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55 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Unidade II 5 SISTEMA DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO CURRICULAR 5.1 Conceituação de sistema de ensino O que significa sistema? A conceituação da palavra sistema, segundo Lalande (apud DIAS, 2004, p. 1), refere-se a um “conjunto de elementos, materiais ou não, que dependem reciprocamente uns dos outros, de maneira a formar um todo organizado”. Na citação está presente a ideia de estrutura, de um todo formado por partes interdependentes presentes no interior de um conjunto de elementos. O que é a Teoria de Sistemas? Quando usamos essa teoria, referimo-nos a um ambiente que, além de considerar o que está dentro do sistema, analisa também o que está fora, pelas trocas que se realizam entre o sistema e o ambiente. O sistema pode ser aberto ou fechado. O fechado não faz troca com o ambiente. Já no sistema aberto há troca, pela interação com o ambiente. Por isso, recebe informações de fora e devolve informações a partir do funcionamento do sistema, o feedback. Para fazer referência ao que entra como informação no sistema, usamos o conceito inputs, e para o que é devolvido como informação para o ambiente, outputs. Nesse sentido, há a ideia de supersistema e subsistema. 5.1.1 O sistema escolar O sistema escolar brasileiro tem como finalidade proporcionar educação num aspecto específico, que é a escolarização. Este é um processo sistemático e intencional, que tem como objetivo o desenvolvimento intelectual, físico, social, emocional e moral dos educandos. Essa é a exigência da nossa sociedade em relação ao sistema educacional brasileiro. É um processo integral. Podemos afirmar que as contribuições da sociedade para a escola são o conteúdo cultural, os recursos humanos, os recursos financeiros e os alunos. Já as contribuições da escola para a sociedade são a melhoria do nível cultural da população, o aperfeiçoamento individual, a formação de recursos humanos e o resultado de pesquisas nos diferentes campos do conhecimento humano. 56 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II 5.2 Organização do sistema de ensino brasileiro nos âmbitos federal, estadual e municipal: composição, incumbências e organogramas (LDB, artigo 8º a 20) 5.2.1 Estrutura O sistema escolar brasileiro compreende uma rede de escolas e uma estrutura de sustentação: A rede de escolas é composta de estabelecimentos de ensino que atendem aos alunos, nos níveis de ensino descritos a seguir. • Primeira etapa – Educação Infantil: — creche, dos 0 aos 3 anos; — pré-escola, dos 4 aos 5 anos. • Segunda etapa – Ensino Fundamental: — séries iniciais (dos 6 aos 10 anos); — séries finais (dos 11 aos 14 anos). • Terceira etapa ou etapa final – Ensino Médio: — dos 15 aos 17 anos. As modalidades de ensino são oferecidas ao longo da educação básica e da Educação Especial desde a Educação Infantil até o fim da escolaridade possível ao educando, ou quando, por outros motivos, a criança ou o adolescente se integra à Educação Especial. A Educação de Jovens e Adultos é ofertada aos que não cursaram na idade própria o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. As outras modalidades previstas na lei são oferecidas de acordo com as peculiaridades locais e as necessidades. • Estrutura de sustentação – estrutura administrativa composta de elementos não materiais, entidades mantenedoras e administração. São elementos não materiais: — normas – disposições legais: Constituição Federal, leis e decretos; — disposições regulamentares: regimentos, portarias e instruções; — disposições consuetudinárias: ética, costumes e praxe. Os elementos não materiais constituem-se dos princípios e objetivos da educação escolar nacional, bem como dos deveres, direitos e responsabilidades dos integrantes do setor educacional. Expressam-se 57 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA pelas legislações educacionais, que têm o objetivo de regulamentar, orientar, coordenar, acompanhar, implantar, implementar e avaliar ações, planos, programas e planejamentos de todos os níveis de organização e funcionamento do sistema de ensino nacional. A metodologia de ensino engloba orientações curriculares e metodológicas expressas nos documentos legais, principalmente nas Diretrizes Curriculares Nacionais, nos Parâmetros Curriculares, nos Referenciais Curriculares e nos materiais de orientação, avaliação e acompanhamento das ações educativas em todos os níveis – local, regional e nacional. Entidades mantenedoras são as instituições que organizam os estabelecimentos de ensino, matriculam as crianças e os adolescentes, desenvolvem o currículo, o ano letivo e o processo avaliativo e são responsáveis pela certificação na educação básica. São subdivididas conforme vemos a seguir: • Entidades mantenedoras: — Poder Público: federal, estadual e municipal; — entidades particulares: leigas e confessionais; — entidades mistas: autarquias. Os órgãos administrativos do sistema são responsáveis por assegurar o desenvolvimento da política pública educacional, fazer o levantamento dos alunos a serem atendidos na região, autorizar a criação das classes no início do ano letivo, atribuir aulas aos professores e propiciar a formação continuada, a seleção dos professores, sua remoção e aposentadoria. 