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Recaptulando a aula passada: Família Romano-germânica (civil law) Critérios da classificação de René David: Histórico1. Estrutura2. Fontes3. Histórico: Os códigos já não são mais tão centrais assim, pq hj os juizes se baseiam em princípios ou na Constituição e os códigos atuais permitem isso com cláusulas mais abertas como por exemplo a da boa fé. Surgiram novos códigos e estatutos sobre leis específicas. Ou seja, houve a perda da centralidade do código, pois agora, junto com o CC, temos o ECA, o CDC... que são microssistemas que vão se desprendendo do direito civil. O principal desmembramento é o direito do trabalho, pq não era justo basear a relação de trabalho na autonomia da vontade, mas sim em normas de ordem pública indisponiveis para proteger a parte mais fraca. O código continua sendo a primeira referência sobre a lei, mas já não é mais a única. Estrutura: Macro e Micro: A Macro é a estrutura do direito em si, da ciência jurídica. Há a divisão entre direito público e privado, essa dicotomia é uma característica da civil law. • A Micro é a estrutura das regras jurídicas. Como elas são feitas, pensadas, aplicadas. E a nossa tradição é que as regras sejam feitas da forma mais genérica possível, de forma que qualquer situação que ocorra futuramente consiga ter solução com base na lei. As regras jurídicas da civil law são pensadas de maneira soligística. • Fontes: Civil law: raciocínio dedutivo/silogístico -> geral para particular Prevalência da lei como principal fonte do direito Common law: raciocínio por analogia. Prevalência da jurisprudência como principal fonte do direito FONTES Lei1. Costumes2. Princípios Gerais do Direito / Princ. Constitucionais3. Doutrina4. Jurisprudência5. Analogia (forma de interpretação ou fonte?)6. Quais as fontes do direito brasileiro? Art 4º LINDB: quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com analogias, costumes e princípios gerais do direito. • Mas é só na hipótese de haver uma omissão legislativa, pq se houver lei sobre o caso, o juiz deve aplicar a lei. ANALOGIA -->Essa redação dá a entender que analogia é uma fonte do direito, mas o prof acha que não é, analogia é uma forma de interpretação da lei. → Ex: quem pode propor ADI? Os legitimados estão no art 103 CF, dentre eles, o inciso IX diz que são as confederações sindicais ou entidades de âmbito nacional. Entretanto, não há lei descrevendo o que seriam essas coisas, mas um exemplo de confederação sindical seria o CRM, mas algumas entidades de classes não ficam tão claro. O que é "classe" é definido pelo STF; e a UNE(União Nacional dos Estudantes) não é classe. E "âmbito nacional"? O STF utiliza uma analogia com a lei dos partidos políticos para se definir o que é âmbito nacional. Logo, o STF usa analogia. Ex2: direito de greve do servidor público (não há lei, mas o STF usa o direito de greve dos trabalhadores por analogia) COSTUME --> é fonte; não é lei, costume é costume, não pode ser contrário à lei, mas a sociedade pode criá-los e a partir da repetição reinterada, ele torna-se um comportamento esperado e obrigatório. → PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO --> Ideia de equidade e justiça. → Quando o juiz recorre a isso, ele está dizendo que não tem lei, nem costume, nem analogia possível, então o juiz decide naquilo que ele julga mais justo. Isso não é um problema desde que o juiz seja justo. Ex: em arbitragem é muito comum que se afaste o julgamento por Claúsula de equidade, porque aí vc estaria nas mãos do árbitro e não da lei. Princípios são tão o mais importantes do que a lei: esse movimento veio principalmente através do direito Constitucional. Deixa de ser essa estória de equidade e passa a ser os princípios constitucionais, portanto, positivados, ou seja, estando na lei. Então pode-se argumentar que o princípios gerais do direito, nessa nova visão de princípios constitucionais (e superiores a lei), essa fonte seria a primeira a ser aplicada. Esse conjunto de fontes que a LINDB trouxe, não é completo. Temos outras duas fontes: doutrina e jurisprudência. Pq a lei não as colocou? Os juizes se referem à doutrina e à jurisprudencia quando decidem? Sim. Porém, a grande diferença é que embora os juizes se refiram à elas, elas não são obrigatórias, o juiz pode discordar. Então elas são e não são, ao mesmo tempo, fontes do nosso direito. Ex1 : art1º do Código Civil Espanhol: "Fuentes del derecho" Esse artigo diz que as fontes são a lei, costume e princípios gerais de direito (não colocou a analogia), nesta ordem. A jurisprudencia e a doutrina são fontes auxiliares, eles integram o ordenamento jurídico na medida que são aplicados pelos tribunais superiores. Os juizes têm que decidir respeitando o sistema de fontes exposto neste artigo. Ele não pode inventar, deve aplicar primeiro a lei, só depois o costume e então os princípios gerais do direito e orientando-se pela doutrina e jurisprudência. Isso retira a carta branca (livre convencimento) para decidir que antigamente os juizes tinham, resguardando a segurança jurídica. O NCPC retirou essa carta branca dos juízes. Ex2 : decisão do juiz Manoel Maximiliano Junqueira Filho de uma Vara criminal da comarca de São Paulo em 5 de Julho de 2007. O juiz não fundamentou sua decisão em nenhum dispositivo criminal, ele se baseou em hinos de times de futebol, ditos populares e escalações de futebol para decidir que não foi uma ofensa o boato de que o jogador Richarlison seria homossexual porque, NA OPINIÃO DELE, gays não podem ser jogadores de futebol, logo , não fazia sentido chamar o jogador de gay. Essa decisão foi absolutamente discriminatória e acabou sendo censurada pelo Judiciário. Isso mostra que as vezes os juízes decidem com base em opiniões próprias e não com base no direito e o NCPC instituiu sanções para que os juízes só decidam fundamentadamente na base legal. DECLÍNIO DA DOUTRINA: O nosso ordenamento/ sistema se iniciou a partir da doutrina. O direito romano era uma doutrina. Hoje em dia há o movimento do declínio da doutrina e ascensão da jurisprudência. Há várias explicações para isso, inclusive uma menor preocupação em se referir apenas aos autores clássicos e a maior facilidade de divulgação do pensamento e de publicações de textos na Internet por qualquer um. Com tanta gente publicando sobre qualquer coisa, acaba-se perdendo o respeito pois há uma queda na qualidade, então a doutrina acaba perdendo força. Um dos papéis da doutrina sempre foi, e tem que continuar sendo, o de criticar a jurisprudência. E isso veio se perdendo, e muitos livros hoje em dia se limitam a compilar decisões judiciais. Ex: Durante 10-15 anos o STF entendeu que a lei de crimes hediondos era constitucional quando previa a pena integral no regime fechado. E a doutrina criticou muito esse pensamento do STF, talvez se não tivesse sido assim, essa jurisprudência absurda não teria mudado. O papel da doutrina é criticar a jurisprudencia e o papel do advogado é mudá-la. Se ngm discordar e insistir, as coisas erradas não mudam. Então a doutrina tem que recuperar o seu espaço de criticar e elogiar. Apesar de não serem fontes principais, e sim auxiliares, não se deve menosprezar a importância da doutrina nem da jurisprudência. Fontes da Civil Law quarta-feira, 29 de março de 2017 07:44
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