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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA E HOTELARIA GASTRONOMIA AFRICANA - ANGOLA Introdução Muitos colonizadores passavam pela África devido às rotas marítimas que ligavam o Oriente e Ocidente. Sendo assim, a comida típica da África recebeu influência de diversas partes do mundo, além da própria cultura dos nativos. Sua culinária se tornou uma fonte de ingredientes para diversos países do mundo. Os escravos sul-africanos por exemplo, que retornavam da Inglaterra, ensinavam o que aprenderam, assim como os africanos que viviam no oriente no período medieval. Existem também pratos exóticos, como o grilo frito. Normalmente, a maioria dos trabalhos relacionados à alimentação na África, são obrigações das mulheres. Desde a "plantação" ou "shambas" (como são chamados os campos de plantio), passando pela capina, plantio e colheita, até as atividades que incluem cozinhar e servir alimentos. Mas em algumas regiões, a mulher fica encarregada dos pratos doces, enquanto o homem prepara a carne. Tradicionalmente, a cozinha na África fica pro lado de fora da casa, ou em uma construção separada dos quartos e salas. Atualmente, a comida mais típica na África encontrada na casa do nativo, são carnes com vegetais, fortemente temperadas em uma larga panela preta. A panela normalmente fica em cima de três pedras dispostas em triângulo, e o fogo consome lentamente três pedaços de madeira para cozinhar os alimentos. Para se encontrar algum fator comum na alimentação dos africanos, temos primeiro que dividir o continente em duas regiões: • Norte da África - onde se tornou habitual o cultivo do trigo (incluindo partes do norte, nordeste e leste da Etiópia e o norte do Sudão) – esta culinária é desenvolvida na culinária mediterrânica – e • África subsaariana - onde, em geral, não é o trigo, mas outros vegetais farináceoas (sorgo, painço e milho) que constituem a base da alimentação. Ao contrário do norte de África, onde a base da alimentação é uma espécie de pão, na África subsaariana tradicionalmente é uma massa cozida em água que acompanha – ou é acompanhada – por diferentes guisados e grelhados. No entanto, o arroz e a batata aclimataram-se bem em várias regiões de África e atualmente pode dizer-se que metade das refeições têm estes vegetais como fonte de energia. Cultivados na África desde a antiguidade, pode-se encontrar cereais como o sorgo, o milho, painço, milho miúdo, leguminosas como feijão frade e as lentilhas, tubérculos como o inhame e vegetais como o quiabo. Também é africana a melancia, cuja água abundância em água é particularmente bem vinda. Uma fruta muito conhecida na África meridional é a marula, uma variedade de noz comum na região. A marula ou canhoeiro (ou árvore da marula) é uma árvore de tamanho mediano Texto exclusivo da Disciplina de Cardápios Regionais – Profa. Lenice F. Oliveira Página 1 originária das savanas e encontrada na África do Sul e da região da África oriental. Caracteriza-se por um tronco único cinzento e copa de folhas verdes, podendo atingir 18 metros de altura em baixas altitudes e pradarias abertas, típicas da savana. O licor de amarula produzido a partir da fruta é uma bebida africana exportada e comercializada em várias partes do mundo. A fruta da marula pode provocar embriaguez nos animais que a comem em excesso, devido ao álcool que é gerado no processo de maturação. INGREDIENTES TÍPICOS DOS AFRICANOS: Vegetais: batata doce, quiabo, melancia, mandioca, amendoins, repolho, limão, inhame, feijão frade, lentilhas. Carnes: frango, carne de porco, bife e variedade de peixes locais. Plantas: alho, pimenta malagueta, cravos-da-índia, pimenta preta, cardamomo, noz-moscada, curcuma, arroz mix, caril em pó, ALGUMAS CURIOSIDADES TÍPICAS DE ALGUNS ESTADOS AFRICANOS: • Cabo Verde consome cachupa de peixe que é um cozido de atum, imperador, feijoca, milho, feijão-vermelho, alho, cebolas, louro, couve-portuguesa, banha. • Na Guiné-Bissau consome-se caldo de peixe. • Em São Tomé e Príncipe consome-se calulu de peixe. • O bobotie é um prato feito com cozido de carne moída, leite, castanhas, pão, cebola, damascos, passas, curry (tempero forte). • Carne de avestruz: possui características únicas como, por exemplo, alto teor de ferro, ômega-6, apenas 1% de gordura e baixa taxa de colesterol. É considerado um alimento funcional, ou seja, além de nutritiva traz benefícios a saúde. A carne de avestruz é 66% mais magra que a carne bovina e tem três vezes menos colesterol do que o frango ou o peru. • Cuscuz - é um prato árabe originário do Magrebe (região do norte de África) que consiste num preparado de sêmola de cereais, principalmente o trigo. No Brasil, pode ser feito à base de farinha ou polvilho, de milho, arroz ou mandioca. Salgada e levemente umedecida, a massa é posta a marinar para incorporar o tempero. Daí, tem a sua cocção pela infusão no vapor. Pode ser incrementado com outros ingredientes, como é o costume do sudeste do Brasil, ou apenas ir acompanhado de leite, ovos, manteiga ou carne de charque, como é a preferência no nordeste. O cuscuz preparado no cuscuzeiro pode ser de milho e carimã. Na Região Norte, o cuscuz pode ser doce e consumido com leite de coco, comumente no café da manhã, acompanhado de tapioca, iguaria