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Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Espaço Pessoal: Um Estudo da observação de comportamentos em uma Biblioteca Universitária Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Diego Fonseca Gois Lindsay Dharana Assis Rayza da Silva Cabral Winiston de Jesus Santos Relatório Final Disciplina Princípios de Psicologia Experimental professora Zenith Delabrida semestre 2017.2 Universidade Federal de Sergipe Departamento de Psicologia Pesquisa sem financiamento, e-mail para contato diego.f.goes@hotmail.com Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 2 Resumo Espaço pessoal consiste em uma área ao redor do corpo uma pessoa que define o quanto toleramos a proximidade de outra pessoa. Quando esse espaço é invadido, diversos comportamentos não verbais de desconforto podem ser expressos. Esta pesquisa objetivou analisar os comportamentos produzidos por homens mediante a invasão do seu espaço pessoal por ambos os sexos. Participaram deste estudo 20 homens frequentadores da Biblioteca Central da Universidade Federal de Sergipe, estranhos aos invasores e observadores. Os invasores se sentaram ao lado do participante, em silêncio. A observação foi realizada por três observadores em pontos distintos do ambiente e durante 12 minutos. A análise dos resultados mostrou que nos cinco minutos finais de invasão, homens se mostraram mais desconfortáveis quando seu espaço era invadido por uma mulher. Palavras-chave: espaço pessoal, invasão, comportamento Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 3 Introdução Espaço pessoal pode ser definido como uma área imediatamente ao redor do corpo do indivíduo, sentida por ele como algo que é seu e lhe serve de proteção (DOSEY e MEISELS, 1969). Sommer (1959) distingue espaço pessoal de território afirmando que enquanto o primeiro é relativamente fixo e apresenta demarcações visíveis aos outros, o segundo permite que o indivíduo o carregue para onde for e ninguém é capaz de enxergar seus limites. Ele acrescenta ainda que a invasão dessas fronteiras resulta em um comportamento defensivo exibido por gestos e posturas (Sommer, 1959). Esse espaço traduz o quanto toleramos a proximidade de outra pessoa e varia entre indivíduos, além de ser influenciado pela relação que se mantém entre ambos. (Prochet& Silva, 2008). Sua função seria delimitar e manter um espaço adequado entre os indivíduos. (Dean et al., 1976) Para Argyle e Trower (1981), o espaço pessoal é também um meio de comunicação entre as pessoas. Devido às diferentes formas de cada pessoa agir diante de uma situação, a linguagem verbal expressa menos as atitudes e sentimentos do que a linguagem corporal. Outro fator relevante que pode interferir no comportamento é a disposição ambiental, que considera o número de pessoas e a distância entre elas em um determinado local. (Argyle&Trower, 1981 apud Gliber&Chippari, 2007). Uma vez que o espaço pessoal é invadido, vários comportamentos não verbais podem ser expressos como, por exemplo, expressões faciais, mudanças na postura corporal, afastamento e contato visual. Além disso, alguns fatores também podem gerar um impacto nessa invasão como gênero, idade e cultura (Sardaret al, 2012). Gliber e Chippari (2007) realizaram uma pesquisa na biblioteca da Universidade Metodista de São Paulo com o intuito de observar o comportamento de 22 universitárias quando tinham seu espaço pessoal invadido por outra mulher. Para a realização do experimento, a biblioteca deveria estar com 70% das mesas vazias e a pessoa a ser invadida deveria estar sentada sozinha. O pesquisador, então, sentava à mesa da pessoa escolhida, enquanto dois observadores em pontos distintos do ambiente registravam seu comportamento. A invasão durava dez minutos e a observação iniciava um minuto antes da invasão e terminava um minuto depois. Como resultado, obteve-se um maior número Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 4 de comportamentos nos primeiros cinco minutos da invasão e as reações mais frequentes foram: olhar em direção ao material didático, folhear o material didático, manusear objetos e coçar alguma parte do corpo. Enquanto os comportamentos menos freqüentes foram bocejar e tilintar os dedos na mesa (Gliber&Chippari, 2007). A presente pesquisa baseou-se no estudo de Gliber e Chippari (2007) e tem como objetivo analisar se os homens produzem comportamentos de desconforto quando têm seu espaço pessoal invadido e caso produzam, quais são esses comportamentos. Se há diferenças nos comportamentos realizados quando um homem é invadido por outro homem ou quando a invasão é feita por uma mulher. E se o tempo exerce alguma influência na frequência de comportamentos. Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 5 Método Delineamento Para a realização do presente trabalho, foi realizada uma pesquisa empírica com delineamento experimental intersujeito. Antes do início da coleta de dados, realizou-se um pré-teste com a finalidade de análise e padronização dos comportamentos entre os observadores. A variável dependente do estudo foi o comportamento dos participantes quando invadidos e as variáveis independentes foram a invasão e o sexo do invasor. A variável controle foi a observação de um minuto realizada antes e depois da invasão sem a presença do invasor. Participantes Participaram do experimento 20 homens com idades aparentes entre 18 e 50 anos. Esses eram frequentadores da biblioteca central da Universidade Federal de Sergipe. Local O local escolhido para a realização do experimento foi a biblioteca central da Universidade Federal de Sergipe (Bicen), localizada na Avenida Marechal Rondon, S/N - Rosa Elze, São Cristóvão. A biblioteca conta com dois andares e três espaços de estudo com mesas quadradas e redondas com capacidade para, no mínimo, quatro pessoas em cada mesa. O espaço maior encontrava-se no lado direito da parte inferior da biblioteca e era composto de mesas quadradas e redondas. Já o espaço acima dele dispunha apenas de mesas redondas. O terceiro espaço também ficava na parte superior, mas do lado esquerdo e acima do acervo da biblioteca e possuía mesas redondas. A observação foi realizada nos três espaços e nos períodos da tarde e da noite durante duas semanas do mês de fevereiro de 2018. Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 6 Instrumentos e Materiais Para a realização do experimento fez-se uso de uma ficha de registros de eventos dos comportamentos observados, três revistas de culinária e o cronômetro do celular. Procedimentos Devido ao tamanho da biblioteca da UFS e a quantidade de usuários, padronizou- se que, para a coleta de dados, seria necessário que ao menos duas mesas próximas ao participante estivessem vazias. O indivíduo a ter seu espaço pessoal invadido deveria ser do sexo masculino, estar sentado sozinho e não poderia estar na biblioteca no momento em que a pessoa invadida anteriormente estivesse participando do experimento. A invasão do espaço pessoalocorreu da seguinte maneira: um observador entrava no espaço da biblioteca a ser realizado o experimento, procurava um possível participante e avisava por meio de rede social ao invasor e aos outros observadores que logo entravam no espaço e se posicionavam em mesas próximas a pessoa que teria seu espaço invadido. Durante um minuto o invadido era observado sem a presença do invasor e seu comportamento era anotado na ficha de registros de eventos. Em seguida, o invasor se aproximava da mesa do participante e sentava ao seu lado sem falar ou olhar para ele, sempre a uma distância de mais ou menos 50 centímetros do invadido (ver anexo III). Neste momento, então, iniciava a segunda parte da observação. Durante dez minutos (divididos em cinco minutos iniciais e cinco finais) o invadido tinha seus comportamentos registrados pelos observadores na ficha de registro de eventos. Durante esse período, o invasor permanecia ao lado do participante lendo revistas de receitas culinárias e sem interagir de qualquer forma com o invadido. Após os dez minutos de observação, o invasor se levantava e saía da biblioteca enquanto os três observadores registravam por mais um minuto o comportamento do indivíduo invadido. Ao fim desse minuto, o invasor voltava à mesa do participante para a entrevista de esclarecimento. O tempo de todo procedimento era cronometrado pelo invasor e começava a ser contado assim que o ele se posicionava em um determinado local previamente Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 7 combinado. A mudança dos cinco minutos iniciais para os cinco minutos finais da invasão era sinalizada pelo invasor através de um olhar pelo ambiente ou passando a mão na nunca. Ambos também previamente combinados entre invasores e observadores. O minuto final da observação, sem o invasor, iniciava somente quando ele já não estava mais presente no local. Para cada indivíduo invadido fez-se uso de três observadores para a coleta de dados. Ao escolherem seus lugares, eles se posicionavam