foi elaborado dentro de Roma e não pela sociedade 
internacional3 
Direitodos Povos e Direito Internacional Público. Tradicionalmente, é aquele direito 
capaz de regular as relações interestatais. Um complexo de normas que regulam a conduta 
recíproca dos Estados, sujeitos de direito internacional4. 
Modernamente, a concepção tradicional deve ser afastada, pois o Direito Internacional 
não mais se circunscreve às relações entre os Estados, exclusivamente5. 
AS FORMAS DE INTERPRETAR O DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
Visão Clássica: Que reconhece apenas inicialmente apenas os Estados. Depois, num 
segundo momento, os Estados e as Organizações como entes de direito internacional público. 
Visão Marxista: Vê as forças econômicas da classe dominante, influenciando o tipo de 
Direito que se tem. 
Visão Atual: é um conjunto de regras e princípios que disciplinam tanto as relações 
jurídicas dos Estados entre si, bem como as relações destes e outras entidades internacionais, 
como a ONU e OEA e também a relação com os indivíduos. 
Thomas Buergenthal explica o alcance bastante amplo: ”ocupa-se da conduta dos 
Estados e dos organismos internacionais e de suas relações entre si, assim como de algumas 
de suas relações com as pessoas naturais ou jurídicas”. 
Veja os casos da Bolívia com a Petrobrás e do Equador com a empreiteira brasileira 
Camargo Correa. 
Por uma visão crítica: Trata-se ainda de um direito primitivo e pode se perceber que o 
que está posto não é o melhor, às influências que direcionam para rumos diferentes e quais as 
perspectivas ou como colaborar para as mudanças positivas. 
 
3
 ARIOSI, Mariângela. Conflitos entre tratados internacionais e leis internas: o judiciário brasileiro e a 
nova ordem internacional”, Rio: Renovar, 2000, p.42-43. 
4
 Kelsen, Hans. Teoria pura do direito, 6.ed, Coimbra: Armênio Amado, 1984, p. 427. 
5
 Mazzuoli, Valério de Oliveira. Direitos humanos & relações internacionais, 1. ed. Campinas: Aga Júris, 
2000, p.33. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 5 
 
 
NOÇÃO HISTÓRICA 
 Introdução 
As mudanças não são bruscas, pois é um direito pouco evoluído, também chamado de 
primitivo, por isso mesmo há uma contradição. 
É um dos ramos do direito que tem mais evoluído, buscando sanções e a criação de 
tribunais, embora esbarre na soberania e nos vetos do Conselho de Segurança da ONU. 
Diz-se que até os fins século XIX ele era bidimensional, pois versava basicamente sobre 
a terra e o mar, tornando-se tridimensional a partir do início do século XX. 
 Os períodos da história (HILDEBRANDO ACCIOLLY) 
 
o 1º Período: ANTIGUIDADE ATÉ O CONGRESSO DE WESTFÁLIA 
Até a Idade Média, havia reinos, ducados, principados e condados e não existiam os 
Estados-nacionais, que nascem com a Paz de Westfália. 
Realidades históricas: Três “forças” ou “poderes” que se opunham: Roma e seu 
Império (Advento do Cristianismo, depois de Constantino); Hegemonia Papal, desde a divisão 
dos Impérios de Constantinopla e Roma e ainda as Reformas de Jean Calvino e Martinho 
Lutero; Fim do modelo feudal, por meio de uma unificação do reino e concentração do poder 
absoluto (pedagium – imposto do pé) e o poder da burguesia. 
Desenvolvimento do Comércio Marítimo e Leis e Costumes Marítimos (regras de um 
tipo de D.I.): 
a) As Leis de Rhodes século VII; 
b) Consolato del Mare – Elaborado em Barcelona - meados do séc. XIV; 
c) Liga das Cidades Comerciais para a proteção do Comércio e dos cidadãos – Liga 
Hanseática. 
SURGIMENTO DO DIP COMO CIÊNCIA com Francisco de Vitória (1480-1546) 
CONGRESSO E O TRATADO DE WESTFÁLIA, assinado em 24/10/1648 – Foi um tratado 
de Paz, que colocou fim à “Guerra dos 30 anos” (1618-1648). 
Hugo Grotius participou do Congresso representando o rei da Suécia. 
Consequências: 
1) Princípio do Equilíbrio Europeu (na busca de uma solução pacífica, 
pela primeira vez, os Estados europeus reuniram-se para 
deliberar); 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 6 
 
2) Princípio da Igualdade Jurídica dos Estados, que nasceu em 1648, 
mas foi repetido na Organização das Nações Unidas. Artigo 2, 
inciso 1 da CONU, diz: “A Organização é baseada no princípio da 
igualdade soberana de todos os seus membros.”; 
3) Primeiros Ensaios de uma Regulamentação Internacional positiva; 
4) O Tratado acolheu muitos dos ensinamentos de Hugo Grócio, 
surgindo daí o DIREITO INTERNACIONAL tal como se conhece hoje. 
Marca o fim de um período e o início de outro. 
SURGIMENTO DO DIP COMO CIÊNCIA AUTONÔMA quando HUGO GROTIUS escreve 
Maré Liberum. Tratado de Westfália e a obra Do Direito da Guerra e da Paz, de Grotius. Triunfa 
a Soberania e o Princípio da Igualdade Jurídica entre os Estados. O DIP começa a se 
desenvolver rapidamente. 
Em suma: O Direito Internacional público sempre existiu, pois desde que a 
humanidade habita a face da terra ela guerrilha e estabelece varias espécies de 
relações outras comunidades. 
No entanto, somente com o Tratado de Westfália é que o Direito Internacional se 
estrutura enquanto um ramo do direito. Com base nesta sistematização, o tratado de 
Westfália pôs fim a Guerra dos 30 anos, que ocorreu entre a Inglaterra e a França 
consolidando a ideia fundamental do Direito Internacional Público que é o da 
Igualdade Inerente dos Estados. 
Quando reconhecemos um Estado, há reconhecimento da sua soberania e isto 
implica no seu reconhecimento pelos demais Estados anteriormente reconhecidos. 
 
o 2º Período: DO CONGRESSO DE WESTFÁLIA AO CONGRESSO DE VIENA (1815) 
Século XV e XVI: Os Descobrimentos (Portugal e Espanha). 
Já havia na Europa alguns Estados independentes. 
Pais do D.I.: 
FRANCISCO DE VITÓRIA (1480-1456) 
Fundador da Ciência do Direito Internacional Público. Professor de teologia em 
Salamanca (2° ou 3° universidade da Europa em antiguidade). Há o “Jus inter gentes”: é regido 
por um direito natural acima da vontade individual dos Estados independentes. 
Outros: Domingo Soto, Fernando Vazques Menchaca e Baltazar de Ayala. 
FRANCISCO SUÁREZ 
Clérigo jesuíta nascido na cidade espanhola de Granada – Lecionou em Coimbra (1549-
1617) – Conceito de uma Comunidade Universal Supra-Estadual. 
HUGO GRÓCIO (1583-1645) 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 7 
 
Foi o fundador e sistematizador do Direito Internacional (o caso de Gentille). Jurista, 
Filósofo, Teólogo, Músico, Poeta, Historiador. 
OBRAS: Mare Liberum (1609) parte da obra DE JURE PREADAE - 22 anos. Companhia 
Holandesa das Índias Orientais. 
Obra prima: DE JURE BELLI AC PACIS – 1625, onde o autor sistematizou o Direito 
Internacional na sua visão daquele momento. 
Para alguns autores como G.I. Tunkin: “Somente Hugo Grócio tornou o DI numa ciência 
jurídica independente, separando-a da religião e da filosofia [...] Ele emancipou o DI da 
doutrina puramente teológica”. 
Outros grandes nomes foram: Richard Zouch, Samuel Puffendorf, John Selden e ainda 
o português Serafim de Freitas, que escreveu “De Justo Império Lusitanorum Asiático”, sobre 
as possessões lusitanas em Goa, Diu e Damão, nas Índias e ainda Macau, na China. 
No século XVIII – Surgem grandes nomes do internacionalismo, como: Corneliu van 
Bynkershoek, Christian de Wolff, J.J. Burlamaqui, Emerich Vatel, G.F. von Martens. 
Fim desse século trouxe a Revolução Francesa e o 2° Congresso Europeu, além das 
repercussões da independência dos Estados Unidos da América do Norte da Inglaterra, com a 
Guerra de Independência. 
CONGRESSO DE VIENA (1815) 
Não se limitou apenas a consagrar a queda do ditador francês nascido na Córsega 
Napoleão Bonaparte, mas coube também estabelecer uma nova ordem política no “Velho 
Mundo”. 
Teve um espíritoconservador, mas as mudanças foram decorrentes de lutas e 
determinações, entre as quais de afundar navios negreiros. 
As principais consequências: 
1) Princípio da Proibição do Tráfico de Escravos; 
2) Princípio da Liberdade de Navegação em certos rios internacionais (Reno, Mosa, 
Escalda, etc.); 
3) Neutralidade Perpétua da Suíça; e 
4) Surgimento da Doutrina Monroe. 
Doutrina Monroe – James Monroe enviou uma mensagem em 02/12/1823 ao 
Congresso dos EUA. 
1°) O Continente Americano não pode ser sujeito no futuro à ocupação por parte de 
nenhuma potência europeia; 
2°) É inadmissível a intervenção de potências europeias nos negócios internos ou 
externos de qualquer país americano; 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 8 
 
