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18/05/2014 1 Cuiabá-MT, Maio / 2014. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FAET - ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL 1 Bioquímica Ambiental Enzimas Profª Amanda Finger ENZIMAS Tópicos da Aula: Enzimas Conceitos Gerais Nomenclatura Fonte Utilização na Indústria Coenzimas e Co-fatores Classificação e Estrutura Mecanismos Catalíticos Inibição Enzimática 2 ENZIMAS Conceito: As enzimas são proteínas com a função específica de acelerar reações químicas que ocorrem sob condições termodinâmicas não-favoráveis; Elas aceleram consideravelmente a velocidade das reações químicas em sistemas biológicos quando comparadas com as reações correspondentes não- catalisadas. 3 ENZIMAS Conceitos gerais: Enzimas são proteínas com atividades catalíticas; Praticamente todas as reações que caracterizam o metabolismo celular são catalisadas por enzimas; Aceleram a velocidade de uma reação, sem participar dela como reagente ou produto; São consideradas unidades funcionais do metabolismo celular; São substâncias orgânicas específicas compostas por polímeros de aminoácidos, que atuam como catalisadores no metabolismo dos seres vivos. 4 18/05/2014 2 ENZIMAS Conceitos gerais: As enzimas efetuam processos metabólicos na célula viva; Ocorrem em todos os organismos vivos sejam plantas ou animais, desde os mais simples, como formas unicelulares de vida, aos mais desenvolvidos; Embora a maioria das enzimas sejam intracelular, algumas são extracelular e são excretadas para fora da célula viva, como por exemplo, as amilases fúngicas. Nomenclatura das Enzimas: Utiliza-se o sufixo “ase” para caracterizar a enzima. Ex: amilase, uréase, hexoquinase. 5 ENZIMAS As enzimas são obtidas de três grandes fontes: Vegetais superiores (papaína do mamão, bromelina do abacaxi, ficina do figo); Animais superiores (enzimas pancreáticas, pepsina, catalase, renina) Microrganismos (como por exemplo, as amilases, proteases, pectinases, invertases, glicose-oxidases, celulases, fitases, glicose-isomerases), de fungos ou bactérias. 6 ENZIMAS Utilização na Indústria Grande parte das enzimas utilizadas nas indústrias são enzimas extracelulares de origem microbiana; As principais aplicações das enzimas extracelulares são as que degradam o amido e fazem a conversão do amido em monossacarídeos como a glicose, em dissacarídeos como a maltose e em oligossacarídeos como as dextrinas; As enzimas que degradam o amido também são empregadas na obtenção de açúcares fermentescíveis utilizados nas indústrias cervejeiras, na produção de bebidas alcoólicas e na modificação de farinhas empregadas em panificação. 7 ENZIMAS Para ser classificada como enzima deve Apresentar extraordinárias eficiência catalítica; Demonstrar alto grau de especificidade em relação a seus substratos (reagente) e aos seus produtos; Acelerar a velocidade das reações em 106 a 1012 vezes mais do que as reações correspondentes não- catalisadas; Não ser consumida ou alterada ao participar de catálise; Não alterar o equilíbrio das reações; Ter sua atividade regulada geneticamente ou pelas condições metabólicas. . 8 18/05/2014 3 ENZIMAS A reação catalisada por enzima pode ser esquematizada como: Enzima (E) Substrato (S) Produto (P) A molécula sobre a qual a enzima atua é o substrato (S) que se transforma em produto (P) da reação; Na ausência de enzima pouco produto (ou nenhum) é formado, mas em presença da mesma, a reação se processa em alta velocidade; Como a maioria das reações é reversível, os produtos da reação numa direção tornam-se substrato para a reação inversa. 9 ENZIMAS As enzimas são os catalisadores mais específicos que se conhece, tanto para o substrato, como para o tipo de reação efetuada sobre substrato; A especificidade inerente da enzima, reside em uma cavidade ou fenda da ligação do substrato, que está situada na superfície da proteína enzimática; A cavidade, denominada sítio ativo, é um arranjo de grupos presentes em cadeias laterais de certos aminoácidos que ligam o substrato por ligações não-covalente. 