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Compensação tributária (2)

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12/06/13 Compensação tributária. A mudança de entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto à lei aplicável no momento da sentença - Revista Jus Na…
jus.com.br/revista/texto/10926/compensacao-tributaria/print 1/5
Compensação tributária.
A mudança de entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto à lei aplicável no momento da sentença
http://jus.com.br/revista/texto/10926
Publicado em 02/2008
Cristiano Amorim Tavares da Silva (http://jus.com.br/revista/autor/cristiano-amorim-tavares-da-silva)
O presente artigo visa a proporcionar ao leitor uma visão panorâmica acerca dos diferentes regimes de compensação tributária,
bem como acerca da lei aplicável na hora em que o Juiz vai decidir se há ou não o vindicado direito à compensação.
1. Histórico das leis sobre compensação tributária.
Inicialmente, a disciplina da compensação tributária dos tributos sujeitos administrados tanto pela Secretaria da Receita Federal
(SRF) quanto pela Secretaria da Receita Previdenciária (SRP) foi disciplinada pela Lei n.º 8.383/91. Reza o seu art. 66, § 1º:
Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas
patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá
efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. (Redação dada pela Lei nº
9.069, de 29.6.199) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9069.htm#art66)
§ 1º A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. – grifei.
Nesse diapasão, a compensação tributária circunscrevia-se aos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos e
contribuições federais, desde que se referissem a prestações vincendas e que os tributos fossem da mesma espécie. Por exemplo, não era
possível a uma empresa compensar o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) pago a maior com a contribuição social sobre o lucro
(CSLL) devida pelo empregador sobre a folha de salários e rendimentos do empregado (art. 195, I, "c", Constituição Federal).
Era permitida, apenas, a compensação de tributos e contribuições da mesma espécie, como a CSLL com a própria CSLL e o IRPJ
com o IRPJ.
Posteriormente, sobreveio a art. 74 da Lei 9.430/96, que disciplinou a compensação nestes termos:
Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte,
poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições
sob sua administração.
O diploma aludido possibilitou que a Secretaria da Receita Federal autorizasse a utilização de créditos a serem restituídos ou
ressarcidos para compensação com quaisquer tributos quaisquer espécies de tributos e contribuições administrados pela SRF, desde que
houvesse requerimento do sujeito passivo neste sentido. Assim, operou-se uma mudança na sistemática, relativamente aos tributos
sujeitos à SRF. Se antes a compensação era restrita aos tributos da mesma espécie, com o advento da Lei 9.430/96 alargou-se a esfera
de cabimento a quaisquer tributos e contribuições a cargo da SRF.
Além disto, havia necessidade de requerimento administrativo, sendo que a autorização da Receita Federal facultava ao
contribuinte a realização do encontro de contas no âmbito da sua escrituração contábil, sendo um procedimento efetuado pelo sujeito
passivo, diferindo da sistemática adotada pela Lei n.º 8.383/91, na qual a compensação era atribuição da autoridade fazendária.
O regime de compensação tributária foi alterado mais uma vez com o advento da Lei n.º 10.637/2002, que deu redação nova ao
art. 74 da Lei n.º 9.430/96. Dispõe o mencionado artigo, com a nova redação:
Jus Navigandi
http://jus.com.br
12/06/13 Compensação tributária. A mudança de entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto à lei aplicável no momento da sentença - Revista Jus Na…
jus.com.br/revista/texto/10926/compensacao-tributaria/print 2/5
Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição
administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de
débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002)
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10637.htm#art49)
§ 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual
constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002)
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10637.htm#art49)
A Lei 10.637/2002 manteve a autorização já contida na revogada redação do art. 74 da Lei n.º 9.430/96, permitindo a
compensação entre quaisquer espécies tributárias, indo mais além, possibilitando que o procedimento de encontro de contas fosse
efetuado pelo próprio contribuinte independentemente de requerimento, ficando a atividade do contribuinte sujeita a posterior verificação
da administração quanto à sua correção.