3°) Os EUA não intervirão nos negócios pertinentes a qualquer país da Europa e não 
permitira que nenhum europeu procedesse da mesma forma. 
Síntese: A AMÉRICA PARA OS AMERICANOS! 
4°) Classificação para os Agentes Diplomáticos. 
Em suma: O Congresso de Viena pôs fim as chamadas Guerras Napoleônicas, onde 
a França guerreava principalmente contra Inglaterra, Rússia e Portugal, caso que 
influencia diretamente na história de colonização do Brasil visto que tal fato 
influenciou a família real a fugir para o Brasil. 
Considera-se que a partir deste Tratado de paz temos uma segunda fase da 
evolução do direito industrial, por conta das mudanças econômicas, políticas e 
sociais. Inicia-se neste período a Revolução Industrial. 
 
o 3° Período: DO CONGRESSO DE VIENA À PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914) 
Em meados do Século XIX, houveram fatos favoráveis ao progresso do Direito 
Internacional Público: 
CONGRESSO DE PARIS realizado em 1856, que estabeleceu algumas normas relativas à 
Guerra no Mar – Aboliu o corso, ou seja, não eram mais permitidos os corsários, um tipo de 
piratas que tinham a proteção do rei. 
Todavia, a doutrina aponta que no período foram três os principais eventos: criação da 
Cruz Vermelha, criação da Liga das Nações e a Declaração de Genebra, que estabeleceu regras 
de guerra. 
1° CONVENÇÃO DA CRUZ VERMELHA (1864): Decidiu sobre o destino dos prisioneiros 
militares feridos na guerra terrestre. (COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA E O 
MUÇULMANO CRESCENTE VERMELHO). 
DECLARAÇÃO DE GENEBRA DE 1868 contra o uso de projéteis explosivos e inflamáveis 
e contra o uso de drogas asfixiantes, como gazes. 
O terceiro ponto mais importante é a CRIAÇÃO DA LIGA DAS NAÇÕES. Mas, há outros 
pontos importantes: 
1° Conferência Internacional dos Países Americanos (Washington, outubro de 
1899 a abril de 1890); 
1° Conferência de Paz de Haia em 1899; 
Criação da “Corte Permanente de Arbitragem de Haia”, ainda hoje existente, 
mas com muitas mudanças, continuando a julgar Estados. Não é propriamente uma Corte, 
visando à solução pacífica dos Litígios Internacionais. Seus julgados foram citados pela CPJI E 
CIJ. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 9 
 
CONGRESSO DE VIENA de 1814/1815 
 Consagrou a queda de Napoleão Bonaparte; 
 Estabeleceu a liberdade de navegação em rios europeus; 
 Criou uma classificação para os agentes diplomáticos: embaixador e os 
cônsules; e 
 Traçou as primeiras linhas para a proibição ao tráfico negreiro, 
incluindo o afundamento de navios. 
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX 
 Congresso de Paris em 1856; 
 Congresso de Berlim em 1878; e 
 1° Conferência da Paz em Haia em 1899. 
O BRASIL NO SÉCULO XIX 
Pequena contribuição na Teoria. Há relatórios do Ministério dos Negócios Estrangeiros 
do Brasil-Império sob questões, especialmente com os vizinhos e outras sobre os portos; notas 
e ofícios de seus funcionários; algumas pretensões quanto à navegação do Amazonas, mas o 
Brasil soube usar as regras para ganhar disputas com os vizinhos, como a questão do Acre com 
a Bolívia. 
o 4° Período: O D.I. NO SÉCULO XX-XXI 
 Da 1° Guerra Mundial até a criação da ONU 
 Da criação da ONU até os dias atuais 
O D.I. no século XX atingiu seu pleno desenvolvimento. 
Criação do Instituto de Direito Internacional. 
As Conferências Internacionais Americanas (México – 1901 – 1902; Rio de Janeiro – 
1906; Buenos Aires – 1910; Santiago do Chile – 1923; Havana – 1928; entre outras). 
1907 – Segunda Conferência de Paz de Haia – 44 países inclusive da América do Sul. 
Conferência Naval de Londres (Dezembro de 1908 a fevereiro de 1909) 
Conferência de Paz de Paris (1919) 
Criação da Liga das Nações (ou Sociedade das Nações) 
Criação da Corte Permanente de Justiça Internacional 
Pacto Briand-Kellog de proscrição da Guerra. Criação da Corte Permanente de Justiça 
Internacional Pacto Briand-Kellog de proscrição da Guerra. 1° Conferência para a Codificação 
do DI (HAIA) – 1930. 
1° Conferência para a Codificação do DI (HAIA) – 1930. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 10 
 
Criação da ONU e de inúmeras Organizações Internacionais – Carta de São Francisco de 
26/6/1946. Finalidade: Busca da paz e segurança internacionais. 
Registro Especial: A Conferência de Breton Woods (Banco Mundial, Fundo Monetário 
Internacional e outros) 
Criação da Comissão de Direito Internacional – C.D.I. (1947) 
Resultados - Salto no DI, com os seguintes tratados: 
Convenção de Genebra sobre o Direito do Mar de 1961. 
E ainda as Convenções: 
1961 – Relações Diplomáticas 
1963 – Relações Consulares 
1969 – Direito dos Tratados (universal) 
1975 – Representação dos estados com as OI de caráter universal 
1982 – Convenção da ONU sobre o Direito do Mar de Montego Bay 
1983 – Sucessão dos Estados em Matéria de Tratados 
1985 – Direito dos Tratados entre Estados e OI ou entre OI X OI. 
Após Segunda Guerra: Além do Tridimensional. Espaço ultraterrestre, lua e corpos 
celestes. 
 DIP NO SÉCULO XX: CRISE E APOGEU E NOVA CRISE NO SÉCULO XXI 
o As Conferências Internacionais das Américas 
o As Conferências Internacionais da Cruz Vermelha Internacional e Crescente 
Vermelho Internacional 
o Segunda Conferência da Paz em Haia – 1907 
o Cria-se a Liga das Nações antes da Primeira Guerra e a Corte Permanente de 
Justiça Internacional 
o Cria-se a Academia de Direito Internacional em Haia 
o 1° Conferência para Codificação Progressiva do Direito Internacional em Haia, 
1950. 
Segunda Guerra Mundial: começa com a invasão da Polônia, mas as atrocidades contra 
os judeus, ciganos e outras minorias éticas e políticas, que eram apenas no território alemão, 
ampliam-se para Europa, África e Ásia. A barbaria marca um grave prejuízo ao DIP 
o Cria-se a Organização das Nações Unidas e a CIJ 
o Com a “Guerra Fria” (Imperialismo dos EUA vs. Comunismo da URSS e depois 
da China, com a ameaça de Guerra Nuclear – Crise dos Mísseis em Cuba), o DIP 
deixa de ser tridimensional e passa a ser multidimensional. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 11 
 
o Conferências do Meio Ambiente em 1972, 1992 e 2002. 
o Criam-se as Organizações Regionais 
 
o Surge o Sistema Interamericano: 
 1945: Conferência Interamericana sobre Problemas de Guerra e paz, 
México; 
 1947: tratado Interamericano para Manutenção de Paz e de 
Segurança, Petrópolis; e 
 1948: Carta da OEA, Bogotá. 
 
