Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 NORMA ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005: UMA ANÁLISE APLICADA AO LABORÁTORIO DE METROLOGIA DIMENSIONAL DO INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ Aluno: Natanael Bartolomeu Abreu da Silva Orientador: Francisco Rilke Linhares Araújo, Esp. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Av. Treze de Maio, 3081, Benfica - Cep:60040-531 - Fortaleza-Ce E-mail: natanaelabreu@outlook.com Abstract: Today, standardization of procedures is the way most used by organizations that wish to achieve certain quality benchmark in their products and services. Establishing standardized procedures that follow a rigorous pre-established system is therefore not only a competitive differential for companies, but a necessity, a point that can determine their permanence or not in the current market, which continually demands products and services that meet strict standards not only of quality, but also of safety and social responsibility. This is no different for those companies and organizations that provide testing and calibration services. Such services, which are widely used by an increasingly large industrial segment, must be made in such a way to guarantee complete uniformity of results, as well as to provide the required quality standard. In this context, we have normative standards, national and international, that help companies that perform tests and calibration to maintain their quality and management standards within acceptable limits. This is the case of ISO/IEC 17025, which deals with the general requirements for the competence of testing and calibration laboratories. The present work presents the results of a research carried out within a metrology laboratory, where the general requirements established by the ISO/IEC 17025 are compared with the reality found in the laboratory. Keywords: Management, ISO/IEC 17025, Metrology, Quality. Resumo: Padronização de procedimentos é hoje a maneira mais utilizada por organizações que desejam atingir determinado referencial de qualidade em seus produtos e serviços. Estabelecer procedimentos padronizados e que devem seguir um rigoroso sistema pré-estabelecido tornou-se então não só um diferencial competitivo para as empresas, mas uma necessidade, um ponto que pode determinar sua permanência, ou não, no mercado atual, que exige continuamente produtos e serviços que atendam padrões rigorosos não somente de qualidade, como também de segurança e responsabilidade social. Isso não é diferente para aquelas empresas e organizações que fornecem serviços de ensaio e calibração. Tais serviços, amplamente utilizados por um segmento industrial cada vez mais abrangente, devem ser realizados de forma tal que possam garantir uma completa uniformidade nos resultados, além de proporcionar o padrão de qualidade requerido. Nesse contexto aparecem os textos normativos, nacionais e internacionais, que auxiliam empresas a manterem seus padrões de qualidade e gestão dentro de limites aceitáveis. É o caso da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, que trata dos requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração. O presente trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa realizada dentro de um laboratório de metrologia, onde os requisitos gerais estabelecidos pela norma são comparados com a realidade encontrada no laboratório. Palavras-chave: Gestão, ISO/IEC 17025, Metrologia, Qualidade. 1. Introdução Problemas e não conformidades em produtos e processos são circunstâncias presentes em toda organização. A maneira como essas organizações agem frente a essas circunstâncias é que vai, na maioria das vezes, determinar a sua posição competitiva dentro do mercado em que atua, por que em grande medida o resultado de uma determinada ação frente a uma não conformidade tem impactos significativos no resultado final do produto ou serviço oferecido. Surge então, dentro deste contexto, a necessidade da existência de um Sistema de Gestão capaz não somente de corrigir não conformidades nos processos administrativos e produtivos, como também de prevenir e até mesmo 2 prever sua ocorrência, de modo a garantir que o produto final esteja adequado em termos de qualidade, segurança e responsabilidade social àquilo que a organização deseja produzir, pois, de acordo com Cerqueira (2006), “toda decisão deve estar orientada para a eficiência no uso dos recursos e para a eficácia em atingir os resultados desejados.”. Define-se sistema de gestão como um conjunto de elementos bem determinados que de alguma forma possam interagir ou se relacionar, e para os quais voltaremos nossa atenção porque temos o interesse de saber como se comportam em relação aos níveis de desempenho que previamente estabelecemos (CERQUEIRA, 2006). Num contexto de organizações, sistemas de gestão são então o conjunto de políticas e procedimentos que atuam entre si no intuito de atingir o resultado desejado, e esse resultado pode ser um produto ou serviço. Para garantir esse resultado esperado, os sistemas de gestão precisam agir sobre todos os modos potenciais de não conformidades, e esses modos estão ligados a diferentes setores do negócio, que podem ser a qualidade, o meio ambiente, a segurança, a saúde ocupacional de seus colaboradores ou a responsabilidade social. A figura 01 ilustra esse aspecto. Figura 01 – Modos potenciais de falha em uma organização (Fonte: Adaptado de CERQUEIRA, 2006, pg. 35) A análise do risco envolvido com a não conformidade potencial é essencial para a determinação do nível de controle requerido e deve considerar o efeito da falha, caso ocorra, e a probabilidade de ela ocorrer (CERQUEIRA, 2006). Para cada um desses modos potenciais de falha deve existir um sistema de gestão específico que objetiva agir de modo a garantir que a não conformidade associada a ele venha ocorrer. A integração entre si desses sistemas de gestão é o que mais se aproxima daquilo que se denomina por Sistema de Gestão Integrado. A figura 01, apesar de não ilustrar com totalidade todos os setores de abrangência de um sistema de gestão integrado, pode servir de base, com adequada precisão para o estudo em questão, para analisarmos os diferentes setores pela qual o sistema de gestão de uma organização deve atuar para garantir o resultado esperado. Dentre esses setores é de extrema importância destacar aquele que pode ser visto como o de maior impacto nos resultados: o sistema de gestão da qualidade. Qualidade, agora compreendida como um sistema de gestão, é um conceito surgido em meados da revolução industrial e que vem sofrendo inúmeras mudanças ao longo dos anos, devido principalmente ao aperfeiçoamento e melhoria dos processos produtivos. O tema, portanto, precisa ser interpretado à luz do ambiente de produção vigente na época (CARVALHO, 2012). Antes da revolução industrial não havia grandes processos de produção, e um determinado bem ou serviço era produzido por um artesão ou fazendeiro. A qualidade desse bem era medida quase que