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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE OBRAS E TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO WILLE ARAUJO SILVA PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ARACAJU WILLE ARAUJO SILVA PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Monografia apresentada ao programa de pós- graduação em Gerenciamento de Obra e Tecnologia da Construção da Universidade da Cidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista Aracaju 2015 WILLE ARAUJO SILVA PERDAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Monografia apresentada ao programa de pós- graduação em Gerenciamento de Obra e Tecnologia da Construção da Universidade da Cidade de São Paulo, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista. Área de concentração: Data da apresentação: Resultado:______________________ BANCA EXAMINADORA: Prof. Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________ Prof. Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________ Dedico essa dissertação a minha esposa Luanna Silveira Carvalho, pelo apoio e presença em todos os momentos deste trabalho e ao meu filho Davi Silveira Araujo. E finalmente dedico para meus pais José Arnaldo da Silva e Roxâna Araujo da Silva. RESUMO SILVA, W.A. Perdas na Construção Civil. Trabalho de conclusão de curso (Pós-Graduação em Gerenciamento de Obras e Tecnologia da Construção) – Universidade Cidade de São Paulo. Devido ao aumento da competitividade e o aumento das exigências do consumidor, a construção civil passa por modificações para melhorar os índices de qualidade e eficiência no processo. Pois a indústria da construção civil é uma grande consumidora de materiais primas, mas também é considerada uma grande geradora de resíduos, esses resíduos são conhecidos pelo nome de Resíduos Sólidos da Construção Civil (RSCC) e está ligada ao alto nível de desperdício no empreendimento na construção civil durante as diversas etapas e tipos de construções. Resíduos esses compostos por grande quantidade gesso, argamassa, tijolo, concreto, madeira, aço e outros. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo mostrar os principais motivos que causa intervenções nas obras e consequentemente desperdícios e a necessidade de realizar o controle de perdas através de ferramentas que mostre índices de desperdícios e fatores que causaram. No entanto, em muitas empresas, as formas de combate ao desperdício, ainda são ineficientes. Palavras-chaves: Resíduos Sólios da Construção Civil (RSCC), desperdício de materiais, gestão de consumo de materiais. ABSTRACT Due to increased competitiveness and increased consumer demands, the building undergoes modifications to improve the quality and efficiency indices in the process. For the construction industry is a large consumer of raw materials, but is also considered a major generator of waste, these residues are known for Solid Waste name Construction (RSCC) and is linked to high-level waste in the venture in construction during the various stages and types of buildings. Waste these compounds by lot plaster, mortar, brick, concrete, wood, steel and others. In this context, this paper aims to show the main reasons that cause interventions in the works and consequently waste and the need for the loss of control through tools that show waste rates and factors that caused. However, in many organizations, ways to combat waste, are still ineffective. Keyword / Resumen: Sólios Construction waste, waste of materials, materials consumption management. LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Participação da construção civil nos resíduos sólidos urbanos.............. 08 Figura 02 – Gráfico de medida para evitar o desperdício de material....................... 11 Figura 03 – Gráfico de medida para evitar o desperdício de mão de obra................ 12 Figura 04 – Modelo de processo tradicional.............................................................. 22 Figura 05 – Estrutura da produção............................................................................ 23 Figura 06 – Modelo de processo na Construção Enxuta........................................... 23 Figura 07 – Produção como processo de fluxo.......................................................... 30 Figura 08 – Fase do ciclo de planejamento............................................................... 33 Figura 09 – Hierarquização do processo de planejamento e controle de produção .. 35 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Índices de perdas de materiais............................................................... 10 Tabela 02 – Medidas para evitar o desperdício de material...................................... 11 Tabela 03 – Medida para evitar o desperdício de mão de obra................................. 12 Tabela 04 – A filosofia convencional de produção a Nova Filosofia de Produção... 24 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 01 1.1 Justificativa da pesquisa............................................................................................ 01 1.2 Objetivos.................................................................................................................... 04 1.3 Estrutura da dissertação............................................................................................. 04 2 RESIDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL.............................................................. 06 2.1 Definição.................................................................................................................... 06 2.2 Classificação e destinação......................................................................................... 07 2.3 Resíduos de Construção e Demolição – RCD`S ....................................................... 08 2.4 Pesquisa do ITQC...................................................................................................... 08 3 O AVANÇO DA GESTÃO DA PRODUÇÃO E O CONTROLE DAS PERDAS................................................................................................................... 13 3.1 Administração Cientifica do Trabalho...................................................................... 13 3.2 Sistema de produção segundo Henry Ford................................................................ 15 3.3 Sistema Toyota de Produção – SPT .......................................................................... 17 3.4 A Nova Filosofia de Produção ou Produção Enxuta................................................. 