Buscar

Fisiopatologia e Farmacologia dos Processos Inflamatórios e Infecciosos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Fisiopatologia e Farmacologia dos 
processos inFlamatórios e inFecciosos
Elaboração
Núbia Mantovan Fardin
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 5
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS .............................. 9
CAPÍTULO 1
FISIOPATOLOGIA DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA: CELULAR E VASCULAR ....................................... 9
CAPÍTULO 2
AUTACOIDES E ANTAGONISTAS DE AUTACOIDES ..................................................................... 20
CAPÍTULO 3
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (AINES) ..................................................................... 24
CAPÍTULO 4
ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS ......................................................................................... 33
UNIDADE II
FARMACOLOGIA DOS ANTIMICROBIANOS .......................................................................................... 41
CAPÍTULO 5
CLASSIFICAÇÃO E MECANISMOS DE AÇÃO DE ANTIMICROBIANOS ........................................ 41
CAPÍTULO 6
ANTIBACTERIANOS: INIBIDORES DA SÍNTESE DA PAREDE CELULAR 
E INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEICA ....................................................................................... 46
CAPÍTULO 7
ANTIFÚNGICOS ..................................................................................................................... 61
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 67
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de to rná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para não finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a 
aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo 
estudado.
7
Introdução
A inflamação é uma resposta de defesa a vários agentes nocivos, como micro-organismos e células 
danificadas (ROBBINS & COTRAN, 2005), provindos de múltiplos eventos iniciados por dano 
tecidual, causados por fatores internos – necrose de tecidos, fratura de ossos – e externos, que 
podem ser fatores mecânicos – corte –, físicos – queimadura –, químicos – corrosão –, biológicos 
– infecção por micro-organismos – e imunológicos – reação de hipersensibilidade (SEADI, 1998), 
levando a respostas vasculares com migração e ativação de leucócitos e reações sistêmicas (ROBBINS 
& COTRAN, 2005). Os principais sinais e sintomas clínicos da inflamação foram descritos por 
Celsus no século I d.C., e são: dor, calor, rubor e tumor (inchaço) no local, podendo haver também 
a perda de função tecidual. A inflamação está diretamente ligada ao processo de reparo que começa 
nas fases iniciais da inflamação, mas geralmente só é finalizado depois que a influência nociva foi 
neutralizada (ROBBINS & COTRAN, 2005).
O objetivo final da inflamação é a eliminação da causa inicial da lesão tecidual e das consequências 
de tal lesão, entretanto, a inflamação e o reparo podem ser potencialmente prejudiciais, por essa 
razão existem vários anti-inflamatórios e antimicrobianos que, na melhor das hipóteses, promove o 
controle das sequelas danosas da inflamação, sem interferir em seus efeitos benéficos.
Objetivos
 » Promover ao farmacêutico o conhecimento sobre os sinais e sintomas de respostas 
inflamatórias para avaliação e acompanhamento de pacientes.
 » Compreender os processos de absorção, distribuição, biotransformação e 
eliminação de medicamentos anti-inflamatórios e antimicrobianos aplicados aos 
cuidados farmacêuticos.
9
UNIDADE I
PROCESSOS 
INFLAMATÓRIOS E 
FARMACOLOGIA 
NOS PROCESSOS 
INFLAMATÓRIOS
CAPÍTULO 1
Fisiopatologia da resposta inflamatória: 
celular e vascular
Como descrito anteriormente, a inflamação é um processo de defesa do organismo cujo objetivo 
final é a eliminação da causa inicial da lesão celular e das consequências de tal lesão, essasrespostas 
consistem em dois componentes principais: uma reação vascular e uma reação celular, ambas são 
ativadas por mediadores derivados das proteínas plasmáticas e de várias células. As etapas comuns 
das respostas inflamatórias são (1) o reconhecimento do agente lesivo; (2) o recrutamento dos 
leucócitos; (3) a remoção do agente; (4) a regulação (controle) da resposta e (5) a resolução (reparo) 
(ROBBINS, 2008). 
A inflamação pode ser dividida em aguda e crônica. A inflamação aguda inicia-se rapidamente e tem 
uma duração curta, podendo ser de minutos a dias; suas principais características são a exsudação 
de fluidos e proteínas plasmáticas (edema) e a migração de leucócitos. A inflamação crônica tem 
duração mais longa e está associada à presença de linfócitos e macrófagos, à proliferação de vasos 
sanguíneos, fibrose e necrose celular (ROBBINS & COTRAN, 2005).
Inflamação aguda
A inflamação aguda é uma resposta rápida a um agente nocivo, responsável por levar mediadores de 
defesa ao local da lesão e pode ser desencadeada por vários estímulos, como: infecções (bacterianas, 
virais e parasitárias) e toxinas microbianas; trauma; agentes físicos e químicos; necrose tissular; 
corpos estranhos (farpas, terras, suturas); reações imunológicas (reações de hipersensibilidade). 
Cada um desses estímulos pode induzir reações com características distintas, porém todas as reações 
imunológicas apresentam características comuns (ROBBINS & COTRAN, 2005). Descreveremos a 
seguir os eventos característicos da inflamação aguda, e em seguida seus mediadores químicos.
10
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Eventos vascular e celular na inflamação aguda
Alterações vasculares 
Durante os processos inflamatórios os vasos sanguíneos sofrem diversas alterações com o objetivo de 
facilitar o movimento de proteínas plasmáticas e células sanguíneas para o local da lesão (ROBBINS 
& COTRAN, 2005), essas alterações iniciam-se logo após a lesão ou infecção, mas desenvolvem-se 
em velocidade variável, dependendo da natureza e da gravidade do estímulo inflamatório original 
(ROBBINS, 2008). As principais são:
1. vasodilatação: principalmente nas arteríolas que resulta em aumento do fluxo 
sanguíneo para o local e abertura dos leitos vasculares, responsável por causar o 
calor e o rubor característicos da inflação. Os principais indutores da vasodilatação 
são a histamina e o óxido nítrico (NO);
2. aumento da permeabilidade vascular: leva à perda de proteínas do plasma para o 
interstício, levando a uma diminuição da pressão osmótica intravascular e a um 
aumento da pressão osmótica intersticial, ocorrendo, assim, um extravasamento 
de fluido para o tecido, causando o edema. Esse evento é induzido pela histamina, 
cininas e outros mediadores que produzem aberturas entre as células endoteliais, 
por lesão endotelial direta ou induzida por leucócitos e pelo aumento da passagem 
de líquidos através do endotélio. O aumento da permeabilidade vascular permite a 
entrada de leucócitos e proteínas plasmáticas nos locais da infecção ou da lesão do 
tecido (ROBBINS, 2008);
3. migração e acúmulo de leucócitos no local da lesão: os leucócitos aderem ao endotélio 
e a seguir migram através da parede vascular para o interstício, esse processo será 
descrito detalhadamente adiante.
A figura 1 demonstra esquematicamente esse processo de alteração vascular.
11
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Figura 1. Esquema demonstrativo dos processos de alteração vascular na inflamação (aumento do fluxo 
sanguíneo; deposição de proteínas plasmáticas no interstício; migração de neutrófilos; aumento da pressão 
hisdrostática) comparado ao normal. 
Retirado de Robbins & Cotran, 2005.
Eventos celulares: extravasamento de 
leucócitos e fagocitose 
Uma importante função da resposta inflamatória é transportar os leucócitos para o local da lesão 
e ativá-los. Os leucócitos destroem os agentes ofensivos através de processos de fagocitose, por 
exemplo, e eliminam os tecidos necróticos e as substâncias estranhas, porém, com isso, podem 
causar lesão tecidual e prolongar a inflamação, já que os produtos dos leucócitos que destroem 
micróbios podem também lesar o tecido normal do hospedeiro. O recrutamento de leucócitos para 
o local da inflação pode ser dividido nas seguintes etapas.
1. Marginalização e rolagem: devido à vasodilatação e ao aumento da 
permeabilidade vascular com perda de líquido para o interstício e acúmulo de 
células e proteínas no interior dos vasos, o fluxo sanguíneo fica mais lento, e como 
as hemácias são menores e tendem a se mover mais rápido, os leucócitos são 
empurrados para a periferia dos vasos (marginalização). Em seguida, os leucócitos 
rolam pela superfície endotelial, aderindo transitoriamente ao longo do caminho a 
moléculas de adesão (rolagem).
12
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
2. Adesão e transmigração: após o processo de rolagem dos leucócitos, eles se 
aderem firmemente a um ponto da superfície endotelial, essa adesão é mediada 
pelas integrinas expressas nas superfícies celulares dos leucócitos e que interagem 
com seus ligantes nas células endoteliais. As integrinas são glicoproteínas presentes 
na membrana plasmática dos leucócitos, em estados normais essas glicoproteínas 
possuem baixa afinidade e não aderem a seus ligantes até que os leucócitos sejam 
ativados pelas quimiocinas liberadas, por exemplo, nos processos inflamatórios. 
As quimiocinas são citocinas quimioatraentes secretadas por várias células, nos 
locais da inflamação, possuem a capacidade de promover mudança conformacional 
e aumento da afinidade das integrinas presentes nos leucócitos. Após a aderência 
à parede vascular, os leucócitos migram pela parede do vaso, espremendo-se 
entre as células nas junções intercelulares (a passagem pelo citoplasma da célula 
endotelial também já foi descrito), esse processo recebe o nome de diapedese. Essa 
migração dos leucócitos é orientada pelas quimiocinas produzidas nos tecidos 
extravasculares, que promovem a movimentação dos leucócitos em direção a seus 
gradientes químicos.