10 COENZIMAS E CO-FATORES Muitas vezes, os resíduos de aminoácidos que formam o sítio ativo ficam em regiões distantes, na sequencia primária, mas próximos no sítio ativo, pelo enovelamento de cadeia polipeptídica (estrutura terciária); Algumas enzimas têm outra região na molécula, o sítio alostérico, afastada do sítio ativo. No sítio alostérico moléculas pequenas e específicas se ligam e causam alterações na conformidade proteica que afetam o sítio ativo, aumentando ou reduzindo a atividade enzimática; A maioria das enzimas necessitam de moléculas orgânicas ou inorgânicas pequenas, essenciais a sua atividade e denominadas coenzimas e co-fatores 11 COENZIMAS E CO-FATORES . 12 18/05/2014 4 CLASSIFICAÇÃO As enzimas podem ser classificadas de acordo com vários critérios. O mais importante foi estabelecido pela União Internacional de Bioquímica (IUB), e estabelece seis classes: 1. As oxidorredutases são enzimas que catalisam reações de transferência de elétrons, ou seja, reações de oxiredução (desidrogenases e oxidases). Se uma molécula se reduz, tem que haver outra que se oxide; 2. As transferases são enzimas que catalisam reações de transferência de grupamentos funcionais, como grupos amina, fosfato, acil, carboxil, entre outros (quinases e transaminases). 13 CLASSIFICAÇÃO 3. As hidrolases catalisam reações de hidrólise de ligação covalente (peptidases); 4. As liases catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico (dehidratases e des-carboxilases); 5. As isomerases catalisam reações de interconversão entre isômeros ópticos ou geométricos (epimerases); 6. As ligases catalisam reações de formação e novas moléculas a partir da ligação entre duas já existentes, sempre à custa de energia (ATP) (sintetases). 14 ESTRUTURA As enzimas, sendo proteínas globulares de diversos tamanhos, têm sua estrutura definida pelas estruturas primária, secundária, terciária e quaternária; A estrutura primária refere-se ao tipo de sequência dos aminoácidos na molécula proteica; A estrutura secundária representa a estrutura espacial, tridimensional, que a molécula assume. É formada pela associação dos membros próximos da cadeia polipeptídica e é mantida, principalmente, através de pontes de hidrogênio. É também chamada de estrutura helicoidal. 15 ESTRUTURA A estrutura terciária é a forma segundo a qual a estrutura secundária se arranja, se dobra e se enovela, formando estruturas globulares rígidas. Essa estrutura é estabilizada por ligações de diversos tipos, como pontes de hidrogênio, hidrofóbicas, iônicas, eletrostáticas e covalentes. Estas últimas (covalentes) são representadas pelas pontes de dissulfito ente os resíduos de cisteína; A estrutura quaternária é a forma como as diversas estruturas terciárias ou subunidades se associam. 16 18/05/2014 5 MECANISMOS CATALÍTICOS As reações químicas na transformação dos substratos variam com os mecanismos de ação das enzimas; Os principais tipos de mecanismos catalíticos que as enzimas utilizam são: 1.Efeitos de proximidade e orientação 2.Catálise eletrostática 3.Catálise ácido-básica 4.Catálise covalente . 17 MECANISMOS CATALÍTICOS 1.Efeitos de proximidade e orientação Os substratos se aproximam dos grupos funcionais catalíticos da enzima em uma orientação espacial apropriada para que a reação possa ocorrer; Após o correto posicionamento do substrato, uma modificação na conformidade da enzima resulta em um complexo enzima-substrato orientado; Essa orientação leva o complexo enzima-substrato ao estado de transição. . 18 MECANISMOS CATALÍTICOS 2. Catálise eletrostática A forçadas interações eletrostáticas está relacionada com a capacidade das moléculas solventes vizinhas em reduzir os efeitos de atração entre os grupos químicos; Como a água é excluída do sítio ativo quando o substrato se liga, a constante dielétrica local é muitas vezes baixa; A distribuição de cargas nos sítios ativos das enzimas pode influenciar a reatividade química do substrato; Uma ligação mais eficiente dos substrato reduz a energia livre do estado de transição, que acelera a reação. 19 MECANISMOS CATALÍTICOS 3.Catálise ácido-básica Os grupos químicos podem se tornar mais reativos pela adição ou remoção de prótons; Os sítios ativos das enzimas contêm cadeia laterais que podem atuar como doadores ou receptores de prótons; Esses grupos são denominados ácidos gerais ou bases gerais. 20 18/05/2014 6 MECANISMOS CATALÍTICOS 4.Catálise covalente Acelera a velocidade da reação pela formação de uma ligação covalente transitória entre a enzima e o substrato; Um grupo nucleofílico da cadeia lateral do catalisador forma uma ligação covalente instável com um grupo eletrofílico do substrato; O complexo enzima-substrato então forma o produto. . 