5.2.2 Sistema O que consideramos sistema escolar brasileiro é aquele que está situado no território nacional, que está vinculado à cultura brasileira, expressa nos valores, costumes, hábitos, princípios e objetivos da educação nacional. Além disso, é também aquele que é ministrado na língua nacional e está submetido a uma legislação comum, incluindo disposições legais que articulam e integram os diferentes níveis e modalidades de ensino. 5.2.3 Funcionamento As características do funcionamento do sistema escolar brasileiro, do ponto de vista das entradas para o sistema escolar, delimitam que a sociedade brasileira é responsável pela provisão de recursos financeiros para que o sistema nacional de ensino funcione e que tem a responsabilidade de realizar o recrutamento de pessoal de acordo com as necessidades nacionais, regionais e locais, em todas as áreas de funcionamento do sistema. Também são características do funcionamento do sistema não somente a admissão de todas as crianças e adolescentes e dos que não estudaram na idade própria, mas também a oferta de vaga e a permanência na escola até o fim da educação básica. 58 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II As características do funcionamento do sistema de ensino, do ponto de vista do processo educativo, dizem respeito à orientação, à coordenação dos currículos, dos programas e sua atualização conforme as necessidades da sociedade brasileira, por meio da constante qualificação do pessoal e da avaliação do rendimento escolar por avaliações internas e externas. Isso inclui a constante busca da qualidade social de ensino requerida pela nação brasileira, lutando por índices satisfatórios de desempenho escolar. A evidência do bom desempenho do sistema escolar verifica-se por meio da promoção escolar, evitando a evasão, a defasagem idade/série e a reprovação, assegurando os estudos de recuperação. As características do funcionamento do sistema escolar, do ponto de vista das saídas desse sistema, significam a formação e a qualidade de ensino oferecido pela escola que garanta a plena cidadania, aformação para o trabalho e a preparação para a vida social. Assim, pretende-se que a formação de profissionais dos vários níveis, de acordo com as necessidades sociais e pessoais, propicie o desenvolvimento cultural da população, a partir da capacidade de expressar-se por escrito e oralmente com fluência. Pretende-se também que essa população seja capaz de usufruir o patrimônio artístico e cultural brasileiro. Ao mesmo tempo, é importante que o cidadão tenha a formação necessária para a escolha da qualidade de vida desejada para si e sua família. Segundo Faustini (apud MENESES, 2004), as instituições sociais, para atender aos objetivos sociais que lhes são determinados, devem ater-se a prescrições e regulamentos específicos. São atividades que estão previstas nas legislações gerais e específicas já apontadas e que os teóricos da Administração chamam de aspecto burocrático da organização. A forma burocrática tornou-se a forma dominante de organização de quase todas as sociedades da atualidade, e burocracia significa um tipo hierárquico de organização formal. Esse conceito foi descrito por Max Weber, que estabeleceu as características de uma organização burocrática do tipo ideal. Em uma organização burocrática, a autoridade é exercida com base em um sistema de regulamentos e métodos, por meio da posição oficial que os indivíduos ocupam na hierarquia da organização. As posições obedecem a um critério, que é o grau de importância da posição e que abarca a autoridade sobre os que estão abaixo. Há os que ocupam postos superiores e postos inferiores ou subordinados, mas isso não implica superioridade ou inferioridade entre os indivíduos, pois na burocracia ideal deveria haver impessoalidade na ocupação dos cargos e no cumprimento das tarefas. Nessa hierarquia formal existe uma estrutura de autoridade chamada cadeia de autoridade ou comando. As atividades aí desenvolvidas obedecem a regras abstratas e muito bem-definidas. 5.2.4 Níveis de administração dos sistemas de ensino Os sistemas de ensino brasileiros possuem uma rede de autoridades, desde aquelas que envolvem o país até as que se instauram nas unidades escolares. Há uma hierarquia de autoridades e de repartições em todos os níveis administrativos e com funções claramente definidas. Apresentaremos a organização administrativa dos diversos órgãos relacionados com a educação básica do sistema de ensino brasileiro e destacaremos suas funções como se apresentam na legislação básica. 