de modo que um pudesse observar o participante de frente e os outros de lado. O critério de fidedignidade escolhido foi o máximo de comportamentos observados por pelo menos dois observadores. Durante as duas semanas de procedimento, algumas variáveis foram mantidas constantes: o invasor do sexo masculino foi o mesmo, bem como o do sexo feminino e a vestimenta e a aparência de ambos foram controladas de modo que nenhum deles fez uso de roupas ou acessórios que pudessem chamar a atenção. A 19 participantes foi realizada a entrevista de esclarecimento em que, além de explicar o procedimento, era pedida aos participantes a autorização para o uso dos dados coletados e o sigilo acerca do experimento, visto que qualquer informação disseminada sobre a pesquisa poderia comprometer o experimento. Apenas um participante levantou no minuto final de observação sem a presença do invasor e não foi possível fazer a entrevista com ele. Análise de Dados Os dados foram submetidos a tratamento quantitativo. Para a realização das análises, foi utilizado o Statistical Package for Social Sciences (SPSS for Windows, versão 21.0). Foram realizadas análises estatísticas descritivas (levantamento de frequências, médias e desvios-padrão), assim como testes de inferência para as variáveis de interesse no estudo: a intensidade do incômodo gerado em homens ao terem seu espaço pessoal invadido por outro homem ou por uma mulher (Teste t de amostras independentes) e a diferença de comportamentos de comportamentos dentro dos próprios grupos dos cinco primeiros minutos com relação aos cinco últimos minuto (Teste T de amostras pareadas). Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 8 Para a análise da intensidade do incômodo gerado nos participantes e futuras comparações entre os sexos dos invasores, foi somada a frequência de cada um dos 19 comportamentos analisados no registro de eventos, dividindo-os em duas categorias: cinco primeiros minutos da invasão e cinco minutos finais da invasão. Resultados Inicialmente é possível observar que houve uma grande quantidade de comportamentos que sinalizam desconforto durante os 10 minutos da invasão, tanto quando o invasor era do sexo feminino (ver figura 1) como quando era do sexo masculino (ver figura 2). Figura 1. Média de comportamentos em relação ao tempo quando a invasão era realizada por uma mulher Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 9 Figura 2.Média de comportamentos em relação ao tempo quando a invasão era realizada por um homem Com relação à frequência dos comportamentos emitidos, o comportamento que se destaca é o de coçar a perna com quase o dobro do segundo colocado, a saber, balançar a perna ou pé. A tabela 1 mostra a frequência total dos comportamentos de desconforto quando a invasão era feita por um homem ou por uma mulher. Tabela 1.Frequência de comportamentos durante a invasão Sexo do invasor Feminino Masculino Total Coçar cabeça/testa/olho/nariz/braço/buço/perna 60,00 72,00 132,00 Balançar Perna/Pé 38,00 32,00 70,00 Colocar a mão no queixo/testa/nuca 35,00 31,00 66,00 Escrever 32,00 13,00 45,00 Mudança de postura na cadeira 25,00 19,00 44,00 Manusear o celular 24,00 14,00 38,00 Folhear o material didático 20,00 17,00 37,00 Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 10 Manusear objetos 20,00 4,00 24,00 Olhar em direção ao invasor diretamente 7,00 6,00 13,00 Passar a mão no cabelo 6,00 7,00 13,00 Olhar em direção ao invasor indiretamente 5,00 8,00 13,00 Mudança de semblante (Franzir a testa...) 4,00 8,00 12,00 Folhear o material didático 4,00 6,00 10,00 Bocejar 4,00 3,00 7,00 Tilintar os dedos sobre a mesa 4,00 1,00 5,00 Inspirar e expirar de maneira audível 3,00 0,00 3,00 Balançar o tronco p/ frente e p/ trás 1,00 2,00 3,00 As análises descritivas para os índices dos comportamentos de incômodo são apresentadas na Tabela 2. Apenas o índice de comportamentos nos últimos cinco minutos demonstrou uma diferença significativa entre participantes invadidos por um homem ou uma mulher (t(18) = -2,120; p = 0,048). Pode-se observar na tabela 1 que os participantes cujo espaço pessoal foi invadido por uma mulher apresentaram maiores médias no momento final da invasão. Tabela 2. Índices de comportamentos Assim sendo, a incidência de comportamentos de incômodo nos cinco primeiros minutos para ambos os sexos não apresentou diferenças significativas. No entanto, nos últimos cinco minutos da invasão houve uma queda nos comportamentos do participante Índice Categoria Média (DP) Comportamentos nos 5 primeiros minutos Feminino Masculino 14,9 (4,35) 13,9 (6,53) Comportamentos nos 5 últimos minutos Feminino Masculino 14,3 (4,27) 10,4 (3,94) Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 11 quando a invasão era feita por um homem (de M=13,9; DP=6,53 para M=10,4; DP=3,94), e quando a invasão era feita por uma mulher, esses comportamentos permaneceram com frequência similar aos cinco primeiros minutos (de M=14,9; DP=4,35 para M=14,3; DP=4,27), como pode ser observado na figura 3. Figura 3. Frequência de comportamentos durante a invasão (homem x mulher)Essa queda na média de comportamentos dos participantes nos cinco últimos minutos (M=10,4; DP=3,94) com relação aos cinco primeiros minutos (M=13,9; DP=6,53) quando o invasor era do sexo masculino também foi significativa (t(9)=3,103;p=0,013), o que pode ser melhor observado na figura 2. Figura 4.Frequência de comportamentos durante a invasão realizada por um homem Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 12 Discussão Os dados mostram que após os primeiros cinco minutos do experimento, os comportamentos que indicavam incômodo nos participantes invadidos pela experimentadora foram constantes, enquanto os participantes invadidos pelo experimentador tiveram uma queda significativa em seus comportamentos. Diante disso, pode-se afirmar que na amostra, os homens tiveram uma adaptação após os primeiros cinco minutos, quando invadidos pelo experimentador de sexo masculino, enquanto com o invasor de sexo feminino, os participantes mantiveram constância de comportamentos indicativos de desconforto. Essa diferença pode ter uma possível explicação cultural, visto que de acordo com as normas culturais, as mulheres são reservadas ao interagir com estranhos do sexo masculino (DORSEY & MEISELS, 1969). Portanto, quando um indivíduo do sexo feminino — geralmente associado ao comportamento “passivo”, e caracterizado por permitir maior invasão do seu espaço pessoal do que indivíduos do sexo masculino (HARTNETT et al, 1970) — invade o espaço pessoal de um homem, o invadido possivelmente sentirá um maior desconforto do que sentiria ao ser invadido por uma pessoa do mesmo sexo. Alunos que sentam sozinhos costumam usar objetos como livros e casacos para marcar território e erguer barreiras contra intrusões interpessoais (FISHER &BYRNE, 1975). A partir dessa modificação de território no ambiente que identifica um limite, as pessoas costumam respeitar esse limite. Isso ocorre quando se têm um número reduzido de pessoas no ambiente. Quando o número se eleva, o território demarcado pode vir a ser utilizado por outro sujeito, com maior probabilidade de compreensão de quem o demarcou (HEIMSTRA,MC FARLING, 1978 & SOMMER, 1973). Porém, quando há um número reduzido de pessoas no ambiente e alguém invade o seu espaço pessoal, o invadido não será tão compreensivo. Os homens são ensinados durante o processo de socialização, a serem mais competitivos e as mulheres a serem relativamente afiliadas (MACCOBY, 1966), e também são mais propensos a manter o território, reafirmando a legitimidade da sua reivindicação (POLIT & LAFRANCE, 1977). As informações expostas podem explicar o motivo de nenhum dos participantes terem deixado o local durante o período experimental. Ocorreu um caso interessante em que o participante 16, invadido pelo experimentador do sexo feminino, levantou e se retirou segundos após a Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 13 sua saída, aparentando ter somente esperado a invasora sair para também se retirar. O ocorrido possivelmente estaria reforçando a teoria de reivindicação legítima do território. Após a saída do experimentador do sexo feminino, no primeiro minuto já se nota uma queda significante nos comportamentos que indicam desconforto. Enquanto com experimentadores do sexo masculino, a frequência de comportamentos começa a diminuir gradativamente já aos os cinco minutos finais do experimento, ainda na presença do experimentador. Tal informação ajuda a reforçar a hipótese de que os homens se sentem mais incomodados quando invadidos por um indivíduo do sexo oposto. De acordo com Sommer (1973) o espaço pessoal é carregado de conteúdos emocionais e tidos como pessoais, representando uma margem de segurança. Quando um sujeito não íntimo invade esse espaço, gera de imediato uma reação de escape. Os resultados mostraram que o comportamento que apresentou maior frequência foi o de Coçar cabeça/ testa/ olho/ nariz/ braço/ buço/ perna em ambas as