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Plano 2 - Modalidades das obriga+º+Áes

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DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
PROFA. VIVIANE ALESSANDRA GREGO HAJEL 
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II - MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES 
 
 
1. obrigações de dar. 2. obrigações de fazer. 3. obrigações de 
não fazer. 4. obrigações alternativas, facultativas e cumulativas 
5. obrigações divisíveis e indivisíveis. 6. obrigações solidárias. 
7. obrigações civis e naturais. 8. obrigações de meio, de 
resultado e de garantia. 9. obrigações de execução instantânea, 
diferida e continuada. 10. obrigações puras e simples, 
condicionais, a termo e modais. 11. obrigações líquidas e 
ilíquidas. 12. obrigações principais e acessórias. 
 
 
 
 
 
1. OBRIGAÇÕES DE DAR E RESTITUIR 
(classificação objetiva por consideração da qualidade da prestação - objeto direto) 
 
- conceito: consiste na entrega de alguma coisa, isto é, na tradição de alguma coisa pelo devedor ao 
credor. 
 
- a obrigação de dar pode se caracterizar como obrigação de: 
• dar = entrega da coisa devida ao credor 
• restituir = devolução de coisa alheia; o credor é o dono da coisa 
 
- a coisa a ser entregue ou restituída pode ser: 
• certa: CC, arts. 233 a 242 (objeto determinado, individualizado) > CC, art. 313 
• incerta: CC, arts. 243 a 246 (objeto determinável, considerado em seu gênero e quantidade) 
 
 
1.1 Obrigação de dar coisa certa 
 
- CC, art. 233: obrigação engloba a entrega dos acessórios, salvo disposição contrária 
 
- perecimento e deterioração, antes da tradição: 
 
tradição/transcrição: ato de transferência do domínio – CC, arts. 1.237 e 1.245 
perecimento: perda total da coisa 
deterioração: perda parcial da coisa 
 
 
Perecimento: 
CC, art. 234 
→ sem culpa: resolução, desfazimento da obrigação (restituir o preço corrigido, ou, se não pagou, 
fim da obrigação) 
→ com culpa: preço corrigido acrescido de perdas e danos > CC, arts. 389 e 402 
 
CC, art. 238 – obrigação de restituir 
→ sem culpa: o credor sofre a perda e o negócio se resolve 
 
 
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Deterioração: 
CC, art. 235 
→ sem culpa: o adquirente pode devolver o dinheiro e extinguir o negócio, ou pode aceitar a coisa 
com abatimento proporcional no preço 
 
CC, art. 236 
→ com culpa: preço corrigido acrescido de perdas e danos, ou a coisa danificada, além de perdas e 
danos > CC, arts. 389 e 402 
 
CC, art. 240, 1ª parte – obrigação de restituir 
→ sem culpa: o credor deve aceitar a coisa, sem indenização 
 
- CC: arts. 237, 241 e 242 
 
 
 
Benfeitorias
Antes São do devedor da coisa
Da 
Tradição Pendentes: são do credor 
 
Frutos Percebidos: são do devedor 
 
CC, art. 1.214: boa-fé → frutos percebidos 
CC, art. 1.219: boa-fé → benfeitorias 
CC, art. 1.220: má-fé → benfeitorias 
 
* em caso de descumprimento da prestação, executa-se a obrigação, buscando o seu adimplemento 
in natura (imissão na posse e busca e apreensão); quando este último não se fizer possível, por fato 
do objeto ou por envolver constrangimento físico à pessoa do devedor, a obrigação se resolverá em 
perdas e danos. 
 
 
1.2 Obrigação de dar coisa incerta 
 
- CC, art. 243: indeterminação relativa ou transitória > desaparece no momento da escolha do bem 
* identificação pela quantidade e do gênero > concentração > definição da qualidade 
 
- CC, art. 244: escolha do devedor, salvo o contrário em contrato 
* escolha: ato de seleção das coisas pertencentes ao gênero estipulado, a serem entregues ao credor 
 
- CC, art. 245: determinação do objeto da prestação > necessidade de ciência ao credor > obrigação 
de dar coisa certa 
 
- CC, 246: impossibilidade de inadimplemento da obrigação, alegando-se força maior, salvo se a 
coisa pertencer a gênero limitado 
 
 
 
 
 
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2. OBRIGAÇÕES DE FAZER 
 
- Conceito: a prestação tem por objeto atos ou serviços a serem executados pelo devedor; obrigação 
de agir, ação, comprometimento na elaboração de algo; qualquer forma de atividade humana lícita, 
possível e vantajosa ao credor, pode constituir objeto da obrigação. 
 
