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XXXVI CONGRESSO PARANAENSE DOS ESTUDANTES DE ZOOTECNIA Universidade Estadual de Maringá Maringá, 8 a 10 de Outubro de 2015 1 Efeito da contagem de células bacterianas e somáticas na qualidade do leite Camila Thiara Gomes Carvalho1, Luana Kelly Santos Aragão2, Mikaele Alexandre Pereira1, Madalena Lima Menezes1, Mariana Santos Lima3, José Claúdio Torres Guimarães3 1 Doutoranda em Zootecnia, PPZ/ UEM, Maringá – PR, bolsista CAPES. camila_thiara@hotmail.com 2 Zootecnista / UFS, Aracaju – SE 3 Mestranda em Zootecnia, PROZOOTEC/ UFS, Aracaju – SE, bolsista CAPES. Resumo: A qualidade do leite vem sendo cada vez mais exigido pelas indústrias, e está diretamente ligada a técnicas de manejo nas propriedades rurais e às determinadas épocas do ano. Objetivou-se com este estudo analisar a composição e variação da contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT) em uma propriedade rural na Zona da Mata – Minas Gerais, durante dois semestres. Palavras–chave: CBT, CCS, qualidade, vacas leiteiras Effect of bacterial and somatic cell count in milk quality Abstract: The quality of milk is being increasingly demanded by industry, and is directly linked to management techniques on farms and at certain times of the year. The objective of this study is to analyze the composition and variation of the somatic cell count (SCC) and total bacterial count (TBC) on a farm in the Zona da Mata - Minas Gerais for two semesters. Keywords: TBC, SCC, quality, dairy cows Introdução O leite é um alimento que possui um alto valor nutritivo, constituindo em um alimento complexo que contém água, carboidratos, gorduras, proteínas, minerais e vitaminas em diferentes estados de dispersão (Torres, 2000). As mudanças ocorridas no setor leiteiro brasileiro a partir de 1990 que deram início aos avanços observados na produção de leite nos últimos anos indicam que o Brasil caminha para a auto-suficiência, podendo tornar-se importante exportador de leite (Zoccal & Stock, 2011). O maior reflexo dessa transformação foi a implantação da Instrução Normativa nº 51,sendo alterada em em 2011 pela Instrução Normativa 62, que regulamenta a produção, qualidade, coleta e transporte de leite no país (Brasil, 2011). A qualidade do leite está relacionada à saúde, alimentação e manejo dos animais, junto com a qualificação da mão-de-obra, higiene dos equipamentos e utensílios utilizados durante a ordenha, bem como o transporte adequado até a indústria. Dentre os aspectos mais discutidos pela sua importância no Brasil estão a contagem de células somáticas (CCS) e a contagem bacteriana total (CBT) no leite. A CCS está associada à saúde da glândula mamária, em especial com as mastites. Por sua vez, a CBT varia com a contaminação inicial do leite. Objetivou-se com a condução deste experimento avaliar a composição química do leite cru de vacas mestiças holandês/zebu, através da determinação da contagem de células somáticas e contagem bacteriana total e seus efeitos sobre a composição do leite. Material e métodos As amostras de leite cru foram colhidas, mensalmente da fazenda Santo André, localizada na zona da mata de Minas Gerais no período janeiro a dezembro de 2010. O XXXVI CONGRESSO PARANAENSE DOS ESTUDANTES DE ZOOTECNIA Universidade Estadual de Maringá Maringá, 8 a 10 de Outubro de 2015 2 rebanho da propriedade era composto por 82 vacas em lactação, manejadas em um sistema semi-intensivo e ordenhadas mecanicamente com a presença dos manejos de pré-dipping, pósdipping e teste da caneca de fundo escuro. A coleta foi realizada sempre após a ordenha e antes do resfriamento, o leite colhido proporcionalmente à produção, em frascos plásticos higienizados com volume de 1 L. Cada amostra foi dividida em duas sub-amostras de leite: 1) 50 mL contendo Bronopol (2-bromo- 2-nitro-1,3-propanediol) para determinar o teor de proteína bruta, gordura, lactose, estrato seco total (EST), estrato seco desengordurado (ESD) e contagem de células somáticas CCS), e; 2) 50 mL, com pastilhas de Azidiol, para determinar a contagem bacteriana total (CBT). As amostras de leite foram acondicionadas em caixa isotérmicas com gelo reciclável (4ºC) e encaminhadas para análises. As análises dos teores de gordura, lactose, proteínas, e extrato seco desengordurado foram realizadas no equipamento multianalisador de leite (Milkoscope – Modelo Expert Automatic). Por meio do somatório dos resultados de gordura e extrato seco desengordurado, obteve-se o valor do extrato seco total. A contagem de células somáticas presentes nas amostras de leite cru foi realizada através do Analisador de Células Somáticas Delaval. As análises de CCS foram realizadas em duplicata e os resultados médios foram expressos em Células Somáticas/mL (CS/mL). Já a análise de CBT (UFC) foi encaminhado ao laboratório. Separados no tempo, os dados originais passaram por procedimentos matemáticos da análise descritiva visando à obtenção de uma média da gordura, proteína, estrato seco desengordurado, CCS, CBT e comparar os valores preconizados da Instrução Normativa 62. Resultados e Discussão Foi observado que os valores obtidos de gordura e proteína, independente dos meses analisados (Tabela 1), estão de acordo com a Instrução Normativa 62 (Brasil, 2011), onde recomenda valores de 3,00%, 2,90% e 8,40% para gordura, proteína e estrato seco desengordurado respectivamente. Tabela 1. Resultados médios de gordura (Gord), proteína (Pro), lactose (Lac), estrato seco total (EST) e estrato seco desengordurado (ESD) de acordo com os semestres estudados. Variáveis 1 semestre 2 semestre IN 62 Julho/2014 Gor % 3,90 4,13 3,00 Pro% 3,46 3,31 2,90 Lac% 4,53 4,56 - EST% 13,09 12,985 - ESD% 8,97 8,855 8,40 Levando em consideração as análises realizadas neste trabalho, não foi encontrado diferença nas variáveis estudadas. A adição de alimento concentrado na ração causa redução nas proporções de acetato e butirato, aumentando a proporção de proprionato, como consequência causa menor produção de gordura no leite, fato ocorrido no 1º semestre devido a menor disponibilidade de forragem. Da mesma forma o fornecimento de maior quantidade de concentrado na dieta aumenta o teor de proteína no leite, por aumentar a produção de XXXVI CONGRESSO PARANAENSE DOS ESTUDANTES DE ZOOTECNIA Universidade Estadual de Maringá Maringá, 8 a 10 de Outubro de 2015 3 proprionato no rúmen. Dietas mais energéticas que produzem maior quantidade de precursores de glicose aumentam a o teor de proteína do leite (González & Campos, 2003). Na figura 1 estão apresentadas as médias para CBT e CCS nos semestres estudados. Os valores de CBT apresentaram uma variação na média geométrica. Pode-se observar que os semestres estudados, não excederam os limites indicados pela Instrução Normativa 62. O aumento sazonal proporcionou aumento de CBT, a estação das águas é definido pela elevação da temperatura e umidade, estas alterações no ambiente contribuem ao estresse do animal, podendo estar relacionado ao aumento das CBTs no segundo semestre, como foi demonstrado em Takahashi et al. (2012) e Romão Júnior et al. (2009). Figura 1. Resultados das análises de CBT e CCS no rebanho da fazenda Santo André. Conclusões Observa se que não houve variação na qualidade do leite associada aos semestres estudados. Houve uma tendência ao aumento da CBT no segundo semestre podendo estar relacionada com períodos de elevação na umidade, necessitando atenção com a higiene do ambiente e no manejo na hora da ordenha. Literaturacitada BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Instrucao Normativa 62. Diario Oficial da Uniao, secao 1, n. 251, p. 6-11. 2011. GRACINDO, A. P. A. C.; PEREIRA, G. F. Produzindo leite de alta qualidade. Natal: Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (EMPARN), 1ed. 41p. 2009. ROMA JÚNIOR, L. C.; MONTOYA, J. F. G.; MARTINS, T. T.; CASSOLI, L. D.; MACHADO, P. F. Sazonalidade do teor de proteína e outros componentes do leite e sua relação com o programa de pagamento por qualidade. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 61, n. 6, p. 1411-1418, 2009. TAKAHASHI, F. H; CASSOLI, L. D.; ZAMPAR, A.; MACHADO, P. F. Variação e controle da qualidade do leite através do controle estatístico de processos. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 13, n. 1, p. 99-107, 2012. TORRES, E. A. F. S.; CAMPOS, N. C.; DUARTE, M.; GARBELOTTI, M. L.; PHILIPPI, S. T.; RODRIGUES, R. S. M. Composição Centesimal e Valor Calórico de Alimentos de Origem Animal. Ciência e Tecnologia De Alimentos v.20. n.2. 2000. ZOCCAL, R.; STOCK, L. O. In: O mercado lácteo brasileiro no contexto mundial. In: Competitividade do agronegócio do leite brasileiro. 2011.
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