invasões dos dois sexos, somando 132 respostas. Seguido de balançar perna/pé, somando 70 respostas. De acordo com Gliber e Chippari (2007), o comportamento de coçar parece demonstrar a presença de uma reação típica de tensão. Baseando-se nessa afirmação, considera-se que o comportamento de balançar perna/pé, também indiquem presença de reação típica de tensão. Ainda considerando a fala de Gliber e Chippari (2007) de que olhar em direção ao material didático indica a tentativa de manter-se aparentemente estudando, considera- se que o comportamento de escrever, que ficou em 4ª posição, também tenha relação com tal afirmação. Em vista dos resultados e discussão, conclui-se que ao terem o seu espaço pessoal invadido, os homens expressam comportamentos que indicam desconforto. Dentre os quais, os principais foram coçar cabeça/ testa/ olho/ nariz/ braço/ buço/ perna e balançar perna/pé. Não houve diferença significativa nos comportamentos realizados com invasores do sexo masculino e feminino, mas houve diferença significativa em sua frequência, mostrando que os homens se adaptam ao invasor do mesmo sexo após os primeiros cinco minutos, e sentem-se constantemente incomodados durante o período experimental (10min) ao serem invadidos por indivíduos do sexo oposto. Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 14 Considerações finais Quanto ao uso do engodo na pesquisa concluímos que se fez necessário, pois sem ele não seria possível a realização do experimento. Se comparados custos e benefícios do seu uso, podemos dizer que a investigação do espaço pessoal e o seu melhor conhecimento podem trazer mais benefícios futuros para as pessoas do que o incômodo gerado ao ser invadido, visto que essa situação é algo muito habitual no nosso cotidiano: muitos invadem os nossos espaços e sequer temos ciência de que aquele desconforto ou incomodo que possamos estar sentindo é pelo fato da simples presença desse estranho dentro do nosso espaço pessoal. Os dados obtidos na pesquisa também podem ser usados pelas pessoas de forma benéfica, pois essas ao terem conhecimento de que sua aproximação pode gerar desconforto nas pessoas, saberão como se posicionar em determinadas situações como em uma entrevista de emprego, por exemplo, dosando a sua distância do entrevistador para que não cause e nem seja prejudicado por isso, dentre outras contribuições. Houve muitas limitações na pesquisa. Dentre elas, o tempo disponível para a sua concretização, visto que esse estudo requer tempo de análise e espera para que o ambiente se adeque às nossas exigências para a realização, isto é, o ambiente não poderia ser manipulado pelos pesquisadores, de modo que seria necessário um maior tempo disponível. Um tempo maior permitiria também uma amostra maior de participantes. Além disso, o espaço foi outra limitação, pois na maioria das vezes a biblioteca estava lotada. Para a realização de novos estudos a respeito do espaço pessoal na biblioteca, sugeriria que fosse considerada outra variável independente, a saber, o local onde o invasor se sentaria. Há duas posições que o invasor poderia se sentar: em frente ao participante e ao lado dele. Essas posições podem produzir diferenças de comportamentos. Também acreditamos que seria necessário que a observação de um minuto realizada antes e depois da invasão fosse prolongada, pois em apenas um minuto é difícil analisar o comportamento de uma pessoa. Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal:Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 15 Referências Dosey, M. A., & Meisels, M. (1969). Personal space and self-protection. Journal of personality and social psychology, 11(2), 93. Fisher, J. D., & Byrne, D. (1975). Too close for comfort: Sex differences in response to invasions of personal space. Journal of Personality and Social Psychology, 32(1), 15. Gliber, A. R., & Chippari, M. (2007). Invasão do espaço pessoal: um estudo observacional em uma biblioteca universitária. Psicologo informacao, 11(11), 9- 26. Hartnett, J. J., Bailey, K. G., & Gibson Jr, F. W. (1970). Personal space as influenced by sex and type of movement. The Journal of psychology, 76(2), 139-144. Heimstra, N. W. & Mc Farling, L. H. Psicologia ambiental. São Paulo: EPU, 1978. Larry M. Dean; Frank N. Willis; James M. La Rocco. (1976) Invasion of personal space as a function of age, sex, andrace. Psychological Reports. Vol 38, Issue3, pp. 959 – 965. First Published June 1, 1976, Recuperado em 4 de março de 2018, de: https://doi.org/10.2466/pr0.1976.38.3.959 Maccoby, E. (1966). (Ed.) The development of sex differences. Stanford, Calif.: Stanford University Press, 1966. Michael A. Dosey & Murray Meisels. (1969). Personal Space And Self-Protection Journal of Personality and Social Psychology. 