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ESQUIZOFRENIA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Andressa Carvalho Pereira1; Antônia Marcilene Nascimento Silva2; Brenda Nathália Silva Marques3; Delaine Carneiro de Souza4; Francisca Ferreira da Silva5 RESUMO A esquizofrenia é definida como uma enfermidade complexa, caracterizada por distorções do pensamento, da percepção de si mesmo e da realidade externa, além de inadequação e embotamento do afeto. Objetivou-se compreender a realidade de viver com esquizofrenia a partir de uma revisão bibliográfica sobre o assunto, essa pesquisa pode permitir a ampliação do olhar para os portadores de esquizofrenia, uma vez que o conhecimento sobre a doença e suas implicações ajudam a compreender a realidade de vida de cada indivíduo. Dessa forma, conclui-se que conhecer a esquizofrenia é de essencial relevância na área da saúde para entendimento da doença em si, acompanhamento do paciente e forma adequada de tratamento que pode ser composto pela terapêutica medicamentosa, psicoterapia e socioterapia a fim de poder proporcionar uma melhor qualidade de vida e sociabilidade ao paciente e sua família. Palavras-chave: Esquizofrenia. Qualidade de Vida. Consequências. 1 Acadêmica do curso de Enfermagem– Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão IESMA/Unisulma (www.unisulma.edu.com.br). E-mail: andressa_c10@hotmail.com. 2 Acadêmica do curso de Enfermagem – Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão IESMA/Unisulma (www.unisulma.edu.com.br). E-mail: marcilenesilva812@gmail.com. 3 Acadêmica do curso de Enfermagem – Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão IESMA/Unisulma (www.unisulma.edu.com.br). E-mail: brenda.nathalia@hotmal.com 4 Acadêmica do curso de Enfermagem – Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão IESMA/Unisulma (www.unisulma.edu.com.br). E-mail: delainecarneiro@gmail.com. 5 Acadêmica do curso de Enfermagem – Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão IESMA/Unisulma (www.unisulma.edu.com.br). E-mail: fran915@outlook.com. INTRODUÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde (2000), a esquizofrenia é conhecida como uma das doenças psiquiátricas mais graves e desafiadoras e ainda por muito a ser estudada até hoje. Segundo a Classificação Internacional das Doenças é uma enfermidade complexa, caracterizada por distorções do pensamento, da percepção de si mesmo e da realidade externa, além de inadequação e embotamento do afeto. A esquizofrenia é uma doença que atinge cerca de 1% de população mundial, aproximadamente 70 milhões de pessoas em todo o mundo. É comum, porém pode ser considerada pejorativa, a denominação “esquizofrênico” para o indivíduo portador de esquizofrenia, uma vez que é rotulado perante toda a sociedade. Ao serem rotulados, esquece-se que, em cada pessoa, a doença repercute de uma forma diferente. A mudança na maneira de se referir aos portadores de esquizofrenia tem sido uma tentativa de fazê-los ser considerados pessoas com um problema ao invés de pessoas-problemas (OLIVEIRA;FACINA;JÚNIOR, 2012, p.310). Classificada hoje pela psiquiatria como uma síndrome, ela é caracterizada por uma série de sintomas e sinais que costumam surgir pela primeira vez, na forma de um surto psicótico, por volta dos 20 anos, nos homens, e 25, nas mulheres, normalmente está associada a uma série de sintomas e sinais como alucinações, delírios e desorganização do pensamento, durante as crises agudas, intercalados por períodos de remissão, dificuldade de expressão das emoções, apatia, isolamento social e um sentimento profundo de desesperança (SILVA et al, 2016, p.19) As principais causas de morte na esquizofrenia são os suicídios, acidentes e outras patologias associadas, devido às manifestações que acometem o paciente. Outros fatores de risco são o consumo de drogas, pouca adesão à terapêutica, baixa autoestima, estresse, desesperança, isolamento, depressão e eventos negativos na vida do paciente. O portador de esquizofrenia apresenta ainda problemas cognitivos, tais como dificuldade de abstração, déficit de memória, comprometimento da linguagem e falhas no aprendizado. A combinação desses sintomas causa grande sofrimento psíquico, com prejuízos nas relações familiares e na vida profissional e demais relações sociais (GIRALDI; CAMPOLIM, 