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Resumo Teoria Geral do crime-erro de tipo Parte Geral I Professor Jardiel

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66 
 
TEORIA GERAL DO CRIME 
 
TIPICIDADE 
 
 Crime 
 
1ª CORRENTE: O crime é um fato típico, antijurídico e culpável. 
 
2ª CORRENTE: O crime é um fato típico e antijurídico. Nesse caso, o fato é apenas formalmente típico. 
 
3ª CORRENTE: Teoria Constitucionalista do Delito: O crime possui um fato formal e materialmente 
típico e um fato antijurídico. 
 
 MOMENTOS HISTÓRICOS DA TIPICIDADE 
 
 A história da tipicidade tem início no século XIX. 
 
 1ª CORRENTE: Teoria Causalista ou causalismo- final do século XIX e começo do século 
XX. 
 
 Von Lisze (não conhecia a noção de tipicidade) e Beling (em 1906 ele constrói o conceito de 
tipicidade). 
 
 Requisitos da tipicidade: 
1. Conduta humana voluntária. Em momentos históricos passados, admitiu-se o crime cometido 
por animais, portanto, a conduta humana como requisito foi uma grande evolução. Se a conduta 
humana foi forçada ela não é um requisito para tipicidade. 
2. Resultado naturalístico: Só existe nos crimes materiais. Ex.: o homicídio, porque ele exige o 
resultado. 
3. Nexo de causalidade: Deve haver nexo causal entre a conduta e o resultado. 
4. Adequação do fato à lei 
 
 Todos esses requisitos são formais, ou seja, estão previstos na lei. Todo crime tem um verbo e o 
verbo indica uma conduta. 
67 
 
 Nesse período histórico, a tipicidade era objetiva e neutra, ou seja, o tipo não é dotado de valores. 
Tipo é mera descrição abstrata do crime. 
 
 2ª CORRENTE: Neokantismo- século XX até 1930. 
 
 Mezger escreveu o Tratado de Direito Penal e retratou toda doutrina penal. 
 
 Requisitos da tipicidade: 
1. Conduta humana voluntária 
2. Resultado naturalístico nos crimes materiais 
3. Nexo de causalidade 
4. Adequação à lei 
 
 Observa-se que do ponto formal, os requisitos da tipicidade são os mesmos do causalismo. 
 Kant desenvolveu a teoria dos valores. Devido a isso, essa corrente recupera a doutrina de Kant. 
 Para esta corrente, a tipicidade é objetiva e valorativa. O tipo penal é a conduta valorada 
negativamente pelo legislador. 
 Há muitas críticas ao neokantismo, pois o conceito de tipo penal seria muito vago. A crítica é feita no 
sentido de dizer que o tipo penal seria valorado de acordo com o que? Quem iria dizer o que seria conduta 
negativa ou não? 
 
 3ª CORRENTE: Finalismo 
 
 Welzel escreveu a teoria finalista do delito e prosperou nos anos 50 e 60. A obra clássica é de 1939 
(época nazista em que a doutrina penal era ignorada). 
 Com Welzel, a tipicidade é objetiva e subjetiva. Ninguém falava até então em tipicidade subjetiva. 
 Do ponto de vista objetivo (formal), os requisitos do tipo continuam os mesmos. 
 Do ponto de vista subjetivo, foi inserido o dolo e a culpa. 
 Antes de Welzel, o dolo e a culpa já existiam, mas eram requisitos da culpabilidade e não da 
tipicidade. 
 Críticas à corrente: Welzel colocava a culpa como requisito subjetivo, mas a culpa não é subjetiva, 
ela é normativa. No direito penal, subjetivo é o que está na cabeça do réu, ou seja, o dolo. Por outro lado, 
normativo é o que depende do juízo de valor do juiz. Portanto, diz-se que a culpa é normativa, pois é o juiz 
que valora. 
 
68 
 
Obs.: As três correntes acima dizem respeito ao pensamento antigo. 
 
 Anos 70- ROXIN 
 
 Roxin sintetiza a Teoria da imputação objetiva. Ele agrega novos dados a tipicidade: 
 Criação de um risco proibido relevante. (O réu só responde se criou um risco proibido relevante) 
1. O resultado decorre do risco criado (Tem que ter nexo de imputação entre o resultado e o risco 
criado) 
2. Resultado no âmbito de proteção da norma 
 Roxin, ao criar a teoria da imputação objetiva, não nega os requisitos formais. 
 
 Anos 80- ZAFFARONI 
 
 Zaffaroni cria a tipicidade conglobante. Ele respeita os requisitos formais. Para ele, o tipo penal 
deve ser analisado conglobadamente, ou seja, é preciso analisar todo o ordenamento jurídico. 
 Se existe uma norma que autoriza a conduta, o que está autorizado não pode estar proibido. 
 Ex.: art. 128, II, do CP- aborto em gravidez resultante de estupro. Como regra, o aborto é proibido no 
Brasil, mas há duas situações em que ele é permitido (quando há risco para vida da gestante e gravidez 
resultante de estupro). Nesse caso, se há uma norma que permite, o que está permitido não pode ser proibido 
por outra. 
 Para Zaffaroni, essa norma que permite exclui tipicidade. Para a doutrina e jurisprudência exclui 
antijuridicidade. 
 
 TEORIA CONSTITUCIONALISTA DO DELITO 
 
 A tipicidade fica da seguinte maneira: 
>> É objetiva e subjetiva. 
 
 A tipicidade objetiva possui dois campos: formal e material. No âmbito formal, continuam os 
mesmos requisitos previstos anteriormente (conduta humana voluntária, resultado naturalístico, nexo de 
causalidade, adequação à lei). 
 A novidade é o campo material da tipicidade. Ele possui duas exigências: valoração da conduta e 
valoração do resultado (ofensa ao bem jurídico protegido- princípio da ofensividade/lesividade) pelo juiz. 
 A conduta só é típica se criar um risco proibido relevante. 
 
69 
 
 Exemplos: 
 
 Ex.1: HC 46525- primeiro caso julgado pelo STJ onde se discutiu a comissão de formatura de MT. O 
STJ trancou a ação penal, arquivou o caso, pois promover uma festa de final de curso é criar um risco 
permitido. Nesse sentido, quem cria risco permitido não está praticando crime. 
 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO CULPOSO. MORTE POR 
AFOGAMENTO NA PISCINA. COMISSÃO DE FORMATURA. INÉPCIA DA 
DENÚNCIA. ACUSAÇÃO GENÉRICA. AUSÊNCIA DE PREVISIBILIDADE, DE NEXO 
DE CAUSALIDADE E DA CRIAÇÃO DE UM RISCO NÃO PERMITIDO. PRINCÍPIO DA 
CONFIANÇA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. 
ORDEM CONCEDIDA. 
1. Afirmar na denúncia que "a vítima foi jogada dentro da piscina por seus colegas, assim como 
tantos outros que estavam presentes, ocasionando seu óbito" não atende satisfatoriamente aos 
requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal, uma vez que, segundo o referido dispositivo 
legal, "A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, 
a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas". 
2. Mesmo que se admita certo abrandamento no tocante ao rigor da individualização das 
condutas, quando se trata de delito de autoria coletiva, não existe respaldo jurisprudencial para 
uma acusação genérica, que impeça o exercício da ampla defesa, por não demonstrar qual a 
conduta tida por delituosa, considerando que nenhum dos membros da referida comissão foi 
apontado na peça acusatória como sendo pessoa que jogou a vítima na piscina. 
3. Por outro lado, narrando a denúncia que a vítima afogou-se em virtude da ingestão de 
substâncias psicotrópicas, o que caracteriza uma autocolocação em risco, excludente da 
responsabilidade criminal, ausente o nexo causal. 
4. Ainda que se admita a existência de relação de causalidade entre a conduta dos acusados e a 
morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a demonstração da criação 
pelos agentes de uma situação de risco não permitido, não-ocorrente, na hipótese, porquanto é 
inviável exigir de uma Comissão de Formatura um rigor na fiscalização das substâncias 
ingeridas por todos os participantes de uma festa. 
5. Associada à teoria da imputação objetiva, sustenta a doutrina que vigora o princípio da 
confiança, as pessoas se comportarão em conformidade com o direito, o que não ocorreu in 
casu, pois a vítima veio a afogar-se, segundo a denúncia, em virtude de ter ingeridosubstâncias 
psicotrópicas, comportando-se, portanto, de forma contrária aos padrões esperados, afastando, 
assim, a responsabilidade dos pacientes, diante da inexistência de previsibilidade do resultado, 
acarretando a atipicidade da conduta. 
6. Ordem concedida para trancar a ação penal, por atipicidade da conduta, em razão da 
ausência de previsibilidade, de nexo de causalidade e de criação de um risco não permitido, em 
relação a todos os denunciados, por força do disposto no art. 580 do Código de Processo Penal. 
(HC 46525/MT, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 
21/03/2006, DJ 10/04/2006, p. 245) 
 
 Ex.2: Quem a 130 Km atropela alguém na Paulista diz respeito a um risco proibido, estando presente, 
portanto, o requisito da tipicidade. 
 
 Ex.3: Teoria da confiança: Quem está cumprindo as regras de uma atividade pode confiar que os 
outros também cumprirão as mesmas regras. Se você dirige na Avenida Paulista a 50 km, você está criando 
um risco permitido. Nesse sentido, se você atropela uma pessoa numa avenida em que o trânsito está em 
70 
 
movimento e não há como parar para o pedestre passar, você não será responsabilizado por um homicídio, 
pois gera risco permitido. 
 
 Ex.4: Venda de arma de fogo com nota fiscal. Aquele que compra a arma e mata alguém não gera 
responsabilidade do dono da loja, pois vender arma é risco permitido. 
 
