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10 Mecanismos de Morte Celular Apoptose versus Necrose

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133
MECANISMOS DE MORTE CELULAR: APOPTOSE VERSUS NECROSE
Cap. 10
AtØ aproximadamente 20 anos atrÆs só se
definia uma via de morte celular em situaçıes
patológicas, a necrose. Durante a dØcada de 1970
o patologista John Kerr e colaboradores estu-
dando atrofia e hiperplasia hepÆtica descreveram
uma outra forma de morte, a qual chamaram de
“necrose com encolhimento” (shrinkage necro-
sis). As características desta forma de necrose
eram: a) ausŒncia de processo inflamatório; b)
cØlulas pequenas; c) citoplasma contido em ve-
sículas, algumas contendo nœcleo com croma-
tina condensada; d) citoplasma levemente
corado, indicando que os lisossomos ainda es-
tavam intactos. Posteriormente a este grupo de
pesquisadores se juntou o embriologista Allison
Crawford que chama a atençªo do grupo para
as descobertas de Glüchmanm do começo da dØ-
cada de 1950, sobre a “morte celular programa-
da”, que era nada mais que o mesmo fenômeno
só que presente numa situaçªo fisiológica.
O grupo entªo decide chamar a “necrose por
encolhimento” de apoptose, palavra originÆria do
grego clÆssico, que era o termo utilizado por
Homero para descrever a queda das folhas no
outono (dropping off ou falling off), isso com o
intuito de tentar expressar renovaçªo e nªo a
morte propriamente dita. Apesar do fenômeno
descrito e chamado de apoptose na dØcada de
1970 ser o mesmo jÆ descrito por embriologis-
tas na dØcada de 1950 como morte celular pro-
gramada, foi durante o estabelecimento da
Mecanismos de Morte Celular:
Apoptose versus Necrose
terminologia apoptose que se verificou que ele
poderia aparecer tanto em situaçıes fisiológicas
como em situaçıes patológicas.
O termo “morte celular programada” ou
“apoptose” tŒm sido diferenciados entre a mor-
te que ocorre em situaçıes fisiológicas decor-
rentes de informaçªo genØtica característica das
cØlulas (cØlulas da pele, ovÆrios, espermatozói-
des etc.) e aquela que ocorre em situaçıes pato-
lógicas e Ø induzida por um fator externo. O
termo “suicídio celular” tambØm Ø bastante uti-
lizado e suscitou uma discussªo interessante so-
bre o papel do suicídio de algumas cØlulas num
organismo pluricelular e de um suicida na co-
munidade, que parecem ser reaçıes totalmente
antagônicas.
Com a descriçªo das características da morte
por apoptose e as diferenças com relaçªo à ne-
crose entenderemos melhor as vantagens que ela
tem sobre a œltima em algumas situaçıes, como
na embriogŒnese. As vias bioquímicas da apop-
tose sªo bastante intrincadas e ainda estªo sen-
do estudadas. A apoptose tambØm Ø bastante
estudada em patologias em que hÆ diminuiçªo
da morte celular (câncer) ou que tem aumento
exacerbado (SIDA). A manipulaçªo da via de
morte tem sido bastante cogitada como uma
maneira de se conseguir melhores resultados te-
rapŒuticos, principalmente na quimioterapia do
câncer.
Simone Mafalda Rodrigues Camargo
Nestor Schor
134
VOL. 1 — BASES MOLECULARES DA BIOLOGIA, DA GENÉTICA E DA FARMACOLOGIA
Cap. 10
CARACTER˝STICAS MORFOLÓGICAS
Necrose
Na necrose hÆ intumescimento da cØlula,
que Ø característica desta via de morte e de-
corrente da falŒncia dos mecanismos de trans-
porte da membrana. As organelas, em especial
a mitocôndria, tambØm se apresentam intumes-
cidas. A perda da integridade da membrana
plasmÆtica pode permitir a entrada de enzimas
proteolíticas para o citosol e tambØm a libera-
çªo do material intracelular e desencadeamen-
to de reaçªo inflamatória.
Apoptose
Morfologicamente, a cØlula em apoptose se
caracteriza por diminuiçªo de tamanho, envol-
vendo tanto o citoplasma como o nœcleo. A
membrana citoplasmÆtica e as organelas se
mantŒm íntegras, mas hÆ formaçªo de vacœo-
los. A alteraçªo morfológica mais característi-
ca aparece no nœcleo quando a cromatina
condensada se redistribui perifericamente. A
cØlula diminui de tamanho, o material intracelu-
lar Ø dividido em corpos cercados pela própria
membrana citoplasmÆtica (corpos apoptóticos),
que sªo absorvidos pelas cØlulas vizinhas ou
macrófagos residentes.