Impende ressaltar que o regime das contribuições previdenciárias nunca foi alterado com o advento das Leis 9.430/96 e
10.637/2002, pois essas alterações apenas se aplicam aos tributos administrados pela SRF. No que tange às contribuições
previdenciárias, aplica-se a Lei n.º 8.383/91, com os limites previstos no art. 89 da Lei n.º 8.212/91, proíbe a compensação em percentual
superior a trinta por cento do valor a ser recolhido em cada competência pelo sujeito passivo. Confira-se:
Art. 89. Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a Seguridade Social arrecadada pelo Instituto Nacional
do Seguro Social-INSS na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. (Redação dada pela Lei nº 9.129, de 20.11.1995)
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9129.htm#art89)
1ºAdmitir-se-á apenas a restituição ou a compensação de contribuição a cargo da empresa, recolhida ao INSS, que, por sua
natureza, não tenha sido transferida ao custo de bem ou serviço oferecido à sociedade. (Redação dada pela Lei nº 9.129, de 20.11.1995)
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9129.htm#art89)
§2ºSomente poderá ser restituído ou compensado, nas contribuições arrecadadas pelo INSS, o valor decorrente das parcelas
referidas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.129, de 20.11.1995)
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9129.htm#art89)
§ 3º Em qualquer caso, a compensação não poderá ser superior a trinta por cento do valor a ser recolhido em cada
competência. (Redação dada pela Lei nº 9.129, de 20.11.1995) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9129.htm#art89)
§4ºNa hipótese de recolhimento indevido, as contribuições serão restituídas ou compensadas atualizadas monetariamente.
(Redação dada pela Lei nº 9.129, de 20.11.1995) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9129.htm#art89)
5ºObservado o disposto no § 3º, o saldo remanescente em favor do contribuinte, que não comporte compensação de uma só vez,
será atualizado monetariamente. (Redação dada pela Lei nº 9.129, de 20.11.1995)
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9129.htm#art89)
§6º A atualização monetária de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo observará os mesmos critérios utilizados na cobrança da
própria contribuição. (Redação dada pela Lei nº 9.129, de 20.11.1995) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9129.htm#art89)
§7º Não será permitida ao beneficiário a antecipação do pagamento de contribuições para efeito de recebimento de benefícios.
(Redação dada pela Leinº 9.129, de 20.11.1995) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9129.htm#art89)
§8º Verificada a existência de débito em nome do sujeito passivo, o valor da restituição será utilizado para extingui-lo, total ou
parcialmente, mediante compensação. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Lei/L11196.htm#art115) – grifei.
Nesse sentido, veja o seguinte precedente do STJ:
TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. SALÁRIO-EDUCAÇÃO. LEI 8.383/91. RESTRIÇÃO A TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES DA
MESMA ESPÉCIE.
1. No que diz respeito à compensação das contribuições recolhidas ao INSS, segue vigente a sistemática do art. 66 da Lei
8.383/91, aplicável a tributos pagos tanto à Receita Federal quanto ao INSS (caput), acrescida apenas da fixação de limites
percentuais para a compensação, em cada competência, pelo art. 89 da Lei 8.212/91, alterado pelas Leis 9.032 e 9.129, ambas de
1995. Não há, portanto, autorização legal para a realização da compensação senão entre contribuições da mesma espécie.
2. Recurso especial parcialmente provido.
12/06/13 Compensação tributária. A mudança de entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto à lei aplicável no momento da sentença - Revista Jus Na…
jus.com.br/revista/texto/10926/compensacao-tributaria/print 3/5
(STJ, REsp 492072/RJ, Primeira Turma, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJ 24.05.2004) – grifei.
A unificação da arrecadação de tributos da União, operada com o advento da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que
englobou as funções da Secretaria da Receita Federal e da Secretaria da Receita Previdenciária, não alterou o regime de compensação
previsto para as contribuições previdenciárias, pois a Lei 11.457/2007 ressalvou, no seu art. 25, § 2º, que a legislação sobre compensação
pertinente a esta espécie continua sendo aplicável.
