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Consumidor e Demanda em Economia da Saúde

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ECONOMIA E FINANÇAS EM SAÚDE 
 Aula 02: O consumidor e a demanda 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 1 
Índice 
 
Aula 2: O consumidor e a demanda ...................................................................................... 2 
Introdução .......................................................................................................................... 2 
Conteúdo ............................................................................................................................ 3 
A oferta e a demanda ........................................................................................................ 3 
A demanda individual ....................................................................................................... 7 
Preço e quantidade demandada ..................................................................................... 8 
Preço de um bem e preço de outros bens ................................................................... 9 
A preferência do consumidor ....................................................................................... 10 
Renda e demanda ............................................................................................................ 10 
Deslocamento da curva de demanda .......................................................................... 11 
A curva de demanda de mercado ................................................................................ 14 
Entendendo a demanda real ......................................................................................... 14 
Aplicação da POF ............................................................................................................. 15 
Atividade proposta 01 ..................................................................................................... 18 
Atividade proposta 02 ..................................................................................................... 18 
Referências ....................................................................................................................... 19 
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 20 
Chaves de resposta .............................................................................................................. 25 
 
 
 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 2 
Economia e Finanças em Saúde 
Apostila 
Aula 2: O consumidor e a demanda 
Introdução 
 
Vimos que o sistema de preços livres caracteriza uma economia de mercado. 
A interação entre os desejos dos indivíduos e a produção das empresas 
determinará o preço das mercadorias. Podemos entender essa interação como 
se vivêssemos em um permanente leilão: os consumidores fariam lances para 
comprar os bens que desejam e as empresas avaliariam quanto estariam 
dispostas a aceitar em troca de suas mercadorias. No ponto em que ambos os 
valores coincidissem seria o preço de equilíbrio do mercado. Esse ajustamento 
quase automático da economia é o que Adam Smith chamou de “a mão 
invisível”. 
No entanto, a saúde é um bem cujo valor é inestimável, uma vez que diz 
respeito à nossa própria vida. Assim, o comportamento do consumidor frente 
ao jogo de mercado pode não ocorrer de forma tão automática como pressupõe 
o modelo de demanda. 
 
Objetivo: 
1. Relacionar a formação da demanda e o comportamento do consumidor; 
2. Analisar o comportamento do consumidor dos serviços da área da saúde. 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 3 
Conteúdo 
A oferta e a demanda 
Vejamos na prática cada caso. Analisando as colunas assinaladas que 
demonstram o efeito dos eventos descritos sobre o preço dos bens: 
 
 
 
O gráfico abaixo mostra a interação entre a oferta e a demanda. 
 
 
 
O ponto A representa o preço máximo que os consumidores estriam dispostos 
a pagar pelo bem. O ponto onde a curva intercepta o eixo vertical 
corresponderia ao preço em que os consumidores não comprariam nem uma 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 4 
unidade. A partir desse ponto, quanto menor o preço, maiores as quantidades 
que os consumidores estariam dispostos a adquirir, por isso a declividade da 
curva. 
 
O ponto C corresponde ao preço mínimo que as empresas estariam dispostas a 
receber pelas mercadorias vendidas. Na interseção com o eixo vertical o preço 
seria tão baixo que os produtores não estariam dispostos a oferecer nenhuma 
mercadoria. Ao inverso da curva da demanda, a partir do preço mínimo, quanto 
maior o preço que os consumidores estivessem dispostos a pagar pelos bens, 
maiores seriam as quantidades ofertadas, daí a inclinação positiva da curva da 
oferta. 
 
O ponto B indica o preço onde a quantidade que os consumidores estariam 
dispostos a adquirir seria exatamente igual à que as empresas estariam 
dispostas a ofertar. Este é o ponto de equilíbrio do mercado. O triângulo 
formado pelos vértices ABC corresponde à área de negociação do preço e da 
quantidade, entre o preço mínimo da oferta, o máximo da demanda e o preço 
de equilíbrio (PINHO, VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011, p. 16-19). 
 