21 4 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO – PCP............................ 31 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 37 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 38 1 1. INTRODUÇÃO1.1. Justificativa da pesquisa O setor da construção vem modificando nesses últimos anos, isso se deve ao aumento de competição, maior grau de exigência do consumidor (amparado pelo Código de Defesa do Consumidor) , ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental e busca por melhores condições de trabalho, evidenciada pela Norma NR – 18 intitulada Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da Construção, vigente a partir de 1995. A implementação de um empreendimento de Construção Civil é dividida em duas principais etapas: a primeira é a de projetos, onde se faz levantamento da construção e a confecção de plantas; a segunda é a da execução, onde se realizam as decisões tomadas na primeira etapa. A falta de uma gestão na obra acarreta muitas intervenções, principalmente durante a fase de acabamento, causando retrabalhos e consequentemente um maior custo no produto final, além de perda de tempo, sendo hoje crucial o prazo de entrega (SANTOS, 2003). A finalidade de uma gestão seria detectar os pontos críticos e encontrar as melhores e mais econômicas soluções, evitando assim toda essa perda (SANTOS, 2003). Inicialmente, por volta da década de 20, a questão da qualidade no ambiente industrial significava a eliminação de produtos defeituosos. Mas após a Segunda Guerra Mundial, o significado de qualidade adquiriu maior abrangência, envolvendo então toda a produção, não apenas no sentido de se evitar ou remover os defeitos, mas também para aumentar a segurança dos funcionários (TEIXEIRA et al, 2008). 2 Hoje em dia, há uma maior conscientização dos clientes, pois eles ditam as necessidades do mercado, e a consequência disto é que um maior número de fabricantes de materiais e componentes, de empresas construtoras e de empresas de projetos se interessem pela implementação de sistemas de gestão de qualidade (MELHADO, 2003). As empresas de Construção Civil mudaram a sua concepção quanto ao processo de produção, passando a ser diretamente influenciadas pela dinâmica do mercado, intimamente ligada com a concorrência cada vez mais acirrada. A consequência desse mercado dinâmico é que as construtoras diminuíram as suas margens de lucro, em que há necessidade de oferecer um produto economicamente acessível e que satisfaça às exigências dos clientes, buscando a Qualidade Total (SANTOS, 2003). Segundo a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (2002), os resíduos de construção civil são: “os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente 4 chamados de entulhos de obras, caliças ou metralha (CONAMA, 2002).” Segundo Riul (2010), a produtividade no setor é baixa, chegando à apenas 32% da norte-americana, enquanto na Dinamarca a produtividade média na construção é de 22hh/m²∗, no Brasil é de 45hh/m²*. Estima se que no Brasil, com o desperdício de 3 obras é possível fazer mais uma. ∗ hh/m² = homem hora por metro quadrado construído. 3 Com alto índice de desperdício, baixa produtividade, baixa mecanização e excesso de índices de patologia, segundo Cardoso (1997): [...] a construção civil busca por uma melhor gestão, emprego dos recursos e qualidade, uma maior produtividade e segurança no trabalho, menores desperdícios, e preços dos ‘produtos’, entre outros pontos, constitui objetivo que deve ser perseguido por todos os agentes setoriais. Segundo Silva (1986), a tecnologia de produção no macro complexo da construção civil é o resultado da combinação de processos de natureza diversas. Na indústria que envolve os materiais tem-se, de um lado, alto teor de conhecimento incorporado, como a indústria de vidro, aços, tinta, tubos e conexões, etc. Por outro lado, existem indústria com tecnologias tradicionais que envolvem processos predominantemente artesanais, tais como alguns segmentos da indústria de cerâmica vermelha e da indústria de esquadria de madeira. De acordo com a mesma autora, o atraso na construção civil ocorre devido a quatro principais fatores: um desenvolvimento tecnológico lento na ponta da cadeia, sem que seja visível o efeito do desenvolvimento das partes anteriores sobre o produto final; um nível de produtividade considerada baixa quando comparada com padrões de outra indústria; um nível de qualidade do produto final que não atende as necessidades dos clientes finais; e níveis salariais que mantém uma parcela da sociedade empregada na construção civil sem possibilidade de crescimento do poder aquisitivo ao longo de suas vidas economicamente ativas. Farah (1988) relata que a mudança na construção civil é vista sobretudo da perspectiva do controle do processo de trabalho, havendo uma tendência de racionalização da construção buscando diminuir custos e aumentar a produtividade, não mudando a base técnica. 4 O esforço de melhorias da eficiência pode ser facilitado pelo entendimento da evolução dos sistemas de produção industrial, passando por Taylor, Ford, o Sistema Toyota de Produção (STP) e a Nova Filosofia de Produção (NFP) ou Produção Enxuta, que é a adaptação dos conceitos do STP para outras indústrias automobilísticas e de outros setores. Neste contexto, o presente trabalho pretende mostrar os principais causa e controles para redução das perdas na construção civil. 1.2. Objetivos O objetivo geral desta dissertação é propor diretrizes e ferramentas para o controle das perdas nos processos de produção em canteiros de obras. Os objetivos específicos são: a. Identificar os motivos que causam esses desperdícios; b. Investigar a inserção de ferramentas para monitoramento das perdas no processo de controle de produção 1.3. Estrutura da dissertação Esta dissertação apresenta a seguinte estrutura: O primeiro capítulo, apresenta o contexto no qual está situado, o problema de pesquisa, seus objetivos e a estrutura da pesquisa. 5 Já o segundo, mostrarei definição, classificação e destinação correta dos resíduos da construção e também um estudo realizado que calcula os índice de perdas de cada material. No Capítulo 3, será demostrado o avanço da gestão de produção e o controle das perdas e as diferenças entre eles. No Capítulo 4, mostrarei o planejamento e controle da produção aplicado na construção civil. No Capítulo 5, apresentam-se as conclusões do trabalho. 