Buscar

O Juiz e a Democracia O Guardiao das Promessas Antoine Garapon pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

âãda
-:
.S
1'-f
'É`.
E
É
F.
Í
I
'i«:¬
IIJ.
Lv.
)|
-.r.-¬.-.‹n¬..-- .\J__¬.\._~_|-'.›._Á..
Y:
'J
ri
:__.-_-¬_".-.v..'.-.é.,-,«'...._,f'._~'¬¿r'__¬'}.',.;'¬¬,';
C1
'__u
.¡›|
'If
,lí
ä~:1:24
vi
.z1r11fu_-4-1.
A_..ø.q.›-..-\..n_;A...-
Ii
II
Çi›:
fa
¡:i
a |
-'II
-----_--rw-v¬--|-.J-.J
__'ä"_.~.1:_¬_u..n.L..-\.n....|..¡.L..-.¢-L-..á¬'_fr'-*SI.
ti
_-|P.-›--.-.c-..;.r..'-._.it-_ei
:¬¡.
1'1
wr¬.-Gg-.-ur_,__¡,:Í
,Iza
ii
'Hfl
-'ih'\
|.......__--;_..I_.n.|-
fl.
|"
fiIFf.
¡'|
T.
_;
.I_
|
|
Ín
|
1
Li.
-§
E
|\
l
i+L
\
L
O
I
1
l
Í
l
I
\
Antoine Gampon
“_ "_ .--.H.-....--._-....-.--"_-_---........-........--....-1..-......._.¡... . ...__-.-.
|
|
.| . íílí411;*
\
Í
' O juiz e a democracia
O guardião das promessas
Tradução:
Maria Luiza de Carvalho
Editora Revan
- -u
A lei de ll de março de 1957 proíbe cópias ou reproduções destinadas a uma utilização coletiva. Toda e
qualquer HOW Àpr¿sÀÀlÀçãÀ OU r¢Pr0dl1Çã0. integral Ou parcial. feita por quaisquer 1n_‹=_:_i_os_.,§‹j:_rn_ ____________________________________________________________________________________ .. - ....-.._.-__-------------.~----
" ' " ' ' : :': :::::: " 'consentime'n'to"do"aütõf'õ`ü"dë'§`ëü"rëpfëšëii`täiite`j `ë'ili'ciiii"e`ë5ñšt`ifüi"c'öiitravenção sancionada pelos
à't
.r
l
I|
Copyright © 1996 by Antoine Garapon
Todos os direitos reservados no Brasil pela Editora Revan Ltda. Nenhuma q
parte desta publicaçao podera ser reproduzida, seja por meios mecânicos,
eletronicos, seja via cópia xerográ¿ca, sem a autorização prévia da editora.
Publicado no original com o título Le Gardieu des Pmmesses, i
por Editions Odile Jacob, Paris. 1
li
- l
C
artigos 425 e seguintes do Código Penal.
Preparaçrio de texto
Anne Marie Davée
TRevisão
Dalva Silveira `
Roberto Teixeira
Rogério Corrêa Jr.
C A Claire, Marie, Pierre e Beatrice.
apa
Traços do Ofício 1
1' Este livro deve muito a muitos. Primeiramente, a Olivier Mongin: sem
A seu encorajamento e suas criticas, sempre pertinentes, eu nunca teria ousado
lançar-me numa empreitada tao audaciosa. A Irène Thëry, que me apontou o
exemplo a ser seguido; a Pascal Bruckner, a Xavier Galmiche e a meu irmão
Paul Garapon, que releram pacientemente o manuscrito. 'A Iacques Lenoble e a
Iean De Munck que, através de um contrato de pesquisa com o Centro de Filo-
* ' Impressão
(Em papel Offset 75g, após paginação eletrônica, em tipo Palatino, c. 11 /13)
' Ebal
CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte z
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. .
6193;
99- l503
211099
il sofia da Universidade Católica de Louvain-la-Neuvefme proporcionaram con-
1 Mía. diçõesde trabalho i11eStimâU€iS. A Paul RÍCCl?MTz_€?'1¿mz' 0 ¿luffm 3599 ensaio deve
tanto e que me deu a honra de redigir seu prefacio. _ _ __ __
Garapon, Antoine, 1952- '''''''''''''' c nf" ' c'””*;“'*1“”;;L`
O juiz e a democracia: o guardião das promessas /Antoine ¿;a,,,p0n¡ tradução Mm, mz, de ¢a,¬,a¡h0_ _ Rm V O livro éfruto de muitos anos de trabalho no Institut de Hautes Etudes
de Janeiro: Revan, 1999 !_ iq sur la Iustice. Esta aventura jamais teria sido possivel, não fosse a confiança
272 po f inicial com que me distinguirarn Hubert Dalle e Iacqiies Commaille, líem coliäo
Tradução de: Le gardien des pmmesses os~presiden_tes sucessivos -Í Pierre Drai, Robert Badinter eMarceauT onlg. a
ISBN 85__“06_l76_9 nao sobreviveria sem oapoio efetivo de Myriam Ezratty e de Pierre ruc e, ea
amizade de seus principais parceiros - Pierre Bouretz, Yves Dezalay, Alain
l. Juízes. 2. Democracia. 3. Organização judiciária. - Glrmídet' Robert Iacob' Daniel Lecn.¿b'z'çr{'panzel ÍÍlud?t' $e1:g10lí0peZf=Ra¿]l/-rfëondL Título Verdier- e,¿nalmen te, sem a equipe que os assiste. Denis Sa as, cujo ia ogo
cotidiano éfonte de enriquecimento permanente, e Anne Avi/, sem aqual, nunca
. é demais dizer, nada disso teria sido possível. ' ' .cou -_ 347.9 '
221099 008011 E
-_-¡-_-'__n,-_-:J-__,____.__..¬¬.--uv-var..-ii..-.____...___i'ú
:Í1in
gn
Í*'i
Zi'-.._~.'*'¬-7-'_:\3:.*;'Sf';'E.'_'f.'*'C~f;'i'ü2*:t7›t-:r_~7_-:~r=:~rrf¢f:¬‹“.r¿*:1*:':',¬:-:¢:::r:rr_¬¬-¬-«-‹-.P
|‹:',
aii
'I\"iii 2
':‹n.-.Ànrzr --I..-.:v.-
¡I
.-_---vw-ru-/¬.'-^ *zvz*--=_~
(Ilrii:|i_
I' 1
'.-/''...›-4.¬;-.¬-_--_v,-r\.,n_u.__..'.-_f_,/\5-
ir
'.
-\-..-_¬-n¡- rluva-¬.wI...|'.\-J--
'nii
{›:.
i‹'-
_-_.e¡`-_1;¬-\';';:_.f"'__._1u__f-_'~_-I_Ana450..1
É“ÍÀ'¿'£'%'ÍÉÚ_'ID
¬...t,.¬._-......_..,._...._._..¬¬_-,_¬z.3.,_
¬-----›..-.¬~¬.-¬\.-.-.v_-...,....___._
I
l
l
1
ii
_ .... ..¬.
F
i
¬¿_n7__,
Ii
Ei.”-..
ii,.
l
\r
_.-._-....¬_-...-u_.-‹"...._.-...........-.H _... -..._ ....-....- _ - - -v -
.›
I.
ú
.¬_i;
.r-
¬-.
i i
|
i.i
Í
I
r
1i
V
1
E
|
l
I
iv
I
l
É
i
Sumário
PREFÁCIO ............................................................................ ..
INTRODUÇAO ....................................................................... ..
Primeira parte
. Os impasses da democracia jurídica
Capítulo I: A república tomada pelo direito ..................... ..
O FIM DA EXCEÇÃO JACOBINA .................................................................. ..
O das imunidades ..................................................................... ..
A exteriorização dos conflitos ......................................................... ..
A DESNACIONALIZAÇÃO Do Diaisrro ........................................................ ..
Lei, um instrumento caduco? ......................................................... ..
O surgimento defontes de direito supranacionais .......................... ..
Uma revolução jurídica ................................................................... _.
Politização da razão judiciária, judicialização da razão política ..... ._
A Nox/A CENA DA DEMOCRACIA .............................................................. ..
Um lugar de visibilidade .................................................................. ..
Uma inversão de lugares .................................................................. ..
Da celebração da unidade à divisão assumida ................................. ..
Uma sociedade condenada a um deslocamento permanente ............ ..
C.apíLul.o._.1I;_Q¬vader.iaiäitddos ................. ..
O Desvio AR1s'rocRÁTico ......................................................................... ..
O dualismofrancês .......................................................................... ..
Controle sociológico e ligação politica .............................................. _.
Independência externa e independência interna .............................. ..
Umfuncionamento aristocrático ..................................................... ..
Controle politico da magistraturafrancesa ...................................... ..
O controle por uma hierarquia que nãofunciona mais .................... ..
A TENTAÇÃO Porurisrn ........................................................................... _.
Um acesso direto ã verdade .............................................................. ._
Inclinação cultural dos sistemas inquisitórios ................................. ._
Sacralização da verdade, desconsideração do processo
Idealização da regra,.ocultação dos arranjos ................................ __
Uma total irresponsabilidade política ............................................................... _. 73
Capítulo III:_ A_ilusão da democracia direta ........ _.
...................................... ._ 70
................... ._ 71
......................... _. 75
Capítulo V: A incerteza das 'normas .............................................. ._ 121
Evoi.uCÃo DA DELINQÚÊNCIA ...................................... .........................................._ 123
A delinqüência iniciãtica dos adolescentes .... ............................................... _. 124
A diluição das referências sociais e os ”inclassificáveis" ................................ _. 126
A impossibilidade de situar-se através do drama ........................................ _. 128Paociassos msrizutoos PELA MÍDIA ........................................................................... _. 76 ' ~
Iiicesto e inserçaofamiliar ............................................................................... ._ 129Midia, diretor e ator ao mesmo tempo ............................................................... .. 77 Dimensão orddlica da toxicomania ................................................................. ._ 131
umef-WSÍÍÍZÚÇÍÍO SÀplemenf¿¿' de ]U5f1ÇÀ ---------------------------------------------------------- -- 79 Dívida inversa ................................................................................................. _. 132
Uma etica da narrativa ............................................. __
O processo perpétua .................................................. ._
O Miro DA rRANsPARÊNciA ............................................................................... ._ ..... _. 84
...................................... ._ 81 ~
MErAMoRFosEs DA v1oi.ÊNCiA ................................................................................ ._ 133. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . - . - . .-A.LÓGÍCA-.m.ESPETÁCUto--_-::3-.-.'.'.---.°.'-"-.-02nun":.J.-.:-.H."-:"_“.""".-nnH.--_".-._...tl-:I:-:‹.-:-::-:-.-;-:-::-:--82*----~-------H -- -- -- ------"---------H-^-Ô"šäië'|Fz:›¿/Ei-6'íñ'üè?Íídö'_':'5E^I:š;ií'_;_;_;:.:E:::Ino."H".'H.HH."".“."“."'-nn."H....H..HOHI'H":;l';::;"Í35""""""'
...................................... ._ 83
Capítulo VI: A magistratura do sujeito ........................................ __ 139
Íefefeeee mefe Pele hemem de fille PeleflmçãÀ ¡ ------------------------------------------------ -- 84 UM MAIOR CONTROLE Do Juiz ................................................................................._. 140
Tmllsllefeleeie de “ções e verdade dem0CWÍÍ1CÀ -------------------------------------------------- -- 86 ` A destituição de qualquer autoridade tradicional ........................................... _. 141
Uma norma comum sem costumes comuns? .................................................. _. 143DEVERTAM A5 AUDIÊNCIA5 SER FIT-ÍVIADAS? ----------------------------------------------------------------- -- 83 "A virtude pública da indiferença" ................................................................. _. 144
A armadilha dos processos pedagógicos .................... _. ...................................... ._ 90
MídfÀ, IlmÀ ÍIZZÍOTI-dílde dE_flÍlÍ0 ...... .-. ................................................................. .. INTERIORIZAÇÃO DO DIREITO ___________________________________________________________________________________ __
, '_ Cada cidadão consagra-se legislador ............... .............................................. _. 147
- Capltulo IV: A OPÇÚO pelo Penal ----------------------------------------------------- -- 97 Da proibição da droga ii incitação comedida ....................................... _.-ze........ ._ 148
IDENTIFICAÇÃO com A vt'riMA ................................................................................... ._ 98 AS AÇÕES DE TUTSLA DAS PSSSOAS FRASES ________________________________________________________ __ 149
Do ativismo dos juizes ao ativismo associativo ........ _.