Situaçıes Fisiológicas e Patológicas
em que Ocorre Apoptose
HÆ inœmeras situaçıes fisiológicas em que
se observa a ocorrŒncia de apoptose em orga-
nismos pluricelulares.
Durante a fase final de diferenciaçªo atípica
de algumas cØlulas (perda do nœcleo de eritróci-
tos, das cØlulas do cristalino, modificaçıes dos
queratinócitos para formar a pele); no turnover
de tecidos que se dividem com maior velocidade,
na manutençªo da homeostase celular (ductos
mamÆrios durante o ciclo menstrual, œtero); in-
voluçªo (córtex adrenal de ratos, ductos mamÆ-
rios após desmame, folículos ovarianos em atresia,
tecido alveolar ao redor do dente quando este
nasce); linfócitos T, cØlulas K e natural killer in-
duzem morte de cØlulas-alvo por apoptose.
HÆ vÆrias situaçıes patológicas em que se
pode encontrar diminuiçªo ou aumento da apop-
tose. A diminuiçªo da apoptose, ou seja, perda
da capacidade de morte Ø uma característica das
cØlulas tumorais. Podemos observar aumento da
apoptose em casos de derrame, infarto, síndro-
me da imunodeficiŒncia adquirida (SIDA) por
induçªo imprópria de apoptose em cØlulas T
CD4, em algumas glomerulonefrites.
Mecanismos Moleculares
Os primeiros estudos sobre os mecanismos
de morte por apoptose foram feitos em nemató-
Tabela 10.1
Diferenças entre as Características Morfológicas da Apoptose e da Necrose
Características Apoptose Necrose
Tamanho das cØlulas fl ›
Permeabilidade da membrana Normal Perdida precocemente
celular
Brotamentos na membrana celular Precoces e característicos Ausentes
Morfologia das mitocôndrias Normal Intumescida com perda das cristas
Cromatina nuclear Condensada e fragmentada Nªo condensada e fragmentada
Formaçªo dos corpos apoptóticos Característico Ausente
TØrmino Fagocitada rapidamente por
cØlulas vizinhas Lise
AparŒncia nos cortes de tecidos Difícil de detectar Lesªo das cØlulas e ao redor,
fÆcil de detectar
135
MECANISMOS DE MORTE CELULAR: APOPTOSE VERSUS NECROSE
Cap. 10
deo, Caenorhabditis elegans, onde foram identi-
ficados trŒs genes que podiam ser responsÆveis
pela morte (ced-3 e ced-4) ou pela manutençªo
da vida (ced-9). Nos mamíferos esses genes fo-
ram identificados e as proteínas que eles trans-
crevem sªo caspase-1, molØcula de apf-1 e bcl-2,
respectivamente. Outro mecanismo descrito nos
mamíferos Ø o dos receptores de membrana da
família do TNF. Estes receptores permitem a
morte de algumas cØlulas e sªo especialmente
importantes no sistema imune.
Receptores da Família do TNFa
Os receptores do TNF, dos quais os mais
conhecidos sªo TNFR1 e CD95 ou fas, sªo
amplamente distribuídos nos tecidos. Eles tŒm
uma porçªo extra e outra porçªo intracelular; a
porçªo extracelular reconhece seus antígenos
(TNFa ou fas) que sªo apresentados pelas cØlu-
las de defesa, macrófagos, linfócitos T CD8+
ou natural killer. A parte intracelular difere um
pouco de um receptor para outro, ambos tŒm a
capacidade de ativar a cascata de caspases e le-
var a cØlula à morte; no caso do TNFR1, por
mecanismos desconhecidos, a cØlula pode optar
por morrer ou simplesmente desencadear res-
posta inflamatória mediado por NFkb . Ainda hÆ
outros receptores chamados DR3, DR4 ou DR5.
O receptor DR3 Ø semelhante ao receptor de
TNFa (TNFR1) e tem como ligante a molØcula
de apo3L que tambØm se parece com TNF. Este
complexo pode levar a cØlula igualmente à mor-
te por apoptose ou a uma resposta inflamatória.