2014). Os sintomas positivos são caracterizados pelo excesso de distorções dos processos mentais, como por exemplo, alucinações, delírios e fala ou comportamento desorganizado. Os sintomas negativos da doença envolvem o afeto, o desenvolvimento social e cognitivo do indivíduo. Geralmente apresenta expressão de emoções diminuída, apatia, falta de motivação, retraimento, falta de interesse em contatos sociais, pobreza de fala, etc (MATOS;PONTES;PEREIRA, 2014, p.08) As causas da doença ainda não são bem caracterizadas, podendo-se destacar algumas teorias: Teoria genética, Teorias Neuroquímicas, Teoria Dopaminérgica, Modificações estruturais ou no desenvolvimento, etc. (MATOS;PONTES;PEREIRA, 2014, p.02) O tratamento da esquizofrenia é composto pela terapêutica medicamentosa, psicoterapia e socioterapia. O tratamento medicamentoso é fundamental para controle da esquizofrenia, mas na avaliação dos pacientes, os prejuízos acarretados pelo tratamento medicamentoso podem ser tão intensos quanto os sintomas do transtorno. (SOUZA et al, 2013). É um transtorno de longa duração no qual o indivíduo experimenta períodos de crises e remissões que resultam em deterioração do funcionamento do doente e da família, causa diversos danos e perdas nas habilidades de todo grupo: diminuição da habilidade para cuidar de si mesmo, para trabalhar, para se relacionar individual e socialmente e para manter pensamentos completos (GIACON; GALERA, 2006). METODOLOGIA Este estudo consiste em uma pesquisa de natureza bibliográfica a partir de artigos selecionados das bases de dados das plataformas Google Acadêmico, SCIELO, e revista eletrônicas de saúde, aplicando os seguintes descritores: A realidade do viver com esquizofrenia. Portanto, foi efetuado um levantamento de estudos publicados em periódicos sem restrição de datas, abordando a temática em questão. Os artigos achados nas plataformas de dados foram lidos e selecionados a fim de concluir o presente trabalho. Dessa forma, pretende-se apresentar um conjunto de dados atualizados sobre o assunto. A DIFICULDADE DE SE CONVIVER COM A ESQUIZOFRENIA E OS PREJUÍZOS NA QUALIDADE DE VIDA Um dos grandes problemas que envolvem a esquizofrenia é a crença de que os pacientes representam uma ameaça à vida de amigos e familiares. Segundo afirma o psiquiatra Eduardo Aratangy (2017), o paciente em um quadro psicótico, não só o esquizofrênico, pode colocar outros em risco sim, mas habitua ser muito mais vítima do que autor de violência. Conforme o autor a falta de informação e o estigma são os responsáveis por essa percepção pública. Silva (2006) diz que durante as crises, sobretudo naquelas em que o paciente se sente perseguido, pode haver comportamento agressivo, mas na maior parte das vezes, o esquizofrênico não oferece risco aos outros. Carvalho (2000) ” menciona que os sintomas mais peculiares da esquizofrenia afetam a vida social, afetiva, financeira e familiar do portador. Além de gerar muitas vezes o sentimento de não ser compreendido pelos amigos e familiares”. Segundo informa Lehman et al, (1982) “um vasto conhecimento da qualidade de vida dos pacientes pode ajudar no entendimento do impacto das doenças e da assistência à saúde sobre seu bem-estar geral”. Em condições crônicas, a qualidade de vida torna-se ainda mais importante, uma vez que o tratamentonão é curativo, como no caso dos transtornos mentais graves e persistentes (OLIVER, et al, 1996). Tal interesse na qualidade de vida de indivíduos com esquizofrenia surgiu como uma extensão da crescente preocupação com o retorno de doentes mentais crônicos à comunidade, em decorrência do movimento de desinstitucionalização ocorrido nos países desenvolvidos ocidentais nos anos 60 e 70. Questões como segurança pessoal, pobreza e isolamento social tornaram-se preocupações pessoais dos pacientes egressos de hospitais psiquiátricos, bem como de seus familiares, profissionais de saúde e gestores de saúde. De acordo com Katschnig (1997), os pacientes esquizofrênicos vivendo na comunidade, quando comparados com indivíduos saudáveis, têm necessidades adicionais - relacionadas, por exemplo, aos seus sintomas que tornam a permanência em tratamento especializado quase sempre uma necessidade constante. Esses pacientes estão, também, submetidos a várias formas de preconceito e têm que enfrentar o estigma associado