3. Quimiotaxia: após o extravasamento, os leucócitos migram em direção ao local da 
lesão ou infecção, devido a um gradiente químico gerado por substâncias exógenas e 
endógenas liberadas no processo inflamatório, que são provenientes de (1) produtos 
bacterianos; (2) citocinas, particularmente as quimiocinas; (3) componentes do sistema 
complemento, principalmente a C5a e (4) produtos da via lipoxigenase do metabolismo 
do ácido araquidônico, principalmente o leucotrieno B
4
.
A figura 2 resume todos esses processos de marginalização, rolagem, adesão, transmigração e 
quimiotaxia dos leucócitos.
Figura 2. Esquema demonstrativo dos processos de marginalização, rolagem, adesão, transmigração e 
quimiotaxia dos leucócitos em um processo inflamatório. 
Retirado de Robbins & Cotran, 2005.
13
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Após serem recrutados para o local da inflamação, os leucócitos devem ser ativados para exercerem 
sua função, os estímulos para essa ativação são provenientes de micróbios, produtos de células 
necróticas e vários mediadores. A ativação leucocitária resulta em muitas funções:
 » fagocitose de partículas: esta é uma etapa inicial na eliminação de substâncias nocivas;
 » produção de substâncias que destroem os micróbios fagocitados e removem 
tecidos mortos, sendo eles: enzimas lisossômicas e espécies reativas de oxigênio e 
do nitrogênio;
 » produção de mediadores que amplificam a reação inflamatória, como as citocinas e 
os metabólitos do ácido araquidônico.Mediadores químicos
Como descrito anteriormente, os mediadores químicos estão presentes nos eventos vasculares 
e celulares da inflamação, o conhecimento desses mediadores é importante para que sejam 
desenvolvidas drogas anti-inflamatórias. Os mediadores podem ser produzidos no local da 
inflamação pelas células, ou serem produzidos pelo fígado, os quais ficam circulando no plasma 
como precursores inativos e são ativados somente no local da inflamação. A maioria dos mediadores 
promove seus efeitos por meio da ligação a receptores específicos presentes nas células-alvo, e suas 
ações são estreitamente reguladas. A seguir, detalharemos os principais mediadores químicos 
presentes no processo de inflamação.
Aminas vasoativas 
A histamina e a serotonina são duas aminas importantes, pois são os primeiros mediadores a serem 
liberados durante a inflamação, e são armazenadas nas células.
1. Histamina: sua principal fonte são os mastócitos, normalmente presentes no 
tecido conjuntivo e próximo aos vasos sanguíneos. A histamina pré-formada 
encontra-se nos grânulos dos mastócitos e é liberada pela degranulação dessas 
células em resposta a vários estímulos: lesão física, como trauma, frio ou calor; 
reações imunológicas envolvendo a ligação de anticorpos aos mastócitos; pelos 
fragmentos do complemento chamados de anafilatoxinas (C3a e C5a); proteínas 
leucocitárias que liberam histamina; neuropeptídeos (substância P); e citocinas 
(IL-1, IL18) (ROBBINS & COTRAN, 2005). Ela causa dilatação das arteríolas e 
aumenta a permeabilidade das vênulas (porém, causa constrição das artérias de 
maior calibre), e age na microcirculação, principalmente por meio da ligação aos 
receptores H1 nas células endoteliais.
2. Serotonina (5-hidroxitriptamina): suas ações são semelhantes as da 
histamina, está presente nas plaquetas e nas células enterocromafim. Sua liberação 
das plaquetas é estimulada quando ocorre agregação plaquetária após contato com 
colágeno, trombina, difosfato de adenosina (ADP) e complexos antígeno-anticorpo.
14
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Proteínas plasmáticas 
As proteínas plasmáticas são mediadoras de vários efeitos da inflamação e pertencem a três sistemas 
inter-relacionados: o complemento, as cininas e a coagulação.
1. Sistema do complemento: consiste em 20 proteínas (e os produtos de sua 
clivagem), presentes em maior concentração no plasma na forma inativa e são 
numeradas de C1 a C9, esse sistema atua tanto na imunidade natural quanto na 
adquirida contra agentes microbianos. Suas funções biológicas se enquadram em 
duas categorias: lise celular pelo complexo de ataque a membrana (MAC) e os efeitos 
dos fragmentos proteolíticos do complemento. Seus fragmentos estão presentes em 
vários fenômenos da inflamação:
 › Fenômenos vasculares: através das proteínas C3a, C5a e em menor quantidade 
pela C4a (anafilatoxinas), que estimulam a liberação de histamina pelos 
mastócitos aumentando, assim, a permeabilidade vascular e causando 
vasodilatação. O C5a também ativa a via da lipoxigenase do metabolismo do 
ácido aracdônico nos neutrófilos e monócitos, provocando a liberação de mais 
mediadores da inflamação.
 › Adesão, quimiotaxia e ativação dos leucócitos: através da proteína C5a.
 › Fagocitose: a proteína C3b serve como opsonina quando ligado a parede bacteriana.
2. Sistema das cininas: a ativação desse sistema resulta na liberação da bradicinina 
que aumenta a permeabilidade vascular, contração do músculo liso, dilatação de 
vasos sanguíneos e dor quando injetada na pele, seus efeitos são semelhantes aos 
da histamina. Ela é inativada rapidamente pela enzima cinase.
3. Sistema da coagulação: esse sistema está intimamente relacionado com a 
inflamação. A trombina é a principal ligação entre o sistema de coagulação e a 
inflamação, ela é a enzima que cliva o fibrinogênio solúvel circulante para gerar um 
coágulo insolúvel de fibrina, e é a principal protease da coagulação.
Metabólitos do ácido aracdônico: prostaglandinas, 
leucotrienos e lipoxinas
O ácido aracdônico é um ácido graxo poli-insaturado derivado da dieta ou da conversão do ácido 
graxo essencial (ácido linoleico) não se encontra livre nas células, somente na forma estratificada 
nos fosfolipídios da membrana, sendo liberado pela ação das fosfolipases celulares (p. ex. 
fosfolipase A2), que podem ser ativados por estímulos mecânicos, químicos e físicos, ou por outros 
mediadores (p. ex. C5a). Os metabólitos do ácido aracdônico (também chamados de eicosanoides) 
são sintetizados por duas classes de enzimas: as ciclo-oxigenases (prostaglandinas e tromboxanos) 
e as lipoxigenases (leucotrienos e lipoxinas) (ROBBINS & COTRAN, 2005).
15
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
1. Via da ciclo-oxigenase: é iniciada por duas enzimas diferentes, a COX-1 
(constitutivamente expressa) e a COX-2 (uma enzima induzida), que leva a geração 
de prostaglandinas, sendo as mais importantes na inflamação as PGE2, PGD2, PGF2A, 
PGI2 (prostraciclina) e TXA2 (tromboxano). Suas ações específicas são descritas 
a seguir.
 › COX-1: é produzida em condições fisiológicas, tem a função de promover a 
síntese de prostaglandinas em situações fisiológicas, regula também processos 
celulares normais, como a citoproteção gástrica, a homeostase vascular, a 
agregação plaquetária e a função renal.
 › COX-2: produzidas nas situações de inflamação, é uma enzima induzida, sendo 
produzida apenas em células inflamatórias.
 › PGI2 (prostaciclina): é produzida no endotélio vascular, sua função fisiológica 
é controlar o fluxo sanguíneo, pois quando produzidas levam a um quadro de 
vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo no local, provocando rubor e 
calor, e consequentemente provoca dor.
 › PGE2: também está presente no endotélio vascular, possui a mesma função 
fisiológica da prostaciclina, promove o aumento da produção de citocinas, 
principalmente a IL-1, que age no centro do controle da temperatura, localizada 
no hipotálamo, provendo o aumento da temperatura e produzindo febre.
 › TXA2 (tromboxano A2): é produzido pelas plaquetas, promove agregação 
plaquetária (aglutinação) e vasoconstrição.
2. Via da lipoxigenase: seus produtos iniciais são gerados por três lipoxigenases 
diferentes que só estão presentes em alguns tipos de células.
3. Lipoxinas: suas principais ações são a inibição do recrutamento leucocitário e dos 
componentes celulares da inflamação, inibindo a quimiotaxia dos neutrófilos e sua 
adesão ao endotélio.
A figura 3 mostra esquematicamente a geração de metabólitos do ácido aracdônico e seus papéis 
na inflamação.
16
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Figura 3. Esquema da geração de metabólitos do ácido aracdônico e seus papéis na inflamação.
Modificado de Robbins, 2008.
Fator de ativação plaquetária (PAF)
O PAF é outro mediador bioativo derivado dos fosfolipídios, ele pode desencadear a maioria 
dos principais acontecimentos da inflamação, sendo produzido por vários tipos celulares, como 
plaquetas, basófilos (e mastócitos), neutrófilos, monócitos/macrófagos e células endoteliais. Ele pode 
promover a estimulação de plaquetas, vasoconstrição e broncoconstrição, e em doses extremamente 
baixas estimula a vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular. Pode promover também o 
aumento da adesão leucocitária a endotélio, quimiotaxia, desgranulação e surto oxidativo.