- as prestações de fato podem consistir em: 
o trabalho físico ou intelectual (serviços), aferido pelo tempo, gênero ou qualidade 
o trabalho determinado pelo produto (pelo resultado) 
o emissão de declaração de vontade – CPC, arts. 639 a 641 
 
- obrigação de dar ≠ obrigação de fazer: nas obrigações de dar, a prestação consiste na entrega de 
uma coisa; nas obrigações de fazer, o objeto consiste em ato ou serviço do devedor. Nas primeiras, 
é irrelevante a caracterização do devedor; já, nas de fazer, as qualidades ou características pessoais 
do devedor podem ser decisivas. As obrigações de dar comportam execução in natura, o que não 
ocorre com as obrigações de fazer, as quais se resolvem em perdas e danos, em caso de 
inadimplemento. 
 
- obrigação de fazer: 
• infungível: cumprimento pessoal da obrigação (convenção explícita ou tácita) – CC, art. 247 
• fungível: passível de cumprimento por terceiro (consentimento do credor) – CC, art. 249 
 
- inadimplemento da obrigação de fazer (CC, art. 248): 
• prestação impossível sem culpa do devedor > gera a resolução, sem responsabilidade 
• prestação impossível por culpa do devedor > conversão em perdas e danos 
• por recusa do devedor sem culpa > não gera responsabilidade 
• por recusa do devedor com culpa > conversão em perdas e danos 
 
* prestação fungível > o credor pode optar pela execução específica por terceiro – CC, art. 249 
* prestação infungível > perdas e danos + multa diária – CC, art. 247 
 
* obrigação de emitir declaração de vontade > CPC, art. 466-A; CC, arts. 463 e 464 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 
 
 
- prestação negativa: abstenção da prática de ato(s) determinado(s); comportamento omissivo do 
devedor, caracterizado pela continuidade de seu cumprimento, podendo a abstenção encontrar-se 
limitada ou ilimitada no tempo. 
 
- ocorre o inadimplemento, quando o devedor realiza o comportamento que se comprometera a 
abster. 
 
- obrigações de não fazer devem ser lícitas > não podem violar princípios de ordem pública ou 
vulnerar garantias fundamentais – ex.: não sair da cidade, não transitar por certas ruas, não casar, 
não trabalhar. 
 
“será lícita sempre que não envolva restrição sensível à liberdade individual. Assim, é ilícita a 
obrigação de não casar, ou a de não trabalhar, ou a de não cultuar determinada religião, porque o 
Estado repugna prestigiar um vínculo obrigatório que tem por escopo alcançar resultado que colide 
com os fins da sociedade”. – Silvio Rodrigues 
 
- inadimplemento 
¾ sem culpa do devedor > CC, art. 250 – resolve-se a obrigação 
¾ com culpa do devedor > CC, art. 251 – desfazimento (multa) + perdas e danos/CPC, art. 461 
 
* tutela específica: “Deve-se proporcionar a quem tem direito à situação jurídica final que constitui 
objeto de uma obrigação específica precisamente aquela situação jurídica final que ele tem o direito 
de obter”. – Cândido Rangel Dinamarco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS, FACULTATIVAS E CUMULATIVAS 
 
4.1 Obrigações alternativas ou disjuntivas 
 
- conceito: são as que possuem como objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se 
exonera cumprindo apenas uma delas (partícula disjuntiva “ou”). 
 