unicamente pela percepção do cliente, que em geral estava próximo do produtor direto. Com a revolução industrial e o advento da produção em massa essa qualidade passou então a ser medida pelo produto, e o controle era feito quase que totalmente através da inspeção. Nessa época as necessidades dos clientes não eram direcionadoras da concepção do produto (CARVALHO, 2012). Com o surgimento de estudos na área de controle estatístico de processos, por volta dos 3 Os departamentos de produçao e engenharia O departamento de inspeção As necessidades do mercado e do consumidor Toda a cadeia de produção, desde o projeto atéo mercado, e a contribuição de todos os grupos funcionais Uniformidade do produto com menos inspeção Uniformidade do produto Todos os departamentos, embora a alta gerência só se envolva perifericamente "Gerencia" a Qualidade Todos na empresa, com a alta gerência exercendo forte liderança Planejamento estratégico, estabelecimento de objetivos e mobilização da organização Programas e sistemas Instrumentos de medição Orientação e abordagem Responsável pela Qualidade Métodos Ênfase Instrumetos e técnicas estatísticas "Contrói" a qualidade "Controla" a qualidade "Inspeciona" a qualidade RESUMOS DAS CARACTERÍSTICAS DAS ERAS DA QUALIDADE ERA DA QUALIDADE Identificação das características Gestão da Qualidade TotalGarantia da Qualidade Contole Estatístico de Processo Inspeção anos 20, a qualidade passou então a não mais ser orientada ao produto, aqui o foco se tornou o processo, e a perspectiva de satisfação do cliente começou então a ganhar força nas ações das organizações. Após a era do controle de processo surge o período da “Garantia da Qualidade”, em que a ênfase se tornou toda a cadeia de produção, desde o projeto até o mercado. Por último temos a era atual, que é era da Gestão da Qualidade Total, e aqui a ênfase se tornou a necessidade do mercado e do consumidor (MARTINS E COSTA NETO, 1998). O quadro 01 resume essas eras da qualidade. Tabela 01 – Resumo das eras da qualidade. Fonte: Adaptado de MARTINS e COSTA NETO, 1998. Diante do exposto é importante observar que no mercado atual, que busca ininterruptamente a excelência em seus processos e o uso eficiente dos recursos, sistema de gestão da qualidade não é mais visto como uma ferramenta que gera apenas vantagem competitiva para as empresas e/ou organizações que o implementam, hoje este assunto é considerado essencial para qualquer grupo de pessoas que deseja fornecer produtos ou serviços que atendam a necessidade específica de seus clientes. A Gestão da Qualidade, com todas as suas implicações humanas e gerenciais dentro dos mais diversos ambientes corporativos, está relacionada ao modo como uma determinada empresa ou organização executa seus processos de forma a garantir um produto ou serviço final que esteja de acordo com um referencial previamente estabelecido pela alta administração. Feigenbaum (1986) definiu qualidade dos produtos e serviços como “as características totais combinadas (enquanto produto e enquanto serviço) do marketing, da engenharia, da fabricação e da manutenção, através das quais os produtos e serviços em uso atenderão às expectativas dos clientes.” (FEIGENBAUM, 1986 apud OLIVEIRA, 2014). Contudo, foram verificados conflitos e problemas de desequilíbrio em muitas empresas que usaram essa definição para seus processos de Gestão da Qualidade, principalmente entre o pessoal de Controle de Qualidade e o pessoal de RH. A incorporação de conceitos da teoria comportamental pelo TQC (Total Quality Control – Controle da Qualidade Total) japonês, o surgimento de técnicas para realizar o desdobramento da função qualidade e a ênfase no trabalho em equipe (como forma ideal de realizar projetos relacionados à qualidade) vieram suprir parcialmente as lacunas deixadas nessa proposta de Feigenbaum (Adaptado de OLIVEIRA, 2014). Ao longo do século XX, com o desenvolvimento de teorias e práticas na área de gestão e qualidade e o surgimento de uma economia globalizada, viu-se a necessidade de estabelecer padrões de processo que pudessem ser implementados a nível mundial. Nesse contexto surgem órgãos nacionais e internacionais, como a ISO (International Organization for Instandardization) e a 4 ABNT (Agência Brasileira de Normas Técnicas), que após o mapeamento e teste de determinados padrões no intuito de elaborar um cronograma de qualidade que seja estruturado e passível de verificação, criam textos normativos que auxiliam empresas e organizações a implementarem processos confiáveis e que resultam em padrões reconhecidos de segurança e qualidade. Esses textos normativos, como as normas da série ISO 9000 – Sistemas de Qualidade – Requisitos, assim como as demais normas existentes relativas aos demais sistemas de gestão, representam o resultado de uma análise criteriosa dos principais modos de falha que podem ocorrer na produção de bens e serviços. Ao adotá-los como padrão para seu Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), a organização estará se assegurando de que aqueles modos de falha que mais frequentemente ocorrem estarão sendo identificados e analisados, e que as atividades relacionadas a eles estarão sendo constantemente controladas (CERQUEIRA, 2006). Neste contexto de normas para padronização de processos a fim de se obter sistemas de qualidade confiáveis e eficientes, os laboratórios possuem um papel de grande importância. Existem hoje uma quantidade razoável de textos normativos direcionados especificamente a esses ambientes, e a importância desses textos se dá por diferentes motivos. Entre eles podemos citar o fato de que é através de resultados laboratoriais que muitos setores da indústria baseiam suas decisões, entre esses setores podemos citar a área médica, farmacêutica, química, petroquímica, siderurgia e automobilística. Se os laboratórios não forem capazes de gerar resultados confiáveis e precisos, o futuro e a segurança dos setores que dependem de seus serviços estarão seriamente comprometidos. A confiabilidade nos resultados analíticos é um dever de qualquer laboratório (pesquisa ou rotina), pois os efeitos desses resultados podem ser devastadores (OLIVARES, 2015). É com o intuito de ajudar os laboratórios a manterem seus processos de trabalho dentro de padrões internacionais de qualidade que existem normas específicas para eles, entre elas podemos citar a NBR ISO/IEC 17025, que estabelece os requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração. A importância desse estudo ultrapassa as fronteiras institucionais do IFCE, podendo se tornar um arcabouço apropriado para qualquer laboratório de metrologia, principalmente aqueles ligados a instituições de ensino, que tenha intenções similares com relação à norma em estudo. O objetivo final é conhecer, com o maior grau de precisão possível, quão adequado à norma em estudo está o sistema de gestão do laboratório de metrologia dimensional do Instituto Federal do Ceará. Defini-se como objetivos intermediários levantar, junto à norma, todos os requisitos definidos por ela e um levantamento abrangente sobre o atual sistema de gestão do laboratório em estudo. 