6 2. RESIDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 2.1. Definição Segundo Riul (2010), os resíduos da construção civil representam cerca de 40 a 60% dos resíduos urbanos. E para determinar as perdas de matérias na construção civil, usa-se a seguinte formula: Onde: QMT = Quantidade de material teoricamente necessária; QMR = Quantidade de material realmente utilizada. Essa quantidade de material utilizada em excesso pode ser motivo de três causas: a) Por furto; b) Incorporação de materiais à edificação; c) Entulho O furto, ou extravio, normalmente não é elevado, podendo ser minimizado com procedimentos de controle do recebimento dos materiais. A incorporação de materiais em excesso nas edificações ocorre, principalmente, para os materiais utilizados em serviços que exigem a moldagem in loco, como é o caso das estruturas de concreto armado e revestimentos argamassados, porexemplo. 7 E o entulho, é a parte mais visível das perdas de materiais. Segundo Brito Filho (1999), na cidade de São Paulo, somente a indústria da construção civil gera 90.000 m³ de entulho por mês, considerando-se apenas o material que chega a aterros oficiais. Segundo Formoso (1996), as perdas devem ser entedidas como qualquer ineficiência existente no uso de equipamentos, materiais, mão-de-obra e capital em quantidade superior às necessárias para execução do produto, englobando tanto perdas de materiais quanto a execução de atividades que não agregam valor. Esses mesmo autor destaca que o esforço para melhoria do desempenho na construção civil deve considerar o conceito mais amplo de perdas, visando a diminuição do gasto de recursos que não agregam valor, vinculados às atividades de conversão ao fluxo. Conforme Formoso (1996), para reduzir as perdas na construção é preciso conhecer sua natureza e identificar suas principais causas, pois a competitividade da empresa é alcançada na medida em que a organização persegue a redução de perdas continuamente. . 2.2. Classificação e destinação Esses resíduos podem ser divididos em quarto classes de acordo com a Resolução n⁰ 307 do CONOMA, de 17 de julho de 2002: � Classe A: são os resíduos recicláveis e/ou reutilizáveis na forma de agregados. Ex: Solos, blocos, telhas. Destinação: reutilização ou reciclagem com uso na forma de agregado, além da disposição final em aterros licenciados; 8 � Classe B: são recicláveis, mas com outras destinações e funções. Ex: plástico, vidro, papel, papelão. Destinação: reutilização, reciclagem ou armazenamento temporário. � Classe C: ainda não existem tecnologia e soluções economia- camente viáveis para tais. Ex: produtos oriundos do gesso. Destinação conforme norma técnica especifica. � Classe D: são resíduos perigosos ou contaminados. Ex: solventes, tintas, restos de demolições de clínica radiológicas. Destinação: conforme norma técnica especifica. 2.3. Resíduos de Construção e Demolição – RCD’s Segundo Riul (2010), os resíduos de classe A e B que são recicláveis e reaproveitáveis representam cerca de 90% da massa de RCD’s. Além da grande quantidade, o problema está em onde são despejados esses resíduos, muitas vezes em terrenos baldios, margem de rios e córregos, etc.... A atividade da construção civil gera a parcela predominante da massa total dos resíduos sólidos urbano produzidos nas cidades. Estudos realizados em diversas cidades têm apontado os seguintes números: Figura 01 – Participação da construção civil nos resíduos sólidos urbanos Fonte: Sinduscon/SP 9 Segundo Riul (2010) em 1997 foram estimados níveis de geração em algumas cidades brasileiras, como listados abaixo: • Santo André: 1013 ton/dia; • São José do Rio Preto: 687 ton/dia; • São José dos Campos: 733 ton/dia; • Jundiaí: 712 ton/dia; • Brasilia: 4.000 ton/dia. Em alguns países foram tomadas medidas para uma destinação melhor a esses resíduos, como acontece nos países baixos, que em 2000 registram 90% de aproveitamento dos resíduos de construção. 2.4. Pesquisa do ITQC Uma pesquisa realizada pelo ITQC (Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção) juntamente com 15 universidades federais desenvolveram uma fórmula para calcular o consumo médio de todos os materiais de construção. A fórmula é a seguinte: Onde: IC = índice de consumo. É o resultado o resultado de quanto de material deve ser comprado; ICT = índice de consumo teórico, que seria a quantidade exata de material que irá necessitar para fazer um serviço. 10 Perdas: É a porcentagem das perdas médias de cada material, onde cada um tem a sua. A tabela abaixo mostra um resumo de alguns materias estudados na pesquisa: Tabela 01 – Índice de perdas de materiais Fonte: ITQC Percebe que alguns tipos materiais têm índices de desperdício maiores que outro, isso se deve a forma como são empregados, por exemplo: a) Aço: como se vende barra de aço de 12m então se devem fazer prédios com o pé direito múltiplo de 3m, isso geralmente não acontece; b) Bloco cerâmico: como os blocos cerâmicos são vendidos pela a sua maioria com comprimento de 29cm, os layouts das paredes das edificações poderiam ser múltiplo de 30cm (presumindo que o espaçamento estre os blocos sejam de 1cm). c) Gesso: o gesso em pó para execução do revestimento, se perde devido à má execução das paredes, podendo ter uma espessura de 2cm até 6cm, já as placas de gesso, grande parte se perde devido aos layouts das construções, devendo estas serem múltiplas de 60cm, de dimensões da largura e comprimento, visto que as placas têm dimensões de 60,00x60,00cm. 11 Segundo Riul (2010), o acréscimo dos custos devido ao desperdício, chega a 30% no Brasil, enquanto em países como Bélgica e França esses valores são de 17% e 12% respectivamente. Segundo uma pesquisa realizada por Grohmann (2003) com 17 empresas no Rio Grande do Sul, chegou ao seguinte resultados das medidas que as empresas executam para evitar o desperdicio no canteiro de obras. Figura 02 – Gráfico de medida para evitar o desperdício de material Fonte:Grahmann,2000 Tabela 02 – Medidas para evitar o desperdicio de material. Fonte:Grahmann,2000 Observa-se na tabela acima que as empresas para evitar o desperdicio de materiais usam as seguintes medidas: aperfeiçoamento técnico (52,29%), 12 reaproveitamento de materiais e treinamento para conscientização (41,18%) e fiscalização constante (35,29%). Vale saliente que das 17 empresas da pesquisa, 2 não fazem nenhuma medida para evitar o desperdício. Outro tipo de desperdício pouco estudado se refere a mão de obra que não incorporam valor ao produto final e que podem ser reduzidos ou eliminados sem causar nenhum prejuízo. Esse tipo de desperdicio englobam: Tempo de espera, de retrabalho, de transporte, etc. Figura 03 – Gráfico de medida para evitar o desperdício de mão de obra Fonte:Grahmann,2000 Tabela 03 – Medidas para evitar o desperdicio de mão de obra. Fonte:Grahmann,2000 13 De acordo com o estudo e a tabela acima os principais métodos de controle para evitar desperdício de mão-de-obra são: a inspeção dos funcionários (88,24%); o treinamento de pessoal (70,60%) e o aperfeiçoamento técnico (64,71%). A inspeção dos funcionários consiste em observar o funcionário constantemente na execução dos serviços, assim evitando o “corpo mole”. Outro aspecto que se pode ser observado é a preocupação com o treinamento do pessoal (70,60%) e aperfeiçoamento técnico, isso demonstra o quanto os empresários estão preocupados com a qualificação dos seus funcionários. Outro aspecto negativo é que das 17 empresas pesquisadas, duas (11,76%) não utilizam nenhuma medida para evitar o desperdício da mão-de-obra. 3. O AVANÇO DA GESTÃO DA PRODUÇÃO E O CONTROLE DAS PERDAS Nesse tópico, será mostrado a evolução da gestão de produção, destacando a Administração Científica do Trabalho, o Sistema Fordista, o Sistema Toyota de Produção e a Nova Filosofia de Produção, dando ênfase às questões relacionadas à detecção e prevenção das perdas. 