- obrigações de objeto múltiplo ou composto – prestações excludentes entre si 
 
- as prestações podem ser de natureza diversa: dar, fazer ou não fazer 
 
- direito de escolha do devedor – CC, art. 252 
• princípio da indivisibilidade do objeto > o credor não se obriga a receber em partes 
• prestações periódicas > escolha exercida em cada período 
• havendo pluralidade de optantes > suprimento judicial da manifestação de vontade 
• escolha impossível por terceiro > suprimento judicial da manifestação de vontade 
 
- falta de prazo estipulado para a efetivação da escolha, pelo CC > CPC, art. 571 
 Art. 571. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este será citado para 
exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não for determinado 
em lei, no contrato ou na sentença. 
 § 1º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo marcado. 
 § 2º Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da execução. 
 
- inadimplemento da obrigação alternativa, por impossibilidade absoluta do objeto 
¾ sem culpa do devedor > resolve-se a obrigação – CC, art. 256 
 
¾ com culpa do devedor 
escolha do devedor > $ última prestação + perdas e danos – CC, art. 254 
escolha do credor > $ qualquer prestação + perdas e danos – CC, art. 255, 2ª parte 
 
- inadimplemento da obrigação alternativa, por impossibilidade relativa do objeto 
¾ sem culpa do devedor > prestação remanescente – CC, art. 253 
 
¾ com culpa do devedor 
 escolha do devedor > prestação remanescente – CC, art. 253 
 escolha do credor > prestação remanescente ou $ + perdas e danos – CC, art. 255, 1ª parte 
 
- erro substancial por parte do devedor (ignorância quanto à facultatividade da obrigação) > 
reconhecimento judicial da invalidade do pagamento e novo adimplemento. 
 
4.2 Obrigações cumulativas ou conjuntivas 
 
- conceito: obrigações que possuem pluralidade de prestações, as quais devem ser cumpridas 
conjuntamente (partícula conjuntiva “e”). 
 
- adimplemento: somente como cumprimento de todas as prestações. 
 
* não possuem regime legal próprio, sendo regidas pela normatização das obrigações de dar. 
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4.3 Obrigações facultativas 
 
- figura não prevista pelo CC de 2002 
 
- conceito: obrigação com um único objeto, tendo o devedor a faculdade de substituir a prestação 
devida por outra de natureza diversa, prevista de forma subsidiária; obrigação com objeto único, 
com possibilidade de substituição da prestação, pelo devedor. 
 
- inadimplemento 
¾ sem culpa do devedor > resolve-se a obrigação, sem possibilidade de exigência da prestação 
subsidiária, pelo credor. 
¾ com culpa do devedor > $ da coisa + perdas e danos 
 
- efeitos das obrigações facultativas (Orlando Gomes): 
• o credor não pode exigir o cumprimento da obrigação facultativa 
• a impossibilidade do cumprimento da prestação extingue a obrigação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
 
- Conceitos: 
• obrigações divisíveis caracterizam-se como obrigações compostas pela multiplicidade de 
sujeitos, em qualquer um de seus pólos, ou em ambos, existindo tantas obrigações distintas 
quantas as pessoas dos devedores ou dos credores. Têm como objeto coisa ou fato suscetível 
de divisão. Como conseqüência jurídica, tem-se que cada credor só pode exigir a sua quota e 
cada devedor somente responde pela sua parcela respectiva – CC, art. 257. Exemplos: CC, 
arts. 252, § 2º, 455, 776, 812, 830, 831, 858, 1.266, 1.272, 1.297, 1.326, 1.968, 1.997 e 
1.999. 
 
• obrigações indivisíveis apresentam como objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de 
divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou em virtude da razão 
determinando do negócio jurídico – CC, art. 258. 
 
- a divisibilidade das obrigações decorre da divisibilidade da prestação, e não da coisa, objeto desta 
• a obrigação é divisível quando é possível executá-la por partes – CC, art. 87 
• a obrigação é indivisível quando não é possível executá-la por partes – CC, art. 88 
 
- a divisibilidade do objeto só se mostra importante, quando da pluralidade de sujeitos 
 
- efeitos das obrigações divisíveis: 
• cada um dos credores só tem direito de exigir sua fração no crédito; 
• cada um dos devedores só tem de pagar a sua própria quota do débito; 
• se o devedor solver integralmente a dívida a um só dos credores, não se desobrigará com 
relação aos demais co-credores; 
• o credor que recusar o recebimento de sua quota, por pretender solução integral, pode ser 
constituído em mora; 
• a insolvência de um dos co-devedores não aumentará a quota dos demais; 
• a suspensão da prescrição, especial a um dos devedores, não aproveita aos demais; 
• a interrupção da prescrição por um dos credores não beneficia os outros; 
• a interrupção da prescrição operada contra um dos devedores não prejudica aos demais. 
 
