Buscar

FICHA 6 Zaccarelli Cap. 3 Estrutura Organizacional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 38 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CLUSTERS E REDES DE NEGÓCIOS 
– uma visão estratégica – 
 
 
 
 
 
CCAAPPÍÍTTUULLOO 33 
 
AAUUTTOO--OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO 
EE 
GGOOVVEERRNNAANNÇÇAA SSUUPPRRAA--EEMMPPRREESSAARRIIAALL 
 
 
 
 
SSÉÉRRGGIIOO BBAAPPTTIISSTTAA ZZAACCCCAARREELLLLII 
 
 
 
PPrrooff.. DDrr.. DDEENNIISS DDOONNAAIIRREE 
PPrrooff.. DDrr.. JJOOÃÃOO MMAAUURRIICCIIOO GGAAMMAA BBOOAAVVEENNTTUURRAA 
PPrrooff.. DDrr.. JJOOÃÃOO PPAAUULLOO LLAARRAA DDEE SSIIQQUUEEIIRRAA 
PPrrooff.. DDrr.. RREENNAATTOO TTEELLLLEESS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2007 
 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
2
CCAAPPÍÍTTUULLOO 33 
AAUUTTOO--OORRGGAANNIIZZAAÇÇÃÃOO EE GGOOVVEERRNNAANNÇÇAA SSUUPPRRAA--EEMMPPRREESSAARRIIAALL 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 03 
 
ENTIDADE SUPRA-EMPRESARIAL: UMA QUESTÃO DE OLHAR 07 
 
AUTO-ORGANIZAÇÃO: COMPETITIVIDADE AUTO-EVOLUTIVA 11 
 
NÚCLEO INICIAL DA AUTO-ORGANIZAÇÃO 13 
 
VELOCIDADE DE AUTO-ORGANIZAÇÃO 15 
 
CARACTERÍSTICAS DE SISTEMA COM AUTO-ORGANIZAÇÃO 16 
 
AUTO-DESORGANIZAÇÃO: DESMANTELAMENTO SUPRA-EMPRESAS 17 
 
GOVERNANÇA SUPRA-EMPRESAS: COMPETITIVIDADE GERENCIADADA 19 
 
CLUSTERS, REDES E A GOVERNANÇA SUPRA-EMPRESARIAL 23 
 
PERFIL DA GOVERNANÇA SUPRA-EMPRESAS 27 
 
FUNDAMENTOS DA PERFORMANCE COMPETITIVA 31 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 36 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Auto-organização, Entidade Supra-empresarial, Governança 
Supra-empresarial, Fundamentos de Redes de Negócio, Fundamentos de 
Clusters de Negócios. 
 
 
 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
3
Aquilo que os homens de fato querem não é 
o conhecimento, mas a certeza. 
 
Bertrand Russel 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Os sistemas supra-empresariais ou supra-empresas, como mencionado 
em capítulo anterior, não têm dono, personalidade jurídica, organograma 
etc. e assim, não podem ter chefes, superiores aos presidentes das 
empresas, ou alguma estrutura hierárquica. Os proprietários das 
empresas entenderiam essa situação como absurda, com uma instância 
maior os chefiando ou, mesmo, os liderando informalmente. Os acionistas 
podem admitir apenas receber “conselhos” de amigos desinteressados, 
mas as decisões finais são sempre deles. Entretanto, é necessário 
alcançar ou construir uma explicação para a capacidade das entidades 
supra-empresas de se desenvolverem, crescerem e competirem. No 
capítulo anterior, tratamos dos fundamentos e da instituição de clusters e 
redes de negócios, em que as formas de pensar dos dirigentes de 
empresas isoladas acabam determinando algumas características desse 
arranjo supra-empresarial. Se o pensamento seguir a perspectiva 
estratégica, o resultado previsto das decisões subseqüentes tem alta 
correlação empírica com a característica localizacional ou o vínculo de 
relacionamento das empresas reais. Faltaria explicar como isso foi ou é 
possível, sem estrutura hierárquica de comando simultâneo sobre todas as 
empresas da entidade. Para esta explicação fica indispensável considerar 
mecanismos associados à auto-organização e à governança supra-
empresas, só perceptíveis ou compreensíveis, partindo-se dos conceitos 
adequados para reconhecê-los. 
 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
4
Auto-organização e governança supra-empresas são processos / 
condições completamente distintos entre si, embora propiciem efeitos 
positivos para a evolução dos Clusters e das Redes de negócios 
constituídos, segundo uma perspectiva estratégica, podendo existir 
isolados ou simultaneamente. Não é correto afirmar que eles se 
complementam, mas apenas que se compõem ou não e estão 
relacionados, de certa forma, a desdobramentos cooperativos, resultando 
em indução ao crescimento e amplificação da capacidade competitiva. 
 
Auto-organização e governança, como apresentado, são abordagens 
pertinentes aos sistemas supra-empresas, constituídos a partir de um 
pensamento de natureza estratégica, não sendo compatíveis aos sistemas 
compreendidos segundo um pensamento lógico. A auto-organização é um 
conceito, associado ao enfoque sistêmico, utilizado com freqüência em 
estudos de diferentes áreas do conhecimento e, em particular, na 
investigação das organizações. Alguns a incorporam à Administração 
Cibernética, sendo que relevantes trabalhos nas décadas de 80 e 90, 
como os de Beer (1979), Schwaninger (1997) e Espejo (1993), 
favoreceram a sua divulgação. O termo governança vem ganhando 
destaque nos últimos anos, sendo ligado – via de regra – à corporação, 
em função da natureza dos desafios da gestão das empresas, em geral, e 
de sua orientação estratégica, em particular, em contextos de 
internacionalização de negócios, globalização das economias e 
transformações geo-econômicas. A governança supra-empresarial 
manifesta-se com a natureza de centro de decisão e fonte de influência, 
orientada para gestão estratégica supra-empresas, resultado de uma 
forma de pensamento baseado na busca e no fomento da competitividade 
de um agrupamento de negócios interdependentes, tendo como principal 
atributo seu caráter de poder dissociado de autoridade (formalmente 
reconhecida). Sendo auto-organização e governança conceitos vinculados 
a uma perspectiva estratégica dos sistemas supra-empresariais, seria 
natural tratar-se – vez por outra – suas componentes: as empresas. 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
5
Entretanto, deve-se assegurar que o termo empresa seja compreendido 
sem ressalvas ou dúvidas. Assim, como opção metodológica, empresa 
deve ser entendida como negócio, ou seja, como um sistema com 
existência efetiva, utilizando insumos (inputs) para operar transformações 
e oferecer um determinado produto ou categoria desses (outputs), 
dotados de valor de troca reconhecido pelo mercado. 
 
Porque falar de negócios, em vez de empresas, quando se abordam redes 
e clusters? Aparentemente ficaria mais natural falar de empresas, mas - 
como se pretende maior abrangência – torna-se preferível falar em 
termos de negócios, indicando a inclusão e a compreensão para todas 
empresas em um determinado negócio. Empresa e negócio não são 
sempre sinônimos. Uma empresa pode atuar em mais de um negócio. Por 
exemplo, uma pequena empresa de pesca, que compra os materiais 
necessários e vende, em suas instalações, os peixes capturados aos 
consumidores, apesar de parecer simples, contem vários negócios. 
 
É possível avaliar essa situação, considerando a possibilidade desta 
empresa ser dividida em várias outras empresas, cada uma com apenas 
um negócio. Assim, uma empresa especializada em comprar materiais 
para fornecer aos barcos, uma segunda que opera na comercialização dos 
peixes, uma terceira que vende informações sobre mercados e 
meteorologia etc. Desse modo, uma empresa, desenvolvendo a totalidade 
das atividades ligadas à pesca, oferta e entrega de seu produto aos 
consumidores, transformou-se em uma diversidade de empresas em 
negócios especializados, que se integram para realizar, com mais eficácia, 
o que antes era feito por uma única empresa. 
 
O exemplo acima da empresa pesqueira pode ser estendido para qualquer 
outra natureza de produto ou serviço. No começo do século passado, 
Henri Ford I, na época líder da indústria automobilística,investiu em uma 
fazenda de seringueiras para produzir sua borracha, em jazidas de minério 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
6
de ferro para produzir o seu aço, entre outras ações com o mesmo 
caráter, tudo em uma só empresa. Evidentemente Henri Ford não era um 
amador e suas iniciativas evidenciam o que era considerado adequado 
naquele momento. 
 