2. Metodologia O trabalho, realizado dentro do laboratório de Metrologia Dimensional – LMD do departamento da Indústria do Instituto Federal do Ceará intenciona fornecer à gerência do espaço um conhecimento inicial sobre seu sistema de gestão atual e como esse sistema de gestão se adéqua à principal norma internacional relacionada às organizações que trabalham com serviços de ensaio e calibração, área em que atua o laboratório em questão. Através do conhecimento prévio sobre seu sistema de gestão e sobre quão próximo esse sistema está em relação à norma ISO/IEC 17025, a gerência do laboratório terá subsídios suficientes para tomar decisões assertivas no intuito de tornar seus processos mais compatíveis com padrões internacionais de qualidade, podendo obter junto ao INMETRO – Instituto Brasileiro de Metrologia, certificação que ateste sua competência técnica e gerencial de fornecer serviços de ensaio e calibração confiáveis e que atendem os mais rigorosos referenciais de qualidade. É importante ressaltar que o detalhamento deum sistema de gestão passa por etapas complexas e de extrema dificuldade. Devido a isso a pesquisa referente a este trabalho não teve como objetivo fornecer todas as informações sobre o sistema de gestão do Laboratório, tendo em vista a complexidade dessa tarefa. Pretende-se dar as primeiras informações para que a gerência tenha condições iniciais de elaborar um plano de desenvolvimento do seu sistema de gestão. A metodologia aplicada a este trabalho teve caráter bibliográfico, na qual as informações necessárias para atingir o objetivo final foram levantadas no texto da norma que é objeto de estudo e 5 em normas complementares da série ISO 9000. Em complemento à pesquisa bibliográfica foi feito um levantamento de campo junto às instalações do laboratório a fim de se conhecer seu sistema de gestão. A pesquisa foi feita em três momentos distintos, sendo eles: Primeiro momento – Levantamento bibliográfico dos requisitos contidos na norma: Nesta etapa foi feita uma análise criteriosa do texto da norma, apresentando como resultado todos os critérios técnicos e gerenciais nela contidos. Segundo momento – Pesquisa de campo no Laboratório de Metrologia Dimensional: Neste momento da pesquisa foram feitas algumas visitas ao ambiente físico do laboratório a fim de obter informações sobre seu sistema de gestão. Terceiro momento – Comparação entre os requisitos da norma e o sistema de gestão do laboratório: Aqui os resultados do primeiro e do segundo momento da pesquisa são comparados. As informações dessa etapa da pesquisa serão apresentadas em tabela na aba “Resultados” deste documento. Os textos que serão apresentados seguirão a ordem da pesquisa. 3. A Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025 A norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, que será mencionada nas sessões que seguem apenas como ISO 17025, teve sua primeira edição lançada em 2001. Os requisitos técnicos dessa primeira edição foram baseados nas normas ABNT ISO/IEC Guia 25 e EN 45001, aos quais ela substituiu. Essas duas normas tratavam de assuntos técnicos referentes às atividades de laboratórios. Os requistos de gestão dessa versão de 2001 da ISO 17025 tinham como referência as normas ABNT NBR ISO 9001:1994 e ABNT NBR ISO 9002:1994. Com a substituição dessas duas normas pela ABNT NBR ISO 9001:2000, uma segunda edição da ISO 17025 se tornou necessária, tendo sido lançada em 2005 e que serviu como base da pesquisa deste trabalho. O objetivo da norma é especificar os requisitos gerais para a competência de laboratórios em realizar ensaios e/ou calibrações, incluindo amostragem. A norma se aplica a todas as organizações que realizam ensaios e/ou calibração. Aplica-se a todos os laboratórios, independente do número de pessoas ou da extensão do escopo das atividades de ensaio e/ou calibração. Para que o laboratório se aplique aos objetivos da norma ele precisa realizar uma ou mais das atividades cobertas por ela, tais como amostragem e projeto/desenvolvimento de novos métodos. Ela deve ser utilizada por laboratórios no desenvolvimento do seu sistema de gestão para a Qualidade, operações técnicas e administrativas (ver figura 02). É importante ressaltar que a norma não cobre requisitos regulamentares e de segurança sobre a operação de laboratórios. Os laboratórios de calibração e ensaio que atenderem aos requisitos da ISO 17025 operarão um sistema de gestão da qualidade para as suas atividades de ensaio e calibração que também atende aos princípios da ABNT ISO 9001. Figura 02 – Sistema de Gestão proposto pela ISO 17025 Fonte: Autor 6 4.6 - Aquisição de serviços e suprimentos 4.9 - Controle de trabalhos de ensaio e/ou calibrações não conforme 4.8 - Reclamações 4.7 - Atendimento ao clientes 4.5 - Subcontratação de ensaios de calibrações CRITÉRIOS DA DIREÇÃO - TÓPICOS Tópico Resumo Fornece normas gerais para a organização do pessoal e administrativa do laboratório Estabelece regras gerais para o laboratório realizar sub-contratação de ensaios e/ou calibrações 4.4 - Análise crítica de pedidos, propostas e contratos 4.3 - Controle de documentos 4.2 - Sistema de Gestão 4.1 - Organização Normaliza os procedimentos de análise de pedidos, propostas e contratos de trabalho do laboratório Estabelece princípios gerais para emissão, armazenamento e controle de documentos Fixa princípios gerais para o sistema de gestão integrado e para o sistema de gestão da qualidade 4.15 - Análise crítica pela direção Estabelece ações para o controle de trabalhos que não atendem aos padrões estabelecidos pelas políticas do laboratório Afirma que o laboratório deve manter um política e procedimento para lidar com reclamações recebidas de clientes Fixa procedimentos gerais para o atendimento aos clientes do laboratório Provê requisitos gerais para a contratação de serviços, compra de suprimentos e seleção de fornecedores Estabelece que a alta Direção deve realizar análises críticas do sistema de gestão periodicamente, e fornece critérios para essa análise Provê regras gerais para os procedimentos de auditoria interna no sistema de gestão Fixa princípios para o preenchimento, identificação, coleta e armazenagem de registros de ensaio Estabelece que deve existir procedimentos para ações que previnam a ocorrência de não conformidades 4.10 - Melhoria Fornece princípios de ação frente à desvios nas operações técnicas ou nos procedimentos do sistema de gestão Normaliza uma postura de melhoria contínua da eficácia do sistema de gestão do laboratório 4.14 - Auditorias internas 4.13 - Controle de registros 4.12 - Ação preventiva 4.11 - Ação corretiva O texto da norma se divide em duas sessões principais, que são os requistos da direção e os requisitos técnicos. 