3.1. Administração cientifica do trabalho Frederic Taylor é considerado o pai da Administração Científica do Trabalho, ele desenvolveu um estudo dos tempos e movimentos o motion-time study, que permitiu a racionalização dos métodos de trabalho do operário e fixação de tempos padrões para execução de cada tarefa. 14 Na obra Shop Management estabelece que toda a operação pode e deve ser um processo padronizado e planejado de modoa eliminar todo e qualquer desperdício de esforço humano e tempo. Esse estudo permitiu uma maior adequação de cada operário à sua atividade e também um maior controle por parte do empregador sobre o desempenho do mesmo. Com o estudo de Taylor surgiu a ideia de treinamento no qual as atividades eram divididas em tarefas e ensinadas aos empregados, com isso foi desenvolvendo métodos de executar determinada tarefa da forma mais eficiente. Taylor desenvolveu uma Organização Racional do Trabalho, que estabelece uma divisão de responsabilidades: a gerência fica com o planejamento das atividades, a supervisão é responsável por repassar o planejamento e controlar a execução e o operário fica a execução pura e simples das tarefas. Ou seja, Taylor separou o trabalho mental, que seria de responsabilidade da gerência, do trabalho físico, de responsabilidade do empregado. E ainda estabeleceu quatro princípios de atribuição da gerência: do planejamento, do preparo, do controle e da execução. Dentro do princípio do planejamento, foi substituído o empirismo das operações por métodos baseados em procedimentos científicos. Cada tarefa teria que ser analisada decompondo-as em movimentos elementares e estabelecendo o método mais eficiente de executa-las. No princípio do preparo, deve ser separado os operadores de acordo com as características necessárias para o desempenho de cada tarefa, prepara-los e treiná- los para que desempenhem o trabalho com a máxima eficiência possível. Já o princípio do controle é estabelecido para garantir o cumprimento das normas estabelecidas pelo planejamento na execução das tarefas, buscando 15 sempre corrigir, aperfeiçoar e premias os níveis de eficiência e produtividade alcançados. Já o princípio da execução, a gerencia deve atribuir de cada um no processo e repassar as reponsabilidades. Com isso ocorre a divisão do trabalho onde cada operador realizar uma tarefa predominante e de forma repetitiva. Assim, o trabalhador se especializa cada vez mais para executar um serviço. A partir do conceito de homo economicus, a Administração Científica estabelece que o pagamento do trabalhador deve estar relacionado à sua produtividade para que ele desenvolva o máximo de produção de que é fisicamente capaz. 3.2. Sistema de produção segundo Henry Ford Ford (1927) foi diferente de Taylor quanto à preocupação acerca do assunto desperdício. Não se preocupava com questões referentes aos recursos naturais, mas somente ao desperdício do trabalho humano. De acordo com Ford (1927), “o verdadeiro remédio contra o desperdício está na prevenção”. Apesar que recuperar os resíduos após a produção representa um serviço prestado ao público, evita-los é um bem maior. Ford diferenciava o desperdício de material do desperdício de tempo, pois considerava este último como energia humana, sendo, portanto, impossível de ser recuperado. Ford considerava que era possível melhorar a produção, então esse método deverá ser colocado como uma nova etapa a ser adotada, podendo ser sucessivamente melhorada. Nestas melhorias as preocupações com o desperdício do trabalho humano deveriam estar presentes. 16 Foi adotado por Ford três princípios básicos: • Princípio de intensificação: foi caracterizado por intensificar a produção, fazendo com que a matéria prima chegasse mais rápido a fábrica, os equipamentos mais próximos dos montadores resultaria no produto entregue mais cedo do que o esperado no mercado • Princípio da economicidade: consistia em esgotar todo estoque de matéria prima na produção em massa e vender o produto antes que fosse fabricado, assim o dinheiro para as despesas fixas e variáveis da empresa entraria antes que o produto saísse. • Princípio da produtividade: está relacionado com aumento de produção de um funcionário que era feito através da padronização dos equipamentos e dos movimentos feitos na montagem, com isso reduzia o tempo gasto e aumentava a produção. O conceito de padronização foi considerado benéfico do ponto de vista do produto e também da produção. Para padronizar um método, Ford (1927) sugere: “Qual o melhor meio de fazer uma coisa? Simplesmente a soma de todos os bons meios descoberto até hoje. Este Total é o padrão. Mas decretar que o padrão de hoje será o de amanhã, isto excede a nossa força e autoridade” (p.100). “Nossos processos mudam sem parar, não porque sejamos amigos de mudanças, mas porque a norma de reduzir sempre o preço de custo e aperfeiçoar o produto nos obriga a aperfeiçoar” (p.299). Segundo Antunes Júnior (1995), Taylor e Ford preocupavam-se em diminuir perdas de materiais, considerando como principais causas: 17 a) A falta de uma visão sistêmica por parte da gerência para treinamento e formação das pessoas; b) A falta de uma análise detalhada dos processos nos quais ocorem as perdas. 