Seria viável discutir Rede de Empresas da Indústria da Pesca, da Indústria 
Automobilística, e, dessa forma, cada produto poderia ser ligado à sua 
rede de empresas. Como as empresas componentes de uma rede não são 
permanentes, ao longo do tempo, havendo mudanças, introdução de 
novas empresas, fechamento de outras, o título Rede de Empresas traria 
o inconveniente da alteração da rede de empresas a cada evento de 
modificação. 
 
Outra razão para não se utilizar rede de empresas é a possível associação 
com rede de relacionamento ou relacionamentos, cujo conceito se estende 
para outros tipos de vínculos, como, por exemplo, de caráter religioso ou 
vocacional (lojas maçônicas) ou de natureza comunitária (“orkut”). É 
preferível usar uma forma mais geral, priorizando os negócios, sem se 
vincular o nome das empresas e suas características peculiares. Essa 
opção torna possível generalizar raciocínios, estabelecendo ou propondo 
conceitos para o desenvolvimento de teorias, constituindo um novo campo 
do conhecimento para a era moderna da economia e sociedade. 
 
Será tratada, a seguir, como plataforma para a construção teórica sob 
uma perspectiva estratégica de clusters e redes de negócios, os seguintes 
conceitos: 
 
- entidade supra-empresarial; 
- auto-organização; e 
- governança supra-empresas. 
 
 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
7
ENTIDADE SUPRA-EMPRESARIAL: UMA QUESTÃO DE OLHAR 
 
 
Até o início do século passado, a empresa era considerada como sendo 
um prolongamento do seu dono. Durante o século passado, iniciando com 
Taylor, aprendeu-se muito sobre as empresas, inclusive sobre suas 
especificidades (pequena e média empresa, empresa de serviços, empresa 
de alta tecnologia etc.). Nesse processo de evolução, a abordagem das 
empresas tornou-se familiar e cotidiana, assim como os conceitos para 
entendê-las e agir sobre elas. Entretanto, não era usual dar atenção ao 
conjunto formado pelas empresas, ou pelos negócios, que interagiam 
entre si. O foco estava centrado nas empresas, sendo que outras 
empresas só foram consideradas quando o assunto envolvia competição. 
 
Como exemplificação da importância de um olhar sobre o conjunto dos 
negócios, poderiam ser considerados os negócios ligados à produção e ao 
tráfico de maconha e cocaína e suas atividades correlatas. É amplamente 
difundido o conhecimento sobre esses negócios, principalmente quando a 
polícia está envolvida. As pessoas melhor informadas sabem também da 
existência de unidades de fabricação e de fornecimento dos produtos 
químicos para a fabricação. Também são de domínio, aspectos parciais, 
como a guerrilha e a sua relação de interdependência com a rede de 
negócios de maconha e cocaína. Mas, sem dúvida, conhecer estes 
negócios em separado, mesmo em detalhes, não leva ao conhecimento do 
todo da Rede de Negócios da Maconha e Cocaína. Algumas informações 
isoladas oferecem indicações que essa rede é significativamente evoluída. 
Sua capacidade de rápida reconstituição de partes da rede destruídas 
pelos inimigos, por exemplo, sugerem atividades que requerem planos de 
longo prazo, potencialmente inviáveis sem uma governança permanente 
em todos os negócios de sua rede. O entendimento da Rede de Negócios 
da maconha e da cocaína só é possível se for conhecido como elas 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
8
constituem um conjunto articulado de negócios, ou em termos mais 
formais, compõem ou instituem uma entidade supra-empresarial. 
 
Ao fim do século passado, desenvolveu-se uma consciência da existência 
de conjuntos de empresas, inter-relacionadas, formando sistemas, com 
efeitos surpreendentes e grandiosos, que não poderiam ser considerados 
como simples soma do efeito das empresas consideradas isoladamente. 
São hoje chamados de Clusters de Negócios e Redes de Negócios, sendo 
casos particulares de entidades supra-empresariais. Uma entidade supra-
empresarial é uma abstração. Ela não tem registro nos órgãos 
governamentais, não tem contabilidade, geralmente não recolhe impostos, 
não tem donos ou sede. A entidade supra-empresarial é composta por 
empresas, que se relacionam formando um sistema, e, desse modo, 
adquirem características próprias de um conjunto de empresas, que não 
existem nas empresas consideradas isoladamente. 
 
Para introduzir os elementos fundamentais para a compreensão do 
conceito de entidade supra-empresarial, convêm estabelecer uma 
comparação com outros agentes, utilizando-se análises comparativas e o 
repertório de hierarquia de sistemas. Na área biológica, uma analogia 
didática é o fato das abelhas constituírem colméias; essas representam 
um sistema de nível superior ao nível das abelhas. A entidade supra-
empresarial está para a colméia da mesma forma que a empresa está 
para a abelha. Portanto, é defensável afirmar que uma colméia é uma 
entidade “supra-abelhas”. Da mesma forma, um time de amadores de 
futebol, por exemplo, é uma entidade “supra-indivíduos” de jogadores de 
futebol. A colméia, resgatando a entidade supra-abelhas, apresenta a 
condição natural de realizar coisas impossíveis para abelhas isoladamente. 
De fato, em uma colméia, a abelha isolada tem importância irrelevante. O 
time de futebol tem resultados, por sua vez, que dependem mais do 
conjunto formado do que das capacidades isoladas dos jogadores. Para 
entender uma colméia como uma entidade em nível acima do nível da 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
9
abelha, pouco adianta entender de abelha. Pela mesma razão, entender 
de Cluster e Rede de Negócios é diferente de entender uma empresa. 
Quem decidir abordar o sistema, partindo do entendimento da empresa 
terá um longo caminho pela frente. O caminho mais curto é identificar as 
inter-relações entre os agentes que compõem o sistema, isto é, entre 
abelhas no sentido de compreender a colméia e entre empresas no 
sentido de compreender a entidade supra-empresarial, abordando na 
seqüência os efeitos do conjunto dessas interações. 
 
Por exemplo, para entender um shopping center como um tipo específico 
de entidade supra-empresas, o caminho mais longo é partir do 
conhecimento de cada loja isoladamente em seus detalhes. O 
entendimento do shopping só se inicia de fato quando se apreende o 
efeito cruzado e integrado entre as lojas ou, em outras palavras, como 
umas afetam as outras, como elas compõem um todo maior, com efeitos 
superiores aos possíveis para o conjunto se analisada cada uma delas 
isoladamente. A reunião daquelas lojas em um determinado prédio gerou 
uma nova entidade, abstrata, com funções maiores do que a simples 
administração de um condomínio dos negócios considerados como 
independentes. Da mesma forma, o entendimento de um porto para 
comércio internacional ou de um grande aeroporto demanda a 
compreensão dos negócios, que o constituem, onde dezenas de tipos de 
negócios interagem entresi, com várias empresas competindo em cada 
negócio, viabilizando a transferência e armazenagem de mercadorias 
variadas e em volume elevado. É praticamente inviável conceber um 
grande porto, ou aeroporto, sem a perspectiva de uma entidade supra-
empresarial. 
 
Considerando-se uma perspectiva conjugada entre uma visão orientada à 
instrumentalização conceitual e uma abordagem de aplicabilidade de 
conceito, define-se Entidade Supra-empresarial como proposto a seguir: 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
10
 
 
Existem diferentes tipos de entidades supra-empresariais, cada uma com 
suas características; o presente texto se concentra em apenas dois tipos 
delas: os Clusters de Negócios e as Redes de Negócios. Como uma 
aproximação suficiente para a compreensão da natureza, semelhanças e 
diferenças de clusters e redes de negócios, o Quadro 3.1 focaliza suas 
três principais determinantes. 
 