 Ex.5: Alguém diz pra você que vai matar uma pessoa, você é obrigado a impedir o crime? Não, 
ninguém possui essa obrigação jurídica. Com exceção do funcionário público, este deverá comunicar. 
 
 Essa teoria do risco proibido nasceu, inicialmente, para os crimes culposos. Depois, passou a 
valer para todos os crimes. 
 
 Exemplos: 
 
 - Acidente do avião da gol, 154 pessoas morreram, quem gerou o risco proibido? O juiz condenou os 
dois pilotos do avião e o controlador de voo. 
 
 - A boate Kiss: nesse caso, está entendendo que quem gerou o risco proibido foi o rapaz que soltou o 
sinalizador, quem o comprou, o dono da boate, dentre outros. 
 
 - Lesões esportivas: precisa analisar se o risco foi permitido ou não, se estava nas regras do jogo não 
responde. No boxe, dentro das regras do jogo, caso o golpe gere a morte, o risco é permitido. No futebol: 
quando vai na bola e quebra a perna do jogador, com base no direito penal anterior também não responde, 
mas antes excluía antijuridicidade (exercício regular do direito). Na doutrina nova, há a exclusão da 
tipicidade material, pois o risco é permitido. 
 
 - Roleta russa: Fazer roleta russa é gerar um risco proibido. Todos respondem por auxílio ou 
instigação ao suicídio. 
 
 - Conhecimentos especiais do agente: no voo X da companhia Y, você descobriu que há uma bomba, 
então dá uma viagem à sogra e o avião explode e ela morre. Nesse caso, você responde pela morte, pois 
possuía conhecimentos especiais. 
 
71 
 
 - Intervenções médicas: o médico opera uma pessoa e ela morre, aquele responde? Depende, se na 
hora da cirurgia ele criou um risco proibido (não fez as coisas corretas como o médico faz) ele responde. A 
tipicidade conglobante de Zaffaroni entra nessa regra do risco permitido. 
 - Agente que atua para diminuir risco de maior dano: você está conversando com um amigo, há uma 
descida íngreme, o carro vem vindo e você nota que ele vai passar em cima do amigo e você empurra o seu 
amigo, o carro passa, mas ele só quebra o nariz. Nesse caso, você não responde por lesão corporal, pois 
atuou para diminuir o risco. Contudo, se você empurrou e a vítima bateu com a cabeça e morreu, você 
também não responderá. 
 
 - Conduta da vítima: a autocolocação em risco por conduta própria, o agente responde? Essa teoria 
também foi usada no HC 46525. 
 No circo, antigamente, tinha o quadro em que o homem jogava faca: Num determinado dia, o atirador 
de facas joga a faca e mata a mulher, ele responde? Em regra, ele responde por culpa. No circo, a conduta é 
do atirador de facas e não da vítima, portanto, não se aplica a teoria da autocolocação em risco por conduta 
própria. 
 
 - AIDS: a mulher que aceita ter relação sexual com o homem que avisa que tem AIDS e não possui 
camisinha. Nesse caso, a mulher morre de AIDS, o homem responde pela morte? Roxin diz que responde 
pela morte, pois a vida é um bem jurídico, não adianta a vítima anuir (é o que predomina). Jácobs diz que 
não responde. 
 
 No âmbito material, o aspecto valorativo do resultado diz que a ofensa ao bem jurídico precisa ser 
concreta, transcendental, significativa e intolerável. 
 
 * Quando a ofensa for insignificante, aplica-se o princípio da insignificância que exclui a tipicidade 
material. Isso foi dito pelo ministro Celso de Melo. 
 
 * Ofensa intolerável: Há ofensas toleráveis, por exemplo, lesão de animal em rodeio. Além disso, a 
nossa cultura permite também a orelha perfurada. 
 
 * Ofensa concreta: Entra a discussão sobre o perigo abstrato. Os doutrinadores, como regra, não 
permitem o perigo abstrato, com exceção do perigo abstrato de perigosidade real que significa que não basta 
estar bêbado é preciso uma condução anormal. Mas o perigo abstrato é admitido pela jurisprudência. 
 
>>> TEORIA GERAL DO CRIME 
72 
 
 
>> O estudo da teoria geral do crime possibilita a compreensão dos elementos necessários à configuração do 
crime. 
 >> Possibilita também a compreensão dos pressupostos para a imposição da sanção penal. 
 
1. CRIME: CONCEITO 
 
1.1. Sob o enfoque formal: Crime é aquilo que assim está rotulado em uma norma penal incriminadora, 
sob ameaça de pena. 
1.2. Sob o enfoque material: Crime é comportamento humano causador de relevante lesão ou perigo de 
lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal. 
1.3. Sob o enfoque formal-material (Paulo Queiroz): é a junção dos dois conceitos acima. 
 
1.4. Sob o enfoque analítico: Leva em consideração os elementos estruturais que compõem o crime. 
Hoje, prevalece que o crime é composto de fato típico, ilicitude e culpabilidade. 
 
2. CRIME: SUBSTRATOS 
 
 Humanos: - desejados 
 - indesejados: - conduta, resultado, nexo causal, 
 tipicidade penal 
 Natureza 
 
 O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima (aspecto subsidiário e 
fragmentário). A partir do momento que tem um fato humano indesejado, passa a ser um fato típico que 
aparece como primeiro substrato do crime. 
 Quando o fato é típico, ilícito e culpável há a consequência jurídica que é a punibilidade (não integra 
o crime, sendo apenas a consequência). 
 
 FATO TÍPICO 
 
 Fato típico configura o primeiro substrato do crime. 
 O fato típico é um fato humano indesejado, consistente numa conduta causadora de um resultado, 
ajustando-se a um tipo penal. 
 
Direito 
penal se 
preocupa 
com os fatos 
73 
 
1. Requisitos do fato típico 
 
 * Conduta 
 * Resultado 
 * Nexo causal 
 * Tipicidade penal 
 
Atenção: Tipicidade penal não se confunde com tipo penal. 
 
Tipicidade penal Tipo penal 
 
Operação de ajuste fato/norma Modelo de conduta proibida 
 
 
 Tipo Penal: Descreve a conduta proibida pela norma, composto de elementos objetivos e, 
eventualmente, elementos subjetivos. 
 
 Elementos objetivos: Dividem-se em: descritivos, normativos, científicos. 
 
Descritivos Normativos Científicos 
Relacionados com o 
tempo, lugar, modo e meio 
de execução do crime, 
descrevendo seu objeto 
material. 
 
Atenção: São elementos 
percebidos pelos sentidos. 
 
Ex.: Art. 121 do CP. 
Demandam juízo de valor. 
 
Atenção: Não são 
percebidos pelos sentidos. 
 
Ex.: Art.154 do CP 
(Revelar alguém, sem justa 
causa, segredo, de que tem 
ciência em razão de função, 
ministério, ofício ou 
profissão, e cuja revelação 
possa produzir dano a 
outrem) 
 
Exemplos: documento, 
funcionário público 
Art. 24 da lei 11.105/05- 
“embrião humano”. O 
conceito transcende o mero 
elemento normativo, 
extraindo-se o seu 
significado da ciência 
natural. 
 
 Art. 24. Utilizar embrião 
humano em desacordo com o 
que dispõe o art. 5o desta Lei: 
 
Atenção: Não demanda 
juízo de valor. 
74 
 
precisam de valoração. 
 
 
 Elementos subjetivos 
 
 Estão relacionados com a finalidade específica que deve ou não animar o agente. 
 
Positivos Negativos 
Elementos indicando a finalidade que 
deve animar o agente 
Elementos indicando a finalidade que não 
deve animar o agente 
 
Exemplo: art. 33, § 3º, da lei 11.343/06 
 
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro (elementos subjetivo 
negativo), a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem (elementos subjetivo 
positivo): 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 
(mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28. 
 
 
 
Em resumo: Elementos do tipo 
 
Objetivos Subjetivos 
Descritivos 
Normativos 
Científicos 
Positivos 
Negativos 
 
 
 CONDUTA 
 
Atenção: Não há crime sem conduta. (“Nullum crimen sine conducta”). Devido a isso, temos doutrina 
negando a possibilidade de pessoa jurídica praticar crime. 
 
 Teoria causalista (teoria causal naturalista/teoria clássica/teoria naturalística/teoria 
mecanicista) 
75 
 
 
 Idealizada por Von Liszt, Beling e Radbruch. Nasceu no início do século XIX. 
 É marcada pelos ideais positivistas. Ela segue o método empregado pelas ciências naturais, reinando 
as leis da causalidade. 
 O mundo deveria ser explicado através da experimentação dos fenômenos, sem espaço para 
abstrações. Ela quer trabalhar o Direito do mesmo modo que se trabalha nas ciências exatas (o Direito 
observado pelos sentidos). 
 Dica: “o desejo do causalista é que o tipo penal seja composto somente de elementos objetivos 
descritivos”. 
 Para a teoria causalista (teoria tripartite), o crime é composto de fato típico, ilicitude e culpabilidade. 
 Conduta é o movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo exterior, 
perceptível pelos sentidos. 
 
Atenção: Dolo e culpa são analisados somente na culpabilidade. 
 
 De acordo com a teoria causalista, a conduta é composta de vontade, movimento corporal e resultado, 
porém a vontade não está relacionada com a finalidade do agente, elemento este analisado somente na 
culpabilidade. Trata-se apenas de uma vontade de querer agir. 
 Movimento voluntário é movimento dominado pela vontade. Isso é importante para diferenciar 
conduta (voluntária) de ato reflexo (não voluntário). 
 