59 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA A LDB dispõe, no Título IV, artigo 8º, sobre a organização da educação nacional, e, no artigo 9º, sobre as competências e atribuições da União. O artigo 8º trata da organização da educação nacional em sistemas de ensino, de acordo com as instâncias federal, estadual e municipal. Além disso, destaca o papel central da União na coordenação, articulação e normatização do sistema nacional de educação, embora os sistemas de ensino tenham garantido, no parágrafo 2º do artigo 8º da LDB, o direito de liberdade em sua organização. A União tem o papel de coordenar a política nacional de educação, articular os diferentes níveis e sistemas de ensino e exercer as funções normativa, redistributiva e supletiva em relação às outras instâncias educacionais. A função normativa estabelece leis, regulamentos e normas que devem ser respeitados para o funcionamento integrado dos sistemas de ensino. Já a função redistributiva refere- se à contribuição com verbas para o ensino quando os sistemas de ensino estaduais e municipais não atingem o mínimo de verbas necessário para o desenvolvimento e a manutenção do ensino. Por fim, a função supletiva trata da situação decorrente de os sistemas de ensino terem dificuldade de cumprir todas as atribuições e competências em relação à estrutura e ao funcionamento da educação básica. Título IV Da Organização da Educação Nacional Art. 8º. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. § 1º. Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. § 2º. Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei (BRASIL, 1996). O conceito destacado é o de regime de colaboração, que deve ser o tipo de relação a reger os diferentes sistemas de ensino. O papel principal da União é coordenar a política nacional de educação e articular os diferentes níveis e sistemas com as funções normativa, redistributiva e supletiva. Prosseguindo: Art. 9º. A União incumbir-se-á de: I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios; II – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos territórios; 60 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II III – prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva; IV – estabelecer, em colaboração com os estados, o Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; V – coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI – assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no Ensino Fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; VII – baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; VIII – assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino; IX – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. § 1º. Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei. § 2°. Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso a todos os dados e informações necessários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais. § 3º. As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de educação superior (BRASIL, 1996). O artigo 9° cita as atribuições e competências da União em relação à organização e ao funcionamento da educação escolar (incumbências essas que em grande parte envolvem a coordenação das ações educacionais – note-se que é função da esfera federal a elaboração do Plano Nacional de Educação, ainda que isso ocorra em colaboração com estados, Distrito Federal e municípios). 61 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Também compete à União garantir a participação de todos na educação; para isso, o plano deve conter diretrizes e metas a serem alcançadas, especificadas por nível e modalidade de ensino, com a vigência de 10 anos. Após essa elaboração, o plano deve ser encaminhado para discussão e aprovação no CongressoNacional, que pode transformá-lo em lei federal. Outra função do Estado é prestar assistência técnica, o que acaba se resumindo na elaboração das diretrizes educacionais, que são aceitas pelos sistemas de ensino. O conceito de colaboração novamente aparece, assim, como instrumento que vai efetivamente garantir pensar numa educação nacional, com a criação de mecanismos que assegurem a formação básica comum a todos, como está expresso na lei. A introdução da ideia de avaliação se constitui, nessa lei, como um dos pilares da política educacional brasileira. É o que chamamos de avaliação realizada da forma mais mensurável possível, assegurando o processo nacional de avaliação do rendimento escolar. O objetivo é eleger as prioridades nacionais (locais) com vistas à melhoria da qualidade de ensino. Já em 1995, antes da aprovação da Lei nº 9.394/96, o governo federal instaurou uma medida provisória, em 1995, a Lei nº 9.131/95, instituindo o Provão no ensino superior (o Exame Nacional de Cursos), O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica). Observação O Conselho Nacional de Educação foi criado pela mesma medida provisória que criou o Provão. É no parágrafo 3º do artigo 9º que encontramos uma medida descentralizadora da Lei nº 9.394/96, ao considerar como regime de colaboração a possibilidade de baixar normas gerais para os estabelecimentos de ensino. No Governo Lula, o Provão foi substituído por outra metodologia de avaliação chamada Sinaes – Sistema de Avaliação da Educação Superior –, aplicada pela primeira vez em 2004. Dando continuidade ao estudo, leia o próximo artigo. Art. 10º. Os estados incumbir-se-ão de: I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino; II – definir, com os municípios, formas de colaboração na oferta do Ensino Fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; 62 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II III – elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus municípios; IV – autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; VI – assegurar o Ensino Fundamental e oferecer, com prioridade, o Ensino Médio a todos [os] que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; VII – assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes aos estados e aos municípios (BRASIL, 1996).4 O artigo 10º apresenta as atribuições e competências dos estados brasileiros diante do ensino escolar no sistema nacional de educação. Podemos notar que há uma organização de atribuições e funções entre os diferentes sistemas de ensino. Art. 11. Os municípios incumbir-se-ão de: I – organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos estados; II – exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV – autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V – oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o Ensino Fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. 