Existe, ainda, a possibilidade de compensação de tributo com multa, conforme ficou assentado no julgamento do EREsp
831278/PR, da Relatoria do Ministro Humberto Martins. Eis a ementa do julgado:
TRIBUTÁRIO - DENÚNCIA ESPONTÂNEA - COMPENSAÇÃO DE MULTA COBRADA INDEVIDAMENTE COM TRIBUTOS -
POSSIBILIDADE.
1. A Primeira Seção desta Corte, julgando o EREsp 760.290/PR, de relatoria do Min. Castro Meira, em 13.6.2007, decidiu
pela possibilidade de compensação do valor da multa, pago indevidamente com tributos.
2. Entendeu-se que, de acordo com os artigos 139 e 113, §§ 1º e 3º do CTN c/c 43 da Lei n. 9.430/96, o crédito tributário, por
abranger a multa, autoriza a utilização dos valores pagos indevidamente para hipótese já reconhecida também pelas autoridades
fazendárias.
Embargos de divergência improvidos.
(STJ, EREsp 831278, Primeira Seção, Rel. Ministro Humberto Martins, DJ 03.12.2007) – grifei.
2. Lei aplicável ao pedido judicial de compensação.
A sucessão de leis tributárias sobre compensação rendeu ensejo a celeuma acerca de qual a lei aplicável ao pedido de
compensação, pois o longo trâmite das ações acabava resultando em situação na qual a lei vigente no momento do ajuizamento da ação, e
com base na qual o pedido foi denegado, não estava mais vigente na hora da prolação da sentença;
O Superior Tribunal de Justiça, num primeiro momento, pronunciou-se no sentido de que a lei aplicável era aquela que estava
vigente no momento de encontro das contas:
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ART. 535 DO CPC. PRESCRIÇÃO. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. FINSOCIAL. COMPENSAÇÃO. LEI VIGENTE AO TEMPO DO ENCONTRO DE CONTAS.
1. Não é omisso o acórdão que, à luz da legislação anterior, deixa de se pronunciar acerca da prescrição alegada pela primeira vez
nos autos por meio de embargos de declaração. O momento hábil para tal exercício se esgota com o julgamento do feito pelo Tribunal de
recurso.
2. Ausência de prequestionamento dos artigos 150, §§ 1º e 4º, 156, VII, e 168, todos do CTN, incidindo na espécie o óbice da
Súmula 211/STJ.
3. A lei que rege a compensação tributária é a vigente à época do encontro de contas, e não aquela em vigor na data da
propositura da ação.
4. Recurso especial improvido
(STJ, Resp 887063/SP, Segunda Turma, Rel. Ministro Castro Meira, DJ 08.11.2006) – grifei.
12/06/13 Compensação tributária. A mudança de entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto à lei aplicável no momento da sentença - Revista Jus Na…
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TRIBUTÁRIO – COMPENSAÇÃO – LEI APLICÁVEL.
1. A legislação sobre compensação foi, ao longo do tempo, sofrendo mutações e ampliando as possibilidades em favor do
contribuinte.
2. Dificuldade do STJ de admitir aplicação de diploma legislativo não prequestionado.
3. Posicionamento da Seção no sentido de aplicar a legislação vigente quando do encontro de contas, se devidamente
prequestionada.
4. A ausência de prequestionamento constitui óbice incontornável, sendo possível ao STJ somente apreciar a demanda à luz da
legislação examinada nas instâncias ordinárias.
5. Embargos de divergência conhecidos e improvidos
(STJ, EREsp 739036/PE, Primeira Seção, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ o acórdão: Ministra Eliana Calmon, DJ 20.11.2006) –
grifei
A jurisprudência consolidada da Corte sofreu mudança no julgamento do EREsp n.º 448.992, da Relatoria do Ministro Teori Albino
Zavaski, firmando-se a orientação de que a causa de pedir vincula o Juiz, que só pode decidir de acordo com os limites do pedido e do
regime jurídico vigente da época da propositura da ação.