3.3. Sistema Toyota de Produção – SPT Com a crise do petróleo na década de 70, fez com que as empresas buscassem outras maneira de prosperar em um ambiente conturbado, rodeado de situações desfavoráveis. Segundo Ohno (1978), a Toyota começou uma mudança em seu sistema de produção quando Toyota Kiichiro, presidente da Toyota Motor Company, disse que eles deveriam alcançar a América em três anos, caso contrário a indústria automobilística do Japão não sobreviveria. Diante disso, os japoneses voltaram suas atenções para o método de produção em grandes lotes. Segundo Womack et al (1992), tal método não poderia ser adotado no Japão pois, a Toyota decidiu entrar no ramo de fabricação de carros e caminhões em grande escala. Deparou-se com alguns problemas, tais como: o mercado doméstico era relativamente limitado; a força de trabalho não mais estava disposta a ser tratada como custo variável; a economia estava ávida por capitais e trocas comerciais, não permitindo a compra das tecnologias de produções ocidentais mais recentes; os produtos americanos e europeus procuravam expandir seus mercados para o Japão, estando dispostos a defender seus mercados contra as exportações japonesas. Tais fatores levaram o governo japonês a proibir os investimentos externos na indústria automobilística japonesa, a que foi fundamental importância 18 para a Toyota, na medida em que Ohno passou a estudar possíveis mudanças no sistema de produção, iniciando, então, os primeiros passos do Sistema Toyota de Produção. Diante da boa margem de desempenho em um ambiente economicamente inviável a Toyota começou a fazer estudos direcionados para o entendimento dos fatores que contribuíram para alcançar esse resultado. Após as primeiras análises, o resultado positivo veio através de diversos princípios, métodos e técnica aplicadas em conjunto, mas, além disso o resultado veio do somatório das contribuições isoladas de cada um. A história da Toyota e de seu sistema de produção se confunde com a história das principais personalidades que fizeram parte da fundação e do gerenciamento da Toyota Motor Company. Sakichi Toyoda – criador dos primeiro princípios; Kiichiro Toyoda, filho de Sakichi – fundador da Toyota Motor Company e idealizador do Just – in – Time (JIT); Eiji Toyoda, primo de Kiichiro – presidente e diretor da empresa nas fases iniciais de criação do Sistema Toyota de Produção (STP); Taiichi Ohno – vice-presidente da empresa e criador do sistema Kanban; e Shigeo Shingo – criador de ferramentas e técnicas fundamentais relacionadas à qualidade e às trocas rápidas de ferramentas. Esses são os principais nomes que idealizara o que se conhece hoje como Sistema Toyota de Produção. Segundo Shingo (1996) a diferença entre o STP do Fordismo é basicamente três características: a)Grandes lotes em contraposição à produção em lotes pequenos: enquanto a Ford produzia poucos modelos em grandes quantidades, a Toyota passou a produzir muitos modelos em pequenas quantidades. Esta decisão se deu em 19 função das condições do mercado e das demandas dos usuários. A Ford tinha como estratégia a produção em grandes lotes, grandes estoques de produtos acabados (causando por diferença entre as previsões e a demanda real), e a acumulação de estoques intermediários entre os processos. Na Toyota, em função da redução do tempo de ajuste (set up), obtido através da troca rápida de ferramentas, tornou-se possível a produção de pequenos lotes, tendo por consequência a redução dos ciclos de produção e a realização da produção de acordo com a demanda real de consumo; b) Adoção de modelos mistos no processo de montagem: enquanto a Ford a produção estava baseada na produção em grandes lotes, na Toyota a produção é balanceada com modelos mistos, que é resultado de uma sequência da montagem final repetida durante o dia. Este procedimento passa a eliminar a geração de estoques intermediários, permitindo, assim uma resposta rápida às flutuações da demanda, aumentando a flexibilidade; c) Operação de fluxo de peças unitárias na montagem e no processamento das peças: na Ford os trabalhadores da linha de montagem executavam um ou duas tarefas simples de maneira repetitiva. A alta administração julgava a gerência da fábrica por dois critérios: rendimento e qualidade. O rendimento era medido pelo número de carros produzidos em relação ao planejado. Quanto à qualidade dos produtos avaliava-se os produtos para o mercado externo. Neste caso, o mais importante era não parar a linha de montagem, deixando para corrigir eventuais problemas somente na área de reparos. Ohno (1978) observou uma grande quantidade de desperdícios neste sistema, tanto quanto os desperdícios de esforços, materiais e tempo. 20 Também considerava os trabalhadores da linha de produção capazes de executar a maioria das funções dos especialistas. Womack et al (1992) destaca que a diferença entre a produção em massa e a produção enxuta está em seus objetivos finais. Enquanto a produção em massa estabelece uma meta limitada que permite uma quantidade tolerável de defeitos, um nível de estoque aceitável e um limite na variedade de produtos padronizados, a produção enxuta, na busca da perfeição, tem por objetivo a redução de custos, a não ocorrência de itens defeituosos, a eliminação de estoques e a existência de variedade de produtos Segundo Shingo (1996), existem dois tipos de superprodução: a) A superprodução quantitativa, que consiste em produzir mais produtos do que o necessário; b) A superprodução antecipada, que consiste em produzir o produtos antes do tempo que o mesmo é necessário. Na Toyota Motors, a superprodução não é tolerada. O método utilizado para eliminar a superprodução era a produção just-in-time. A essência do STP é a aliminação da perda por superprodução . Para que isso ocorrra é preciso que a produção seja realizada em lotes pequenos, tornando-se possível com o emprego do sistema de trocas rápidas de ferramenta e de redução drástica nos tempos de atravessamento. O significado da palavra Just-in-time (JIT) é “no momento certo”, “oportuno”, visa, através de um conjunto de ferramentas produzir e entregar os produtos em pequenas quantidades respeitando curtos prazos de entrega, ou seja, as quantidades necessárias no tempo certo. 21 Segundo Liker (2004), a Toyota e os seus métodos demonstraram excelentes índices de sucesso visto que se verificava que a qualidade e eficiência das produções das suas fábricas eram superiores às produções realizadas nas fábricas americanas. A indústria Japonesa vem demonstrando exemplos claros de eficiência e de retornos financeiros e operacionais nas suas produções com o uso destes métodos. 3.4. A Nova Filosofia de Produção ou Produção Enxuta. A produção enxuta (lean production), ou nova filosofia de produção, tem seu foco voltado para melhoria da produção e para redução de custos através da diminuição de perdas em todo sistema produtivo, podendo se dar através de materiais, mão-de-obra, capital e equipamentos. Segundo Koskela (1992) a “Lean Construction” é a adaptação do Sistema Toyota de Produção para construção civil. Esse sistema de produção aumentou a competividade com a identificação e eliminação de perdas. Perdas não se resumem apenas a produtos defeituosos gerados no Sistema de Produção em Massa (Fordismo, oposto ao método Toyota de produção), mas também perdas de recursos, mão-de-obra, “perda de tempo” e equipamento em atividades que não agregam valor. Koskela, em 1992, publicou um trabalho acadêmico chamado “Application of the new production philosophy in the construction industry” (Aplicação da nova filosofia de produção na industria da construção), no qual a mesma avaliou a aplicabilidade do sistema de produção da indústria automobilística na indústria da construção civil e assim originou a “Construção enxuta”. 