à esquizofrenia. Contudo, os indivíduos esquizofrênicos têm recursos pessoais limitados (habilidades sociais e cognitivas restritas) e ambientais (pobreza e ausência de empregos adequados, por exemplo) (COPPINI, 2001). Esses fatores, segundo este autor, podem contribuir para as dificuldades desses indivíduos em usufruir de uma qualidade de vida adequada. CONHECIMENTO SOBRE A DOENÇA ESQUIZOFRENIA Os portadores de esquizofrenia atribuem à doença é fortemente influenciado por fatores culturais, relacionamento familiar e tipo de tratamento recebido. Uma concepção cultural bastante frequente sobre a esquizofrenia é sua explicação como um “problema na cabeça”, o que pode ser entendido como uma forma de conviver melhor com a dura realidade, uma vez que resistem em utilizar a palavra esquizofrenia, adotando termos mais abrangentes ao se referirem à doença. Este modo de se referir à doença e à sua realidade não se explica somente pelo desconhecimento ou incerteza sobre ela. Na verdade, esses pacientes mostram uma apropriação do conhecimento biológico, ao atribuir a uma determinada parte do corpo a responsabilização da esquizofrenia (VILLARES 1999). A constante busca de conhecimento sobre a esquizofrenia pelos cientistas a enfermidade ainda é geradora de dúvidas, angústias e preconceitos em seus portadores, familiares, acompanhantes, amigos e em toda a sociedade. Os profissionais de Saúde Mental que lida com essa realidade diariamente sem tem receio em dar o diagnóstico de esquizofrenia, decorrente do seu agressivo desenvolvimento que tem efeitos devastadores (ASSIS et al, 2008). Conviver com os sintomas que a esquizofrenia desperta no paciente, dificulta a relação e gera um impacto significativo no ambiente familiar, pois as exigências que se tem ao cuidar do indivíduo com esquizofrenia são tão complexas quanto a própria doença (BRISCHKE et al, 2012) Diversos estudos demonstram que a sobrecarga dos cuidadores de pacientes com transtorno mental é grande. A falta de conhecimento do familiar acerca da doença torna sua carga ainda maior, pois mesmo depois de anos de convivência, a família não entende e não sabe como lidar com determinadas situações, o que agrava o estresse emocional do paciente e de cuidadores (BRISCHKE et al, 2012). Tudo isso gera um desgaste físico e emocional, um cansaço que decorre do cuidado continuo que é necessário para com o indivíduo. Sant’Ana (2011), aponta em sua pesquisa que com a permanência do paciente em casa, a rotina da família passa a ser modificada, e tendo que garantir as necessidades básicas do paciente como: administrar a medicação, acompanhá-lo ao serviço de saúde, fornece-lhe suporte emocional, lidar com suas crises e comportamentos diferentes, coordenar suas atividades diárias. A CONVIVÊNCIA COM OS SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA A esquizofrenia é uma doença mental grave, caracterizada por sintomas positivos, negativos, e cognitivos que afetam quase todos os aspectos da atividade mental, incluindo a percepção, a atenção, a memória e a emoção. Os sintomas estão associados a diversos graus de prejuízos sociais e funcionais persistentes. (LINDENMAYER, J. P.; KHAN. A.; 2012, p. 27) Os sintomas provocados pela esquizofrenia são os mais severos e temidos dentre as enfermidades psiquiátricas, pois significam a perda do controle da vida e das emoções e as pessoas se veem frente a uma inundação de pensamentos desconexos e de percepções até então desconhecidas, visto que, afetam a vida social, afetiva, financeira e familiar do portador. Além de gerar muitas vezes o sentimento de não ser compreendido pelos amigos e familiares (OLIVEIRA;FACINA;JÚNIOR, 2012). O indivíduo perde a noção do que é ou não é real, passando a viver num “mundo substituto” repleto de percepções visuais, auditivas e sensitivas que somente ele vê, somente ele ouve e somente ele sente, ou seja, os sentimentos ocasionados pela nova realidade são vividos de forma solitária(OLIVEIRA;FACINA;JÚNIOR, 2012). A ESTIGMATIZAÇÃO DO DOENTE MENTAL E O AUTOESTIGMA Um dos maiores desafios enfrentados por um indivíduo diagnosticado com esquizofrenia é, depois dos sintomas clínicos, a própria reinserção na sociedade. Muitas vezes, por falta de conhecimento, as pessoas simplesmente rotulam tais pacientes como “loucos”, “anormais”, e atribuem um conceito negativo