 O causalista quer observar a conduta apenas pelos sentidos, daí a distinção que faz de tipos normais 
e anormais. 
 
Tipo normal Tipo anormal 
Composto somente de elementos 
objetivos descritivos (e científicos). 
Composto de elementos objetivos 
normativos e subjetivos (já que nesses 
casos não são percebidos pelos sentidos). 
 
Críticas à teoria causalista: 
 
- Ao conceituar conduta como “movimento humano”, esta teoria não explica de maneira adequada os crimes 
omissivos. 
 
- Não há como negar a presença de elementos normativos e subjetivos do tipo. 
76 
 
 
- Ao fazer a análise do dolo e da culpa somente no momento da culpabilidade, não há como distinguir, 
apenas pelos sentidos, a lesão corporal da tentativa de homicídio, por exemplo. 
 
- É inadmissível imaginar a ação humana como um ato de vontade sem finalidade. 
 
 Teoria neokantista (teoria causal valorativa) 
 
 Foi desenvolvida nas primeiras décadas do século XX. 
 O maior nome dessa teoria foi Edmund Mezger. 
 Ela possui base causalista, mas configura uma evolução, já que se fundamenta numa visão 
neoclássica marcada pela superação do positivismo, através da introdução da racionalização do método 
(reconhecer que o direito é ciência do “dever ser”). 
 
Teoria causalista Teoria neokantista 
O delito estrutura-se sobre movimento 
corporal que produz modificação no 
mundo exterior, perceptível pelos 
sentidos. 
 
Trabalha com métodos similares aos das 
ciências exatas. 
Questiona se é possível apreciar toda a 
realidade com a ajuda do método das 
ciências naturais (apenas mediante 
observação). 
 
As ciências naturais explicam 
parcialmente a realidade (só os fenômenos 
que se repetem). 
 
Não explicam os fenômenos individuais 
(são explicados pela ciência da cultura- 
“dever ser”). 
 
 A teoria neokantista também é tripartite. Para ela, crime é fato típico, ilícito e culpável. 
 Para essa teoria, conduta é comportamento humano voluntário causador de um resultado. 
 
Teoria causalista Teoria neokantista 
Movimento 
Nesse sentido, a expressão “movimento” 
não explica o delito omissivo. 
Comportamento 
Com a expressão “comportamento” 
abrange o crime omissivo. 
77 
 
 
 Dica: A teoria neokantista não se prende aos métodos da ciência exata. Não depende somente dos 
sentidos. Logo, admite elementos não objetivos descritivos no tipo penal. 
 Ex.: art. 154 do CP- para a teoria causalista não há como enxergar a “justa causa”, já a teoria 
neokantista diz que não precisa de elementos perceptíveis para entender a “justa causa”, pois eles a analisam 
mediante a valoração. 
 
Críticas à teoria neokantista: 
 
- Permanece considerando dolo e culpa como elementos da culpabilidade. 
- Analisando dolo e culpa somente na culpabilidade, ficou contraditória ao reconhecer como normal 
elementos normativos e subjetivos do tipo. 
 
 Teoria finalista 
 
 Foi criada por Hans Welzel em meados do século XX (1930-1960). 
 Percebe que o dolo e a culpa estavam inseridos no substrato errado, ou seja, não devem integrar a 
culpabilidade. Nesse sentido, ela migra o dolo e a culpa para o fato típico. 
 
Teoria causalista Teoria neokantista Teoria finalista 
Dolo e culpa analisados na 
culpabilidade. 
 
Conduta é ato de vontade 
sem conteúdo. 
Dolo e culpa analisados na 
culpabilidade. 
 
Conduta é ato de vontade 
sem conteúdo 
Migra o dolo e a culpa para 
o fato típico. 
 
Conduta é ato de vontade 
com conteúdo. 
 
 Para teoria finalista, crime é fato típico, ilícito e culpável. 
 Conduta consiste no comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim (toda 
conduta é orientada por um querer). 
 
Dica: Supera-se a “cegueira” do causalismo com um finalismo “vidente”. 
 
Atenção: O fato típico passa a ter duas dimensões: 
 
Dimensão objetiva Dimensão subjetiva 
78 
 
Conduta 
Resultado 
Nexo 
Tipicidade penal 
Dolo 
Culpa 
 
 
 
Críticas à teoria finalista: 
 
- Concentrou sua teoria no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do resultado. 
 
- Foi superada. Num primeiro momento, a teoria finalista conceituou conduta como “comportamento 
voluntário psiquicamente dirigido a um fim ilícito”. Exigindo uma finalidade ilícita, não explicava os crimes 
culposos. O conceito foi corrigido excluindo-se a expressão “ilícita”. 
 
Cuidado: No Brasil, foi criada a teoria finalista bipartite. Para essa teoria, crime é composto de fato típico e 
ilicitude. A culpabilidade não integra o crime, tratada como simples pressuposto de aplicação da pena. 
(Vamos aprofundar a questãono estudo da culpabilidade) 
 
 Teoria social da ação 
 
Foi desenvolvida por Wessels e tem como principal adepto Jescheck. 
A pretensão dessa teoria não é substituir as teorias clássica e finalista, mas acrescentar-lhes uma nova 
dimensão, qual seja, a relevância social do comportamento. 
Também é uma teoria tripartite. Para ela, crime é fato típico, ilícito e culpável. 
Conduta é o comportamento humano voluntário psiquicamente dirigido a um fim socialmente 
reprovado. 
 
Atenção: O dolo e a culpa integram o fato típico, mas são novamente analisados no juízo da 
culpabilidade. 
Crítica: 
- A principal crítica reside na vagueza do conceito “socialmente relevante”. Trata-se de noção muito ampla, 
sendo arriscado incorporá-la ao direito penal, limitando sua intervenção. 
 
 Teorias Funcionalistas (funcionalismo) 
79 
 
 
Ganham força e espaço na década de 70 (1970), discutidas com ênfase na Alemanha. 
Buscam adequar a dogmática penal (doutrina) aos fins do direito penal. 
Percebem que o direito penal tem necessariamente uma missão e que os seus institutos devem ser 
compreendidos de acordo com ela (edificam o direito penal a partir da função que lhe é conferida). 
Conclusão: Conduta deve ser compreendida de acordo com a missão conferida ao direito penal. 
Temos duas principais teorias funcionalistas discutindo a missão do direito penal. 
 
Teoria funcionalista teleológica Teoria funcionalista sistêmica 
Roxin: proteção de bens jurídicos Jakobs: proteger o sistema 
 
 Funcionalismo teleológico, dualista, moderado ou da política criminal 
A missão do direito penal é a proteção de bens jurídicos, proteger os valores essenciais à convivência 
social harmônica. 
Conduta é o comportamento humano voluntário causador de relevante e intolerável lesão ou perigo 
de lesão ao bem jurídico tutelado. 
 Funcionalismo radical, sistêmico ou monista 
A missão do direito penal é assegurar a vigência do sistema. Estar relativamente vinculada à noção de 
sistemas sociais (Niklas Luhmann). 
Conduta é o comportamento humano voluntário causador de um resultado, violador do sistema, 
frustrando as expectativas normativas. 
 
As premissas sobre as quais se fundam o funcionalismo sistêmico deram ensejo à exumação da teoria 
do DIREITO PENAL DO INIMIGO, representando a construção de um sistema próprio para o tratamento 
do indivíduo “infiel ao sistema”. 
Obs.: Nota-se que o funcionalismo explica pressupostos, requisitos e substratos do crime de acordo 
com a missão do Direito Penal. 
 DIREITO PENAL DO INIMIGO 
Também é chamado por alguns de Direito Penal Bélico. 
Fundamentos: O delinquente, autor de determinados crimes, não é ou não deve ser considerado 
como cidadão, mas sim como um “cancro societário” que deve ser extirpado. (Munoz Conde). 
Pensadores: Protágoras, São Tomás de Aquino, Kant, Locke, Hobbes. Esses pensadores serviram 
como inspirações de Jakobs (este não criou o Direito Penal do Inimigo). 
Jakobs fomenta o Direito Penal do Inimigo para o terrorista, traficante de armas e de seres humanos e 
os membros de organizações criminosas transnacionais. 
80 
 
Características: 
 
1ª) Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos preparatórios. Ex.: as organizações 
criminosas devem ser punidas desde logo os atos preparatórios, evitando-se a execução. 
2ª) Condutas descritas em tipos de mera conduta e de perigo abstrato. Há uma flexibilização do 
princípio da lesividade. 
3ª) Descrição vaga dos crimes e das penas. Há uma flexibilização do princípio da legalidade. Art. 
20 da lei 7.170/83. 
 
Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, 
incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por 
inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações 
políticas clandestinas ou subversivas. 
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. 
ATENÇÃO: A doutrina brasileira entende que o crime de terrorismo não foi 
recepcionado pela Constituição, ferindo o princípio da legalidade, já que a redação é muito 
vaga. 
 
4ª) Preponderância do direito penal do autor. Há uma flexibilização do princípio da exteriorização 
do fato. 
5ª) Surgimento das chamadas “Leis de luta e de combate”. Trata-se do direito penal da 
ocasião/emergência. 
 
6ª) Endurecimento da execução penal. 
7ª) Restrição de garantias penais e processuais. Ex.: a entrevista do preso com o advogado deve 
ser monitorada. O Direito Penal do Inimigo está dentro do direito penal de 3ª velocidade. 
 