22 Atualmente o gerenciamento de obras no Brasil é feito de forma improvisada, intuitiva e reativa ( Figura 04) resultando assim uma baixa produtividade, falta de qualidade nos processos, elevados custos de produção, altos índices de desperdícios, além de insatisfação dos clientes e/ou proprietários. Por isso que as construtoras cada vez mais vem buscando a implementaçãao de Sistema de Qualidade – SGQ, mas estes ainda não atendem com profundidade de todas as questões relacionadas à produção. Figura 04 – Modelo de processo tradicional Fonte:Koskela,1992 Na conceituação de Shingo (1996), o processo é formado por quatro elementos: a) Processamento: alteração na forma ou composição do material; é a única que agrega valor ao produto; b) Inspeção: comparação com um padrão; c) Transporte: movimentação dos materiais ou produtos, modificados a sua posição; d) Espera: período de tempo durante o qual não ocorre nenhum processamento, inspeção ou transporte. 23 Figura 05 – Estrutura da produção Fonte:Shingo,1996 Devido as mudanças que vêm ocorrendo no novo paradigma d gestão da produção, Koskela (1992) define processo de produção como o fluxo de materiais ou informações, da matéria prima até o produto final. Neste fluxo, a matéria prima é processada (convertida), inspecionada, movimenta ou encontra-se em espera. O processo ou conversão é uma atividade que agrega valor, pois converte material ou informação com o objetivo de atender os requisitos dos clientes. Inspeção, movimento e espera representam o aspecto de fluxo da produção, sendo atividade que não agregam valor, sendo denominadas por Koskela (1992) de atividades de fluxo. Figura 06 – Modelo de processo na construção enxuta Fonte:Koskela,1992 24 Na comparação do processo tradicional com o Lean Construction, no primeiro o fluxo de montagem é explicitamente considerado influenciado pelo Fordismo, enquanto no segundo além dos fluxos de montagem, outros fluxos físicos são explicitamente considerados: fluxo de materiais, informações e de trabalho; que mesmo não agregando valor a construção, são deficitários, já que consomem a maior parte dos custos e tempo de mão de obra. Koskela (1992) destaca as diferenças mais importantes entre a produção convencional e a NFP, que estão resumidas na tabela 04 Tabela 04 – A filosofia convencional de produção e a Nova Filosofia de Produção Fonte:Koskela,1992 Segundo Lauri Koskela a “Lean Construction” tem como base onze princípios interativos, cujo o objetivo é eliminar os desperdícios existentes a partir daanálise de cadeia de valor: 1) Redução do lead time 1, ou seja, reduzir a parcela de atividades que não agrega valor: Este princípio é considerado o mais fundamental da construção enxuta que melhora a eficiência dos processos e reduz as perdas eliminados algumas 1 Lead Time é o tempo alocado para a produção de um produto. 25 atividades de fluxo, disponibilizando equipamento, ferramentas, informações e locais adequados visando à redução de movimentos desnecessários. 2) Aumentar o valor do produto através da consideração das necessidades do cliente: Este princípio é baseado nas necessidades dos clientes externos (os adquirentes dos imóveis) e os clientes internos (trabalhadores da empresa). Segundo Koskela (1992), o valor não é uma qualidade inerente ao processo de conversão, mas é gerado como consequência do atendimento aos requisitos do cliente. O cliente pode ser o consumidor final ou a próxima atividade no processo de produção. 3) Reduzir a variabilidade: Segundo Isatto (2000), existem diversos tipos de variabilidade, relacionados ao processo de produção, como por exemplo, a variação dimensional dos materiais entregues, a variabilidade existente na própria execução de um determinado processo e a variabilidade da demanda, que está relacionada aos desejos e as necessidades de um processo. Segundo Shingo (1996), a melhor forma de reduzir a variabilidade é alcançando uma padronização, tanto na conversão quanto no fluxo do processo. A variedade é responsável por aumentar o tempo de ciclo e as atividades que não agregam valor. 4) Reduzir o tempo de ciclos: O tempo do ciclo é composto pela somas dos tempos do movimento, espera, processamento e inspeção na geração do produto. Este princípio tem origem na filosofia do “Just-in-Time”. 26 A sincronização do fluxo de materiais e mão-de-obra através de programações repetitivas e padronizadas torna o sistema de produção menos vulnerável a mudanças de demanda. Esse princípio foca em menos lotes de produção para facilitar a gestão dos processos e o controle da produção, com isso as identificações dos erros ficam mais evidentes, pois existe menos sobreposição na execução de diferentes unidades. 5) Simplificar os processos através da redução do número de passos ou partes: Este princípio consiste na redução do número de componentes em um produto ou a redução do número de partes ou estágios em um fluxo de materiais ou informações causando a redução de atividades que não agregam valor, ou seja, pela simplificação dos processos. Segundo Isatto (2000) considera quanto maior o número de componentes ou passos em um processo maior será a quantidades que não agregam valor, que também podem causar variabilidade que aumenta a possibilidade de interferência entre as equipes. Uma forma de reduzir os processos é utilizando elementos pré-fabricados, o uso de equipes polivalentes e com um planejamento eficaz dos métodos de produção. 6) Aumentar a flexibilidade de saída: O aumento de flexibilidade está vinculado no processo como gerador de valor que consiste em poder alterar as características de um determinado produto sem aumentar o seu custo ou causar atividades que não agregam valor, tornando o produto mais flexível a mudanças. 27 A redução dos números de lotes é utilizada para reduzir o tempo de ciclos das atividades, e também com o uso de mão de obra polivalente que são capazes de se adaptar facilmente as mudanças na demanda. 