A jurisdição das emoções ............................ _;-_ .....
...................................... _. 98
...................................... __ 99 A magistratura do sujeito ............................................................................... ._ 150
O l€gÍSlL`l£ÍlO?' ÍTTCICI-Olílll .................................................................................... ._ 101 Capítulo julgar! apesar de tudo _____________________________________________ __ 155
Consenso na efusão ......................................................................................... ._ 102
S As “sentenças emocionais” ............................................................................. ._ 103 'A DIFICULDADE Do LECisLADoR .............................................................................. __ _55
Questões que não podeni ser decididas ............................................................ __ 156...__...--_..__....-- DÍABOLWÉÇAO DO OUTRÚ --------------------------------------------------------------------------------------- -- 104 Uma complexidade inextricdvel ...................................................................... ._ 158
_ O retorno da mecânica sacrificial .................................................................... ._ 105 - ~ ° f ° ' 53
Sobre dimensoes insuperaveis ......................................................................... ._ _Uma “sociedade de litigantes ........................................................................ _. 107 A IUSHÇA ENTRE A ¡DEA¡_¡ZAÇAO E A DIASOUZAÇAO ________________________________________________ __ 160
O individualismo medroso ....... ..................................................................... _. 109 - - - ~ ° ' _____________________________________ __ '
A eeteleelfzeçãe de Proibído -------------------------------------------------------------------------- 110 Um debate em situação ................................................................................... _. 162
Do controle social ao controle lateral ............................................................... ._ 111
l
INvERsÃo DE Posições
A proibiçao da negaçao de justiça - ............................ _. _61
_ -1----_--------- ----------------------------------- ------------------------------- --111 DIZER 0 Jusro ........................................................................................................ ._ 163
S uma Pefeeleçãe mhmfele de lfleilšfe ---------------------------------------------------------------- ~~ 113 Que seja dita a justiça ..................................................................................... ._ 165
Me” direito e e medida de direito"''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''' '''''''' " 114 Assegurar a_continuidade da democracia ....................................................... _. 167
Uma confusão perigosa ................................................................................... _. 114
“Não ouvir nem o temor, nem a afeição ” ........................................... ._
A incapacidade de representar os laços sociais ................................................ ._ 117
........... ._ 115
8 9
._..-...___...-_...-|.‹-rui.-i_--¬.-__._-___
l
I
5
E
Al
lnf:ii
"¶'¡F?I`."-IG
H
r-¬fv~¬-u-r-i.¬ró-'zu'.før~ru-Ilvr'*¬-'/\\-IA.af...ø_ø_\..nID
1
.
.1
I
-i..
I
_...--_--\.‹...\..:-.LJ1-
<
..
'lI
l
.Ê
_»««.‹J_.m.w.L_¬Lm¿;¿;;_1_¡›_¡_1._¿¿.¿.;_z=_¬,-.J-__.¡;._.g;`_¡H.L_¡_¡_.-,_A;
1 i|
Segunda parte A SANCAO, ALEM DA PENA E DA SEGURANÇA ....................................................... 214
_ _ ` _ Igualdade diante da justiça e individualização da pena .................................. ._ 215
A ]1zlSl`lçt1 111111161 6l€1'l10CT6IC1l1 7611071616161 Uma resposta sistemática e diversificada ........................................................ ._ 216
A continuidade do espaço público ................................................................... ._ 218
~ Uma violência limitada ................................................................................... ._ 219
_ A pena articulada a uma palavra .................................................................... __ 220
Capítulo VIII: Preservar as referências coletivas ......................... ._ 171 Dignidade - um bem comum ........................................................................_. 222
FUNDAMENTARA AUTORIDADE ................................................................................ ._ 172 Capítulo XI: Promover 0 debate .................................................... ._ 225
Ambivalência das expectativas a respeito da justiça ....................................... _. 172
A autoridade como im_ia carência .................................................................... _. 174 NOVAS FORMAS DE IUSTIÇA ..................................................................................... _. 226
..................................... _.Uma_ autoridade_que. coloque. o. poder.eincena _--.._...._._..._....-..-....__.__...__...___..-......-.---O.-direito.pos.itivo.dassociedades.homogêneas¡.___....____._¡_.___.___.._..___.._...._..._._._.__._-226.-
As proniessas do “direito providência” ........................................................... _. 227
AUTOEIZAR O PODER ............................ ................................................................ _. 177 Os novos lugares ......................... ._ .................................................................. _. 228
' justiça informal e justiça descentralizada ....................................................... _. 231
UM EQUIVALENTE MODERNO DA RELIGIÃO? .............................................................. ._ 182 Novas relações entre o Estado e a sociedade civil ............................................ ._ 232
_ O trágico da democracia .................... .......................................................... _. 185 Unia resposta ã crise de representação politica? ............................................. __ 233
. O papel do Ivlinistério Publico ........................................................................ _. 234
WA, Capítulo IX: Despertar o pacto democrático -................................. ._ 187
` - UM Novo ATO DE JULCAR ..................................................................................... 237
A MEMORIA Dos LUGARES ....................................................................................... ._ 188 Uma nova concepção de ação coletiva correta ................................................. ._ 237
Um universo de distância ........................................................................... .- 139 O enterro de um critério único de verdade ...................................................... _. 238 _
_ Recordar as origens ..................................................................................... 191 Um ato de julgar contextualizado ................................................................... _. 239
_ Sublimar a violência .................................................................................... _. 193 _
Autorizar um debate racional .................................................................... ._ 195 Capítulo XII: O 110220 6Spaç0 dO ÍUÍZ ............................................. ..243
REANIMAR O SUJEITO DE DIREITO ............................................................................._. 196 A IMPARCIALIDADE REAVALIADA .............................................................................. ._ 245
A falta e O Castigo ......................................................................................... ._ 196 _ Promoção da imparcialidade ou racionalização da parcialidade? ................... _. 246
O Sintoma e O tratalnento ............................................................................ .. 197 Regras claras ................................................................................................... _. 248
O sujeito de direito acima do indivíduo ...................................... _. ........... _. 198 Regras realistas ............................................................................................ 250
O sujeito de direito como condição e finalidade da democracia ..... 201' ' Regras respeitadas ........................................................................................... _. 250
_ Sem palavra comum não há sujeito de direito ......................................... 202
"777""7 77:* JÃ ré¿islcriçlêiozííím espaço comum ............................................................._. 203 . A ÉTICA REABIUTADA .............................................................................................. ._ 251
` i " " " " A ética posta ri parte nos sistemas inquisitórios .............................................. ._ 252
Capítulo X: Sancivnar c reintegrar ............................................... .. 205 A zefzfêziaiz as jzzmmziao ............................................................................... _. 254
Uma outra matéria' além do coiiteiido juridico de seus julgamentos .............. ._ 255
A EXATA DISTÂNCIA, ALEM Do SACRIFICIO E DA TERAPIA ...................................... 206 Institucionalizar a ética? ................................................................................ _. 256
Regm de fÍíT€ÍÍ0i fÀgm de julgamento ............................................................ _.'..206 A ética dos jornalistas ..................................................................................... _. 257
A DIGNIDADE, ALÉM Dos DIREITOS E DAS NECESSIDADES ........................................... _. 208 A REPRESENTATIVIDADE RECUPERADA ......................................................................_. 259
Das garantiasformais ã idéia de dignidade .................................................... ._ 210 _ Um antídoto ãfuncionarização ....................................................................... ._ 260
O processo como uma trégua ....................................................................... -211 Uma solução para a crise de legitimidade ....................................................... ._ 262
Um diálogo sob influências ............................................................................. ._ _212- Uma aproximação da democracia ................................................................... .. 262
Permitir ao sujeito assumir compromissos ................................................ 213 Uma nova de¿nição de interesse geral ............................................................ .. 264
10 11
CoNcL'UsÃo .............. ..
As elites desprevenidas
.......................... .......................... .. 265
Novos desafios políticos
12
E ¡v¡-A3 ,V-_ ~ - 1.-¡ ._- -¬- ¡. ¡¡;Q¡¡,_¡..`-._._-_.,¬- T..-.;....-___-___ -_ . -_
ozzzzzzzwzzawâzmozzâai'ÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÂÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍIÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÂÍÍÍ
un
3
.... ._ 266
.... ._ 267
.... .. 268
PREFÁCIO
_.-_..-_-..-__-....- _ _ _ _ ___ _ ___ I _
zu .......---.-.-....--..-..-.--....-.-.......---_....._._..-.........-.......--..--.....- ..........---......,-. .._ -. ,____________"_"."____ __
O livro de Antoine Garapon surge em momento oportuno, mo-
mento em que se toma gritante a contradição entre a inÀuência cres-
cente que a justiça exerce sobre a vida coletiva francesa e a crise de
legitimidade com a qual se defrontam, nos países democráticos, todas
as instituições que exercem alguma forma de autoridade. A tese maior
dolivro estabelece que, juntas, justiça e democracia devem ser criticadas
e corrigidas. Neste sentido, este livro, de autoria de um juiz, pretende
ser um livro político. -
O encontro entre o ponto de vista do direito e o da democracia
começa a partir do diagnóstico: com Philippe Raynaud, quando fala
da "democracia governada pelo direito”, ele se recusa a ver na extre-
ma jurisdicionalização da vida pública e privada a expressão de uma
simples contaminação do espírito processual dos Estados Unidos"; é
essencialmente na sociedade democrática que ele vê a fonte do fenô-
meno patológico. É sobretudo na própria es_trutura da democracia que
deve ser procurada a razão para o fim das imunidades - que isenta-
vam tanta gente importante e o próprio Estado jacobino -de ações
__ _, --iu<2_i5iêiS;.áo0 .ego-E9_p01í_tig0.911€ Se dá 0 enfraqÀeÀimeÀfo da lei Haci-
onal, corroída tanto pelas altas instâncias jurídicas, como pela
multiplicidade e diversidade dos locais de jurisdição. A mudança do
papel do juiz dependerá da transformação da própria democracia. Para
explicar o que aparece, primeiramente, como uma inÀação dojudici-
ário é preciso recorrer às causas da crise de legitimidade do Estado. E
reportar-se à esfera do próprio imaginário democrático, no íntimo da
consciência do cidadão, onde a autoridade da instituição política é re-
conhecida.
O autor reserva a primeira metade de seu livro para justific°är'üm
diagnóstico que liga os destinos do judiciário aos da política naquilo
que parece, superficialmente, uma simples inversão de posição entre o
judiciário e a política, na qual apenas o judiciário seria o agente
-uz-.-...í_.í_í.--..._._.___.í
F
|
'Í'-""`$-`i'I"'¢-\f?I¬rfv1uw¬n¢w¬-fr-u1w15À'Ff5!J‹*J'¡4¬¿`Lr^¬rn-\¬nz¬L-vfuzrwz-À:rfr.-rm
'\i'f'¬I'i2¬I30-Iv-v-cf-1nr--v-7¬-r.-1w:I_r_.1..~.-.›c..q-›1...-`..._-_....z._,__.
|:,
; f'
I. ln
.',.:_,
)(,‹.J
.ø
' f
r.'-
J
\
Í.
H`v_____‹_____f______l__'r____''___H¡B`¿_ñ_`¡_^'¡.¡¡.|¡¬,-.,_,,_.._..__-.-.-..-.....¡-.-_-:wi-créu-:sw
.u
'.
.I
-vn4¬z-¡.1.r;.-.4....-.-..---»--
:
l-
reivindicador -- o petit juge' tornando-se o símbolo desta usurpação
num só sentido. Seo ativismo jurisdicional é paradoxal, ele o é na me-
dida em que afeta “a democracia jurídica” como um todo.