3.1 Requisitos da Direção Composto por 15 tópicos (ou itens), cada um com seus respectivos subitens, que abrangem diferentes assuntos relacionados à gestão, qualidade e trabalhos administrativos, os requisitos da Direção estabelecidos aqui são baseados na ISO 9001:2000. A tabela 02 traz um resumo de cada um dos tópicos tratados. Posteriormente será abordado de forma mais detalhada aqueles tópicos considerados mais pertinentes. Tabela 02 – Resumo dos tópicos abordados em Requisitos da Direção. Fonte: Autor 3.1.1 Organização A organização deve ser legalmente responsável com relação às possíveis licenças necessárias para seu funcionamento. É mandatório que o laboratório regido pela ISO 17025 tenha pessoal gerencial e técnico com competência e os recursos necessários para desempenhar as tarefas, que incluem também implementação, manutenção e melhoria do sistema de gestão. Essa equipe precisa também identificar a ocorrência de desvios do sistema de gestão ou dos 7 procedimentos para a realização dos trabalhos técnicos. O laboratório precisa garantir que sua equipe esteja livre de pressão e influências indevidas, sejam elas comerciais, financeiras ou de qualquer natureza, interna ou externa, que possam afetar a qualidade dos seus trabalhos. O laboratório precisa também definir sua estrutura organizacional e gerencial e as relações entre a gestão da Qualidade, operações técnicas e serviços de apoio. É necessário especificar a responsabilidade e a autoridade de toda a equipe que gerencia, realiza ou verifica trabalhos que afetam a qualidade dos ensaios e/ou calibrações. A supervisão da área técnica que realizam esses ensaios e/ou calibrações precisa ser adequada, inclusive daqueles em treinamento, e precisa ser realizada por pessoal qualificado que tenha conhecimento dos métodos e procedimentos, com a finalidade de cada ensaio e/ucalibração e com a avaliação dos resultados. O laboratório precisa ter gerência técnica, responsável por todas as operações técnicas, e uma gerência da qualidade, responsável por assegurar que o sistema de gestão da qualidade seja implementado e seguido permanentemente. É importante ressaltar que esse gerente da qualidade precisa ter acesso direto à alta direção, onde são tomadas as decisões sobre as políticas e/ou recursos do laboratório. 3.1.2 Sistema de gestão e gestão da qualidade Um dos pontos de maior abrangência para as operações é o requisito estabelecido de que a organização que deseja ter seus procedimentos de acordo com o que é definido pela ISO 17025 precisa estabelecer, implementar e manter um sistema de gestão apropriado ao escopo das suas atividades. O laboratório deve documentar suas políticas, sistemas, programas, procedimentos e instruções. A documentação do sistema deve ser comunicada, compreendida, estar disponível e ser implementada pelo pessoal apropriado. As políticas do sistema de gestão do laboratório relativas à qualidade devem ser definidas num manual da qualidade. Ele deve conter o propósito do sistema de gestão com respeito à qualidade, um requisito de que todo o pessoal envolvido nas atividades de ensaio e calibração abrangidos pelo laboratório deve estar familiarizado com a documentação da qualidade e implemente as políticas e os procedimentos nos seus trabalhos, o comprometimento da direção do laboratório com a conformidade à norma e com a melhoria contínua da eficácia do sistema de gestão e as atribuições e responsabilidades da gerência técnica e do gerente da qualidade, incluindo suas responsabilidades por assegurar a conformidade com a norma ISO 17025. 3.1.3 Controle de documentos e registros O laboratório deve estabelecer e manter procedimentos para controlar todos os documentos que fazem parte do seu sistema de gestão, devendo haver procedimentos também para identificar, coletar, indexar, acessar, arquivar, manter e dispor os registros técnicos e da qualidade. Todos os documentos emitidos para o pessoal do laboratório como parte do sistema de gestão devem ser analisados criticamente e aprovados para uso por pessoal autorizado, antes de serem emitidos. Todos os registros devem ser mantidos seguros e com confidencialidade. O laboratório deve preservar também, por período definido, uma cópia de cada relatório de ensaio ou certificado de calibração emitido. 3.1.4 Aquisição de suprimentos O laboratório deve ter uma política e procedimento para a seleção e compra de serviços e suprimentos utilizados que afetam a qualidade dos ensaios e/ou calibrações. Devem existir procedimentos para a compra, recebimento e armazenamento de reagentes e materiais de consumo do laboratório que sejam importantes para o ensaio e as calibrações. O laboratório deve avaliar também os fornecedores dos materiais de consumo, suprimentos e serviços críticos que afetem a qualidade dos trabalhos, e deve manter registros dessas avaliações e listar os que foram aprovados. 8 3.1.5 Controle de trabalhos não conformes O laboratório deve ter uma política e procedimentos que devem ser implementados quando qualquer aspecto do seu trabalho de ensaio e/ou calibração, ou o resultado deste trabalho, não estiverem em conformidade com seus próprios procedimentos. Onde a avaliação indicar que o trabalho não conforme pode se repetir ou que existe dúvida sobre a conformidade das operações do laboratório com suas próprias políticas e procedimentos, ações corretivas devem ser seguidas imediatamente. 3.1.6 Ações corretiva e preventiva A ISO 17025 estabelece princípios específicos para os laboratórios agirem frente a ações não conforme. Entre esses princípios está o de que o laboratório deve estabelecer uma política e um procedimento e deve designar autoridades apropriadas para implementar ações corretivas quando forem identificados trabalhos não conformes ou desvios das políticas e procedimentos no sistema de gestão ou nas operações técnicas. O procedimento para a ação corretiva deve iniciar com uma investigação para a identificação da(s) causa(s) raiz do problema. Vale pontuar que a ação corretiva deve também prevenir a reincidência do problema, e que deve haver um monitoramento dos resultados para garantir que as ações corretivas tomadas sejam eficazes. A norma estabelece também que as melhorias necessárias devem ser identificadas, assim como as potenciais fontes de não conformidade, sejam técnicas ou referentes ao sistema de gestão. É importante observar que a norma define ação preventiva como um processo pró-ativo para a identificação de oportunidades de melhoria, e não uma reação à identificação de problemas ou reclamações. 3.1.7 Auditorias internas Procedimentos de auditoria em sistemas e processos são de extrema relevância em organizações que desejam manter seus padrões de acordo com aquilo que foi previamente estabelecido. Com intuito de ajudar os laboratórios a permanecerem com um sistema de gestão adequado, a norma ISO 17025 estabelece que deva haver, periodicamente e de acordo com um cronograma e um procedimento pré-determinados, auditorias internas das atividades. O programa de auditoria interna deve cobrir tanto os elementos da área de gestão quanto da área técnica, incluindo as atividades de ensaio e/ou calibração. As constatações da auditoria devem ser registradas e as ações corretivas dela decorrentes. As atividades de acompanhamento da auditoria devem verificar e registrar a implementação e a eficácia das ações corretivas tomadas. 