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Caso concreto 1

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Aplicação Prática Teórica
Caso concreto:
Rebeca comprou terreno em loteamento empreendido por Amaranta. Sem que constasse do instrumento contratual, Amaranta garantiu a Rebeca que teria vista definitiva a um belo monte, que era a grande atração do empreendimento, tendo inclusive assegurado que a legislação local não permitia edificações nos terrenos a frente do seu. Após alguns meses da aquisição do terreno, Amaranta solicitou uma alteração no plano de urbanização da cidade, que passou a permitir a edificação nos lotes em frente ao terreno de Rebeca, fazendo com que ela perdesse a visão para o monte. Inconformada, Amaranta moveu uma ação contra Rebeca, tendo obtido êxito porque o órgão jurisdicional entendeu que pela boa-fé objetiva, existe um dever de não adotar atitudes que possam frustrar o objetivo perseguido pela autora, ou que possam implicar, mediante o aproveitamento da antiga previsão contratual, a diminuição das vantagens ou até infligir danos ao contratante. Diante dos fatos narrados acima e com base no conteúdo das aulas desta semana, responda:
A boa-fé objetiva é uma cláusula geral? Sim. 
Em caso afirmativo, explique o porquê de a boa -fé objetiva adequar-se ao conceito de cláusula geral. Ainda com as Ordenações Filipinas e o Código civil de 1916 que possuíam valores liberais, pois foi baseado no código alemão e no código napoleônico! Para um Estado Liberal, onde se estabelecia a autonomia da vontade, ou seja, o estado analisava que todas as pessoas que realizavam relações jurídicas tinham consciência do que faziam. Há, portanto uma Isonomia formal entre as partes contratantes. Há uma Força vinculante = o contrato faz lei entre as partes “Pacta sunt servanda”. Intangibilidade. 
Constituição de 1988 influenciou novos valores: Dignidade, Solidariedade, Isonomia, Função Social do contrato. 
Código Civil de 2002. Estado Social. Boa fé, lealdade, honestidade, cooperação. Probidade, justa, equilibrada.
Como definir Boa Fé objetiva? É uma regra ética, um dever de não fraudar ou abusar da confiança alheia, mas esses deveres não podem ser rigidamente fixados, pois dependem sempre das circunstâncias de determinado caso.
Em caso negativo, indique de maneira justificada a que categoria pertence a boa-fé objetiva.
b) Qual(is) dos princípios estruturantes do CC/2002 foi(ram) levado(s) em consideração para que o magistrado interpretasse a boa-fé objetiva? Justifique. ETICIDADE qualidade ou caráter do que é condizente com a moral, com a ética. O principio da Eticidade se manifesta na proibição do abuso do direito, do locupletamento ilícito e positiva o Principio da Boa Fé. Segundo este princípio, o homem deve ser reto, honesto, leal e ter integridade.
Princípios estruturantes do CC/2002. Princípios Norteadores do Código Civil
a. Princípio da socialidade - é aquele que impõe prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana. Ex: princípio da função social do contrato, da propriedade.
b. Princípio da eticidade - é aquele que impõe justiça e boa-fé nas relações civis ("pacta sunt servanda"). No contrato tem que agir de boa-fé em todas as suas fases. Corolário* desse princípio é o princípio da boa-fé objetiva.
c. Princípio da operabilidade - é aquele que impõe soluções viáveis, operáveis e sem grandes dificuldades na aplicação do direito. A regra tem que ser aplicada de modo simples. Exemplo: princípio da concretude pelo qual deve-se pensar em solucionar o caso concreto de maneira mais efetiva.
Deste modo, o sistema jurídico misto brasileiro permite que as questões cíveis sejam julgadas conforme cada caso concreto. Isto é possível por conta dos conceitos vagos, que para obterem a melhor aplicação diante de casos em que exista dúvida ou lacuna interpretativa, permite a aplicação das cláusulas gerais, sempre primando por manter o respeito aos princípios norteadores do Código Civil.
*corolário
substantivo masculino
1.
hist teat coroa de folhas de ouro ou de outro metal que, na Roma antiga, era oferecida aos grandes atores, como reconhecimento e celebração de seu talento artístico.