Citocinas e quimiocinas
As citocinas são proteínas produzidas por vários tipos celulares, principalmente linfócitos e 
macrófagos, elas têm a capacidade de modular a função de outros tipos celulares. As duas principais 
citocinas que participam do processo inflamatóriosão o fator de necrose tumoral (TNF) e a 
interleucina-1 (IL-1), elas são produzidas principalmente pelos macrófagos ativados. A secreção 
dessas citocinas pode ser estimulada por endotoxinas e outros produtos microbianos, complexos 
imunes, lesão física e vários tipos de estímulos inflamatórios. Elas induzem as respostas sistêmicas 
da fase aguda associadas a infecções ou traumas.
17
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
As quimiocinas são uma família de proteínas pequenas que agem a princípio como quimiotáticos 
para tipos específicos de leucócitos, elas estimulam o recrutamento leucocitário na inflamação e 
controlam a migração normal de células através de vários tecidos.
Outros mediadores
1. Óxido nítrico (NO): ele desempenha um papel importante nos componentes 
vasculares e celulares das respostas inflamatórias, é um potente vasodilatador devido 
a sua ação no músculo liso vascular, ele também é capaz de reduzir a agregação 
e a adesão plaquetária e funciona como um regulador endógeno do recrutamento 
leucocitário. A produção de NO é um mecanismo compensatório endógeno que 
reduz as respostas inflamatórias, porém ele também pode ser um mediador de 
defesa do hospedeiro contra infecções, pois juntamente com seus derivados tem 
efeitos microbicidas.
2. Componentes lisossomais dos leucócitos: os neutrófilos e monócitos 
possuem grânulos lisossomais que quando liberados podem contribuir com reações 
inflamatórias, essas diversas enzimas granulares têm funções diferentes, por exemplo, 
as proteases ácidas degradam bactérias e fragmentos dentro dos fagossomos, já as 
proteases neutras são capazes de degradar vários componentes extracelulares. Devido 
a seus efeitos destrutivos, o infiltrado leucocitário inicial, se não for controlado, pode 
aumentar mais ainda a permeabilidade vascular e o dano tecidual.
3. Radicais livres derivados do oxigênio: eles podem ser liberados pelos 
leucócitos no meio extracelular após a exposição a micro-organismos, quimiocinas 
e complexos imunes. Eles promovem as seguintes reações: lesão à célula 
endotelial com o consequente aumento da permeabilidade vascular; inativação de 
antiproteases; lesão a outros tipos de células.
4. Neuropeptídeos: eles participam da deflagração propagação da resposta 
inflamatória, juntamente com as aminas vasoativas e os eicosanoides.
18
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
O Quadro 1 resume os principais mediadores químicos da inflamação e sua fonte.
Quadro 1. Resumo dos principais mediadores químicos da inflamação. 
  Mediadores Fonte
Derivados de células
Mediadores pré-formados em 
grânulos secretores
Histamina Mastócitos, basófilos, plaquetas
Serotonina Plaquetas
Recém-sintetizados
Prostaglandinas Todos os leucócitos, mastócitos
Leucotrienos Todos os leucócitos, mastócitos
Fator ativador plaquetário
Todos os leucócitos, células 
endoteliais
Espécies reativas de oxigênio Todos os leucócitos
Óxido nítrico Macrófagos, células endoteliais
Citocinas
Macrófagos, linfócitos, células 
endoteliais, mastócitos
Neuropeptídeos
Derivados de 
proteínas plasmáticas 
(Fígado como principal 
fonte)
Ativação do complemento
C3a (anafilatoxina)
C5a (anafilatoxina)
C3b
C5b-9 (complexo de ataque à membrana)
Ativação do fator XII (fator de 
Hageman)
Sistema de cininas (bradicinina)
Coagulação/sistema de fibrinólise
Adaptado de Robbins, 2008.
Resultados da inflamação aguda
Apesar de a resposta da inflamação aguda ser dependente da natureza e intensidade da 
lesão e a habilidade do hospedeiro em responder a essa agressão, ela geralmente possui três 
resultados comuns:
 » Resolução: quando a lesão é limitada ou breve, quando há pouca destruição 
tecidual, e quando o tecido tem a capacidade de substituir qualquer célula lesada 
com restauração e normalidade funcional. Neste caso ocorre a restauração do local 
da inflamação com degradação dos mediadores químicos, retorno da permeabilidade 
vascular ao normal, término da inflamação leucocitária, morte dos neutrófilos e 
remoção de líquidos, edema, leucócitos, agentes estranhos e fragmentos necróticos.
 » Cicatrização ou fibrose: ocorre após uma grande destruição tecidual ou quando 
a inflamação atinge tecidos que não são capazes de se regenerar.
 » Progressão para inflamação crônica: ocorre quando não ha remoção do 
agente nocivo, ou devido a alguma interferência no processo normal de cicatrização. 
Dependendo da extensão da lesão inicial, da sua continuidade e a capacidade de 
regeneração dos tecidos afetados, a inflamação crônica pode ter como resultado a 
restauração da estrutura e funções normais ou pode resultar em cicatrização.
19
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Inflamação crônica 
A inflamação crônica é uma inflamação com duração prolongada (semanas, meses ou anos), em 
que inflamação ativa, destruição tecidual e reparação ocorrem simultaneamente. Diferente da 
inflamação aguda, que é caracterizada por alterações vasculares, edema e infiltrado leucocitário, 
a inflamação crônica possui outras características como: infiltração de células mononucleares, 
destruição tecidual e reparo envolvendo proliferação de novos vasos (angiogênese) e fibrose. Essa 
inflamação pode originar-se devido a infecções persistentes por micro-organismos difíceis de 
erradicar, por doenças inflamatórias imunomediadas (distúrbios de hipersensibilidade) ou ainda 
por exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos.
Inicialmente, na inflamação crônica ocorre a liberação dos mesmos mediadores químicos descritos 
anteriormente na inflamação aguda, porém sua característica principal é a persistência da 
inflamação, que resulta das interações complexas entre as células que são recrutadas para o local da 
inflamação e que são ativadas neste local.
20
CAPÍTULO 2
Autacoides e antagonistas 
de autacoides
As prostaglandinas, a histamina e a serotonina são denominadas autacoides e são formadas pelos 
tecidos nos quais agem, funcionando, assim, como hormônios locais, porém diferem dos hormônios 
circulantes pelo fato de serem produzidos por vários tecidos e não apenas em glândulas endócrinas 
específicas. A palavra autacoide deriva do grego: autos (próprio) e akos (agente medicinal ou 
medicamento) (HOWLAND, 2007).
Prostaglandinas 
As prostaglandinas são ácidos graxos insaturados que atuam nos tecidos nos quais são sintetizados, 
sendo rapidamente metabolizados em produtos inativos no local da ativação. A administração 
sistêmica de prostaglandinas provoca um conjunto de efeitos, que limita a utilidade terapêutica 
dessas substâncias. Um dos usos é no aborto, ou ainda no tratamento da úlcera péptica utilizado 
para inibir a secreção de ácido gástrico e para aumentar a resistência à mucosa em pacientes que 
fazem tratamento com anti-inflamatórios não esteroidais (misoprostol).
Histamina 
A histamina (figura 4) é um mensageiro químico que intermedeia várias respostas celulares, como 
as reações alérgicas e inflamatórias, a secreção de ácido gástrico e a neurotransmissão em algumas 
partes do cérebro. Ela não possui aplicação clínica, atua somente como diagnóstica, para avaliar 
a hiper-reatividade brônquica inespecífica em indivíduos asmáticos, e como controle positivo 
injetável durante testes cutâneos de alergia, porém os fármacos que interferem em sua ação, os 
anti-histamínicos, apresentam importantes aplicações terapêuticas.
Figura 4. Estrutura química da histamina. 
Retirado de Goodman & Guilman 2007.
21
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
O mastócito é o principal local de armazenamento de histamina (em grânulos). Ahistamina é 
encontrada na maioria dos tecidos, porém distribuída de forma desigual sendo encontrada em 
grande quantidade nos pulmões, na pele e no trato gastrintestinal, que são locais com grande 
concentração de mastócitos. Ela é formada pela descarboxilação do aminoácido histidina, pela ação 
da enzima L-histidina descarboxilase.
Na maioria das vezes, a histamina é apenas um de vários mediadores químicos liberados. Ela é 
liberada a partir de estímulos, como a destruição de células como resultado de frio intenso, toxinas 
bacterianas, venenos de ferrão de abelhas ou traumatismos, além das alergias e anafilaxias. Ela 
exerce seus efeitos ligando-se a um ou mais dos quatro tipos de receptores específicos (H1, H2, H3, 
e H4), sendo que somente os receptores H1 e H2 são alvos de fármacos com utilidade clínica, e os 
receptores H3 e H4 ainda não têm suas ações farmacológicas muito claras.
Os receptores H1 são receptores acoplados à proteína Gq/11 e ativam a via PLC-IP3-Ca
2+, e muitas 
das possíveis continuações dessa via, como a ativação da proteinocinase C (PCK), as enzimas 
dependentes de Ca2+-calmodulina (eNOS e várias proteinocinases) e a PLA2. Os receptores H2 são 
receptores acoplados a proteína Gs que ativa a via de proteína A adenililciclase-AMP cíclico-cinase 
(PKA), e os receptores H3 e H4 são receptores acoplados à proteína Gi/0 que inibem a adenililciclase.