>> EM RESUMO, há as seguintes teorias da conduta: 
a) Causalismo 
b) Neokantismo 
c) Finalismo 
d) Teoria social da ação 
e) Funcionalismo: Moderado (Roxin) 
 Radical (Jakobs) 
>> O Código Penal, com a reforma de 84, de acordo com a maioria, adotou o FINALISMO. 
>> O Código Penal Militar é CAUSALISTA. Art. 33 do Código Penal Militar (analisa a culpa e o 
dolo na culpabilidade). 
81 
 
 
Art.33. Diz-se o crime: 
Culpabilidade 
 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou 
especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever 
ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo. 
 
>> A doutrina moderna trabalha com as premissas do FUNCIONALISMO DE ROXIN. 
>> O projeto do CP é criticado, pois mistura finalismo com funcionalismo de Roxin. 
 
o CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA 
a) Comportamento voluntário (dirigido a um fim). Está presente tanto na conduta culposa 
(prática de um ato cujo resultado previsível seja capaz de causar lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico) quanto na conduta dolosa (o fim é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado). 
b) Exteriorização da vontade: A vontade aparece por meio de uma ação/omissão. 
o CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA 
1ª) Caso fortuito ou força maior: O Direito Civil se debruça na tentativa de diferenciar caso fortuito 
da força maior. 
Para Maria Helena Diniz, na força maior há um fato da natureza ocasionando o acontecimento. Ex.: 
raio que provoca incêndio. 
No caso fortuito, o evento tem origem em causa desconhecida. Ex.: cabo elétrico que sem motivo 
aparente se rompe provocando o incêndio. 
Em resumo, são fatos imprevisíveis ou inevitáveis. 
> Exemplo de caso fortuito aplicado por Rogério: um caminhão dirigia de maneira correta, diligente 
e sem motivo aparente rompeu o freio e atropelou e matou uma pessoa. 
2ª) Involuntariedade: A ausência de capacidade de dirigir a conduta de acordo com uma finalidade 
exclui esse elemento do fato típico. 
Exemplos: estado de inconsciência completa (sonambulismo e a hipnose); movimento reflexo 
(sintoma de reação automática do organismo a um estímulo externo e é desprovido de vontade). 
Cuidado: Não abrange a embriaguez completa, apesar de ser também um estado de inconsciência. 
Será estudada na culpabilidade. 
 
>> QUESTÃO DE CONCURSO: Diferencie movimentos reflexos de ações em curto circuito: 
 
Movimento reflexos Ações em curto circuito 
82 
 
Impulso completamente fisiológico, 
desprovido de vontade. 
- Exclui conduta. 
 
Ex.: susto 
Movimento relâmpago provocado pela excitação 
de diversos órgãos. (é um movimento 
acompanhado de vontade) 
- Há conduta, que não é excluída. 
Ex.: Excitação de torcida organizada 
 
3ª) Coação física irresistível: O coagido é impossibilitado de determinar seus movimentos de acordo 
com a sua vontade. 
Cuidado: Não abrange a coação moral (há conduta), pois esta éanalisada na culpabilidade. 
 
o ESPÉCIES DE CONDUTA 
* Crime doloso e culposo 
* Erro de tipo 
* Ação e omissão 
I- ESPÉCIES DE CONDUTA QUANTO À VOLUNTARIEDADE 
 
TEORIA CLÁSSICA TEORIA FINALISTA 
Crime é fato típico, ilícito e culpável. O 
dolo e a culpa eram analisados na 
culpabilidade. 
O dolo e a culpa são analisados no fato 
típico. São elementos implícitos do tipo. 
 
 CRIME DOLOSO- Art. 18, I, do CP. 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: (Alterado pela L-007.209-1984) 
 
Crime Doloso 
 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 
Dolo é a vontade consciente dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta descrita no tipo penal. 
Atenção: A noção de dolo não se esgota na realização da conduta, abrangendo resultado e demais 
circunstâncias da infração penal. 
 Elementos do dolo: 
 1º) Elemento volitivo: vontade de praticar a conduta descrita na norma. 
2º) Elemento intelectivo: consciência da conduta e do resultado. 
83 
 
Cuidado: A liberdade da vontade não é elemento do dolo, mas circunstância a ser analisada na 
culpabilidade. É errado dizer que o dolo é a “vontade livre e consciente”, pois isso interfere na culpabilidade 
e não no dolo”. Ex.: Na coação moral irresistível há dolo, mas é excluída a culpabilidade. 
 Teorias do dolo 
 
1ª) Teoria da vontade: Dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal. 
2ª) Teoria da representação: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do resultado como 
possível e, ainda sim, decide prosseguir com a conduta. 
Atenção: Trata-se de um conceito muito amplo e acaba abrangendo no conceito de dolo a culpa consciente. 
3ª) Teoria do consentimento ou assentimento: Fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do 
resultado como possível e, ainda assim, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzir o 
evento. Nesse caso, não mais abrange a culpa consciente. 
>> O Brasil adotou a teoria da vontade e a teoria do consentimento. 
Análise do art. 18 do CP: 
 
Considera-se o crime 
doloso 
Dolo Teoria 
“Quando o agente quis o 
resultado” 
Direto Teoria da vontade 
“Ou assumiu o risco de produzi-
lo” 
Eventual Teoria do consentimento 
 
 Espécies de dolo 
 
1. Dolo natural 
 Serão analisados na explicação sobre teorias da culpabilidade 
2. Dolo normativo 
 
3. Dolo direto/determinado/imediato/incondicionado 
 
Configura-se quando o agente prevê o resultado, dirigindo a sua conduta na busca de realizar esse 
evento. 
 
4. Dolo indeterminado ou indireto 
 
84 
 
O agente, com a sua conduta, não busca resultado certo e determinado. Ele possui duas formas: 
 
4.1. Dolo alternativo 4.2. Dolo eventual 
O agente prevê pluralidade de 
resultados, dirigindo sua conduta 
para realizar qualquer deles. Tem a 
mesma vontade de realizar os 
resultados previstos. 
O agente também prevê 
pluralidade de resultados, 
dirigindo a sua conduta para 
realizar um deles, assumindo o 
risco de realizar o outro. A 
vontade em relação aos resultados 
previstos é diferente. 
 
Ex.: A previu lesão e morte, ele 
dirige a conduta para causar lesão, 
mas assume o risco de matar. 
 
>> QUESTÃO DE CONCURSO: Diferencie dolo alternativo objetivo de dolo alternativo subjetivo. 
 
Atenção: A doutrina divide o dolo alternativo em duas espécies: 
 
* O dolo alternativo é objetivo quando a vontade indeterminada estiver relacionada com o resultado 
em face da mesma vítima. (Ex.: atiro contra a vítima para ferir ou matar, tanto faz) 
* O dolo alternativo é subjetivo quando a vontade indeterminada envolver as vítimas de um mesmo 
resultado. (Ex.: atiro contra um grupo de pessoas para matar qualquer delas) 
 
5. Dolo cumulativo 
O agente pretende alcançar dois resultados em sequência. Trata-se de uma hipótese de progressão 
criminosa. Ex.: o agente, depois de ferir a vítima, resolve provocar sua morte. 
6. Dolo de dano 
A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
7. Dolo de perigo 
O agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado. 
8. Dolo genérico 
O agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal, sem um fim específico. 
9. Dolo específico 
O agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal com um fim específico. 
85 
 
Ex.: Esses crimes são escritos da seguinte maneira -“É crime com o fim de...”. Hoje, dolo específico 
é o dolo mais elemento subjetivo do tipo. O dolo genérico é chamado apenas de “dolo”. Não há mais essa 
classificação entre dolo genérico e dolo específico. 
10. Dolo geral ou erro sucessivo – será analisado na aula sobre erro de tipo. 
11. Dolo de primeiro grau 
É o dolo direto propriamente dito. 
12. Dolo se segundo grau 
Também é chamado de dolo de consequências necessárias. 
É também espécie de dolo direto. 
No dolo de segundo grau, a vontade do agente se dirige aos meios utilizados para alcançar 
determinado resultado. Abrange os efeitos colaterais do crime, de verificação praticamente certa. O agente 
não persegue imediatamente esses efeitos colaterais, mas tem por certa sua ocorrência, caso se concretize o 
resultado pretendido. 
 
Dolo de 1º grau Dolo de 2º grau 
Corresponde ao resultado ou resultados que o 
agente persegue imediatamente. 
Abrange as consequências necessárias mesmo que 
não perseguidas pelo agente, porém sabidamente 
inevitáveis. 
 
Exemplo: Eu quero matar um desafeto que vai no avião, então coloco uma bomba. A morte do desafeto é 
dolo de primeiro grau. A morte dos demais passageiros e tripulantes é dolo de segundo grau. 
Cuidado: Dolo de 2º grau não se confunde com dolo eventual. Dolo de 2º grau é espécie de dolo direto. O 
dolo eventual é espécie de dolo indireto. 
 
Dolo de 2º grau Dolo eventual 
O resultado paralelo é certo e inevitável. O resultado paralelo é incerto e eventual. 
 
Ex.1: abater avião para matar piloto. Em relação aos demais tripulantes, há dolo de 2º grau. 
Ex.2: atirar contra um carro em movimento para matar motorista. Em relação aos demais passageiros, há 
dolo eventual, pois a morte dos demais passageiros é incerta. 
13. Dolo antecedente/concomitante/subsequente 
 
Dolo antecedente Dolo concomitante Dolo subsequente 
É o dolo anterior a conduta É o dolo existente no 
momento da conduta 
É o dolo posterior à 
conduta 
86 
 
 
Segundo Nucci, o dolo antecedente e o subsequente não nos interessa. Para haver crime, o dolo deve 
ser concomitante. 
Exemplo: Eu compro o carro de B, mas este é produto de crime. Eu só sei depois, mas mesmo assim 
fico com o carro. Respondo por receptação? Para haver receptação deve haver má-fé no momento em que 
adquiriu a coisa. Nesse caso, o dolo subsequente não configura o crime de receptação. 
14. Dolo de propósito 
Nesse caso, a vontade é refletida, presente na premeditação. Não necessariamente agrava ou qualifica 
o crime. 
15. Dolo de ímpeto 
Caracterizado por ser repentino, sem intervalo entre a fase da cogitação e da execução. Está presente 
nas ações de curto circuito. Trata-se de uma atenuante de pena (art. 65, III, “c”, CP). Ex.: crimes de 
multidão. 
 