A grande diferença entre os dois Ø que, neste
caso, o ligante Ø expresso em muitos tecidos e o
receptor Ø expresso no fígado, baço e sangue
perifØrico. Os receptores DR4 ou DR5 sªo si-
milares ao CD95, tŒm com ligante o apo2L/
TRAIL e levam a cØlula à morte rapidamente.
Como seu similar, eles estªo amplamente distri-
buídos em todos os tecidos. Junto deles tambØm
pode se encontrar outros dois receptores falsos(DcR1 2), que se ligam ao apo2L protegendo o
tecido da morte. Em algumas situaçıes pode ha-
ver a superexpressªo do DR45 e levar a cØlula à
morte.
Caspases
As caspases sªo proteases com resíduos de
cisteína (c-) e que clivam seus substratos sem-
pre depois de um resíduo de Æcido aspÆrtico
(-aspase). Elas foram identificadas como prote-
ínas homólogas àquelas transcritas pelo gene
ced-3 no C. elegans. Nos mamíferos elas jÆ sªo
dez descritas e clivam diferentes substratos, po-
dendo ser eles partes da cØlula ou outras pró-
caspases. Elas sªo encontradas nesta forma de
pró-caspase no citoplasma e podem ser levadas
a ficar ativas por diversas vias. Elas podem agir
numa reaçªo em cadeia, onde a hierarquia co-
meça com as caspases iniciadoras (caspases-8,
-9 e -10), que por sua vez ativam as propagado-
ras1 e estas as executoras (caspases-2, -3, -7,
-6). Os receptores da família do TNF induzem
morte por ativaçªo destas proteases (caspase-8)
pelas suas porçıes intracelulares. Assim como
quimioterÆpicos e radiaçªo, podem tambØm in-
duzir a ativaçªo deste mecanismo (caspase-9),
em presença de ATP, de uma molØcula de apaf-1
modificada e de citocromo c liberado pela mito-
côndria quando esta foi lesada. HÆ evidŒncias
de que o citocromo c Ø liberado pelo poro de
permeabilidade transacional (PT) da mitocôn-
dria e que este pode ser regulado pelas proteínas
da família bcl-2 (bax, bcl-2 e bcl-XL).
As caspases tŒm inibidores, como a proteína
codificada pelo gene do vírus cowpox, a CrmA
(Cytokine Endogen Modifier) e a p35, tambØm
produto de gene viral (baculovírus) que parece
atenuar a apoptose agindo na via das caspases.
As proteínas da família IAP (Inhibitor Apoptosis
Protein) sªo endógenas e tŒm-se demostrado que
inibem a atividade das caspases-3 e -7, mas nªo
das caspases-1, -6 e -8, como, por exemplo, as
proteínas XIAP e a survivina. HÆ tambØm inœ-
meros inibidores sintØticos das caspases dispo-
níveis no mercado
As caspases podem ser ativadas por diferen-
tes vias, e acredita-se que sejam a via final de
todas as vias de apoptose:
Tabela 10.2
Genes Identificados em Nematódeo que
Apresentam Correspondente nos Mamíferos
Nematódeo Mamiferos Funçªo
Ced-3 ICE (1992) Apoptose
Ced-4 Apaf-1 (1997) Apoptose
Ced-9 Bcl-2 (1986) Inibiçªo apoptose
136
VOL. 1 — BASES MOLECULARES DA BIOLOGIA, DA GENÉTICA E DA FARMACOLOGIA
Cap. 10
Quimioterápicos
radiação
 Lesão da mitocôndria
ßß
ßß
ß
liberação de citocromo c, pró-caspases-3, -2 e -6
ßß
ßß
ß
citocromo c se liga apaf-1 na presença de ATP
ßß
ßß
ß
pró-caspase-9 ativada
Caspases efetoras,
 -3, -2, -6, -7
Caspases agem em seus
substratos e levam as células
à morte por apoptose
Agentes
antiapoptóticos
bcl-2, IAPs
Fas/CD95, TNF, Apo3L,
Apo2L/TRAIL
Receptores de morte
ßß
ßß
ß
pró-caspase-8 ativada
Fig. 10.1 — Esquema da ativaçªo das caspases.