popular em todo o Brasil. GASTRONOMIA ANGOLANA Angola possuí área: 1.246.700 km2 e uma população estimada atualmente em 12 milhões de habitantes. O país obteve a sua independência em 11 de Novembro de 1975, o regime político é semi-presidencialista, Luanda é a capital do país com 2.081.000 habitantes em 1988. A Angola é um país localizado no continente africano com muitos contrastes e tem como língua oficial o Português, utilizando muitos dialetos e tendo algumas línguas nacionais como o Umbundo, que é a língua materna de muitos angolanos. O país sofre com a falta de estrutura nas escolas e falta de professores capacitados, remetendo a situação da educação do país com condições muito precárias. Apesar de todos os contrastes relevantes dos angolanos, o país manifesta sua Texto exclusivo da Disciplina de Cardápios Regionais – Profa. Lenice F. Oliveira Página 2 cultura através da dança que além da sua condição de recreação é utilizada como uma forma de comunicação da religião, cultura e também como fator social do país. Apesar de todas as precariedades no país, há muito que se destacar de positivo na Angola, além das inúmeras manifestações culturais, a culinária angolana ganha bastante destaque. A culinária angolana recebe grande influência da culinária portuguesa e também de Moçambique. É marcada também pela mistura de métodos da cozinha brasileira, africana e portuguesa. Os primeiros contatos com os portugueses datam desde 1482 quando Diogo Cão chegou ao Reino do Congo. A colónia portuguesa formou-se em 1575 com a chegada de Paulo Dias de Novais com 100 famílias de colonos e 400 soldados. O petróleo tem sido o principal suporte da economia angolana, o milho e a mandioca, duas plantas trazidas da América pelos portugueses no século XVI transformaram radicalmente o tipo de alimentação e a economia alimentar não só de Angola como também de toda África tropical. A culinária angolana é constituída basicamente por pratos elaborados a base de carnes, porém as carnes são consumidas secas. Outro prato bastante comum são os peixes, que ganham sabor e requinte combinados com ingredientes selecionados, porém, ingredientes simples. A culinária angolana não faz o uso de molhos sofisticados ou de combinações requintadas, a combinação é feita com ingredientes comuns e simples,mas que combinados corretamente dão um sabor especial a culinária angolana. OS PRATOS MAIS FAMOSOS DA CULINÁRIA ANGOLANA: • Funge ou funji - um prato típico, um dos pratos mais famosos da culinária angolana, semelhante à polenta, feito a base de farinha de mandioca (bombom) ou milho. • Muamba, que é preparado com galinha, peixe ou carne juntamente com quiabos e óleo de palma, uma especiaria que é sempre utilizada na preparação das comidas angolanas. • Feijão feito com o óleo de palma – ou óleo de dendê. • Kizaka - prato típico angolano, um cozido feito com folhas de mandioca. A preparação da kizaka leva muito tempo. As folhas precisam de perder o sabor amargo antes de poder ser consumida. No preparo tradicional, elas são moídas e cozidas por muito tempo, e isso acaba eliminando as substâncias tóxicas. O azeite preferido das mulheres africanas para preparar a kizaka é o de dendé e leva uma boa quantidade de pasta de amendoim fresca, cebola e alho. Em casos especiais pode acrescentar-se peixe ou pedaços de carne defumada. Vai tudo junto num caldeirão e serve-se acompanhada com funji. • Mufete - prato com feijão de óleo de palma, peixe carapau, galo ou cacusso grelhados, banana pão, mandioca, batata-doce e farinha, molho de cebola com vinagre, azeite doce e uma pitada de sal. • Cabidela de Galinha à Moda de Angola - galinha cozida com tomates, cebola, alho, louro, pimenta branca a gosto, óleo q.b. Cuidado especial ao sangrar o animal, adicionar vinagre pra impedir a coagulação do sangue. • Calulu: Pode ser confeccionado com peixe seco e fresco ou com carne seca. Entre os ingredientes contam-se o tomate, alho, quiabos, folhas de batata doce, o espinafre, a abobrinha e o óleo de palma. Em Angola, o calulu de peixe é preparado numa panela, na qual se intercalam camadas de peixe seco e de peixe fresco, com os demais ingredientes. É cozido em fogo médio e servido com funge e feijão com óleo de palma. O calulu de carne é preparado com carne seca previamente dessalgada. É também cozido em fogo médio e servido com funge e feijão com óleo de palma. BIBLIOGRAFIA MARGARIDO, A. A Lusofonia e os Lusófonos: Novos Mitos Portugueses, Ed. Universitária Lusófona, p. 43. PARREIRA, A., Economia e Sociedade em Angola na Época da Rainha Ginga, Sec.XVII, Imprensa Universitária, Editorial Estampa, . Texto exclusivo da Disciplina de Cardápios Regionais – Profa. Lenice F. Oliveira Página 3 PINTO, A. O. P., Mazanga, 1.ª ed., Editor Inst. Nac. do Livro e do Disco, p. 155, Set., 1998. ___________ Sabores da Lusofonia, Disponível em: http://www.gastronomias.com/lusofonia/ang015.htm NETO,S., Gastronomia Angolana”, in TAAG Austral, n.º 34, p. 21-25.Out./Nov./Dez., 2000. ____________ Folhas de mandioca, in Despertai, Jul., p. 20. 1996. _________ Gastronomia angolana, Disponível em: http://gastronomiaangolana.com.sapo.pt/, acesso em: 10-06-2013. Texto exclusivo da Disciplina de Cardápios Regionais – Profa. Lenice F. Oliveira Página 4
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