3.1.8 Análise crítica pela Direção A ISO 17025 estabelece em várias das suas sessões que a gerência do laboratório deve estar envolvida em todos os procedimentos realizados no mesmo, procedimentos que podem ser de planejamento, controle ou execução. Ela estabelece também que a alta direção deve, de acordo com um cronograma e um procedimento pré-determinado, realizar periodicamente uma análise crítica do sistema de gestão do laboratório e das atividades de ensaio e/ou calibração, para assegurar sua contínua adequação e eficácia, e para introduzir mudanças ou melhorias necessárias. Essa análise crítica deve considerar, entre outros pontos, a adequação das políticas e procedimentos, o resultado de auditorias internas recentes, ações corretivas e preventivas e recomendações para melhoria. 3.2 Requisitos técnicos Aqui são estabelecidos os diversos critérios técnicos para que o laboratório garanta que os seus resultados de análise sejam corretos e confiáveis. 9 Composta por 10 tópicos (ou itens), cada um com seus respectivos subitens, essa sessão trata de pontos que tenham impacto direto nos resultados de ensaios e/ou calibrações realizados pelo laboratório. Entre os assuntos tratados aqui podemos citar qualificação técnica da equipe, instalações, rastreabilidade de medição e equipamentos. A tabela 03 traz todos os tópicos tratados nessa sessão. Aqueles considerados mais pertinentes ao escopo deste trabalho serão abordados com uma maior riqueza de detalhes posteriormente. Tabela 03 – Resumo dos tópicos abordados em Requisitos Técnicos Fonte: Autor 3.2.1 – Generalidades A ISO 17025 afirma que são diversos os fatores que determinam a correção e a confiabilidade dos ensaios e/ou calibrações realizados pelo laboratório, como ilustra a figura 03. Dentre esses fatores podemos citar aqueles relacionados ao pessoal, fatores de acomodações e condições ambientais, métodos de ensaio e calibração e validação de métodos, equipamentos, rastreabilidade da medição, entre outros. A extensãona qual esses fatores contribuem para a incerteza total da medição difere entre tipos de ensaio e entre tipos de calibração. Devido a isso o laboratório deve levar em conta seus diferentes tipos de ensaio e calibração para uma correta previsão de como cada um desses fatores influenciará nos resultados dos seus trabalhos. 5.2 - Pessoal Provê requisitos técnicos gerais para o pessoal ligado às ativides de ensaio e/ou calibração. REQUISITOS TÉCNICOS - TÓPICOS Tópico Resumo 5.1 - Generalidades Estabelece fatores gerais que determinam a confiabilidade técnica dos ensaios e/ou calibrações. 5.3 - Acomodações e condições ambientais Determina condições gerais para as instalações onde são realizados ensaios e/ou calibrações, e fixa cuidados com as condições ambientais. 5.4 - Métodos de ensaio e calibração e validação de métodos Fixa regras para os procedimentos de ensaio e calibração e estabelece princípios para a definição dos parâmetros de incerteza das medições 5.5 - Equipamentos Estabelece requisitos gerais para os equipamentos usados nos trabalhos de ensaio e/ou calibração 5.9 - Garantia da qualidade de resultados de ensaio e calibração Estabelece que o laboratório tenha procedimentos de controle de qualidade p/ monitorar a validades dos ensaios, e fixa critérios para esse monitoramento 5.10 - Apresentação de resultados Provê requisitos para a emissão de resultados de ensaio e calibração 5.6 - Rastreabilidade de medição Determina ações de calibração e padrões de referência de medição que devem ser mantidos pelo laboratório a fim de garantir a correta calibração dos instrumentos 5.7 - Amostragem Fixa princípios gerais para os procedimentos de amostragem 5.8 - Manuseio de itens de ensaio e calibração Determina que o laboratório precisa ter procedimentos para o transporte de itens de ensaio e calibração, e estabelece outros cuidados sobre esse itens. 10 3.2.1 Pessoal A direção do laboratório deve assegurar a competência de todos os que operam equipamentos específicos, realizam ensaios e/ou calibrações, avaliam resultados e assinam relatórios de ensaio e certificados de calibração. A direção deve estabelecer também as metas referentes à formação, treinamento e habilidades da equipe do laboratório. Devem existir uma política e procedimentos para identificar as necessidades de treinamento e proporcioná-las ao pessoal. É mandatório também que o laboratório utilize pessoal que seja empregado ou contratado por ele. Onde for utilizado pessoal técnico e pessoal chave de apoio, adicional ou contratado, o laboratório deve assegurar que estes sejam supervisionados e competentes, e que trabalhem de acordo com o seu sistema de gestão. Deve haver descrições das funções de todas as pessoas, seja gerencial, técnico ou pessoal chave de apoio, envolvidas em ensaios e calibrações. 3.2.3 Acomodações e condições ambientais As instalações do laboratório para ensaios e/ou calibração, incluindo mas não se limitando a fontes de energia, iluminação e condições ambientais, devem ser tais que facilitem a realização correta dos ensaios e/ou calibrações. O laboratório deve assegurar que as condições ambientais não invalidem os resultados ou afetem adversamente a qualidade requerida de qualquer medição. Devem ser tomados cuidados especiais quando são realizados amostragem, ensaios e/ou calibração em locais diferentes das instalações permanentes do laboratório. O acesso e o uso das áreas que afetam a qualidade dos ensaios e/ou calibrações devem ser controlados e devem ser tomadas medidas que assegurem uma boa limpeza e arrumação no laboratório. 3.2.4 Métodos de ensaio e calibração e validação de métodos O laboratório deve utilizar métodos e procedimentos apropriados para todos os ensaios e/ou calibrações dentro do seu escopo. Estes incluem amostragem, manuseio, transporte, armazenamento e preparação dos itens a serem ensaiados e/ou calibrados e, onde apropriado, uma estimativa da incerteza de medição, bem como as técnicas estatísticas para análise dos dados de ensaio e/ou calibração. A introdução de métodos de ensaio e calibração desenvolvidos pelo laboratório para uso próprio deve ser uma atividade planejada e deve ser designada a pessoal qualificado e equipado com recursos adequados. Figura 03 – Fatores que influenciam a confiabilidade técnica Fonte: Adaptado de Müller e Diniz, 2007 11 Com o objetivo de confirmar que os métodos são apropriados para o uso pretendido, o laboratório deve validar os métodos não normalizados, métodos criados/desenvolvidos pelo próprio laboratório e métodos normalizados usados fora dos escopos para os quais foram concedidos. A ISO 17025 define validação como a confirmação por exame e fornecimento de evidência objetiva de que os requisitos específicos para um determinado uso pretendido são atendidos. Além de disso, um laboratório de calibração ou um laboratório de ensaio que realiza suas próprias calibrações deve ter e deve aplicar um procedimento para estimar a incerteza de medição de todas as calibrações e tipos de calibrações. Nos casos em que a natureza do método de ensaio impede o cálculo rigoroso, metrológico e estatisticamente válido da incerteza de medição, o laboratório deve pelo menos tentar identificar todos os componentes de incerteza e fazer uma estimativa razoável. Quando são utilizados computadores ou equipamento automatizado para aquisição, processamento, registro, relato, armazenamento ou recuperação de dados de ensaio ou calibração, o laboratório deve assegurar que o software de computador desenvolvido pelo usuário esteja documentado em detalhes, que sejam estabelecidos e implementados procedimentos para a proteção dos dados e que os computadores e equipamentos automatizados sejam conservados. 