Como salientou o Relator do acórdão, "É inviável, na hipótese, apreciar o pedido à luz do direito superveniente, porque os novos
preceitos normativos, ao mesmo tempo em que ampliaram o rol das espécies tributárias compensáveis, condicionaram a realização da
compensação a outros requisitos, cuja existência não constou da causa de pedir e nem foi objeto de exame nas instâncias ordinárias".
O acórdão restou ementado nestes termos:
TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. PIS E TRIBUTOS DE DIFERENTE ESPÉCIE. SUCESSIVOS REGIMES DE COMPENSAÇÃO.
APLICAÇÃO DO DIREITO SUPERVENIENTE. INVIABILIDADE EM RAZÃO DA INCOMPATIBILIDADE COM A CAUSA DE PEDIR.
1. A compensação, modalidade excepcional de extinção do crédito tributário, foi introduzida no ordenamento pelo art. 66 da Lei
8.383/91, limitada a tributos e contribuições da mesma espécie.
2. A Lei 9.430/96 trouxe a possibilidade de compensação entre tributos de espécies distintas, a ser autorizada e realizada pela
Secretaria da Receita Federal, após a análise de cada caso, a requerimento do contribuinte ou de ofício (Decreto 2.138/97), com relação
aos tributos sob administração daquele órgão.
3. Essa situação somente foi modificada com a edição da Lei 10.637/02, que deu nova redação ao art. 74 da Lei 9.430/96,
autorizando, para os tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, a compensação de iniciativa do contribuinte, mediante
entrega de declaração contendo as informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o crédito tributário, sob
condição resolutória de sua ulterior homologação.
4. Além disso, desde 10.01.2001, com o advento da Lei Complementar 104, que introduziu no Código Tributário o art. 170-A,
segundo o qual "é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo,
antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial", agregou-se novo requisito para a realização da compensação tributária: a
inexistência de discussão judicial sobre os créditos a serem utilizados pelo contribuinte na compensação.
5. Atualmente, portanto, a compensação será viável apenas após o trânsito em julgado da decisão, devendo ocorrer, de acordo
com o regime previsto na Lei 10.637/02, isto é, (a) por iniciativa do contribuinte, (b) entre quaisquer tributos administrados pela Secretariada Receita Federal, (c) mediante entrega de declaração contendo as informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de
extinguir o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.
6. É inviável, na hipótese, apreciar o pedido à luz do direito superveniente, porque os novos preceitos normativos, ao mesmo
tempo em que ampliaram o rol das espécies tributárias compensáveis, condicionaram a realização da compensação a outros requisitos,
cuja existência não constou da causa de pedir e nem foi objeto de exame nas instâncias ordinárias.
7. Assim, tendo em vista a causa de pedir posta na inicial e o regime normativo vigente à época da postulação (1995), é de se
julgar improcedente o pedido, o que não impede que a compensação seja realizada nos termos atualmente admitidos, desde que
presentes os requisitos próprios.
Atualmente, a jurisprudência majoritária da Corte converge no sentido de admitir a compensação de acordo com a lei vigente na
época do aforamento da ação. Leia-se:
12/06/13 Compensação tributária. A mudança de entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto à lei aplicável no momento da sentença - Revista Jus Na…
jus.com.br/revista/texto/10926/compensacao-tributaria/print 5/5
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. COMPENSAÇÃO OU RESTITUIÇÃO. LEI 9.430/96. LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA
DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA 168/STJ. INCIDÊNCIA.
1. Hipótese em que, configurada, à época, a divergência entre o acórdão embargado (entendendo que a apreciação da
compensação, pelo Judiciário, dá-se nos termos da legislação vigente à data do ajuizamento da ação) e o acórdão paradigma (pela
análise nos termos da norma vigente na data do encontro de contas), aplica-se o entendimento pacificado pela Primeira Seção, no sentido
da decisão recorrida.