 SÉCULO XXI 
Embora o DIP entre no novo século em crise, devido a intervenções ilegitimadas, fatos 
importantes acontecem: 
o Cria-se a Corte Penal Internacional (Tratado de Roma); 
o A ONU discute uma reforma no Conselho de Segurança e a OMC ganha 
destaque; e 
o Novos assuntos ganham tratados e surgem novos tipos, como proteção do 
meio-ambiente. 
Em suma: Neste período vários países Europeus se unem para formar as Liga das 
Nações,que após a 2° Guerra Mundial se transformou na ONU. 
CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL 
As características são próprias em diferentes fases da história. Devido às diferenças 
culturais, étnicas, geográficas e religiosas das pessoas que a constitui, a sociedade 
internacional tem muito de heterogeneidade na sua homogeneidade6. Vista como uma 
sociedade de seres humanos, ela é universal (abrange todas as pessoas), paritária (igualdade 
jurídica chamada de isonomia), descentralizada (conta com relativa soberania dos sujeitos, 
embora haja questão do veto do Conselho de Segurança) interestatal (na sua composição) e 
principalmente aberta, pois possibilita a aceitação de outros membros. A partir disso, busca-se 
uma ordem jurídica para essa sociedade. 
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
Tradicionalmente os sujeitos de Direito Internacional Público, são aqueles que 
possuem capacidade e competência para celebrar tratados. Na nossa antiguidade, somente 
os Estados eram passiveis de celebrar tratados. Ao tempo entre a 1° e 2° Guerra Mundial a 
Santa Sé passa a ter personalidade jurídica passando a poder celebrar tratados também. Com 
o fim da 2° Guerra Mundial, 51 países criam a ONU, incluindo o Brasil, que é membro 
fundador, com sua criação temos a primeira organização internacional intergovernamental. 
Atualmente a ONU tem quase 200 países membros. 
 
6
 Del’Olmo, Florisbal de Souza. Curso de Direito Internacional Público, Rio: Forense, 2006, p.3 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 12 
 
Assim, a partir da criação da ONU também passaram a ser sujeitos de direito 
internacional público as organizações internacionais intergovernamentais. 
Atualmente temos ainda a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a OMC 
(Organização Mundial do Comercio), OMS (Organização Mundial da Saúde), UNESCO 
(Organização das Nações Unidas para a Cultura) além de uma série de outras agencias 
especializadas. 
Neste sentido, houve uma proliferação destas organizações internacionais e todas elas 
podem celebrar tratados. 
Além disso, a doutrina diz que pela importância histórica que possui e pelos serviços 
prestados, também são sujeitos de direito internacional público a Cruz Vermelha Internacional 
e a Ordem de Malta que possui a mesma função da Cruz Vermelha. 
Por fim a doutrina ainda atribui a condição de sujeito de direito internacional publico 
aos Insurgentes e Beligerantes. 
Insurgentes são aqueles que insurgem ao poder constituído, ou seja, temos um 
Estado constituído, reconhecido internacionalmente onde há um processo revolucionário, com 
parte da comunidade se insurgindo contra o Estado constituído, neste sentido, os guerrilheiros 
da FARC, são considerados insurgentes. 
Os Beligerantes são aqueles que estão em guerra, em outras palavras, vamos 
imaginar que em determina região do globo temos dois grupos guerriando entre si, veja que 
não temos dois grupos guerriando contra o Estado constituído, mas sim um contra o outro. 
O fundamento fático para que a doutrina considere os Insurgentes ou Beligerantes 
como sujeitos de direito internacional público é que se não se admitir personalidade jurídica 
para estes grupos não há como eles celebrarem um tratado de paz. 
Em conclusão, só pode ser sujeito de direito internacional público quem possui 
personalidade jurídica de DIP. 
As pessoas físicas, não possuem personalidade jurídica de direito internacional 
público. 
Em um sentido mais amplo, as PESSOAS são sujeitos de direito internacional público 
limitado, pois embora não possam celebrar tratados eles são destinatários da proteção 
internacional dos direitos humanos. 
Outra controvérsia é que hoje em âmbito internacional temos grandes organizações 
não governamentais, como, por exemplo, o Médico Sem Fronteiras, Greenpeace, WWF, HRW, 
Anistia Internacional. Estas ONGs não possuem personalidade de Direito Internacional Pública 
reconhecida, pelo menos no que tange o entendimento majoritário. 
A tendência é que isso mude, quer pela representatividade política destas 
organizações, quer pela questão econômica, já que gerenciam muitos recursos. Portanto, 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 13 
 
atualmente elas não podem celebrar tratados, podendo tão somente propor acordos de 
cooperação. 
Resumindo: Somente os Estados, a Santa Sé, as Organizações Internacionais 
Intergovernamentais, Cruz Vermelha, Ordem de Malta, Insurgentes e Beligerantes e 
as pessoas, são consideradas sujeitos de direito internacional público, sendo que este 
ultimo sua atuação é limitada, visto que não pode celebrar tratados. 
 FIFA, COE, WWF são entidades internacionais, mas não são sujeitos do Direito 
Internacional Público, mas suas atuações são reguladas pelo Direito Internacional Privado. 
 
18/02/2016 
 MONISMO E DUALISMO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
Neste tópico veremos as teorias que tentam explicar em que circunstancias as 
normas de Direito Internacional devem ser respeitadas pelos países. 
Desde que surgiram os primeiros agrupamentos humanos o homem tem necessidade 
de se relacionar com outros homens e outras comunidades. Com o surgimento da polis, 
também estas comunidades humanas passaram a ter necessidade de coexistir com outras 
cidades e agrupamentos humanos. Passa-se, no início, a ter uma relação de suportabilidade 
entre estes agrupamentos humanos, sem que haja regras jurídicas para reger estas relações. 
Mas na medida em que crescem os intercâmbios internacionais, o direito passa a transcender 
os limites territoriais da soberania estatal, visando a criação de normas jurídicas capazes de 
coordenar vários interesses estatais simultâneos. Assim, o direito vai deixando de regular 
somente questões internas, para regular também atividades que transcendem os limites 
territoriais dos Estados. A esse sistema de normas jurídicas que visa disciplinar e regulamentar 
atividades exteriores dos Estados (e também das organizações internacionais e dos próprios 
indivíduos) se chama Direito Internacional Público ou Direito das Gentes. 
Valério de Oliveira Mazzuoli conceitua o Direito Internacional Público como o conjunto 
de princípios e regras jurídicas (costumeiras e convencionais) que disciplinam e regem a 
atuação e a conduta da sociedade internacional (formada pelos Estados, pelas organizações 
internacionais intergovernamentais e também pelos indivíduos), visando alcançar metas 
comuns da humanidade e, em última análise, a paz, a segurança e a estabilidade das relações 
internacionais. 
Pode-se dizer, portanto, que o Direito Internacional Público disciplina e rege a 
sociedade internacional. Ocorre que o conceito de sociedade internacional é um conceito em 
mutação, que evolui com a própria evolução da sociedade global. É preciso entender que a 
sociedade internacional é formada por diversos atores: Estados, Organismos Internacionais, 
indivíduos, beligerantes, insurgentes, movimentos de libertação nacional, ONGs e até mesmo 
pelas empresas e etc. Assim, em princípio a sociedade internacional é formada por todos 
aqueles que de uma forma ou outra estão sujeitos às relações internacionais. Contudo, nem 
todos eles detém personalidade de direito internacional público, ou seja, nem todos podem 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 14 
 
