Questões de Kelsen

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Questões de Kelsen
Em que consiste o corte metodológico kelseniano?
Explique o que é proposição jurídica e norma jurídica.
Explique o que é sistema estático e sistema dinâmico em Kelsen.
Em que consiste a validade em Kelsen?
Discorra sobre princípio de causalidade e princípio de imputação.
Respostas
1. Consiste em estabelecer meios para o desenvolvimento de um conhecimento consistentemente científico do direito, por meio de um corte epistemológico, ou seja, definição de seu objeto que é a norma posta, sem considerar os fatores que interferiram em sua produção e os valores que nela se encerram. Bem como um corte axiológico, que se refere à neutralidade desse conhecimento jurídico, que não pode emitir qualquer juízo de valor acerca da opção adotada pelo órgão competente para a edição da norma jurídica. Assim, não compete ao conhecimento jurídico questionar a criação/produção de uma norma, além dos valores envolvidos em sua aplicação, pois isso significaria no comprometimento da cientificidade da norma, implicando em não contribuir para a clareza desse conhecimento e não comprometer a veracidade de suas informações.
2. A norma jurídica prescreve a sanção que deve ser aplicada contra os agentes de condutas ilícitas, a mesma na condição de ser editada pela autoridade competente, tem caráter prescritivo, assim ela resulta de uma ato de vontade. As normas não devem ser consideradas como verdadeiras ou falsas, mas válidas ou inválidas. Já a proposição jurídica, afirma que, dada a conduta descrita na lei, deve ser aplicada a sanção também estipulada na lei. A proposição emana da doutrina tem natureza descritiva e decorre de um ato de conhecimento, a mesma, na condição de juízo hipotético, são verdadeiras, se descrevem fielmente as normas em foco, ou falsas, na hipótese contrária.
3. Sistema estático é o que considera as normas jurídicas enquanto reguladoras da conduta humana, diz respeito ao conteúdo/matéria e procura relacionar as normas entre si como elementos da ordem em vigor, assim está relacionado a partir de conteúdo ou regras de competência da norma. Os tema que ele contempla são: a sanção, o ilícito, o dever, a responsabilidade, direitos subjetivos, capacidade, pessoa jurídica. Já o sistema dinâmico, refere-se à produção e aplicação do direito, à mediada que regula o processo de produção normativo. Os temas compreendidos por esse são: a validade, a unidade lógica da ordem jurídica, o fundamento último do direito e suas lacunas.
4. A validade da norma jurídica é condicionada a três pressupostos: a) competência da autoridade que a editou, derivada da norma hipotética fundamental; b) mínimo de eficácia, sendo irrelevante a sua inobservância episódica ou temporária; c) eficácia global da ordem de que é componente. Assim, a validade não se confunde coma eficácia, esta é apenas condição daquela, mas a ineficácia absoluta compromete a validade da norma.
5. O princípio da imputação é a forma sob o qual a ciência jurídica apresenta seus enunciados, constituídos de proposições estruturadas como sustentação de um consequente prescrito. A consequência da relação de imputação, refere-se a uma manifestação de vontade, o fato de a prescrição não se verificar efetivamente, não torna falsa a proposição de que ela deveria ocorrer, ou seja, trata se a sanção deveria ou não ser aplicada. Para o princípio da imputação, o antecedente (a hipótese de incidência da norma) resulta da descrição de um recorte da realidade, de uma definição normativa, não sendo derivação de nenhum outro consequente imputado e, a sanção por sua vez, não gera necessariamente um novo pressuposto de imputação, há dessa forma, o ponto inicial e o terminal claramente definido. Quanto ao princípio da causalidade, esse têm seus pressupostos reduzidos à sustentação de um consequente necessário. O efeito na relação causal, não é a descrição do estabelecido por ato de vontade dos titulares de competência jurídica, tal como se verifica na relação normativa, assim independente da relação humana, o consequente da relação causal necessariamente segue o antecedente, se isso não ocorre o enunciado é falso ou deve ser substituído. Esse princípio considera se a sanção é ou não aplicada, como também considera que cada evento é feito do anterior e é causa do posterior, assim estabelecer um ponto de início e fim nesse ciclo não seria sensato.