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Assédio DIREITO

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE
DFD0123 – INSTITUIÇÕES DE DIREITO (Turma 2014129)
PROF. DR. GUILHERME ASSIS DE ALMEIDA
ANA BEATRIZ MARÇULA (7599860)
GUILHERME ALMEIDA CAMPOS MEIRA (8560521)
GUILHERME PEREIRA PINTO LOPES (7969699)
HENRIQUE SPANGHERO (8607391)
MARINA BREVIGLIERI LEITE ()
O assédio no ambiente do trabalho: uma visão jurídica.
São Paulo
Maio/2014
A violência moral e a sexual no ambiente do trabalho não são um fenômeno novo. As leis que tratam do assunto ajudaram a atenuar a existência do problema, mas não o resolveram de todo. Há a necessidade de conscientização da vítima e do agressor(a), bem como a identificação das ações e atitudes, de modo a serem adotadas posturas que resgatem o respeito e a dignidade, criando um ambiente de trabalho gratificante e propício a gerar produtividade.
Assédio Moral
O assédio consiste, essencialmente, na perseguição sistemática de um objetivo específico. O termo usado em táticas de guerra que remete ao cerco de um inimigo até a sua completa aniquilação, tem sido usado para caracterizar, nas relações humanas, quaisquer tipo de conduta com o objetivo de intimidar, expor um terceiro a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante, principalmente, uma jornada de trabalho e no exercício das funções deste em uma organização. Assim, uma atitude isolada de humilhação não caracteriza assédio.
O tratamento desrespeitoso, o reducionismo pessoal, o isolamento provocado, a imposição de medidas ou ações que acabem por denegrir o ofendido são formas que, de acordo com o ambiente e o contexto em que ocorrem, pode caracterizar o assédio moral no trabalho. Na maioria das vezes o assédio é praticado entre um superior na hierarquia e um subordinado, o denominado assédio moral descendente, de forma que se torna difícil a produção de provas. Por esta razão, muitas vezes um juiz deverá basear-se em elementos outros que não a prova direta, até porque, principalmente em uma relação trabalhista, a prova torna-se difícil por se tratar de agressão.
A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados, além dos estímulos constantes à competitividade por parte da organização, rompem os laços afetivos com a vítima e, frequentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando um ambiente invisível de silêncio coletivo e tolerância passiva com a situação. No processo, a vítima vai gradativamente se desestabilizando psicologicamente podendo até mesmo desenvolver sintomas depressivos acarretando, também, outras doenças.
O assédio moral na relação de trabalho, do ponto de vista legal, é duplamente qualificado, porque se trata de ofensa psicológica que se dá por conta da relação de trabalho. Não necessita o autor do assédio em uma relação de trabalho ser necessariamente o superior hierárquico. Pode ocorrer o assédio também no plano horizontal, ou seja, entre empregados do mesmo nível hierárquico, o chamado assédio moral paritário.
Nos termos do art. 186, 187 e 927 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002 do Código Civil, a obrigação de indenizar só ocorre quando alguém pratica ato ilícito e causa dano a outrem, surgindo a obrigação de repará-lo.
 O dano moral ou extrapatrimonial é aquele que não atinge a esfera patrimonial da pessoa, e sim o conjunto de bens integrantes dos direitos da personalidade, a exemplo da honra, dignidade, imagem, entre outros, acarretando dor, sofrimento, tristeza e humilhação. Assim, a indenização pelo dano moral constitui espécie de compensação pela dor injustamente infligida a outrem. Seguem-se os artigos:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
Além disso, os artigos 138 e 139 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 do Código Penal preveem e podem ser usados em um processo judicial pela vítima de assédio moral: 
“Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Difamação”
“Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria”
Assédio sexual
O assédio sexual no ambiente de trabalho consiste em constranger colegas por meio de cantadas e insinuações constantes com o objetivo de obter vantagens ou favorecimento sexual. Essa atitude pode ser clara ou sutil; pode ser falada ou apenas insinuada; pode ser escrita ou explicitada em gestos; pode vir em forma de coação, quando alguém promete promoção para a mulher, desde que ela ceda; ou, ainda, em forma de chantagem.
A Lei nº10. 224, de 15 de Maio de 2001, introduziu no Código Penal a tipificação do crime de assédio sexual.
“Art. 216 - A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.”
De forma simples e objetiva, o assédio tanto moral quanto sexual, agride os direitos fundamentais do homem Quando ocorre, se afigura como ato ilícito, passível de punição contra o seu autor e, ao mesmo tempo, gera o direito de reparação material e moral em relação à vítima. Isto significa que, em uma relação de trabalho, caso um chefe de sessão, por exemplo, assedie seu subordinado, a empresa responderá indenizatoriamente. Nesse caso, aplica-se a teoria da responsabilidade objetiva, na forma do artigo 932, III do Código Civil que diz:
“Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;”
Da mesma forma, se o assédio for praticado pelo empregado, o chamado assédio moral ascendente, além de poder lhe render a demissão por justa causa, poderá ainda responder indenizatoriamente pelos prejuízos causados, sem obstaculizar a possível penalidade penal que contra ele pode ser aplicada. Mais uma razão para que uma empresa zele pelo seu ambiente de trabalho, tornando-o transparente, de forma a se evitar tais constrangimentos.