Receptores H1 são responsáveis por mediar respostas de broncoconstrição e contração do intestino, 
já receptores H2 promovem secreção gástrica, e respostas de dilatação vascular são mediadas pelo 
estímulo desses dois receptores (H1 e H2). Os receptores H3 funcionam como autorreceptores em 
neurônios histaminérgicos de forma muito semelhante aos receptores α2 pré-sinápticos, inibindo 
a liberação de histamina e modulando a liberação de outros neurotransmissores, esses receptores 
estão localizados principalmente no sistema nervoso central (SNC), nos gânglios da base, hipocampo 
e córtex e promovem a vigília. Os receptores H4 estão presentes em células com atividade imune, 
como os eosinófilose e também em células do trato gastrintestinal e do SNC, sua ativação em 
eosinófilos promove uma alteração na forma da célula à quimiotaxia e um incremento na regulação 
de moléculas de adesão, ou seja, a histamina liberada pelos mastócitos age nos receptores H4 
para recrutar eosinófilos, os antagonistas H4 podem ser úteis em inibir as respostas alérgicas e 
inflamatórias.
Anti-histamínicos H1
O termo anti-histamínico sem adição de nenhum adjetivo modificador refere-se somente aos 
bloqueadores clássicos dos receptores H1, eles não influenciam a formação ou a liberação de 
histamina, apenas bloqueiam a resposta mediada pelo receptor no tecido-alvo. Eles podem 
ser divididos em fármacos de primeira e segunda geração. A maioria dos fármacos de primeira 
geração pode penetrar no SNC causando sedação, podendo também agir em outros receptores, 
produzindo uma variedade de efeitos adversos, como sonolência e boca seca, porém os fármacos de 
segunda geração são específicos para receptores H1 e não atravessam a barreira hemato-encefálica, 
apresentando, assim, menor toxicidade ao SNC do que os de primeira geração.
22
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Esses fármacos são úteis no tratamento de alergias causadas por antígenos que agem nos mastócitos 
sensibilizados por anticorpos imunoglobulina E (IgE) e são usados principalmente para o controle 
dos sintomas da rinite alérgica e da urticária, pois a histamina é o principal mediador.
Antagonistas H1 disponíveis no mercado
a. Dibenzoxepinas tricíclicas (doxepina): é comercializado principalmente 
como um antidepressivo tricíclico, porém é também um potente antagonista H1. 
Causa sonolência e associa-se a efeitos anticolinérgicos.
b. Etanolaminas (protótipo: difenidramina): possuem significativa atividade 
antimuscarínica e induzem sedação, porém seus efeitos colaterais no trato 
gastrintestinal são extremamente baixos neste grupo.
c. Etilenodiaminas (protótipo: pirilamina): esta classe inclui alguns dos 
antagonistas H1 mais específicos. Provoca sonolência e os efeitos colaterais do trato 
gastrintestinal são incomuns.
d. Alquilaminas (protótipo: clorfeniramina): são os mais potentes antagonistas 
H1 e menos propensos a produzir sonolência, sendo mais adequados para o uso 
diurno. Seu efeito colateral mais comum é a estimulação do SNC.
e. Piperazinas de primeira geração: um dos membros mais antigos desse grupo, 
a clorciclizina, tem ação prolongada e baixa sonolência. A hidroxizina é usada para 
alergias cutâneas. A ciclizina e a meclizina já foram utilizadas para controlar enjoo 
de movimento.
f. Piperazinas de segunda geração (cetirizina): possui efeitos anticolinérgicos 
mínimos, sua penetração no SNC é mínima, porém tem uma incidência mais alta de 
sonolência em comparação ao outros antagonistas H1 de segunda geração.
g. Fenotizinas (protótipo: prometazina): a maioria dos fármacos dessa classe 
possui atividade anticolinérgica, além de antagonistas do receptor H1. É utilizada 
principalmente pelos seus efeitos antieméticos.
h. Piperidinas de primeira geração (ciproeptandina, fenindamina): 
a ciproeptadina tem propriedades anti-histamínicas e antisserotoninérgicas 
igualmente. Elas causam sonolência e têm efeitos colinérgicos também.
i. Piperidinas de segunda geração (protótipo: terfenadina): os fármacos 
atualmente existentes dessa classe são a loratadina, a desloratadina e a fexofenadina, 
eles são altamente seletivos para os receptores H1, têm baixa ação anticolinérgica 
e dificilmente penetram no SNC, possuindo, assim, baixa incidência de 
efeitos colaterais.
23
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Bloqueadores dos receptores histamínicos H2
Os bloqueadores dos receptores H2 apresentam baixa ou nenhuma afinidade pelos receptores H1, sua 
utilização é principalmente como inibidor da secreção de ácido gástrico no tratamento de úlceras. 
Os fármacos dessa classe existentes no mercado são dimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina 
e não serão discutidos neste capítulo por não ter ações anti-inflamatórias.
Bloqueadores dos receptores histamínicos H3 e H4
Já foram desenvolvidos antagonistas específicos dos receptores H3 e H4, porém nenhum foi aprovado 
para uso clínico. Os antagonistas H3 têm capacidade de melhorar a atenção e o aprendizado, 
estimulam a vigília e são usados também como agentes antiepilépticos. Já os antagonistas de 
receptores H4 são promissores candidatos para o tratamento de condições inflamatórias como rinite 
alérgica, asma e artrite reumatoide, devido à localização e à função inusitada desse receptor nas 
células de origem hematopoiética.
Bradicinina, calidina e seus antagonistas 
Alguns fatores, como lesões tissulares, reações alérgicas, infecções virais e outros eventos 
inflamatórios, ativam uma série de reações proteolíticas que geram bradicinina e calidina nos tecidos, 
esses peptídeos agem como autacoides, produzindo dor, vasodilatação e maior permeabilidade 
vascular no local de sua ação. Sua atividade ocorre principalmente devido à liberação de potentes 
mediadores como as prostaglandinas, NO ou fator hiperpolarizante derivado do endotélio.
Os antagonistas de bradicinina estão atualmente sendo investigados em diversas áreas, como dor, 
inflamação, doenças inflamatórias crônicas, sistema cardiovascular e reprodução. Pois sabe-se que 
as cininas participam de uma variedade de doenças inflamatórias e causam dor, e a bradicinina 
excita os neurônios sensoriais primários e provoca a liberação de neuropeptídeos, como substância 
P, neurotoxina A e peptídeos relacionados com o gene da calcitonina.
24
CAPÍTULO 3
Anti-inflamatórios não esteroidais(AINEs)
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são um grupo de diferentes agentes químicos que 
possuem atividade antipirética, analgésica e anti-inflamatória, atuam principalmente inibindo 
as enzimas ciclo-oxigenases (responsáveis por catalisar a biossíntese de prostanoides), levando 
à redução da síntese de prostaglandinas, com efeitos benéficos e indesejáveis. Todos os AINEs, 
exceto a nabumetona, são ácidos orgânicos fracos. Esses anti-inflamatórios geralmente são 
altamente metabolizados, alguns por meio de mecanismos de fase I seguidos de fase II, e outros por 
mecanismos de fase II apenas. Seu metabolismo ocorre, geralmente, mediante famílias CYP3A ou 
CYP2C das enzimas P450 do fígado.
Atualmente, existem em torno de 50 AINEs no mercado e, como não é necessária a apresentação 
de prescrição médica aqui no Brasil, esses fármacos são utilizados extensamente e muitas vezes 
indevidamente. Estão disponíveis como comprimidos, injeções e géis. Aliviam os sintomas de dor 
e edema, como artrite reumatoide; dores agudas, como trauma, dor pós-parto e pós-operatória, 
além de dor dental, menstrual e cefaleia. A escolha de um AINE requer uma consideração de sua 
eficácia, custo, segurança e de numerosos fatores pessoais, por exemplo, se o paciente está utilizando 
outros fármacos, deste modo, não existe um AINE melhor para todos os pacientes, mas pode haver 
um ou dois AINEs mais apropriados para um determinado indivíduo. A seguir, descreveremos 
detalhadamente os principais AINEs encontrados no mercado, bem como seus mecanismos de ação 
e efeitos colaterais.
Ácido acetilsalicílico e outros salicilatos
O ácido acetilsalicílico foi o precursor dos AINEs tradicionais, é o fármaco pelo qual os outros 
anti-inflamatórios são comparados, sendo o mais comumente utilizado, sobretudo pelo baixo 
custo. Porém, sua longa história e disponibilidade sem prescrição médica diminuem seu apelo em 
comparação com o dos AINEs mais novos, hoje ele é raramente utilizado como anti-inflamatório, 
sendo substituído pelo ibuprofeno e pelo naproxeno.
Já os salicilatos não acetilados são fármacos anti-inflamatórios efetivos, sendo analgésicos menos 
efetivos que o ácido acetilsalicílico. Esses fármacos incluem o salicilato de colina magnésio, o 
salicilato de sódio e o salicilsalicilato (KATZUNG, 2010). Como são menos eficazes em inibir a COX, 
seu uso pode ser preferível quando não se deseja essa inibição, como no caso de pacientes com 
asma, pacientes com tendências hemorrágicas e pacientes com disfunção renal.