A preocupação em unir os dois destinos - do judiciário e da polí-
tica - explica por que o autor acolhe com reservas aquilo que se deve
chamar de “ativismo jurisdicional”. Longe de qualquer corporativismo,
de qualquer honraria pro¿ssional, são os desvios ligados a esse fenô-
meno do ativismo os primeiros a serem destacados: seja com os juízes
ao assumirem novos compromissos, seja com indivíduos elevados pela
mídia à condição de guardiães da moral pública, despertando assim “o
........................-H---vel-ho---demônio--inquisitório;-sempre-presente:-no::imaginári~U~latino**;'°"
Somente como alerta são válidas as comparações entre os sistemas anglo-
saxão e francês, porém elas permitem apenas distinguir os caminhos
específicos, tanto lá_ como aqui, tomados por esses mesmos desvios. A
esse respeito, A. de Tocqueville permanece, do começo ao fim do livro,
o analista perspicaz da divergência de caminhos adotada pelo fenôme-
no maciço da jurisdicionalização da vida política. No que concerne à
França, Garapon é cruel: “Eis a promes_s_a ambígua da justiça moderna:
os petits juges livram-nos dos políticos venais; e os grandes, da política
tout court.”
Não é possível prosseguir no duplo diagnóstico d_o declínio da po-
lítica e do crescimento do jurídico, sem falar sobre o que constitui o nú-
cleo básico deste último e, conseqüentemente, sobre aquilo que ocasiona
a derrapagem do sistema. A idéia-chave do livro é a caracterização do
"embasamento jurídico da justiça" pelo distanciamento-mais precisa-
mente pela conquista da devida distância-em relação tanto ao réu quan-
to ao cidadão. A razão maior de o tema da devida distância ter sido abor-
dado logo no início do livro é que a ilusão de uma democracia direta-,
mantida e até criada inteiramente por toda a engrenagem da mídia, reve-
la-se como a grande tentação que ronda tanto a justiça quanto a política:
assim, pode-se constatar, sempre através da mídia, o novo credo dos juízes
perseguidos pelo velho sonho da justiça redentora, enquanto a democra-
cia representativa é estrangulada pela ação da democracia direta.Ao mes-
mo tempo, e sempre sob pressão da mídia, perde a justiça o seu espaço
protegido, priva-se ela do distanciamento dos fatos no tempo e da reser-
va de suas iniciativas profissionais. A deliberação política toma-se su-
* Petit juge, denominação com que na França certa mídia sensacionalista e certos meios político-
financeiros qualificam os jovens juízes formados pela Escola Nacional da Magistratura, com sede
em Bordeaux. Em geral têm menos de 40 anos, são quase metade dos 6.300 magistrados em
exercício; 550 são juízes da instrução, 44% são mulheres. Têm por característica tratar todos os
processos com rigor e na estrita aplicação da lei. (N. da R.)
14
H-2
--I-¿_-3
<.-¡-
if.”
.Q-_"
U
\.
N
\ .
E
-._
¬.-.-
-._J i
_f"'.
'-..
\ A
Ãqualquer outro tipo de julgamento que não o do juiz.” 'llma norma-
la
P*
`E‹':
E
l._.4' v
pérÀua devido ao massacre publicitário com pretensões a justiceiro e pela
fraude nas pesquisas, que reduz a eleição a uma sondagem virtual. O
leitor talvez se surpreenda com a virulência deste ataque contra os efei-
tos perversos da ação da mídia. No entanto, Luna vez compreendido que
à mesma ameaça são submetidas a posição de. terceiro na relação jurídica
e a mediação institucional na relação política, não será surpresa Ver
Garapon juntar-se a Claude Lefort em sua denúncia da ideologia invisí-
vel da mídia.
Para além deste julgamento rigoroso, pode-se continuar manten-
do o diagnóstico duplo que constitui a originalidade da primeira parte
"da"obra'."'Pa'r'a"ä'cabar'cö`iñ`õ"processo'unilateralll `ö"q`üë`šë`të`r`r`1`"tentado"
fazer com a justiça _ sob o pretexto de sua invasão em todas as esferas
da vida pública e privada, é na própria democracia que se deve antes
de tudo procurar a falha. Além do mais, é na democracia, chamada por
Tocqueville de Igualdade de Condições, que se deve procurar o início de
'“-----------.,._. rude. az--fr* "ra c .estava entao inventar, criar art1f1çialn1e;1tg,fabr1car (todas essas pa-
lavras são empregadas por Garapoii) as-;_u__t__‹_:;_r;i,ç_l_,ê__1_,c1e,.P.‹;›r não chegar lá é
"que asgcieqdêpclšiççseliremete aos jü1zes.âê_«.demanda da justiça vemf do
todos os desvios' essa “Í ' "' sf' não oderia se darz _ ç P, ç ç _ o
$não_à$ custasdaswhierarquias aniigas, das tradições naturais, que de' f'
signavam a posição de cada_um__e_ restrP1:§g1ͧ1¿1_1:š;1,S¿,,ÍÉÇf?1ÊÍ<.'Íš'.l e con ito-
<' esamparo dal301,ÍfÍ@ "o direito tornando-se allÀtimímofallcómíimi
em uma sociedade que não mais a possui". Frases do mesmo tom se
acumulam à medida que se avança a leitura: "A democracia não tolera
comum sem costgL1_¬_¿__‹f:__s,¿ç_o_;_,11,`L¿r1s. . ."! Mais adiante, o leitor se perguntará
séàleslšedfãgnósfftico rigoroso admite também a mesma terapia tanto para
a justiça como para a democracia. Entre indivíduos dispersos, que o
efeito perverso da “igualdade de condições” obrigaqa obedecer, poder-
se-ão alg{ií¿"d'išÍ e"1ÍEonlt_i¡arllrëiisñconsidleraídèos lcidaídíãos?
_ O autor prossegue de maneira intrépida sua descida aos infernos
i de uma democracia desnorteada: 'invasão de contratos que aliviam a
Q perda de um mundo comum; controle judiciário que não pode mais
dizer em nome do que é exercido;_reforço da função asilar da prisão em
vez de proteção aos mais frágeis;_ interiorização da norma por falta de
regras externas reconhecidas, todos esses sintomas dão razão a François 2
Ewald:UQuanto menos__o_direito for assegurado, mais a sociedade é _ ,
.,._,¡.__Ê Q Êorçada a tomä "Mas:seajustiçašervépara rezinutrodiuzirld
Ê. “/ posteriori as intervenções que deveriam ter sido feitas a priori, em nome
do que será exigido prudência dos indivíduos quando a responsabili-
dade presumida do delinqüente se tornar o objetivo distante da políti-
15
1
-I
If
1 M " “âízu
|
EI›
\
 .l
ca maior de tutela, na nova versão do Estado provedor que se ergue
com dificuldade sobre as ruínas do antigo Estado?
Encontramo-nos então dentro de um círculo vicioso que o recuo
das práticas democráticas e a progressão de novas idéias e argumentos
jurídicos esboçam. Quem sai perdendo é o próprio sujeito em sua du-
pla capacidade de réu e de cidadão. O verdadey ë§i§uf-
ação, tanto política quanto judiciária, é que'airesponsabilidade¿iêfare-
senta simultaneamente o postuladode qualqueFdefesa~da'd'‹-21/nocracia
e, como força contrária, de qualquer barreira da jurisdicionalização cres-
cente, e o objetivo perseguido por todo e qualquer empreendimento
víàà'¿a'ó'°'à"'féeõ¿quisià"aos1à'çõs"âõe'ià'iâ;"Nós 'ü1¿iiiõà~;"õàpí¿i1ó>é.° '¿:'õ¿s'à=
grados ao diagnóstico da sociedade judicializada e-de ` ' ada é fei-
to um balanço das expressões contemporâneas sobr *_ agilidade. bem
da verdade, tudo se passa como se a crise democrática e o in aço jurí-
dico fossem provocados apenas por decorrerem de uma terceira fonte,
a saber, precisamente ‹m1_í§ de fragilidade. É a uma rela-
ção triangular inquietante que o debate entre justi a ' olí_tica cede lu-
gãrI<íQ§§pD]itiz§ç§›¿j_L_1ris'dicionalização, fragi¿da ;Ainda pior, o
judiciário é empurrado"p"à`fa`ã'lirÀ1a de frente po¿¿stituições políticas
.-.em vias de decomposição, e confrontado com uma tarefa impossível:
pressupor que as formas de tutela da justiça, substitutas da represslão¿,{ffz_-'í"
qtêrri cpmo função criar, ou seja, proporcionar o surgimento do nov_Q.___ `
E sob o ângulo desse paradoxo da tutela e sob o signo de tarefa
impossível -- que essa função suscita, entre a coação e o conselho -
que se podem classificar todas as patologias que este livro acumula,
antes de se arriscar na dupla análise do cidadão e do réu.
_' ¿210.8, impasses* do ii{1__dividuali$IIL9'z111a.s_ojurista _
_t§fiT_1,u1fJ§1_‹?1.lILš!E_íIafprópri_ê1___Ç1_§:__falar.Nao perdendo de vista o perfil do
_j¿i_i__2.___c_orr'i.‹_)_t‹-1-_rcei_ro dentro dos conÀitos, ele vê na identificação emocio-/¿/
F7"-E 'Í 7* E _' ""`:""" -í . _. . ___]nal com as vitimas o sintoma mais claro do abandono da posiçao im-
--- _' K 7' Í AÍ" ' W K ã-“imparcialj- identifiç_§}_çf§¶_Ç}__¿_$§}f1,3_9§io11.€1_l_Fcom as vítimas, que teria sua
contrapartida na diabolz_zg_ção_çlg__culpac@Chega-se inclusive aos limi-
i€..S._£'l° línâllieieetoiâoos.s.oi'ioo‹o-oori?_o.-i_1.1i1?oofo Polo ffoooooo os todo 1
* l ii d1,S'f_an_C1arrÊnto simbólico e__q_ue marca o retorno __daH;v_e_ll1_a_jded¿gi¿_. l
sacrificial. __ surgi_mento da lógica vitimária pode então ser vista como
um entrave à tentativa da justiça deéituar a função tutelar, mais adian-
te descrita como parte inseparável das condições necessárias para a de-
mocratizaçao da sociedade. Evitar-se-á, com isso, ceder ã lamentaçãö`````` "
na descriçao de outras atitudes que___r_na_r_c_a_m_a_ id;-ntidadei assumidasx
bojo om@1,i_a_i2o.r.tuii¬ero!_ol_iL1£1i<'=Í'-11¢ífi.i.L.11ãÊ!1i_1.i1mié'fÍ¢¿_»z..l 
f “_” --..tras or-mas-de---violência. Restava apenas anexar esses males sociais aos
16
_ r `
\
...-
_If-..._
-fIL__.\i'f":_:'1
_/-r .?'\_`:¡'\-_£""* grandes paradoxos que estruturam este livro; com efeito, nledo do
tz- osfoooofz i<1ooo;¿oo.oão.ooio o vío.'...moz di_oP_o1iaooão.d culpado, tudo issoä( aomesmo abandonodap%i@m¿aeáro :
-'~ --m E _ __ _ __ - ..-=-f-¬.,
, O consenso se forma em tomo de sofrimentos e não mais de valores
l. comun`sƒ"1`fãta-se,-dó prinÕ1'p¬io"ao Fciespolitizaro suje , seja
ele vítima ou acusador, e até mesmo justiceiro autoproclamado. E o gran-
de triângulo que se es_facela: litigante, réu, juiz.
A nova fragilidade constitui, é verdade, um desafio de amplitude
inédita que se origina para além da esfera política. Ao menos dá o que
pensar politicamente: é à falta de referências comuns que se deve ligar
venção jurídica, que aparecem, então, como efeito dos fenômenos de
marginalização característicos da nova criminalidade. Eis por que en-
contramos ao fim da primeira parte não um vencedor, mas um juiz
perplexo,lrespons_áqvelp_ela_ reabili_taç_a`o_c_1_e _u_m_a_instânçia política da qual
ele deveria ser apenas ‹_:_z"g_ë_1;f_¡-“›.1!1Í_€.'f'.-.___ fl
'P Coloca-'se então a questão de saber se nos processos seria melhor
tentar atenuar a insipiência da norma, em sua dimensão judiciária e.
política. Esta é a questão que domina a segunda parte do livro. Ora, as gp
terapias tanto do judiciário como da política nao dispoem de qualquer
1 - _.-1credibilidade, salvo se o judiciário recusar a alta valorização que lhe e
insidiosamente atribuída, e se ele retorna à sua função n1_.í1lima_,__qu_e__é_
aomesmo tempo sua posição ótima, a s_aber,a tarefa deffdizer o 'rei of.