 
QUADRO 3.1 – Análise Comparada de Clusters e Redes de Negócios 
Fonte: autores 
 
ENTIDADE SUPRA-EMPRESARIAL se constitui em um 
sistema instituído pela inter-relação de um conjunto de 
negócios relacionados a um determinado produto, linha, 
categoria ou mercado, em que o processo de integração e 
a dinâmica das relações entre as organizações implicam 
efeitos sistêmicos de amplificação da capacidade 
competitiva do sistema e de seus componentes em relação 
a empresas situadas externas a ele. 
DIMENSÃO DE 
COMPARAÇÃO 
CCLLUUSSTTEERRSS 
DDEE NNEEGGÓÓCCIIOOSS 
RREEDDEESS 
DDEE NNEEGGÓÓCCIIOOSS 
Relação entre 
Negócios 
 PPrrooxxiimmiiddaaddee ggeeooggrrááffiiccaa 
 CCoommppaattiibbiilliiddaaddee ddee pprroodduuttooss ((iinnddúússttrriiaa)) 
 TTrrooccaa ccoollaabboorraattiivvaa 
 TTrraannssaaççõõeess bbaasseeaaddaass eemm ffiiddeelliizzaaççããoo 
Arranjo 
Estrutural 
 CCoonnjjuunnttoo ddee nneeggóócciiooss pprreesseenntteess eemm ddaaddaa 
 rreeggiiããoo,, ooppeerraannddoo nnaa mmeessmmaa 
 iinnddúússttrriiaa ((oouu eemm iinnddúússttrriiaa ccoommpplleemmeennttaarr 
 oouu ccoorrrreellaacciioonnaaddaa)).. 
 CCoonnjjuunnttoo ddee nneeggóócciiooss pprreesseenntteess eemm ddaaddaa 
 ccaaddeeiiaa ddee ffoorrnneecciimmeennttoo,, ooppeerraannddoo 
 ttrraannssaaççõõeess eennttrree ssii oorriieennttaaddaass ppaarraa 
 ffiiddeelliizzaaççããoo.. 
Bases de 
Competitividade
CCOONNCCEENNTTRRAAÇÇÃÃOO GGEEOOGGRRÁÁFFIICCAA PPRROOCCEESSSSOO DDEE FFIIDDEELLIIZZAAÇÇÃÃOO 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
11
AUTO-ORGANIZAÇÃO: COMPETITIVIDADE AUTO-EVOLUTIVA 
 
 
A auto-organização de Clusters e Redes de Negócios refere-se a um 
processo peculiar de gênese e desenvolvimento dos respectivos sistemas, 
clusters e redes, denominados entidades supra-empresas. O processo de 
organização de uma empresa é inteligente ou, pelo menos, consciente. O 
planejamento da futura empresa incorpora um plano de investimento 
inicial, com recursos disponíveis, estabelecendo o que convém realizar na 
primeira etapa, na segunda etapa etc. até o objetivo proposto ser 
atingido. No caso de um shopping center, que é um tipo de entidade 
supra-empresas, também existiu um processo de organização plenamente 
consciente de todos os aspectos: escolha da localização, vias de acesso, 
prédio, mix conveniente de lojas, forma de avaliação das lojas para 
eventual substituição etc., tudo consciente e racionalmente planejado. 
 
Este tipo de processo deliberadamente organizado não se verificou para a 
instituição dos Clusters e Redes de Negócios existentes. Não deixa de ser 
viável, no futuro, novos clusters e redes serem planejados ou organizados 
segundo um procedimento equivalente ao dos shoppings atuais. Por 
enquanto, não há possibilidade de abordar clusters e redes, sem 
reconhecê-los como resultado de um processo que se originou com auto-
organização. 
 
A aparente dificuldade inicial na compreensão, ou mesmo aceitação, do 
processo de organização de um arranjo supra-empresarial é o fato delas 
não terem um grupo único de acionistas ou um único proprietário de todos 
os negócios, assim como não possuírem um executivo geral responsável 
pela totalidade dos negócios. Sem essa condição, não é possível conceber 
um plano completo e racional para planejar cada etapa da organização ou 
mesmo para definir quais serão as etapas. Como conseqüência, não é 
possível falar em organização deliberada de clusters e redes com base 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
12
racional como resultado de um processo completamente planejado dentro 
de um sistema de livre iniciativa capitalista. 
 
O paradoxo incômodo encontra-se no reconhecimento necessário de que 
entidades supra-empresas, a exemplo de clusters e redes, que não 
resultaram de um processo racional de organização, apresentarem, em 
geral, posição de vencedores na competição com empresas, 
conscientemente concebidas e organizadas. Afortunadamente, Clusters de 
Negócios e Redes de Negócios são arranjos reconhecidos 
(“institucionalizados”) e, disso, restam a missão e a oportunidade de 
buscar lições sobre como proceder em situações assemelhadas. 
 
Desse modo, a proposta conceitual apresentada confere uma 
caracterização teoricamente sustentável e uma descrição eminentemente 
funcional para o processo de auto-organização associado à evolução 
manifestada em clusters e redes de negócio. 
 
 
 
 
NÚCLEO INICIAL DA AUTO-ORGANIZAÇÃO 
 
 
A auto-organização pressupõe um ponto de partida, uma condição de 
germinação, enfim, um germe, em que, na hierarquização de sistemas, o 
AUTO-ORGANIZAÇÃO SUPRA-EMPRESARIAL constitui um 
processo de caráter espontâneo e evolutivo resultante do 
conjunto de efeitos sistêmicos decorrentes das relações 
estabelecidas em uma entidade supra-empresarial (dos 
negócios entre si e com o ambiente), caracterizado pelo 
desenvolvimento de condições mais complexas e 
progressivamente mais competitivas ao longo do tempo. 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
13
nível superior ao nível das empresas passa a existir. Esse ponto de 
partida, no caso de clusters, é a formação “inicial” do aglomerado mínimo 
de empresas, geralmente semelhantes, que apresentam – por exemplo – 
a vantagem de exercer potencialmente maior atração dos clientes. No 
caso de redes de negócios, a ‘germinação’ está associada a um acréscimo 
significativo na especialização de operações, vinculado a alguma fidelidade 
na relação fornecedor-fornecido. O germe da nucleação de arranjos supra-
organizacionais, como os tratados, pode estar ligado a condições 
aleatórias ou ser potencializado por essas condições. 
 
Um exemplo de caso real, simplificado para avaliar o essencial do 
processo de auto-organização, é apresentado a seguir como referência de 
discussão para essa evolução. Considerando que – por uma razão 
qualquer – se estabeleceu, ainda de forma irrelevante, um pequeno 
agrupamento de lojas iguais ou assemelhadas, em um trecho de rua, 
independentes uma das outras. Esse agrupamento passou a ser o ponto 
de partida para uma evolução espontânea, não prevista. Assim, são 
oferecidas as condições para a ocorrência do efeito 1. 
 
 
EFEITO 1 – condição favorável de atraçãode clientes, devido à 
situação de variedade de oferta, preço aparentemente 
justo, resultado da concorrência instalada, entre outros. 
Esse efeito induz o efeito 2; 
 
 
EFEITO 2 – aumento da média de vendas por loja, em função do 
incremento da atração provocado pelo Efeito 1, implica 
maior lucratividade das lojas, contexto condicionante e 
potencionalizador do efeito 3; 
 
 
EFEITO 3 – ampliação da atratividade para outras lojas, devido à 
qualidade dos negócios percebida por empreendedores. 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
14
Novas lojas apresentam alguma diferenciação nos 
produtos, resultando em dois efeitos (4 e 5) distintos; 
 
 
EFEITO 4 – expansão de variedade e sortimento do conjunto de 
produtos oferecidos no agrupamento de lojas, com oferta 
adicional de benefício para os clientes, levando a efeito 6; 
 
 
EFEITO 5 – aumento no número de lojas instaladas em relação à 
dimensão inicial do agrupamento inicial, remetendo 
também ao efeito 6; 
 
 
EFEITO 6 – crescimento do poder de atração de clientes, 
potencializado pela expansão da variedade de produtos e 
pelo aumento do número de lojas. 
 
 
Ocorre que o Efeito 6 tem a mesma natureza do Efeito 1, ou seja, 
completa-se um ciclo que se auto-alimenta, à medida que, a rigor, o 
Efeito 1 se repete. Esse Efeito 1 reiterado provocará o Efeito 2 reiterado, 
determinando o Efeito 3 reiterado e assim por diante, enquanto causas e 
respectivos efeitos apresentarem o mesmo caráter das anteriores. 
 
O exemplo apresentado, embora simples, é representativo do processo 
que se repete com maior complexidade em sistemas onde as interações 
não seriam limitadas aos cinco efeitos e, sim, constituídas e serem 
resultantes de dezenas de efeitos, com encadeamentos mais complexos, 
porém dotadas dos mesmos atributos, qualidades e características 
básicas, como esquematizado na Figura 3.1. 
 
 
 
 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
15
Figura 3.1 - Desenvolvimento de Clusters de Clusters de Negócios 
 
 
Fonte: autores. 
 