Em termos gerais este modelo nos mostra o comportamento básico dos preços 
e nos permite explicar como o sistema de preços funciona como alocador de 
recursos, respondendo às três questões básicas da economia: o que e quanto 
produzir, como produzir e para quem (PINHO, VASCONCELLOS; TONETO Jr., 
2011, p. 16-19). 
 
O que produzir? 
 
O quê produzir será definido pelos consumidores, que no mercado procurarão 
maximizar sua satisfação, buscando os bens que atendam seus desejos e 
necessidades. 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 5 
Quanto produzir? 
 
O quanto produzir será definido pelo sistema de ajustamento de preços que por 
aproximações sucessivas tende a igualar, via preço, a quantidade ofertada e a 
demandada. 
 
Como produzir? 
 
Como produzir é resultado da concorrência entre os produtores, pois como o 
objetivo das empresas é maximizar os lucros, sempre buscarão os métodos de 
produção com menores custos, deslocando, isto é, tirando do mercado, os mais 
ineficientes. 
 
Para quem produzir? 
 
Para quem produzir será determinado pelo jogo da oferta e da demanda no 
mercado de fatores de produção que redistribui o dinheiro arrecadado no 
mercado de bens através dos salários, juros, aluguéis e lucros. A distribuição da 
renda resultante define o quanto da produção será absorvido pelos detentores 
dos fatores de produção. “A produção destina-se a quem tem renda para pagar, 
e o preço é o instrumento de exclusão”. 
 
“Os bens produzidos podem ser assim classificados:” 
 
Bens de consumo 
São aqueles que servem diretamente à satisfação das necessidades humanas. 
Confundem-se com os bens finais, aqueles vendidos para consumo ou utilização 
final. Podem ser ainda classificados como: 
• Não duráveis, isto é, que se esgotam no seu uso, como alimentos, 
vestuários, produtos de limpeza etc.). 
• Duráveis, aqueles que tem um uso continuado ao longo de um período de 
tempo, como automóveis, geladeiras etc. 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 6 
 
Bens intermediários 
São bens que entrarão na composição dos bens de consumo como chapas de 
aço, plásticos etc. 
 
Bens de capital 
São empregados na fabricação de outros bens, mas não se desgastam 
inteiramente no processo produtivo, servindo para aumentar a eficiência do 
trabalho humano. São as máquinas, equipamentos, ferramentas etc. 
 
Insumos 
O termo designa todos os elementos que concorrem para a produção de bens, 
as matérias-primas, osbens intermediários e os de capital, incluindo o trabalho 
humano. 
 
Serviços 
Atividades que compõem um bem que se esgota no próprio processo de 
produção, como consertar uma máquina ou encerar um piso. Pode ser voltado 
para o consumo final ou para o uso intermediário. 
 
O modelo apresentado mostra o funcionamento de um sistema impessoal – os 
efeitos descritos valem para todos – designando assim um sistema econômico. 
No entanto, na prática, inúmeras imperfeições impedem que os objetivos 
esperados sejam alcançados: 
 
As distorções na concorrência, que ocorrem em mercados com um ou poucos 
produtores, tornando possível a manipulação dos preços. 
 
As externalidades ou os efeitos externos que não são computados entre os 
custos ou benefícios que as empresas geram ou incorrem. Por exemplo: os 
custos da poluição gerados por um determinado processo produtivo ou o uso 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 7 
de estradas públicas que são pagas por todos, via tributos (PINHO et al., 2011, 
p. 19). 
 
 
Atenção 
 A correção dessas e outras consequências do funcionamento real 
das economias de mercado justificam a intervenção do Estado 
para ajustar as economias aos objetivos da sociedade como um 
todo. “Estudaremos, mais à frente, o papel que o Estado 
desempenha na condução dos negócios econômicos, não só 
corrigindo as distorções provocadas pelo mercado, como 
estimulando o crescimento da economia, função fundamental 
especialmente nos países em desenvolvimento”. Não existe, na 
verdade, nenhuma economia que funcione e tenha toda a 
alocação e distribuição de recursos feita pelo mercado, sem a 
participação do Estado. 
 