Não punif `oíf¬repafãr,*mas, co¿fã palavra exalta, clelsiÊgÊ~{a`r'*õl`criTnPe e,
assim, colocar a vítima e o delinqüente em seus devidos lugares, em
benefício de uma peça de linguagem que se estende da qualificação do
delito até o pronunciamento da sentença, ao término de um verdadeiro
debate de palavras. Ajustiça prestará favor à democracia, que també
é obra da palavra, do discurso, ao cumprir firmemente, com modést_if:
sua obrigação, para com "a linguagem, de todas as instituiçoes a maior J
o julgamento significa recondução à pátria humana, quer dizer, a da lingua. ffÍ
gem. Antes mesmo de sua função de autorizar a violência legítima, a justiça
é a palavra.
O julg§}¿1_Í_l_€:“1_1Ít.‹1-é.iun.dizei:_o.Íí§.§Ãf;l_l. Tudo o mais é decorrenteiad p__1¿i_r_ga_-;H
çao dloijassadom continuidade dapes_sp§_š_ta§j_i1z_ém,:ze.sobremdo.za
a_fi_ri§_1laç_ãoh_da_çg__ntii¿uiçlaEfe..ÍcÍól'§sÍj3açQ_p1Í1blíÇQƒCompreende-se: se o jul-
gamento é um ato da palavra pública, todos seus efeitos, inclusive a de-
tenção- que vem ser uma exclusão -, devem ter lugar no mesmo espa-
çopúblico; seja em se tratando de penas complementares, de relações
humanas, familiares, de trabalho, etc. Essa defesa é política: significa que,
apesar de privado da liberdade, o detento permanece um cidadão e que
17
ianto'Õ'de¿šëréflitöudas"iiišt'âiiëi`äš"políticaš"q`üäiitõ"ã"éxj5ãHšãõiEi`ã*iñtëi*-"""" J
l
_.-.
`l.`¬\?."\“L"".__.l"¡-1-rn.-1.-1-.-_-._.|"."'I'-.¬-f-.¬--_.-_.-_.»..-f-¬
i f
-É-'H'u?'1."'V'r''H-\n`5'\`.'I'_{'IÍ.'='.I¬.-Í_.
›.'
II~:l
*.".¬:.*.-._rT:¬.".'T"*:""z¬¬'--r-=-.-*_*-f¬-"'1*-°¬--‹~'-›¬-›---¬-
-vø-¬..._...__
n..g_-,A_\._-_._.¡_-_.
ur-\..¬
.-i.
:firr\
r-¬_u --c
-u¬‹"A.¬.'
\.1--.«
-na--..¢.'._¬,._¡h_,,_,`_,,d¬_"_'_,._'_:_;:_f-__§__r___~_y_;1_3._ƒ__\..¡.4_¿¡.¢..|_.
¡.\_n..:¢un..¡.
›.
'.F
i
_.
:L
J.:-w.I
__\__Lz-tn.-za.-.n.
i
l
1
l
-_-.--,.,-,¡¡-__._.,
l
44~_._.-_..-t-_..-_-;_;;
l
l
Jl \
na
`l
I _
I l
1 i
!
-T
_-.--=-ø
É.
I
l i
1'
a finalidade dessa privação visa ã recuperação de todas as capacidades
jurídicas que integram um cidadão completo. E a promessa à comunida-
de de lhe restituir um cidadão.
De que forma a autoridade viria a constituir um momento subtrai-
_.:J`.¢¢:,›
1.-
rf
_ iu ' :_ IU..1' ' V _;/'*
.f 'T '_ - .f '°`:'”" T do/W
*Rj _' S ` " Ó
\ :WW V. xzaf ' ovjjjvu _/ /` U
_.....n-‹-IfI'-I~\r-‹.“¬""`~
*x partir dai, considerar a justiça em vez da política como o último recurso jƒ
não poderia levar a um efeito enganoso em relação a falta que afeta o
substituto tanto quanto o modelo político? O desaparecimento de um
mtmdo comum se revela, finalmente, como a melhor tese defendida nodo ao com roinisso democrático seauma autoridade indiscutí ' - . .. . - _ . .' . . . . ..P ' vel esubs \livro, na sua parte terapeutica e no'seu diagnostico. Pois a substituiçaotituída sim lesmente or uma “aut ridad ` tív 1 ' - .. ` . - .P P ~ °_ ,, ' e dlscu e ou uma autonda nao vale a cura, mas, eventualmente, o agravamento: "A posiçao da jus-de freqüentemente posta em discussao ? E como poderia odebate per- _ _f¡ƒ,..z- . , - _ r . . ..
` ,manente.s_obre-1eg1Âii11Ji!_1§.Ele.¿erÊr auto . - -L _ . z -~ . -zzz -~ z-z\._¡ tiçaeparadoxal. ela reage ao perigo de desmtegraçao,paraa qual, entre-_ ade' se a ë¿ña da (hsm 5619- 5-ev tanto ela propria contribui O subtitulo mais perturbador pode-se di-gq Í Í VV Í __ f ~ 0 ~ nf 1 '-¬~ a óia a enas no restí 'o do.. .rocédiinento Elãi ró T fi'aE1`T C " " ' . ` . , s . ' , . z .¬-P P -------Ê---r="gi'““"" “P F lscussao se não . zer, o que mais desarma no hvro e este: “A autoridade necessaria e im-réstaloutrailsaída, a_ expectativa de queo juiz possãTT'lë"g*ihinar _a_ açãopo-_. ff z ,.‹ z 'z _ _ ¬ zz -z oz z z -‹ - z LÁ ossivel Ai Garapon parece adotar sem reservas as teses de Gauchet:- -------~--ií¿§oz-o§-f-11z1111I¿-I-Q-Sliloifzo‹-.o@mZor.ooÍosoo-So-oioioz-dioiÀorim-ossos-Sin1¬. ................. .. .z . « . .. - ~
l5_ól_iças, cultivar a verdade”, só pode trazer de volta as ilusões da ativida-- - - - "" ___ Uma sociedade que sardemn regune-de'exceçao'"e°se'toma-iiidepen-_2-- - › \¿>“ dente partindo de uma comunidade antecedente, tal sociedade, ditade jufíaiizâ :dë¿uiicrâaàs ñõí¿i¿éifõ capíiíiíãieísípõr qúëí¿ëíšimó mais ~ r as ' d 1
:. a von erco¿ou se ormí as* e ara n tais com . -- .. . _.«zé-._ .-51 _ po ' . O auton a e precedeu.” Confesso que nao vejo soluçao para esse paradoxo no recur-
_ çxfad _ ¿ä _ f_,____üI__ -d -Gs _ z . _ ,,A .d d À ipada, tem mais necessidade deautoridade o que aque a que a
._ asse ura os la os com as ori ens'o oder a roe ão ara futur . --~ . . - .. A .g. , Ç .. 8 '. P _' ,p, 1 Ç P O O I LA proposto pela formula de Montesquieu: “Nao a ausencia de run mes-autoridade e fundaçao,'__o_poder, mov çao As regras conservam o o- ' - - .z z--z--z- -a a cv o ----- ,, , tre, mas a aceitaçao de seus pares como mestres. Se um dos pares e con-der, a utõi¿ade preserva a regra. po er e que_pode; e a '
a _ e,_a a que aquí oriza ue constrangimento processualesta-
rá algum dia ã altura dessa ambição? Eu acreditaria piamente que a auto-
ridade é efêmera, que ela decorre de convicções preestabelecidas, cuja
crítica leva, altemadamente, ao fracasso, à substituição, à renovação: Caso
"“ contrário, a posição do juiz se transformaria naquela de um terceiro so-
berano, com um pouco menos de poder do que um tirano. “O juiz, diz
ainda Garapon, não deve colocar-se na posição de terceiro o ue
Q demogracianão_c_ess_a_de__i1egar.f' Ou seja, o que-seria de um luto que
não interiorizasse de uma maneira ou de outra o objeto do amor perdido gl
para elevá-lo ao nível de estruturação simbólica? ', J
A bem da verdade, todo o restante da segunda parte repousa so- Í É
bre um primeiro movimento de recomposição em que é dito, no limiar
desse novoconceito,-que-se-visaráazš-'gãfazer-e-eami-nhogia ingtifggãQ, 'i
}11ë1.1;ii1.1.Çl9rÇ,15=iq_uoloS__Ç1i1e a__,fiindar-a›mÍfi ' ' T J
Mas, se é insistindo as.sim_sQbre o elo a serpreservado _ entre a
`siderado mestre, supõe-se ainda que sua frágil sabedoria seja reconheci-
da como superior e digna de ser obedecida. Em vez de abandonar-me ã
tarefa de Sísifo e recriar permanentemente uma instância simbólica, pro-
cu'rarei,_de minha parte, a saída do paradoxo junto a Rawls, falando de
“convicções bem avaliadas", de “tolerância numa sociedade pluralista”,
de “consenso por recortes”, de ”desacordos razoáveis”, todas essas ex-
pressões fque pressupõem a retomada de heranças culturais, hoje frag-
mentadas, mas, em última instâi_1cia,serrip_reni__Q__`vadoras. Evocaria tam-
bém com Charles Taylor, emilgie Sources o t _ Sel , possível inÀuência
de fortes heranças,_ainda pr' A , não interpre adas quanto às suas
promessas não cumpridas, advindas da cultura judaico-cristã, do
racionalismo, do iluminismo, e do grande romantismo alemão e anglo-
saxão _do século XD(. Sem heranças múltiplas e mutuamente criticadas,
não vejo como se poderá sair do "sim dmidQ Va_z_i_o_._Tal-
vez 'ainda' 'não tenhamos esgotado as fontes do simbolismo marcadas
J-Ezs¿ça e 6 :uso público cia palavra _que devecomeçgr todá -de \ pelo triplo carimbo .da antigüidade, da exterioridade e da superioridade.
- a o - za -- --o rw- se-~--r-~-r~~~-' o z f F a erradamente ilustrado pela aventura do Terror e dos totalitarismos, querestauração ou mesmo de instauraçãowdo elo, queq__permgn_e;;eqg_Q_b em- -- _. - ¬-z __ T. _- -z - - - - zz- - - tt -r - ---- -J 'I pretenderam recomeçar do zero ecriar umhomem pretensamente novo. .._ de§t_a_1;e_flexao % a sal5ér,*olaço“entrelo justificável e o cidadão- a di¿- ""v_ --.-.-...M-~-. --~------ ' Garapon também afirma, sem reticências aparentes, depois de ouvir asculdade entao resta emprosseguir nesta via sem tropeçar no obstáculo
es i itima ao da 'autoridade em sua fun a fun _ V V - .z . _ l . . ._ . , . ..»» ---1; "'”I"` -o -z r ;ç~r--Q»-. .Êl.ÊfiO_ra.f.fl9.¶lle dlíres. . '''''''' " beneficiando-se recisamente de sua dimensão simbolica. _.â eito__a osi ão do terceiro no lano uridico comot b' ' """-T '.. P . .. . . . . . _. . . .2 zr' _ . P z ...l ' am emoda mSt.1.tP“ _ _ \/'I Aenfasesobreadimensao simbolica dojudiciario Constitui sua Pro-
_, ° _ P fissao de fé, que acompanha todo o seguimento do livro Ajustiça é cha-
9 ..- J . ,I-. .4__, z -
I _ :i_ÊaQ__C_1_e,med.iaço'es_,ndplãno político¡`"]á"ifoi dito que o uso da alavra 'À _ -
= 'g 'bj' f r t -- - _ _ _ __ ___ ___ z.
u ma e O exerclclo do poder 1.180 dlêpoem ambos de legmmldade' A mada a preencher a função de instituição cadeira, quando faz do
'f/l. _ . . '““`““ * I ~z- onfidências de uma sociedade desencantada, que a justiça, enquan oâ~(¿1l.Ê_t-1;‹,Ê.Êi..1_ÊlC_'_<...t.ffll.lt°Pêra a_ll1$Í1.Ç.€1.C9.919.-P.Ê1.1Í?F a dem°°faEiÊ'¿?T¡e“Ía~-- representa o justo élegitimadaase colocar como instituição identificadora, lr. ' -' ~ -- ' ' . r
.1 . z¬. .›' . . .-. .'. ' .H _>,_ . z , _:¬__-_ ___1I ' '”--' ' . 1 Q ' '¡\.' 1 .} gi' P/ _ J .. -'
Í ¡" ` :\_ Í " .T "- _", E " '
~ Ê . - ' ' 1 5 l _{f is se ~ - »J ~. fl” .: ‹ 19› ifi ,,-›-- ¬ '&._¢Àf" "
. -E g,
f
I
I-
Í-Ó .':.. 'E.-"
- _,_,-..-'_',_-
hƒq..-ulv-'I'Í...ølí
H ._ H.--Q
‹-I.
