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Química antineoplásica 1

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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de Quimioterápicos 
e Antineoplásicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
 
2 
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Curso de Quimioterápicos 
e Antineoplásicos 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
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SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
Câncer: Introdução à Oncologia 
1. Biologia do Câncer 
2. Carcinogênese 
3. Diagnóstico e Estadiamento 
4. Metástases 
5. Principais Modalidades de Tratamento 
6. Síndromes Paraneoplásicas 
7. Síndrome da Veia Cava Superior 
8. Compressão Medular 
9. Hipercalcemia 
10. Síndrome de Lise Tumoral 
11. Trombose 
12. Carcinoma de Pulmão 
13. Carcinoma Colorretal 
14. Carcinoma de Mama 
15. Carcinoma de Ovário 
16. Carcinoma de Endométrio 
17. Carcinoma de Testículos 
18. Carcinoma de Próstata 
19. Carcinoma Renal 
20. Doença de Hodgkin 
21. Linfomas 
22. Leucemias Agudas 
23. Leucemias Crônicas 
24. Carcinoma de Estômago 
25. Tumores Ósseos 
26. Carcinoma de Pâncreas 
27. Câncer de Esôfago 
 
 
 
 
 
4 
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28. Câncer de Colo Uterino 
29. Câncer de Bexiga 
30. Câncer de Pele 
31. Câncer de Laringe 
 
MÓDULO II 
Preparo de Quimioterapia 
1. Introdução 
2. Implantação de uma Central de Quimioterapia 
3. Atuação da Equipe Multidisciplinar na Central de Quimioterapia 
4. Rotina na Central de Preparo de Antineoplásicos 
5. Biossegurança na Central de Quimioterapia 
6. Prevenção de Erros 
7. Documentação 
8. Conclusão 
 
MÓDULO III 
Administração dos Antineoplásicos 
1. Introdução 
2. Vias de Administração 
3. Extravasamento de Quimioterápicos 
4. Uso de Cateteres 
5. Sistemas de Administração 
6. Prevenção de Erros na Administração 
 
MÓDULO IV 
Drogas Antineoplásicas 
1. Mecanismo de Ação 
2. Resistência aos Antineoplásicos 
3. Classe de Antineoplásicos 
4. Toxicidade dos Antineoplásicos 
 
 
 
 
 
5 
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5. Interações Medicamentosas 
Glossário 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
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MÓDULO I 
 
 
Câncer - Introdução à Oncologia 
 
1 - Biologia do Câncer 
 
 O câncer é um tumor que pode infiltrar-se através de barreiras do tecido 
normal, em estruturas adjacentes, e disseminar-se para regiões distantes, 
eventualmente levando à morte. É uma anomalia da multiplicação celular 
(malignidade celular), cuja característica principal é a perda do controle normal da 
multiplicação e crescimento celular. Isso leva à perda da diferenciação celular, 
crescimento desregulado e invasão de tecidos locais e a distância (metástases). 
Uma neoplasia pode ocorrer em qualquer tecido e em qualquer idade. A maioria das 
neoplasias detectadas em sua fase inicial é potencialmente curável. Por outro lado, 
um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se 
multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente 
constituindo um risco de vida. 
 As células malignas e normais passam pelas fases do ciclo de divisão 
celular (Fig. 1). Células em fase G0 ou fase de descanso representam a fração não-
proliferativa do tecido, pois não se dividem. A fase G1 representa o início do 
processo de divisão celular. Nela ocorre a síntese do RNA e das proteínas 
necessárias à formação do DNA. Tem duração variável, de algumas horas a muitos 
anos, geralmente células de crescimento mais lento têm períodos G1 maiores que 
as de crescimento rápido. Tem sua duração média de 18 horas. 
 Na fase seguinte, fase S, ocorre a síntese do DNA, ou seja, a duplicação do 
material genético. Tem duração de 10 a 30 horas. Em seguida, a célula entra na 
fase G2, chamada pré-mitótica, onde ocorre a síntese do RNA e das proteínas 
necessárias ao processo de divisão. Tem duração de 1 a 12 horas. Finalmente, a 
célula conclui seu processo de duplicação na fase M, ou fase de mitose. Em 30 a 60 
 
 
 
 
 
7 
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segundos ocorre a separação dos cromossomos e a formação de duas células-filhas 
idênticas. 
 Todas as células, normais ou cancerosas, passam pelas mesmas fases até 
chegarem à divisão celular. A diferença básica reside no fato de que nos tecidos 
normais a produção celular ocorre de forma a preencher as necessidades orgânicas, 
ou seja, há um balanço entre células que nascem e células que morrem. No entanto, 
as cancerosas não obedecem a esse comando e proliferam excessivamente. Nesse 
processo descontrolado de reprodução pode haver também a perda da capacidade 
de diferenciação, ou seja, a produção de células com características morfológicas e 
biológicas totalmente diferentes do tecido normal. 
 
Fig. 1- Ciclo de divisão celular 
 
 
2 – Carcinogênese 
 
 As causas do câncer são tão diversas quanto o próprio câncer. Em teoria: 
câncer ocorre em pacientes com predisposição genética herdada ou induzida, que 
foram expostos a cofatores secundários (geralmente ambientais ou talvez virais). 
 
 
 
 
 
8 
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Após um período extremamente variável, a lesão pré-cancerosa supera as defesas 
orgânicas e torna-se uma neoplasia maligna invasiva. 
 
2.1 - Estágio de Iniciação 
 
É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito dos 
agentes cancerígenos ou carcinógenos que provocam modificações em alguns dos 
seus genes. Nesta fase as células se encontram, geneticamente alteradas, porém 
ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. 
 
2.2 - Estágio de Promoção 
 
É o segundo estágio da carcinogênese. Nele, as células geneticamente 
alteradas sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como 
oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta 
e gradual. Alguns componentes da alimentação e a exposição excessiva e 
prolongada a hormônios são exemplos de fatores que promovem a transformação de 
células iniciadas em malignas. 
 
2.3 - Estágio de ProgressãoÉ o terceiro e último estágio e se caracteriza pela multiplicação 
descontrolada e irreversível das células alteradas. Nesse estágio o câncer já está 
instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da 
doença. Na atualidade já foram descobertas duas classes de genes que atuam na 
transformação neoplásica. Os oncogenes se originam de genes normais 
preexistentes, denominados protoncogenes, que sofrem alteração por agentes 
virais, físicos ou químicos. Como resultado, as células passam a sintetizar ou 
proteínas normais em quantidades inadequadas ou proteínas com estrutura 
aberrante para as funções celulares. 
 
 
 
 
 
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O resultado final decorrente da ativação de um oncogene é uma divisão 
celular desregulada. As mutações que ativam os oncogenes usualmente ocorrem 
nas células somáticas, não sendo transmitidas hereditariamente. Existem, por outro 
lado, genes supressores de tumores, que têm como função normal suprimir a 
transformação, sendo a mutação em ambos os alelos necessária para impedir tal 
função. Outros genes causando maior suscetibilidade ao câncer tem sido 
identificados, como a mutação no gene BRCA 1 do cromossomo 17, que aumenta o 
risco para carcinoma de mama e ovário. A infecção pelo vírus HIV está associada ao 
maior risco de alguns tipos de câncer, como linfoma não-Hodgkin, doença de 
Hodgkin, sarcoma de Kaposi e cânceres anal e cervical. 
 O gene p53 parece atuar na morte celular programada (apoptose) como uma 
forma de regular a proliferação celular descontrolada na presença de sinais celulares 
anormais para o processo de crescimento. Mutações no gene p53 removem seu 
efeito supressor de forma que o gene não pode mais se expressar. Esse gene 
também pode ser inativado pela expressão anormal e aumentada de um oncogene 
cujas proteínas se ligam ao gene p53 normal, prevenindo sua ação reguladora da 
apoptose, o que favorece o crescimento anormal e excessivo do tecido tumoral, 
como ocorre em alguns sarcomas. Outro controle contra a proliferação celular 
anormal é o encurtamento da extremidade dos cromossomos (telômero) à medida 
que a célula se divide e envelhece. 
 A expressão exagerada da enzima telomerase, capaz de prevenir o 
encurtamento dos telômeros, sugere que a mesma pode exercer um papel 
importante na imortalidade da célula tumoral. A atividade da telomerase está 
presente em 85% dos tumores malignos, mas ausente na maioria dos tecidos 
normais. A supressão autoimune também pode contribuir para o desenvolvimento do 
câncer. Um grande número de agentes físicos, químicos e biológicos são 
conhecidos como carcinogênicos para o ser humano. O processo maligno se 
desenvolve como resultado da expressão desregulada e/ou inapropriada de 
determinados genes cruciais para a proliferação e a diferenciação celular. 
 A agressividade do tumor é aumentada pela manifestação ou potenciação 
de informação genética adicional. O mais importante agente carcinogênico 
 
 
 
 
 
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conhecido é o tabagismo, o qual pode estar envolvido em quase um terço de todas 
as formas conhecidas de câncer. Exposições ambientais, maior suscetibilidade 
genética, agentes infecciosos e outros fatores ainda pouco conhecidos causam 
mutação no DNA normal, tornando-o incapaz de controlar a proliferação celular, que 
se torna maligna. Muitos agentes ambientais atuam como carcinogênicos, como o 
benzeno, o asbesto, juntamente com vírus oncogênicos (papilomavírus, Epstein-
Barr) e agentes físicos, como radiação ionizante e luz ultravioleta. Parece existir 
predisposição hereditária para determinados tipos de câncer, o que explica o fato de 
que nem todo fumante, mas apenas uma minoria, apresenta o risco de desenvolver 
câncer de pulmão. 
 