ser considerados sujeitos de direito internacional público. Atualmente tem-se que são sujeitos 
de direito internacional público, prioritariamente, os Estados, as organizações internacionais e 
os indivíduos (sendo que estes, - indivíduos – tem personalidade jurídica limitada), mas 
também podendo se enquadrar nesta condição(de sujeito de direito internacional), a Santa 
Sé, a cruz vermelha internacional, a ordem de malta, entre outras associações de âmbito 
internacional reconhecidas. 
A capacidade para celebrar tratados, entretanto, merece uma análise a parte, que será 
vista no momento oportuno. Apenas para delimitar a distinção, é preciso lembrar que apesar 
de ser sujeito de direito internacional o indivíduo, por mais rico e poderoso que seja, não tem 
como celebrar tratados em nome próprio. Por outro lado, boa parte da doutrina admite que os 
beligerantes e os insurgentes possam celebrar tratados. 
Acrescente-se que a ordem jurídica internacional difere da ordem jurídica estatal por 
ser estruturada de forma horizontal, sem conhecer poder central autônomo com capacidade 
de criação originária de normas e sem poder de impor aos sujeitos de Direito Internacional 
Público o cumprimento de suas decisões. Enquanto no plano do direito interno há uma relação 
de subordinação entre as normas, baseada no princípio da hierarquia das Leis, no plano do 
direito internacional há uma relação de coordenação. Embora haja no direito internacional um 
sistema de sanções, especialmente no âmbito da ONU, estas não se equivalem às sanções 
existentes no plano do direito interno. 
O Direito Internacional Público tem algumas tendências evolutivas atuais, que segundo 
Jorge Miranda, citado por Valério de Oliveira Mazzuoli, podem ser agrupadas da seguinte 
forma: a) Universalização; b) Regionalização; c) Institucionalização; d) Funcionalização; e) 
Humanização; f) Objetivação; g) Codificação e h) Jurisdicionalização. 
Nesse contexto, surge a necessidade de saber como ocorre a aplicação do Direito 
Internacional no âmbito interno de cada Estado. Registre-se que o direito internacional tem 
regras próprias de aplicação no plano das relações internacionais. Sempre lembrando que 
aplicar internamente o direito internacional não significa deixar de aplicar o direito interno, é 
preciso mencionar que as Constituições dos Estados tem regras específicas de aplicação 
interna do Direito Internacional. 
Para resolver esta questão da eficácia e aplicabilidade do direito internacional na 
ordem jurídica interna dos Estados surgiram várias teorias que tentaram resolver o problema, 
destacando-se duas: a Dualista e a Monoista. 
 DUALISTA 
Para a doutrina Dualista há duas ordens jurídicas distintas e independentes, que não se 
comunicam. Assim, para que um compromisso internacional possa ter valor jurídico no âmbito 
interno é necessário que o direito internacional seja transformado em norma de direito 
interno. Tal processo é conhecido pela doutrina como Teoria da adoção, da transformação ou 
Teoria da incorporação. O principal expoente da doutrina dualista é o alemão Carl Heinrich 
Triepel, tendo sido adotada também pelo italiano Dionisio Anzilotti. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 15 
 
Para os dualistas, portanto, uma norma de direito internacional não pode regular uma 
questão interna sem antes ser incorporada a este ordenamento. Da mesma forma, por se 
tratar de sistemas distintos não haveria supremacia de um sobre o outro. Segundo os 
dualistas, as normas de direito internacional só tem eficácia no âmbito internacional, de tal 
forma que mesmo após a ratificação7, devem ser incorporadas ao ordenamento interno para 
ter eficácia na ordem jurídica interna. Para os dualistas os juízes só estão obrigados a aplicar o 
direito interno, mesmo que este seja contrário ao direito internacional, pois somente quando 
incorporado ao direito interno é que o direito internacional passará a ter eficácia no âmbito 
interno (já que neste momento – da incorporação – passou a ser direito interno). Ora, no 
limite, uma norma de direito internacional incorporada ao direito interno poderia ser revogada 
por outra norma interna posterior. O dualismo é, portanto, corolário da doutrina da soberania 
do Estado. 
A doutrina dualista pode ser dividida em: a) dualismo radical e b) dualismo moderado. 
Para o dualismo radical o direito internacional só pode ser incorporado ao direito 
interno mediante norma emanada do parlamento (lei em sentido formal e material). 
Para o dualismo moderado não há necessidade de uma lei para incorporar um tratado 
ao ordenamento jurídico interno, bastando um decreto ou regulamento executivo. O STF em 
diversas oportunidades entendeu que após a aprovação de um tratado pelo Congresso (por 
meio de Decreto Legislativo) e a troca dos respectivos instrumentos de ratificação (ato 
internacional), o tratado deve ser objeto de promulgação mediante decreto presidencial. O 
decreto presidencial produz pelo menos três efeitos: a) promulga o tratado internacional; b) 
faz a publicação oficial de seu texto; c) atribui executoriedade ao tratado. Assim, o STF tem 
assumido uma posição compatível com o dualismo moderado. 
 MONISMO 
Para a doutrina monista (cujo principal expoente é Kelsen), entretanto, há uma 
unidade entre as ordens jurídicas interna e internacional, de tal sorte que o Direito 
Internacional e o Direito Interno fazem parte de um só sistema jurídico. Para a doutrina 
monista o Direito Internacional se aplica diretamente à ordem jurídica dos Estados, 
independentemente de qualquer incorporação, pois os Estados nas suas relações com outros 
Estados mantêm compromissos que se interpenetram. Para os monistas, a partir do momento 
em que um Estado ratifica uma norma de direito internacional esta já pode ser aplicada no 
âmbito de seu direito interno independentemente de ser incorporada ou transformada em 
direito interno. Assim, um tratado ratificado, ou mesmo um costume internacional, quando 
aplicados no plano interno continuam sendo norma de direito internacional. A doutrina 
monista é majoritária entre os doutrinadores nacionais. 
 
7
 Ratificação é ato jurídico internacional, por meio do qual a autoridade nacional informa formalmente a 
autoridades de outros Estados que o tratado é a partir de então obrigatório para o Estado que esta 
autoridade representa no plano internacional. Na processualística internacional, a ratificação é o último 
ato jurídico que se produz antes da promulgação e publicação do texto no diário oficial da União. A 
ratificação se materializa mediante a expedição de um documento chamado carta de ratificação, assinada 
pelo Chefe de Estado e referendada pelo Ministro das Relações Exteriores. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 16 
 
Ocorre que aceitando a tese monista surge o problema de sabermos qual norma deve 
prevalecer em caso de conflito, a norma de direito internacional ou a norma de direito interno. 
Sob esta perspectiva podemos dividir o monismo em: a) monismo internacionalista e b) 
monismo nacionalista. 
Para os internacionalistas sempre deve prevalecer a norma de direito internacional, já 
que esta representaria uma ordem jurídica superior. 
Já para os nacionalistas sempre deve prevalecer a norma de direito interno, pois é a 
partir das Constituições estatais que se deve analisar as normas de direito internacional. 
Alguns juristas, entretanto, entre os quais Alfred Von Verdross, mesmo adotando a tese 
internacionalista de superioridade do direito internacional, negam que a norma interna deixe 
de ter validade caso contrarie uma norma de direito internacional (tal doutrina é conhecida 
como Monismo Moderado). Para estes o juiz deve aplicar tanto o Direito Internacional, quanto 
o Direito interno, fazendo-o de acordo com o que prevê sua Constituição, mas aplicando as 
regras de solução do conflito aparente de normas para solucionar eventual controvérsia entre 
o direito internacional e o direitointerno; especialmente o critério cronológico. 
Por fim, importante registrar que para a doutrina monista eventual ato formal de 
incorporação de tratados ao ordenamento interno não descaracteriza a ideia de uma só ordem 
jurídica, pois tal ato corresponde apenas a um reconhecimento pelo Estado de que o direito 
internacional vinculante na sua ordem interna. Além disso, as normas de direito internacional 
também são costumeiras, não havendo processo formal de incorporação destas no âmbito 
interno, já que são aplicáveis a partir da própria inserção do Estado na ordem internacional. 
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969) consagra expressamente a 
tese monista internacionalista em seu Art. 27, estabelecendo que um Estado não pode 
invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. 
Esta convenção foi ratificada pelo governo brasileiro em 25/09/2009 e promulgada pelo 
Decreto 7.030/2009, o que no ver de Valério Oliveira Mazzuoli reforça a tese do monismo 
internacionalista. O autor também acrescenta que quando estiver em jogo normas de 
proteção dos direitos humanos deve prevalecer aquela que for mais benéfica e favorável ao 
ser humano, ressaltando que os próprios tratados internacionais de proteção dos direitos 
humanos costumam fazer expressa referência a esta solução. O autor denomina esta solução 
como Monismo internacionalista dialógico. 
Resumindo: Temos basicamente duas doutrinas para explicar a relação ou 
obrigatoriedade do DIP na ordem interna dos países, sendo elas classificadas em 
Doutrina do Monismo ou do Dualismo. 
Resumindo: Para os Dualistas temos uma ordem jurídica internacional e outra 
interna e a internacional só passaria a valer dentro de um país se ele incorporar tal 
ordem. Tal raciocínio é denominado Teoria da Incorporação. Já os Monistas não 
aceitam a presença de duas ordens distintas, mas sim uma única ordem que se inter-
relaciona nos aspectos internos e externos. O simples fato de um país soberano 
travar relações diplomáticas com outros, já é suficiente para inseri-lo no âmbito 
internacional. Assim, quando o Brasil celebra um tratado ou aceita a jurisdição de 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 17 
 