25
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Mecanismos de ação
O ácido acetilsalicílico é um ácido orgânico fraco e o único AINE capaz de acetilar irreversívelmente 
a ciclo-oxigenase, além de inibir a agregação plaquetária. Já os salicilatos são inibidores reversíveis 
das duas isoformas da COX apenas.
Ação anti-inflamatória
Devido a sua inibição da atividade da COX, ocorre a diminuição da formação de prostaglandinas, 
modulando, assim, os aspectos da inflamação nos quais ela age como mediadora.
Ação analgésica
A PGE2 é capaz de sensibilizar as terminações nervosas à ação da bradicinina, histamina e de 
outros mediadores químicos liberados localmente pelo processo inflamatório, portanto, o ácido 
acetilsalicílico, ao inibir a atividade da COX, diminui a síntese de PGE2, diminuindo, assim, a 
sensação de dor.
Ação antipirética
A febre ocorre quando o “ponto de referência” do centro termorregulador hipotalâmico anterior é 
elevado, sendo causado principalmente pela síntese de PGE2 estimulada, por exemplo, pela citocina. 
Portanto, o efeito antipirético do ácido acetilsalicílico é possivelmente mediado pela inibição da 
COX no sistema nervoso central, com diminuição da produção de PGE2, e ainda pela inibição da IL-1 
que é liberada pelos macrófagos durante episódios de inflamação. Essa ação do ácido acetilsalicílico 
sobre o controle da temperatura ocorre somente em indivíduos febris, não havendo efeitos sobre a 
temperatura normal do organismo.
Usos clínicos
O ácido acetilsalicílico e os salicilatos são utilizados como antipiréticos e analgésicos no tratamento 
de gota, febre reumática e artrite reumatoide, e em condições comumente tratadas como cefaleia, 
artralgia e mialgia. Eles têm sido associados a opioides para o tratamento da dor de câncer, na qual 
os efeitos anti-inflamatórios atuam de modo sinérgico com os opioides, intensificando a analgesia.
Pode ser utilizado também topicamente no tratamento de calosidades, calos ósseos e epidermofitose 
(erupção causada por fungos). Além de serem utilizados para inibir a aglutinação plaquetária, reduzir 
a incidência de ataques isquêmicos transitórios e angina instável em homens, como, também, para 
tratar de trombose da artéria coronária.
26
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Efeitos adversos
a. Gastrintestinais: normalmente a prostaciclina (PGI2) promove a inibição de 
ácido gástrico, enquanto a PGE2 e a PGF2a estimulam a síntese de muco protetor 
no estômago e no intestino delgado, devido à ação do ácido acetilsalicílico inibindo 
a COX e, consequentemente, diminuindo a formação desses prostanoides, ocorre 
portanto um aumento da secreção gástrica e diminuição da proteção da mucosa. 
Causando, assim, irritação epigástrica, náuseas e vômitos. Com isso, o ácido 
acetilsalicílico deve ser administrado acompanhado de alimentos e grande volume 
de líquido para reduzir os distúrbios gastrintestinais, além de ser administrado 
juntamente como o misoprostol, por exemplo.
b. Sangue: o TXA2 é responsável por aumentar a aglutinação plaquetária, já a PGE2 
provoca sua redução. O ácido acetilsalicílico inibe irreversivelmente a produção de 
tromboxano nas plaquetas, resultando na inibição da agregação plaquetária e no 
prolongamento do tempo de sangramento. Como as plaquetas não possuem núcleo, 
não podendo sintetizar enzimas, e a acetilação da ciclo-oxigenase é irreversível, 
essa falta de tromboxano persiste durante toda a vida da plaqueta (3 a 7 dias), 
porém, nas células endoteliais, não ocorre o mesmo, pois elas possuem núcleo e 
podem produzir novas ciclo-oxigenases. Assim, o ácido acetilsalicílico não deve ser 
administrado pelo menos uma semana antes de uma cirurgia.
c. Respiração: em doses terapêuticas eles podem aumentar a ventilação alveolar, já 
doses mais elevadas podem agir diretamente sobre o centro respiratório no bulbo, 
resultando em hiperventilação e alcalose respiratória, agora, em doses tóxicas, podem 
causar depressão respiratória, com acidose respiratória e metabólica não compensada.
d. Ação nos rins: eles impedem a síntese de PGE2 e PGI2, que são prostaglandinas 
responsáveis pela manutenção do fluxo sanguíneo renal na presença de 
vasoconstritores circulantes. Essa diminuição da síntese de prostaglandinas pode 
resultar na retenção de sódio e água, causando edema e hiperpotassemia em alguns 
pacientes, podendo ocorrer, também, nefrite intersticial.
Interações farmacológicas
Existem alguns fármacos que podem interagir com os salicilatos, causando alguns efeitos indesejados:
a. antiácidos: provoca a redução da velocidade de absorção do ácido acetilsalicílico;
b. heparina ou anticoagulantes orais: provoca hemorragia;
c. probenecida sulfinpirazona: provoca a diminuição da excreção de urato 
(contraindicado em pacientes com gota);
d. bilirrubina, fenitoína, naproxeno, sulfinpirazona, tiopental, tiroxina 
e tri-idotironina: provocam o aumento da concentração plasmática, fazendo 
com que a meia-vida seja mais longa, com maiores efeitos terapêuticos e maior 
toxicidade também.
27
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Inibidores seletivos da COX-2 (coxibes)O local de ligação do substrato nas duas formas de COX (1 e 2) são estruturalmente diferentes, a 
COX-2 apresenta um canal de substrato maior e mais flexível do que o da COX-1 e um maior espaço 
disponível no sítio onde se ligam os inibidores, conforme demonstrado na figura 5. Essa diferença 
em sua estrutura permitiu a produção de fármacos específicos para a COX-2, com o intuito de 
inibir a síntese de prostaglandinas por essa isoenzima sem, no entanto, afetar a isoenzima COX-1 
“de manutenção”, encontrada no trato gastrintestinal, nos rins e nas plaquetas, sendo esta uma 
tentativa de minimizar os efeitos colaterais gastrintestinais e de coagulação.
Figura 5. Diferenças estruturais dos sítios ativos da COX-1 e COX-2. A COX-2 possui um canal maior e 
mais flexível do que a COX-1, apresentando um maior espaço no local de ligação dos inibidores.
Disponível em <http://ejb-eliezer.blogspot.com.br/>, em 10/7/2012.
Os inibidores seletivos da COX-2 exercem efeitos analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios 
semelhantes aos dos AINEs não seletivos, mas com a metade dos efeitos adversos gastrintestinais, 
porém, não apresenta efeitos cardioprotetores, o que levou a alguns pacientes utilizar o ácido 
acetilsalicílico em pequenas doses para manter esses efeitos.
Celecoxibe
O celecoxibe (figura 6) é um inibidor seletivo da COX-2, cerca de 10 a 20 vezes mais seletivo para 
COX-2 do que para COX-1, com meia-vida de 11 horas.
28
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Figura 6. Estrutura química do celecoxibe. 
Retirado de Katzung, 2010.
Ele também é efetivo no tratamento da artrite reumatoide e da osteoartrite, provocando menos 
úlceras endoscópicas do que a maioria dos outros AINEs e não afeta a agregação plaquetária nas 
doses habituais. Pode interagir com a varfarina (conforme esperado de um fármaco metabolizado 
através da CYP2C9). Seus efeitos adversos podem ser dor abdominal, diarreia e dispepsia. Como 
ocorre com outros AINEs, pode ocorrer toxicidade hepática.
Etoricoxibe
O etoricoxibe é um derivado bipiridínico, inibidor seletivo da COX-2 de segunda geração, sendo 
sua seletividade à COX-2 superior a qualquer outro coxibe. Sofre extenso metabolismo pelas 
enzimas P450 hepáticas, com excreção renal e meia-vida de eliminação de 22 horas. Possui eficácia 
semelhante aos AINEs tradicionais para o tratamento da osteoartrite, artrite gotosa aguda e 
dismenorreia primária.
Meloxicam
O meloxicam é uma enolcarboxamida relacionada com o piroxicam que inibe preferencialmente 
a COX-2, pois não é tão seletivo quanto os outros coxibes. Ele possui menos complicações 
gastrintestinais do que o piroxicam, o diclofenaco e o naproxeno. Da mesma forma que os outros 
AINEs, o meloxicam inibe o TXA2, porém sabe-se que mesmo em doses supraterapêuticas essa 
inibição não atinge níveis que resultam em diminuição da função plaquetária in vivo.
29
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Valdecoxibe
O valdecoxibe (figura 7) é um isoxazol com substituição diaril e um novo inibidor altamente seletivo 
da COX-2, com meia-vida de 8 a 11 horas. Sua dose analgésica é de 20mg, 2 vezes ao dia. Não possui 
nenhum efeito sobre a agregação plaquetária e o tempo de sangramento.
Figura 7. Estrutura química do valdecoxibe. 
 
Retirado de Katzung, 2010.
Inibidores não seletivos da COX
Diclofenaco
O diclofenaco é um derivado do ácido fenilacético, relativamente não seletivo como inibidor da 
COX, possui meia-vida de aproximadamente 1 hora. Cerca de 20% dos pacientes apresentam 
efeitos adversos, como desconforto gastrintestinal, sangramento gastrintestinal oculto e ulceração 
gástrica. Devido a isso, o diclofenaco é geralmente administrado juntamente com o omeprazol ou 
misoprostol, evitando, assim, o sangramento e o desconforto gastrintestinal. Ele pode comprometer 
o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular, além de promover a elevação dos níveis 
séricos das aminotransferases.