Família de Proteínas do bcl-2 (B-cell
Lymphoma/leukemia Gene Product-2)
As proteínas da família bcl-2 foram descritas
como homólogas daquelas determinadas pelo gene
ced-9 no modelo do C. elegans. Nesta família te-
mos 15 proteínas divididas em trŒs classes, simila-
res a bcl-2, que promovem a vida, e bax e bik que
levam a cØlula à morte. O mecanismo pelo qual es-
sas proteínas impedem a morte pode ser por inati-
var alguns adaptadores necessÆrios para a açªo das
caspases, como a molØcula de apaf-1, ou a libera-
çªo do citocromo c da mitocôndria. O mecanismo
pelo qual elas podem levar à morte Ø a formaçªo de
poros em membranas lipídicas, tais como da mito-
côndria. TambØm Ø proposta a ativaçªo da caspase-
1 diretamente pelas proteínas da família bax.
P53
Um outro gene bastante conhecido no pro-
cesso de apoptose Ø o gene supressor de tumor
que codifica a proteína p53. Esta proteína estÆ
intimamente ligada com a manutençªo da inte-
gridade do DNA durante a divisªo celular, mais
especificamente com o checkpoint em G1/M
quando a cØlula decide entrar ou nªo na fase de
síntese de uma nova dupla fita. Se o DNA estÆ
integro a cØlula entra em S e a divisªo segue o
seu curso normal. Por outro lado, se alguma le-
sªo Ø encontrada durante a divisªo, o gene p53
Ø rapidamente ativado pela proteína codificada
pelo gene ATM (Ataxia-telangiectasia-mutated).
A proteína p53 checa o DNA e decide se a divi-
sªo deve continuar, ou devem ser ativadas pro-
teínas de reparo, ou ainda ocasionar a ativaçªo
do mecanismo de morte celular. Quando isto Ø
decidido, uma proteína p21 Ø estimulada, e esta
por sua vez se liga ao complexo ciclinaD/cdc2 e
nªo permite que este complexo fosforile um ou-
tro complexo formado pela proteína Rb-E2F.
TambØm inativa a proteína PCNA (Proliferating
Cell Nuclear Antigen), atuando durante a divi-
sªo celular, e desta maneira impede a continua-
137
MECANISMOS DE MORTE CELULAR: APOPTOSE VERSUS NECROSE
Cap. 10
çªo do ciclo. As cØlulas entram em apoptose por
ativaçªo de genes da família bax ou ativando o
ciclo das caspases, como via final comum.
DIVERSAS MANEIRAS DE SE QUALIFICAR OU
QUANTIFICAR APOPTOSE E NECROSE
Necrose
Morfologicamente
Uma das maneiras mais comuns de se quan-
tificar necrose Ø morfologicamente, observando-
se as mudanças que a cØlula sofreu, e isto nªo Ø
muito eficaz. Caracterizar uma cØlula necrótica
por microscopia eletrônica Ø a melhor maneira.
Tabela 10.4
Família das Proteínas estÆ Dividida em
Pró-vida e Pró-apoptótica
Pró-vida Pró-apoptótica
Subfamília da bcl2: Subfamília bax:
Bcl-2, bcl-xL, bcl-W, Bax, bak, bok
mcl-1, A1, NR-13, BHRF1,
LMW5-HL, ORF16, KS-bcl-2,
E1B-19K
Subfamília
BH3/bik:
Bik, blk, hrk,
BNIP3, BimL,
Bad, Bid, EGL-1
Um outro mØtodo, bastante usado em mØ-
todos in vitro, Ø a dupla marcaçªo das cØlulas,
ou seja, um marcador para apoptose e um para
viabilidade celular, ou integridade da membra-
na. Por exclusªo, se as cØlulas tŒm baixa taxa de
apoptose e baixa viabilidade celular estas cØlulas
morreram de necrose. Ao contrÆrio, se estas cØ-
lulas tŒm alta taxa de apoptose, conseqüentemen-
te morreram por apoptose, e podem ou nªo ter
sua taxa de viabilidade celular comprometida,
dependendo da fase em que ela se encontra.
Os corantes utilizados para verificar a viabi-
lidade da membrana nos mØtodos de exclusªo
sªo o trypan blue, o iodeto de propídeo e o bro-
meto de etídeo. A membrana plasmÆtica só serÆ
permeÆvel a estes corantes caso haja compro-
metimento de sua integridade.
Apoptose
Praticamente todas as tØcnicas de detecçªo
de apoptose se baseiam nas modificaçıes nu-
cleares que ocorrem nas cØlulas, diminuiçªo de
tamanho, condensaçªo da cromatina ou frag-
mentaçªo do DNA. Deve-se lembrar que para
quantificar apoptose ao menos dois mØtodos
devem ser utilizados.