3 - Diagnóstico e Estadiamento 
 
3.1- Marcadores Tumorais 
 
 Marcadores tumorais são substâncias produzidas pelo tumor ou pelo tecido 
normal, em reposta à presença do tumor, sendo encontrados no sangue, urina, 
líquor e tecidos do corpo. Poucos marcadores tumorais possuem especificidade para 
um determinado tipo de tumor, e a maioria deles pode ser detectada em diferentes 
tumores (Quadro 1). Alguns marcadores tumorais são a expressão de substâncias 
normalmente presentes em tecidos embrionários, mas ausentes ou em 
concentrações muito baixas no indivíduo adulto. Nos pacientes com alguns tipos de 
câncer, essas proteínas reaparecem em circulação, demonstrando que certos genes 
foram reativados como decorrência da transformação neoplásica das células. 
 Ainda que, teoricamente, os marcadores possam ser utilizados com diversas 
finalidades, tais como diagnóstico, o estabelecimento de prognóstico, monitoração 
da eficiência da terapêutica, localização de metástases e tratamento, propriamente 
dito, a maioria deles tem sua grande aplicação na avaliação da resposta terapêutica 
e na detecção precoce de recidivas. 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro 1– Marcadores tumorais bioquímicos frequentemente utilizados em nosso 
meio: 
Marcador Principal Limitação do uso 
 Indicação 
Alfafetoproteína hepatocarcinoma e câncer de elevada em doenças hepáticas 
 testículo e cirrose 
Antígeno câncer de pulmão e colorretal elevado em insuficiência renal 
Carcinoembriônico crônica, cirrose e em fumantes 
BTA STAT bexiga elevado em calculose renal e 
Teste quantitativo hematúria 
BTA TRAK bexiga elevado em calculose renal e 
Teste qualitativo hematúria 
CA 125 câncer de ovário elevado em processos irritativo, 
 inflamatório e infeccioso do 
 epitélio 
CA 15-3 câncer de mama elevado em doenças benignas 
 do fígado 
CA 19-9 carcinomas digestivos elevado em doenças benignas 
 do pulmão 
CA 72-4 câncer de pâncreas e 
 carcinomas digestivos 
Calcitonina câncer de tireoide e neoplasias elevada em hipertiroidismo e 
 digestivas insuficiência renal crônica 
CYFRA 21-1 câncer de pulmão 
 (não pequenas células) 
Enolase neurônio- carcinoma de pequenas células 
Específica de pulmão e neuroendócrinos 
Fração beta da coriocarcinoma e câncer de testículo presente na gravidez e 
Gonadotrofina coriônica puerpério 
NMP22 câncer de bexiga elevado em processos 
 infeccioso e inflamatório 
 urinário 
PSA complexado câncer de próstata 
PSA livre câncer de próstata 
PSA total e câncer de próstata elevado em processos 
Inflamatórios infecciosos da próstata e 
 urinários 
 
 
 
 
 
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Tireoglobulina câncer diferenciado da tireoide elevado em tireoidites e no 
 bócio nodular da tireoide 
 
 
3.2 - Estadiamento 
 
O estadiamento de forma padronizada de uma neoplasia, no momento de 
seu diagnóstico, possui grande valor para a escolha do tratamento e para a previsão 
quanto ao prognóstico do paciente. Cada tipo de câncer tem um padrão 
característico de crescimento, apresentação, bem como abordagem diagnóstica, 
estadiamento e tratamento. O primeiro passo para o cuidado médico-paciente é 
estabelecer o diagnóstico histopatológico.As anotações da descrição macroscópica 
e microscópica contem dados importantes para o estadiamento patológico correto: 
tamanho exato da lesão, relações anatômicas a estruturas adjacentes e proximidade 
das margens de ressecção. 
 O estadiamento clínico dos tumores de diversos órgãos baseia-se na 
classificação dos tumores malignos (TNM, em que T= tumor, N= linfonodos, M= 
metástase), proposta pela União Internacional Contra o Câncer. Essa classificação 
segue as características do tumor primário, dos linfonodos da cadeia de drenagem 
linfática do órgão em que o tumor se localiza e ainda da presença ou ausência de 
metástase a distância. O estadiamento poderá também basear-se em dados 
patológicos oriundos do exame da peça cirúrgica. Nesse caso, recebe o prefixo “p”, 
por exemplo, pT1pN2. O estádio e o nível funcional do paciente são os fatores de 
prognóstico mais acessíveis para o médico e também os de maior relevância para se 
estimar o prognóstico de um dado paciente com câncer. 
 
4 - Metástases 
 
 Uma vez estabelecido o crescimento, os tumores disseminam por invasão 
local e metástases. Como o câncer progride, as células tumorais rompem e invadem 
a membrana epitelial. Uma vez atravessada a matriz, as células tumorais têm 
acesso aos canais linfáticos e venosos, permitindo a ocorrência de metástases a 
 
 
 
 
 
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distância. As células neoplásicas entram na circulação em grande número, em parte 
como resultado da natureza anormal da vasculatura tumoral, onde amplas aberturas 
entre células endoteliais e a descontinuidade na membrana basal facilitam o acesso 
vascular. Contudo, apesar do grande número de células neoplásicas que circulam, o 
número de metástases que se estabelece é relativamente pequeno. 
Para instalação de uma metástase é necessário que a célula tumoral 
sobreviva ao ambiente circulatório que lhe é hostil, e também cresça e passe através 
do primeiro leito capilar (geralmente no fígado ou pulmão), aderindo 
preferencialmente ao local da metástase e estabelecendo um ambiente local 
favorável para seu desenvolvimento. Este é um processo complexo e especializado, 
então não é de surpreender que a maioria das células neoplásicas não o consigam. 
Somente pequena parcela da população celular tumoral total é funcionalmente 
capaz de metastatizar; esta é uma manifestação importante da heterogeneidade das 
células tumorais. 
 
5 - Principais Modalidades de Tratamento 
 
 O controle do câncer pode ser obtido por meio de prevenção, detecção 
precoce e terapêutica cirúrgica e/ou quimioterapia. É importante neste processo 
identificar as pessoas com risco aumentado de desenvolver câncer como 
consequência da exposição a fatores ambientais (por exemplo, tabagismo, 
alcoolismo, asbestos), bem como devido a fatores predisponentes individuais 
(albinismo e câncer de pele, polipose intestinal, agamaglobulinemia). 
 
5.1 - Cirurgia 
 
 Uma das principais modalidades de tratamento dentro da oncologia para a 
maioria dos tumores sólidos. Uma vez definido que a doença do paciente é 
localizada, deve-se questionar se o tumor é ressecável cirurgicamente. Um tumor 
ressecável é tecnicamente exequível de ser extirpado por completo com margens 
cirúrgicas livres de neoplasia, ou seja, que não invade estruturas nobres, como 
 
 
 
 
 
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vasos sanguíneos, nervos ou outras estruturas importantes (coluna vertebral, carina 
etc). Se o tumor for ressecável, deve-se saber, a seguir, se o doente é operável ou 
não. Operabilidade é definida genericamente como a capacidade que o paciente tem 
de se submeter com sucesso à cirurgia proposta. Nas situações em que o tumor é 
irressecável ou já há metástases a distância, a cirurgia não é geralmente uma opção 
e outras modalidades terapêuticas sistêmicas (como a quimioterapia, 
hormonioterapia e imunoterapia) ou locais como a radioterapia podem ser aplicadas, 
dependendo das características do tumor em questão. 
 
5.2 - Quimioterapia 
 
 A quimioterapia antineoplásica é uma modalidade de tratamento sistêmico 
da doença, que contrasta com a cirurgia e a radioterapia, mais antigas e de ação 
localizada. Pode ser empregada com objetivos curativos ou paliativos, dependendo 
do tipo do tumor, da extensão da doença e da condição física do paciente. A 
associação da quimioterapia a outras formas de tratamento, tais como cirurgia, 
radioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e anticorpos monoclonais é bastante 
comum. Quando empregada antes da cirurgia, geralmente tem como objetivo a 
avaliação da resposta ao antineoplásico e a eventual redução do tumor, que pode 
resultar em cirurgias mais conservadoras. Trata-se, nesse caso, da quimioterapia 
neoadjuvante. Por outro lado, a utilização de quimioterápicos após o tratamento 
cirúrgico, para promover a erradicação de micrometástases, é chamada de 
quimioterapia adjuvante. 
 O ataque indiscriminado promovido pelas drogas antineoplásicas às células 
de rápida proliferação, cancerosas ou normais, produz os indesejáveis efeitos 
colaterais ou tóxicos, conhecidos e extremamente temidos pelos indivíduos que 
necessitam se submeter ao tratamento. Os antineoplásicos são drogas que atuam 
em nível celular, interferindo no seu processo de crescimento e divisão. A maioria 
dos agentes antineoplásicos não possui especificidade, ou seja, não destrói seletiva 
e exclusivamente as células tumorais. A associação dos agentes antineoplásicos 
 
 
 
 
 
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cicloespecíficos ou não específicos combinados com fase-específicos são efetivos 
contra células que se encontram em divisão ativa ou lenta. 
 Os agentes antineoplásicos não específicos contribuem com o recrutamento 
das células para um estado ativo de divisão, tornando-as mais sensíveis aos 
agentes fase-específicos. Em geral, são tóxicos aos tecidos de rápida proliferação, 
caracterizados por uma alta atividade mitótica e ciclos celulares curtos. Sabe-se que 
as drogas antineoplásicas agem especialmente em células que estão em processo 
de divisão ativa; portanto, são mais eficazes quando utilizadas precocemente, ou 
seja, quando o tumor é ainda pequeno e cresce exponencialmente. Além disso, os 
tumores de rápido desenvolvimento são os mais suscetíveis à destruição pela 
quimioterapia, pois, nesses casos, mais células estão em divisão ativa, havendo, 
portanto, mais células sensíveis às drogas antineoplásicas. 
 