A demanda individual 
Define-se a demanda como “a quantidade de um determinado bem ou serviço 
que o consumidor deseja adquirir em certo período” (PINHO et al., 2011, p. 
115). A demanda é, então, o desejo de comprar, expressa como uma 
quantidade desejada em dado período de tempo. Assim, ao fazermos nossas 
compras de mantimentos, por exemplo, estabelecemos uma quantidade 
desejada de 4 quilos de arroz por mês. Essa seria nossa demanda por arroz. 
 
Vejamos como se forma a demanda de uma pessoa examinando como faz suas 
escolhas de alimentos. Vamos supor que ela sempre use folhetos do 
supermercado, com os preços das mercadorias à venda, para fazer suas 
escolhas. 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 8 
Primeiro, em função da sua renda, estabelecerá um montante a ser gasto nas 
compras. Depois avaliará o preço dos bens que deseja comprar, por exemplo, 
arroz, feijão, carne e legumes. Se algum deles estiver muito alto poderá 
substituí-lo por outro. 
 
Digamos que a carne bovina tenha experimentado um aumento de preço. O 
consumidor poderá decidir trocá-la por carne de frango, de modo a manter-se 
dentro do seu limite de gasto. Como não comprou carne bovina, resolveu não 
fazer churrasco e não comprou carvão. Verificou que a carne de carneiro baixou 
de preço, mas ele não gosta dessa carne e decide comprar mesmo frango. 
 
Constatamos dessa forma que a demanda do consumidor foi determinada por 
quatro variáveis: 
Vamos utilizar a hipótese do cœteris paribus, ou “tudo o mais permanece 
constante”, para avaliarmos o efeito de cada uma dessas variáveis sobre a 
demanda, já que seria muito difícil examinarmos o efeito conjunto de todas 
elas. 
 
Preço e quantidade demandada 
Já examinamos esse aspecto na aula passada. Quanto menor o preço maior a 
quantidade que estamos dispostos a comprar de um bem, cteris paribus. No 
nosso exemplo, o aumento do preço da carne fez que o consumidor diminuísse 
a quantidade adquirida. A tabela de demanda e a curva de demanda mostram 
esse efeito. 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 9 
 
 
 
Preço de um bem e preço de outros bens 
 
Vimos em nosso exemplo que por não comprar carne bovina o nosso 
consumidor tomou duas decisões associadas: comprou carne de frango e não 
comprou carvão. Isso demonstra os efeitos que os bens exercem uns sobre os 
outros. 
 
O frango em relação à carne funciona como bem substituto ou bem 
concorrente, isto é, o aumento no preço da carne bovina conduz a um 
aumento no consumo de frango. Inversamente, o aumento no preço do frango 
aumenta o consumo da carne bovina. É claro que esse efeito substituição não 
se dá, como em nosso exemplo, com a completa substituição de um bem pelo 
outro, pode-se, que é o habitual, comprar menos de um e mais do outro 
(PINHO, VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011, p. 118). 
 
Já o carvão não foi comprado por outra razão, porque se decidiu não fazer 
churrasco. Bens que tem sua demanda atrelada à demanda de outro bem são 
chamados de bens complementares, como o pão e a manteiga, tinta e pincel 
etc. 
Nesse caso, existe uma relação entre o consumo de carne e de carvão, embora 
se possa fazer churrasco com outros tipos de carne e de outros usos que se 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 10 
possa dar ao carvão, predominantemente uma elevação do preço da carne 
deve diminuir a demanda por carvão. 
 
A preferência do consumidor 
 
Embora o preço da carne de carneiro tenha caído, o consumidor não optou por 
seu uso. Isso pode ser atribuído ao gosto pessoal e ao fato de que, de modo 
geral, essa carne não faz parte do cardápio do brasileiro (muitos na realidade 
nem sabem se o preço do carneiro subiu ou desceu, enquanto sabemos 
exatamente o que acontece com o preço da carne bovina ou do frango). 
 
Eventualmente o governo ou associações de empresas fazem campanhas para 
estimular o consumo de um produto, como leite ou produtos que contém 
ômega 3, pelos benefícios que trazem à saúde. O resultado esperado dessas 
campanhas é que aumente o consumo desses produtos, alterando as 
preferências do consumidor que buscará consumir alimentos mais saudáveis. 
 