Morfologicamente
Pode-se qualificar ou mesmo quantificar as
cØlulas apoptóticas com tØcnicas morfológicas, por
Tabela 10.3
Localizaçªo dos Receptores da Família do TNF e dos seus Ligantes
 Receptor Local Receptor Local Ligante Ligante
TNFR Tecidos em geral Macrófagos TNF ou linfotoxina a
Linfócitos T
Fas, apo1, CD95 Tecidos em geral Linfócitos T FasL
Apo3, Dr3, TRAMP, Baço, timo, sangue perifØrico Tecidos em geral Apo3L, TWEAK
LARD Ativados por cØlulas T
Apo2, DR5, TRAIL-2, Tecidos Tecidos, ativados
TRICK, KILLER pelas cØlulas T Apo2L, TRAIL
DR4 Idem DR5 Idem DR5 Apo2L, TRAIL
CAR1 Nªo identificado
138
VOL. 1 — BASES MOLECULARES DA BIOLOGIA, DA GENÉTICA E DA FARMACOLOGIA
Cap. 10
identificaçªo das modificaçıes nucleares. Uma das
mais simples Ø a coloraçªo com hematoxilina.
Este corante marca o nœcleo e permite que se
identifique os corpos apoptóticos, ou mesmo
os nœcleos com cromatina condensada e de pe-
queno tamanho. A microscopia eletrônica per-
mite avaliar perfeitamente as modificaçıes que
ocorrem nas cØlulas, no entanto este mØtodo Ø
mais utilizado para confirmar as outras tØcni-
cas,pois quantificar apoptose por esta tØcnica
seria muito demorado devido a magnificaçªo
conseguida.
Alguns corantes fluorescentes que se ligam
especialmente ao DNA nuclear ou à cromatina e
podem ser utilizados. Sªo eles: o Hoechst 33342
ou 33258, o DAPI. O Hoechst (excitaçªo em
346 e emissªo em 460nm) e o DAPI (excitaçªo
em 350.3 e emissªo em 461nm) se ligam a ade-
nina-timidina e marcam tanto cØlulas normais
como apoptóticas, que podem ser diferenciadas
pelas mudanças morfológicas e pela intensidade
da fluorescŒncia.
Em cØlulas LLC-PK1 tratadas com cisplati-
na e coradas com Hoechst 33342, pode-se no-
tar nœcleos de cØlulas normais e apoptóticos (Fig.
10.2 — setas).
Imuno-histoquímica
A tØcnica conhecida como TUNEL (Termi-
nal Deoxynucleotidyl Transferase-mediated
dUTP-biotin Nick End Labeling). Esta tØcnica
histoquímica marca a fragmentaçªo de DNA in
situ, quando digoxigenina-deoxiuridina (dUTP)
Ø inserido na terminaçªo 3’-OH pela enzima
deoxinucleotídeo terminal transferase (TdT)
que Ø biotinilada, e depois pode ser reconheci-
da pela estreptoavidina complexada com uma
enzima (horseadish peroxidase ou fosfatase al-
calina) e esta enzima após quebrar seu subs-
trato deixa marcada a lâmina em marrom,
permitindo desta maneira o reconhecimento das
cØlulas apoptóticas.
CØlulas mesangiais de camundongo imor-
talizadas tratadas com cisplatina, fixadas e ana-
lisadas quanto a fragmentaçªo do DNA pelo
mØtodo de TUNEL. As cØlulas marcadas em
marrom apresentam fragmentaçªo e, portan-
to, sªo consideradas apoptóticas (Fig. 10.3).
Detecçªo da Fragmentaçªo do DNA por
Eletroforese em Gel de Agarose
Durante o processo de apoptose o DNA Ø
quebrado em fragmentos mœltiplos de 180-200
pares de bases. Isto porque as DNAses ativadas
cortam a fita de DNA entre os nucleossomas,
dando aos fragmentos esta característica de mœl-
tiplos. Quando este DNA Ø extraído e aplicado a
um gel de agarose num sistema de eletroforese,
ele apresentarÆ um aspecto de escada. Quando
ocorre a necrose, tambØm hÆ a quebra de DNA,
mas essa quebra se dÆ de uma maneira desorde-
nada e o aspecto do DNA na eletroforese Ø de um
esfregaço. As bandas podem ser quantificadas com
um densitômetro, desde que a mesma quantida-
de de DNA tenha sido utilizada.