\›~
~
II.
E
Éšlíâtfä e de pua realização aceita sem restrições, a cena aparente nos li-
a A Q , _ ^ 0qua uma cerimonia da palavra instaura a exata distancia entre
âoqos os reus. Masgda perplexidade lembrada mais acima volta de forma
o orosa por ocasiao da defesa corajosa em favor do ritual do processo.:
C,°ml° §01ÍCÍÍdf: h<>,];<-2, após as declarações sobre "a autoridade indispen-
âavf GÂUÍIÍOÊSIVGI z que odesdobramento simbólico repita a experiência
Zâo un aÇd0- .Desse vez, e Garapon que evoca o mundo da Bíblia, a ra-
r " o ~ za z F-1 ff" ¬ ea --~-refer”l.\.-T» --8 ega, âtLU.11S_ _1§_Ê1_Q_1'°fna}.1a› U§}.1Il.-..1I.Q,_S'aoÍ.uis, Carlos Magng,
ap_o__le_ap. Que reconciliaçao com a figuraqdo__pai a_ssassinaÊiö O iéiímii-iria
TT *if r:;"-Ú¿í.:_v r
,__,...
secretas. O autor conhece tudo sobre o peso, as resistências, os precon-
ceitos e medos que entravam a conquista da idéia da_sanção-reintegra-
_ç_ão,às custas da idéia da__sai3_çao-1;›_L1Dií;§1.Q;.a esse preço, a iviolênciairesi-
dual da punição poderia fazer parte de uma instituição justa. Mas a
função do reformador é a de pensar, de dar sentidoa run reformismo
que não cederia nem ao ceticismo de Foucault, nem à obsessão das pes-
soas pela segurança. [A fé na palavra pública é a plena convicção que*/_f""
.‹ mobiliza um @£oriiiism0.zâ¢iQn.õ.1,..li°e_i~z1¬iai;gpSujëiiofzssun¿rlcóinpró
rf "`" E E v -- ¬ -P _- l *`“'n`Íis§Õ§é_mantê-lo dentro do círculo'dápalavra pública co¿iumíaohõ-"Ê/a¿zl-tmdade ‹'Í:t-1"SE um ÍCQHQ anterior! uma?? ____'_ H _,----------:-" " - ~ -- - . ._ -.-.-.--
ef aas.o.1daaa1â‹1aarssaizse.-zzfezizsg ezaaíenquapfo“*' f - ~ ~~~~~~~ › --.- . 1aHa1dado.lÀofoeoaV1VofLm1da? .Q.1iia'o..iziosmsi1.é:...‹:on.aicia.apoiando-se neste conhecimento: autoridade é a força da orga1iização.2fÍ-Íi% _. - - . , .
~ - .À»----- _..- z- a "~'“' aprovaçao/reprovaçao. E, para nao sucumbir a uma nova especie de_ O É: ça. [Fundamentaçaq repetiça_Q,PareceÊtre-(-šarapon res onšiliil' ""“'” " C
I -.__|E';'-~:;;'_ _ fa ' ' ' ' - ' " ' f W . O . - - z u 0 A --lr - P i P . utopia, esta sim, reformista, o autor se apoia em sua experiencia e na de
_ _ z
_ -.
l Mr
¡-
dimento pela total carga dessa relaçao entre fundamentação e repetição:
:IP I . . . H I:_/T ara os modernos, o quadro, portanto, e o que substittu a tradiçao. '
Recorrer ao momento da fundação, por definição impossível, é tão mais
5_i__1e_cessario e vital quanto maior for o pluralismo.” A idéiade um futuro
mau8urf¶ÉÍ,01`~dfÍ5lPel1.$.ÊÉÍÊ!.ê_€lÊHšÍ¿ m011__1__š,fr1to.inaugui;a.l? E não es eramos
¡=._-_---~_¬
. 8
.tl .. .. Í "Í Í Í `"f“í; af íiíri; ~ -¬.«z.~¬~_~_¬. .-_-. me1n,,_I.ivre"e..aos..p.resos. Entre a cultura da vingança e a utopla o um___________ ___ _ “H Á H i _ _ H" - um V _ .. _. ..._.......¡_,_¿._,.......~z.....--..:;z-zn.-.:1.~...-.............
----- mundo sem penas, ha lugar para uma pena inteligente , onde a san-
ção seria pensada além da pena, segundo seu sentido etimológico de
seus pares, bem como em proposições precisas em quese manifesta o
caráter profissional.
Não gostaria de terminar estas páginas de introdução, que são ape-
nas notas de leitura, sem destacar o peso deste livro na defesa da demo-
cracia. Iá vimos em seu diagnóstico o quanto o ativismo jurídico foi tri-. ._ ._r____ __- Pdemais da mdOjhe u- d _ . . ~ . .._'__'g}¡tO1-¡¿_j_¿¿¡À¿_j__¿:¿.__ na fajtà de 0uh_a,,»_, ra f a ea *ag ea-esem-Eenhe ÍPÉPÊI dia-¬ butário do desaparecimento do fator político; a transiçao para uma pos-
l' T¬"_"_m"~`“"`"`“' ' tura militante, nas duas frentes, era assegurada pela idéia do parentesco
I
o As paginas que se seguem sobre o espetáculo dado no recinto do
tribunal, da reconstituição da transgressão e de sua reabsorção pela
palavra mediadora, são realmente notáveis. A grande idéia de unir es-;âí“.:.fí;§:*â::.€.°;:.a¿?.§rraff se a eraaaff ° fer da
isto é um sujeito cu]'as ca Êiciêleilo alclmdl O mdwlduo pãlçologlco -T
cidadlão. O réu é uin cid[ádãoaSe§1`Itned1aäi`m(?nte O ClaSS1¿Cam'colnOTud H , _ I _ . ujei o O e ,ireito e estado de direito.
o se apoia ne principio da funçao simbolica, portanto, da palavra
comum, nas individualidades psicológicas que se identificam com s_,ei_i_¬
' ÚÍI11I1e11Í0-E-S..€:LlS Cl€S<êl0S-_R€Í9!ÊlÊ.Ê01I}_0 umleitmcäj/Ê) desafiffque
onstitui para uma sociedade dessacralizada e para um indivíduo de-
:orientado a preservação de um momento de autoridade, quer dizer, o
?WPfo8oa am@%gíti.ma.e..da...di1"ÀaÀSãgsimbólmgf
O que e dito em seguida sobre o compromisso entre a função de
âantçao .e de reintegraçao da detenção decorre diretamente da tese da
disdancia exata em umespaço publico continuo, garantia da continui-
al e dosujeito de direito. A esse respeito, numa abordagem puramen-
te psi_quiatrica, logo, terapeutica, a sanção dá, paradoxalmente, uma vi-
SEIQ que se apro2›2LUJ_š1_-C1Q_§êÇri¿Çía1 €:_gu`e deixa a vítima radicalmente à
Parte. do ÊÍUPOKÊÍÍTÊ É-'×P1ãÇa0 6 terapia; há passagens que permanecem
-._-._ _- . .
, h""~-_. _ .__.-....-_... --..-.--"*
20
e da solidariedade entre a posição de terceiro da justiça, geradora da exa-
tadistância entre réus, e_o_papel_me._Ç_1i_ê.ÇlQF.Ê1.Ê5_in$gÍ¡P¿§ões_representaü- M
_vas do estado de diréi't:Í_\_,Este é o último aspecto"_d_a reconstrução, rëáfiif-ç_q
mado nas¬úil't`-iinas páginas do livro. O perigo de uma nova forma de uto-
pia em matéria jurídica, que se acrescentaria ao ativismo jurídico denun-
_ciado, só pode ser conjurado se o problema da representaçã_Qp§1í§cã
voltarfaolmešinö' tempo,ijã"discusÍsão;Se diešejárifnos aproximar o lugar
da justiça dos réus. devei.1ios_a.o.iii§šs.i11o tampodeaaialzÀ _ .. ..
oao"oo11a”oa1'1aoÍšoJa.o×asofadamoÀfo_P11ofiooioiia¿..aada;¿ Um "novo ato 1.gari' requer-luinclontextölde*nature a política, a saber, o destaque
\
d . emocraciaassociativaeparticipatitía. inevitável que a chave das
instituições judiciárias esteja nas mãos dos políticos, uma vez que, na
' França, o judiciário não é um poder distintodoexlecutivo e do legislativo,
mas Sim uma autoridade. Logo, é importante que não se espere do nosso
autor qualquer invocação mágica de independência da justiça, bem como
de qualquer retorno a uma tentação redentora. Em última análise, é o
mesmo poder de julgar 'que faz o juiz e o cidadão.
o Paul RicoeurI
'I'
.À
~ë
.I,`
.__---`\
3-,.
-¬--..¿_.."...
\
|
.\
¬
_-.`
ø' j/T F_.' ..›' j_g_~.›\/
IV. v_:,Í¡
' 21
Á f
.Í.
1 ¡I-uea representa-gi
i
I
-"_.-
¬.-_._-_---.-_-~¬»--uvn-¬r.-_-¬-.-_-....¬¡-...._..L..¡-r_r_¬-
r`¬-v-v--\-u-.-
11
I
I
\1
1
|r
r)
¡r
I'Ê
r
|
I*
U'N/J.I-\uø‹-Iufw---u.-ø|uz¬.r_p`.-1,,-y
.\\.__|
fl
.:\
'.=
:I
I?
i
I
_;-u
,._¬_`,_._.._..--
V.
v
-.¬.¡.-_.-..|..-...n_.._›_-
Í
.`_
__,___¡_..z--._____¡_
_¡-_1;_,v_-¡,u_u._...-.._...._.-4...-_..__._________,
--_._......_.._.---.....:.-_------------v--H-:_-_n._-L;14.;
.__..¬._._..__¬..-_.fz.-
r`\ -iã_3_-
vt
›
l
l
I
l
--__..-_---.___..-._-.-_-_..-_.:¬.-.‹.----
l
¿ 5
a l
i INTRODUÇÃO
_ -n--------hà--i--.--‹n-------n.-------‹ nn----1-----..----Q--_. ._ _ _...--.U_.-.-.------.uu-H....."".............H.......H.-..........-.....--..-....--"-4.H-..--....-.-..-H...-.....H....--............-............-......-.-...-.-_..-.----.-.-.
O que se lê nos jomais de hoje? Que duas autoridades políticas de-
vem comparecer diante de um tribunal, acusadas de cumplicidade no
tráfico de inÀuência. Que um juiz espanhol prepara-se para prender o
antigo secretário de Estado de Segurança. Que o desemprego multiplica
o número de famílias endividadas e que os juízes são cada vez mais soli-
citados. Que o ministro da Justiça declarou esperar que os promotores
fossem mais autônomos. Que a cobertura de questões judiciárias de po-
líticos locais provoca problemas para os jomais intimamente associados
à sua cidade, habituados a uma vida urbana mais tranqüila. Que o Con-
selho de Estado declarqu ter aceito pela primeira vez recurso apresenta-
do por um militar e por um preso contra sanções disciplinares.
