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Resenha Escritores da Liberdade

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O filme “Escritores da Liberdade” logo de início, aborda os ideais de uma professora recém-formada a procura de fazer a diferença em sua profissão. Motivada por seus ideais, aceita o cargo de professora de então titulada “turma problema”, com a tarefa de ensinar adolescentes rebeldes, intolerantes e de primeira vista, indomáveis e desacreditados por um sistema educacional deficiente.
Em seu primeiro dia de aula, depara-se com uma sala especial, destinada aos alunos “especiais” e logo à frente, uma sala de aula simples, com mesas riscadas, quadro de giz, móveis antigos, totalmente o diferente daquele espaço destinado ao oposto do perfil de seus alunos, sendo, de certa forma um pré-conceito da instituição, um “desacreditar” nas potencialidades de sua turma.
Em uma realidade muito próxima a nós, por vezes discentes, e por outras, educadores, a professora ao receber seus alunos com atraso, percebe toda heterogeneidade tanto da classe que recebia, quanto da cultura e estilos de vida apresentados no semblante de cada aluno que adentrava a sua aula: desmotivados, culturalmente desfavorecidos por indiferenças, injustiças, descaso, violência e pobres em perspectivas.
Ao perceber todos os problemas e histórias que a cercava por estes estudantes e instituição de ensino, resolve adotar novos métodos de ensino, mesmo que estas táticas confrontariam os ideais da diretora do colégio (aos problemáticos, cabe apenas passar e ler resumos de livros) e de outros professores que se sentiam amedrontados pela turma. Para isso, induziu a classe à participação ativa em suas aulas, entregou aos seus alunos um caderno para que escrevessem diariamente, suas próprias histórias, seus conflitos internos, enfim, sua própria vida em palavras escritas. Completando sua tática, indicou a leitura de livros que retratavam histórias de “heróis” da humanidade, como: “O diário de Anne Frank” – com o objetivo de que seus alunos percebessem a necessidade de tolerância entre si visto que, inúmeras barbáries aconteceram e acontece mundo a fora, e que a mudança de suas vidas, dependem exclusivamente de suas atitudes.
Com o passar do tempo, os alunos vão se engajando em seus diários, comentando sobre sua vida, suas perspectivas e correlacionando com os livros então propostos pela professora, passando a desenvolver um espírito crítico em seu interior (até então adormecido), passando a reconhecer, sentir, pensar e refletir sobre seus ideais e sociedade ao seu redor, passando a ter responsabilidade por suas escolhas, despertando a motivação para um futuro melhor, a necessidade de expressão de seus sentimentos e o reconhecimento de que sua identidade é um sujeito na história do mundo, um espaço ocupado e que não pode ser vazio.
Morin (2000), afirma que o conhecimento é sempre uma tradução, seguida de uma reconstrução, sendo este o mesmo fenômeno da percepção, quando os olhos recebem um estímulo, este absorve em sua complexidade, atravessando por diversas partes do cérebro, transformando aquele estímulo em percepção, em reconstrução ou traduções da realidade, portanto, a educação deve mostrar assim como o conhecimento sua realidade, presença fiel, sobrepondo os erros e ilusões elaboradas pelos homens ou formas que são conduzidas.
Portanto, segundo Schwartzman (2006), todo o processo que envolve a educação na sua complexidade de gerar conhecimento consiste em elevar o indivíduo de um nível de conhecimento comum para o conhecimento verdadeiro, perceptível por sua aproximação, por seus experimentos, por seus interesses, concepções, por seu exercício de buscar, recuperar e fortalecer suas tradições, ideologias e identidade.
Inovar então o ensino tende a adequar-se a realidade cultural dos alunos para que o ensino possa ter atitude de pesquisa-ação com grupos que se formam em sala de aula e na escola para que assim, questões globais possam ser discutidas e resolvidas por aqueles que fazem parte desta história.
Este elo de contato com o mundo gera um modelo real de comunicação, permitindo que possam compreender o que os cerca, libertando seus medos, anseios, aflições e inseguranças.
A história tratada no filme faz refletir sobre a função do professor que não deve ater-se somente ao plano curricular obrigatório, devendo assim saltar além, adequando o ensino de acordo com a necessidade e realidade dos alunos.
No filme podemos perceber dois tipos de professor: - aquele que se limita em apenas executar o plano proposto pela instituição, criando um pré-conceito de que os alunos não são merecedores de algo além do mínimo oferecido pela escola e também exemplificado pela professora G, o outro lado do profissional que exerce uma função extra sala de aula, aquele que interage com a vida do aluno, buscando recursos didáticos apropriados para reverter o comportamento dos mesmos, os colocando numa dimensão reflexiva, fornecendo a oportunidade de novas experiências.
Para Morin (2000; 2003), a partir do conhecimento, o ser humano passa a compreender melhor sua tarefa de transformação pessoal e da sociedade a qual pertence, por transposição de barreiras e de um conhecimento profundo da realidade, passa então a compreender melhor o meio que está inserido, gerando alternativas e se baseando em vivências para a transformação de seu caráter em forma crítica, independente e autônoma.
Para que toda mudança seja possível, para que todo conhecimento esquecido possa ser resgatado, primeiramente devemos passar a compreender uns aos outros porém, segundo Morin (2000), o grande erro da sociedade é que nunca se ensina como compreender, e sua grande inimiga neste caso é a falta de preocupação em ensiná-la.
Segundo Morin (2000), compreender significa: [...] compreender vem do latim compreender e, que quer dizer: colocar junto todos os elementos de explicação, ou seja, não ter somente um elemento de explicação, mas diversos. Mas a compreensão humana vai além disso, porque, na realidade comporta uma parte de empatia e identificação. O que faz com que se compreenda alguém que chora, por exemplo, não é analisar as lágrimas no microscópio, mas saber o significado da dor, da emoção.
A sala de aula, que em sua chegada era disposta em fileiras, passa a ter nova configuração e organização, passa a ser uma oficina onde, aos poucos, vão se reconstruindo, recolocando-se em ideais de: igualdade, consciência, respeito, humanização e dignidade.
A mudança necessita de conscientização de cada um, da consciência política e formação cultural e intelectual na sociedade, depende do trabalho coletivo, colaborativo e participativo na sociedade para que sejam efetuadas mudanças significativas em nossa história, em nossa educação.
Para que palavras, frases, conceitos e inclusão não sejam esquecidos, Vieira (2007) relata que é preciso a preservação da formação cidadã em seu caráter crítico e independente, possibilitando plena autonomia para desempenhar seu papel de transformação social que tanto lhe compete.
REFERÊNCIAS
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: UNESCO, Editora Cortez, 2000.
SCHWARTZMAN, S. A questão da inclusão social na universidade brasileira. Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade – IETS. 2006, Disponível em: < http://www.schwartzman.org.br/simon/nclusao_ufmg.pdf > Acesso em 11 nov. 2008.
MORIN, Edgar. Da necessidade de um pensamento complexo. IN: MARTINS, F. M.;SILVA, J. M. Para navegar no século XXI: tecnologias do imaginário e cibercultura. 2° ed. Porto Alegre, Sulina/EDIPUCRS, 2003.
VIEIRA, Orlandi D. As universidades públicas no contexto das transformações sociais. Sindicado dos Trabalhadores da UNESP. 2007, Disponível em: < http://www.sintunesp.org.br/campsal2007/As%20universidades%20no%20contexto%20das%20mudan%C3%A7as.pdf > Acesso em 07 nov. 2008.

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