Citometria de Fluxo
Outros mØtodos utilizados para quantificar
apoptose sªo aqueles que se utilizam do citôme-
tro de fluxo. Nestas tØcnicas se utilizam corantes
fluorescentes e nelas pode ser analisado a frag-
mentaçªo do DNA (iodeto de propídeo, Hoechst,
DAPI) ou alguns marcadores de membrana como
a anexina V.
MECANISMOS MOLECULARES ENVOLVIDOS
NA APOPTOSE
O estudo de eventos que ocorrem antes da
fragmentaçªo do DNA e que sªo identificados
como os possíveis mecanismo moleculares da
apoptose sªo estudados de diversas maneiras.
Fig. 10.2 — Nœcleos de cØlulas normais e apoptóticas.
139
MECANISMOS DE MORTE CELULAR: APOPTOSE VERSUS NECROSE
Cap. 10
Fig. 10.3 — CØlulas opoptóticas marcados pelo mØtodo de
TUNEL.
VÆrias metodologias da biologia molecular
podem ser utilizadas para este fim, como
transfecçªo de cØlulas, TR-PCR (Transcriptase
Reverse-polymerase Chain Reaction), “constru-
çªo” de animais knockout ou que superexpres-
sem alguns genes.
Receptores de TNF/CD95
O estudo do envolvimento destes receptores nas
vias de apoptose pode ser feito atravØs da marca-
çªo destes por imuno-histoquímica, para averi-
guar se houve aumento de sua expressªo durante
o insulto, tornando desta forma a cØlula mais
susceptível a entrar em contato com seu ligante
apresentado pelas cØlulas de defesa. TambØm
para averiguar a capacidade de determinada li-
nhagem de cØlula em experimento in vitro pode
se incubar as mesmas com anticorpo anti-fas
(CH-11) ou TNF e observar se as mesmas en-
tram em apoptose. Estas cØlulas entrarªo, ou nªo,
em maior ou menor grau em apoptose depen-
dendo do tipo de receptores que elas expressam.
Caspases
O envolvimento das caspases na via morte
pode ser estudado com inibidores destas enzi-
mas, reversíveis ou nªo, ou atravØs da determi-
naçªo de sua atividade adicionando ao meio
reacional o seu substrato. TambØm se pode veri-
ficar a expressªo das caspases atravØs de seu
RNAm ou mesmo atravØs da avaliaçªo da pre-
sença destas proteínas ou de seus substratos
modificados por western blot.
Fig. 10.4 — CØlulas com características de tœbulo proxi-
mal renal tratadas com fator de necrose tumoral (TNFa/
10ng/ml/24horas) apresentando padrªo de esfregaço
característico de necrose1; tratadas com estaurosporina
(0,1mM/8 horas) apresentando padrªo de degraus ca-
racterístico de cØlulas apoptóticas2; cØlulas-controle apre-
sentando o DNA intacto3.
Proteínas da Família do Bcl-2
Existem anticorpos para vÆrias das proteí-
nas desta família, e pode-se avaliar a expressªo
delas por imuno-histoquímica ou por western
blot. Pode-se avaliar a expressªo do RNAm tam-
bØm por PCR. Em estudos in vitro pode-se pro-
duzir animais transgŒnicos que superexpressam
ou mesmo animais knockout para estas proteí-
nas. TambØm se pode fazer a transfecçªo de cØ-
lulas, e desta maneira estudar a seu envolvimento
na apoptose causada por determinado insulto ou
patologia.
P53
A expressªo e o papel do gene p53, assim
como outros genes supressores de tumor (gene
retinoblastoma, Rb) e genes envolvidos no ciclo
celular, tŒm sido bastante estudados quanto a
sua capacidade de induzir a cØlula a entrar em
apoptose. Em específico o gene p53, que codifi-
ca a proteína p53, pode ser estudado por imu-
no-histoquímica; hÆ no mercado seis anticorpos
monoclonais (ab-1 a -6) e um policlonal (ab-7),
140
VOL. 1 — BASES MOLECULARES DA BIOLOGIA, DA GENÉTICA E DA FARMACOLOGIA
Cap. 10
que podem detectar a proteína selvagem ou
mutada, dependendo das condiçıes do teste (a
proteína estar denaturada ou nªo). TambØm se
pode avaliar a quantidade de RNAm da p53. Em
experimentos in vitro pode-se produzir animais
transgŒnicos que superexpressam esta proteína
ou animais knockout.
BIBLIOGRAFIA
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