Hoje, os grandes debates sociais são freqüentemente realizados por
ocasião de processos de grande repercussão - tais como o do desmoro-
namento do estádiode Furianiƒ o do caso do sangue contaminado" -
que mantêm em alerta a opinião pública durante semanas. Sem falar do
caso I. O. Simpson, nos Estados Unidos, transmitido ao vivo pela televi-
são, e que manteve a América em suspense por mais de um ano. Na
França, 0 caso do menino Grégory tomou proporções inacreditáveis. No
seu auge, várias centenas de jornalistas"e'šlivë.rá¿i_nÕ__localparacobrirwo
que não passava de um caso policial banal. Articulando-se em torno de
um fato real e ultrapassando as restrições ideológicas, o combate judiciá-
* Estádio Furiani, cidade de Bastia, Córdoba, na disputa da semifinal da copa da França, dia
05.05.1992, parte da arquibancada malconstruída cai, provocando 15 mortos,.2.177 feridos e co-
moção nacional, com condenação de vários políticos e empreiteiros. (N.da R.)
" O escândalo “do sangue contaminado" permanece há 15 anos, e ainda não terminou, na Fran-
ça. Relaciona-se com a contaminação, com AIDS, de pessoas que receberam transfusão de sangue
quando, naquele país, o Estado é responsável pela saúde pública. Diversos processos judiciais,
condenações e demissões de ministro vêm ocorrendo desde então em função do caso, e a alter-
nância de governos de esquerda e de 'direita enseja excessos verbais e campanhas de difamação
na mídia, em particular em anos de campanha eleitoral, quando o drama do sangue contamina-
do é utilizado contra adversários políticos. (N. da R.)
i
Ii
E
` dia um pouco mais, sua autoridade. Os juízes são chamados a se mani-
Í e " """"`(juãiëíiíl`ii`ët`íüiš`rFi)."O"jüiä"ë`i*i`öi*iiiã'l'iri'ëñte"dešigñãd'ö`Eöiiiö `árb'ifrö`de"cós`-""
.' i
j_-1.
l
l
If
i
'.:]
'Z.J
.1
H-›.
._ i ` z
.ih ao controle do juiz.As últimas décadas viram o contencioso explodir e as
_.-_-_____`
. ' ø "`
4.. s__z
ip,
¡,li-_..
rio permite a uma democracia desorientada melhor referenciar-se ao se )
ideiiti¿car com pessoas que a televisão toma tão próximas. _
_ É O controle crescente da justiça sobre a vida coletiva é "um dos mai- 1
nos dez anos atrás, quando o juiz não conhecia essas questões com a
mesma acuidade, seja porque a dência aindanão as tivesse levantado¿____
seja porque os vínculos sociais eram mais sólidos oüfõ Estado. não tãto/_
qualificado. 1 _ "
Essa exigência é absoluta. Tudo e todos devem, daí para a frente, ser
julgados: a lei, pelo Conselho Constitucional; a política econômica do
governo, pelo-Tribunal de Luxemburgo; o funcionamento das institui-íçeetar .em um númeríl de Êeteres da gde Soeialdcede di? mais extejnso' / ções penais e disciplinares, pelo Tribunal de Estrasburgo; os ministros, .rimâiramenlte, na vi a P0 ztica; quailiq o se vidu eseiip/Q W/:GI P0_1` ele 1 i ,_ _; ' pelo Tribunal de Justiça da República; os políticos, pela justiça penal co- u_u,
mun O aqm O que os amencanos C amam ea um ahvlsmo lu me I .._.Í:Ê.[....-...m-um..A.maioria..dessas.jurisdições.não_existia.há..algumas.déCae§¿i*._W -
a ores fatos politicos deste final do século XX".1 Nada mais pode escapar
jíírisdições crescerem e se multiplicarem, diversi¿cando e afirmando, cada
'I'.""""'1Iu-_,,,`_`____“__¿"
:-'¡_._-_.._,._¡Í5
fl!,Í:¡I'J_` V-Iff._.-_-;._.:H'
O apelo a justiça e de alcance geral: ninguem e intocavel. A ms-
tituição judiciária parece ancorar-se num sentimento de justiça que
as décadas de marxismo e de bem-estar previdenciário acabaram
tumes, até mesmo da moralidade política: a atualidade cotidiana nos ofe-
rece múltiplos exemplos que não dizem respeito apenas a Luna única
femme O1í.ücaI`sto se Verifica igualmente na vida intemaeiolml' euendo' _por adormecer. Esta nova sensibilidade traduz uma demanda moral: _ ,zpela primeira vez a partir de 1945, a sociedade conseguiu mstituir mn ' .- ¬ a a aa - i a a a ea - .A. . _ _ _ _ . a es era de umairfsfãncia ue nomeie o bem e o male fixe a.in`usti-a 'tribunal penal intemacional para os crimes cometidos na ex,-Iugoslavia, *Í P q 1_ _ _ . _ . a na memóriacoletiva. O debate sobre a bioética revelou ae tambem julgar os autores do genocidio em Ruanda. Na 'vida economica «_ a-Rj zw . 1 z za -_ --a ¬ aa. a a z_ . _ _ - _ . - tl. in uietude deummundo des rovidodeautoridaçde su erior a ro-i ualmente ainda ue de maneira maisbranda os ne c ef `*‹¬./J . qm . aa a -aapaf" na '¬*"" sã. TR i eae"g _ ' .q . _ _ _ Í go 105 Pr eremo cura' de umúoutro da democraciêiílue lhe apaziguaria as questões-
anommeto de ellbltragem a pubhcldade da ]uShça` Apesar dlsso' .oe ele- e-xiesteneeiais. Eis-nos equi, talvez, em face de um momento de per-_se_ ' _ _ , _ . cupar com a questãp da sobrev¿fêneia, da segurança externa, graçasanos, na França. Vimos o juiz desempenharumpapel importante na vida ___ ' Í? - fa -. u aa .aa aa a aa a az az - a a . -z-%¿/I lh b üd _ _ 1 t Í, _ d b, ,ti .eq ao_ im da guerraçfria_,açdemocracia olhapara siçpropriaçeçççse interro- ,piora ,-sao- e su me }as,.piäncipa menle eãn mp teria et ioe cal, queís- gap sobre seus fungamePtOraiS_ que _ a ¿
063 quase que 1mP0551Ve15 e Serem lu ga 35° S O aeee eee rea men e ¿¬,_~i›"¡`-?'H W Essa demanda de justiça é,_ enfim, universal, como demonstra a im-
?a_ md” Socäzz' Onde Càlwz Ííltfrvãmšlín ÊfÀlšgs Soclals uâlpeetantes' (ÊOÊO a* portancia inedita que eo crime contra a humanidade asstuniu nos ultimos
01 Ofaso 3 greve 05 P1 O 05 3 ef-._ 3 l?ÊÊ"5°Í~*- Qllflzf a Seele Ê1 \ anos. Os rocessos Barbie e Touvier,* que tiveram larga repercussão, es-de b 1 a ' b tr a t ai P_ “ae _'j15CaaPenÊ\5f 0 PÊP9 e er1_ 9 eu _e_]unS .a' __...e_ÍenteO tão aí ara lernbrá-lo. A' mesma 'usti a deve ser a licada não a enas a
de conc soams, e atémesmo amrnador P .. ` ` ' J Ç P PH--ff' H . ,br laa z aa - a- ,¿ a d l_ É * qualquer relaçao (homem/mulher; chefe/empregado, govemante/go-
_ÊJ;1m,e_ p_°___heaPLÍ 1eefeQLn°fP_°LÊ.×em,P_2â.í-- .z_ÊzEÍÊ1ÍeʧÊz9zz.zaÊ...ae--“Í a) aa vemados, pais/filhos etc.), mas igualmente a todos os homens, sejam
"' .f
ef.:
quenela' ienes Pslqälaeas e asslstelgrtef Sofnele Serenl Pmeessadosbpor quais forem sua cultura-e o -Estado que os abrigou. Pois se tudo e todos
nao* eezunflaremfef PÊOS ou malus' a Os a enançëza e meãzme e adne' são réus, espera-se igualmente tudo da justiça; não.apenas Luna compe-
gaçao nao emais a ora enuante. sso acontece tam em na vi aprwa a, a tência ilimitada, mas também uma zijus¿ça tota1zz_ A ljus¿ça não pode
tal ponto que alguns chegam a falar, após a lei de 1975 sobre o divórcio, ¬_ ~ a ` _
a 'tem ”ménage à trois". O juiz de menores deve supostamente distinguir os ¡ƒ.=eiƒz . _ ,_ _ _' _- __, _ _ _, _ 1
' ` ea fl . ,¡_ . . _ . . -metgdes educativos normals daqueles que não O Sãe e traçar, caso a Caso, =_` H. Í Klaus Barbie, nascido em 1913 na Alemanha, chefe da Gestapo nazista na cidade de Lyon em
a f t . t d.f lt 1 . t , 1 1 _. . , `*a aa 1941. Responsável pela tortura e morte de centenas de patiiotas franceses (0 mais famoso entre
Ion elra en re a 1 erença eu ura aeel ave e aque a que nao male O e eles sendo ean Moulin Fo e ara aAmerica Latina no fim da erra evive no Peru com onome. _ _ ' I ' )- s P ' ' ` SU . `O juiz torna-Se igualmente uma rgferênçia Para 0 zndzvídzzg pel-didgj 159- ,__, - de Klaus Altmann até 1972, quando é reconhecido. O govemo francês pede sua extradição, po-
.¿ lado sem raízes _produzido por nossas Sociedades ___ ue rocura no rem Altmann Barbie, avisado, foge. Novamente reconhecido na Bolivia, a França consegue sua
É ' _ I _ I _ _ . ' q P extradição, e ele e condenado a 'prisão perpetua em 1987. Faleceu de cancer no hospital carcerário
confronto com a lei o ultimo res uicio de identidade Voltemos elo me- de L on em 1991_ q _ p y _ a _ - a
Í __ _ Q : Í ,_ ¬ _ Í _ _ ou _ __ Paul Touvier foi, durante a 2° Guerra Mundial, chefe da milícia francesa colaboradora dos nazis-
, R R I ,,L _ 1 1. . h. . ,, _ _ _ . _ _ tas. Após viver mais de 40 anos escondido em casas de amigos e até em_cpnventos, é preso em 24
Le Seagãllajagàsi pe 3 P9 mque et la P 1¡°5°Ph1e f 5'f“”"°"5 de I” de"'°C'“"ef Per15' Gelhmard / de maio de 1989 na cidade de Nice. E condenado, em abril de 1994, a prisao perpétua, por crimes
_ contra a humanidade. (N. da R.) -
24 25
i
E
i
I.
Ap;
n'
'¬T'4'-.¬rr-¬ø-rÀ¬r|-¬J'/42M":
'-*I'f
.____'.-
.in
r-1|-,-wg_-vii-.¬n;',-.'-¡H‹|'¢:'-.T'\.'
`f'_-fz".»¬1-fl'.'I'.›._1
`_"\T`›f'“'I'-?'.€_'.~T'‹'*-¬"~=I'-'¬'.?¬_"'T=¬_'~"'f\'.À
m¿fffef»É'.'Ê'Í-Ê:
\
|
L
I
1
i
i
I
I'
4....
I
I
i
I
E
i
|
1
zl
A
J¡_‹"`¡f'sz-e:ee_:2e`__r¿
J31-fÍÍ`¡'-11:19NUM
'lu
- - '\
A
Á._; nu
."`
:,;¡_I
.af
.. »'
4% ;
fe.'_ \
E t Í:-eee_=e'›i _\ -;\. / s-.
:' V- "
\.I._ | _
_ u
Ie- 1'
--.5' Ê -'
, .
...-
ui 'nun'---n~i_........
1
\. s -
-Jr
'.'z
~,.,-.