5.3 - Radioterapia 
 
Radioterapia é uma especialidade médica que utiliza um agente físico, a 
radiação ionizante, que é produzida em aparelhos ou obtida de radioisótopos 
naturais ou artificiais para fins terapêuticos (Fig. 2). A aplicação disseminada das 
técnicas radioterapêuticas modernas tem somente algumas décadas de idade. 
Desenvolvimentos recentes na física da radiação, tecnologia de computação e 
radiobiologia contribuíram para os grandes melhoramentos neste campo. O 
oncologista radioterapeuta possui ferramentas para curar muitas malignidades e 
paliar outras com risco mínimo de efeitos colaterais graves/sérios. 
 Todas as formas de radiação em uso clínico produzem ionização no tecido 
alvo. Esta ionização pode levar a dano direto do DNA ou formar radicais livres 
quimicamente reativos que por sua vez causam dano ao DNA. O objetivo da 
radioterapia é destruiro tecido patológico e, ao mesmo tempo, preservar o tecido 
normal adjacente. Para tal finalidade têm sido desenvolvidos equipamentos que 
permitem a escolha de diferentes tipos de radiação, com diferentes energias, para 
tratamento de doenças, em especial tumores, em suas diversas localizações 
anatômicas (superficiais ou profundas). 
 
 
 
 
 
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- Teleterapia: uso de feixes de raios X, raios gama ou partículas geradas distante do 
paciente. Conhecida como radioterapia externa, existe uma distância física entre o 
paciente e a fonte de radiação. 
- Braquiterapia: uso de fontes de radiação ionizantes encapsuladas implantadas 
diretamente nos tecidos ou colocadas em cavidades corporais naturais; também 
chamada de terapia “intersticial” ou “intracavitária”. 
- Terapia sistêmica: uso de materiais radioativos que, introduzidos sistemicamente, 
utilizam processos fisiológicos para localização do tumor. 
 
A radioterapia pode ser usada de forma paliativa, curativa ou complementar, 
para doenças malignas e benignas, e está indicada para as seguintes finalidades: 
- Anti-inflamatória: devido a seus efeitos na liberação de substâncias vasoativas e na 
indução da morte das células inflamatórias. São administradas doses baixas, 
principalmente nos casos de processos inflamatórios crônicos e recidivantes. 
- Modificadora do trofismo dos tecidos: pode produzir efeito frenador ou ativador 
funcional, dependendo do tecido, fracionamento e dose da radiação. É também 
administrada em doses baixas (menores que as usadas para neoplasias malignas). 
- Antineoplásica: constitui sua maior indicação. É imprescindível a classificação do 
tumor em cada uma de suas localizações anatômicas e o estadiamento. 
O tratamento apropriado de qualquer tumor profundo requer conhecimento 
anatômico preciso da extensão do tumor e apreciação da tolerância à radiação dos 
tecidos normais adjacentes. Todos os métodos disponíveis (clínico, radiológico e 
cirúrgico) são empregados para se delinear um volume de tratamento para o tumor 
sob consideração. Preferencialmente, o volume do tratamento inclui toda massa 
tumoral, áreas adjacentes de provável doença microscópica e uma margem de 
segurança, permitindo-se movimentos ao paciente e divergência do feixe de 
radiação. 
 
 
 
 
 
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Fig. 2- Radioterapia 
 
 
5.3.1 - Radiocirurgia 
 
Foi desenvolvida para tratamento de lesões não-malignas no cérebro, 
particularmente as má-formações arteriovenosas, administrada em dose alta e única. 
O objetivo é causar lesão nas células endoteliais presentes, morte celular, reação 
inflamatória e fibrose. Essa resposta tardia ocorre em semanas ou meses após o 
tratamento. A dose única é usada porque o tecido que se deseja destruir (má-
formação vascular) e o tecido normal (cérebro) respondem de modo semelhante à 
radiação. São ambos de resposta lenta e apresentam alta capacidade de reparo da 
lesão radioinduzida com o fracionamento de dose. Assim, não há vantagem em usar 
tratamento com doses fracionadas. 
Mais recentemente, a técnica foi adaptada para o tratamento de tumores 
malignos pequenos e metástases no cérebro (radioterapia estereotáxica). Para os 
tumores cerebrais, o fracionamento aumenta o ganho terapêutico, pois o tumor 
representa tecido de resposta rápida (alta quantidade de lesão reparável). Além das 
células cerebrais apresentarem maior capacidade de reparo das lesões 
radioinduzidas que o tumor, o fracionamento propicia maior quantidade de lesão nas 
células tumorais, pois permite reoxigenação entre as frações. Nesse caso, interessa 
explorar o fracionamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5.3.2 – Braquiterapia 
 
Consiste no implante de fontes radioativas diretamente no tumor. Há duas 
formas para isto: irradiação intracavitária, usando fontes radioativas colocadas 
diretamente no volume do tumor, e a intersticial, com sementes implantadas 
diretamente no volume do tumor. A braquiterapia intracavitária com baixa taxa de 
dose é geralmente temporária e demora de 1 a 4 dias. Pode ser usada em vários 
locais, porém o mais comum é no colo do útero. A braquiterapia intracavitária em 
baixa taxa de dose tem sido substituída pela alta taxa de dose, dada em 3 a 12 
frações. Com essa substituição, abre-se mão da vantagem radiobiológica de poupar 
o tecido normal de resposta lenta. 
O tratamento com alta taxa de dose, que dura poucos minutos, permite o 
uso de retratores, resultando em doses menores nos tecidos normais críticos. Dessa 
forma, as vantagens físicas sobrepõem-se sobre as desvantagens radiobiológicas. A 
braquiterapia intersticial pode ser temporária ou permanente, e o material utilizado é 
o irídio. Para a braquiterapia intersticial permanente são usadas fontes seladas com 
meia-vida curta, que podem ser deixadas. É vantajoso para o paciente, pois, como 
não é necessário realizar cirurgia para remoção da fonte, o indivíduo pode ir para 
casa com o implante no local. No início, a taxa de dose é alta e diminui 
conjuntamente à atividade da fonte. 
 
5.4 - Terapia Biológica 
 
O sistema imunológico é responsável pela defesa do organismo contra 
elementos potencialmente nocivos. Ele reconhece substâncias estranhas 
(antígenos), elimina-as e memoriza esse contato. Está presente em pele, mucosas e 
suco gástrico para combate aos ataques externos e internamente em órgãos 
linfoides, tecidos e células para proteger o organismo dos perigos que ultrapassaram 
as defesas externas. O termo modificador de resposta biológica é usado para todo 
agente cujos efeitos antitumorais ocorrem por meio de modulação do sistema 
 
 
 
 
 
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imunológico do hospedeiro, contrastando com agentes quimioterápicos, que atuam 
destruindo diretamente as células neoplásicas. 
Integram o grupo dos agentes biológicos citocinas recombinantes com 
importante atividade imunomodulatória e antitumoral, como a interleucina-2 e o 
interferon; citocinas denominadas fatores de estimulação ou crescimento 
hematopoiético, como a filgrastima (G-CSF), molgramostima (GM-CSF) e 
eritropoietina, que, apesar de não possuírem atividade antitumoral, atenuam os 
efeitos mielotóxicos dos quimioterápicos e outros imunomoduladores com atividade 
antitumoral. 
 