Diflunisal
O diflunisal é um derivado do ácido salicílico, porém não é metabolizado em ácido salicílico nem 
em salicilato. Ele sofre um ciclo êntero-hepático, com reabsorção de seu metabólito glicuronídio, 
seguida de clivagem do glicuronídio, liberando novamente o componente ativo. Sua meia-vida é de 
13 horas. Ele é efetivo para o alívio da dor do câncer com metástases ósseas e para o controle da dor 
na cirurgia dentária (terceiro molar).
30
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Etodolaco
O etodolaco é um derivado racêmico do ácido acético, com meia-vida intermediária de 6,5 horas. 
Ele é ligeiramente mais seletivo para COX-2. Produz alívio satisfatório da dor pós-operatória após 
cirurgia de derivação da artéria coronária.
Fenoprofeno
O fenoprofeno é um derivado do ácido propiônico, porém é pouco utilizado devido a seu efeito 
colateral mais comum, o desenvolvimento de nefrite intersticial, além dos efeitos tóxicos comuns 
de todos os AINEs.
Flurbiprofeno
O flurbiprofeno é um derivado do ácido propiônico, porém seu mecanismo de ação é mais complexo do 
que o de outros AINEs. Ele inibe a COX de modo não seletivo e estudos experimentais comprovaram 
que ele pode afetar também a síntese de TNF-α e de óxido nítrico. Não apresenta circulação êntero-
hepática, e seus enantiômeros são metabolizados de forma diferente, não sofrendo conversão 
quiral. Sua eficácia é comparável à do ácido acetilsalicílico e à de outros AINEs em estudos clínicos 
de pacientes com artrite reumatoide, espondilite ancilosante, gota e osteoartrite.
Ibuprofeno
O ibuprofeno é um derivado simples do ácido fenilpropiônico, com meia-vida de 2 horas. Ele é 
adquirido como fármaco de venda livre em baixas doses com vários nomes comerciais. Provoca 
irritação e sangramento gastrintestinal, porém com menos frequência do que com o ácido 
acetilsalicílico. É contraindicado para indivíduos com pólipos nasais, angioedema e reatividade 
broncoespástica ao ácido acetilsalicílico. Pode provocar insuficiência renal aguda, nefrite intersticial, 
síndrome nefrótica e desenvolvimento de hepatite.
Indometacina
A indometacina é um potente inibidor não seletivo da COX, além de poder inibir a fosfolipase A e 
C, reduzir a migração dos neutrófilos e diminuir a proliferação das células T e B. Suas indicações 
e seus efeitos colaterais são ligeiramente diferentes dos outros AINEs. Suas principais indicações 
são para o uso de afecções reumáticas, em casos de gota e espondilite ancilosante. O uso de doses 
mais altas de indometacina promove o aparecimento de reações adversas exigindo a interrupção 
do tratamento, sendo seus efeitos adversos mais comuns dor abdominal, diarreia, hemorragia 
gastrintestinal e pancreatite.
31
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Cetoprofeno
O cetoprofeno é um derivado do ádico propiônico que inibe tanto a COX (de modo não seletivo) 
quanto a lipoxigenase. Sua meia-vida é de 1,8 horas. É utilizado frequentemente no tratamento 
da artrite reumatoide, osteoartrite, gota, dismenorreia e outras afecções dolorosas. Seus principais 
efeitos colaterais afetam o trato gastrintestinal e o sistema nervoso central.
Cetorolaco
O cetorolaco é um AINE indicado principalmente como analgésico e não como fármaco anti- 
-inflamatório, mesmo tendo as propriedades típicas dos AINEs. Sua meia-vida é de 4 a 10 horas. Ele 
é um analgésico efetivo, utilizado para substituir a morfina em algumas situações que envolvem dor 
pós-cirúrgica leve ou moderada. Seus efeitos tóxicos são semelhantes aos de outros AINEs, embora 
a toxicidade renal seja mais comum com seu uso crônico.
Nabumetona
A nabumetona é o único AINE não ácido deuso corrente, ela é convertida no derivado do ácido 
acético ativo no corpo. Sua meia-vida é de mais de 24 horas, o que permite sua administração na 
forma de dose única ao dia. Seus efeitos adversos assemelham-se aos dos outros AINEs, porém, 
muitas vezes, são necessárias doses mais altas. Seu custo é muito alto, devido a isso não é utilizado 
com frequência.
Naproxeno
O naproxeno é um derivado do ácido naftilpropiônico. Sua meia-vida é de 14 horas. É indicado 
principalmente para casos de reumatismo. Além de seus efeitos adversos comuns a todos os 
outros AINEs, foram observados casos raros de pneumonite alérgica, vasculite leucocitoclástica 
e pseudoporfiria.
Oxaprozina
A oxaprozina é derivada do ácido propiônico, sua principal diferença em relação aos outros 
membros desse subgrupo reside na sua meia-vida muito longa: de 50 a 60 horas, e por não sofrer 
circulação êntero-hepática. Ela apresenta os mesmos benefícios e riscos associados a outros AINEs. 
É potencialmente mais útil no tratamento da gota.
Piroxicam
O piroxicam é um inibidor não seletivo da COX e em altas concentrações também inibe a migração 
dos leucócitos polimorfonucleares, diminui a produção de radicais de oxigênio e inibe a função dos 
linfócitos. Sua meia-vida longa, de 57 horas, permite a administração 1 vez/dia. É utilizado para as 
32
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
indicações reumáticas habituais. Seus principais efeitos colaterais são sintomas gastrintestinais, 
tontura, zumbido, cefaleia e exantema cutâneo.
Sulindaco
O sulindaco é um pró-fármaco sulfóxido. Além de suas indicações semelhantes aos outros AINEs, 
ele pode suprimir a polipose intestinal familiar, pode inibir o desenvolvimento de câncer de cólon, 
mama e próstata. Suas reações adversas mais graves são a ocorrência de síndrome de necrólise 
epidérmica de Stevens-Johnson, trombocitopenia, agranulocitose e síndrome nefrótica.
Tiaprofeno
O tiaprofeno é um derivado do ácido propiônico racêmico que não sofre estereoconversão. Possui 
uma meia-vida curta de 1 a 2 horas, que pode ser aumentada em indivíduos idosos para 2 a 4 horas. 
Esse fármaco diminui ligeiramente os níveis séricos de ácido úrico por inibir sua reabsorção renal. 
Sua eficácia e seus efeitos adversos assemelham-se aos de outros AINEs.
Interações medicamentosas
As principais interações clinicamente documentadas dos AINEs são as seguintes.
 » Fenitoína: é uma interação previsível, ocorre na maioria dos pacientes aos quais 
se administra a combinação, incidindo diminuição do metabolismo hepático 
da fenitoína.
 » Furosemida: é uma interação previsível, ocorre na maioria dos pacientes aos 
quais se administra a combinação, diminuindo as respostas diuréticas, natriuréticas 
e anti-hipertensivas à furosemida.
 » Hidralazina: é uma interação não estabelecida, em que se dispõem de dados 
insuficientes para estimar a previsibilidade. Diminui a resposta anti-hipertensiva 
à hidralazina.
 » Inibidores da enzima conversora de angiotensinogênio (ECA): é uma 
interação previsível, ocorre na maioria dos pacientes aos quais se administra a 
combinação, ocorre diminuição da resposta anti-hipertensiva.
 » Metotrexato: é uma interação não estabelecida onde se dispõem de dados 
insuficientes para estimar a previsibilidade, ocorrendo possível aumento da 
toxicidade do metotrexato (particularmente com doses antineoplásicas).
 » Triantereno: é uma interação não estabelecida onde se dispõem de dados 
insuficientes para estimar a previsibilidade. Diminui a função renal observada com 
o triantereno mais indometacina, tanto em indivíduos sadios quanto em pacientes.
33
CAPÍTULO 4
Anti-inflamatórios esteroidais
Esse grupo de fármacos é representado pelos esteroides, que são moléculas complexas, solúveis 
nas gorduras, com quatro anéis fundidos e de alta massa molecular. Os esteroides que ocorrem 
naturalmente incluem o colesterol, os sais biliares e muitos hormônios que são os que estão 
envolvidos nos processos inflamatórios e que são utilizados como fármacos anti-inflamatórios 
estereidais estudados neste capítulo. A produção desses hormônios ocorre na glândula adrenal, 
também conhecida como glândula suprarrenal. Os esteroides hormonais podem ser classificados 
em esteroides com efeitos importantes sobre o metabolismo intermediário e a função imune 
(glicocorticoides) em esteroides onde a atividade principal é a retenção de sal (mineralocorticoides) 
e os que apresentam atividade androgênica e estrogênica.
Glândula adrenal e seus hormônios
As glândulas adrenais estão localizadas na região superior de cada rim e são divididas em duas 
porções (córtex e medula). O córtex é subdividido em três zonas: zona glomerulosa, zona fasciculada 
e zona reticular. Já a medula da adrenal é a região central da glândula secreta os hormônios chamados 
catecolaminas. A figura 8 representa esquematicamente a glândula adrenal, indicando as porções 
bem como suas zonas distintas.
Figura 8. Figura esquemática da glândula adrenal, demonstrando suas porções, 
córtex e medula, bem como suas zonas distintas.
Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/06/21/glandula-adrenal/>, em 15/7/2012.