Circunstâncias Atenuantes 
 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Alterado pela L-007.209-1984) 
 
III - ter o agente: 
 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, 
ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
 
 CRIME CULPOSO- Art. 18, II do CP. 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: (Alterado pela L-007.209-1984)Crime Culposo 
 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
 
O crime culposo consiste numa conduta voluntária que realiza um evento ilícito não querido ou 
aceito pelo agente, mas que lhe era previsível (culpa inconsciente) ou excepcionalmente previsto (culpa 
consciente) e que podia ser evitado se empregasse a cautela necessária. 
O conceito de crime culposo do art. 33, II, do Código Penal Militar é o mais completo. 
 
Art.33. Diz-se o crime: 
 
Culpabilidade 
 
II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, ou especial, 
a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, 
87 
 
supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo. 
 
 Elementos do crime culposo 
1º) Conduta humana voluntária 
Ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer, causando um resultado involuntário. 
Dolo Culpa 
A vontade é dirigida à realização de um 
resultado ilícito. 
A vontade se direciona à realização de um 
resultado lícito (diverso daquele que 
efetivamente se produz). 
 
2º) Violação de um dever de cuidado objetivo 
 
O agente, na culpa, viola seu dever de diligência. Esse dever de diligência é entendido como regra 
básica para o convívio social. 
O comportamento do agente não atende o que esperado pela lei e pela sociedade. 
# Como apurar se houve ou não infração do dever de diligência? 
 
De acordo com a doutrina majoritária, o operador deve analisar as circunstâncias do caso concreto, 
pesquisando se uma pessoa de inteligência média evitaria o perigo. 
Se evitável pelo homem médio, caracteriza-se a violação do dever de diligência. 
Se inevitável pelo homem médio, não caracteriza violação do dever de diligência. 
>> Formas de violação do dever de diligência: 
 
a) Imprudência: É a precipitação, a afoiteza. Trata-se de uma forma positiva da culpa, ou seja, está 
ligada a uma ação. Ex.: conduzir veículo em alta velocidade num dia de muita chuva. 
 
b) Negligência: Retrata ausência de precaução. É uma forma negativa da culpa, já que há uma omissão. 
Ex.: conduzir veículo automotor com pneus gastos. 
 
c) Imperícia: Falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão. Ex.: condutor que troca o 
pedal do freio pelo pedal da embreagem, não conseguindo parar o automóvel. 
 
ATENÇÃO: Na denúncia, o Ministério Público deve apontar a forma de violação do dever de diligência, 
descrevendo no que consiste. 
88 
 
Ex.1: Fulano matou culposamente Beltrano (errado, essa denúncia é inepta, porque não apontou a 
forma de violação do dever de diligência). 
Ex.2: Fulano, com manifesta imprudência, matou Beltrano (errado, também denúncia inepta, pois 
não descreveu no que consistiu a imprudência). 
Ex.3: Fulano, dirigindo em alta velocidade em dia de chuva, nisso, aliás, consistiu sua imprudência, 
matou Beltrano. (correto, pois foi apontada a forma de violação do dever de diligência bem como foi descrita 
no que consistiu). 
 
Obs.: É possível a combinação das formas de violação do dever de diligência (Mirabete). 
 
>> QUESTÃO DO MP DO RJ: MP denuncia Fulano por crime culposo, indicando ter havido imprudência. 
Durante a instrução, comprova-se a culpa, porém decorrente de negligência. O juiz pode condenar Fulano ou 
deve enviar os autos para o MP aditar a inicial? 
Para não violar o princípio da ampla defesa, o MP deve aditar a inicial (art. 384 do CPP- mutatio 
libeli). 
 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, 
em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal 
não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 
5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, 
reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Alterado pela L-011.719-2008) 
 
3º) Resultado naturalístico involuntário 
Em regra, o crime culposo é material, exige modificação no mundo exterior. 
 
CULPA= Conduta voluntária + resultado involuntário 
 
ATENÇÃO: Temos crime culposo sem resultado naturalístico, ou seja, crime formal ou de mera 
conduta. Ex.: art. 38 da Lei de drogas (11.343/06)- o simples fato de o médico entregar a receita ao paciente 
já consuma o crime, independente do paciente usar a droga ou não. 
 
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o 
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar: 
 
4º) Nexo causal entre conduta e resultado 
 
5º) Resultado involuntário previsível 
89 
 
 
Previsível significa possibilidade de prever o perigo advindo da conduta. 
 
CUIDADO: Ainda que previsto o perigo, não se descarta a culpa, desde que o agente acredite poder 
evitar o resultado (CULPA CONSCIENTE). 
 
6º) Tipicidade 
A tipicidade é extraída do art. 18, parágrafo único do CP. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto 
como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Se o tipo penal quer punir a forma culposa, deve ser expresso. No silêncio, o tipo penal só é punido a 
título de dolo (princípio da excepcionalidade do crime culposo). 
 
EM RESUMO: Elementos estruturais da culpa 
 
 Conduta humana voluntária 
 Violação do dever de cuidado objetivo 
 Resultado involuntário 
 Nexo causal 
 Previsibilidade 
 Tipicidade 
>> E a previsibilidade subjetiva? 
A previsibilidade subjetiva, entendida como a possibilidade de conhecimento do perigo analisada sob 
o prisma subjetivo do autor, levando em consideração seus dotes intelectuais, sociais e culturais, não é 
elemento da culpa, mas será analisada pelo magistrado no juízo da culpabilidade, integrando o elemento da 
exigibilidade de conduta diversa. 
 Espécies de culpa 
 
1ª) Culpa consciente (com previsão ou “ex lascívia”) 
 
O agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra, supondo poder evitá-lo com suas 
habilidades ou com a sorte. 
Aqui, o agente, mais do que previsibilidade tem previsão, porém o resultado continua involuntário, 
não querido pelo agente. 
 
90 
 
2ª) Culpa inconsciente (sem previsão ou “ex ignorantia”) 
O agente não prevê o resultado que, entretanto, era previsível. Qualquer pessoa de inteligência 
mediana tinha condições de prever o risco. 
3ª) Culpa própria ou propriamente dita 
O agente não quer e não assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por 
imprudência, negligência ou imperícia. 
A culpa própria é gênero da qual a culpa consciente e inconsciente são espécies. 
CULPA= conduta voluntária + resultado involuntário 
4ª) Culpa imprópria (por equiparação, assimilação ou extensão) 
CULPA IMPRÓPRIA: conduta voluntária + resultado voluntário (punido a título de culpa por razões 
de política criminal) 
É a única culpa que admite tentativa, pois a estrutura é de crime doloso. 
A culpa imprópria é aquela me que o agente, por erro evitável, imagina certa situação de fato que, se 
presente, excluiria a ilicitude (descriminante putativa). Provoca intencionalmente determinado resultado 
típico, mas responde por culpa por razões de política criminal (art. 20, §1º, segunda parte, do CP). 
 
Descriminantes Putativas 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato 
que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro derivade culpa e o fato é 
punível como crime culposo. (Alterado pela L-007.209-1984) 
 
ATENÇÃO: A estrutura do crime é dolosa, mas o agente é punido a título de culpa. 
 
5ª) Culpa presumida ou “in re ipsa” 
Modalidade de culpa admitida pela legislação penal anterior ao Código de 1940, consistente na 
simples inobservância de uma disposição regulamentar. 
 
ATENÇÃO: Hoje, a culpa não mais se presume, devendo ser comprovada. 
 
 
VOLUNTARIEDADE: RESUMO 
 
 Consciência Vontade 
Dolo direto Tem previsão Vontade = querer o 
resultado 
Dolo eventual Tem previsão Vontade = assume o risco 
91 
 
de produzir o resultado 
Culpa consciente Tem previsão Não tem vontade quanto ao 
resultado (acredita poder 
evitar) 
Culpa inconsciente Não tem previsão (tem 
previsibilidade) 
Não tem vontade quanto ao 
resultado 
 
De acordo com o STF, embriaguez ao volante com resultado morte caracteriza, em princípio, culpa 
consciente. O mesmo tribunal, no entanto, no caso de “racha” de veículos automotores com resultado morte, 
entende caracterizar dolo eventual. 
Não existe no Direito Penal a compensação de culpas. 
 
 CRIME PRETERDOLOSO 
 
Lembrando: Temos várias espécies de crimes agravados (ou qualificados) pelo resultado. 
 
a) Crime doloso: agravado ou qualificado pelo dolo. Ex.: homicídio qualificado. 
b) Crime culposo: agravado ou qualificado pela culpa. Ex.: incêndio culposo qualificado por morte 
culposa. 
c) Crime culposo: agravado ou qualificado por dolo. Ex.: homicídio culposo qualificado pela omissão 
de socorro. 
d) Crime doloso: agravado ou qualificado pela culpa. Ex.: lesão corporal seguida de morte. Somente 
essa hipótese é chamada de crime preterdoloso. 
No crime preterdoloso, o agente pratica delito distinto do que havia projetado cometer, advindo da 
conduta dolosa resultado culposo mais grave que o projetado. 
Cuida-se de figura híbrida, havendo concurso de dolo (no antecedente) e culpa (no consequente). 
 