21 PROPIEDADES DAS ENZIMAS Uma enzima é uma proteína que catalisa ou acelera uma reação biológica; Pode ser definida como um biocatalisador, cuja natureza proteica determina a presença de certas propriedades: Especificidade de substrato Dependência da temperatura Dependência do pH. . 22 ESPECIFICIDADE As enzimas são específicas, isto é, hidrolisam e sintetizam um composto em particular. Em alguns casos, sua ação está limitada a ligações específicas dentro dos compostos com os quais exercem reação; Esta especificidade é devido ao sítio ativo, parte da enzima que a difere da proteína, que é capaz de se ligar a moléculas denominadas substrato formando o complexo enzima-substrato, como o explicado pela teoria da chave-fechadura, demonstrada por Emil Fischer, onde a chave, neste caso o substrato, deve-se ajustar à fechadura, no caso a enzima, de modo que cada enzima aja sobre um número muito limitado de compostos. 23 ESPECIFICIDADE . 24 Segundo a cinética da reação, modelos proposto pelas pesquisadores Michaelis e Menten, a enzima E reage com o substrato S formando um composto intermediário conhecido como complexo ativado instável enzima- substrato ES, o qual se decompõe em enzima E e o produto de reação P. E + S ↔ ES → E + P . 18/05/2014 7 ESPECIFICIDADE A quantidade de enzima exigida no processo é pequena e não influi na variação energética da reação; A velocidade da reação aumenta com o aumento da concentração de enzima para uma mesma concentração de substrato; Se a concentração do substrato é baixa, temos uma subutilização do sítio ativo da enzima e pouco produto é formado; Com o aumento da concentração do substrato, a reação tende a atingir sua velocidade máxima, isto é, produzir a máxima quantidade de produto para uma quantidade de enzima pré-determinada (uma reação saturada); A partir deste momento, a quantidade de substrato adicionado não altera mais a velocidade da reação. 25 ATIVIDADE ENZIMÁTICA Vários fatores influenciam a atividade enzimática, dentre os quais: Temperatura pH Concentração da enzima Concentração do substrato . 26 TEMPERATURA As reações químicas são afetadas pela temperatura e quanto maior a temperatura, maior a velocidade da reação (mais moléculas adquirem energia suficiente para atingir o estado de transição); Em reações catalisadas por enzimas, a velocidade é acelerada pelo aumento da temperatura até atingir uma temperatura ótima na qual a enzima opera com máxima eficiência; Como as enzimas são proteínas, os valores de temperatura ótima situam-se entre 40 e 45ºC e dependem do pH e da força iônica. . 27 TEMPERATURA Acima dessa temperatura, a atividade das enzimas declina abruptamente por desnaturação proteica; Sob condições de hipotermia, a atividade enzimática é deprimida; Efeito da Temperatura sobre a velocidade de uma reação catalisada por enzima. . 28 18/05/2014 8 PH A ação catalítica de uma reação enzimática é alcançada dentro de limites muito estreitos de pH; Cada reação tem um pH ótimo (para a maioria entre 4,5 e 8,0) no qual a enzima apresenta sua atividade máxima; O valor do pH ótimo varia de acordo com as várias enzimas e os diferentes substratos sobre os quais atuam; Apesar de algumas enzimas tolerar grandes mudanças de pH, a maioria delas são ativas somente em intervalos muito estreitos; Por essa razão, os organismos vivos empregam tampões que regulam o pH. 29 PH Valores baixos ou altos de pH podem causar desnaturação proteica considerável e consequente inativação enzimática; Por isso, é muito útil saber em que faixa de pH a enzima é mais estável, já que o pH de máxima estabilidade nem sempre coincide com o de máxima atividade; As enzimas podem ser inativadas, isto é, desnaturadas por diversos fatores, como calor, ponto isoelétrico, sequestro de sais de cálcio e agitação mecânica. 30 ENZIMAS - PH A atividade enzimática versus pH (considerando-se os outros fatores constantes) . 31 CONCENTRAÇÃO DA ENZIMA A velocidade máxima da reação é uma função da quantidade de enzima disponível, aquela aumenta proporcionalmente pela introdução de mais enzima ao sistema; Assim, a velocidade inicial da reação enzimática é diretamente proporcional à concentração de enzima (existindo substrato em excesso) . 32 18/05/2014 9 CONCENTRAÇÃO DO SUSTRATO Para atender as necessidades do organismo, as reações bioquímicas devem ocorrer em velocidade compatível; A velocidade de uma reação bioquímica é expressa em termos de formação de produto ou pelo consumo do reagente por unidade de tempo. . 