3.2.5 Equipamentos O laboratório deve ser aparelhado com todos os equipamentos para amostagem, medição e ensaio requeridos para o desempenho correto dos ensaios e/ou calibrações. Esses equipamentos devem ser operados por pessoal autorizado. Instruções atualizadas sobre o uso e manutenção do equipamento devem estar prontamente disponíveis para uso pelo pessoal apropriado do laboratório. Sempre que for praticável, todo o equipamento sob controle do laboratório que necessitar de calibração deve ser etiquetado, codificado ou identificado de alguma outra forma, para indicar a situação de calibração. Os equipamentos de ensaio e calibração, incluindo tanto hardware como software, devem ser protegidos contra ajustes que invalidariam os resultados dos ensaios e/ou calibrações. 3.2.6 Rastreabilidade de medição Todo equipamento utilizado em ensaios e/ou calibrações, incluindo os equipamentos para medições auxiliares, que tenha efeito significativo sobre a exatidão ou validade do resultado do ensaio, calibração ou amostragem, deve ser calibrado antes de entrar em serviço. O laboratório deve estabelecer um programa e procedimento para a calibração dos seus equipamentos. Para laboratórios de calibração, o programa de calibração do equipamento deve ser projetado e operado de forma que assegure que as calibrações e medições feitas pelo laboratório sejam rastreáveis ao Sistema Internacional de Unidades (SI). Existem certas calibrações que atualmente não podem ser estritamente realizadas nas unidades do SI. Nesses casos, a calibração deve fornecer confiança nas medições pelo estabelecimento da rastreabilidade a padrões apropriados. O laboratório deve ter um programa e procedimento para a calibração dos seus padrões de referência. Tais padrões dereferência de medição mantidos pelo laboratório devem ser utilizados somente para a calibração e não para outras finalidades, a não ser que o laboratório possa demonstrar que seu desempenho como padrão de referência não seria invalidado. Esses materiais de referência devem, sempre que possível, ser rastreáveis às unidades de medida SI, ou a materiais de referência certificados. 3.2.7 Amostragem O laboratório deve ter um plano e procedimentos para amostragem, quando ele realiza amostragem de substâncias, materiais ou produtos para ensaio ou calibração subsequente. Os planos de amostragem devem, sempre que viável, ser baseados em métodos estatísticos 12 apropriados. O processo de amostragem deve abranger os fatores a serem controlados, de forma a assegurar a validade dos resultados do ensaio e calibração. Vale ressaltar que a ISO 17025 define amostragem como um procedimento definido, pelo qual uma parte de uma substância, material ou produto é retirada para produzir uma amostra representativa do todo, para ensaio ou calibração. 3.2.8 Manuseio de itens de ensaio e calibração O laboratório deve ter procedimentos para o transporte, recebimento, manuseio, proteção, armazenamento, retenção e/o remoção dos itens de ensaio e/ou calibração, incluindo todas as providências necessárias para a proteção da integridade do item de ensaio ou calibração e para a proteção dos interesses do laboratório e do cliente. O laboratório deve ter procedimentos e instalações adequadas para evitar deterioração, perda ou dano no item de ensaio ou calibração durante o armazenamento, manuseio e preparação. 3.2.9 Garantia da qualidade de resultados de ensaio e calibração O laboratório deve ter procedimentos de controle da qualidade para monitorar a validade dos ensaios e calibrações realizados. Este monitoramento deve ser planejado e analisado criticamente e pode incluir o uso regular de materiais de referência certificados e/ou controle e ensaios ou calibrações replicados. Os dados do controle de qualidade devem ser analisados e, quando estiverem foram dos critérios pré-definidos, deve ser tomada ação planejada para corrigir o problema e evitar que resultados incorretos sejam relatados. 3.2.10 Apresentação de resultados Os resultados de cada ensaio, calibração, ou séries de ensaios ou calibrações realizados pelo laboratório devem ser relatados com exatidão, clareza, objetividade, sem ambiguidade e de acordo com quaisquer instruções específicas nos métodos em ensaio ou calibração. Esses resultados devem ser relatados, normalmente, num relatório de ensaio ou num certificado de calibração, e devem incluir toda a informação solicitada pelo cliente e necessária à interpretação dos resultados do ensaio ou calibração. Cada relatório de ensaio ou certificado de calibração deve incluir pelo menos as seguintes informações: i. Um título (por exemplo: “Relatório de ensaio” ou “Certificado de calibração”); ii. Nome e endereço do laboratório e o local onde os ensaios e/ou calibrações foram realizados, se diferentes do endereço do laboratório; iii. Identificação inequívoca do relatório de ensaio ou certificado (tal como número de série); iv. Nome e endereço do cliente; v. Identificação do método utilizado; vi. Uma descrição, condição e identificação não ambígua, do(s) item(s) ensaiado(s) ou calibrado(s); vii. Data do recebimento do(s) item(s) de ensaio ou calibração, quando isso for critico para a validade e aplicação dos resultados; viii. Referência ao plano e procedimentos de amostragem utilizados pelo laboratório ou por outros organismos; ix. Resultados do ensaio ou calibração com as unidades de medida, onde apropriado; x. Nome(s), função(ões) e assinatura(s) ou identificação equivalente da(s) pessoa(s) autorizada(s) para a emissão do relatório de ensaio ou do certificado de calibração; 13 xi. Onde pertinente, uma declaração de que os resultados se referem somente aos itens ensaiados ou calibrados. Outros itens podem ser incluídos, dependendo do tipo de documento emitido (se relatório de ensaio ou certificado de calibração) e da natureza do material analisado. Esses outros itens são definidos em outras partes da norma. O formato deve ser projetado de modo a atender a cada tipo de ensaio e calibração realizada e para minimizar a possibilidade de equívoco ou uso incorreto. 