- indivisibilidade 
• por natureza (indivisibilidade natural) > o objeto da prestação não pode ser fracionado, sem 
prejuízo de sua substância ou de seu valor – ex.: obrigação de entregar um relógio ou um 
cavalo 
• por determinação da lei (indivisibilidade legal) > objeto naturalmente divisível, tornado 
indivisível pela lei, em virtude do interesse público ou social – ex.: dívidas de alimentos, 
módulo rural, servidões prediais, penhor, hipoteca 
• por vontade das partes (indivisibilidade subjetiva ou intelectual) > objeto naturalmente 
divisível, tornado indivisível pela intenção das partes – por testamento ou contrato 
 
- divisibilidade/indivisibilidade em relação às modalidades das obrigações 
 
• obrigação de dar coisa certa objeto divisível > obrigação divisível: 10 sacas de café 
 objeto indivisível > obrigação indivisível: um animal 
 
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• obrigação de dar coisa fungível > sempre divisíveis 
• obrigações de restituir > indivisíveis 
• obrigações de fazer 
 divisíveis: prestações determinadas por quantidade ou duração do trabalho 
 indivisíveis: objeto da obrigação como uma unidade 
• obrigações de não fazer > indivisíveis ou divisíveis (vários atos independentes) 
• obrigações alternativas > indivisíveis até a escolha 
• obrigações de dar coisa incerta > indivisíveis até a escolha 
 
- pluralidade de devedores 
CC, art. 259 > duas possibilidades: 
• o credor pode exigir o cumprimento de cada um dos devedores, respondendo o escolhido 
pelo pagamento da prestação única ou integral 
• o credor deve interpelar todos eles, para exigir o cumprimento 
 
- a prestação é distribuída entre as partes: o benefício e o ônus devem ser repartidos > cada credor 
tem direito a uma parte, cada devedor responde pela sua quota 
 
* exceções: indivisibilidade > cada devedor é obrigado pela dívida toda – CC, 259 
 solidariedade > CC, 263 
 
- pluralidade de credores 
CC, art. 260 
 
- perda da indivisibilidadeCC, art. 263 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS 
 
- Conceito: são aquelas em que há concorrência de vários credores, cada um com direito à divida 
toda, ou pluralidade de devedores, cada um obrigado à divida por inteiro 
 
- Características: 
1.ª - pluralidade de partes; 
2.ª - unidade objetiva da prestação: cada credor tem a faculdade de receber o todo, e cada devedor 
tem a faculdade de pagar o todo; (CC, art. 264) 
3.ª - existem duas relações: 
a) relação jurídica interna – entre os devedores ou credores solidários; 
b) relação jurídica externa – entre credor e devedor, ou seja, pólo ativo e pólo passivo. 
4.ª - (CC, art. 265) Só existirá obrigação solidária por vontade das partes ou por vontade da lei. 
 
- Solidariedade Passiva: vários devedores. 
 
Ex.: Paulo, Amanda e Débora fazem um empréstimo de R$ 300.000,00 do Banco X. Se não pagam 
o Banco X pode cobrar somente de um deles, qualquer um, a dívida toda. Se, por exemplo, o Banco 
X cobra a Amanda e ela quita por inteiro a dívida, os três nada mais devem para o Banco X, mas 
Débora e Paulo devem suas respectivas partes à Amanda. Num outro momento, se o Banco X 
perdoa Amanda da dívida, é descontado do valor total a parte correspondente à Amanda, e Paulo e 
Débora pagam somente as partes correspondentes a eles. 
 
 Amanda 
 Paulo Banco X Débora 
 Rel. interna 
 
 
 
 
 Relação Externa 
 
- Solidariedade Ativa: vários credores. 
 