` Essa reviraloltajuediçiaria d- . . a c _ . z - - - -
' _... ve na um - - - - ie_,,¿›- e___ 1uadeaa°_Éftamâtetttgtdde-_rdeeel deetelefaaeesdeaetl¿antadego rentes. Aprimeira procura u_m pa_lei_eati_vÀo_a_o desapa§egu_i1ei_i_jg d_Q_ oder?v E E a rj* fr rf -2. F*-"" - - .
Ite':.(*¡e)'v.`Jjie~<`:'6-{_À¡:.-¿¿¿
-f`‹-.Q.-':...»..L_.e;.-it.--¿~_z,e.,"
QJQ-'
e. \.
. . _-- *"-. ‹.' 'i .z 1. --¬~z ~ , er»
'v __"¿' _-\ "- . ._- 1 ..: I- eee "› eee ee âe : ge L'
~-_' tv' ef-¡ '.'- til ,ri ' _r .tt
- ' 'w _-s _. ` e as.-"/5
-3 i 'z -- 1
ais se contentar em dizer 0 que e Íttstef eta deve ainda atatttttt e deetdtt' própri identidade que corre o risco de falhar' a do individuo, a da vida
Prextmer e guardar eeetenetae' eenethet e resolver' tulgat e eemmaeaa a social e a do político.\O juiz surge como um recurso contra a implosão
Eata Ptegteaaae~da1dattea aaa e hemegetteat se alguna eentetteteses , j z das sociedades demoëráticas que não conseguem¡administrar de outra
xptedttamf eutfee eeem em des"-90› À0V05 delltee Surgem e ettttea /E forma a complexidade e a diversificação que' elas mesmas geraram. O
eepereeem' Eaee mevtmente e Patadexalt ao mesmo tempe em que -' *ÍÍÍ É sujeito, privado das referências que lhe dão- uma identidade e que
ô.=fo.-.- _,,J-:'”lÁ"”Àfa”ff*=f¬~v~‹›.-Wi?-.~3^<:;feÍ"e`ea*¢~.
Q»fl)(D
-z traditorios - cujos efeitos convergeme se reforçam: de um lado, o en- jr e ultimos a Preencher uma funçao da autoridade __ ejerieaje quase que
. , , _fraquecimento do Estado, sob pressão do mercado; e, de outro, o des- ' parental ___ abandonada Polos andgoa andares.
. m.°f°ÀameÀf° S1mb°11<f° de h°m@f}¬ 2 da ãeÀledÀde d@m°°fÀ¿¢°S- A i¿uiàçâo às Estado' ¡à;5ífëä"óf"é"â"fiägiiiaâ'aë"a'õ"ia15¿zTzaäõ':"'
“da Petttt a.Í.I.ÊÉ1Êtett°teaeÊtten°"" cratico dão ao direito o papel de protagonista, mas por motivos dife-
escndd' ^ ' ' __ ' _ ,. , - ... . '- ~z t- .~0 e 015 tettemettes ePetentemettte mtttte dttetetttes e ate eeney / politico, e entao ao jtuz que se recorre para a salvaçao. Os juizes sao os
â t I
V.:‹.'.
'tf,-li.
,. Ei/peça de um mecanismo mais complexo, que necessita de outras engrenea-_-_ -t - un] subsanl-toP 1.aa rali -ao .Úmaeé -o¡z¡.¿e.o.n t`aieaeaseeoamornoaelš
Êenei ezeme eeftfagueelmentide E.Stade' O pa-egreeee de eemedede.e1ge% primeira cauesaeetëiiieeeorigem externa e afeta s instituições política; a
z . . _. .â _ _ _ ' ='.,,'__-¬\_ise cetleberamdos naeritos ,de uma .r€C1UÇa0 de fegtasf Ptetttetam tegtda' f estruturam sua personalidade, procura no contato com a justiça uma ' 37»
mea aeee-9 e te a e5Pee1e~ Ettttmf esse aumente de Pedef da lusttça / muralha contra o desabamento interior. Em face da decomposição do .s'~,i=»í›»*
/.
\ _¿
. _ gl A
¡'|
_-' eeeefez male eem as metanetaa peheeaa ttadtetettala' sua tmgdagem e a e tam a interpretação deste fenômeno desconcertante: o que existe eme?
de dlršeltef dee dtreltea de heetem na Europa' dos dttettea das matem' __ comum entre o crescimento de poder dos grandes escritórios de advo-
' as na menee _' e e sua geameeee' e Pteeeeee' O enftequeetmente de E cacia inteniacionais, os famosos Law Firms, e o aumento do número de
do, ao mesma tempo ein.que despreza o poder tutelar do Estado, multi- Ç.. eeIi;`j€-f-ársabolnosƒ por Tooduavijjaeduee eaedamoÀacía tanetoeee euuaeae O1-"'ae¡;f'_z'
plica a recorrencia ao juridieo. Esse movimento duplo _ fluxo do direito/ Izaçao polia-ea-auãnet deadeaaaaCO1Oaa a iaaaldada da cond¡_
e refluxo do Estado -- é facihnente percebido e, de resto, seria ele assim M" ef; -fa í ›~ E - n. d ~ - t da'-ea “afrimanto a,eu ,e H_ _ el H _ _ _ [çoes em seuama_&o.§)\Íao eaee¿1zi1;._aeç¿a_o__e e jus ça soao novo. istoria ores provavelmente nao teriam dificuldade em en- e f plo, nos dois sentidos, (da dos a do abando¬n~oe tanto das instituições
contrar precedentes historicos. Mas, detendo-nos nessa constatação, - ea of ' e__ e _,-' ¬"*f*'ee E ° ' 7_ _ , _ H -*_ quanto da sociedade democratica que par¿llíam a mesma fragilidade.areriscamo-nos a deixar ízle lado uma ouítra explicaelao para a ascensao do __; Nao sana a jasaça convocada Paraepeeteeêaee? Qeeeeeee meie e eleeeee
äfazz teefaeâ-Ret-É-eÍãe¡¡Íãt¬i¿.äÊÊÊÊ-aaätepe-egtea e fa. __tea.ttfneÉte__medtta_na _____ çeragia_:_so]2__suaedupla forma de organização política eesoeiael - se
1ete1Ãeê..e__s.eIi.t..u..-..Ê....e..-2._äsmeet Êtgeetadâe; e _ 1 __ jr- emancipa, mais ela procura na"j¶§hça`uma espeç_i_e_deO
ru a ace eraçao a expansao juri ica nao e conjuntura , mas i s .jr que traduz a profunda unidade nu fenômeno do ¿.u_1e¡¿1_1e¿1j¿0_de_,pQde¡¿_,da
. \ f ø o A a n / - ¡¡ I -- e e e I e _ ee e ee eligada a proporiaedmanuca das sociedades democraticas. Nos nao nos _ e-elueueaeeed eelvagnal-da ¬_. ta1¢0m0_a1¡1_f01-matiça _ e vmçulede e fl-age
tornamos mais litigantes porque as barreiras processuais cairam. A ex- / _ ' " i *` " ' '
plosão do número de processos não é um fenômeno jurídico, mas soci- ¿Ç/ ¿
al. Ele se origina da depressão social que se expressa e se reforça pela ,
expansão do direito.” O prestígio contemporâneo do juiz procede me- ,i
nos de uma escolha deliberada do que de uma reação de defesa em face- Â/
1 e , - _ . , . , . V _ I ede um quadruplo desabamento. politieo, simbolico, psiquico e j justiça a guarda dosans_n_n:aen1antos_e . _ . se
normativo. Apos a embriaguez da liberaçao, descobre-se que e nossa z' »-~Ne.an.aa~ñ¡õ:~aaa'§aajantuS¡aSn{d'e×agerado pela jusuça pode e0ndu_
__a ea __ a a zir a um impasse. A transferência irracional de todas as- frustrações mo-
2 ].K. Lieberman, The Lƒtigious Society, Nova Iorque, Basic Books, 1981, p. 186. defnas Pat-'Íeea justiça: 0 entu5Ía5m0 ingênut) pela sua Ônipotênctaz P0"
i
. Estado é apenas a conseqüência da globalização da economia: o merca'=2 1 \\se deteetee em teaee as democracias? H _ _ e
l"~
A.)--t"*¡"t .
'H--¬-.-
«¡~.__-Ç. --À
ff.-:L-'-Ç
ƒções, refutar suas heranças para reinventarseu destino, mas poder-se-"`~
-._ _~e f' ia viver sem memória? O juiz passa a ser o último guardião de promes-
ff Á_ sas tanto para 0 sujeito como para a comunidade política. Por não con-
ej,log]can}en§e,eaef_orça_daee1¿'ued§§Ósjeuizesesó podem assumir talposiçao _ sagnndae interna a mais annopologloaj oonoama a šddieadmeeaedšedamogd
* ~-tt se ette°ntta_tettt_ttma _tteVa Vteae Pdtttteaf 'Pete apatetttetttettte eta ttae se Esses dois fatos, relativamente estranhos um`ao outro, possibili-
_.-...__
r li`dade_e~à_mgn.ória.; O destino das sociedades é esquecerees'uas`"t?ãäi¡“eee
:y¡'_.‹.
-kz servarem a memória viva dos_j_{a_lores que os fformam, eles conf.i:.-f am
\:,_.I
//2”
/
v ..'.f
eae..
.
. wii?. -%.=`
ze,ar:
_' !l1'{ø"'-"
\-"'.'
I
eeete:-"'ffe_e=$'‹¿`*š;
I
i
ljnquietantes,fenômeno que ne1_1_hy§1j1ê1_.democr.¿1Çi§._cons§g@, verdadei-
í_rarnente,_elii'_rii11ar_:ÍA mídia, sob o pretexto de assegurar a máxima trans-
' ° . -V - A-I\"h| H,_ - -um-un.. ,«__¡-1-u¡,-_ -›-_--~-"' """"f' ¬_ _.-¬. ú» -......-¡----1 . _ . Í ,
dem voltar-se contra a própria justiça: é o que tentaremos mostrar na ff;
primeira parte deste livro. A invocação indiscriminada do direito e dos {¿;.f'
direitos tem por efeito submeter ao controle do juiz aspectos inteiros da jf
vida privada, antes fora de_ qualquer controle público. Pior, essa
”judicialização” acaba por impor uma versão penal a qualquer relação
-política, administrativa, comercial, social, familiar, até mesmo amoro-
sa -, a partir de agora decifrada sob o ângulo binário e redutor da rela- J
ção vítima/agressor. Essa liniíuagçmjurídica simplista, enraizçandozse-¬É. '
numa lógica Jsaciificial que acreditávamos definitivamente co1_¬¿t-_r_o_l_á_‹:l_a,
_t_.‹:.1_11š.<>1I1.‹>. ãëdêtâúi§§€1§ÊáQmrç§gš..*
¬"x=_\__¡______-`
-.-=i:.'.".."::;.=.:`~Ez'--
parência, arrisca-se a privar o cidadão de garantias mínimas -_c_c;___1n¿o¡
,pres111.1_çã9_de inocência -,mantendo a ilusão de uma democracia dire-
ta- TrafaÀdo-Sedeiuíãèszserá zqllnvzzvÀlrlos H0S@Àff@_8ÊP1'€1¢_PëS@¿11ã0§_fj.!//-
¡;1_t¿1_c_l_c¿s_a,1u:-.:ia.no1,z¿a¿_forrnade controle . tão detestável _q}_1_a_ntg_a gahbu-_.i
roaac__iaÂ\Não acabariam os advogadosporimvpwof¿m sobrecusto jurídi-'E
cõãqualquer transação social, multiplicando barreiras imaginárias? Os
juristas são tentados a abusar dessa posição dominante-inédita na Fran-
ça -- para resgatar a democracia; Até esgotar suas riquezas. o '
 oscom¿idaznos_a_reexaminar a posi-i
QO da jus çasnumâ dfííliocracia renovada: tema qge,ser,áç_9bjetoda«zse-
gp_ndg_pan'Le._I.ratando-se de um movimento que deposita sua força
numa crise dupla -. das instituições políticas e da própria sociedade
democrática -, as respostas são ao mesmo tempo institucionais e soci-
ais. A democracia não desmorona, ela se transforma pelo direito. Os
dois modelos precedentes -_- direitqçforirial _ç1Q_Es_tagl__o liberal, direito
materiaJ_do_Esta‹;lo.prgvedor _ estão hojepor um fio,e
delo de direito e de deirfocracia está"'nascei1“dmoÍ"Vei¿'ó:nos, assim em
T;_ - 7' 'J I
š ii
um inomento capita dahišt'ór1aÍda_just1ça e de mudança de rumos em .
nossas democracias. Para compreendê-los, e se possível antecipar sua
evolução, o confronto do direito continental europeu com outro grande
sistema, o da Common Law, será um guia precioso. Esse diálogo entre os
dois modelos parece não poder ser concluído de maneiradefinitiva.