2. "Firmou-se, na 1ª Seção, a partir do julgamento do ERESP 488.992/MG (DJ de 07.06.2004), o entendimento segundo o qual é
incabível (a) a aplicação retroativa da nova legislação sobre compensação tributária, bem como (b) a apreciação do recurso especial à luz
do direito superveniente, não prequestionado no tribunal de origem" (EREsp 463.167/SP, DJ 02.05.2005).
3. "Todavia, ressalva-se o direito da autora de proceder à compensação dos créditos em conformidade com as normas
supervenientes, caso atenda os requisitos nelas previstos" (AgRg nos EREsp 709.898/SE, DJ 01.08.2006).
4. Incidência da Súmula 168/STJ.
5. Agravo Regimental não provido.
(STJ, AgRg nos EREsp 701850/PE, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJ 08.10.2007) – grifei.
TRIBUTÁRIO – PIS – COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS DECLARADOS INCONSTITUCIONAIS – TRIBUTOS ADMINISTRADOS
PELA SRF – INCIDÊNCIA DA LEI N. 9.430/96 – PROPOSITURA DA AÇÃO POSTERIOR À VIGÊNCIA DO ART. 170-A DO CTN.
1. A controvérsia essencial dos autos restringe-se ao direito de se pleitear a compensação de tributos recolhidos indevidamente,
tendo em vista a declaração de inconstitucionalidade do STF.
2. Quanto à forma de compensação, a legislação que rege o direito à restituição dos tributos indevidamente recolhidos, in
casu, fundamenta-se na norma vigente no momento do ajuizamento da ação (22.3.2004), ou seja, a Lei n. 9.430/96, com as
alterações da Lei n. 10.637/02.
3. Consoante se observa da leitura dos autos, a propositura da ação ocorreu posteriormente à vigência do art. 170-A do CTN,
inserido por força da Lei Complementar n. 104/01, portanto, a compensação tributária deve aguardar o trânsito em julgado da decisão que
a autorizou.
Agravo regimental provido, para reformar a decisão agravada e reconhecer a incidência do disposto no art. 170-A do CTN, com as
alterações oriundas da Lei Complementar n. 104/01
(STJ, AgRg no REsp 739039/PR, Segunda Turma, Rel. Ministro Humberto Martins, DJ 06.12.2007) – grifei.
O efeito prático desta mudança de entendimento é isentar a Fazenda do pagamento da verba sucumbencial sempre que ela não
der causa à instauração do processo por não contrariar a lei vigente na época da propositura da ação, já que, de acordo com a orientação
do encontro de contas, a Fazenda poderia se ver obrigada a pagar honorários e custas por uma pretensão, que, na época do ajuizamento
da ação, não era amparada pelo direito, mas que, em razão da legislação posterior, tornou-se jurídica, sendo que o autor, que não tinha o
direito originariamente à compensação, passaria a ter com a superveniência da lei nova, prejudicando a Fazenda, que denegou a
pretensão corretamente por ela não encontrar respaldo na lei vigente no momento do pedido.
3. Conclusão
Em síntese, a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça com relação à lei aplicável ao pedido de compensação
tributária, que era no sentido de aplicar a lei vigente na data do encontro de contas, evoluiu para caminhar no sentido de que se deve
aplicar, em respeito ao princípio da adstrição à causa de pedir, a lei vigente na data de propositura da ação.
Autor
Informações sobre o texto
Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT):
SILVA, Cristiano Amorim Tavares da. Compensação tributária. A mudança de entendimento do Superior Tribunal de Justiça quanto à lei aplicável no
momento da sentença. Jus Navigandi, Teresina, ano 13 (/revista/edicoes/2008), n. 1685 (/revista/edicoes/2008/2/11), 11 (/revista/edicoes/2008/2/11)
fev. (/revista/edicoes/2008/2) 2008 (/revista/edicoes/2008) . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/10926>. Acesso em: 12 jun. 2013.
Cristiano Amorim Tavares da Silva (http://jus.com.br/revista/autor/cristiano-amorim-tavares-da-silva)
servidor do Tribunal de Justiça de Pernambuco

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