5.4.1 - Interferons 
 
Os interferons são uma família de proteínas que ocorrem naturalmente, 
sendo produzidas e secretadas em resposta à infecção viral ou a agentes de baixo 
peso molecular. Diferentes classes foram identificadas – alfa, beta, gama – com 
base na sequência de aminoácidos. O interferon-alfa, o primeiro a ser descoberto, 
inclui uma família de mais de 20 proteínas usadas em ensaios clínicos. O interferon 
possui um amplo espectro de atividade antiviral, imunológica e antiproliferativa. 
Dentre os inúmeros efeitos imunológicos, destacam-se a ativação das células 
destruidoras naturais, das células T e dos macrófagos, o estímulo da produção de 
citocinas, o aumento da citotoxicidade anticorpo-dependente, o aumento da 
expressão antigênica da superfície celular das células tumorais e os efeitos na 
angiogênese e oncogênese. 
O interferonalfa-2a e alfa-2b são proteínas purificadas produzidas pela 
tecnologia do DNA recombinante, usadas no tratamento da tricoleucemia, 
melanoma, carcinoma renal, dentre outras neoplasias. A atividade dos dois é quase 
idêntica, sendo também empregados no sarcoma de Kaposi do paciente com AIDS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5.4.2 - Interleucinas 
 
A interleucina-2 é uma glicoproteína produzida por uma subclasse de 
linfócitos T auxiliares após a estimulação com mitógenos específicos. A 
administração da interleucina causa aumento no número de linfócitos circulantes, 
bem como um aumento da citotoxicidade de subpopulações de linfócitos. A 
interleucina é utilizada como agente antitumoral no carcinoma de células renais e 
melanoma maligno bem como estimulante da produção de linfócitos CD4. 
 
5.4.3 - Anticorpos Monoclonais 
 
A fusão de linfócitos B produtores de anticorpos com mieloma murino 
permitiu a obtenção de células híbridas que são capazes de produzir uma grande 
variedade de anticorpos específicos que podem ser mantidos em cultura de forma 
indefinida. Anticorpos monoclonais já foram desenvolvidos contra mais de cem tipos 
de antígenos associados a tumores e possuem um grande potencial terapêutico. Os 
anticorpos monoclonais se ligam a antígenos tumorais, exercendo um efeito 
citotóxico, mediado pelo sistema complemento e/ou pelos linfócitos T. Anticorpos 
monoclonais possuem uma toxicidade mínima, mas podem ser antigênicos, 
estimulando a resposta imunológica do organismo. 
 
5.4.4 - Fatores Estimuladores de Colônias 
 
Os fatores estimuladores de colônias são fatores de crescimento 
responsáveis pelo crescimento, sobrevivência e maturação de células precursoras 
da medula óssea que originam granulócitos, eosinófilos e monócitos. Adicionalmente 
também agem na função normal de células, como a quimiotaxia, fagocitose e 
citotoxicidade anticorpo-dependente. Diversos fatores estimulantes de colônias já 
foram identificados e purificados, como o fator estimulante de colônias de 
macrófagos e granulócitos (GM-CSF), o fator estimulante de colônias de granulócitos 
(G-CSF), o fator estimulante de colônias de macrófagos (M-CSF), dentre outros. 
 
 
 
 
 
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Ensaios clínicos comprovaram a eficácia desses fatores no tratamento da 
insuficiência medular primária ou em quadros de imunodeficiência, bem como no 
alívio da mielossupressão durante o uso de agentes citotóxicos, como leucopenia 
em pacientes com AIDS, síndromes mielodisplásicas e leucopenia, anemia aplástica, 
neutropenia idiopática, neutropenia cíclica, agranulocitose e doenças malignas em 
fases avançadas. 
 
6 - Síndromes Paraneoplásicas 
 
Enquanto as manifestações clínicas das neoplasias decorrem usualmente de 
invasão e compressão local devido ao crescimento tumoral ou à infiltração e invasão 
metastática de outros tecidos pelas células tumorais, com sinais e sintomas 
sistêmicos inespecíficos, como anorexia, fraqueza e emagrecimento, nas síndromes 
paraneoplásicas os achados clínicos assemelham-se às manifestações de doenças 
primárias endócrinas, metabólicas, hematológicas ou neuromusculares. Essas 
manifestações podem ser decorrentes de produtos do tumor, como a síndrome 
carcinoide, decorrentes de destruição de tecido normal pelo tumor, como a 
hipercalcemia nas metástases ósseas osteolíticas, ou consequentes de mecanismos 
desconhecidos, como a osteoartropatia hipertrófica associada ao carcinoma 
brônquico. 
Nas síndromes paraneoplásicas associadas à produção hormonal ectópica, 
o tumor produz um pró-hormônio ou substâncias de alto peso molecular 
responsáveis pela síndrome. Algumas vezes a síndrome acompanha um 
crescimento tumoral relativamente limitado e pode fornecer pistas ao clínico para o 
diagnóstico precoce, o que favorece o prognóstico. Algumas vezes as 
consequências patológicas metabólicas ou tóxicas podem caracterizar urgência 
maior que a causada pela neoplasia, como, por exemplo, hipercalcemia ou 
hiponatremia. O tratamento efetivo do tumor deve ser acompanhado da resolução da 
síndrome paraneoplásica, assim como o reaparecimento das manifestações 
significam a recorrência do tumor. O Quadro 2 apresenta as síndromes 
 
 
 
 
 
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paraneoplásicas mais comuns, as secreções endócrinas e as neoplasias 
responsáveis. 
 
 
Quadro 2- Síndromes paraneoplásicas, secreções e neoplasias 
Hipercalcemia Síndrome de Cushing 
CA broncogênico CA broncogênico 
CA de mama CA renal 
CA renal CA adrenal 
CA adrenal Timoma 
Hepatoma CA prostático 
Mieloma múltiplo CA pancreático 
Linfoma 
Timoma Hipoglicemia 
CA prostático CA adrenal 
CA pancreático Hepatoma 
Coriocarcinoma Linfoma 
Sarcoma Sarcoma 
 
Secreção inapropriada de ADH Secreção de tirotrofina 
CA broncogênico Coriocarcinoma 
Linfoma 
CA pancreático Aplasia eritroide 
 Timoma 
 
Secreção de gonadotrofinas 
CA broncogênico Neuromiopatia 
Hepatoma CA broncogênico 
Coriocarcinoma CA de mama 
 CA de pâncreas 
 
Policitemia 
CA renal Coagulopatia 
CA adrenal CA broncogênico 
Hepatoma CA de mama 
 Mieloma múltiplo 
Febre Hepatoma 
CA renal CA prostático 
Hepatoma CA pancreático 
Linfoma 
Timoma Deficiência imunológica humoral 
CA pancreático Mieloma múltiplo 
Sarcoma Linfoma 
Timoma 
Dermatomiosite 
CA broncogênico Tromboflebite 
 
 
 
 
 
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CA de mama CA renal 
Ca pancreático CA prostático 
 CA pancreático 
CA = carcinoma 
 
 
7 - Síndrome da Veia Cava Superior 
 
A obstrução aguda ou crônica da veia cava superior é uma complicação 
decorrente do crescimento progressivo de um tumor na região superior anterior do 
mediastino (linfomas, tumores de mediastino, carcinoma de pulmão) ou em razão à 
tromboflebite, aneurisma do arco aórtico ou pericardite constritiva. A veia cava 
superior é bastante vulnerável à obstrução devido à sua localização anatômica, por 
estar confinada entre o esterno e brônquio principal direito e rodeada de linfonodos, 
possuindo uma parede muito fina e pressão sanguínea muito baixa. 
A obstrução pode ocorrer por compressão da veia cava pelos linfonodos 
com metástases ou por invasão direta da parede vascular pela neoplasia, que pode 
causar trombose local. A principal causa da síndrome é o carcinoma de pulmão, 
sobretudo o carcinoma indiferenciado de pequenas células, que se origina na região 
central e invade localmente. O linfoma maligno é outro tumor capaz de causar a 
síndrome, assim como mediastinite esclerosante idiopática, trombose venosa 
primária e fibrose em área de cateter venoso central. A síndrome ocorre em 3-5% 
dos pacientes com câncer de pulmão. É comum no câncer de pulmão não-pequenas 
células (15-45%), seguido pelo câncer de células escamosas (20-25%), 
adenocarcinoma (5-25%) e carcinoma de células grandes (4-30%). 
 
 
 
 
 
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Fig. 3- Síndrome da veia cava superior: compressão da veia cava superior por uma massa 
tumoral ou metástases de linfonodos mediastinais, levando a um aumento da pressão 
sanguínea e várias manifestações dependendo do nível da obstrução. 
 
 
8 - Compressão Medular 
 
A compressão da medula espinhal por uma massa tumoral se caracteriza 
pela presença de dor, fraqueza progressiva e alterações sensoriais das 
extremidades inferiores. A compressão pode ocorrer como complicação de linfomas, 
mieloma múltiplo ou tumores sólidos metastáticos e a dor precede as alterações 
motoras e sensitivas. Um alto índice de suspeita deve sempre existir em todo 
paciente portador de neoplasia e que apresente dor nas costas e fraqueza nas 
extremidades. Diagnósticos e tratamento rápidos são importantes, pois é possível o 
retorno completo das funções com a remissão do tumor por quimioterapia ou 
radioterapia. Quando a lesão causa déficit neurológico grave, este pode tornar-se 
permanente; por isso a importância do diagnóstico precoce. 
 
 
 
 
 
 
 
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9 - Hipercalcemia 
 
A hipercalcemia secundária a neoplasias é uma emergência médica 
relativamente comum, particularmente no câncer de pulmão, de mama e mieloma 
múltiplo. Metástases ósseas nem sempre estão presentes, sendo comum a 
manifestação de hipercalcemia como síndrome paraneoplásica. Os níveis elevados 
de cálcio causam anorexia, náuseas, vômitos, constipação, poliúria, fraqueza 
muscular e hiporreflexia, confusão mental, psicose, tremor e letargia, podendo o 
paciente ser assintomático. Os níveis de cálcio podem ser elevados havendo o risco 
de morte súbita por arritmias cardíacas ou assistolia. 
 