7) Aumentar a transparência do processo: O aumento da transparência nos canteiros de obras é importante para diminuir a quantidade de erros nos processos de produção com o aumento do fluxo de informações. Segundo Koskela (1992), pode-se diminuir a ocorrência de erros na produção proporcionando maior transparência dos processos produtivos. Isso ocorre porque à medida que o princípio é utilizado, podem-se identificar problemas mais facilmente, no ambiente produtivo durante a execução dos serviços. Para ISATTO (2000), algumas formas de aumentar a transparência no processo são: • A remoção de obstáculos visuais, tais como divisórias e tapumes. • Utilização de dispositivos visuais, tais como cartazes, sinalização e demarcação de áreas. • Emprego de indicadores de desempenho, que tornam visíveis atributos do processo. • Aplicação de programas de melhorias da organização e limpeza do canteiro como o 5S. A ausência e até mesmo a pouca transparência no processo aumenta a possibilidade de erros e pode diminuir a motivação para melhorias. 28 8) Focar o controle no processo global: Segundo PICCHI (2001) o controle no processo global tem como objetivo proporcionar uma visão mais ampla do percurso do produto até chegar ao seu consumidor final, pois possibilita a identificação de possíveis desperdícios que ocorrem, considerando a cadeia como um todo, como repetidas atividades de transporte, inspeções, estoques e retrabalho. 9) Estabelecer melhorias contínuas no processo: Segundo Koskela (2002), os esforços para redução do desperdício e do aumento do valor devem ocorrem de maneira continua na empresa. Para Isatto (2000), trabalho em equipe e gestão participativa constituem os requisitos essenciais para a introdução de melhorias contínua no processo. Esse princípio é aplicado através de iniciativas de apoio e dignificação da mão-de-obra. Por exemplo: premiação por cumprimento de metas, utilização de caixa de sugestões, estabelecimento de planos de carreira, certificados de desempenho, escolha do funcionário do mês, entre outros. 10) Introduzir melhorias dos fluxos com as melhorias de conversões: Segundo Koskela (2002), melhorias nos fluxos e na conversão estão interligados à: • Melhores fluxos requerem menor capacidade de conversão e, portanto, menores investimentos m equipamentos. • Fluxos mais controlados facilita à implementação de novas tecnologias de conversão. 29 • Novas tecnologias na conversão podem acarretar menor variabilidade e, assim, benefícios no fluxo. De acordo com Koskela (2002), em geral, quanto maior a complexidade do processo de produção, maior é o impacto das melhorias e quanto maiores os desperdícios inerentes no processo de produção, mais proveitoso os benefícios nas melhoras do fluxo, em comparação com as melhorias na conversão. 11) Fazer “benchmarking”: Este princípio é muito utilizado no EUA, que também é conhecido como “referenciais de ponta”, que significa buscar informações de outras fontes como dissertações de autores especialistas em um determinado assunto ou através de práticas de outras empresas no mercado da construção civil. Para Isatto (2000), o benchmarking é um processo de aprendizado a partir das referências de outras empresas consideradas “lideres” em determinados aspectos ou seguimentos. Segundo Koskela (1992), o modelo conceitual da Nova Filosofia de Produção define produção como um fluxo de material ou informação desde a matéria prima até o produto final (Figura 07). Neste fluxo, o material é processado (convertido), inspecionado, transportado ou armazenado. Assim como no STP, o processamento representa a única atividade que pode agregar valor ao produto. A inspeção, o movimento e o armazenamento são denominadas de atividade de fluxo, e não agregam valor ao produto. Cada processo pode ser caracterizado por tempo, custo e valor refee-se ao atendimento das exigencias do cliente. 30 Tabela 07 – Produção como processo de fluxo Fonte:Koskela,1992 Koskela destaca que a Nova Filosofia de Produção está centrada em três aspectos do sistemade produção: conversão, fluxo e geração de valor. Todas as atividades consomem custo e tempo, mas somente atividades de conversão agregam valor ao produto. Portanto, deve-se reduzir ou eliminar as atividades de fluxo, e tornar as atividades de conversão mais eficientes. Assim, constata-se na Nova Filosofia de Produção uma preocupação explicita com as atividades de fluxo, o que no Fordismo era negligenciado. Isatto & Formoso (1998) destacam que a visão de Koskela e Shingo são complementares. Shingo enfatiza a melhoria dos processos sobre as melhorias das operações, enquanto Koskela, por sua vez, propõe um balanceamento entre as melhorias das atividades de fluxo com as atividades de conversão. Womack (1998) denominam muda2 como qualquer atiidade humana que absorve recursos, mas não gera valor, tais como: erros que precisam ser retificados, produção de itens que não atendem às necessidades dos clientes; acúmulo de mercadorias nos estoques; etapas de processamento desnecessário; movimentação 2 Muda é uma palavra japonesa que significa desperdício. 31 desnecessária de funcionários e transporte excessivo de mercadorias de um lugar para o outro; espera de grupos de pessoas em uma atividade posterior devido a uma atividade anterior não realizada dentro do prazo; e bens e serviços que não atendem às necessidades do cliente. Segundo esse mesmo autor, para se reduzir desperdício é necessário analisar todas as ações necessárias para produzir um certo produto, passado a se ter uma visão de como estas interagem umas com as outras. Após este passo, é necessário questionar essas ações, e as que, isoladamente ou em combinação, não criam nem otimizam valor para o cliente, devem ser eliminadas. 4. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO – PCP Existem várias definições para a palavra planejamento, mas a que melhor se enquadra considera o planejamento como um processo de antecipação de um futuro desejado. Laufer e Tucker (1987) definem o planejamento como um processo de decisão como o objetivo de antecipar uma ação no futuro, com a utilização de meios eficazes para realizá-la. Segundo Formoso et al (1998), o planejamento pode ser definido como o processo de tomada de decisão que envolve o estabelecimento de metas e dos procedimentos necessários para atingi-los, sendo efetivo quando seguindo de um controle. O planejamento é uma as atribuições do gerente e o mesmo pode variar de acordo com a filosofia organizacional da empresa. 