Renda e demanda 
 
A renda é, na verdade, o primeiro condicionante do consumo. Podemos supor, 
com razoável certeza, que quando a renda cresce a demanda de um bem deve 
aumentar e isso parece se confirmar na maioria dos casos, porém não em 
todos. Os bens podem ser classificados em três tipos quando examinados em 
relação à renda do consumidor: 
 
Bens normais 
Os bens normais têm esse comportamento esperado de aumentar o consumo 
conforme aumente a renda, o que é perfeitamente compreensível quando 
pensamos em quase todos os bens, alimentos, roupas, sapatos, automóveis 
etc. 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 11 
 
Bens de consumo saciado 
No entanto, mesmo que a renda cresça bastante alguns bens não terão 
aumento no consumo, na realidade, a um determinado ponto o consumo de 
bens não crescerá mais, são os bens de consumo saciado. É evidente que 
existe um limite para o consumo individual. 
 
Bens inferiores 
Os bens inferiores são aqueles cuja demanda reduz-se quando aumenta a 
renda. De modo geral tal caso se aplica aos bens de consumo populares que 
são substituídos por bens mais sofisticados quando a renda aumenta. 
 
Deslocamento da curva de demanda 
A curva de demanda, então, expressa a intenção de consumo em um dado 
período de tempo, assumindo uma inclinação negativa, por conta da propensão 
a se consumir mais conforme o preço se reduza, como podemos recapitular no 
gráfico 1. 
 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 12 
Vimos que alguns fatores podem modificar essa curva de demanda. Por 
exemplo, se há um aumento na preferência do consumidor por determinado 
bem, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pela mesma quantidade 
daquele bem. 
 
Isso fará que a curva se desloque para a direita, como podemos verno gráfico 
2. Esse deslocamento da curva de demanda para a direita significa um aumento 
generalizado da demanda, isto é, para cada preço verificado anteriormente, o 
consumidor estará disposto a consumir uma maior quantidade. 
 
 
 
Inversamente, quando, por exemplo, há uma redução na renda verificamos 
uma diminuição da demanda por qualquer bem, ocorrendo um deslocamento 
da curva para a esquerda. Significa que para o mesmo nível de preços o 
consumidor estará demandando menos unidades do produto, conforme mostra 
o gráfico 3. 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 13 
 
 
Vimos que alguns fatores podem modificar essa curva de demanda. Por 
exemplo, se há um aumento na preferência do consumidor por determinado 
bem, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pela mesma quantidade 
daquele bem. 
 
 Demanda por manteiga quando diminui o consumo de pão – bens 
complementares; 
 Demanda de carne bovina quando aumenta o consumo de carne de 
frango – bens substitutos; 
 Demanda de legumes após uma campanha de incentivo ao consumo de 
alimentos saudáveis – preferência do consumidor; 
 Demanda da carne de segunda com o aumento da renda – bens 
inferiores; 
 Demanda de frutas depois de sucessivos aumentos da renda – bens de 
consumo saciado; 
 Demanda de roupas de moda após aumento da renda; 
 Demanda de carne suína após aumento do preço da carne bovina – bens 
substitutos. 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 14 
A curva de demanda de mercado 
A demanda de mercado é a soma das demandas individuais. As quantidades 
individuais demandadas pelos consumidores são somadas, formando a 
demanda total do mercado, conforme exemplificado na tabela de demanda 
abaixo e no gráfico 4 (PINHO, VASCONCELLOS; TONETO Jr., 2011, p. 121). 
 
 
 
Entendendo a demanda real 
Conhecer o comportamento da demanda é um aspecto crucial do processo de 
tomada de decisões dos governos e das empresas. O que e quanto as famílias 
estão dispostas a consumir e a que preço são informações que requerem 
pesquisas extensas e muitas vezes bastante sofisticadas do ponto de vista 
metodológico. 
 
As empresas, com essas informações, procuram atender o consumidor da 
melhor forma possível e, com isso, aumentar suas vendas. Os governos buscam 
medir o nível de qualidade de vida da população, de forma a orientar suas 
políticas econômicas e sociais. 
 
O Governo brasileiro efetua diversas pesquisas com o objetivo de traçar, entre 
outros, os perfis econômico, social, demográfico e comportamental do 
brasileiro. 
 