¾ se o credor 1 receber o todo ele tem a obrigação de pagar os outros credores; o devedor já esta 
livre; 
¾ não existe caução de ratificação; 
¾ Se o bem é indivisível, quem cobra primeiro tem o privilégio de ficar com o bem e paga a parte 
correspondente aos outros credores; 
¾ Se o credor 1 perdoa a dívida, é descontada a parte dele, se o objeto é indivisível resolve-se 
como obrigação da coisa indivisível; 
¾ Se o credor 1 recebe e vem a falecer, a obrigação de repassar o dinheiro correspondente para os 
demais credores transfere-se aos herdeiros. E, se o credor falece antes de receber, os herdeiros 
substituem o credor, se for mais que um herdeiro é necessário que os demais herdeiros estejam 
juntos para substituir 100% dos créditos do credor, se não, assumem a porcentagem 
correspondente. 
 
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 Credor 1 
 Credor 2 Devedor Credor 3
 
Rel. interna 
 
 
 
 
 
 Relação Externa 
 
- Solidariedade Mista: vários credores e vários devedores 
 
¾ um só credor pode cobra um só devedor, este fica incumbido de repassar aos outros as partes 
devidas; 
¾ Se F paga A, A passa a ser devedor de B e C, e F credor de D e E. 
 
 
 
A D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
B 
C 
E 
F 
credor devedor 
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7. OBRIGAÇÕES CIVIS E NATURAIS 
 
 
→ “Na obrigação civil, há um vínculo jurídico que sujeita o devedor à realização de uma prestação 
positiva ou negativa no interesse do credor, estabelecendo um liame entre os dois sujeitos, 
abrangendo o dever da pessoa obrigada (debitum) e sua responsabilidade em caso de 
inadimplemento (obligatio), o que possibilita ao credor recorrer a intervenção estatal para obter a 
prestação, tendo como garantia o patrimônio do devedor”. (Maria Helena Diniz) 
 
“Esse vínculo jurídico, oriundo de diversas fontes, representa a garantia do credor, pois sujeita o 
devedor a determinada prestação em seu favor, conferindo-lhe, não satisfeita a obrigação, o direito 
de exigir judicialmente o seu cumprimento, penhorando os bens do devedor. Obrigação civil, 
portanto, é a que encontra respaldo no direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo 
credor, por meio de ação”. (Carlos Roberto Gonçalves) 
 
- consequências: 
• direito de retenção da prestação pelo credor, a título de pagamento devido, mesmo se 
realizada por terceiro 
• possibilidade de exigência judicial da obrigação, com execução do patrimônio 
 
→ Na obrigação natural, não cabe direito de ação para obrigar o devedor a cumprir com sua 
obrigação. O adimplemento da obrigação natural é tido como pagamento, mas este não pode ser 
requerido em juízo. 
 
“Trata-se de obrigação sem garantia, sem sanção, sem ação para se fazer exigível. Nessa 
modalidade o credor não tem o direito de exigir a prestação, e o devedor não está obrigado a pagar. 
Em compensação, se este, voluntariamente, efetua o pagamento, não tem o direito de repeti-lo”. 
(Carlos Roberto Gonçalves) 
 
- consequências: 
• direito de retenção da prestação pelo credor, a título de pagamento voluntário 
• impossibilidade da repetição do indébito 
• inexistência de direito a ação judicial, para exigência do pagamento 
• pagamento parcial não autoriza execução do restante 
 
* Obs: o direito não assegura o direito de ação, mas se a obrigação natural for cumprida, lhe é 
concedida uma proteção legal (tutela jurídica parcial) 
 
* CC, arts. 814 (dívida de jogo) e 882 (dívida prescrita) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8. OBRIGAÇÕES DE MEIO, DE RESULTADO E DE GARANTIA 
 
 
 
 
- quanto à finalidade a que se destina, a obrigação pode se caracterizar como: 
 
¾ obrigação de meio: obrigação do devedor de empregar todos os conhecimentos, meios e 
técnicas para obtenção de determinado resultado, sem, contudo, responsabilizar-se por ele. O 
inadimplemento é caracterizado com a demonstração de negligência ou imperícia no emprego 
dos meios, por parte do devedor. 
 