ao nome da doença (OLIVEIRA;FACINA;JÚNIOR, 2012) Assim, observa-se que é crucial que sejam tomadas algumas medidas para auxiliar esse tipo de doente a conviver bem em sociedade. Muitas vezes ele é incentivado pelos médicos e pelos familiares a se relacionar com outras pessoas, a trabalhar e a tentar viver uma vida normal, porém, a comunidade em geral, acaba prejudicando esse indivíduo ao rejeitá-lo e excluí-lo do convívio social (SCHÜLHI; WADMAN; SALES, 2013). A atual política brasileira de saúde mental baseia-se nos referenciais basaglianos, que indicam o retorno e a permanência da pessoa com transtorno mental a seu meio social, o que significa próximo à família e à comunidade. Todavia, este enfoque de socialização parece ser uma realidade distante no cotidiano de Carolina, uma vez que esta exprime em sua fala seu pesar ao sentir que seu ente querido ainda sofre preconceitos pelo estigma da doença. Manifestando sua tristeza pelo descaso do profissional em não considerar seu filho como um ser humano, mas apenas como um “louco”. O profissional considerou apenas a percepção do mundo, negligenciando compreender não apenas a situação do doente, mas principalmente a condição do familiar. Algumas vezes, o preconceito atua de tal forma que o transtorno mental torna- se sinônimo de perigo iminente. O afastamento segue como um dos principais sintomas do preconceito (SCHÜLHI; WADMAN; SALES, 2013) A expectativa de que este preconceito se transforme em compreensão é algo de que os familiares têm esperança. A incompreensão aqui relatada se traduz pela falta de diálogo. Neste sentido, o transtorno mental aparece circunscrito a um espaço que há muito tempo foi utilizado para destituir o indivíduo de sua convivência com a família e a sociedade. A rotulação a que o indivíduo é submetido aumenta ainda mais o processo de estigmatização e provoca o afastamento de pessoas que outrora fizeram parte de seu convívio social (SCHÜLHI; WADMAN; SALES, 2013). A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA DA FAMÍLIA COM A ESQUIZOFRENIA As famílias se viram estimuladas e pressionadas a assumir a responsabilidade pelo cuidado de seus membros doentes (MELMAN, 2001). Porém, o familiar ainda se apresenta aos serviços de saúde mental simplesmente como informante das alterações apresentadas pelo paciente(CARDOSO;BUDINI,2013). Diante de tal enfermidade, a família, muitas vezes, torna-se pessimista quanto à possibilidade de melhora do familiar. Entre essas famílias, muitos são os fracassos, recaí- das, abandonos de tratamento, sendo comum encontrar famílias desmotivadas, resistentes e temerosas em relação a qualquer proposta de mudança vinda dos trabalhadores e dos serviços de saúde mental (COLVERO; IDE & ROLIM, 2004). A sobrecarga familiar envolve aspectos econômicos, práticos e emocionais aos quais familiares ficam submetidos, essa sobrecarga poderá se apresentar de forma subjetiva ou objetiva, sendo que a objetiva está relacionada às consequências negativas da presença do familiar adoecido, como acúmulo de tarefas, aumento das despesas, fragilidade das relações interpessoais e as modificações das atividades diárias. Já em relação à sobrecarga subjetiva, refere-se à forma como a família percebe o membro familiar adoecido, bem como a responsabilidade pelos cuidados com o mesmo (ELOIA et al, 2014). De acordo com Melman(2001), o universo dos familiares de pacientes com transtorno mental severo reflete uma realidade de preconceito e exclusão vista na sociedade. Aproximar-se dessas famílias implica tomar contato com sentimentos de muita dor e sofrimento. Muitos familiares se veem obrigados a direcionar grande parte de seu tempo para o cuidado do parente doente. Além da dor, para muitas famílias, a doença mental continua sendo motivo de vergonha. Na maioria dos casos, isso pode ser efeito da carência de informações qualificadas sobre a doença. AS INFLUÊNCIAS DA RELIGIÃO NA CONVIVÊNCIA COM A DOENÇA A relação entre religião, religiosidade, espiritualidade e saúde/doença mental tem sido um assunto de interesse nas ciências sociais, comportamentais e de saúde. O potencial para os efeitos positivos e negativos está associado ao processo saúde/ doença mental, combinado com o envolvimento com as questões religiosas, o que sugere que essa é uma área que demanda investigação. Independentemente das