4. Sistema de gestão do Laboratório de Metrologia Dimensional do IFCE Definir o sistema de gestão de qualquer organização, com todos os seus pontos e particularidades, é uma tarefa extremante complexa e difícil. É necessário conhecer com clareza a estrutura interna e externa da organização, sua missão, visão e valores, os domínios de sua influência e seu quadro de pessoal. Devido a isso é importante dizer que esta etapa da pesquisa não pretendeu fechar todo o assunto com relação ao sistema de gestão do laboratório em estudo. A intenção é fornecer as primeiras informações sobre o sistema gerencial do laboratório, principalmente o sistema de gestão da qualidade, a fim de se comparar com os requisitos estabelecidos na norma ISO 17025. O laboratório de metrologia dimensional do Instituto Federal do Ceará é o local onde são realizadas as aulas práticas e teóricas das áreas de metrologia dos cursos do departamento da Indústria desde mesmo instituto. Para isso o laboratório dispõe de um espaço com quatro ambientes diferentes, como ilustra a Figura 04. Figura 04 – Layout do Laboratório de Metrologia Dimensional do IFCE Fonte: BENEVIDES, Thiago. 2017 O laboratório possui uma estrutura de pessoal enxuta, composta por um professor, que responde pela coordenação do espaço, três bolsistas e três voluntários, todos estudantes dos cursos da área da indústria do IFCE. Esses bolsistas e voluntários compõem três equipes distintas, cada uma com um bolsista e um voluntário. Essas três equipes são responsáveis por dar suporte as atividades do laboratório, cada uma cobrindo um turno diferente do dia, manhã, tarde e noite. A missão do laboratório é ser um espaço de excelência no ensino e aprendizado de metrologia para as centenas de alunos dos cursos da área da Indústria do IFCE. Atividades de pesquisa na área de calibração, metrologia e qualidade também são realizadas ali. Ao longo de cada semestre letivo são ministradas aulas práticas e teóricas na área de metrologia e calibração. Durante as aulas práticas os estudantes têm a oportunidade de conhecer e utilizar os principais instrumentos de medição presentes na indústria atualmente, dentre esses instrumentos podemos citar o paquímetro e micrômetro, instrumentos de grande importância para toda atividade que demande algum tipo de medição. Ao longo do ano de 2017 o espaço do laboratório serviu de objeto de pesquisa para estudantes da disciplina de Gestão da Qualidade do curso de Eng. Mecatrônica do IFCE. O objetivo 14 da pesquisa era desenvolver, estruturar e aplicar um Sistema de Gestão da Qualidade – SGQ, que fosse adequado à realidade física e humana do LMD. Durante a pesquisa foram feitas algumas intervenções físicas no ambiente do laboratório. O resultado dessa pesquisa foi o início do primeiro sistema de gestão da qualidade do laboratório em estudo. Esse sistema inicial, que é o atual SGQ do LMD, não cobre todos os processos existentes, principalmente os processos relacionados às atividades de ensaio e calibração e alguns processos de cunho administrativo, necessitando passar por auditorias internas a fim de se constatar sua abrangência quanto às atividades realizadas no LMD. As fotosabaixo ilustram alguns dos pontos de abrangência do atual SGQ existente. Dentre esses pontos os de maior relevância são aqueles relacionados à organização e armazenagem de documentos e a adequação do espaço físico dos diversos ambientes do LMD. Figura 05 – Sistema de armazenagem de documentos do laboratório Figura 06 – Classificação das pastas do sistema de armazenagem de documentos 15 Figura 07 – Sistema de armazenagem de documentos Figura 08 – Sistema de armazenagem de instrumentos Figura 09 – Mapa de risco do Laboratório 16 Figura 10 – Sala da coordenação Figura 11 - Sala da máquina de medir por coordenadas Figura 12 – Sala de aula 17 Sistema de Classificação Nível de conformidade com a normaGrau Não conforme, com identificação de melhoria Não conforme 03 Conforme 02 01 Figura 13 – Sala de medições Apesar do modelo inicial do SGQ desenvolvido no laboratório não cobrir todos os processos, ele serve de forma adequada como base para um Sistema de Gestão da Qualidade estruturado e formalizado, necessitando apenas de uma reformulação e um comprometimento maior da equipe do laboratório quanto à importância e relevância de um bom SGQ. 5. Resultados e discussões Feita as análises, tanto do texto normativo contido na ISO 17025 como do sistema de gestão do laboratório, em especial seu sistema de gestão da qualidade, foi elaborada uma tabela comparativa entre os requisitos estabelecidos na norma e o sistema gerencial do LMD. Para esse processo de comparação usou-se como critério aquilo que é estabelecido no texto normativo contido na norma ISO 19011:2002 - Diretrizes para auditorias de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental. A norma ISO 19011 estabelece na sua sessão 6.5.5 que as constatações de auditorias devem indicar conformidade ou não conformidade com o critério de auditoria, e que essas constatações podem identificar oportunidades para melhoria. De acordo com esse critério definiu-se então três graus diferentes de adequação, no intuito de facilitar o processo de comparação. Esses três níveis são: 01 - não conforme, 02 - não conforme com identificação de melhoria e 03 – conforme. A tabela 04 traz um resumo desse sistema de classificação baseado na ISO 19011. A diferença entre os graus 01 e 02 é que o grau 02 expressa um atributo que já vem sendo desenvolvido pela equipe do laboratório, enquanto que um quesito classificado como grau 01 está totalmente em desacordo com o texto da ISO 17025. Para cada requisito da norma foi dado uma classificação diferente de conformidade do sistema de gestão do LMD, com base naquilo que é definido no texto da ISO 19011. Tabela 04 – Sistema de classificação usado para comparar o texto da ISO 17025 com o sistema de gestão do LMD 18 02 02 4.15 - Análise crítica pela direção Grau de conformidade com a ISO 17025* TABELA COMPARATIVA - CRITÉRIOS DA DIREÇÃO 01 01 02 02 02 01 01 Não aplicável Não aplicável 01 Não aplicável Não aplicável 02 4.10 - Melhoria 4.11 - Ação corretiva 4.12 - Ação preventiva 4.13 - Controle de registros 4.14 - Auditorias internas Tópico 4.1 - Organização 4.2 - Sistema de Gestão 4.3 - Controle de documentos 4.4 - Análise crítica de pedidos, propostas e contratos 4.5 - Subcontratação de ensaios e calibrações 4.6 - Aquisição de serviços e suprimentos 4.7 - Atendimento ao cliente 4.8 - Reclamações 4.9 - Controle de trabalhos não conforme Como resultados foram geradas duas tabelas de comparação entre os requisitos da ISO 17025 e o sistema de gestão do LMD. As tabelas são mostradas a seguir, uma para os requisitos da Direção (Tabela 05) e outra para os Requisitos Técnicos (Tabela 06). Os itens 4.4, 4.5, 4.7 e 4.8 dos requistos da direção foram classificados como não aplicáveis, tendo em vista que esses tópicos tratam de assuntos relacionados a laboratórios que prestam serviços privados de ensaio e calibração, atividade que, nesse primeiro momento de adequação, não condiz com a realidade do Laboratório de Metrologia Dimensional do IFCE. Tabela 05 – Comparação entre os requisitos da direção da ISO 17025 e o sistema de