Por exemplo, a Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF mede as 
estruturas de consumo, dos gastos, dos rendimentos e parte da variação 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 15 
patrimonial das famílias, possibilitando traçar um perfil das condições de vida 
da população brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos 
(IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010, p. Introdução). 
 
Aplicação da POF 
 
Conhecer o comportamento da demanda é um aspecto crucial do processo de 
tomada de decisões dos governos e das empresas. O que e quanto as famílias 
estão dispostas a consumir e a que preço são informações que requerem 
pesquisas extensas e muitas vezes bastante sofisticadas do ponto de vista 
metodológico. 
 
Vejamos uma aplicação imediata da microeconomia à interpretação das 
informações obtidas na POF. 
A figura 1, extraída da POF 2008-2009 (IBGE, 2011) mostra o consumo, em 
gramas por dia, de alguns itens alimentares por classe de renda. O 1º quarto 
corresponde ao grupo de renda mais baixa, crescendo até o 4º quarto, a 
parcela da população de renda mais alta. 
 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 16 
Ao analisarmos a tabela, extraída da mesma pesquisa, vemos que existe 
relação semelhante entre a renda e o tipo de gastos que são feitos com a 
saúde. Quando associamos os gastos com planos de saúde e medicamentos 
com a classe de renda, constata-se que há uma relação diferenciada desses 
dois itens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nota-se no quadro, contudo, que medicamentos e planos de saúde têm um 
comportamento diferenciado quanto ao consumo por classe de renda. Os 
remédios tem sua participação nas despesas menor em classes de renda mais 
alta e, maior em classes de renda mais baixa. Isso poderia classificá-lo como 
bem inferior, isto é, redução no seu consumo conforme se eleve a renda. 
 
Primeiro, fatores como a melhora na alimentação e das condições de vida 
devem contribuir para essa mudança. 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 17 
Segundo, a redução relativa do consumo de medicamentos acompanha a 
redução da participação dos gastos em consumo na renda. 
 
Assim, a participação do consumo total na renda cai de 93,9% para 67,6%, 
enquanto a participação dos gastos em remédio cai de 4,2% para 1,9%, isto é, 
a queda da participação dos gastos em medicamentos é menor do que a 
redução no consumo. 
 
O comportamento dos planos de saúde é inverso, o que o incluiria na categoria 
dos bens normais, isto é, cujo consumo variaria com a renda. 
Na verdade, por seu caráter altamente especializado, a curva da demanda em 
saúde corresponde a uma curva de necessidade que, nesse caso específico, se 
definiria como uma curva de demanda vertical, isto é, a demanda não variaria 
com o preço. Pode, então, ser definida “... como aquela quantidade de serviços 
médicos que a opinião médica acredita deva ser consumida em um 
determinado período de tempo para que as pessoas possam permanecer ou 
ficar tão saudáveis quanto seja possível segundo o conhecimento médico 
existente” (JEFFERS et al. 1971, apud SANTOS, 2001). 
A partir daí a demanda específica por serviços de saúde decompõe-se em 
(SANTOS, 2001, p. 5): 
 
 Necessidade, que pode ou não ser real do ponto de vista do profissional 
da saúde; 
 A demanda propriamente dita, que resulta da percepção da necessidade; 
 A utilização de bens e serviços de saúde, que pode ou não ocorrer, 
devido a dificuldades de acesso ou outros fatores externos. 
 Fica clara, então, a peculiaridade do setor saúde quando decompomos a 
formação da demanda individual e, por extensão, a demanda total. 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 18 
Atividade proposta 01 
As questões relativas à saúde são bastante complexas pela sua essencialidade. 
Isso afeta não apenas a responsabilidade do Estado, mas também a da 
iniciativa privada. A elevação do nível de renda tem suas consequências sobre 
os serviços de saúde, conforme examinamos. 
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=ldpJT3zs9bc assista o vídeo 
para refletir e discutir o pronunciamento feito na câmara dos deputados sobre 
os Planos de Saúde. 
 