10 - Síndrome de Lise Tumoral 
 
A morte de um grande número de células tumorais pode causar 
hiperuricemia devido à excessiva liberação de ácidos nucleicos em circulação. A 
complicação é mais comum durante o tratamento de neoplasias hematológicas, 
como leucemias, linfomas e mieloma. Mais raramente, a hiperuricemia pode ser 
consequência de neoplasias de crescimento rápido com grande produção de ácidos 
nucleicos, como leucemias agudas, um problema que pode ser agravado pelo uso 
de diuréticos tiazídicos, os quais diminuem a excreção renal de urato. Na 
investigação do paciente oncológico deve sempre ser feita a dosagem de ácido úrico 
e creatinina. A hiperuricemia não causa crise de gota, a não ser em indivíduos 
predispostos, mas pode causar nefropatia aguda pelos cristais de urato. Níveis mais 
elevados devem ser tratados como emergência médica, com hidratação abundante, 
alcalinização da urina e uso de alopurinol. A prevenção da lesão renal melhora 
significativamente o prognóstico do paciente oncológico. 
 
11 - Trombose 
 
Fenômenos tromboembólicos venosos (FTV) são frequentes em pacientes 
portadores de neoplasias, que representam aproximadamente 15 a 20% de todos os 
 
 
 
 
 
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casos novos de FTV. O diagnóstico de câncer com ou sem tratamento é um fator de 
risco importante para FTV, aumentando a probabilidade de quatro a seis vezes. Por 
outro lado, a presença de FTV é fator de pior prognóstico em pacientes com câncer. 
O pior prognóstico conferido pela presença de FTV em pacientes com câncer pode 
indicar que os FTV são, por si só, causadores de mortalidade precoce ou, 
alternativamente, que a presença deles é um indicador de maior agressividade 
dessas neoplasias. O risco exato de FTV em câncer não é homogêneo, mas 
dependente de diferentes fatores, dos tipos de tumor e tratamento antineoplásico, e 
sua extensão são fatores extrínsecos (cirurgia, imobilização, etc) e história pregressa 
de trombose. 
Embora o risco exato de FTV não esteja definido para a maioria dos 
tumores, parece ser mais elevado para pacientes com tumores cerebrais malignos, 
pâncreas, ovário e pulmão. Evidências da influência do tipo de terapia antineoplásica 
no risco de FTV são observadas em estudos clínicos de terapia sistêmica em 
pacientes portadoras de câncer de mama. Mulheres pós-menopáusicas que 
receberam quimioterapia concomitantemente ao tamoxifeno são as pacientes que 
apresentam as maiores incidências de FTV, comparadas às que recebem apenas 
quimioterapia. 
 Os mecanismos patogênicos de trombose em câncer envolvem interações 
entre as células tumorais, o paciente e o sistema hemostático. Entre os três fatores 
classicamente envolvidos na coagulação, estase, ativação da coagulação e lesão 
vascular, todos esses são encontrados em maior ou menor grau em pacientes com 
câncer. 
 
12 - Carcinoma de Pulmão 
 
O câncer de pulmão persiste como a principal causa de morte em virtude às 
neoplasias no mundo moderno, apresentando um aumento por ano de 2% na sua 
incidência mundial. Os pulmões podem ser sede de um grande e variado número e 
tipos de tumores, primários e metastáticos. O carcinoma broncogênico representa 
mais de 90% de todos os tumores pulmonares, sendo, na atualidade, a principal 
 
 
 
 
 
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causa de morte por neoplasia no homem em todo o mundo. O CA pulmonar é uma 
neoplasia primária com origem nas vias aéreas, associada ao uso de produtos do 
tabaco, particularmente cigarros. Os tumores pulmonares geralmente são de um 
dentre quatro tipos principais: células escamosas (epidermoide, o tipo mais comum), 
adenocarcinoma, carcinoma de grandes células e carcinoma de pequenas células. 
O CA de pulmão ocorre geralmente a partir dos 45 anos de idade, com maior 
incidência entre 70 e 75 anos. Epidemiologicamente, a redução do tabagismo está 
associada à diminuição da incidência do câncer de pulmão, embora existam dados 
para supor que deva existir predisposição genética individual para a manifestação da 
neoplasia em uma minoria dos fumantes, sendo a neoplasia incomum em não-
fumantes. Exposições ocupacionais também aumentam a incidência do CA de 
pulmão, como ao urânio (mineiros), haloéters, gases arsenicais, óleo isopropílico, 
níquel, óxido de ferro, berílio e gás radiônio. 
A inflamação pulmonar crônica (fibrose intersticial) e áreas cicatriciais estão 
associadas ao adenocarcinoma. A grande maioria dos pacientes com câncer de 
pulmão apresenta doença avançada no momento do diagnóstico e morre no período 
de um ano após a sua detecção. O tipo celular e o estágio da doença são fatores 
importantes no prognóstico, mas medidas profiláticas são imprescindíveis, como o 
abandono do tabagismo. O risco de câncer de pulmão e tabagismo é dose-
dependente, e mesmo a diminuição no número de cigarros fumados diminui o risco. 
A inalação passiva da fumaça de cigarros também parece ser um fator de risco de 
câncer de pulmão. A grande maioria dos pacientes com câncer de pulmão apresenta 
sintomas que os fazem buscar atendimento médico, como tosse, hemoptise e/ou 
emagrecimento. 
A lesão primária pode causar tosse, dispneia, hemoptise, expectoração, 
sibilos, perda ponderal, febre e pneumonia, podendo haver manifestações devido à 
extensão local do tumor, com dor torácica, rouquidão, síndrome da veia cava 
superior, síndrome de Pancoast, síndrome de Claude-Bernard-Horner, disfagia, 
derrame pericárdico, derrame pleural ou paralisia diafragmática. O CA epidermoide 
quase sempre ocorre na região central, com tendênciaa invadir localmente, havendo 
sintomas como tosse, dispneia, hemoptise. O adenocarcinoma geralmente ocorre na 
 
 
 
 
 
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periferia do pulmão, é mais agressivo que o anterior e causa invasão de linfonodos 
ou metástases a distância, como pleura, sistema nervoso central ou adrenais. 
Um tipo especial de adenocarcinoma é o carcinoma bronquioloalveolar, que 
geralmente se manifesta como nódulo pulmonar solitário. O carcinoma de grandes 
células se manifesta como uma massa periférica relativamente grande, enquanto o 
carcinoma de pequenas células aparece na região central do pulmão, sendo que 
mais de 70% dos pacientes apresentam manifestações extrapulmonares no 
momento do diagnóstico, pela capacidade do tumor de metastatizar precocemente 
para linfonodos regionais, coração e outros órgãos. Geralmente o CA de pequenas 
células torna-se sintomático em três meses após seu surgimento, enquanto no CA 
epidermoide os sintomas ocorrem após mais de oito meses de crescimento tumoral. 
Muitas vezes um tumor pulmonar pode manifestar-se apenas por meio de 
uma síndrome paraneoplásica (presente em 15 a 20% dos pacientes), sendo que a 
osteoartropatia hipertrófica ocorre em quase um terço dos pacientes, sendo rara no 
tipo de pequenas células. Cerca de 10% dos CA epidermoides secretam produtos 
hormonais, causando hipercalcemia, hiperfosfatemia ou síndrome de secreção 
inapropriada do hormônio antidiurético. O CA de pequenas células causa, com maior 
frequência, manifestações endócrinas, como síndrome de Cushing, 
hiperpigmentação ou diabetes, diarreia e colelitíase. Ginecomastia pode estar 
associada ao CA de grandes células, hiperpigmentação das regiões palmares e 
plantares no CA epidermoide e acantose nigricans no adenocarcinoma. 
Independente do tipo celular ou subcelular, o tabagismo é o principal fator de 
risco do câncer pulmonar, sendo responsável por 90% dos casos. A mais importante 
e eficaz prevenção do câncer de pulmão é o combate ao tabagismo. Tal ação 
permite a redução da incidência e mortalidade. 
 