uma corte internacional, automaticamente se interconecta o direito internacional e o 
interno. O STF adota o DUALISMO MODERADO, enquanto que a DOUTRINA defende 
o MONISMO. 
A maioria esmagadora da doutrina nacional defende a aplicação da teoria do 
Monismo, por entender que não há como separar os ordenamentos, mesmo que 
tenhamos que ratificar os tratados internamente, pois para esta corrente a 
ratificação serve tão somente para dar ciências aos cidadãos brasileiros quais as 
regras que valem do âmbito internacional. 
Procedimento de celebração de Tratado: 
Negociações acerca do Tratado  Adesão pelo Presidente da República  
Aprovação Parlamentar (Congresso Nacional)  Presidente República precisa 
Ratificar o Tratado  Promulgação  Publicação. 
Não há possibilidade do Congresso emendar o texto do Tratado, o que significa 
que ou ele aprova o texto ou não aprova. No caso de não aprovação o Tratado de 
fato não valerá no ordenamento interno, mas não haverá qualquer prejuízo ao 
comprometimento internacional devendo o Brasil denuncia-lo, sob pena de sofrer as 
sanções caso descumpra o que foi nele estabelecido. 
Sob o prisma Dualista, enquanto o Congresso não aprovar o Tratado ele não vale 
internamente, já sobe o prisma do Monismo, o fato do Congresso demorar para 
ratificar o tratado não exime o país de uma punição internacional caso descumpra o 
estabelecido no Tratado. 
O ato de ratificar o Tratado serve para que o chefe do Estado comunique aos 
demais países signatários que a partir daquele momento o Tratado passa a ser 
obrigatório na ordem interna do país (importante salientar que na ordem externa ele 
já estava valendo). Em contrapartida, o Presidente não é obrigado a ratificar nenhum 
Tratado, sendo esta uma faculdade política. 
Por fim, vale ressaltar que para os defensores da teoria dualista enquanto o 
Tratado não passar por todo esse procedimento ele não valeria na esfera interna e 
externa, já para a os defensores da teoria do monismo independente da aprovação 
interna a partir da adesão o tratado já possui validade internacional, podendo gerar 
sanções. 
A teoria dualista é pouco defendida pela doutrina, pois bastaria um país assinar 
um tratado e nunca internaliza-lo para não estar obrigado a cumpri-lo. Outro fator 
que fortalece a tese dos defensores da teoria do monismo é que os costumes 
internacionais vinculam e não precisam passar pelo sistema de incorporação dos 
países. 
FUNDAMENTO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 18 
 
Neste tópico, buscamos explicar de onde surge a obrigatoriedade em se respeitar 
as normas de Direito Internacional Pública e para tal existem duas correntes: a 
Voluntarista e a Objetivista. 
Em suma, a corrente voluntarista defende que a obrigatoriedade vem da vontade 
dos Estados em respeitar tais normas. Corrente esta que não é mais aceita. Em 
contrapartida a corrente objetivista, que prevalece atualmente, defende que as 
normas de Direito Internacional Público são obrigatórias porque para um Estado se 
inserir na comunidade internacional precisa objetivamente cumprir os acordos dos 
quais faz parte. Neste caso o principal fundamento desta corrente é que os pactos 
precisam ser cumpridos (pacta sunt servanda). 
Falar em fundamentos do direito internacional público significa identificar de onde 
vem sua obrigatoriedade. Em outras palavras, saber quais as razões jurídicas que explicam o 
por que da aceitação e obrigatoriedade do Direito Internacional por parte da sociedade 
internacional. Para explicar os fundamentos do Direito Internacional surgiram várias doutrinas 
que podem ser agrupadas em duas: a doutrina voluntarista (de índole subjetivista) e a doutrina 
objetivista. 
Para os voluntaristas a obrigatoriedade do DIP decorre do consentimento mútuo ou da 
vontade coletiva dos Estados, ou seja, as normas do DIP são obrigatórias porque os Estados, 
expressa ou tacitamente, assim o querem. A doutrina voluntarista foi alvo de críticas, pois não 
é capaz de explicar como um novo Estado pode estar obrigado por norma de DIP da qual ele 
não participou. Da mesma forma, se aceitarmos a doutrina voluntarista basta que um Estado 
não mais concorde com a norma de DIP para que a validade desta fique comprometida. 
Para os objetivistas a obrigatoriedade do DIP advém da existência de princípios 
superiores aos do ordenamento estatal. Assim, as razões da obrigatoriedade do DIP devem ser 
procuradas nas normas que disciplinam e regem as relações internacionais. Esta doutrina 
também foi alvo de críticas, pois limita e pode até mesmo aniquilar a soberania estatal. 
Atualmente a doutrina do direito internacional adota como fundamento principal do 
DIP o princípio do “pacta sunt servanda”. Esta doutrina não deixa de ser uma doutrina 
objetivista. Contudo, para ela, embora o DIP se baseie em princípios jurídicos superiores à 
vontade do Estado, esta mesma vontade estatal também é importante, pois quando um 
Estado ratifica um tratado internacional o faz por sua própria vontade. Mas uma vez ratificado 
o tratado deve cumpri-lo de boa-fé. Os Estados, portanto, devem respeitar a sua palavra e 
cumprir as obrigações assumidas no livre exercício de sua soberania. O principal expoente 
desta doutrina é o italiano Dionisio Anzilotti. A norma do “pacta sunt servanda” foi consagrada 
expressamente na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969). 
FONTES DO DIREITO INTERNACIONALPÚBLICO 
A questão das fontes do direito internacional não é nova. Ao estudarmos tal questão 
estamos querendo saber do que é formado ou composto o DIP. Atualmente há um processo 
de descentralização das fontes do DIP, em função das mudanças que o direito das gentes está 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 19 
 
enfrentando, principalmente após o aparecimento das organizações internacionais 
intergovernamentais. 
A primeira divisão que se pode fazer é entre fontes materiais ou formais do DIP. As 
fontes materiais, na verdade, não pertencem à Ciência do Direito, pois são os fatores 
sociológicos, políticos, psicológicos, culturais e econômicos que condicionam a decisão do 
poder no ato de edição e formalização das diversas fontes do Direito. A principal fonte 
material do DIP é sem sombra de dúvidas o substrato econômico. 
Por sua vez, as fontes formais do Direito correspondem aos métodos ou processos de 
criação de normas jurídicas. São ditas formais justamente porque indicam a forma pela qual o 
Direito atua e se impõe, disciplinando as relações jurídicas. Sob a ótica do Direito estatal, as 
fontes formais podem ser primárias (substanciais ou de produção), como a Constituição, ou 
secundárias (de conhecimento), como a lei (fonte formal ou de conhecimento imediata), ou os 
costumes e os princípios gerais de direito (fontes formais ou de conhecimento mediatas). 
No âmbito do DIP, entretanto, o estudo das fontes ganha nuances próprias, pois no 
plano internacional não há uma autoridade superior responsável pela produção de normas 
jurídicas, de modo que a produção de normas de DIP depende de uma relação de coordenação 
entre os Estados, não se falando em subordinação entre eles. 
A principal referência expressa às fontes do DIP pode ser encontrada no Art. 38 do 
Estatuto da Corte Internacional de Justiça - CIJ. O Estatuto não diz quais são as fontes 
formais do DIP, mas faz expressa referência a elas. Registre-se que o rol de fontes 
mencionados pelo referido Art. 38 não é taxativo, mas meramente exemplificativo. No 
contexto do Estatuto não há hierarquia entre as fontes. Da mesma forma, a doutrina sublinha 
que não há hierarquia entre as fontes do DIP. Na prática, contudo, os tribunais internacionais 
dão preferência às disposições específicas de tratados internacionais, pois trazem maior 
segurança às relações internacionais. 
Valério de Oliveira Mazzuoli ressalta, todavia, que o Art. 103 da Carta das Nações 
Unidas atribui primazia da Carta sobre os demais compromissos internacionais de qualquer de 
seus membros e que as regras de jus cogens8 prevalecem sobre todas as demais regras ou 
obrigações internacionais. 
 