¾ obrigação de resultado: obrigação do devedor de empregar todos os recursos disponíveis para 
obtenção de determinado resultado, comprometendo-se a alcançá-lo; não o sendo, caracteriza-se 
o inadimplemento e, por conseqüência, o devedor responderá por todos os prejuízos causados. 
Excluem a responsabilidade a força maior, fato de terceiro e a culpa exclusiva da vítima. 
 
¾ obrigação de garantia: obrigação que pretende eliminar risco que pesa sobre o credor, 
proporcionando-lhe maior segurança, mesmo em casos de força maior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9. OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA 
 
 
 
- quanto ao momento em que devem ser cumpridas, as obrigações se caracterizam como: 
 
¾ obrigação de execução instantânea ou momentânea: consuma-se num só e único ato, sendo 
cumprida imediatamente após a sua constituição. Ex.: compra e venda à vista, contrato de 
transporte em táxi, entrega de coisa certa. 
 
¾ obrigação de execução diferida: o cumprimento deve se dar em um único ato, porém, em 
momento futuro. Ex.: entrega da coisa em data posterior. 
 
¾ obrigação de execução continuada, periódica ou de trato sucessivo: o cumprimento ocorre 
por atos periódicos e reiterados. Ex.: prestação de serviços, compra e venda a prazo, pagamento 
mensal do aluguel. 
 
* relevância jurídica> teoria rebus sic stantibus = teoria da imprevisão: permite ao devedor, em 
hipótese de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, que tornem a prestação excessivamente 
onerosa, requerer a resolução (extinção) do contrato, aplicável somente às obrigações de execução 
diferida e continuada – CC, art. 478. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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10. OBRIGAÇÕES PURAS E SIMPLES, CONDICIONAIS, A TERMO E MODAIS 
 
10.1 Obrigações condicionais 
 
 - subordinadas a um acontecimento futuro e incerto (CC, art. 121) 
 
- requisitos essenciais: futuridade e incerteza 
 
- modalidades de condições: 
• quanto à possibilidade (possíveis e impossíveis); 
• quanto à licitude (lícitas e ilícitas); 
• quanto à natureza (casuais, potestativas e mistas); 
• quanto à participação da vontade dos contraentes 
• quanto ao modo de atuação ou quanto aos efeitos 
a) suspensivas – antes do implemento > credor possui direito eventual 
* falecimento de credor ou devedor > influência somente nas obrigações personalíssimas 
* ocorrendo o implemento > obrigação torna-se exigível 
b) resolutivas > aquisição imediata do direito 
* ocorrendo o implemento > invalidação do vínculo (resolução da obrigação) 
 
- CC, arts. 121 a 129 
- CC, arts. 106, 199, 234, 266, 876. 
 
10.2 Obrigação a termo 
 
- é aquela em que as partes subordinam os efeitos do ato negocial a um acontecimento futuro e 
certo. Termo é o dia em que começa ou se extingue a eficácia do negócio jurídico 
 
- poderá ser: 
• inicial = dies a quo 
• final = dies ad quem 
 
• certo – ex: contrato de seguro por um ano 
• incerto – ex: morte. 
 
10.3 Obrigação modal 
 
- é a que se encontra onerada com um modo ou encargo, isto é, por cláusula acessória, que impõe 
um ônus à pessoa natural ou jurídica contemplada pela relação creditória. Ex.: obrigação imposta ao 
donatário, de construir uma creche no terreno que lhe foi doado. Ele tem o dever de construi-la, para 
que não seja revogada a doação. 
 
- Ex.2.: obrigação imposta ao donatário, de não fazer qualquer modificação na planta original do 
imóvel que lhe foi doado. 
 