>> Art. 19 do CP: 
 
Agravação pelo Resultado 
Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver 
causado ao menos culposamente. (Alterado pela L-007.209-1984) 
 
 Elementos do crime preterdoloso 
 
1ª) Conduta dolosa visando determinado resultado 
92 
 
2ª) Provocação de resultado culposo mais grave que o desejado 
3ª) Nexo causal entre conduta e o resultado 
4ª) Tipicidade: não se pune crime preterdoloso sem previsão legal. 
 
ATENÇÃO: O resultado tem que ser culposo. Se fruto de caso fortuito ou força maior, não pode ser 
imputado ao agente. 
Ex.: numa casa noturna, uma pessoa brigando com a outra no camarote dá um soco, a pessoa cai do 
camarote, bate a cabeça e morre. Nesse caso, o agente responderá por qual crime? A queda do camarote era 
previsível, portanto, responderá por lesão corporal seguida de morte. A conduta dolosa é a lesão corporal, o 
resultado morte é culposo. 
Se essa discussão tivesse ocorrido no local próprio para briga do MMA. Houve a discussão durante o 
treino, a pessoa cai, bate a cabeça no ferro e morre. Nesse caso, o lutador só responderá por lesão corporal, 
pois não era previsível que no local para briga ia ter esse ferro. 
 
>> Empurrão seguido de morte culposa: 
 
Obs.1: empurrão não caracteriza lesão corporal, mas sim vias de fato (art. 21 da Lei das Contravenções 
penais). 
Obs.2: Não existe, na contravenção penal, qualificadora em caso de morte culposa. 
Obs.3: Não pode ajustar o comportamento ao artigo 129, §3º do CP, pois implicaria analogia in malam 
partem. 
Obs.4: Deve o agente que empurrou a vítima responder por homicídio culposo, ficando a contravenção 
absorvida. 
 
 ERRO DE TIPO 
 
Conceito: É a falsa percepção da realidade. Cuida-se de ignorância ou erro que recai sobre as 
elementares, circunstâncias ou qualquer dado agregado ao tipo penal. 
 
Ex.: Fulano se apodera de material que encontrou na rua, imaginando tratar-se de coisa abandonada. Na 
verdade, o material era de Beltrano, que reformava a sua casa. Fulano não sabia que subtraía coisa alheia. 
 
>> Não podemos confundir erro de tipo com erro de proibição. 
 
Erro de tipo Erro de proibição 
93 
 
- Existe falsa percepção da realidade 
- O agente não sabe o que faz 
 
Exemplo: Fulano sai de uma festa com 
guarda-chuva pensando ser seu, mas logo 
percebe que era de outra pessoa. Ele 
subtraiu coisa alheia móvel sem saber. 
- O agente percebe a realidade, 
equivocando-se sobre a regra de conduta. 
- O agente sabe o que faz, mas ignora ser 
proibido. 
 
Exemplo: Fulano encontra um guarda- 
chuva perdido na rua. Fulano se apodera 
do objeto e acredita que não tenha 
obrigação de devolvê-lo, pois “achado não 
é roubado”. 
 
 Espécies de erro de tipo 
 
1. ESSENCIAL: O erro recai sobre dados principais do tipo penal. Se avisado do erro, o agente para de 
agir criminosamente. Art. 20, caput do CP. 
 
Erro Sobre Elementos do Tipo 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a 
punição por crime culposo, se previsto em lei. (Alterado pela L-007.209-1984) 
 
Conceito: O agente ignora o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal. Divide-se em: 
 
1.1.Inevitável 
1.2. Evitável 
 
Exemplo: Caçador que atira contra um arbusto, pensando que lá se esconde um veado. Ao se 
aproximar, percebe que matou alguém (o agente ignorava esta elementar). 
 
Consequências do erro de tipo essencial: Vai depender se o erro é inevitável ou evitável. 
 
Erro inevitável Erro evitável 
- Exclui o dolo. 
Tratando-se de erro essencial, não há 
consciência e esta é elemento do dolo. 
 
- Exclui a culpa 
- Exclui dolo 
Tratando-se de erro essencial, não há 
consciência. 
 
- Pune-se a culpa (se prevista como crime) 
94 
 
Se é inevitável é porque é imprevisível e 
para ter culpa precisa-se de 
previsibilidade. 
Sendo evitável, o erro era previsível. 
 
>> Como aferir a (in) evitabilidade do erro? 
 
1ª CORRENTE: Deve-se invocar a figura do “homem médio”. Se o homem médio pudesse evitar, o 
erro é evitável. (DOUTRINA MAJORITÁRIA E JURISPRUDÊNCIA) 
 
2ª CORRENTE: Trabalha as circunstâncias do caso concreto, pois percebe que o grau de instrução, 
idade do agente, momento e local do crime podem interferir na previsibilidade do agente. (DOUTRINA 
MODERNA) 
2. ACIDENTAL: O erro recai sobre dados secundários do tipo penal. Quando avisado do erro, o 
agente corrige os caminhos ou sentidos da conduta e continua agindo de forma ilícita. 
 
2.1. Erro sobre o objeto 
 
Não tem previsão legal. O agente se confunde quanto ao objeto material – coisa- por ele visado, 
atingindo objeto diverso. 
 
Exemplo: Fulano, querendo subtrair um relógio de ouro, por erro, acaba furtando um relógio 
dourado. 
 
Atenção: Somente haverá essa espécie de erro se a confusão de objetos materiais não interferir na 
essência do crime, pois, caso contrário, deve ser tratado como erro de tipo essencial. Exemplo: Senhora que 
cultiva no quintal da sua casa pé de maconha, imaginando ser planta ornamental. 
 
Consequências: 
 
- Não exclui dolo nem culpa; 
- Não isenta o agente de pena; 
- O agente responde pelo delito considerando-se o objeto material efetivamente atingido (teoria da 
concretização). No primeiro exemplo acima, Fulano responderá por furto do relógio dourado, podendo ser 
aplicado o privilégio ao considerar o valor do relógio. 
 
95 
 
Observação: 
 
Objeto visado Objeto atingido 
Relógio de ouro Relógio de plástico (Responderá pelo 
relógio de plástico, cabendoprivilégio) 
Relógio de plástico Relógio de ouro (Responderá pelo relógio 
de ouro, não cabendo privilégio) 
 
Deverá responder sempre com base no objeto atingido, embora não seja a posição adotada pelo 
professor Rogério que defende que deva ser levada em consideração a alternativa in dubio pro reo. 
 
2.2. Erro sobre a pessoa 
Previsão legal: art. 20, § 3º, CP. 
Erro sobre a Pessoa 
 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem 
o agente queria praticar o crime. (Alterado pela L-007.209-1984) 
 
Conceito: 
OBS 1: Erro sobre objeto material “coisa” caracteriza erro sobre o objeto (já estudamos). 
OBS 2: Não há erro de execução, mas de representação. O agente confunde as vítimas. 
OBS 3: Dois personagens: vítima virtual ou visada pelo agente e a vítima real, atingida pela ação do 
agente. 
Exemplo: Fulano quer matar seu pai, porém, representando equivocadamente a pessoa que entra na 
casa, acaba matando o seu tio. Perceba que o “pai” é a vítima virtual e o “tio” é a vítima real. 
Atenção! Perceba também que não houve erro na execução, o que houve foi confusão mental. 
Consequências do erro sobre a pessoa: 
a) Não exclui dolo/ culpa; 
96 
 
b) Não isenta o agente de pena; 
c) Respondendo pelo crime, mas deve ser punido considerando as qualidades da vítima virtual, isto 
é, o pai. Ele vai responder por parricídio, mesmo estando o pai vivo. 
- No erro sobre o objeto (coisa), o agente é punido considerando o objeto real, efetivamente atingindo 
(Teoria da Concretização). 
- Já no erro quanto à pessoa, o agente é punido considerando a vítima virtual, pretendida pelo agente 
(Teoria da Equivalência). 
 
2.3. Erro na execução 
 
 Previsão legal: art. 73 do CP: 
 
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao 
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como 
se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 
deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia 
ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
 
Conceito: Por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente acaba atingindo pessoa diversa da 
pretendida. 
OBS 1: Erro na execução envolvendo “coisa” é tratado como erro sobre o objeto. 
OBS 2: Eu tenho novamente dois personagens: a vítima virtual e a vítima real. 
 A grande diferença é que aqui não houve confusão mental, houve erro na execução. 
OBS 3: A vítima foi corretamente representada. O crime foi mal executado. Não houve confusão 
mental aqui. 
Exemplo: Fulano mira seu pai, mas, por falta de habilidade no manuseio da arma, acaba atingindo um 
vizinho que passava do outro lado da rua. 
ERRO SOBRE A PESSOA ERRO NA EXECUÇÃO 
Erro na representação da vítima pretendida Representa-se corretamente a vítima 
97 
 
pretendida. 
A execução do crime é correta, não há 
falha operacional 
A execução do crime é errada (há falha 
operacional) 
A pessoa visada não corre perigo (porque 
foi confundida por outra) 
A pessoa visada corre perigo 
 
Atenção: Nos dois casos, o agente responde pelo crime considerando as qualidades da vítima virtual. 
 Consequências: 
a) “Aberratio ictus” com Resultado Único 
O agente atinge somente a pessoa diversa da pretendida. 
 O agente será punido considerando-se a qualidade da vítima virtual. 
b) “Aberratio ictus” com Resultado duplo ou unidade complexa: 
O agente atinge também a pessoa pretendida. Ele atinge as duas. 
 O agente responde pelo crime aplicando-se a regra do concurso formal. 
Problema: Vamos imaginar que “Fulano” querendo matar seu pai, atira, mas por erro, apesar de ferir 
a vítima visada, acaba matando o vizinho. 
 Resposta: 
1ª Corrente: O atirador responde, em concurso formal, por homicídio doloso consumado do pai + 
lesão culposa do vizinho. Damásio adota esta corrente. 
2ª Corrente: O atirador deve ser responsabilizado por tentativa de homicídio do pai em concurso 
formal com homicídio culposo do vizinho. Teoria adotada por Fragoso. 
Cuidado! A doutrina divide esta espécie de erro em duas modalidades: 
ABERRATIO ICTUS POR 
ACIDENTE 
ABERRATIO ICTUS POR ERRO 
DO USO DOS MEIOS DE 
EXECUÇÃO 
o Não há erro no golpe, mas na o Existe erro no golpe; 
98 
 
execução. 
o A vítima visada pode ou não estar 
no local 
Ex: “A” coloca uma bomba no carro de 
“B” para explodir quando acionado. 
Naquele dia quem ligou o carro foi a 
esposa de “B’. 
o Desvio na execução em razão de 
inabilidade do agente no uso do 
instrumento; 
Aqui a vítima visada está no local. 
Ex: “A” atira para matar “B”, mas 
errando o alvo atinge sua esposa. 
 