gestão do LMD *Classificação feita com base na norma ISO 19011:2002 (ver Tabela 04) É importante ressaltar que os itens 4.3 e 4.13, Controle de documentos e Controle de registros, respectivamente, foram os que mais se aproximaram em estar de acordo com a ISO 17025. Esses pontos, no entanto, estão relacionados às políticas do laboratório no que concerne à armazenagem de documentos, não tratando se o laboratório possui ou não todos os documentos relacionados a seu sistema de gestão. É necessário então uma especial atenção a esses tópicos à medida que o laboratório criar os documentos relacionados ao seu sistema de gestão, porque com o 19 01 01 01 5.9 - Garantia da qualidade de resultados de ensaio e calibração 5.10 - Apresentação de resultados Grau de conformidade com a ISO 17025* Não aplicável 02 02 01 02 015.4 - Métodos de ensaio e calibração e validação de métodos 5.5 - Equipamentos 5.6 - Rastreabilidade de medição 5.7 - Amostragem 5.8 - Manuseio de itens de ensaio e calibração 5.1 - Generalidades 5.2 - Pessoal 02 5.3 - Acomodações e condições ambientais TABELA COMPARATIVA - REQUISITOS TÉCNICOS Tópico aumento de volume de documentos será necessário um sistema mais rigoroso e preciso para o respectivo controle desses documentos. Tabela 06 - Comparação entre os requisitos técnicos da ISO 17025 e o sistema de gestão do LMD *Classificação feita com base na norma ISO 19011:2002 (ver Tabela 04) O item 5.1 foi classificado como não aplicável porque ele trata de generalidades sobre os fatores técnicos que comprometem o resultado de um ensaio e/ou calibração, não possuindo nenhum parágrafo normativo propriamente dito. Os demais itens foram classificados de acordo com a realidade encontrada no laboratório em estudo. Os gráficos 01 e 02 mostrados a seguir ilustram com mais clareza a real situação do sistema de gestão do laboratório em estudo com os requisitos estabelecidos na ISO 17025. Para os dois gráficos os valores foram calculados apenas com relação à quantidade de itens que são aplicáveis ao escopo de atividades do LMD. Tanto para os requisitos da direção como para os requisitos técnicos não foram encontrados pontos com grau de conformidade 03. Gráfico 01 – Porcentagem dos requisitos da direção em conformidade com a norma ISO 17025 45% 55% Requisitos da Direção Porcent. de itens do laboratório com grau de conformidade 01 Porcent. de itens do laboratório com grau de conformidade 02 Porcent. de itens do laboratório com grau de conformidade 03 20 Gráfico 02 – Porcentagem dos requisitos técnicos em conformidade com a norma ISO 17025 Vale ressaltar que o número de subitens para cada item da norma não é o mesmo, o que implica que alguns itens, como o item 4.2 – Sistema de Gestão e o item 5.4 – Métodos de ensaio ecalibração e validação de métodos, possuem uma quantidade maior de princípios normativos. 6. Conclusão A partir dos resultados mostrados pode-se concluir que o Laboratório de Metrologia Dimensional do Departamento da Indústria do IFCE possui um sistema de gestão ainda em desenvolvimento, carecendo de políticas de gestão e qualidade, além de procedimentos operacionais, tanto administrativos quanto técnicos, estruturados e protocolados. É importante ressaltar a capacidade constatada de o laboratório em estudo se tornar um padrão de referência em calibração e medição. Foi verificado durante a pesquisa que o ambiente físico do LMD, seu pessoal técnico e seus equipamentos não estão distantes daquilo que é estabelecido como padrão pelo texto normativo da ISO 17025. Faz-se necessário apenas uma adequada estruturação de gestão técnica e administrativa. Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, que tem me sustentado ao longo dos anos e a quem atribuo o pouco conhecimento que tenho sobre a vida e a realidade das coisas. Aos meus pais e família, por todo o amor e apoio, sem eles eu não conseguiria ter chegado até aqui. À querida amiga e auditora interna da norma em estudo, Mayara Povoa. Sua paciência em tirar minhas dúvidas e sua disponibilidade em corrigir partes desta obra foi de grande importância para o resultado final. Ao Prof. Rilke Linhares, coordenador do Laboratório de Metrologia Dimensional do IFCE e orientador desta pesquisa, por sua abertura e disponibilidade. Ao Instituto Federal do Ceará, por mais essa oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Aos amigos Elias e Joemy, pelo incentivo para a elaboração desse trabalho, e a todos os outros que de alguma forma me ajudaram na concretização desta tarefa, muito obrigado! 56% 44% Requisitos Técnicos Porcent. de itens do laboratório com grau de conformidade 01 Porcent. de itens do laboratório com grau de conformidade 02 Porcent. de itens do laboratório com grau de conformidade 03 21 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO/IEC 17025: Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração. ABNT, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9001:2000: Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos. ABNT, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 19011:2002 - Diretrizes para auditorias de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental. ABNT, 2002. BENEVIDES, Thiago. Relatório Final de Estágio Curricular (Bach. Eng. Mecatrônica). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, 2017. CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle da Qualidade Total (no estilo Japonês). Belo Horizonte, MG: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1999. CARVALHO, Marly Monteiro de (Coordenadora). Gestão da Qualidade: Teoria e casos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier. ABEPRO, 2012. CERQUEIRA, Jorge Pereira de. Sistemas de Gestão Integrados: ISO 9001, ISO 14001, NBR 16001, OHSAS 18001, SA 8000: Conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. PIRATELLI FILHO, Antonio. Acreditação do Laboratório de Metrologia Dimensional da Universidade de Brasília, Região Centro-Oeste do Brasil. Revista Produção Online, v. 11, n. 1, p. 96- 115, março 2011. MARTINS, R. A.; COSTA NETO, P. L. D. O. Indicadores de Desempenho para a Gestão pela Qualidade Total. Gestão & Produção, v. 5, n. 3, p. 298-311, dezembro 1998. MÜLLER, Gabriela.; DINIZ, Alberto C. G. C. Entendendo a Norma ABNT ISO/IEC 17025:2005. XIV Congresso Nacional de Estudantes de Engenharia Mecânica. 2007 OLIVARES, I.R.B. Gestão da Qualidade em laboratórios. 3. Ed. Campinas: Átomo, 2015. OLIVEIRA, Saulo Barbará de (Organizador). Gestão por processos: Fundamentos, técnicas e modelos de implementação: foco no sistema de gestão da qualidade com base na ISO 9000:2000. 2. Ed. Rio de Janeito: Qualitymark, 2014. SANTOS, Lucas de Oliveira. Acreditação de laboratórios de ensaio de acordo com os requisitos da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025. Trabalho de diplomação em Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. VIM: Portaria INMETRO n° 29 de 10 de março de 1995 – Vocabulário Internacional de termos fundamentais e gerais de metrologia, emitido por BIPM, IEC, IFCC, ISO, IUPAC, IUPAP e OIML
Compartilhar