13 - Carcinoma Colorretal 
 
O adenocarcinoma é o tumor mais comum do cólon e reto, sendo raros o 
linfoma, o tumor carcinoide, o melanoma e o fibrossarcoma. É o segundo tumor mais 
comum dentre as neoplasias, após o câncer de pulmão. O INCA aponta o câncer 
colorretal como o quinto tumor maligno mais frequente entre homens e quarto entre 
 
 
 
 
 
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as mulheres. O tumor ocorre geralmente após os 40 anos, em ambos os sexos, 
sendo que se acredita que a maioria dos tumores se origina da transformação 
maligna de pólipos adenomatosos. Diversos fatores de risco devem ser lembrados, 
como história de pólipos adenomatosos (múltiplos e maiores de 1 cm), história 
familiar (25% dos pacientes), polipose familiar retocolônica, câncer colorretal 
hereditário não-poliposo (doença autossômica dominante), presença de outra 
neoplasia no corpo (câncer ginecológico), existência de doença inflamatória crônica 
dos intestinos (colite ulcerativa, colite granulomatosa ou doença de Crohn), 
deficiência imunológica e diabetes. 
Estudos epidemiológicos sugerem que diversos fatores e hábitos dietéticos 
podem diminuir a incidência da neoplasia, como uso de salicilatos, dieta rica em 
frutas e vegetais, ácido fólico, cálcio e terapia de reposição hormonal (mulher pós-
menopausa). O consumo de carbonato de cálcio, folato e café (3-4 xícaras ao dia) 
possuem uma associação com uma menor incidência do CA de cólon. Deve-se 
evitar ingestão excessiva e prolongada de bebidas alcoólicas. O local mais 
comumente acometido é o reto (50%), seguindo-se o sigmoide (20%), o cólon 
descendente (9%), o cólon transverso (5%) e o ceco e o cólon ascendente (16%). As 
lesões retais são acessíveis ao exame palpatório (toque retal) ou sigmoidoscopia. 
Os sintomas e sinais variam conforme o local do tumor, sendo uma 
manifestação frequente a mudança nos hábitos intestinais. O sangramento intestinal 
é um sinal importante (sangue oculto nas fezes) e complicações podem ocorrer, 
como perfuração ou obstrução. O carcinoma no lado direito apresenta mais 
comumente diarreia, pois a luz intestinal é maior, bem como o teor de líquido das 
fezes, enquanto no lado esquerdo as manifestações são obstrutivas. As fezes 
geralmente são positivas para a pesquisa de sangue oculto, e uma massa pode ser 
palpável no quadrante inferior direito. 
Pessoas com mais de 50 anos devem se submeter anualmente ao exame de 
pesquisa de sangue oculto nas fezes. Indivíduos com exame positivo devem realizar 
colonoscopia. Mais de 90% dos pacientes com CA de cólon e reto podem ser 
submetidos à cura ou ressecção cirúrgica paliativa, com sobrevida de cinco anos em 
mais de 50% dos casos. A recorrência do câncer ocorre em aproximadamente 10 a 
 
 
 
 
 
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15% dos casos, sendo o antígeno carcinoembrionário (ACE) um indicador para a 
monitorização da recorrência em intervalos de seis em seis meses. Após a 
ressecção cirúrgica completa do tumor, os níveis de ACE devem normalizar, sendo 
que níveis aumentados no pós-operatório indicam recorrência da neoplasia e níveis 
persistentes indicam um mau prognóstico. 
 
14 - Carcinoma de Mama 
 
O câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, devido à 
sua alta frequência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a 
percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. É relativamente raro antes 
dos 35 anos de idade, mas acima dessa faixa etária sua incidência cresce rápida e 
progressivamente. O CA de mama é o tumor mais comum na mulher (uma em cada 
11 mulheres), havendo maior risco em pacientes cuja mãe ou irmã tenham tido CA 
de mama antes da menopausa e maior incidência em mulheres nulíparas ou cuja 
primeira gestação completa ocorreu após os 35 anos e/ou com menarca precoce (< 
12 anos) ou menopausa tardia (> 50 anos). 
Entretanto, o câncer de mama de caráter familiar corresponde a 
aproximadamente 10% do total de casos de cânceres de mama. A doença 
fibrocística da mama, quando acompanhada de alterações proliferativas, hiperplasia 
ou papilomatose, está associada à maior incidência de câncer de mama. Ao câncer 
de mama com vínculo hereditário está associada a uma mutação genética nos 
cromossomos 17 e 13 (genes BRCA1, BRCA2). No entanto, o BRCA1 é responsável 
por apenas 5% dos casos de carcinoma, particularmente aqueles de mulheres na 
pré-menopausa com um ou mais parentes de primeiro grau acometidos pela doença. 
Fatores como maior consumo de gordura, álcool e uso prolongado de 
estrógenos em doses elevadas também aumentam o risco da ocorrência da 
neoplasia, particularmente se associado ao uso de progestogenos. O uso de 
anticoncepcionais não aumenta o risco de câncer de mama. Alguns tumores 
apresentam curso rápido e fatal, enquanto outros podem manifestar-se após vários 
anos. Os fatores associados à maior incidência do CA de mama são: raça branca, 
 
 
 
 
 
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idade, história familiar (incidência na mãe, irmã), padrão de mutação genética 
(BRCA1, BRCA2), história médica prévia (CA de endométrio), menarca precoce 
(antes dos 12anos), menopausa tardia (após 50 anos), gestação (nulípara ou 
gestação tardia). Cerca de 80% das pacientes com carcinoma de mama não 
apresentam nenhum antecedente familiar. 
 A detecção precoce da doença é fundamental para a maior sobrevida da 
paciente. O exame simples e regular da mama, aliado a mamografia, permite o 
diagnóstico precoce. A mamografia pode identificar tumores de crescimento lento 
dois anos antes que se tornem palpáveis. Mulheres entre 20 e 40 anos de idade 
devem fazer exames periódicos a cada dois a três anos enquanto mulheres acima 
dos 40 anos devem fazer exames anualmente. A presença ou ausência de 
receptores para estrógenos e progestogenos no citoplasma das células tumorais é 
de grande importância no tratamento da paciente, pois os casos receptores-positivos 
possuem evolução mais favorável. 
 A presença dos receptores ajuda na escolha do tratamento na presença de 
metástases e na terapia adjuvante (terapia hormonal adjuvante nos casos positivos 
e quimioterapia adjuvante na ausência de receptores). Na escolha do tratamento, o 
clínico avalia o possível comprometimento de linfonodos axilares, o tamanho do 
tumor primário, a presença ou não de menopausa e a existência ou não de 
receptores hormonais no tumor. A grande maioria das pacientes com neoplasia de 
mama apresenta óbito devido à doença disseminada a curto ou longo prazos, e 
agentes quimioterápicos podem aumentar o intervalo livre de doença. O tratamento 
da doença pode ser curativo ou paliativo, dependendo do seu estadiamento. 
 Nos estágios I e II o tratamento pode ser cirúrgico curativo, enquanto no 
estágio III pode ser curativo ou paliativo (maioria). O tratamento paliativo é usado no 
estágio IV e nos demais casos que desenvolvem metástase a distância. 
Considerando que a maioria das mulheres apresenta metástases a distância, 
pondera-se que o câncer de mama é uma doença sistêmica no momento de seu 
diagnóstico. O tratamento cirúrgico pode ser feito por meio de mastectomia parcial 
ou radical com dissecção axilar de linfonodos associada à radioterapia pós-
operatória. Uma tendência crescente é o tratamento sistêmico adjuvante em toda 
 
 
 
 
 
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paciente com metástases axilares (esquema CMF) associados à hormonioterapia 
com tamoxifeno em casos específicos. Pacientes na fase inicial da doença podem 
ser tratadas de forma menos agressiva com cirurgia conservadora da mama 
associada à radioterapia. 
 
 
Fig.4- Teoria sistêmica do avanço do câncer de mama. Esta teoria sugere que o câncer de 
mama torna-se metastático muito cedo. Isto sugere que a terapia local terá pouco ou nenhum 
efeito em longo prazo na sobrevida, desde que a doença já seja sistêmica na hora do 
diagnóstico. 
 
 
 A quimioterapia é denominada adjuvante quando visa tratar estádios iniciais 
do tumor nos quais não existem linfonodos axilares envolvidos e evidência clínica de 
metástases. O uso de tamoxifeno diminui a incidência contralateral da doença. Nos 
outros estádios a quimioterapia é denominada paliativa, a qual visa obter o maior 
intervalo possível sem manifestações da neoplasia, embora sem mudar a sobrevida. 
 
 
 
 
 
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Alguns esquemas, tais como CMF (ciclofosfamida, metotrexato e fluorouracil) podem 
aumentar a sobrevida em cinco anos, podendo ser maior nas mulheres pré-
menopausa. O uso de taxanos, tais como docetaxel ou paclitaxel aumenta a 
sobrevida em mulheres com linfonodos positivos. Na vigência de comprometimento 
axilar, quase a metade dos casos apresenta uma nova manifestação da doença no 
período de dois anos. Cerca de 15% das pacientes com ausência de envolvimento 
axilar podem apresentar comprometimento de linfonodos paraesternais que 
escapam à detecção, agravando o prognóstico. O Quadro 3 apresenta o 
estadiamento do câncer de mama (TNM). 
 