2.
p.metf. lóg proposição que deriva, em um encadeamento dedutivo, de uma asserção precedente, produzindo um acréscimo de conhecimento por meio da explicitação de aspectos que, no enunciado anterior, se mantinham latentes ou obscuros.
Questão objetiva (MP/GO – 2005) O atual Código Civil optou “muitas vezes, por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a preocupação de excessivo rigorismo conceitual, a fim de possibilitar a criação de modelos jurídicos hermenêuticos, quer pelos advogados quer pelos juízes para a contínua atualização dos preceitos legais ” (trecho extraído do livro História do novo Código Civil, de Miguel Reale e Judith Martins -Costa). Considerando o texto, é correto afirmar que:
Cláusulas gerais são normas orientadoras sob a forma de diretrizes, dirigidas precipuamente ao juiz, vinculando-o ao mesmo tempo em que lhe dão liberdade para decidir, sendo que tais cláusulas restringem-se à Parte Geral do Código Civil?
Sim. Segundo Rodrigo Reis Mazzei, existem três espécies de cláusulas gerais no Código Civil de 2002:
1. Cláusulas gerais restritivas – que restringem em certas situações o âmbito de um conjunto de permissões advindas da regra ou princípio jurídico. Por exemplo: a liberdade de contratar está restrita à função social do contrato (CC, art. 421)4;
2. Cláusulas gerais regulativas – que regulam com base em um princípio, hipóteses de fato ou não previstas em lei. Por exemplo: a regulação da responsabilidade civil por culpa (CC, arts. 927 e 943), e 
3. Cláusulas gerais extensivas – que ampliam a regulação jurídica, permitindo a introdução de princípios e regras de outros textos normativos. Por exemplo: O que dispõe o Código de Defesa do Consumidor (artigo 7º)5.
Aplicando a mesma cláusula geral, o juiz não poderá dar uma solução em um determinado caso, e solução diferente em outro?
Sim! Pois pelo Princípio da operabilidade - aquele que impõe soluções viáveis, operáveis e sem grandes dificuldades na aplicação do direito. A regra tem que ser aplicada de modo simples. Exemplo: princípio da concretude pelo qual deve-se pensar em solucionar o caso concreto de maneira mais efetiva. Deste modo, o sistema jurídico misto brasileiro permite que as questões cíveis sejam julgadas conforme cada caso concreto. Isto é possível por conta dos conceitos vagos, que para obterem a melhor aplicação diante de casos em que exista dúvida ou lacuna interpretativa, permite a aplicação das cláusulas gerais, sempre primando por manter o respeito aos princípios norteadores do Código Civil.
São exemplos de cláusulas gerais: a função social do contrato como limite à autonomia privada e que no contrato devem as partes observarem a boa-fé objetiva e a probidade?
SIM! Princípio da eticidade - é aquele que impõe justiça e boa-fé nas relações civis ("pacta sunt servanda"). No contrato tem que agir de boa-fé em todas as suas fases. Corolário* desse princípio é o princípio da boa-fé objetiva. Código Civil, art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Miguel Reale explica que a função social do contrato no Código Civil existe por derivar da Constituição Federal de 1988, que, em seu Artigo 5.º, incisos XXII e XXIII, descreve que o direito de propriedade atenderá sempre a sua função social. Apostila página: 31
 Tribunal de Justiça de Minas Gerais
“Neste sentido, NELSON NERY JÚNIOR e ROSA MARIA ANDRADE NERY anotam: “A cláusula geral contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida como exigência de comportamento leal dos contratantes.” (CódigoCivil Anotado e legislação extravagante, Saraiva, 2ª Edição, 2003, p. 340-341). Apelação Cível n. 1.0024.04.262215-9/001, rel. Des. Tarcísio Martins Costa, j. 6.3.2007).
As cláusulas gerais afrontam
o princípio da eticidade, que é um dos regramentos básicos que sustentam a codificação privada?
As cláusulas gerais do Código Civil, conforme já estudamos, podem ser a) restritivas; b) regulativas e c) extensivas. Ainda com estas categorias em mente, examinemos os artigos 112, 113, 114, 421, 422 e 423 do Código Civil. Tais artigos fornecem critérios interpretativos ao magistrado para que lhe permitam, ao julgar o caso concreto, conservar os princípios da intencionalidade, da probidade, da eticidade e da boa-fé nas relações negociais.

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