8
 As normas de jus cogens são normas de direito internacional imperativas e inderrogáveis. Estas normas 
não podem ser derrogadas nem por tratados, nem por costumes e nem por princípios gerais de direito 
internacional. A noção de jus cogens ganhou força no final da década de 60 do século passado para 
sublinhar a existência de certos costumes e princípios situados em posição hierarquicamente superior às 
normas convencionais. Podem ser citados como normas de jus cogens o princípio da autodeterminação 
dos povos; as normas sobre a cooperação pacífica na proteção de interesses comuns; as normas relativas a 
proibição da guerra de agressão; da proibição do genocídio; da proibição da escravidão; da proibição da 
discriminação racial e da proibição da tortura. A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 
seria exemplo de uma norma de jus cogens. Para boa parte da doutrina, entretanto, o jus cogens é uma 
qualidade particular de certas normas que a tornam imperativas e inderrogáveis (a não ser por outra 
norma de jus cogens), não sendo uma nova fonte de DIP. O jus cogens é posto em oposição ao jus 
dispositivum (composto de regras emanadas da livre manifestação de vontade das partes). A teoria do jus 
cogens veio para limitar a autonomia de vontade dos entes soberanos na esfera internacional, com vistas a 
assegurar a ordem pública internacional. As normas de jus cogens, portanto, seriam hierarquicamente 
superiores às demais normas de direito internacional, levando a uma verticalização das normas do DIP. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 20 
 
A doutrina, por sua vez, estabelece que as fontes do DIP são: a) os tratados; b) os 
costumes; c) os princípios gerais de direito adotados no âmbito interno dos Estados (estes 
três mencionados expressamente no Estatuto da Corte Internacional de Justiça); bem como d) 
os princípios do direito internacional; e) as decisões das organizações internacionais e f) os 
atos unilaterais (estatais ou organizacionais), sendo estes dois últimos considerados novas 
fontes do DIP. 
Os tratados internacionais são atualmente a principal fonte de DIP, conferindo 
estabilidade e segurança às relações internacionais. Os tratados são a fonte de DIP mais direta, 
fácil e clara de comprovar. 
O costume internacional é a prática generalizada, reiterada, constante e uniforme, 
dotada de convicção de obrigatoriedade jurídica no plano internacional. O costume, portanto, 
possui dois elementos: a) o elemento material e b) o elemento psicológico, subjetivo ou 
espiritual. O elemento material é justamente a prática reiterada e habitual de certos atos pelos 
Estados e pelas organizações internacionais. Já o elemento psicológico do costume consiste na 
convicção da obrigatoriedade jurídica deste (opinio juris sive necessitatis). Tradicionalmente o 
costume internacional tem dito relevante papel na formação do DIP, sendo ainda hoje 
importante; muito embora a relevância que os tratados atualmente assumiram. Importante 
esclarecer que um costume internacional não depende da vontade de todos os Estados, já que 
o costume pode ser universal, regional ou local (restrito às relações entre apenas dois Estados, 
por exemplo). 
Como não há hierarquia entre os tratados e os costumes, tanto um tratado é apto a 
derrogar um costume, quanto um costume superveniente pode derrogar norma de um 
tratado. Ocorre que o costume deve ser provado pela parte que o alega (Art. 38, § 1º, alínea 
b, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça - CIJ), o que é mais oneroso do que provar 
a existência de um tratado. A parte que alega a existência de um costume tem que provar não 
somente sua existência, mas de que ele (costume internacional) é oponível a parte contrária. 
Modernamente os costumes internacionais tem sido positivados em tratados, o que facilita a 
sua prova. Tal positivação não faz, por si só, que o costume desapareça como costume mesmo. 
Questão interessante relativa ao costume internacional diz respeito ao surgimento de 
novos Estados, pois estes não teriam participado da formação do costume. Parte da doutrina 
entende que mesmo não participando de sua formação os novos Estados estariam sujeitos aos 
costumes internacionais vigentes. Outros entendem que o novo Estado poderia se opor ao 
costume, salvo se tal costume se tratasse de norma de jus cogens, quando então seria 
obrigatório. 
Por fim, como fonte de DIP, nos termos do Art. 38 do Estatuto da CIJ, temos os 
princípios gerais de direito adotados no âmbito interno dos Estados.9 Como exemplo 
 
Por ocasião do estudo do direito dos tratados e da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados 
(1969) o tema será aprofundado. 
9
 O art. 38 do Estatuto da CIJ fala em princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas. 
A doutrina do DIP critica a locução“nações civilizadas”, pois tem nítido caráter discriminatório com 
relação aos países não europeus, demonstrando uma tendência vigente ao tempo da elaboração do 
Estatuto (que é do início do Século XX) que não pode mais ser aceita. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 21 
 
poderiam ser citados o princípio da boa-fé, da proteção, da confiança, do respeito a coisa 
julgada, do direito adquirido, da responsabilidade do Estado por ações ou omissões e etc. Para 
o Estatuto da CIJ, tais princípios de direito seriam aqueles que nascem de uma convicção 
jurídica generalizada contida nos principais sistemas jurídicos das nações. 
A ideia opõe os princípios de direito aos princípios do direito internacional que 
provêm da própria prática internacional, os quais pertencem exclusivamente à ordem jurídica 
internacional. Como exemplos de princípios do direito internacional podemos mencionar o da 
igualdade entre os Estados; da autodeterminação dos povos; da não ingerência em assuntos 
particulares; da obrigação de cooperação entre os Estados; do prévio esgotamento dos 
recursos internos; da defesa da paz; do respeito aos direitos humanos; da solução pacífica dos 
conflitos; do repúdio ao terrorismo e ao racismo; do direito de passagem inocente para navios 
mercantes em tempo de paz; da boa-fé internacional; do respeito às normas de jus cogens e 
etc. Alguns destes princípios foram expressamente acolhidos pelo Art. 4° da Constituição 
Federal de 1988. 
Importante registrar que o fato do Art. 38 do Estatuto do CIJ não se referir aos 
princípios do direito internacional não afasta a circunstância de que eles também são fontes 
de DIP (lembre-se que o rol é exemplificativo). Tal fato apenas demonstra que como estes 
princípios do direito internacional nascem diretamente da ordem internacional, devem ser 
aplicados direta e imediatamente pela CIJ, não havendo qualquer dúvida sobre sua 
juridicidade e seu caráter de fonte do DIP. 
Além disso, como novas fontes do DIP podem ser citados os atos unilaterais dos 
Estados e as decisões das organizações internacionais. 
Entende-se por ato unilateral do Estado a manifestação de vontade inequívoca deste, 
com a intenção de produzir efeitos jurídicos nas suas relações internacionais com outros 
Estados ou organizações internacionais, com o conhecimento expresso destes. Tais atos 
unilaterais, mesmo emanados de um único sujeito de direito internacional, tem a finalidade de 
produzir efeitos jurídicos. Trata-se de declaração unilateral que não depende da assunção de 
compromissos recíprocos. Estes atos unilaterais criam obrigações internacionais para os 
Estados que os proclamam. Tais atos não são tratados, mas tornam-se irretratáveis em razão 
da pronta aceitação pelo destinatário e das medidas por este adotadas. Podem ser citados 
como exemplos destes atos unilaterais o protesto, a renúncia, a notificação e reconhecimento 
de obrigações internacionais; mas desde que expressos com a intenção de produzir efeitos 
jurídicos em relação as partes envolvidas. 
Importante registrar que nem todo ato unilateral pode ser classificado como fonte de 
DIP, mas somente aqueles que visam produzir efeitos jurídicos internacionais. Assim, as 
chamadas “cartas de intenção” remetidas a organismos como o FMI não são fonte de DIP. Da 
mesma forma, atos unilaterais como a adesão ou denúncia aos tratados não são fontes 
autônomas de DIP, pois praticadas no contexto do próprio tratado (este sim fonte de DIP). 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 22 
 