Chave de resposta: Você poderá abordar o atendimento de parte das 
necessidades de saúde da população pela inciativa privada que impõe a 
questão de capacidade de atendimento dos Planos de Saúde. Nesse caso a 
questão empresarial, pelas características da demanda, deve se voltar para 
uma cobertura total. 
 
Atividade proposta 02 
 
Acesse o link: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v9n1-2/10.pdf e leia o artigo 
Gastos em saúde: os fatores que agem na demanda e na oferta dos 
serviços de saúde. 
O texto, referenciado, aborda as características da demanda em saúde. Faça 
um resumo dos fatores que influenciam a formação dessa demanda. 
 
Chave de resposta: Você deverá resumir os principais fatores mostrados no 
artigo: a necessidade sentida, os fatores psicossociais, a seguridade social, a 
demografia, a epidemiologia,a utilização dos serviços de saúde, a 
regulamentação e os fatores culturais. 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 19 
Referências 
BRASIL. Portaria nº 2.669, de 3 de novembro de 2009. 
IBGE. (2011). Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do 
consumo alimentar pessoal no Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: IBGE. 
KRUGMAN, P. R.; WELLS, R.; OLNEY, M. L. Princípios de economia. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2010. 
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A.; TONETO Jr., R. Manual de economia. 
6. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
SANTOS, S. C. Melhoria da equidade no acesso aos medicamentos no Brasil: os 
desafios impostos pela dinâmica da competição extra-preço. Rio de Janeiro: 
ENSP-FIOCRUZ, 2011. CRUZ, M. d.-F. (Ed.). Acesso em: 18 fev. 2015. 
Disponível em: < 
http://portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=00004303&ln
g=pt" 
http://portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=0
0004303&lng=pt>. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 20 
Exercícios de fixação 
 
Questão 1 
Em uma economia de mercado: 
a) Os consumidores não alterarão suas compras de um dado bem por 
variações no preço. 
b) Os consumidores comprarão mais de uma mercadoria sempre que o 
preço subir. 
c) As empresas não alterarão a oferta de um bem por variações no preço. 
d) As empresas sempre ofertarão mais de uma mercadoria sempre que o 
preço diminuir. 
e) Os consumidores comprarão mais de uma mercadoria sempre que o 
preço diminuir. 
 
Questão 2 
Assinale o fator que não provoca o deslocamento, para a esquerda ou para a 
direita, da curva de demanda da manteiga: 
a) A diminuição da renda. 
b) Uma redução ou aumento do imposto incidento sobre o bem. 
c) O aumento ou diminuição no preço do pão. 
d) O aumento da renda. 
e) O aumento do preço do chocolate em barra. 
 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 21 
Questão 3 
O processo produtivo da indústria de medicamentos inclui os seguintes bens: 
I - Matéria-prima; 
II - Máquina processadora; 
III - Medicamento. 
Como se classificam? 
a) I: bem de consumo, II: bem de capital, III: insumo 
b) I: bem de capital, II: bem de consumo, III: insumo 
c) I: insumo, II: bem de consumo, III: bem de capital 
d) I: insumo, II: bem de capital, III: bem de consumo 
e) I: bem de capital, II: insumo, III: bem de consumo 
 
Questão 4 
A curva de demanda total do mercado para medicamentos é dada: 
a) Pela oferta total de bens 
b) Pela população 
c) Pela soma das demandas individuais 
d) Pela oferta real de remédios 
e) Pela oferta potencial de remédios 
 
Questão 5 
Quais os dois fatores que distorcem o funcionamento descrito da formação do 
preço pelo mercado? 
a) O nível de renda e a demanda do consumidor. 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 22 
b) O desenvolvimento tecnológico e as externalidades. 
c) Distorções na concorrência e as externalidades. 
d) A ocorrência de desastres naturais e o nível de renda. 
e) A oferta e a demanda de bens. 
 
Questão 6 
Considerando o conceito de bens complementares, uma queda na realização de 
exames laboratoriais não resultará na queda das vendas de: 
a) Seringas 
b) Kits de teste 
c) Autoclaves 
d) Medicamentos 
e) Agulhas descartáveis 
 
Questão 7 
Qual seria o efeito de um aumento de renda da sociedade como um todo sobre 
a curva de demanda dos planos de saúde? 
a) Haveria um deslocamento para a direita. 
b) Não se alteraria. 
c) Haveria um deslocamento para a esquerda. 
d) Haveria um deslocamento da curva de oferta. 
e) Não afetaria o preço dos planos de saúde. 
 