34
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Mais de 30 esteroides são sintetizados pelo córtex da adrenal, podendo ser classificados em três 
classes principais. Os mineralocorticoides são sintetizados na zona glomerulosa (aldosterona é o 
principal) e promovem a retenção do Na+ e a perda de K+ pelos rins, promovendo, assim, o equilíbrio 
salino no organismo. Outra classe de esteroides da adrenal cortical compreende os glicocorticoides, 
dos quais o cortisol é o mais importante. Os glicocorticoides são sintetizados na zona fasciculada 
da adrenal. Dentre os hormônios produzidos pela glândula adrenal, os glicocorticoides apresentam 
acentuada importância como anti-inflamatórios.
A síntese de glicocorticoides é dependente de colesterol, suas etapas estão especificadas na figura 
9 e sua produção é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal. Esse eixo corresponde a um 
sistema de controle que integra funções endócrinas e neurológicas. O hipotálamo secreta o fator de 
liberação da corticotropina (CRF) e a arginina vasopressina (AVP) na microcirculação, na adeno-
-hipófise ou hipófise anterior, elas estimulam a liberação do hormônio adrenocorticotrópico, que 
promove, no córtex da suprarrenal, a liberação do cortisol.
Figura 9. Etapas de formação dos hormônios adrenocorticosteroides.
Retirado de Rang et al., 2007.
O cortisol, portanto, é o produto final do eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal e desempenha 
funções centrais e periféricas mediadas via dois tipos de receptores específicos: o tipo 1, ou receptor 
mineralocorticoide (MR), e o tipo 2, ou receptor glicocorticoide (GR). Os efeitos mais conhecidos 
dos glicocorticoides são mediados principalmente pelos GRs, amplamente distribuídos. Esse tipo de 
receptor interage com os promotores de genes-alvo e regulam a sua transcrição. Quando não estão 
ligados aos hormônios, esses receptores são citoplasmáticos, presentes em complexos oligoméricos 
com proteínas de choque térmico (Hsp). O hormônio, portanto, penetra na célula e liga-se ao 
receptor, induzindo a alterações conformacionais que permitem a sua dissociação das proteínas de 
choque térmico. Em seguida, o complexo ligante-receptor é transportado ativamente até o núcleo, 
onde interage com o DNA e com proteínas nucleares.
35
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
O receptor de glicocorticode é formado por aproximadamente 800 aminoácidos e pode ser dividido 
em três domínios funcionais, conforme demonstrado na figura 10. O domíniode ligação dos 
glicocorticoides se encontra na extremidade carboxiterminal da molécula, já o domínio de ligação 
do DNA localiza-se no meio da proteína e contém nove resíduos de cisteína. Essa região, por sua 
vez, dobra-se em uma estrutura em “dois dedos”, estabilizada por íons zinco conectados com as 
cisteínas, formando dois tetraedros. Os dedos de zinco são a estrutura básica onde o domínio de 
ligação do DNA reconhece sequências específicas do ácido nucleico. O domínio aminoterminal está 
envolvido na atividade de transativação do receptor e aumenta sua especificidade.
Figura 10. Receptor de glicocorticoide e seus mecanismos.
Retirado de Katzung, 2010.
Os glicocorticoides reduzem as manifestações da inflamação, devido a seus efeitos sobre a 
concentração, distribuição e função dos leucócitos periféricos, bem como seus efeitos supressores 
sobre citocinas e quimiocinas inflamatórias e outros mediadores da inflamação. A administração 
de um glicocorticoide de ação curta em dose única promove aumento da concentração circulante 
de neutrófilos e redução do número de linfócitos (células T e B), monócitos, eosinófilos e basófilos. 
Os glicocorticoides também podem inibir as funções dos macrófagos teciduais e de outras células 
apresentadoras de antígenos. Eles também influenciam na resposta inflamatória ao reduzir a síntese 
das prostaglandinas, leucotrienos e fator de ativação das plaquetas, resultando na ativação da 
fosfolipase A2. Promovem também redução da expressão da COX-2, nas células inflamatórias, com 
consequente redução da quantidade de enzimas disponíveis para a formação de prostaglandinas e 
diminuem a permeabilidade capilar ao reduzirem a quantidade de histamina liberada dos basófilos 
e mastócitos.
36
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Mecanismos de ação dos glicocorticoides
Os glicocorticoides atuam praticamente sobre todos os órgãos e tecidos. Seus mecanismos de ação 
são divididos em três grupos principais: 1) ações dependentes de modificações do genoma; 2) ações 
não dependentes de modificações no genoma e que são mediadas por receptores; 3) ações não 
dependentes de modificações no genoma e que são medidas de maneira físico-química.
Ação dependente da modificação do genoma
É o mecanismo mais conhecido, devido à lipossolubilidade dos glicocorticoides, eles passam 
facilmente pela membrana das células indo se ligar a receptores intracitoplasmáticos, que são de 
duas formas: alfa e beta. O receptor alfa, na sua forma inativa, está ligado a uma proteína de choque 
térmico que impede sua ação. Quando o glicocorticoide se liga ao receptor, desfaz-se a ligação com 
a proteína de choque térmico e o conjunto (ligante-receptor) migra para o núcleo celular onde irá 
se ligar ao DNA, iniciando a transcrição de genes e a síntese de várias proteínas. No DNA existem 
pontos específicos para a ligação com o glicocorticoide, que são chamados de elementos de resposta 
ao glicocorticoide, esses passos de interação do glicocorticoide com o receptor e a transcrição gênica 
estão demonstrados na figura 11. A inibição da síntese de proteínas efetoras nem sempre é feita 
por mecanismos de ação diretos sobre o DNA, podem ocorrer, também, em nível de pré-transcrição 
e pós-transcrição.
Muitos mediadores inflamatórios agem sobre a proteína G e outros receptores, que levam a ativação 
de várias quinases e que, por sua vez, ativam o fator de transcrição AP-1. Este fator se desloca para 
o núcleo e promove a indução da transcrição gênica de várias outras proteínas pró-inflamatórias. 
Os receptores de glicocorticoides, quando ativados, podem se ligar a AP-1 e assim impedir sua ação. 
Os glicocorticoides podem inibir também outro fator de transcrição chamado NF-κβ, esse fator 
é responsável por mediar à ação de várias citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose 
tumoral alfa (TNF-α). Os glicocorticoides inibem a ação do NF-κβ por aumentar a produção de 
proteínas inibidoras.
Além disso, os glicocorticoides possuem ação a nível de pós-transcrição sobre a estabilidade do 
RNA mensageiro (RNAm) formado. Por exemplo, os glicocorticoides podem desestabilizar o RNAm 
para a síntese de COX-2, que leva à diminuição de sua ação. Os glicocorticoides podem, também, 
afetar o transporte e a secreção de proteínas recém-formadas. A ação dos glicocorticoides sobre a 
transcrição genética pode ser negativa também. Os componentes que têm sua síntese reduzida pelos 
glicocorticoides são várias citocinas, como interleucina 1 (IL-1), IL-2, IL-4, IL-6, interferon gama 
(INF-γ) e TNF-α.
Ou seja, a ação genômica dos glicocorticoides pode ser feita diretamente sobre o DNA ou em nível de 
pré-transcrição genética por meio da ação sobre AP-1 e NF-κβ ou, ainda, em nível de pós-transcrição, 
sobre RNAm, transporte e secreção de proteínas.
37
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Figura 10. Modelo de interação de um esteroide, S (p. ex. cortisol), e seu receptor, R, e os efeitos subsequentes 
observados em uma célula-alvo.
Retirado de Katzung, 2010.
O esteroide encontra-se no sangue circulante, na forma ligada à globulina de ligação dos 
corticoesteroides, mas penetra na célula como molécula livre. O receptor alfa, na sua forma inativa, 
está ligado a proteínas estabilizadoras, sendo elas proteína de choque térmico 90 (Hsp90) e várias 
outras, que impedem sua ação. Quando o complexo liga-se a uma molécula de cortisol, ocorre a 
liberação da Hsp90 e moléculas associadas. O complexo esteroide-receptor tem a capacidade de 
penetrar no núcleo, ligar-se ao elemento de resposta dos glicocorticoides (ERG) sobre o gene e 
regular a transcrição pela RNA polimerase II, bem como por fatores de transcrição associados. 
Diversos fatores reguladores (não ilustrados) podem participar, facilitando ou inibindo a resposta 
dos esteroides. O RNAm resultante é editado e exportado até o citoplasma para a produção de 
proteínas, que irá produzir a resposta tumoral. 
Mecanismo de ação não genômica 
mediada por receptor
Para que esse mecanismo ocorra, são necessárias doses mais altas de glicocorticoides e seus efeitos 
aparecem mais rapidamente do que os efeitos genômicos, por não precisar de síntese de novas 
proteínas, levando de segundos a minutos para serem notados. Ocorrem mediante receptores de 
membrana, diferentes dos intracitoplasmáticos já comentados anteriormente. Em humanos, esses 
receptores foram encontrados em células leucêmicas e de linfoma, participando da lise celular 
induzida pelos glicocorticoides.
38
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
Entre os efeitos mediados por este mecanismo, podemos citar: retroalimentação negativa do 
hormônio adenocorticotrópico (ACTH), supressão da prolactina, efeitos sobre estabilização 
de membranas, efeitos cardiovasculares e de comportamento, indução de apoptose e a ação 
antianafilática dos glicocorticoides.