Por fim, pode ser citado como fonte do DIP as decisões internacionais das 
organizações internacionais10. Trata-se da mais moderna fonte de DIP. As decisões das 
organizações internacionais são atos institucionais dos quais os Estados não participam, a não 
ser indiretamente, quando votam em assembleias-gerais ou nos órgãos decisórios. Embora tais 
decisões sejam unilateralmente emitidas pelas organizações internacionais, os tratados de 
fundação das organizações costumam atribuir-lhes o poder de emitir decisões com poderes 
vinculantes para os Estados-partes. Tais decisões exprimem a vontade da própria organização, 
e mesmo impondo deveres e obrigações aos Estados-partes no plano internacional não são 
assinadas e nem ratificadas por eles. Referidas decisões podem aparecer sob diversos nomes 
como: resolução, declaração, decisões, diretriz, diretiva e até mesmo recomendação. Assim, 
não importa o nome que se dá a estas decisões, mas sim se elas impõe ou não deveres e 
obrigações aos Estados-partes com força vinculante. Em caso positivo, serão então 
consideradas fonte de DIP. 
A eficácia jurídica das decisões de uma organização internacional se mede à luz das 
atribuições que lhe são conferidas pelo seu instrumento constitutivo. Neste instrumento se 
encontrarão disciplinados os poderes decisórios da organização, as formalidades para a 
emissão destas decisões, bem como os limites vinculantes destas. Os Estados quando criam 
uma organização, o fazem como produto de sua vontade, mas uma vez criada esta passa a ter 
vontade própria, ainda que sua deliberações sejam votadas em Assembleias-gerais ou 
conselhos deliberativos. 
São estas, em linhas gerais, as fontes do DIP. 
Importante anotar que parte da doutrina de DIP costuma atribuir a condição de fonte 
de DIP à chamada “soft law”. Outros, entretanto (entre os quais Francisco Rezek e Valério de 
Oliveira Mazzuoli), não atribuem a condição de fonte à “soft law”. A doutrina do direito 
internacional não conceitua de maneira adequada o que seja a “soft law”, mas se 
enquadrariam nesta condição todas aquelas regras cujo valor normativo é bem inferior ao das 
normas jurídicas, pois, ou não estão abrigadas em instrumentos normativos (e, portanto, não 
vinculam), ou mesmo estando abrigadas em instrumentos normativos, não tem força 
vinculante. As regras da “soft law” visam regulamentar futuros comportamentos dos Estados, 
estabelecendo programas de ação conjunta, servindo também para orientar a conduta de seus 
agentes nos foros internacionais multilaterais. Assim, as regras da “soft law” são um produto 
inacabado voltado para a assunção de compromissos futuros, as quais não geram obrigações 
internacionais para os Estados. Na maior parte das vezes são simples recomendações. Como 
exemplo da “soft law” pode-se citar as regras utilizadas nos foros diplomáticos em relação às 
negociações e a agenda a ser seguida pelos Estados nestas negociações, bem como os 
programas de ação recomendados pelas organizações internacionais aos Estados. Mas como a 
“soft law” não cria obrigações jurídicas para os Estados, não pode, ao menos por ora, ser 
considerada como fonte de DIP. 
Resumindo: O Direito Internacional Público foi durante séculos um direito 
costumeiro, ou seja, baseado em costumes internacionais. Os costumes no direito 
internacional eram fonte primaria de direito. Só que a partir da 2° Guerra passamos 
 
10
 Os atos internos (interna corporis), portanto, não são fontes de DIP. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 23 
 
a positivar este direito e atualmente já creditamos mais importância aos tratados 
quando confrontados aos costumes, o que não significa que ainda hoje o costume 
não seja essencial como fonte do direito no Direito Internacional Público, não 
havendo inclusive uma hierarquia sobre eles. 
As três primeiras hipóteses elencadas abaixo estão previstas no Art. 38 da Corte 
Internacional de Justiça, dito isso vejamos as fontes do Direito Internacional 
Público: 
Tratados 
São acordos celebrados entre Estados, entre Estados e organizações 
internacionaisintergovernamental ou entre organizações internacionais 
intergovernamentais. Atualmente os tratados são as fontes por excelência do Direito 
Internacional Público. 
Costumes 
Os costumes internacionais ainda possuem uma importância muito grande. 
Costumes do ponto de vista jurídico são práticas generalizadas dotadas de 
convicção jurídica de sua obrigatoriedade. 
Princípios gerais de direito adotados pelos países (Boa Fé, Legalidade, Segurança 
Jurídica, Igualdade) 
Praticamente todos os países do mundo possuem em suas Constituições estes 
princípios consagrados, ainda que não os respeitem. 
Princípios gerais do Direito Internacional 
O Art. 4° da nossa Constituição consagrou alguns princípios do Direito 
Internacional como a: defesa da paz, solução pacífica dos conflitos; repúdio ao 
terrorismo e ao racismo, entre outros. 
Estes princípios do Direito Internacional são consagrados no âmbito internacional. 
Ressalte-se que faltou constar o princípio da Igualdade Soberana dos Estados. 
Decisões das organizações internacionais 
Quando um país se vincula a uma organização internacional, pressupõe-se que ele 
aceita o que for decidido por aquela organização. Assim quando a ONU baixa uma 
resolução, depois de tê-la colocado em votação, os países signatários devem cumprir 
com o que foi decidido. 
Atos unilaterais 
Os Atos Unilaterais podem ser praticados tanto por um Estado como por uma 
Organização Internacional. Por exemplo, o ato de um país perdoar a divida de outro, 
trata-se de um ato unilateral e a partir do momento que o outro país fica sabendo do 
perdão da dívida tal ato vincula e o país que perdoou. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 24 
 
A OMS (Organização Mundial de Saúde) pode estabelecer normas sanitárias 
internacionais, como um cordão de isolamento para prevenir a propagação de uma 
doença como foi no caso do Ebola na África. Isso é possível, por tratar-se da sua 
atribuição editar tais atos e, portanto, vinculam os países que são signatários. 
Soft Law  maioria não considera como fonte 
Trata-se de uma categoria de normas de Direito Internacional Público. De acordo 
com a doutrina, são as reuniões entre Estados estabelecendo metas comuns a serem 
atingidas. Os países se comprometem a cumprir os objetivos sem chegar a assinar 
tratados. Um exemplo de soft law são as Metas do Milênio (A ONU estabeleceu 30 
metas para ser cumpridas em 15 anos). 
Não são consideradas normas de DIP por não serem obrigatórias, assim se algum 
país não cumprir não há nenhuma sanção. 
CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL 
NACIONALIDADE 
Trata-se do vinculo jurídico que se estabelece entre o cidadão e o seu Estado. 
Quem não possui nacionalidade é conhecido como apátrida. 
 Natos 
Art. 12, CF – São brasileiros: I – natos: a) os nascidos na República Federativa do 
Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu 
país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no 
estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do 
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela 
nacionalidade brasileira. 
Os dispositivos acerca da nacionalidade são auto explicativos valendo apenas 
realizar algumas observações acerca do caso previsto no inciso I, alínea “c” do 
dispositivo acima: caso o filho de brasileiro nascido no exterior não venha a ser 
registrado na repartição consular poderá adquirir a condição de brasileiro mediante o 
cumprimento de dois requisitos cumulativos: residência no Brasil e opção em 
qualquer tempo pela nacionalidade brasileira, após atingir a maioridade. A opção de 
nacionalidade é procedimento de jurisdição voluntária proposto na Justiça Federal, 
com intervenção obrigatória do Ministério Público. Julgada por sentença, esta é 
remetida ao Cartório de Registro Civil para as providencias cabíveis. 
 
25/02/2016 
 Naturalizados 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 25 
 
Todos aqueles que de alguma forma podem vir a ser Presidente da República, os 
agentes diplomáticos e os militares são cargos de brasileiros natos. Os demais cargos 
públicos são todos acessíveis aos brasileiros naturalizados. 
Há vedações a estrangeiros, no que tange a aquisição de terras e a aquisição de 
empresa de radiofusão, já para os naturalizados, via de regra, não há restrição. 
O português pode, bastando que resida no Brasil, pedir equiparação (Art. 12, §1°, 
CF) que na pratica atribui ao português todos os direitos de um brasileiro 
naturalizado, mas, para tal, deve ser formalmente requerido. O português goza ainda 
de mais uma vantagem, pois com base nos Tratados de reciprocidade com Portugal, 
o português só pode ser extraditado para Portugal. 
Art. 12, §1°, CF – Aos portugueses com residência permanente no País, se houver 
reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao 
brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. 
Hoje no sistema brasileiro existem basicamente 4 formas de naturalização, duas 
delas estão previstas na Constituição, já as outras duas entende a doutrina 
majoritária que foram recepcionadas pela Constituição. 
o Ordinária (Art. 12, II, “a”, CF e 112, Lei 6.815/80); 
Neste caso, temos duas previsões uma constitucional e outra infraconstitucional. 
A previsão constitucional prevê que se o estrangeiro for originário de países de 
língua portuguesa basta a residência ininterrupta no Brasil por 1 ano. 
Art. 12, CF – São brasileiros: II – naturalizados: a) os que, na forma da lei, 
adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral [...] 
Já nos casos de originários de outros países segundo o Art. 112 da Lei 6.815/80 
é necessário 4 anos de residência entre outros requisitos como consta no dispositivo 
a abaixo: 
Art. 112, Lei 6.815/80 – São condições para a concessão da naturalização: I – 
capacidade civil, segundo a lei brasileira; II – ser registrado como permanente no 
Brasil; III – residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de 4 
(quatro) anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; IV – ler e 
escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; V – 
exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da 
família; VI – bom procedimento; VII – inexistência de denúncia, pronúncia ou 
condenação no Brasil ou no Exterior por crime doloso a que seja cominada pena 
mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e VIII – boa 
saúde. 
A doutrina entende que o requisito de boa saúde é inconstitucional, já todos os 
demais são cumulativos. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 26 
 