Com efeito, o desafio é saber como a justiça poderá constituir uma refe-
rência coletivabastante forte -~ tanto para as deliberações públicas,
como para os__ir_1divíduos -, sem ameaçar os valores democráticos. O
que obrigará, no final, a propor novas relações entre o juiz e a comuni-
dade política. _ ' `
A justiça é um assunto difícil, 'que pode tornar-se rapidamente
apologéticoou polêmico, dois gêneros hoje bastante difundidos. É, no
28
J'
1
'lt
I
1
\" /i
.,.Lc...« z
21 zz
.-, ._ ,.. _.z"._",f-1".-'.,
°"" ' _ . ' ~" n - .E ` 'F ¿ .f [_ .'\_ ,jk |.
| .\ -*- | › : 1 4- '." ` - '
E “ 'lr ‹¬ fa \\ \ K r `* Ú
J
\
E
' ¿' Íf-af-../~ _ ~ --
"r.z§Í Q _/:.r.'. .fã _/“f" ~/`\-*\.-*""‹-~f”" ¡1¬..__ J-
_.. - . "' ` '- -`-"' ~'. ` ' - 3 .'- -, ' ~ I- '~ ¬ ' ,f _; /'j ..‹,....
' '_ _- f- ,¬ _,-\ .¬ .. ' ¬
_ ' I '_ ._;,,_¬:'. .` 4 ¡-Ç If- .- Í \L_, _ _ . 1 _ ' _ .I . ._.
/_//-4. ø- 4/ .B-'. › ^"."~ - . › ' " f ` ".-. 5'_. _ _ áw -J* =- ~ ' z:-. - _
entanto, uma questão apaixonante, na condição de concentrar os sofri-
mentos, as contradições e os impasses de nossas sociedades modernas.
Através da justiça, a aspiração democrática é confrontada com o cerne
social, com as paixões democráticas,_com‹ a ação desmedida dos ho-
mens, com o absurdo da violênciae oenigma do mal. Assumir a parte
humana da justiça significa falar tanto de paixões como da razão, de
emoções como de argumentação, de mídia como de processos, de pri-
são como de liberdade. Nossa democracia talvez tenha menos necessi-
dade de construções - ou de desconstruções - teóricas doque de
_n9ya§_._.referências ..para.-assumir_.as... .'Íme.día.ç.õ.e$...i111p§:.1ÍÍ!.?:ii.ä$zÍÍ_..qL1§:. ..S.ã.Q. _ _ ._ .__
nossas jurisdições. Este livro, de um juiz que se volta para sua experi-
ência em meio de carreira, não pretende ser nem acadêmico, nem polê-
mico, mas sim político, pois busca medir as resistências encontradas
pela virtude da justiça, quando submetida à prática do julgamento, e
confrontar a intenção democrática com sua realização. .
z
. _ z -‹-*"' t
I ¿ƒf... _ _g_,..:` . __f__V,`-_r,.¿'v , -.
.;;L_ ,.'~¬~“'~r~«_ _..›;_...-=- :Í '^ ' À
¬ 12" 6. O3 J . '_ -if. ¬'›¡-_._._-n-'
T
f\ 'I
í
01_'‹ › J' _ .- _ _
.É/'\‹_..ÊÊ_,.f'ø;-¬. . --.- - " 1:* "¬..-""-' '\-.- " II __ _..¿ ‹ - ~››--_' -`_:› nf "
.~c_.à..z<') C.z-»,-=1'-*'-- **~"~-- J; ' - -
Í ...P V'
' 1f'.- ,. _» ¡K._&,_ ¡' . ._ ‹ . `- .Í ' J' /' .z--P .'¡-' rf-f' ""-"I' À À _ . - ..‹ _ _ - -__ › ~-A _
_-`:3:'
¡vi-... ¡_... . ,....- ' “ ,=' ff;-rf.1...--;>..›.._zL-3 '
C"f'. .-""'. lr/";¬'/"' '“"' `¬..)"- 4 """r -J" -^. .,‹:`* 14" ' 5:5.,/^'" 'j ` U .I '\\- z io
_ , ,-._ › __ .. _ . ._ . - - ...-__ ` _ __ =- › - ' 1
. -' .-¬~ . ""I ¿'- _ I - :' - ' ' ' ¡ 1
.. 4 .-¡¬-1 ;-°ƒ.:_:' . -' I. »z -_ .'?`“..~*= 1. ii... ' Ê.-¬_.f' '- ' W f I'
-'\J -f ,f¿ 1) 'K -1-1* Í:.;x,f:'l\-v Hllvll 5 E ` H I -V' V Í fz n ,' . !_ -
1 af ” ' ' ~_|P_I_ _P""..*'\l J- ij :_ Í , _» *'_- 1 * *:..z¬~.'âf_'.Z!.¿'.-.---.'.._:..rz:n..._f___..
I ,id g-_ 1 , ._ . ' ; f ¡.' -t 1{JH¡:-';,`-r.z'-__,,.- " `“ " ` `
_ 1. ' ,I ' g 3 . - 3 z-~,--"13 ¬_ ,' - ' j ¬ . ' -"
' _ ' ~ r" '_ .~ -'.`..ø* _. _' ! _"-E J" I Í-mlülhl ,K_Ã_/pk,-T/'Ki \` 4 fi- '_: \
' .
' I' 1 _ ' ' _ '. '¬ T
" - ‹'-"'L_ _ . |. _ . 'I .ilÃ' 1 4. \_ š ¡ › . _ _ -_ . _ - _ I ' _-:_; . t~_ - . z _' ______..._ . ¡__¡¿ ._|,,.4'-';*_ Á \___z_,_._,____,_\_ . _... , ¡ . ,. . ¡ .. _ ..
~ q .-J¡ , .___ ¬., ._ z:-,-- ,___ M1 ~,»¬,f›,__ fra./1-'"-fi -" “ ' ` "'
1 r
,'__..
.~ _v
Í' 1" -Mir*-3
¡..__ .-
.'.3 , føƒ. - . ff' ' ` -fz-' r' 1-. . f "_ _ _ 4"),-'~¡_____ ¿_:¿,f:`_','Í7..~`f."- j " í 'f ' z ` ;_ i. -" 'J I' ___
F-"¡,×'f:_`¡ -j'/f'Ã:::“"° / 'U H `
_ .J -'i '_-z* . » ,, __ _ .-¬. . ft- - '_
, _. __...¬ '_ _ - _ , = '> ,. -_ ¡ - ‹ _.
‹ z -.I v
,. ¡ .I ' _ “T |¬"I ¿'* N¡ . __-, .- ~ , _ _ _
.f .~ .- - ér --_ _ _,. .
29
Í '" ,.~. ,'_0`
%
\
 f` * -'
I
,¿.-; ,-- r-zff,-',~ ' I ›~ -f f . ,
‹
. /*_ ¿_¡`,,_,.,,0.'/...fz-.ø-
.-'
¬ f
fp-1-vf.4r.-v-¢~:-Q-ú-:I-vr-u-_--ira¬1-nv¬.|.I_1r-.¬-_-.-.._.._í..-¬-.7__-¬----.__.__ig--"-¬----
›
l
,I
1-¬|v¬-.1¬-
.'¡"-"`I-3`~"-'T-‹':=.'-212:-'Jr-':1:wo¬:.U,.1rf.;-.z-._às:':_'-_
`‹':ÍfI'-u*_-
I
l
il
š
s Primeira parte
I _ _
da Os impasses da democracia
jurídica
I
Í- ...
I
tzú
É
.|
il
f ..«~I
' l.=I\L_;....._..
_._. .. _. - _. -_-í.1 run.-n-nv- ¬-.-.--- -.›- - ---
É
' ƒ'1 '
- A
' ú
Capítulo I
.____..._A._1§E121;1B1.IÇa.IQMADA.1=ELQ_.1a1.13.E.1i12Q........._.
Seria, como muitas vezes se pretende, a reminiscência da arbitra-
gem de nossos antigos parlamentos? Ou o vestígio de um velho
antijuridicismo francês que já se percebia em Pascal, mais patente em
Voltaire e brilhante na obra de Vlctor Hugo) sem falar da hostilidade
revolucionária a respeito da “aristocracia temística”? Não se sabe ao
certo por que na França é difícil levar-se a justiça a sério. Apesar da
rapidez com que se apaixona por alguns '“casos”, o país é lento no que
concerne às suas próprias jurisdições. O que poderia significar uma
repressão no sentido freudiano, tais são os poderes do juiz na França. A
questão, justamente por ser crucial, seria evitada; e a energia revolucio-
nária despendida na luta contra o juiz só teria equivalente na importân-
cia que este último continua a desfrutar no imaginário e-na própria
realidade das instituições francesas. Os estrangeiros ficam, muitas ve-
zes, impressionados com as sentenças majestosamente. lapidares do
_ t SupremoTribunal de Iustiçaz como se, na França, o juiz não tivesse que
se justificar. Embevecidos com o prestígio do juiz inglês, esquecemos
- .----------~------------~------&¿~--`}~f+ ao ,que_d_ele§e_eg‹,1`ge. Arrisca"r-nos-íamos ai\ . f A- .¬~ ¬--~. ,- -1mag1nar reformas? Qualquer esforço neste sentido e tacha-do--de.
anglomania, provocando inÀamados debates. A despeito de inúmeras
tentativas, não conseguimos jamais modificar o processo penal ou cons-
titucional. A repressão se transforma, então, num bloqueio. _
Í -' Essa característica nacional se constituirá em desvantagem no dia
¡ _, ra em que nos descobrir_mos membros 'de uma comunidade intemacional
legalmente instituída e assim que o essencial do nosso comércio se fi-
zer com gente que não brinca com as regras do--jogo. O preço dessa
particularidade francesa é cada dia um pouco mais alto: primeiramen-
* J.-N. Jeanneney, L'avem'r oíent de loin, Paris, Éd. du Seuil, 1994, pp. 137-163.
, .
{._,__`-
\'-\
-._-'J1:-n-.ø¬-'_'1-_-11---¬-u1-:¬¬|-.-v.¬.-...-...-.____..-.-1.-J¬
'A'-\.r;1'
.r
'\¬.-3
E5
U
eu-ea
A
I
\
I
v
Í
I
--..-.. ._-_»-.-.---. ...
_...¡.._
\\
\
'¬-z..-'-'
L. -
l
I
¡.
i.
l1.
Í L-
E
r
?
‹¬
Í.
r Ç...,..‹
'\
.'-'
42.
*V
‹'.3_¬¿›
E
te, para os nossos juristas, que não puderam resistir à invasão dos lawyers
americanos; em seguida para a administração, que sofre de imensa fal-
ta de juristas, para os nossos homens de negócio e nossa classe política,
enfim, que parecem não ter ainda compreendido¿ue um Estado mo-
derno, um poder executivo com credibilidade -- assim como uma eco-
nomia forte - precisam de uma justiça respeitada.
E que o juiz permanece como uma questão politicamente incorreta,
sem jamais ter adquirido a plena dignidade democrática. Na opinião
de muitos, seu papel é juridicamente inconsistente: nunca lhe é reconhe-
cida a possibilidade deser, em certos casos, o porta-voz do' direito. Ao
---------negar-essa-evidência;estañamos-apenas--denunciando›nosso-a-tr-as-oem---------------------------------------- --
relação aos debates estrangeiros? Foi -preciso um período de quase vin-
te anos para se traduzir Dworkin ou Rawls. Finalmente, porque a justi-
ça há muito tempo foi relegada à categoria de questão intelectualmente
inexistente,

Continue navegando