 
 
VELOCIDADE DE AUTO-ORGANIZAÇÃO 
 
 
Propositalmente não se discutiu nessa primeira aproximação, a defasagem 
no tempo entre os diferentes efeitos, ou seja, o tempo transcorrido para 
que o Efeito 1 provoque o Efeito 2 e, deste, o intervalo temporal para que 
aconteça o Efeito 3 e assim por diante. Estes prazos são condicionados à 
situação específica de cada caso; podem ser rápidos, demandando poucos 
dias, ou longos, com horizontes de mais de um ano para cada efeito. São 
estes prazos obviamente que determinam a velocidade de auto-
organização. No caso de Clusters de Negócios, que foram ‘instituídos’ 
Clusters e Redes de Negócio – uma visão estratégica – ZACCARELLI
Processo de Desenvolvimento de Clusters
AGRUPAMENTO
INICIAL
ATRAÇÃO
DE CLIENTES
[1]
VENDAS
POR LOJA
[2]
No. DE LOJAS NO
AGRUPAMENTO
[5]
VARIEDADE DE PRODUTOS
DO AGRUPAMENTO
[4]
ATRAÇÃO DE
NOVAS LOJAS
[3]
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
16
como resultado de auto-organização, o tempo necessário para uma 
condição de competição internacional é estimado em decênios, devendo 
se reconhecer que transcorrerá outro período correspondentemente longo 
para se alcançar potencialmente a liderança numa competição global. 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS DE SISTEMAS COM AUTO-ORGANIZAÇÃO 
 
 
Sistemas com auto-organização, ou – em outros termos – constituídos e 
em evolução por processos de auto-organização, apresentam, ao menos, 
três características distintivas: 
 
[1ª] – a seqüência dos efeitos forma um ciclo fechado; os efeitos 
iniciados em um determinado ponto prosseguem até seus 
desdobramentos resultarem na amplificação do efeito de 
origem, determinando um novo ciclo de efeitos do mesmo 
tipo que o anterior. O processo, com caráter progressivo, 
não se torna instável devido a restrições do ambiente. 
 
[2ª] – todos os efeitos são positivos, ou seja, levam a um 
incremento da situação anterior. Se entre os efeitos 
positivos, houver algum efeito negativo (ou de decremento 
da condição anterior), o sistema acaba apresentando uma 
restrição ao crescimento ou oscila, alternando progresso e 
retrocesso. 
 
[3ª] – não há restrições de natureza interna ao processo para o 
crescimento de um sistema auto-organizado. Esse sistema 
tende a crescer continuamente até ser limitado por uma 
condição originada no exterior do sistema. 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
17
 
No exemplo desenvolvido, enquanto for possível atrair mais clientes, o 
aglomerado de lojas continuará crescendo por auto-organização. Temos, 
nos sistemas biológicos, exemplos marcantes de sistemas sem limites 
internos de crescimento. Os dinossauros, em condições de disponibilidade 
de alimento, permanecem em processo de crescimento “indefinidamente”; 
os jacarés mantêm esta característica, não existindo tamanho padrão do 
animal adulto em contra-partida aos animais superiores, dotados de 
limitação de crescimento de origem interna, sugerindo uma questão para 
a reflexão. Como conseqüência da terceira característica, os clusters, por 
não terem limites internos ao crescimento por auto-organização, tendem a 
crescer até se tornarem monopolistas como entidade supra-empresas 
(embora as empresas dentro do cluster permaneçam competindo entre 
si), capazes de alcançar supremacia no mercado mundial, se não houver 
barreira ao livre comércio. O exemplo mais evidente é o caso da indústria 
do cinema em Hollywood, cujo cluster venceu todos os competidores, 
chegando ao monopólio mundial, com exceção da Índia, protegida pela 
sua diferenciação cultural. 
 
 
 
AUTO-DESORGANIZAÇÃO: DESMANTELAMENTO SUPRA-EMPRESAS 
 
 
O fenômeno de auto-organização pode se converter em um processo de 
‘auto-desorganização’. Duas condições seriam necessárias para tanto, 
uma de natureza de origem e outra associada ao caráter das interações: 
 
[1] – a condição de partida deixa de ser a dimensão mínima 
indispensável e passa a ser uma situação manifestada ou 
desenvolvida no/pelo sistema (com alguma organização 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
18
sistêmica), pois, em caso contrário, não haveria o que 
desorganizar; 
 
[2] – o resultado dos efeitos está associado a decremento das 
condições anteriores, ou seja, o sinal dos efeitos, positivo na 
auto-organização, assume condição negativa, determinando 
o decrescimento ou o potencial de redução. 
 
O mesmo exemplo, dotado de simplicidade, usado anteriormente pode ser 
considerado para a auto-desorganização. O agrupamento de lojas, com 
dimensões relativamente elevadas e condição francamente competitiva, 
constitui nossa situação de partida. Por hipótese, o Efeito 1, num dado 
momento, assume condição inversa ao caso anterior: 
 
 
EFEITO 1 – condição desfavorável de atração de clientes, devido à 
situação acesso à região onde o cluster se encontra 
instalado, induzindo o efeito 2; 
 
 
EFEITO 2 – declínio da média de vendas por loja, em função da 
diminuição da atração provocado pelo Efeito 1, implicando 
menor lucratividade e, por conseguinte, o efeito3; 
 
 
EFEITO 3 – fechamento ou mudança de algumas lojas, devido às 
condições de qualidade inferior do negócio, resultando 
nos efeitos 4 e 5; 
 
 
EFEITO 4 – diminuição de variedade e sortimento do conjunto de 
produtos oferecidos no agrupamento de lojas, reduzindo-
se benefício para os clientes e potencializando efeito 6; 
 
EFEITO 5 – redução no número de lojas instaladas em relação à 
situação anterior, remetendo ao efeito 6; 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
19
 
 
EFEITO 6 – contração do poder de atração de clientes, potencializado 
pela diminuição da variedade de produtos e pela redução 
do número de lojas. 
 
 
O primeiro ciclo de efeitos sucessivos se encerra e desencadeia um 
processo interativo auto-alimentado que conduz potencialmente o sistema 
a uma situação de extinção. Em um aspecto, a auto-desorganização 
apresenta-se, em geral, francamente distinta da auto-organização: a 
velocidade de desorganização tende a ser relativamente muito maior do 
que a velocidade de organização, chegando eventualmente a condições de 
implosão. Concluindo a apresentação do conceito de auto-organização, é 
possível ou mesmo natural que o leitor entenda, como estranho, um 
conceito simples ser aplicável a uma realidade extraordinária e tão 
relevante de desenvolvimento de clusters e redes de negócios. Embora, 
seja compreensível esta atitude, o argumento factual que a realidade está 
a mostrar, com a diversidade e profusão de casos reais, quando abordada 
consistentemente não oferece espaços para dúvidas sobre a auto-
organização de clusters e redes de negócios, particularmente em casos de 
auto-desorganização, situação progressiva de descontinuação de negócios 
motivada por um processo de natureza supra-empresarial. 
 
 
 
GOVERNANÇA SUPRA-EMPRESAS: COMPETITIVIDADE GERENCIADA 
 
 
Até há pouco tempo, a palavra governança sem um qualificativo, 
significava “governança corporativa”, designando a forma de atuação do 
Conselho de Administração de “grandes empresas”. O Conselho de 
Administração exercia a governança corporativa, tendo como uma de suas 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
20
funções precípuas, a indicação do primeiro executivo da empresa. 
Entretanto, esse Conselho não dá ordens ou decide abertamente. Assim 
parece (note-se a palavra: parece) que esse órgão ou instância não 
apresenta significativo poder de comando. Os conselheiros se comportam 
discretamente, fornecendo orientação e avaliação sobre movimentos e 
evolução do negócio, mas se julgarem que a gestão não está satisfatória, 
substituem o executivo, que empossaram. Se o mesmo Conselho de 
Administração fosse atuante como Governador Corporativo, seria natural 
que tomasse decisões e gerenciasse sua implementação. A governança 
corporativa influencia nas decisões, porém de forma tácita. 
 
