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Caso 05 Direito Público e Direito Privado

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DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO 
Organização do pensamento jurídico e a variedade de normas (direito 
público e direito privado; regras e princípios) 
João Pedro Lima 
 
Narrativa: 
Pedro é funcionário de um estabelecimento comercial na cidade de São 
Paulo, o restaurante Riachuelo, que passou por uma grande reforma em 
2012 para se adequar a nova lei anti-fumo federal. O proprietário, João, 
deixou a cargo de cada trabalhador a aquisição dos materiais de proteção 
indicados para o trabalho durante a execução das reformas. Cada 
trabalhador recebeu uma indenização prévia de R$ 500,00, suficientes, tendo 
por referência os valores de mercado da época, para aquisição de protetores 
auditivos, óculos de proteção, capacetes e máscaras em modelos aprovados 
pelo Inmetro. São esses os equipamentos indicados pelo sindicato da 
categoria como de fornecimento obrigatório nessas situações. Pedro, embora 
tenha sido devidamente notificado para comparecer ao RH e levantar seu 
vale-equipamento, não o fez. O empregador colheu então seu consentimento 
em um termo próprio, em que ele assumia o risco por não haver comprado os 
equipamentos. Todos os demais colegas de trabalho o fizeram. 
Com certos problemas respiratórios decorrentes da quantidade de poeira que 
se formou durante a reforma, Pedro resolve pedir um “abono” para o dono do 
restaurante João. João afirma não ser de sua responsabilidade a questão da 
doença de Pedro e que não seria conivente com este pedido. Pedro, se 
sentindo lesado, resolve entrar com um processo trabalhista contra João. 
Na audiência com o juiz trabalhista, o advogado de João alega que está 
isento da responsabilidade por causa do termo de isenção de 
responsabilidade assinado por Pedro. Alega, ademais, que a relação de 
trabalho em questão é privada, e não pública, devendo prevalecer os termos 
acordados entre as partes nos contratos de trabalho e seus adendos, como é 
o caso do termo posteriormente assinado por Pedro. Já o advogado de Pedro 
alega que os princípios "Pro Misero" e da irrenunciabilidade das garantias do 
trabalhador dão razão a seu cliente e devem prevalecer sobre os acordos 
naquilo que lhes foram conflitantes. 
 
Dispositivos legais relevantes: 
 Constituição de 1988, art. 7º 
 Código Civil, arts. 104, 112, 166, 172, 421, 422, 425 
 Consolidação das Leis do Trabalho, arts. 154, 157, 158, 166, 189 
 
Questões: 
1. A relação trabalhista em questão é privada? Sendo privada, é 
plausível a alegação do advogado de Pedro? 
2. Com base na sua resposta anterior, em que campo do direito você 
situaria o Direito do Trabalho: Direito Público ou Privado? 
3. Pela definição histórica romana, o contrato “faz lei entre as partes”: 
contém regras a serem seguidas pelas partes que voluntariamente se 
obrigaram no ato de sua assinatura. Os princípios invocados pelo 
advogado de Pedro contrariam esta regra? Se estiverem corretos tais 
princípios, o advogado de João poderia alegar que, juridicamente, o 
documento assinado por seu cliente não equivale a um contrato (por 
não prestigiar, acima de tudo, a autonomia de vontade das partes, 
como é regra nos contratos) para eximir-se da relação de trabalho com 
Pedro? Nesse caso, poderia-se sustentar que a relação entre ambos, 
enquanto houve, foi apenas uma relação de fato, e não de direito, não 
gerando direitos ou deveres para qualquer um deles? Caso contrário, 
como conciliar as regras contratuais com os princípios a elas 
pertinentes? 
4. Imagine agora que o empregado em questão não fosse Pedro, mas 
sim o CEO de uma cadeia internacional de fast food no Brasil, com 
salário de sete dígitos anuais além de elevados bônus de 
desempenho, ampla vivência no mercado de trabalho e vasto 
conhecimento prático e teórico sobre as relações de trabalho no Brasil. 
Haveria alguma alternação no equilíbrio entre regras contratuais e 
princípios do direito trabalhista?

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