Quadro 3- Estadiamento do câncer de mama 
Estágio T N M 
0 Tis N0 M0 
I T1 N0 M0 
IIA T0 N1 M0 
 T1 N1 M0 
 T2 N0 M0 
IIB T2 N1 M0 
 T3 N0 M0 
IIIA T0 N2 M0 
 T1 N2 M0 
 T2 N2 M0 
 T3 N1, 2 M0 
IIIB T4 N1, 2, 3 M0 
 T1, 2, 3, 4 N3 M0 
IV T1, 2, 3, 4 N1, 2, 3 M1 
 
Tamanho do tumor (T) 
Tx TU primário não pode ser avaliado 
T0 Sem evidência de TU primário 
Tis CA in situ, CA intraductal, lobular 
T1T1mic Tu com menos de 2 cm CA microinvasor menor que 
 0,1cm 
T2 TU com mais de 2 cm, mas menos ou igual a 5 cm 
T3 TU com mais de 5 cm 
T4 TU de qualquer tamanho com extensão direta para 
 pele ou parede torácica 
T4a Extensão para parede torácica 
T4b Edema ou ulceração da mama e linfonodo satélite 
T4c Ambos T4a e T4b 
T4d Carcinoma inflamatório 
 
 
 
 
 
 
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Linfonodos regionais (N) 
Nx Linfonodos regionais não podem ser avaliados 
N0 Linfonodos regionais sem metástases 
N1 Metástases para linfonodos ipsolaterais axilares, 
 móveis 
N2 Metástases para linfonodos ipsolaterais axilares, 
 fixos 
N3 Metástases para linfonodos ipsolaterais mamários 
 internos 
 
Metástases à distância (M) 
Mx Metástases à distância não podem ser avaliadas 
M0 Sem metástases à distância 
M1 Metástases à distância (incluindo linfonodos 
 supraclaviculares) 
 
 
15 - Carcinoma de Ovário 
 
 O câncer de ovário é responsável por cerca de 20% dos tumores 
ginecológicos, ocorrendo principalmente em mulheres na faixa etária dos 50 anos. A 
detecção precoce do tumor é difícil, pois permanece oculto até crescer bastante ou 
se estender produzindo sintomas. Cerca de três quartos dos tumores malignos de 
ovário apresentam-se em estágio avançado no momento do diagnóstico inicial. É o 
câncer ginecológico de maior letalidade, embora seja menos frequente que o câncer 
de colo de útero. Na maioria das pacientes (80%) a neoplasia já evoluiu e se 
estendeu para fora da pelve no momento do diagnóstico. 
 Exames ginecológicos profiláticos são importantes em toda mulher após os 
40 anos de idade e, caso seja detectado aumento do ovário (> 5 cm), um 
seguimento criterioso da evolução deve ser efetuado. Nas mulheres jovens, cistos 
ovarianos funcionais são mais comuns e um novo exame após seis a oito semanas 
pode revelar regressão, se benigno, persistência ou crescimento, se maligno. O risco 
de malignidade é proporcional à idade da paciente e qualquer aumento de tamanho 
do ovário na mulher pós-menopausa deve ser considerado como maligno, estando 
indicada a intervenção cirúrgica. 
 
 
 
 
 
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 Fatores hormonais, ambientais e genéticos estão relacionados com o 
aparecimento do câncer de ovário. Cerca de 90% dos cânceres de ovário são 
esporádicos, isto é, não apresentam fator de risco reconhecido. Cerca de 10% 
apresentam um componente genético ou familiar. A presença de cistos no ovário só 
é perigosa quando são maiores que 10 cm e possuem áreas sólidas e líquidas. A 
maior parte dos tumores ovarianos (80%) se origina do epitélio ovariano, pode ser 
classificado histologicamente como cistoadenocarcinoma seroso, 
cistoadenocarcinoma mucinoso, celioblastoma (tumor de Brenner), carcinomade 
células claras e CA não classificado (indiferenciado). Os tumores que se originam 
das células germinativas ou do estroma são os tumores das células granulosas, os 
tumores das células de Leydig-Sertoli, os disgerminomas e os teratomas malignos. 
 O CA ovariano tende a disseminar-se por via direta e através dos linfáticos 
aos linfonodos pélvicos regionais e região para-aórtica, sendo comum a 
disseminação para o peritônio da região pélvica e abdominal. Daí pode ocorrer 
invasão para a corrente sanguínea e disseminação hematogênica para os pulmões e 
fígado. O Quadro 4 mostra a taxa de resposta de cada agente antineoplásico 
utilizado no tratamento do carcinoma de ovário. 
 
Quadro 4 - Taxas de resposta por quimioterápico 
Etoposido oral 6 – 26% 
Doxorrubicina lipossomal 12 – 28% 
Topotecano 6 – 33% 
Gencitabina 14 – 22% 
Paclitaxel 6 – 44% 
 
 
16 - Carcinoma de Endométrio 
 
O adenocarcinoma de endométrio é a quarta neoplasia mais comum na 
mulher, após o CA de mama, CA de pulmão e CA colorretal, originando-se das 
células epiteliais do endométrio, usualmente no período da pós-menopausa e 
 
 
 
 
 
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principalmente na faixa etária dos 50 aos 60 anos. Um grande número de doenças é 
fator predisponente ao CA de endométrio, com tumores ovarianos produtores de 
estrógenos, hiperplasia endometrial adenomatosa, história de irregularidades 
menstruais, infertilidade, obesidade, hipertensão arterial, diabetes mellitus e história 
familiar de CA de mama ou ovariano. 
O CA pode disseminar-se pela cavidade uterina até o canal cervical, através 
do miométrio para a cavidade peritoneal, para os ovários pelas trompas ou enviar 
metástases a distância pela corrente sanguínea ou linfática. A principal manifestação 
é a hemorragia uterina, a qual pode ser precedida de corrimento mucoso ou aquoso. 
Estenose cervical e piometria podem ocorrer por extensão local do tumor, bem como 
hematúria e comprometimento do estado geral na presença de metástases a 
distância. 
O CA de endométrio pode ser dividido em duas formas clínico-patológicas, o 
CA de baixo grau que ocorre em mulheres mais jovens e está relacionado ao 
estrogênio. O prognóstico, mesmo em casos com metástases, é relativamente bom, 
dependendo do tipo histológico, da idade da paciente e do grau de disseminação e 
repercussões no organismo, sendo que dois terços das pacientes podem ter 
sobrevida de cinco anos ou mais após o tratamento cirúrgico ou clínico. 
 
17 - Carcinoma de Testículos 
 
Os tumores dos testículos são raros, mas correspondem à maior parte dos 
tumores sólidos em homens com menos de 30 anos de idade, da raça branca, sendo 
a criptorquídia um fator predisponente. Dentre os tumores malignos do homem, 5% 
ocorrem nos testículos. O fato de ter maior incidência em pessoas jovens e 
sexualmente ativas possibilita a chance de o câncer ser confundido ou até mesmo 
mascarado por orquiepididimites, geralmente transmitidas sexualmente. Este tipo de 
câncer é facilmente curado quando detectado precocemente. 
A maioria dos tumores começa das células germinativas primordiais e é 
classificada em seminomas, teratomas, carcinoma embrionário, teratocarcinoma e 
coriocarcinoma, enquanto os tumores originários das estruturas anexas aos 
 
 
 
 
 
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testículos são geralmente fibromas, fibroadenomas ou lipomas. A forma mais comum 
de apresentação é uma massa escrotal, com aumento progressivo de tamanho, 
podendo ser dolorosa, particularmente se houver traumatismo ou hemorragia local. 
Deve-se ficar atento às alterações como aumento ou diminuição no tamanho dos 
testículos, dor imprecisa no abdômen inferior, sangue na urina e aumento ou 
sensibilidade nos mamilos. 
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de testículo 
são: histórico familiar desse tumor, lesões e traumas na bolsa escrotal e 
criptorquidia. A sobrevida em cinco anos é boa (80%) para seminomas localizados 
ou mesmo com metástases retroperitoneais, mas ruim para o coriocarcinoma. O 
estadiamento simplificado dos tumores de testículos inclui os estádios Ia (tumor 
restrito aos testículos), IIa (metástases microscópicas para linfonodos 
retroperitoneais), IIb (metástases com < 2 cm para os linfonodos retroperitoneais), IIc 
(metástases com > 2 cm para os linfonodos retroperitoneais), IIIa (metástases 
pulmonares) e IIIb (metástases mediastinais). Se, por um lado, é uma doença 
agressiva com alto índice de duplicação das células tumorais, por outro lado é de 
fácil diagnóstico e um dos tumores com maior índice de cura, visto ser amplamente 
responsivo aos quimioterápicos disponíveis no momento. 
 