A governança supra-empresas (ou empresarial) apresentaria, como a 
governança corporativa, uma atuação velada, discreta e de orientação 
para decisões voltadas para a competitividade e o resultado do 
agrupamento de negócios, ao qual se relaciona. Portanto, a governança 
supra-empresarial não concentraria sua perspectiva de atuação em uma 
empresa isoladamente, mas consideraria o conjunto de todas as 
empresas, ou seja, focalizaria sua atuação reconhecendo sua natureza de 
entidade supra-empresas. De fato, a presença efetiva e “reconhecida” de 
governança vem sendo pesquisada e constatada nos últimos 15 anos. 
Miles e Snow, tendo iniciado suas pesquisas ao final da década de 80, 
investigando a relação entre estrutura, processos e estratégia 
organizacional (Miles e Snow, 1978), em artigo publicado em 1986, 
propunham com destaque, entre os novos conceitos, associados às novas 
formas de articulação entre negócios e empresas, uma ‘primeira definição’ 
para o processo de gestão supra-empresarial que enfatizavam como uma 
dimensão a ser reconhecida: 
 
Clusters of firms or specialized units coordinated by market 
mechanisms (Miles e Snow, 1986). 
 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
21
Em 1992, os mesmos autores discutem potenciais condicionantes de 
desarticulação de ‘organizações em rede’, partindo das proposições 
desenvolvidas sob a visão de uma administração de nível superior ao das 
organizações. Nesse período, início da década de 90, Powell a partir de um 
estudo sobre mercado e hierarquia entre empresas, pesquisava a 
constituição e a relação de organizações na forma de redes, assinalando 
a existência de um processo peculiar de vinculação entre negócios: 
 
Lateral or horizontal patterns of exchange, independent 
flows of resources, reciprocal lines of communication 
(Powell, 1990). 
 
Os estudos desenvolvidos em setores específicos ofereciam dados, 
informação e evidência da presença e da relevância de processos de 
gerenciamento extra-organizacional, responsáveis pela coordenação entre 
diferentes negócios independentes, enfatizando a importância de uma 
governança supra-empresarial. Exemplos como da indústria têxtil na Itália 
(Mariotti e Cainarca, 1986), do setor cinematográfico (Faukner e 
Anderson, 1987), do setor de serviços financeiros (Eccles e Crane, 1988), 
da indústria de semicondutores (Saxenian, 1990), do conjunto de 
negócios ligados a biotecnologia (Barley, Freeman e Hybels, 1992) ou do 
segmento de moda (Uzzi, 1996, 1997) registrados e reconhecidos aferiam 
e validavam a governança supra-empresas como um conceito presente no 
cotidiano da operação de diferentes contextos de negócio, não restrito a 
um ou outro setor. Ao longo do tempo, onde as pesquisas confirmavam a 
presença de governança supra-empresas em diferentes setores, se 
desenvolvia simultaneamente a demanda por definições mais 
compreensivas da administração diferenciada e específica nesse domínio. 
Diversas contribuições se sucederam, baseadas em maior rigor conceitual 
e/ou maior aplicabilidade de conceito, como Dubini e Aldrich (1991), 
Larson (1992), Gerlach e Lincoln (1992), Alter e Hage (1993), Kreiner e 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
22
Schultz (1993), Granovetter (1994, 1995), Liebeskind, Oliver, Zucker e 
Brewer (1996) e Jones, Hesterly e Borgatti (1997). 
 
A disponibilidade de pesquisas sérias e validadas nesses últimos vinte 
anos, envolvendo diferentes perspectivas de abordagem, focalizadas na 
observação e compreensão da competitividade de “complexos 
organizacionais”, evidenciaram com absoluta clareza a presença de uma 
instância gestora em nível supra-organizacional em setores distintos, 
compostos por empresas independentes, porém ligadas por vínculos de 
proximidade geográfica, relacionamento transacional, processos 
competitivos e/ou cooperativos,. 
 
Embora sua definição ainda não possa ser considerada como universal, 
em função da relativa frouxidão da maioria das propostas de 
conceituação, os estudos mais recentes, como em particular o de Jones, 
Hesterly e Borgatti (1997), demonstram importante consistência 
conceitual e aplicabilidade de negócio, sendo baseados numa composição 
entre as teorias de custo de transação (transaction cost theory) e de rede 
social (social network theory). Nesse sentido, a proposta dos autores 
citados para a gestão supra-empresarial seria: 
 
Network governanceinvolves a select, persistent, and 
structured set of autonomous firms (as well as non-profit 
agencies) engaged in creating products or services based 
on implicit an open-ended contracts to adapt to 
environmental contingencies and to coordinate and 
safeguard exchanges. (Jones, Hesterly e Borgatti, 1990). 
 
A ressalva a ser considerada para a definição anterior está relacionada a 
uma aplicabilidade mais compatível com redes de negócio do que com 
clusters de negócio diretamente, entretanto, não deixa de contemplar 
aspectos cruciais da natureza desse tipo de gestão, como adaptação 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
23
coletiva e acordada entre negócios como mecanismo de adequação a 
contingências ambientais. 
 
A governança supra-empresarial, como instância de gestão, coordenação 
e controle de entidades supra-empresas pode adequadamente ser 
definida, reconhecendo a consistência conceitual demandada e a 
instrumentalização requerida pelo conceito como proposto. 
 
 
 
 
CLUSTERS, REDES E A GOVERNANÇA SUPRA-EMPRESARIAL 
 
 
Dois casos reais podem pavimentar a discussão sobre a governança, sua 
natureza, sua importância e até sobre as evidências de sua existência: 
 
Caso 1: em meados de 2004, o mercado internacional de soja, com 
uma história recente de preços elevados, sofreu uma queda 
de 30%. Todos os agricultores, que estavam colhendo no 
hemisfério norte ou que tinham acabado de plantar no 
hemisfério sul, iriam passar de um ano de lucros para um 
ano de prejuízo. Isso não estava previsto e, pior ainda, 
quando ocorreu, não havia explicações fundamentadas 
para as causas da queda dos preços. 
 
GOVERNANÇA SUPRA-EMPRESARIAL constitui o exercício de 
influência orientadora de caráter estratégico de entidades 
supra-empresariais, voltado para a vitalidade do agrupamento, 
compondo competitividade e resultado agregado e afetando a 
totalidade das organizações componentes do sistema supra-
empresarial. 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
24
Caso 2: o Brasil, líder mundial na exportação de frangos, tem uma 
rede de negócios que não é perfeita, mas 
significativamente evoluída. O planejamento desta 
atividade requer uma previsão de consumo com horizonte 
relativamente longo. Trata-se de decidir quantas “avós” dos 
frangos, a serem abatidos, são necessárias hoje. Um erro 
para menos no número de “avós” necessárias, resultará 
num número de “mães” insuficiente no curto prazo e o 
número de frangos no médio prazo será inferior ao 
necessário. Se o abastecimento for insuficiente, haverá alta 
de preços pela escassez e, em conseqüência, uma corrida 
para maior produção futura, além da necessidade do 
mercado, implicando, em futuro próximo, baixa 
desproporcional dos preços. 
 
Nesse contexto, o mercado de frangos aparentemente seria mais instável 
do que o mercado de soja. Mas não é isto que tem sucedido: o mercado 
de frangos tem se conservado estável, não existindo registro histórico de 
prejuízos relevantes por falta de abastecimento ou superprodução. 
 
O que faz a diferença entre o mercado da soja e o do frango? 
 
É difícil ver o que faz a diferença porque ela não se apresenta de maneira 
manifesta. Mas a resposta está na governança supra-empresarial das 
Redes de Negócios de frangos, que atua como uma “mão invisível” 
controlando conscientemente o mercado. Por que essa governança supra-
empresas tem que procurar agir da forma mais reservada possível, 
mesmo com objetivos e ações relevantes e benéficas a quase todos, como 
no caso da regulação do mercado? 
 
É melhor responder a pergunta oposta: por que uma condição mais 
discreta é preferível à governança? Se a governança for visível, ela será 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
25
‘vista’ como um ente superior, comandando e determinando movimentos 
para os negócios da Rede ou do Cluster, o que corresponderia a dar 
ordens para presidentes e conselhos das empresas. Certamente, esses 
presidentes, conselheiros ou acionistas de tais empresas não 
considerariam legítima essa interferência da governança. Provavelmente 
afirmariam algo como: “esta empresa é minha e ninguém tem o direito de 
me dar ordens”. Não existe base legítima ou legal para a Rede ou o 
Cluster de Negócios dar ordens a quem quer que seja. Os legisladores 
ainda não legalizaram essas entidades como pessoas jurídicas. Não existe 
sequer amparo legal a atribuições de chefia de uma entidade supra-
empresas como essas. Pelo exposto acima, não é adequado nem é legal 
que a governança dê ordens manifestas. Mas, por outro lado, a demanda 
por alguma instância equivalente à chefia formal com responsabilidade e 
capacidade de influência e orientação permanece como condição 
necessária para a garantia e a estabilidade de eficácia e eficiência das 
Redes de Negócios e dos Clusters de Negócios, quando a auto-organização 
for insuficiente ou não efetiva isoladamente para o alcance dos objetivos 
do agrupamento de negócios. Aparece assim o conceito moderno de 
governança supra-empresas, que corresponde, grosso modo, a comandar 
sem parecer que comanda e até sem parecer que existe. Como isso pode 
ser viabilizado? 
 