Mecanismo de ação não genômica mediada por 
ações físico-químicas
Esse mecanismo de ação exige doses muito altas de glicocorticoides e é o que aparece mais 
rapidamente. Ele é responsável por uma diminuição no transporte de sódio e de cálcio através da 
membrana citoplasmática, ocorrendo uma queda no consumo de ATP e uma diminuição do cálcio 
citosólico. O cálcio citoplasmático é essencial para proporcionar e manter a ativação linfocitária, 
assim, esse mecanismo explica o sucesso obtido com as chamadas terapias de pulso utilizadas para 
tratamento de doenças imunologicamente mediadas, nas quais se somam, mais tarde, os efeitos 
genômicos que prolongam e completam a ação terapêutica destes medicamentos.
Parâmetros farmacocinéticos e 
farmacodinâmicos dos glicocorticoides
Os glicocorticoides podem ser classificadosde acordo com sua meia-vida, sua potência e sua 
duração de ação. E quanto a sua duração de ação pode ser dividido em fármacos de duração curta, 
intermediária e longa, tendo como base a duração da supressão do ACTH após dose única, com 
atividade anti-inflamatória equivalente a 50mg de prednisona. São considerados glicocorticoides 
de ação curta a cortisona e a hidrocortisona, por suprimirem a ACTH por 8 a 12 horas; os 
glicocorticoides de ação intermediária são a prednisona, a prednisolona, a metilprednisolona e a 
triamcinolona, que suprimem o ACTH por 12 a 36 horas; e os glicocorticoides de ação longa são a 
dexametasona e a betametasona, que promovem a supressão do ACTH por 36 a 72 horas. A potência 
dos glicocorticoides é avaliada pela sua afinidade aos receptores citoplasmáticos e pela duração de 
sua ação.
Atualmente, várias apresentações e formas farmacêuticas de glicocorticoides estão disponíveis 
no mercado, sendo absorvidos por via oral ou parenteral, alguns dos principais estão descritos no 
quadro 2. Sua metabolização ocorre no fígado, podendo aumentar a velocidade de metabolização 
através de administração de indutores enzimáticos e diminuída em casos de insuficiência hepática. 
Sua excreção é através da urina e da bile.
39
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS │ UNIDADE I
Quadro 2. Principais corticosteroides naturais e sintéticos prescritos para uso geral. 
Fármaco
Atividade (em relação a hidrocortisona)
Dose oral 
equivalente 
(mg)
Formas 
disponíveisAnti-inflamatória Tópica
De retensão 
de sal
Glicocorticoides de ação curta a média
Hidrocortisona (cortisol) 1 1 1 20 Oral, injetável, tópica
Cortisona 0,8 0 0,8 25 Oral
Prednisona 4 0 0,3 5 Oral
Prednisolona 5 4 0,3 5 Oral, injetável
Metilprednisolona 5 5 0 4 Oral, injetável
Meprednisona 5   0 4 Oral, injetável
Glicocorticoides de ação intermediária
Triacinolona 5 5 0 4 Oral, injetável, tópica
Parametasona 10   0 2 Oral, injetável
Fluprednisona 15 7 0 1,5 Oral
Glicocorticoide de ação longa
Betametasona 25 a 40 10 0 0,6 Oral, injetável, tópica
Dexametasona 30 10 0 0,75 Oral, injetável, tópica
Mineralocorticoides
Fludrocortisona 10 0 250 2 Oral
Acetato de desoxicorticosterona 0 0 20   Injetável, pílula
Retirado de Ktzung, 2010.
Toxicidade
Os benefícios obtidos com o uso de glicocorticoides variam consideravelmente e em todos os 
pacientes a utilização desses fármacos deve ser cuidadosamente avaliada em relação a seus efeitos 
disseminados, observados em todas as partes do organismo. Seus principais efeitos indesejáveis 
são resultados de suas ações hormonais que levam ao quadro clínico de síndrome de Cushing 
iatrogênica. Quando os glicocorticoides são administrados por um período curto de menos de 2 
semanas, mesmo em doses razoavelmente altas, é difícil verificar efeitos adversos, porém, verifica-
-se em certas ocasiões a ocorrência de insônia, alterações do comportamento (principalmente 
hipomania) e úlceras pépticas agudas mesmo depois de alguns dias de tratamento. Pode também 
ocorrer pancreatite aguda crônica em alguns casos de tratamento de altas doses de glicocorticoides.
Nos casos de desenvolvimento de síndrome de Cushing iatrogênica, geralmente o rosto torna-se 
arredondado, observam-se tumefações, deposição de gordura e pletora (face em configuração de lua 
cheia); a gordura tende a ser redistribuída dos membros para o tronco, nuca e fossa supraclavicular. 
Ocorre maior crescimento de pêlos finos na face, coxas e tronco, podendo verificar aparecimento de 
acne, insônia e aumento do apetite. Ocorre também aumento de peso corporal, deposição visceral 
40
UNIDADE I │ PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E FARMACOLOGIA NOS PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
de gordura, miopatia, adelgaçamento da pele com estrias e esquimoses, hiperglicemia e, por fim, 
desenvolvimento de osteoporose, diabetes e necrose asséptica do quadril, com comprometimento 
da cicatrização nestes casos.
Outros efeitos colaterais graves consistem no aparecimento de úlceras pépticas e suas consequências. 
Pode ocorrer, também, hipomania ou psicose aguda, principalmente em pacientes que recebem 
doses muito altas de corticosteroides. Também é comum ocorrer elevação da pressão intraocular, 
podendo desenvolver glaucoma. Quando administrados em doses superiores às fisiológicas, os 
esteroides, como a cortisona e a hidrocortisona, provocam retenção de sódio e líquidos, bem como 
perda de potássio. Em pacientes com funções cardiovasculares e renais normais, esses efeitos 
levam à alcalose hipoclorêmica hipopotassêmica e à elevação da pressão arterial. Em pacientes 
com hipoproteinemia, doença renal ou hepatopatia, pode ocorrer edema, já em pacientes com 
cardiopatia, pode resultar em insuficiência cardíaca.
Portanto, os pacientes que receberem o tratamento com glicocorticoides devem ser cuidadosamente 
monitorados. Os glicocorticoides devem ser utilizados com muita cautela, principalmente em 
pacientes com úlcera péptica; cardiopatia ou hipertensão com insuficiência cardíaca; com certas 
doenças infecciosas, como varicela e tuberculose; psicoses; diabetes; osteoporose ou glaucoma.
41
UNIDADE IIFARMACOLOGIA DOS 
ANTIMICROBIANOS
CAPÍTULO 5
Classificação e mecanismos de 
ação de antimicrobianos
Após a Segunda Guerra Mundial, houve na Medicina uma revolução para encontrar compostos 
com atividade antimicrobiana, por causa da grande incidência de mortes causadas por infecções 
bacterianas, que durante a guerra era causa de baixas em tropas que nela lutaram. Na década de 
1930 eram realizados diversos estudos para buscar moléculas antimicrobianas, porém apenas em 
1941 é que havia quantidade suficiente de penicilina para seu emprego na clínica.
O tratamento antimicrobiano age nas diferenças bioquímicas que existem entre micro-organismos 
e seres humanos, assim, os fármacos antimicrobianos são eficazes no tratamento de infecções, pois 
são seletivamente tóxicos, têm a capacidade de lesar ou matar os micro-organismos invasores sem 
prejudicar as células do hospedeiro. O objetivo da terapia farmacológica antimicrobiana é a toxicidade 
seletiva, essa seletividade pode ser obtida ao atacar alvos seletivos do patógeno que não estejam 
presentes no hospedeiro; alvos presentes no patógeno que são semelhantes, mas não idênticos aos do 
hospedeiro; alvos no patógeno que são compartilhados com o hospedeiro, mas que variam quanto à 
sua importância entre o patógeno e o hospedeiro, conferindo assim uma seletividade.
Alvos farmacológicos
A relação entre a dose tóxica e a dose terapêutica de um fármaco é denominada índice terapêutico, 
ou janela terapêutica, portanto, um fármaco altamente seletivo, como a penicilina, pode ser prescrito 
com segurança, devido à grande diferença entre sua concentração terapêutica e tóxica. Os fármacos 
podem ser divididos em três tipos de seletividade a alvos:
 » exclusivo: o fármaco tem como alvo uma via genética ou bioquímica que é exclusiva 
do patógeno. Como exemplo, temos os inibidores da parede celular bacteriana;
 » seletivo: o fármaco tem como alvo uma isoforma de determinada proteína 
que é exclusiva do patógeno. Como exemplo, temos o inibidor da diidrofolato 
redutase (DHFR);
 » comum: o fármaco tem como alvo uma necessidade metabólica específica do 
patógeno. Como exemplo, temos a 5-Fluoruracila.
42
UNIDADE II │ FARMACOLOGIA DOS ANTIMICROBIANOS
Alvos exclusivos de fármacos
Os alvos exclusivos de fármacos são as vias metabólicas, enzimas, genes que sofrem mutação e 
produtos gênicos que estão presentes no patógeno, mas ausentes no hospedeiro. Os agentes 
antibacterianos, por exemplo, têm como alvo comum a parede celular de peptídeoglicano bacteriana. 
A penicilina e outros antibióticos β-lactâmicos inibem as enzimas

Continue navegando

Outros materiais