 
Questão 8 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 23 
De acordo com a pesquisa da POF os consumidores tendem, quando sua renda 
aumenta, a consumirem mais de alguns produtos (por exemplo, frutas) e 
menos de outro tipo de bens (por exemplo, farinha). Esses bens podem ser 
caracterizados, respectivamente, como: 
a) Bens inferiores e bens normais. 
b) Bens normais e bens substitutos. 
c) Bens substitutos e bens complementares. 
d) Bens normais e bens complementares. 
e) Bens normais e bens inferiores. 
 
Questão 9 
Os planos de saúde, de acordo com as características estudadas, podem ser 
considerados um: 
a) Bem substituto 
b) Bem inferior 
c) Bem normal 
d) Bem de capital 
e) Bem superior 
 
Questão 10 
A demanda específica por serviços de saúde decompõe-se em: 
a) A necessidade do ponto de vista da oferta dos serviços de saúde e a 
demanda propriamente dita. 
b) A necessidade do ponto de vista do profissional da saúde, a demanda 
propriamente dita e a utilização de bens e serviços de saúde, 
considerando as dificuldades de acesso ou outros fatores externos. 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 24 
c) A necessidade do ponto de vista do profissional da saúde, a oferta 
propriamente dita e a existência de bens substitutos. 
d) A oferta do ponto de vista do profissional da saúde, o desejo do 
consumidor e a utilização de bens e serviços de saúde, considerando as 
externalidades. 
e) A necessidade do ponto de vista do consumidor, o nível de renda e a 
demanda propriamente dita. 
 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 25 
Chaves de resposta 
Questão 1 - E 
Justificativa: O consumidor, para maximizar seu benefício, buscará sempre 
adquirir mais mercadorias dispendendo a mesma quantia em dinheiro. 
 
Questão 2 - E 
Justificativa: O chocolate em barra não é um bem substituto ou complementar 
da manteiga. 
 
Questão 3 - D 
Justificativa: Insumos são os bens que concorrem para a produção: matéria-
prima. Bens de capital são empregados na fabricação, mas não se consomem 
no processo: máquina processadora. Bens de consumo são os que satisfazem 
as necessidades humanas: medicamentos. 
 
Questão 4 - C 
Justificativa: A demanda de mercado é a soma das demandas individuais. As 
quantidades individuais demandadas pelos consumidores são somadas, 
formando a demanda total do mercado. 
 
Questão 5 - C 
Justificativa: As imperfeições que impedem que os objetivos do mercado sejam 
alcançados: as distorções na concorrência, que ocorrem em mercados com um 
ou poucos produtores e as externalidades ou os efeitos externos que não são 
computados entre os custos ou benefícios que as empresas geram ou incorrem. 
Por exemplo: os custos da poluição. 
 
Questão 6 - D 
Justificativa: Medicamentos, de forma geral, não tem sua demanda associada à 
realização de exames laboratoriais. 
 
 
 AULA 02: O CONSUMIDOR E A DEMANDA 26 
Questão 7 - A 
Justificativa: Um aumento da renda leva a um aumento no número de 
consumidores, fazendo que a cada faixa de preço existam mais consumidores 
dispostos a comprar, logo haveria um deslocamento para a direita. 
 
Questão 8 - E 
Justificativa: Os bens normais tem seu consumo aumentado com o aumento da 
renda, ao contrário dos bens inferiores, cujo consumo diminui. 
 
Questão 9 - E 
Justificativa: Os bens normais tem seu consumo aumentado com o aumento da 
renda. 
 
Questão 10 - B 
Justificativa: A demanda específica por serviços de saúde decompõe-se em: 
necessidade, que pode ou não ser real do ponto de vista do profissional da 
saúde; a demanda propriamente dita, que resulta da percepção da necessidade 
e a utilização de bens e serviços de saúde: que pode ou não ocorrer, devido a 
dificuldades de acesso ou outros fatores externos.

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