Os comandos da governança supra-empresarial, após a auto-organização, 
não podem ser visíveis, mas não podem deixar de existir. O problema 
delicado é compatibilizar a existência com a invisibilidade. Esse tipo de 
problema não é original. O livro “O Príncipe” de Machiavelli, escrito em 
1504, trata de outra aparente incompatibilidade: como um chefe pode ser 
temido e estimado simultaneamente pelo mesmo subordinado. Machiavelli 
tem sido, por cinco séculos, louvado e admirado, de príncipes e generais 
até supervisores e gerentes de empresas, por suas recomendações 
orientadas para a solução e gestão desse tipo de paradoxo. Necessita-se 
de um novo Machiavelli que demonstre ou explique como compatibilizar 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
26
invisibilidade com comando sobre todo um arranjo supra-empresarial. 
Enquanto se aguarda o novo Machiavelli com a solução completa, algumas 
indicações para o procedimento dos atores da governança podem ser 
prescritas: 
 
 
! AÇÃO amistosa de negociador de acordos, geralmente verbais, sem 
cláusulas de penalidades, estabelecendo composições com 
caráter mais de “tratos” do que de contratos, onde o acordo 
sugere solução pensada, atendendo a todas as partes; 
 
! NATUREZA de aconselhamento e de divulgação de idéias e conceitos 
convenientes à “boa” administração, tais como investimentos 
em tecnologia de gestão e de estratégia conjunta das empresas, 
que compõem a entidade supra-empresas; 
 
! COMPORTAMENTO de zelo pelo bem geral ou, mais especificamente, 
pela qualidade integrada do sistema, baseado em presença, 
decisões e ações efetivas e orientadas para o agrupamento de 
negócios, em particular, e da comunidade, em geral; 
 
! OPERAÇÃO baseada no incentivo e na construção de solução pela 
“mão dos outros”, como patrocínio velado, mas efetivo, à 
inovação de processos ou desenvolvimento de produtos em uma 
empresa fornecedora, como convém à governança; 
 
! RESPONSABILIDADE pela integridade do sistema, de sua operação 
eficiente, da integração dos membros componentes do arranjoe da qualidade das relações desenvolvidas pelas empresas 
participantes; 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
27
 
! ATITUDE dirigida e consistente de estímulo e favorecimento de 
processos orientados para relacionamentos baseados em 
fidelização entre diferentes empresas componentes de uma 
mesma entidade supra-empresarial. 
 
Certamente, o perfil “ÂNCORA” é constituído apenas por aspectos ou 
atributos que remetem à importância da presença e ação da governança. 
Porém, nesse contexto, dois conceitos são fundamentais: 
 
(1) governança só é dispensável na fase inicial do desenvolvimento de 
Clusters de Negócios e Redes de Negócios, sendo que nesse último, 
os processos associados à auto-organização apresentariam uma 
dinâmica ineficiente, que na presença de governança, resgatariam as 
melhores condições evolutivas; 
 
(2) uma entidade supra-empresas, sem uma orientação aparente, 
estável e funcionando adequadamente por um período relativamente 
longo, certamente, mesmo que transparente, possui governança, 
com competência, pois não seria viável esse quadro na ausência de 
uma governança supra-empresas. 
 
Aparentemente misteriosa, pela evidência de sua ação e dificuldade de 
sua identificação, a governança é um mecanismo naturalmente resultante 
de estados favoráveis no contexto de negócio, onde se apresenta. A linha 
de raciocínio sugerida por Jones, Hesterly e Borgatti (1997), sem dúvida, 
oferece uma via de compreensão consistente para o a constituição de uma 
governança. Em um ambiente caracterizado por condições de necessidade 
de adaptações rápidas e significativas, demanda por capacidade destacada 
de coordenação entre negócios e presença de níveis de incerteza 
progressivamente ampliados (e, portanto, de demanda permanente de 
alternativas de auto-proteção e redução de riscos), a emergência de uma 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
28
governança é estimulada, à medida que provê redução de custos de 
transação, oferecendo vantagens comparativas em relação à configuração 
tradicional das relações entre negócios, mesmo associadas a composições 
consolidadas de empresas ou ainda a sistemas supra-empresariais não 
dotados de governança. Ou seja, a emergência e a constituição de uma 
governança supra-empresarial tende, ao longo do desenvolvimento da 
entidade supra-empresarial, tornar-se progressivamente mais favorável e 
necessária. 
 
 
PERFIL DA GOVERNANÇA SUPRA-EMPRESAS 
 
 
A entidade supra-empresas não é humana, não tem alma. É tão mecânica 
como uma boa máquina com seus hardwares e softwares e tão biológica 
como um bom organismo vivo mantendo sua homeostase e, nesse 
sentido, adaptando-se e/ou influenciando nas condições do ambiente, 
maximizando sua sobrevivência. Em função de uma gestão 
intencionalmente mascarada, não é associada a emoções ou vontades. 
Entretanto a governança é, em essência, uma atividade humana ou o seu 
resultado; necessita de homens para ser conduzida. Pode ser feita por um 
ou por vários homens, agindo como grupo ou como indivíduos, cada um 
com sua parte no todo. Em sendo atividade humana, requer 
pensamentos, baseia-se em valores, atitudes e os resultados despertam 
sentimentos nos homens que dão suporte à atuação da governança. Os 
‘valores’ envolvidos, no sentido psicológico, tendem a estar ligados ao 
desempenho da entidade supra-empresarial e estão incorporados pelas 
pessoas que lidam com a governança. Se assim for, a governança vai 
orientar e agir para a entidade supra-empresas atingir os seus propósitos. 
A governança não será, pois, como um ‘fantasma’, que pode existir, mas 
não se incorpora ao mundo material. Ela é humana e atuante, porém se 
mantendo tão ‘intangível’ quanto possível. 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
29
 
Embora sob uma perspectiva didática, a apresentação dos conceitos de 
auto-organização e governança poderia induzir uma compreensão 
equivocada de independência entre os dois processos. Entretanto, 
reconhecidos e sedimentados os conceitos de auto-organização e 
governança supra-empresas, deve-se abordá-los, considerando clusters e 
redes de negócios, sob uma perspectiva conjunta em uma mesma 
entidade supra-empresarial. A primeira idéia, ao tratar do efeito conjunto, 
é considerá-lo como uma simples soma: o efeito conjunto seria apenas a 
soma do efeito da auto-organização ao efeito da governança, desprezando 
a possibilidade de haver uma interação entre eles, redefinindo, 
amplificando ou reduzindo, o efeito final. Tomando como exemplo, para 
efeito de analogia, a necessidade de deslocamento de uma mesa por dois 
indivíduos, tem-se que, se ambos empurrarem na mesma direção e 
sentido, o efeito teoricamente equivaleria; mas, se a mesa for 
significativamente pesada, a mesa poderia não ser deslocada e o efeito 
seria nulo; se o caminho pretendido para a movimentação da mesa for 
relativamente complexo, pode ocorrer da eficácia ser maior se uma 
pessoa se preocupar em empurrar e a outra em puxar... Nesta 
especialização da natureza do esforço, nem mesmo seria correto 
considerar o efeito final como a soma dos esforços: o mais adequado, 
nessa situação, seria analisar o efeito conjunto dos esforços. 
 
O efeito conjunto da auto-organização e da governança não é o mesmo 
para todos os tipos de entidades supra-empresas. Este efeito conjunto é 
diferenciado para cada caso, ou seja, o efeito em clusters de negócios 
difere do efeito em redes de negócios. Ao se tratar de uma determinada 
entidade supra-empresarial, cluster ou rede de negócios, não há a 
preocupação com a medida isolada do resultado associado à auto-
organização e à governança. Considera-se que ambas intervêm nos 
“fundamentos da performance competitiva”, que por sua vez, afetam a a 
capacidade competitiva do cluster ou da rede de negócios. Ao tratar da 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
30
estratégia da entidade supra-empresarial, é possível identificar a 
conveniência de melhorar determinados fundamentos e, para isso, julga-
se a alternativa de intervenção mais interessante, estimulando-se a auto-
organização ou a governança. Não há sentido prático em melhorar um 
determinado fundamento por vez e, como eles guardam correlação entre 
si, é mais simples e funcional tratá-los como grupos, conforme a situação. 
 