2.4. Resultado diverso do pretendido 
“Aberratio criminis” ou “aberratio delicti” 
 Previsão legal: art. 74, CP: 
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior quando, por acidente ou erro na execução 
do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, 
se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, 
aplica-se a regra do art. 70 deste Código. 
 
“Fora dos casos do artigo anterior...”: Aqui também há erro de execução, mas esse artigo também é 
espécie de erro da execução. 
Conceito: Por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente atinge bem jurídico distinto 
daquele que pretendia atingir. 
Exemplo: “Fulano” quer danificar o carro de “Beltrano”, atira uma pedra no veículo, mas acaba 
atingindo o motorista, que vem a falecer. 
 
Art. 73, CP Art. 74, CP 
Espécies de Erro na Execução Espécies de Erro na Execução 
 O agente, apesar do erro, atinge o 
mesmo bem jurídico, mas de pessoa 
diversa 
 o resultado pretendido (ceifar vida) 
O agente, em razão do erro, atinge bem jurídico 
diverso. 
Resultado produzido (vida) diverso do pretendido 
(patrimônio) Relação coisa x vida 
99 
 
coincide com o resultado produzido – 
há uma relação pessoa x pessoa visada 
e atingida) 
 
Consequência do artigo 74: O agente responde pelo resultado produzido, isto é, diverso do 
pretendido, na forma culposa. 
Atenção! No nosso exemplo, “Fulano” responde por homicídio culposo. Em caso de resultado duplo, 
concurso formal. 
 
Cuidado! A regra do artigo 74 do CP deve ser afastada quando o resultado pretendido é mais grave 
que o resultado produzido, hipótese em que o agente responde pelo resultado pretendido na forma 
tentada. 
Exemplo: “Fulano” quer matar “Beltrano”. Atira uma pedra contra a cabeça de “Beltrano”, mas 
acaba atingindo o veículo da vítima. Pela regra do art. 74, ele deveria responder pelo resultado produzido na 
modalidade culposa. Mas acontece que dano não tem modalidade culposa. Esqueça a regra do art. 74, pois 
ele responderá por tentativa de homicídio. 
 
2.5. Erro sobre o nexo causal 
 
Não tem previsão legal. 
 
Conceito: O agente provoca o resultado desejado, mas com o nexo diverso do pretendido. 
A doutrina divide esta espécie de erro em duas modalidades: 
 
1ª Modalidade: Erro sobre o Nexo Causal em Sentido Estrito 
 
Ocorre quando o agente mediante um só ato provoca o resultado visado, porém com outro nexo. 
Exemplo: “A” empurra “B” de um penhasco para que morra afogado. “B”, na queda, bate a cabeça 
numa rocha e morre em razão de traumatismo craniano. 
Qual era o nexo visado? – O afogamento. 
Qual o nexo realizado? – Traumatismo craniano 
Ele conseguiu o resultado visado (morte), porém com outro nexo. 
 
100 
 
2ª Modalidade: “Dolo Geral” (ou erro sucessivo) ou“Aberratio Causae” 
 
O agente, mediante conduta desenvolvida em pluralidade de atos, provoca o resultado pretendido, 
porém com outro nexo. 
Exemplo: “A” dispara contra “B”(1º ato). Imaginando que “B” está morto, joga seu corpo no mar (2º 
ato), vindo “B” a morrer afogado. 
Qual é o resultado pretendido? Matar. Conseguiu? Sim. Porém ele atingiu o objetivo com um outro 
nexo. 
Consequência: 
O agente responde pelo crime, considerando o nexo real. Nós adotamos aqui o Princípio Unitário 
(não vamos dividir em dois crimes – um crime só, considerando o nexo real). No primeiro exemplo, o agente 
responde por homicídio e o nexo é o traumatismo craniano. Já no segundo exemplo, o agente responde por 
homicídio e o nexo é o afogamento. 
Para a minoria, o agente deve ser punido pelo crime praticado, mas considerando o nexo realizado ou 
desejado, SEMPRE o mais BENÉFICO. 
ERRO DE TIPO: QUESTÕES IMPORTANTES: 
 O erro de tipo tem previsão só no CP ou também tem previsão no CPP? 
Lembrando: o erro de tipo SÓ é tratado no Código Penal, não no Código de Processo Penal. 
Problema: Vamos imaginar que “Fulano” quer matar um agente Federal em serviço. Por acidente, 
acaba matando outra pessoa que passava pelo local. De quem é a competência para o processo e julgamento 
desse crime de homicídio? O crime de homicídio será processado e julgado por qual Justiça (Federal ou 
Estadual)? 
 
Vítima virtual – Agente Federal 
Vítima real – outra pessoa comum 
 
 
CÓDIGO PENAL CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 73, CP. 
Vítima Virtual 
Trabalha com a Vítima Real. Como o 
CPP não trabalha erro de tipo, a 
competência será da Justiça Estadual 
 
101 
 
Exemplo: Vamos imaginar que eu seja Promotora em um caso em que o agente falsificou um cheque 
do Banco Itaú. O agente confessa a falsificação. Eu vou denunciá-lo pelo crime de falsificação de documento 
público por equiparação: 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar 
documento público verdadeiro: 
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de 
entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações 
de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
O réu não sabia que o cheque era um documento público por equiparação. Aqui, estamos diante de 
Erro de tipo ou erro de proibição? – Nenhum dos dois. Aqui estamos diante de um Erro de Subsunção. O 
que vem a ser isso? 
 
o O agente decifra equivocadamente o sentido jurídico do seu comportamento. É um erro que recai 
sobre conceitos jurídicos. 
Cuidado! Não se confunde com erro de tipo e com erro de proibição. 
a) Não se confunde com o erro de tipo, pois não há falsa percepção da realidade (o agente sabe que 
falsifica cheques); 
b) Não se confunde com o erro de proibição, pois o agente conhece a ilicitude do seu comportamento 
(sabe que falsificar cheque é comportamento ilícito). 
Exemplos: Documento público por equiparação; Conceito de funcionário público para fins penais. 
Consequências: 
 
a) Não exclui dolo/ culpa; 
b) Não isenta o agente de pena; 
c) Responde pelo crime, mas pode ter a sua pena atenuada. 
 
 ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO 
 
Previsão legal: art. 20, § 2º do CP. 
 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
 
102 
 
No erro de tipo, o agente erra por conta própria. Já no erro determinado por terceiro, temos um erro 
induzido. 
 
Atenção! Neste erro também temos dois personagens. 
a) O agente provocador >> Autor Mediato 
b) O agente provocado >> Autor Imediato 
Exemplo: Médico com a intenção de matar o paciente, induz a enfermeira a ministrar a dose letal no 
doente. 
Consequência: 
Responde pelo crime o terceiro que determina o erro (no nosso exemplo, o médico responde por art. 
121, CP, na condição de autor mediato). 
 E o agente provocado? – Em regra, não pratica o crime, salvo se agiu com dolo ou culpa. 
 Não se pode falar em concurso de pessoas, pois não há homogeneidade nas condutas dos 
agentes. 
 CRIME COMISSIVO E CRIME OMISSIVO 
 
O Direito Penal protege determinados bens jurídicos, proibindo condutas consideradas desvaliosas. 
O crime COMISSIVO, nada mais é do que uma conduta desvaliosa proibida pelo tipo incriminador. 
É uma ação que viola um tipo proibitivo. 
Ex: art. 121, CP (“Matar alguém). 
 
o Crime Omissivo 
 
O Direito Penal também protege bens jurídicos, proibindo a abstenção (inação) de condutas valiosas. 
Crime omissivo é a não realização (a omissão) de conduta valiosa a que o agente estava 
juridicamente obrigado e que lhe era possível concretizar. Omissão que viola um tipo mandamental. 
Exemplos: 
1) Omissão de socorro (art. 135, CP); CRIME OMISSIVO PRÓPRIO 
103 
 
2) Mãe que não alimenta o filho até sua morte: esta mãe responderá por homicídio. CRIME 
OMISSIVO IMPRÓPRIO (ela responderá por um crime comissivo praticado com omissão) 
A norma mandamental que determina a ação valiosa pode decorrer: 
a) Do próprio tipo penal: O tipo incriminador descreve a omissão. São tipos que normalmente 
trazem a seguinte expressão “Deixar de...” >> Chamado de CRIME OMISSIVO PRÓPRIO/ 
PURO. 
 
b) Cláusula geral: O dever de agir está descrito numa norma geral >> Chamado de CRIME 
OMISSIVO IMPRÓPRIO/IMPURO: o agente responde por um crime comissivo, mas 
praticado por omissão. 
 