relações que se estabelecem, compreende-se que as escolhas e expressões religiosas devem ser respeitadas quando esse é o desejo do paciente, em respeito à fé individual (PARGAMENT; LOMAX, 2013). A religiosidade é um aspecto bastante importante na vida das pessoas, interferindo na saúde e nos transtornos mentais. Ela pode ser entendida como recurso de ajuda para a difícil convivência com a doença mental, auxiliando em sua compreensão, uma vez que atribuem a Deus a sua responsabilidade. Este comportamento permite suportar melhor o convívio com a esquizofrenia e suas consequências (OLIVEIRA;FACINA;JÚNIOR, 2012). As pessoas com transtornos mentais identificam que a vivência religiosa/espiritualidade traz um alento para a vida quando associada ao apoio da rede social que se estabelece nas agências religiosas frequentadas por esses indivíduos. A vivência religiosa/espiritualidade é como uma ferramenta de enfrentamento às dificuldades do dia a dia impostas pelas limitações acarretadas por delírios e alucinações, principalmente na relação dessas pessoas com familiares e amigos ( REINALDO;SANTOS, 2016). A proximidade, de forma intensa, do portador de doença mental com as questões religiosas pode representar, porém, uma possibilidade de recaída. Um aspecto negativo das igrejas mais conservadoras é a não aceitação do tratamento medicamentoso como recurso para controle da sintomatologia, julgando-se aptas a apoiar os indivíduos portadores de doença mental com base apenas no diálogo e na oração (OLIVEIRA;FACINA;JÚNIOR, 2012). Os pacientes e familiares evidenciam que a religião se torna algo prejudicial quando usuários e familiares, em nome da vivência religiosa/espiritualidade que professam, negam a necessidade de tratamento para os transtornos mentais. Nesse contexto, a religião como algo que desequilibra os pacientes e desestabiliza suas relações sociais, dificultando o tratamento (REINALDO;SANTOS, 2016). CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos referenciais teóricos utilizados para a construção do artigo foi possível entender o conceito de esquizofrenia, suas características, as possíveis causas, os tratamentos mais aceitos atualmente e as consequências para o portador e seus familiares. Dessa forma, é notável a dificuldade e o sofrimento de viver com esquizofrenia e conviver com os portadores dessa doença, é doloroso tanto pra quem tem a doença como pra família. Muitas pessoas não tem o conhecimento sobre a doença e por isso trazem consigo preconceitos, inferiorizam as pessoas que sofrem de esquizofrenia, e acabam contribuindo para o mal-estar do indivíduo, que se imagina diferente, que tem “problemas na cabeça” e com poucas expectativas em relação a sua vida e tendo dificuldade de estar no meio social, desacreditam em si próprio por acharem que não vão conseguir nem realizar uma simples atividade, se reprimem por medo de entrarem em surto, se sentem exclusos e inúteis. Também foi possível observar o quanto é difícil conviver com as demandas desta patologia como o tratamento, as internações, as limitações decorrentes dos sintomas, entre outras. Vale ressaltar a importância do apoio familiar visto que, ajuda a diminuir essas inconstâncias da doença, é imprescindível a compreensão desses para com o portador da doença e a patologia. Todavia, é importante frisar que a religião é um complemento para o tratamento da esquizofrenia, e não uma forma de cura. A igreja, serve como complemento, porém sempre tendo em vista que a esquizofrenia não é algo espiritual mas sim uma patologia, que pode ser tratada, e acompanhada por profissionais multidisciplinares, que abrangem não somente o paciente mas também sua família. Dessa forma, conclui-se que conhecer a esquizofrenia é de essencial relevância na área da saúde para entendimento da doença em si, acompanhamento do paciente e forma adequada de tratamento que pode ser composto pela terapêutica medicamentosa, psicoterapia e socioterapia a fim de poder proporcionar uma melhor qualidade de vida e sociabilidade ao paciente e sua família. REFERÊNCIAS ARATANGY, Eduardo Wagner. Pacientes que sofrem com esquizofrenia tendem a ser perigosos?, 2017. ASSIS, Jorde Cândido de et al. Conversando sobre a esquizofrenia. Recuperação e novas perspectivas . Segmento Farma Editores. 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