A lista dos fundamentos para a performance competitiva, apresentada no 
capítulo anterior, poderia não possuir a mesma ordenação exibida. No 
entanto, a partir dos conceitos de auto-organização e governança supra-
empresarial, torna-se viável justificar a ordem atribuída aos diversos 
fundamentos, sem que exista a pretensão ou a intenção de hierarquização 
por importância ou prioridade para qualquer propósito. Dois fundamentos, 
porém, têm posição claramente diferenciada dos demais: 
 
- a concentração geográfica no caso de clusters de negócios e a fidelização 
no caso de redes de negócios, que no primeiro momento, 
dependem de auto-organização, como será discutido nos dois 
próximos capítulos; 
 
- a estratégia, tanto nos clusters como nas redes, que conduzem a 
posições de superioridade na competição, está condicionada à 
governança supra-empresarial, como será detalhado no penúltimo 
capítulo. 
 
Assim, o rol de fundamentos, iniciadopor aqueles associados à auto-
organização e finalizado por fundamentos relacionados à estratégia 
(relacionados à governança), constituem estruturas de apresentação, 
meramente indicativas de uma seqüência, mas sem a pretensão de uma 
sistematização de ordem. Embora tenha se adotado, como critério de 
ordenação, a experiência de campo e a aparente força da correlação entre 
o fundamento e a auto-organização, como base para a disposição do 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
31
respectivo fundamento na relação desses, não se deve considerar a 
disposição como referencial evolutivo. Está implícito, de certa forma, que 
a governança completa um processo evolucionário que tem sua gênese 
baseada em auto-organização, mas a importância relativa de cada uma 
delas é diferente, existindo casos onde a auto-organização constitui a 
maior componente e, em outros situações, onde a governança comparece 
como fato distintivo da diferenciação entre entidades supra-empresariais. 
 
Os Clusters podem atingir um estágio avançado de auto-organização sem 
qualquer governança. Essa condição confere elevada capacidade de 
competir, incluindo mercados internacionais. Entretanto, essa 
competência competitiva, em seu ‘nível máximo’, compromete seu 
potencial de lucratividade. O sistema torna-se competitivo, porém, em 
termos de construção de riqueza, tende a se transformar em um mau 
negócio em si. O advento da governança completa a evolução do cluster, 
promovendo o aumento da qualidade do negócio total do cluster, 
reduzindo sua competitividade a níveis seguros e aumentando os 
resultados dos negócios. As Redes, se dotadas apenas de auto-
organização, alcançam um estágio potencialmente insuficiente de 
condição competitiva, principalmente em mercados globais. A governança, 
nesse caso, torna-se indispensável mesmo para a Rede de Negócios ter 
acesso a posição de competitividade efetiva, sendo responsável e agente 
acionador para desenvolvimento de outros fundamentos imperativos para 
a evolução plena de uma entidade supra-empresarial desse tipo. 
 
 
 
FUNDAMENTOS DA PERFORMANCE COMPETITIVA 
 
 
Fundamentos, como apresentado no capítulo anterior, correspondem a 
aspectos ou espíritos associados às variáveis ou aos fatores de um 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
32
sistema complexo que, em conjunto, determinam a maioria dos efeitos 
considerados relevantes. No caso de clusters e redes, o efeito considerado 
relevante é a capacidade competitiva e, por essa razão, serão focalizados 
os fundamentos que determinam a performance competitiva dessas 
entidades supra-empresariais. As variáveis ou fatores podem ser 
considerados indutivamente como em número reduzido frente às 
potencialmente passíveis de arrolamento em um processo de investigação 
mais detalhado em realidades significativamente complexas, como as 
consideradas. Entretanto, adotando-se a proposição do Princípio de 
Pareto, segundo o qual, em sistemas influenciados por diversas variáveis, 
existe a tendência de que um reduzido número dessas variáveis 
expliquem a maioria, senão a totalidade, dos efeitos, torna-se razoável 
considerar aquelas disponíveis, vinculadas aos fundamentos. Usar o 
Princípio de Pareto significa, para a finalidade proposta, identificar os 
aspectos de clusters e redes de negócios que são mais significativos na 
determinação de sua competitividade como entidade supra-empresarial. 
Esses aspectos, após testes de campo com variados e diferentes casos 
reais, foram elencados e constituem o que se denominou “Fundamentos 
da Performance Competitiva”. 
 
Inicialmente, foram construídos os fundamentos para Clusters de 
Negócios e, posteriormente, desenvolveu-se tais fundamentos para o caso 
de Redes de Negócios. Os quadros 3.2 e 3.3 apresentam os fundamentos 
para Clusters e Redes, respectivamente. Se os fundamentos evidenciam o 
que é relevante para cada sistema, numa dada situação de interesse para 
o analista, é admissível afirmar – de forma pragmática – que o elenco de 
fundamentos apresentados define o sistema e a sua abordagem numa 
perspectiva orientada para a capacidade competitiva, particularmente 
associando seus fundamentos aos processos de auto-evolução e 
governança: 
 
 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
33
! Cluster de Negócios: sistema que apresenta os fundamentos 
apresentados do Quadro 3.2, agrupados em 
função de sua associação ou dependência em 
relação aos processos de auto-organização e 
governança. 
 
! Rede de Negócios: sistema que apresenta os fundamentos do Quadro 
3.3, agrupados em função de sua associação ou 
dependência em relação aos processos de auto-
organização e governança. 
 
 
 QUADRO 3.2 – Performance Competitiva de Clusters: Atributos 
Fonte: Edição sobre material pessoal do Prof. Zaccarelli 
 
 
FUNDAMENTO ATRIBUTO / CONDIÇÃO
Fundamento 1 CONCENTRAÇÃO geográfica em áreas relativamente reduzidas 
Fundamento 2 ABRANGÊNCIA de negócios viáveis e relevantes
Fundamento 3 ESPECIALIZAÇÃO das empresas
Fundamento 4 EQUILÍBRIO com ausência de posições privilegiadas
Fundamento 5 COMPLEMENTARIDADE (de negócios) por utilização de subprodutos
Fundamento 6 COOPERAÇÃO entre empresas do Cluster de Negócios
Fundamento 7 SUSTITUIÇÃO Seletiva de negócios do Cluster
Fundamento 8 UNIFORMIDADE do nível tecnológico
Fundamento 9 CULTURA da comunidade adaptada ao cluster
FUNDAMENTO ATRIBUTO / CONDIÇÃO
Fundamento 10 CARÁTER EVOLUCIONÁRIO por introdução de (Novas) Tecnologias
Fundamento 11 ESTRATÉGIA DE RESULTADO orientada para o cluster
1o. GRUPO - viável por Auto-organização; não demanda Governança
2o. GRUPO - inviável por Auto-organização; demanda GOVERNANÇA
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
34
Observações 
 
a. No primeiro grupo, os 9 aspectos fundamentais, que se constituem 
em domínio de auto-evolução, podem progredir até um dado estágio 
limite, isto é, uma condição de cluster completo de forma 
independente dos aspectos restantes; 
 
 
b. Os aspectos 10 e 11, que se constituem em domínios de governança 
do cluster, podem se manifestar e passarem a existir antes dos 
aspectos da auto-evolução estarem completos. 
 
 
 QUADRO 3.3 – Performance Competitiva de Redes: Atributos 
Fonte: Edição sobre material pessoal do Prof. Zaccarelli 
 
FUNDAMENTO ATRIBUTO / CONDIÇÃO
Fundamento 1 FIDELIZAÇÃO progressiva entre fornecedores- clientes
Fundamento 2 COMPRA DIRETA de insumos produtores -> usuários
Fundamento 3 ABRANGÊNCIA de negócios presentes na rede
Fundamento 4 ESPECIALIZAÇÃO das empresas presentes na rede
Fundamento 5 AGILIDADE na substituição de empresas
FUNDAMENTO ATRIBUTO / CONDIÇÃO
Fundamento 6 HOMOGENEIDADE da intensidade de fluxos
Fundamento 7 INOVAÇÃO para Alinhamento de negócios
Fundamento 8 APERFEIÇOAMENTO por introdução de Novas Tecnologias
Fundamento 9 COMPARTILHAMENTO de investimentos, riscos e lucros
Fundamento 10 ESTRATÉGIA DE GRUPO para competir como Rede
1o. GRUPO - ineficiente por Auto-organização; Governança garante o processo de organização
2o. GRUPO - inviável por Auto-organização; Governança é indispensável no processo de organização
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica –ZACCARELLI 
35
Observação 
 
a. No primeiro grupo, os 5 primeiros aspectos fundamentais podem 
apresentar auto-evolução até um estágio não completo; posterior a 
essa condição, a presença de uma governança em cada Rede de 
Negócios torna-se indispensável como agente acionador de 
desenvolvimento desses para sua conclusão, assim como base de 
sustentação para o progresso dos demais; 
 
b. A presença efetiva de governança para os cinco primeiros aspectos 
determinaria um incremento de eficiência, não acessível sem a 
concorrência desse processo, em função apenas da auto-
organização. 
 