18 - Carcinoma de Próstata 
 
A próstata, uma glândula exócrina, elabora uma secreção que liquefaz o 
sêmen. No adulto jovem, a próstata pesa em média 15 gramas; aos 70 anos, dois 
terços dos homens apresentam próstatas maiores do que 40 gramas, sendo que até 
25% desses pacientes serão candidatos à cirurgia. A hiperplasia benigna da próstata 
inicia-se como uma proliferação do estroma, músculo e epitélio em nível periuretral e 
sua etiologia é desconhecida. Há relação com idade avançada e presença dos 
testículos. O paciente refere diminuição do jato urinário (mais fino), dificuldade de 
micção, esvaziamento incompleto da urina e gotejamento terminal. 
Maior frequência urinária, noctúria e urgência geralmente estão presentes, 
bem como infecções urinárias de repetição. O exame retal revela uma próstata 
aumentada, sem relação entre tamanho e sintomas. A presença de nódulos 
 
 
 
 
 
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endurecidos indica a necessidade da realização de biópsia. A ultrassonografia 
fornece as mesmas informações que exames invasivos como a urografia excretora e 
a uretrocistografia, e a fluxometria urinária permite determinação do grau de 
obstrução infravesical (fluxo menor que 10 mL/s sugere obstrução). A prostatectomia 
está indicada na presença de complicações como azotemia por hidronefrose, 
incontinência urinária, infecções recorrentes, hematúria grave, episódios repetidos 
de retenção urinária ou um quadro sintomático importante. 
Um volume residual superior a 60 mL indica retenção urinária, havendo risco 
de um quadro de retenção aguda de urina, o qual necessita de tratamento de 
urgência. A drenagem suprapúbica deve ser feita na impossibilidade de passagem 
de sonda vesical. A finasterida, VO, 5mg diários por seis meses pode ser útil, 
particularmente em pacientes idosos. O tratamento cirúrgico pode ser feito com 
ressecção transuretral (RTU), incisão transuretral do colo vesical, cirurgia 
suprapúbica transvesical ou retropúbica ou ressecção endoscópica com laser. 
O câncer de próstata é um dos tumores mais comuns nos homens na 
atualidade, competindo com o câncer de pulmão e do cólon, constituindo-se em 21% 
do total de todas as neoplasias malignas. É provável que a hiperplasia prostática 
não seja fator predisponente para o desenvolvimento do CA de próstata. História 
familiar de pai ou irmão com câncer da próstata antes dos 60 anos de idade pode 
aumentar o risco de câncer em três a dez vezes em relação à população em geral, 
podendo refletir tanto fatores hereditários quanto hábitos alimentares ou estilo de 
vida de riscode algumas famílias. O CA de próstata é a segunda causa de morte por 
neoplasias no homem, sendo uma doença diagnosticada devido à ocorrência de 
obstrução urinária, micção frequente, noctúria ou urgência urinária. Os 
adenocarcinomas da próstata são os tumores malignos mais frequentes do trato 
geniturinário e representam mais de 90% de todos os tumores malignos prostáticos. 
Nos estágios iniciais o adenocarcinoma da próstata é geralmente 
assintomático e o diagnóstico clínico deve ser feito pelo encontro de nódulo 
endurecido ao toque retal. Todavia, a grande maioria dos pacientes (75%) apresenta 
sintomas relacionados quer com doença metastática ou com grande crescimento 
tumoral local (sintomas urinários obstrutivos). Os achados clínicos podem sugerir 
 
 
 
 
 
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hiperplasia prostática benigna, ou a doença pode ser descoberta devido a 
metástases ósseas, dores e emagrecimento, com linfadenopatia supraclavicular. As 
metástases nos ossos da coluna podem causar compressão medular e sinais 
neurológicos periféricos. 
O adenocarcinoma, que se origina das células acinares da próstata, é o tipo 
mais comum, o qual pode ser pouco ou muito diferenciado (prognóstico mais 
favorável). O prognóstico do paciente depende do grau e estágio do tumor. O 
envolvimento de linfonodos e a sua remoção não interferem na terapêutica da 
doença, mas a presença de metástases limita a adoção de um tratamento radical 
como radioterapia ou prostatectomia, pois a doença metastática progressiva 
ocorrerá de qualquer maneira (80% em menos de cinco anos e em apenas 20% dos 
pacientes sem envolvimento de linfonodos). O Quadro 5 apresenta a classificação 
TNM para o tumor de próstata. 
 
Quadro 5 - Estadiamento do câncer de próstata 
T Tumor primário 
Tx Tumor primário não pode ser avaliado 
T0 Sem evidência de tumor primário 
T1 Tumor sem aparência clínica à palpação ou por imagem 
T1a Tumor como achado histológico, incidental em até 5% de tecido 
ressecado 
T1b Tumor como achado histológico incidental em mais de 5% do tecido 
ressecado 
T1c Tumor identificado em biópsia por agulha 
T2 Tumor confinado à próstata 
T2a Tumor comprometendo metade de um lobo ou menos 
T2b Tumor compromete mais da metade de um lobo (não os dois lobos) 
T2c Tumor compromete os dois lobos 
T3 Tumor que se estende além da cápsula prostática 
T3a Extensão extracapsular unilateral 
T3b Extensão extracapsular bilateral 
T3c Tumor invade as vesículas seminais (VS) 
T4 Tumor fixo ou invadindo outras estruturas além das VS 
T4a Tumor invade colo vesical, esfíncter externo ou reto 
T4b Tumor invade musculatura que está fixa à parede pélvica 
 
N Gânglios linfáticos regionais 
Nx Gânglios regionais não podem ser avaliados 
N0 Sem mestástases em gânglios regionais 
N1 Metástase em um gânglio regional < 1 cm de diâmetro 
 
 
 
 
 
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N2 Metástase em um gânglio regional de 2 a 5 cm de diâmetro 
N3 Metástase em gânglio regional > 5 cm de diâmetro 
 
M Metástase a distância 
Mx Metástases a distância não podem ser avaliadas 
M0 Ausência de metástases a distância 
M1 Metástases a distância 
M1a Gânglios não-regionais 
M1b Ósseas 
M1c Outros locais 
 
 
19 - Carcinoma Renal 
 
O adenocarcinoma renal (hipernefroma) é o tumor mais comum dos rins, 
sendo responsável por 2% das neoplasias em adultos, mais comum após os 50 anos 
de idade e mais frequente em homens. Sua descoberta pode ser feita 
acidentalmente na realização de ultrassonografia ou TC abdominal ou 
ocasionalmente no estudo da perfusão renal ou do tecido ósseo com radioisótopos. 
O tumor se manifesta por meio de hematúria macro ou microscópica (mais comum), 
dor lombar, massa palpável e febre de origem desconhecida. Hipertensão arterial e 
policitemia também podem estar presentes e metástases pulmonares ocorrem com 
frequência. 
O tumor metastatiza precocemente para os pulmões, fígado e ossos, devido 
à invasão dos vasos sanguíneos. Cerca de 25% dos pacientes apresentam 
metástases no momento do diagnóstico. A evolução é variável e um terço dos 
pacientes sobrevive mais de cinco anos após o diagnóstico. Alguns pacientes 
apresentam metástases 10 a 15 anos após a remoção do tumor primário. O tumor 
tem o aspecto de células tubulares renais arranjadas na forma de cordas ou de 
formas bizarras. Hematúria importante é o sinal mais frequente, sendo geralmente a 
febre o único sintoma. Uma massa na região lombar pode ser palpável e dor pode 
ocorrer devido a sangramento do tumor. 
Obstrução da veia cava pode ser responsável pelo desenvolvimento de 
circulação colateral e edema dos membros inferiores. Em um grande número de 
pacientes o hipernefroma não produz sintomas clássicos, mas se apresenta com 
 
 
 
 
 
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febre de origem obscura, reação leucemoide, anemia refratária, hipercalcemia, 
hipoglicemia, neuropatia periférica e produção aumentada de gonadotrofinas e 
prostaglandinas. 
 
20 - Doença de Hodgkin 
 
 A doença de Hodgkin é uma neoplasia linforreticular de causa desconhecida, 
provavelmente viral, que pode manifestar-se de forma localizada ou generalizada. É 
um subgrupo dos linfomas, originando-se nas células da linha monócito-histiócitos. A 
doença é rara antes dos dez anos de idade, tendo incidência bimodal, na faixa dos 
15 aos 34 anos e aproximadamente aos 54 anos de idade. No Brasil estima-se cerca 
de 2.500 casos por ano, sendo mais comum em homens. A maioria dos pacientes 
apresenta uma massa indolor, geralmente no pescoço, sem sintomas sistêmicos. 
Alguns podem evidenciar sintomas gerais como febre, emagrecimento, sudorese 
noturna ou prurido generalizado. 
 Um sintoma comum, peculiar, inexplicado e curioso é a ocorrência de dor 
nos linfonodos acometidos após a ingestão de bebidas alcoólicas. O tumor 
geralmente ocorre numa área de linfonodos e evolui ordenada e localizadamente a 
linfonodos contíguos. Apenas tardiamente na evolução ocorre invasão da corrente 
circulatória e disseminação hematogênica. A progressão do tumor depende do tipo 
histológico, se do subtipo esclerose nodular (mais comum, paciente adulto jovem, 
lento ou moderadamente progressivo), de celularidade mista (segundo subtipo mais 
comum, homens com adenomegalia generalizada, doença extranodal e sintomas B), 
de predominância linfocítica (raro, doença localizada com boa resposta à 
radioterapia, crescimento lento, risco de recidiva) ou depleção linfocitária (raro, maior 
incidência em idosos e pacientes com HIV, adenomegalia generalizada, doença 
extranodal, agressivos e de pior prognóstico). 
 Febre, sudorese noturna e emagrecimento podem ocorrer frequentemente 
caso haja envolvimento de linfonodos internos (mediastino ou retroperitoneais), 
vísceras (fígado) ou medula óssea. O envolvimento ósseo pode causar dor (lesões 
osteoblástica ou raramente osteolíticas) e fraturas por compressão. A invasão da 
 
 
 
 
 
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medula pode causar pancitopenia (do tipo depleção linfocítica) e a invasão peridural 
pode originar paraplegia. A maioria dos pacientes apresenta um defeito lento e 
progressivo à imunidade celular (linfócitos T), o que favorece o aparecimento de

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