Uma vez cumprido os requisitos da naturalização ordinária, sua concessão é 
discricionária, ou seja, a administração não precisa justificar os motivos pelo qual 
negou a naturalização. 
A naturalização ordinária é mais dificultosa e, via de regra, formula-se um pedido 
junto a Delegacia da Policia Federal que o encaminha ao Ministério da Justiça, onde é 
processado. 
Quando o Ministro da Justiça autoriza a naturalização, emite um certificado de 
naturalização. Este certificado deve ser entregue solenemente para o estrangeiro 
(isso que chamamos de ato composto – o Ministro autoriza e o certificado deve ser 
entregue pessoalmente para o estrangeiro), no versodo certificado costuma ter uma 
cláusula de que o indivíduo renuncia a sua nacionalidade de origem. 
É o Juiz Federal quem entrega o certificado ao novo naturalizado e o certificado só 
produz efeito após este ato (Art. 122 da Lei 6.815/80). Nesta cerimonia o Juiz em 
tese deve pedir para que o indivíduo leia um texto e converse em português e se ele 
não conseguir o certificado não é entregue. 
Art. 122, Lei 6.815/80 – A naturalização, salvo a hipótese do art. 116, só 
produzirá efeitos após a entrega do certificado e confere ao naturalizado o gozo de 
todos os direitos civis e políticos, excetuados os que a Constituição Federal atribui 
exclusivamente ao brasileiro nato. 
o Extraordinária (Art. 12, II, “b”, CF); 
Art. 112, Lei 6.815/80 – São condições para a concessão da naturalização: [...] 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do 
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que 
requeiram a nacionalidade brasileira. 
Esta nacionalidade, ao contrário da ordinária, é não discricionária, ou seja, a 
doutrina entende que uma vez cumprindo os requisitos há um direito público 
subjetivo da pessoa em se tornar brasileiro. 
o Radicação Precoce (Art. 116, Lei 6.815/80); 
Art. 116, Lei 6.815/80 – O estrangeiro admitido no Brasil durante os primeiros 5 
(cinco) anos de vida, estabelecido definitivamente no território nacional, poderá, 
enquanto menor, requerer ao Ministro da justiça, por intermédio de seu 
representante legal, a emissão de certificado provisório de naturalização, que valerá 
como prova de nacionalidade brasileira até 2 (dois) anos depois de atingida a 
maioridade. 
Neste caso é necessário que o estrangeiro venha a se estabelecer no Brasil com 
menos de 5 anos e, neste caso, ele poderá enquanto menor requerer a naturalização 
provisória, mediante confirmação posterior após atingir a nacionalidade. 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 27 
 
Nada impede que, mesmo sem requerer a naturalização provisória enquanto 
menor, ele venha a requerer sua naturalização após atingir a maioridade. 
o Colação de Grau em Curso Superior 
Por fim uma última situação que autoriza a naturalização é a do estrangeiro que 
estando permanentemente no Brasil, cursa uma faculdade. Tal situação pressupõe 
que uma vez formado ele terá como se manter e contribuir com nossa sociedade. 
 Perda da Nacionalidade (Art. 12, §4°, I, CF Lei 818/49) 
Art. 12, §4°, CF – Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – 
tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade 
nociva ao interesse nacional [...] 
O inciso I, se refere aos brasileiros naturalizados. Esta Ação deve ser proposta na 
Justiça Federal e a legitimidade para propô-la é do Ministério Público Federal. 
A nacionalidade só é perdida com o transito em julgado da Ação. Não é possível 
cumular a Ação Penal com a perda da nacionalidade, sendo necessário, transitar em 
julgado a primeira, para que esta decisão possa embasar a Ação de perda da 
nacionalidade. 
ENTRADA E PERMANÊNCIA DE ESTRANGEIRO NO BRASIL (Plano de sessão) 
 LEGISLAÇAÇÃO BRASILEIRA 
Art. 22, XV, CF – imigração/emigração/estrangeiro – Competência é da União, por 
meio do Ministério da Justiça (Secretaria Nacional de Justiça – Departamento de Estrangeiros). 
A entrada ou admissão de estrangeiros no Estado está dentro do Poder Discricionário 
ou soberania. O Estado recebe as pessoas que quiser, seja a título temporário ou definitivo. 
Art. 22, CF - Compete privativamente à União legislar sobre: XV - 
emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; 
Histórico – No Brasil, a Carta Régia Imperial de 1808. A Constituição Imperial de 1824 e 
a Constituição da República de 1891 abriram os portos, estimulando a vinda de estrangeiros, 
ou seja, a imigração. No século XX, o Brasil restringiu a entrada, sendo que a Constituição de 
1934 criou um sistema de quotas, pelo meio do qual seriam permitidas a entrada de grupos 
humanos discriminados por nacionalidade, com o número não podendo ultrapassar o limite de 
2% dos nacionais fixados no Brasil durante os últimos 50 anos. O sistema foi mantido pela 
Constituição Polaca, de 1937, imposta pelo ditador Getúlio Vargas. 
A Constituição de 1946 estabeleceu plena liberdade de entrada e determinou que um 
órgão federal cuidasse da política imigratória. 
Imigrante se estabelece em País estrangeiro e emigrante é que o deixa o País de sua 
nacionalidade. No que tange à questão da imigração é necessário que haja uma conciliação 
entre os interesses dos Estados e os da comunidade internacional, pois envolve questões 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 28 
 
humanitárias. Hans Kelsen formulou um princípio afirmando que “segundo o direito 
internacional público, nenhum Estado tem a obrigação de admitir estrangeiros em seu 
território”. 
Dentro do Direito Internacional, os principais tratados sobre o tema são a Convenção 
de Havana de 1928, que trata da condição do estrangeiro, estabelecendo no Artigo 1°, que 
os Estados têm o direito de estabelecer, por intermédio de leis, as condições de entrada e 
residência dos estrangeiros em seus territórios. 
A Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954 estabelece que: “Todo Estado tem o 
direito de conceder asilo, mas não se acha obrigado a concedê-lo, nem a declarar por que o 
nega”. 
Concessão x Direito (Ius communications, soberania e interdependência). 
O Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/80) regula os institutos da entrada e admissão 
do estrangeiro no território nacional, com diversos tipos de visto, bem como a transformação 
destes, a prorrogação do prazo de estada, a condição do asilado, o registro do estrangeiro, sua 
saída e seu retorno ao território do Brasil, sua documentação para viagem, a deportação, a 
expulsão e a extradição (medidas compulsórias). Há também na lei os direitos e deveres do 
estrangeiro, bem como normas de naturalização e a criação do Conselho Nacional de 
Imigração. 
O Conselho Nacional de Imigração tem como finalidade orientar e coordenar as 
atividades de imigração, formular objetivos para uma política nacional de imigração, bem 
como normas de seleção de imigrantes, visando proporcionar mão de obra especializada aos 
diversos setores da economia nacional e ainda captação de recursos para setores específicos, 
dirimir as dúvidas e solucionar os casos omissos no que diz respeito à admissão de imigrantes. 
 VEDAÇÕES 
Art. 7°, Lei 6.815/80 - Não se concederá visto ao estrangeiro: I - 
menor de 18 (dezoito) anos, desacompanhado do responsável legal ou 
sem a sua autorização expressa; II - considerado nocivo à ordem 
pública ou aos interesses nacionais; III - anteriormente expulso do 
País, salvo se a expulsão tiver sido revogada; IV - condenado ou 
processado em outro país por crime doloso, passível de extradição 
segundo a lei brasileira; ou V - que não satisfaça às condições de saúde 
estabelecidas pelo Ministério da Saúde. 
Vale lembrar ainda que o impedimento à um dos integrantes da família pode estender-
se a todo grupo familiar. 
Art. 26, Lei 6.815/80 - O visto concedido pela autoridade consular 
configura mera expectativa de direito, podendo a entrada, a estada ou 
o registro do estrangeiro ser obstado ocorrendo qualquer dos casos do 
artigo 7°, ou a inconveniência de sua presença no território nacional, a 
critério do Ministério da Justiça. § 1° - O estrangeiro que se tiver 
DIREITO INTERNACIONAL I 
 
Kleber Luciano Ancioto Página 29 
 
retirado do País sem recolher a multa devida em virtude desta Lei, não 
poderá reentrar sem efetuar o seu pagamento, acrescido

Continue navegando