 
As listas apresentadas se baseiam em resultados de testes compilados 
diversos diagnósticos reais, como apresentado no capítulo 10, refletindo 
nosso estágio de entendimento de Clusters e Redes de Negócios. 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Uma entidade supra-empresas é uma abstração. Ela 
não tem registro nos órgãos governamentais, não tem contabilidade, geralmente não 
recolhe impostos, não tem donos ou sede. A entidade supra-empresarial é composta por 
empresas, que se relacionam formando um sistema, e por isso adquirem características 
próprias de um conjunto de empresas, que não existem nas empresas consideradas 
isoladamente. A auto-organização pressupõe um ponto de partida, uma condição de 
germinação, enfim, um germe, onde, na hierarquização de sistemas, o nível superior ao 
nível das empresas passa a existir. Esse ponto de partida, no caso de clusters, é a 
formação “inicial” do aglomerado mínimo de empresas, geralmente semelhantes, que 
apresentam – por exemplo – a vantagem de exercer potencialmente maior atração dos 
clientes. No caso de redes de negócios, a ‘germinação’ está associada a um acréscimo 
significativo na especialização de operações vinculado a alguma fidelidade na relação 
fornecedor-fornecido. O germe da nucleação de arranjos supra-organizacionais, como os 
tratados, pode estar ligado a condições aleatórias ou ser potencializado por essas 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
36
condições. Dadas as condições de nucleação, desenvolve-se espontaneamente um 
processo evolutivo associado à expansão da capacidade competitiva desses arranjos. Sob 
a perspectiva de um sistema individualizado resultante da composição das empresas num 
cluster ou numa rede de negócios, surge a demanda por uma orientação integrada. Os 
comandos, após a auto-organização, não podem se basear em autoridade formal, mas 
não podem deixar de existir. O problema delicado é compatibilizar a existência com a 
condição de informalidade legal. De certa forma, a governança completa um processo 
evolucionário que tem sua gênese baseada em auto-organização, mas a importância 
relativa de cada uma delas é diferente, existindo casos onde a auto-organização constitui 
a maior componente e, em outros situações, onde a governança comparece como fato 
distintivo da diferenciação entre entidades supra-empresariais. Os Clusters podem atingir 
um estágio avançado de auto-organização sem qualquer governança. Essa condição 
confere elevada capacidade de competir, incluindo mercados internacionais. Entretanto, 
essa competência competitiva, em seu ‘nível máximo’, compromete seu potencial de 
lucratividade. O sistema torna-se competitivo, porém, em termos de construção de 
riqueza, tende a se transformar em um mau negócio em si. O advento da governança 
completa a evolução do cluster, promovendo o aumento da qualidade do negócio total do 
cluster, reduzindo sua competitividade a níveis seguros e aumentando os resultados dos 
negócios. As Redes, se dotadas apenas de auto-organização, alcançam um estágio 
potencialmente insuficiente de condição competitiva, principalmente em mercados 
globais. A governança, nesse caso, torna-se indispensável até mesmo para a Rede de 
Negócios ter acesso a uma posição de competitividade efetiva, sendo responsável e 
agente acionador para desenvolvimento de outros fundamentos imperativos para a 
evolução plena de uma entidade supra-empresarial desse tipo. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALTER, C. e HAGE, J. Organizations working together. Newbury Park, CA: Sage, 
1993. 
BARLEY, S. R.; FREEMAN, J. e HYBELS, R. C. Strategic alliances in commercial 
biotechnology. In Nohria; N.; Eccles, R. (eds.), Networks and Organizations. 
pp. 311 – 347. Boston, MA: Harvard Business School Press, 1992. 
BEER, Stafford. Brain of the firm. Chichester: John Wiley & Sons, 1979. 
BEER, Stafford. The Heart of Enterprise. Chichester: John Wiley & Sons, 1979. 
BORKENAU, F. Pareto. Londres: Chapman & Hall, 1936. 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
37
DUBINI, P. e ALDRICH, H. Personal and extended networks are central to the 
entrepreneurial process. Journal os Business Venturing, no. 6, 1991, pp. 369 
– 313. 
ECCLES, R. G. e CRANE, D. B. Doing deals: investment banks at work. Boston, MA: 
Harverd Business School Press, 1988. 
ESPEJO, Raul. Management of Complexity in Problem Solving. In ESPEJO, Raul e 
SCHWANINGER, Markus (ed.) Organisational Fitness: Corporate Effectiveness 
Through Management Cybernetics. Veriag: Campus, 1993. 
FAUKNER, R. R. e ANDERSON, A. B. Short-term projects and emergent careers: 
evidence from Hollywood. American Journal os Sociology, no. 92, 1987, pp. 
879 – 909. 
GERLACH, M. L. e LINCOLN, J. R. The organization of business networks in the 
United States an Japan. In Nohria; N.; Eccles, R. (eds.), Networks and 
Organizations. pp. 491 – 520. Boston, MA: Harvard Business School Press, 
1992. 
GRANOVETTER, M. Business groups. In Smelser, N. J. e Swedberg, R. (eds.), The 
handbook of economic sociology, pp. 453 – 475. Princeton, NJ: princeton 
University Press, 1994. 
GRANOVETTER, M. Coase revisited: business groups in the modern economy. 
Industrial and Corporate Change, no. 1, pp. 93 – 130, 1995. 
JONES, C.; HESTERLY, W. S. e BORGATTI, S. P. A general theory of network 
governance: exchange conditions an social mechanisms. Academy os 
Management Review, no. 22, 1997, pp. 911 - 945. 
KREINER, K. e SCHULTZ, M. Informal collaboration in R&D: the formation of 
networks across organizations. Organization Syudios, no. 14, 1993, pp. 189 – 
209. 
LAREDO, Gustavo. A retomada da borracha natural. In: Revista Globo Rural, Edição 
254, dezembro 2006. 
LARSON, A. Networks dyads in entrepreneurial settings: a study of governance of 
exchange relationships. Administrative Science Quarterly, no. 37, 1992, pp. 
76 – 104. 
LIEBESKIND, J. P.; OLIVER, A. L.; ZUCKER, L. e BREWER, M. Social netwoks, 
learning and flexibity: sourcing scientific knowledge in new biotechnology 
firms. Organization Science, no. 7, 1996, pp. 428 – 443. 
MACCHIAVELLI, Niccolò. O Príncipe. Oxford, 1891 (from original text, 1505). 
MARIOTTI, S. e CAINARCA, G. C. The evolution of transaction governance in the 
textile-clothing industry. Journal of Economic Behavior and Organization, no.7, 
1986, pp. 354 – 374. 
Clusters e Redes de Negócios - Zaccarelli 
CLUSTER E REDES DE NEGÓCIOS – uma visão estratégica – ZACCARELLI 
38
MILES,R. E. e SNOW, C. C. Organizational strategy. Structure and process. New 
York: McGraw-Hill, 1978. 
MILES,R. E. e SNOW, C. C. Organizations: new concepts for new forms. California 
Management Review, no. 28, 1986, pp. 62 – 73. 
MILES,R. E. e SNOW, C. C. Causes of failures in network organizations. California 
Management Review, no.. 34, 1992, pp. 53 - 72. 
POWELL, W. W. Neither market nor hierarchy: network forms os organization.In 
Staw, B. e Cummings, I. L. (eds.), Research in organizational behavior, 
Greenwich, CT: JAI Press, 1990, pp. 295 – 336. 
SAXENIAN, A. Regional networks and the ressurgence of Silicon Valley. California 
Management Review, no. 33, 1990, pp. 89 – 112. 
SCHWANINGER, Markus. A Concept of Organisational Fitness. In: ESPEJO, Raul e 
SCHWANINGER,Markus (ed.), op. cit., 1993. 
SCHWANINGER, Markus. Embodiments of Organisational Fitness. The VSM as a 
Guide. In: System Practice, v.3, no. 3 in Schwaninger, op. cit., 1993. 
UZZI, B. The sources and consequencesof embeddedness for the economic 
performance of organizations: the network effect. American Sociological 
Review, no. 61, 1996, pp. 674 – 698. 
UZZI, B. Social structure and competition in interfirm networks: tha paradox of 
embeddedness. Administrative Science Quarterly, no. 42, 1997, pp. 35 – 67. 
 
 
---------------------------------------

Continue navegando