- Objeto: ação (dar/fazer) ou abstenção (não fazer) 
 
 
 
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11. OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS 
 
 
11.1 Obrigação líquida 
 
- “A obrigação líquida é aquela obrigação certa, quanto à sua existência, e determinada quanto ao 
seu objeto. Seu objeto é certo e individuado; logo, sua prestação é relativa a coisa determinada 
quanto à espécie, quantidade e qualidade. É expressa por um algarismo, que se traduz por uma 
cifra”. (Maria Helena Diniz) 
 
- inadimplemento: Se não houver prazo assinado, inicia-se a mora do devedor com a interpelação 
judicial ou extrajudicial. 
 
- ex.: pintar uma casa; entregar dez sacas de café para exportação. 
 
11.2 Obrigação Ilíquida 
 
- “[...] é aquela incerta quanto à sua quantidade e que se torna certa pela liquidação, que é o ato de 
fixar valor da prestação momentaneamente indeterminada, para que esta se possa cumprir [...]”. 
(Maria Helena Diniz) 
 
* objeto não determinado totalmente quando surge a obrigação 
 
- inadimplemento: sem obrigação líquida o credor não poderá cobrá-la 
 
- converter-se-á em obrigação líquida, por meio da liquidação de sentença ou da transação 
 
- ex.: entregar o produto de um dia de pescaria; indenização (obrigação de dar coisa certa, 
pecuniária) a ser arbitrada, fixada pelo juiz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12. OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS 
 
 
- CC, art. 92: “Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório aquele 
cuja existência supõe a do principal.” 
 
- obrigações principais: são aquelas independentes, surgem e existem por si mesmas, sem 
dependência; 
 
- obrigações acessórias: surgem unicamente para agregar às outras. A existência gira em torno da 
razão de ser da principal. 
 
- ambas podem emanar da vontade das partes ou da lei; 
 
- a obrigação acessória pode surgir no mesmo momento da principal ou posteriormente; 
 
- as obrigações principais e/ou acessórias podem surgir em um mesmo instrumento ou em 
instrumento diverso; 
 
- obrigações acessórias à uma principal: direitos de garantia, como fiança, hipoteca e penhor; como 
se fosse uma garantia quanto ao adimplemento da obrigação principal. 
 
- há acessoriedade: 
_ nos juros (CC, arts. 323, 406, 407); 
_ na fiança (CC, arts. 818 a 839); 
_ nos direitos reais de garantia 
_ na evicção; 
_ nos vícios redibitórios; 
_ na cláusula penal; 
_ na cláusula compromissória; 
_ na cláusula de irrevogabilidade. 
 
- evicção: CC, art. 447: “Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste essa 
garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública”. 
 
- accessorium sequitir naturam sui principales (o acessório segue a condição jurídica do principal) 
- Efeitos gerados pela afirmação: 
• se a obrigação principal é extinguida, a acessória desaparece; 
• se a obrigação principal é nula ou ineficaz é refletido na acessória, salvo casos específicos; 
• prescrição da obrigação principal afeta a obrigação acessória; 
• a obrigação acessória, estipulada por um co-devedor solidário, não poderá agravar os 
demais, sem anuência destes 
• os acessórios são abrangidos por uma cessão de créditos, salvo contrário; 
• os acessórios são incluídos na obrigação de dar; 
• a cessação da confusão restabelece a obrigação anterior com todos os seus acessórios 
• novação: resolve acessórios e garantias do débito, salvo contrário; 
• se a obrigação principal for garantida por hipoteca, esta alcança os juros. 
 
 
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BIBLIOGRAFIA 
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Paulo: Saraiva, 2010. v. 2. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 24. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2009. v. 2. 
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: obrigações. 
12. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 2. 
GOMES, Orlando. Obrigações. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 8. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2011. v. 2. 
LÔBO, Paulo. Direito civil: obrigações. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das obrigações, 1ª parte. 32. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2003. v. 4. 
NADER, Paulo. Curso de direito civil: obrigações. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v. 2. 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: teoria geral de obrigações. 20. ed. Rio 
de Janeiro: Forense, 2003. v. 2. 
RODRIGUES, Silvio. Direito civil: parte geral das obrigações. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 
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VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 11. 
ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro: obrigações e contratos. 18. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2009. 
 
	10.2 Obrigação a termo10.3 Obrigação modal
	11.2 Obrigação Ilíquida

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