 E se o agente desconhece que tem o dever de agir (norma mandamental)? 
 
 Resposta: Nesse caso, incorrerá em erro de tipo mandamental. Para Luiz Flávio Gomes, trata-se de 
espécie de erro de tipo. Para a maioria, no entanto, deve ser tratado como erro de proibição. 
 
CRIME OMISSIVO PRÓPRIO 
 
A conduta omissiva está descrita no próprio tipo penal incriminador. Para que se realize basta a não 
realização da conduta valiosa descrita pelo tipo. 
Ex: Omissão de socorro. 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o 
socorro da autoridade pública: 
CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO OU IMPURO 
 
O dever de agir está acrescido do dever de evitar o resultado. 
 
OMISSÃO PRÓPRIA OMISSÃO IMPRÓPRIA 
Dever de agir Dever de agir para evitar o resultado 
104 
 
Dever Genérico Dever Jurídico 
 
O dever de agir decorre de cláusula geral e não do próprio tipo incriminador. 
 
OMISSÃO PRÓPRIA OMISSÃO IMPRÓPRIA 
O dever de agir decorre do tipo. O dever de agir e evitar o resultado 
decorre de cláusula geral (art. 13, §2º do 
CP) 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a 
existência do crime, somente é imputável 
a quem lhe deu causa. Considera-se causa 
a ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. 
§ 2º - A omissão é penalmente 
relevante quando o omitente devia e podia 
agir para evitar o resultado. O dever de 
agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, 
proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a 
responsabilidade de impedir o resultado 
c) com seu comportamento anterior, 
criou o risco da ocorrência do resultado 
Presente o dever jurídico de agir e evitar o resultado, o omitente responde por crime comissivo por 
omissão. O omitente é chamado de garante ou garantidor. 
 
OMISSÃO PRÓPRIA OMISSÃO IMPRÓPRIA 
O agente responde por crime omissivo O agente responde por crime comissivo 
por omissão (tinha o dever de evitar o 
resultado). 
 
 Art. 13, § 2º: As hipóteses de dever jurídico: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
105 
 
Ex.1: Pais em relação aos filhos.Mãe que omite dever de alimentar o filho de tenra idade 
responde por homicídio (doloso ou culposo, depende do animus dela); 
Ex.2: Bombeiro que omite socorro morrendo a vítima em perigo: Vai responder por homicídio 
(doloso ou culposo, dependendo do animus dele) 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
Essa hipótese abrange o dever contratual, não mais legal. Exemplo: Salva vidas contratualmente 
que omite o dever de socorrer sócio de um clube em perigo (de um clube, por exemplo, não 
aquele que pertence ao corpo de Bombeiros). Responde por homicídio doloso ou culposo. 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado 
 
Ex: Uma banda que numa boate dispara fogos de artifício; um parque de diversões que deixa uma 
cadeira com risco no brinquedo. Repare que nesses casos, o agente em seu comportamento 
anterior deixou de fazer alguma coisa, tendo de responder por dolo ou culpa, dependendo do 
caso. 
 
 
 CRIME DE CONDUTA MISTA 
 
É um tipo penal incriminador composto de uma ação seguida de uma omissão. O tipo exige do 
agente dois comportamentos. Uma ação seguida de uma omissão. 
Ex.: Apropriação indevida/indébita de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II, CP): 
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito 
ou força da natureza: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de 
restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, 
dentro no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
 RESULTADO 
 
 ATENÇÃO: Da conduta pode advir dois resultados: 
106 
 
 
 * Resultado naturalístico 
 * Resultado normativo 
 
 RESULTADO NATURALÍSTICO 
 
 É a modificação no mundo exterior (perceptível pelos sentidos) provocada pelo comportamento do 
agente. 
 
 Cuidado: Não são todos os crimes que possuem resultado naturalístico. 
 
 Classificação doutrinária do crime quanto ao resultado naturalístico: 
 
Crime material Crime formal Crime de mera conduta 
O tipo penal descreve 
conduta + resultado 
naturalístico (indispensável 
para a consumação). 
Ex.: homicídio, furto 
O tipo penal descreve conduta + 
resultado naturalístico (é 
dispensável, porque a consumação 
se dá com a conduta) 
 
-É chamado de crime de 
consumação antecipada. O resultado 
naturalístico se ocorrer é mero 
exaurimento. Este é considerado na 
fixação da pena. 
Ex.: extorsão (súmula 96 do STJ- 
“O crime de extorsão consuma-se 
independentemente da obtenção da 
vantagem indevida”.) 
O tipo penal descreve uma 
mera conduta e é esta que 
consuma o crime. 
- Não tem resultado 
naturalístico descrito no 
tipo. 
Ex.: omissão de socorro, 
violação de domicílio. 
 
 
 RESULTADO NORMATIVO OU JURÍDICO 
 
É a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. 
 
Cuidado: Todos os crimes (material, formal ou de mera conduta) possuem resultado normativo. 
107 
 
 
Classificação doutrinária do crime quanto ao resultado normativo: 
 
1º) Crime de dano: Quando a consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. O crime de 
dano não é necessariamente material. Ex.: homicídio 
 
2º) Crime de perigo: A consumação se contenta com a exposição do bem jurídico a uma situação de 
perigo. Hoje, a doutrina moderna divide o crime de perigo em três espécies: 
 
Crime de perigo abstrato Crime de perigo concreto Crime de perigo abstrato 
de perigosidade real 
O perigo advindo da 
conduta é absolutamente 
presumido por lei. No 
crime de perigo abstrato, 
basta o MP provar a 
conduta. 
 
- Tem doutrina que 
questiona a 
constitucionalidade do 
crime de perigo abstrato 
sob o fundamento de que 
ele viola o princípio da 
lesividade. Contudo, a 
jurisprudência já tem seu 
entendimento consolidado, 
principalmente no que diz 
respeito aos crimes da lei 
de drogas em que quase 
todos são classificados 
como crimes de perigo 
abstrato. 
O perigo advindo da 
conduta deve ser 
comprovado. 
Atenção: Deve ser 
demonstrado o risco para 
pessoa certa e determinada. 
 
Ex.: crime de perigo do art. 
130 do CP- perigo de 
contágio de moléstia 
venérea. 
É a alternativa encontrada 
para aqueles que entendem 
que o crime de perigo 
abstrato é inconstitucional. 
 
Nesse caso, o perigo 
advindo da conduta deve 
ser comprovado (nesse 
sentido se aproxima do 
crime de perigo concreto), 
contudo dispensa 
demonstração de risco para 
pessoa certa e determinada 
(nesse sentido, aproxima-se 
do crime de perigo 
abstrato). 
 
 
 
108 
 
Exemplo do crime de embriaguez ao volante: Se de perigo abstrato, basta o motorista embriagado 
conduzir o veículo automotor, mesmo que de forma normal. Se de perigo concreto, é necessário o motorista 
embriagado conduzir o veículo de forma anormal, gerando risco para alguém. Se de perigo abstrato de 
perigosidade real, é necessário o motorista embriagado conduzir o veículo de forma anormal, dispensando 
prova do risco para alguém. 
Obs.: O STF sempre trabalhou com o crime de embriaguez ao volante como crime de perigo 
abstrato. 
 
 NEXO CAUSAL 
 
É um vínculo entre conduta e resultado. 
É a relação de provocação entre a causa eficiente e o efeito ocasionado. 
Busca aferir se o resultado pode ser atribuído objetivamente ao sujeito ativo como obra do seu 
comportamento típico. 
Previsão legal: art. 13, caput do CP. 
 
Relação de Causalidade 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a 
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não 
teria ocorrido. (Alterado pela L-007.209-1984) 
 
O art. 13, caput, do CP adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais (ou teoria da 
equivalência das condições, teoria da condição simples, teoria da condição generalizadora ou da 
“conditio sine qua non”). Para esta teoria, todo fato sem o qual o resultado não teria ocorrido é considerado 
causa. É causa toda ação/omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Como saber se o fato foi 
determinante para o resultado? 
 
Tem que trabalhar com outra teoria ou outro método, qual seja teoria da eliminação hipotética dos 
antecedentes causais. Trata-se do método empregado no campo mental da suposição ou da cogitação, 
através do qual causa é todo fato que, suprimido mentalmente, o resultado não teria ocorrido como ocorreu 
ou no momento em que ocorreu. 
 
Exemplo: Vamos imaginar a morte da vítima por envenenamento. É preciso analisar as causas dessa 
morte. O que aconteceu antes? “Fulano” comprou bolo, depois compra veneno, em seguida, mistura veneno 
109 
 
mais bolo, aí “Fulano” resove fumar um charuto esperando a vítima, quando esta aparece, “Fulano” oferece 
bolo a vítima, obviamente a vítima morre envenenada. 
1ª pergunta: causa da morte? – De acordo com o art. 13, caput, é toda ação/omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido. 
2ª pergunta: Como saber qual ação ou omissão foi determinante para o resultado? Devemos analisar o 
método da eliminação hipotética. A compra do bolo, o veneno, misturar o veneno no bolo, servir o bolo para 
a vítima são causas. Fumar o charuto não é causa. 
Em resumo, CAUSA OBJETIVA DO RESULTADO = teoria da equivalência + teoria da eliminação 
hipotética. 
Atenção: Esta fórmula é criticada, pois do ponto de vista objetivo, regressa ao infinito (ex.: vamos 
imaginar um criminoso que matou alguém

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