32 O setor da construção civil vem se esforçando para desenvolver técnicas de produção de planos de gerenciamento e controle dos empreendimentos. Segundo Laufer e Tucker (1987), são quatro os objetivos básicos do PCP: a) Assistir o gerente na direção da empresa; b) Coordenar as várias entidades envolvidas na construção do empreendimento; c) Possibilitar o controle da produção; d) Permitir a comparação de alternativas, facilitando, assim, a tomada de decisão. O planejamento e o Controle da Produção é uma ferramenta de implantação da filosofia Lean Construction na construção civil. O PCP tem como função coordenar e dá suporte ao sistema produtivo. Esse sistema é caracterizado pelo processo de transformação de entradas (inputs) em saídas (outputs) Segundo Laufer & Tucker (1997), os processos do PCP são representados através de duas dimensões básicas: horizontal e vertical. A dimensão A dimensão vertical refere-se às etapas pelas quais o processo de planejamento e controle da produção é realizado. A dimensão horizontal refere-se à vinculação das etapas citadas com os diferentes níveis gerenciais de uma organização. Segundo os mesmos autores, o processo de planejamento horizontal pode ser dividido em cinco etapas: a) Planejamento do processo de planejamento; b) Coleta de informação; 33 c) Preparação dos planos; d) Difusão da informação; e) Avaliação do processo de planejamento. Tabela 08 – Fase do ciclo de planejamento Fonte:Laufer; Tucker1992 Observa que no processo horizontal é formando por dois ciclos de controle: o clico de preparação e avaliação do processo, que tem caráter intermitente e refere- se às definições do processo do planejamento e controle; e o ciclo do planejamento e controle, que se repete várias vezes durante a realização de um empreendimento, em diversos níveis hierárquicos. Já a dimensão vertical do planejamento depende da complexidade do empreendimento e da variabilidade de seus processos, em geral existe a necessidade de dividir o planejamento e controle da produção em diferentes níveis hierárquicos. 34 Segundo Bernades (2001), pode-se definir três grandes níveis hierárquicos no planejamento e controle da produção: estratégia, tático e operacional. No nível estratégico são definidos os objetivos estratégicos do empreendimento, definido o escopo e as metas do empreendimento com a definição dos prazos para alcançar os objetivos estabelecidos, a partir do perfil do cliente. Neste nível, as tomadas para a preparação dos planos estão relacionadas a questões de longo prazo. No nível tático são definidos os meios e suas limitações para que as metas sejam alcançadas. Busca-se vincular as metas fixadas no plano estratégico como aquelas designadas no plano operacional, servindo de elo entre o planejamento de longo e de curto prazo. Finalemente, o nível operacional refere-se à seleção dos curso das ações através das quais as metas serão alcançadas. Assim, faz-se a designação das tarefas para equipes e realiza-se o controle do processo. Na figura 09 apresenta esquematicamente os três níveis hierárqicos do planejamento. 35 Figura 09 – Hierarquização do processo de planejamento e controle Fonte:Isatto,2000 Segundo Koskela (2002) destaca como peculiaridade da construção as seguintes características: natureza única dos empreendimento, produção fixa e multiorganizações temporárias. Essas peculiaridades da construção servem muitas vezes como escudo para implantação de novos conceitos e mudanças no setor, impedindo que práticas bem-sucedidas em indústrias de manufatura sejam aplicadas neste setor. Segundo o mesmo autor, algumas iniciativas têm sido realizadas para evitar os problemas causados pelas peculiaridades da construção, tais como: 36 • Características singulares são reduzidas através da padronização, coordenação modular e ampliação do papel de fornecedores; • Dificuldades de produção na obra são aliviadas através de um aumento da pré-fabricação e utilização de times multifuncionais; • O número de ligações temporárias entre as organizações é reduzido através do encorajamento de alianças estratégicas de longo prazo. 37 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na revisão bibliográfica, apresentou-se definição de desperdício e formula para determinar tal perda. Esse desperdicio é fruto de três causas: furto, incorporação de materiais à edificação e entulho. Também foi mostrado segundo a Resolução n⁰ 307 do CONOMA, de 17 de julho de 2002, sua classificação e sua correta destinação. Foi apresentado uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia e Qualidade na Construção no qual foi desenvolvido uma formula para calcular o consumo médio de todos os materiais na construção civil. Uma pesquisa realizada por Grohmann (2003) com 17 empresas no Rio Grande do Sul, demonstrou medidas realizados por empresas para evitar o desperdício nas obras e foi constatado um dado alarmante que foi algumas empresasainda não fazem nenhuma medida para evitar o desperdício nas suas obras. Foi demonstrado a evolução da gestão da produção, desde a Administração Científica do Trabalho, desenvolvida por Taylor, até a Produção Enxuta, proposta por Womack, passando por Ford e pelo Sistema Toyota de Produção. Por fim, foi apresentado a definição de Planejamento e Controle de Produção – PCP e sua aplicação no setor da construção civil e algumas iniciativas realizadas para evitar alguns problemas causados pela peculiaridade da construção civil. 38 REFERÊNCIAS ANTUNES JUNIOR, J. A. V. A lógica das perdas nos sistemas de produção: uma análise crítica. João Pessoa, 1995. BERNADES, M. Desenvolvimento de um modelo de planejamento da produção para empresas de construção de micro e pequeno porte. Rio Grande do Sul, 2001 BRITO FILHO, J. A. et al. Cidade versus entulho. In SEMINARIO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A RECICLAGEM NA CONSTRUÇÃO CIVIL. São Paulo, 1999. CARDOSO, F.F. Gestão e tecnologia na produção de edifícios. São Paulo, Escola Politécnica da USP, 1997, p. 105-126. FARAH, M. F. S. Alterações na organização do trabalho na construção habitacional: a tendência de racionalização. São Paulo, 1988. GROHMANN, Márcia Zampieri. Redução do desperdício na construção civil: levantamento das medidas utilizadas pelas empresas. Rio Grande do Sul, 2010. ISATTO. E. L. ; FORMOSO, C. T. A Nova Filosofia de Produção e a redução de perdas na construção civil. Santa Catarina, 1998. 39 ISATTO. E. L.; FORMOSO, C. T.; CESARE, C. M.; HIROTA, E. H.; ALVES, T. C. L. Lean Construction: Diretrizes e Ferramentas para o controle na construção civil. Rio Grande do Sul, 2000. KOSKELA, L. Application of the new production philosophy to construction. Stanford,1992. LAUFER, A.; TUCKER, R. L. Is Construction Project Planning Really Doing its Job? London, 1987. LIKE, J. The Toyota Way – 14 Management Principles. USA:McGraw – Hill, 2004. MELHADO, Silvo Burrattino. Diretrizes para elaboração de planos da qualidade em empreendimentos da construção civil. São Paulo, Outubro 2003. OHNO, T. Toyota Production System: beyond longe scala production. 1978 PICCHI, F. A. Lean Thinking (Mentalidade Enxuta): Avaliação Sistemática do Potencial de Aplicação no Setor de Construção. Ceará, 2001 RIUL, Leonardo Visu. Geração de Resíduos e Desperdícios da Construção Civil. São Paulo, 2010. 40 SANTOS, Luis Augusto. Diretrizes para elaboração de planos da qualidade em empreendimentos da construção civil. São Paulo, Outubro 2003. SHINGO, S. 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