33 CONCENTRAÇÃO DO SUSTRATO A velocidade é constante, porque não depende da concentração dos reagentes, mas de outros fatores; A quantidade de reagente é o suficientemente grande para saturar todos os sítios catalíticos das moléculas enzimáticas. . 34 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Inibidores são substâncias que reduzem a atividade das enzimas e incluem fármacos, antibióticos, preservativos de alimentos e venenos. São importantes por várias razões: 1 Os inibidores enzimáticos atuam como reguladores das vias metabólicas; 2 Muitas terapias por fármacos são baseadas na inibição enzimática (muitos antibióticos e fármacos reduzem ou eliminam a atividades de certas enzimas). O tratamento da AIDS inclui inibidores das proteases, moléculas que inativam a enzima necessária para produzir novos vírus; 3 Desenvolvimento de técnicas para demonstrar a estrutura física e química, e as propriedades funcionais das enzimas. 35 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Distinguem-se dois tipos de inibição: reversível e irreversível, segundo a estabilidade da ligação entre o inibidor e a molécula de enzima: Na inibição reversível ocorre interações não- covalentes entre o inibidor e a enzima, enquanto na inibição irreversível envolve modificações químicas da molécula enzimática, levando a uma inativação definitiva; Na inibição reversível a enzima retoma sua atividade após dissociação do inibidor. Três classes de inibidores reversíveis são descritos: 1.Competitivo 2.Não-competitivo 3.Incompetitivo 36 18/05/2014 10 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA 1. Inibição competitiva São substâncias que competem diretamente com o substrato normal pelo sítio ativo das enzimas; São moléculas estruturalmente semelhantes ao substrato; O inibidor reage reversivelmente com a enzima para formar um complexo enzima-inibidor (EI) análogo ao complexo enzima-substrato, mas cataliticamente inativo; A atividade da enzima declina por não ocorrer a formação do complexo enzima-substrato (ES) durante a existência do complexo EI. 37 INIBIÇÃOENZIMÁTICA A ação do inibidor pode ser revertida aumentando-se a quantidade de substrato; Em alta [S], todos os sítios ativos estão preenchidos com o substrato e a velocidade da reação atinge o mesmo valor que o observado sem o inibidor . 38 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA 2. Inibição não-competitiva O inibidor não-competitivo se liga tanto à enzima como ao complexo ES em um sítio diferente do sítio de ligação do substrato; A ligação do inibidor não bloqueia a ligação do substrato, mas provoca uma modificação da conformação da enzima que evita a formação de produto. E + I EI + S EIS → NÃO HÁ REAÇÃO E + S ES + I EIS → NÃO HÁ REAÇÃO 39 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA 2. Inibição não-competitiva A inibição não reverte pelo aumento na concentração do substrato [S]; O inibidor não-competitivo não apresenta semelhança estrutural com o substrato; Os metais pesados Hg2+ e Pb2+ são exemplo de inibidores não-competitivos. . 40 18/05/2014 11 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA 3. Inibição incompetitiva O inibidor incompetitivo liga-se apenas ao complexo ES da enzima originando um complexo inativo ESI; O inibidor não se combina com a enzima livre. E + S ES + I EIS → NÃO HÁ REAÇÃO . 41 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Inibição irreversível Envolve a modificação covalente e permanente do grupo funcional necessário para a catálise, tornando a enzima inativa; É classificado como um inativador; Alguns pesticidas inibem o sítio ativo da acetilcolina- esterase, o que impede a hidrólise da acetilcolina na sinapse, resultando, no homem, paralisia dos músculos respiratórios e edema pulmonar. . 42 INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Fármacos que atuam como inibidores enzimáticos Muitos fármacos modernos atuam como inibidores da atividade enzimática. Esse mecanismo é encontrado com antivirais, antitumorais e antibacterianos; Os compostos com diferentes estruturas em relação ao substrato natural que atuam como inibidores são conhecidos como antimetabólitos: Exemplos: sulfas = antibacteriano metotrexato = tratamento da leucemia infantil omeprazol = usado no tratamento de excessiva acidez estomacal 43
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