1969, Vol. 11, No. 2, 93-97 Polit, D., & LaFrance, M. (1977). Sex differences in reaction to spatial invasion. The Journal of Social Psychology, 102(1), 59-60. Sardar, A., Joosse, M., Weiss, A., & Evers, V. (2012). Don’t stand so close to me: Users’ attitudinal and behavioral responses to personal space invasion by a robot. In HRI '12 Proceedings of the seventh annual ACM/IEEE international conference on Human-Robot Interaction (pp. 229-230). New York: ACM. DOI: 10.1145/2157689.2157769 Sommer, Robert. (1959) Studies in Personal Space. Sociometry, v.22, n.3, p.247-260. 1959. SOMMER, R. F. (1959) Espaço pessoal: as bases comportamentais de projetos e planejamentos. São Paulo: EPU/EDUSP, 1973. Prochet, Teresa Cristina & Silva, Maria Julia Paes da. (2008) Situações De Desconforto Vivenciadas Pelo Idoso Hospitalizado Com A Invasão Do Espaço Pessoal E Territorial. Escola Anna Nery, v.12, n.2, p.310-315, 2008. Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 16 Anexos Anexo I – Tabela de Comportamentos utilizada no estudo CATEGORIAS INDICAÇÕES REGISTRO DE EVENTOS REAÇÕES FÍSICAS SEM MUDANÇA DE LUGAR ANTES DURANTE APÓS 1 MIN 1º AO 5º MIN 5º AO 10º MIN. 1 MIN BALANÇAR PERNA/PÉ BALANÇAR TRONCO PARA FRENTE E PARA TRÁS PASSAR A MÃO NO CABELO COÇAR CABEÇA /TESTA/OLHO /NARIZ/BRAÇO/BUÇO MANUSEAR OBJETOS TILINTAR OS DEDOS SOBRE A MESA INSPIRAR E EXPIRAR DE MANEIRA AUDÍVEL BOCEJAR OLHAR EM DIREÇÃO AO INVASOR DIRETAMENTE OLHAR EM DIREÇÃO AO INVASOR INDIRETAMENTE MUDANÇA DE SEMBLANTE (FRANZIR A TESTA ...) MÃO NO QUEIXO / TESTA / NUCA MUDANÇA DE POSTURA NA CADEIRA ESCREVER OLHAR EM DIREÇÃO AO MATERIAL DIDÁTICO FOLHEAR O MATERIAL DIDÁTICO REAÇÕES FÍSICAS COM MUDANÇA DE LUGAR LEVANTAR-SE LEVANTAR-SE E RETORNAR A MESA Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 17 Anexo II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Prezado participante, Agradecemos a sua participação voluntária nessa pesquisa que objetiva estudar o espaço pessoal dos homens. Este trabalho é feito por Diego Gois, Lindsay Assis, Rayza da Silva e Winiston Santos, e orientado pela professora Drª Zenith Delabrida, Discentes e docente, respectivamente, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Essa pesquisa é sigilosa e a sua privacidade será mantida. É importante que você saiba que: A sua autorização para utilizar os dados coletados não é obrigatória; O nível de desconforto que pode ter sido gerado gerado pelo estudo será recompensado diante da descoberta que podemos fazer, inclusive, levando ao seu conhecimento os resultados do estudo; Você não será identificado; Essa pesquisa não trará nenhum benefício financeiro ou privilégios particulares por estar participando; Somente os pesquisadores terão acesso aos dados coletados na observação; São fornecidos os e-mails (diego.f.goes@hotmail.com e diegogoes.2010@hotmail.com) para que você possa entrar em contato conosco; Concordância em participar: Recebi os esclarecimentos necessários sobre os possíveis desconfortos e riscos decorrentes do estudo, levando-se em conta que é uma pesquisa, e os resultados somente poderão ser utilizados mediante a minha autorização. Assim, caso eu deseje saber os resultados do estudo ou tenha qualquer dúvida posterior, sei a qual e-mail devo referir-me para esclarecimentos. Além disso, ficou claro para mim que o nível de desconforto que posso ter passado na pesquisa, será recompensado diante do que se pode ser descoberto e terei acesso a qualquer momento aos resultados e esclarecimentos que possa precisar. Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de todo o aqui mencionado e compreendido a natureza e o objetivo do já referido estudo, manifesto meu livre consentimento para a utilização dos dados coletados, estando totalmente ciente que não há nenhum valor econômico a receber, pela minha participação. São Cristóvão, SE. _____ de _____________ de 2018. ______________________________________ Pesquisador ______________________________________ Participante Assis, Cabral, Gois & Santos, 2017.2 Espaço Pessoal: Um Estudo em uma Biblioteca Universitária Relatório Final PPE 18 Anexo III – Imagens ilustrativas de como era feita a invasão vista pelo ângulo dos observadores.
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