4 Texto com modificações promovidas pelas leis 12.061/2009 e 10.709/2003. 63 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA VI – assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. Parágrafo único. Os municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica (BRASIL, 1996). Os municípios passam a ter atribuições na educação escolar. As ações estão em consonância com as atribuições da União e dos estados e devem acontecer em regime de colaboração, podendo essas esferas de governo formar um sistema único de educação básica. Assim, as políticas educacionais municipais devem estar integradas às políticas e aos planos da União e dos estados. Vejamos agora as atribuições dos estabelecimentos de ensino. Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – elaborar e executar sua proposta pedagógica; II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e [o] rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; VIII – notificar ao Conselho Tutelar do município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei (BRASIL, 1996).5 O artigo 12 trata das competências e responsabilidades da escola, destacando-se seu dever de elaborar e executar sua proposta pedagógica. Outros deveres são: assegurar o cumprimento dos dias letivos, velar pelo cumprimento do plano de trabalho docente e prover meios de recuperação dos alunos de menor rendimento, articular-se com as famílias e a comunidade, informar pais sobre o rendimento dos alunos e 5 Texto com modificações promovidas pelas leis 12.061/2009 e 10.287/2001. 64 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II o desenvolvimento da proposta pedagógica. Está presente também entre as responsabilidades da escola administrar seu pessoal, bem como seus recursos materiais e financeiros. O fato de outras atividades não terem sido mencionadas não significa que o papel da escola tenha sido alterado, mas sim ampliado em sua visão e missão para com a coletividade escolar. O artigo 13 trata das atribuições do corpo docente, conforme exposto a seguir. Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III – zelar pela aprendizagem dos alunos; IV – estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V – ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI – colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996). São apresentadas neste artigo as funções dos professores: participarda elaboração da proposta pedagógica da escola, elaborar e cumprir o plano de trabalho de acordo com a proposta da unidade escolar, estabelecer estratégias de recuperação dos alunos de menor rendimento, participar integralmente das reuniões de planejamento, avaliação e desenvolvimento profissional, assim como colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996). O artigo 14 trata dos princípios da educação escolar municipal. Trata com destaque da gestão democrática da escola pública, mas não aponta como deve ser escolhido o gestor/diretor da escola. 65 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público (BRASIL, 1996). Este artigo complementa o anterior ao enfocar a questão da autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira da escola, de forma progressiva. Para continuarmos nossa abordagem, leia o trecho a seguir, que trata do sistema de ensino federal. Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: I – as instituições de ensino mantidas pela União; II – as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada; III – os órgãos federais de educação. Art. 17. Os sistemas de ensino dos estados e do Distrito Federal compreendem: I – as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; II – as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal; III – as instituições de Ensino Fundamental e Médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; IV – os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de Educação Infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino. Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: I – as instituições do Ensino Fundamental, Médio e de Educação Infantil mantidas pelo Poder Público municipal; II – as instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; III – os órgãos municipais de educação. Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas seguintes categorias administrativas: 66 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II I – públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público; II – privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias: I – particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II – comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade;6 III – confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; IV – filantrópicas, na forma da lei (BRASIL, 1996). O conceito de sistema está presente na organização e no funcionamento da estrutura do sistema nacional de ensino, apresentado nos artigos de 16 a 20. As atribuições dos diferentes sistemas, no que se refere ao atendimento aos alunos nos níveis e nas modalidades de ensino, são detalhadas a fim de diferenciar as esferas de atuação. O conceito de regime de colaboração traz a ideia dos níveis de ensino não como etapas desligadas e estanques, mas como processo de atendimento ao aluno ao longo da educação básica. Lembrete Usamos o termo sistema de ensino para nos referirmos a diferentes redes de escolas: as vinculadas aos estados e as vinculadas aos municípios. Essa organização se dá em todo o território nacional. Essa é a descentralização da educação escolar. 6 Parágrafo com redação revista pela Lei n° 12.020, de 2009. 67 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Saiba mais É importante que você consulte a Lei nº 9.394/96 e as alterações que sofreu no decorrer dos anos. Essa constatação é importante para que você note que a lei é alterada de acordo com as necessidades sociais. Acesse: BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 28 out. 2013. A Tabela 2 apresenta a participação dos sistemas de ensino federais, estaduais e municipais no atendimento às matrículas na educação básica. A rede pública é responsável pelo atendimento de 83,5% dos alunos, e a rede privada, por 16,5%. A esfera municipal atende a 45,9% das matrículas, a rede estadual, a 37,0%, e a federal, a 0,5%. Esses dados representam o funcionamento do sistema nacional de educação, segundo o que está proposto na Lei nº 9.394/96. Tabela 2 - Número de matrículas na educação básica por dependência administrativa - Brasil – 2012 Total geral Totalpública % Federal % Estadual % Municipal % Privada % 50.545.050 42.222.831 83,5 276.436 0,5 18.721.916 37,0 23.224.479 45,9 8.322.219 16,5 Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE). Fonte: Inep (2013, p. 15). 5.3 Organização curricular: regras comuns (LDB, artigos 21 a 28) Continuando o estudo mais acurado da lei, passaremos agora ao Capítulo I do Título V da Lei nº 9.394/96, que discute o conceito de educação e diferencia-a de educação escolar. O texto legal diferencia a educação entendida pelo senso comum da educação escolar, que, como é claramente definido, é aquela que acontece por meio do ensino e nas escolas que estão sob a vigência da Lei nº 9.394/96. Título V Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino Capítulo I Da Composição dos Níveis Escolares 68 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II Art. 21. A educação escolar compõe-se de: I – Educação Básica, formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; II – Educação Superior (BRASIL, 1996). Prosseguiremos nossos comentários com a continuação do texto legal: Capítulo II DA Educação Básica Seção I Das Disposições Gerais Art. 22. A Educação Básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (BRASIL, 1996). A partir do artigo 22, a lei vai tratar das disposições curricularespara o funcionamento das etapas e modalidades de ensino em todo o território nacional e vai apontar a possibilidade de atender às especificidades regionais. Assim, esse artigo trata das finalidades da educação básica de desenvolvimento do educando com a formação comum indispensável para a cidadania, o trabalho e estudos posteriores. Art. 23. A Educação Básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. § 1º. A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais. § 2º. O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei (BRASIL, 1996). Esse artigo trata da organização da escola, que pode se dar em séries anuais ou períodos semestrais, basear-se no critério da competência ou em outros, possibilitar a reclassificação dos alunos e adequar o calendário escolar às peculiaridades locais. 69 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Vejamos os próximos artigos. Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I – a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; II – a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do Ensino Fundamental, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; III – nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; IV – poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares; V – a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; 70 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II VI – o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; VII – cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis (BRASIL, 1996). Estão apontadas no artigo 24 as regras comuns para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, com carga horária mínima anual de 800 horas, divididas em 200 dias letivos (os quais devem ser compostos de, no mínimo, 4 horas de efetivo trabalho escolar). O texto legal trata, ainda, de aspectos como os critérios para a classificação dos alunos, a organização das classes por níveis mais avançados de ensino ou de disciplinas, a verificação do rendimento escolar com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos, recuperação paralela ao período letivo, obrigatoriedade da recuperação dos estudos e controle da frequência por conta da escola. Especifica também que a escola é responsável pela expedição dos certificados e históricos escolares. Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar relação adequada entre o número de alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento. Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições disponíveis e das características regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste artigo (BRASIL, 1996). Há, no artigo 25, enfoque na importância do número de alunos por professor nas diferentes etapas da educação básica e na necessidade de haver, nas condições materiais da escola, padronização ou equivalência às condições regionais e locais disponíveis. Vamos continuar a leitura. Art. 26. Os currículos da educação infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. § 1º. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2º. O ensino da Arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. 71 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA § 3º. A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; II – maior de trinta anos de idade; III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da Educação Física; IV – amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969; V – (Vetado); VI – que tenha prole. § 4º. O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. § 5º. Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição. § 6º. A Música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2º deste artigo. § 7º. Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem incluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios.§ 8º. A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. § 9º. Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado. Art. 26-A. Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e de Ensino Médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro- brasileira e indígena. 72 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II § 1º. O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. § 2º. Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História brasileiras (BRASIL, 1996)7. Esse trecho trata com clareza da base nacional curricular comum e do complemento em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, constituído pela parte diversificada, tendo em vista as características regionais e locais, a cultura, a economia e a clientela da escola. Destaca-se, no texto legal, a importância do ensino de Arte, Música e Educação Física. Enfatiza-se, ainda, o oferecimento do ensino noturno regular e adequado às condições do estudante. Por fim, ressaltam-se as contribuições das diferentes etnias e culturas para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. Art. 27. Os conteúdos curriculares da Educação Básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: I – a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II – consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento; III – adequação à natureza do trabalho na zona rural. Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar (BRASIL, 1996). IV – promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais. Art. 28. Na oferta de Educação Básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: 7 Texto com modificações promovidas pelas leis 10.793/2003, 11.645/2008, 11.769/2008, 12.287/2010, 12.608/2012, 12.796/2013 e 12.960/2014. 73 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II – organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III – adequação à natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, 1996). Esses artigos tratam da importância do trabalho com valores humanos, direitos e deveres dos cidadãos com vistas ao bem comum e à democracia, da preocupação com a discussão sobre o trabalho e as práticas esportivas, e da atenção às disparidades regionais, trazendo informações sobre o ensino na zona rural e suas características locais e regionais. É de responsabilidade do Ministério da Educação coordenar o sistema nacional de educação proposto na Lei nº 9.394/96 e o desenvolvimento das ações previstas no Plano Nacional de Educação. Assim, podemos encontrar, no site do MEC, os planos, programas e ações previstas para o atendimento às prioridades nacionais. O perfil dos programas que o governo implementa delimita o perfil de tratamento que ele pretende prestar à sua população. A seguir apresentaremos programas e ações do ministério, assim como suas secretarias e instituições auxiliares: Secretaria da Educação Básica • Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio; • Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa; • Mais Educação; • Ensino Médio Inovador; • Parlamento Juvenil do Mercosul; • ProInfância; • Saúde na Escola; • Atleta na Escola; • formação continuada para professores; • livros e materiais para escolas, estudantes e professores; • tecnologia a serviço da educação básica; 74 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II • apoio à gestão educacional; • infraestrutura; • avaliações da aprendizagem; • Prêmios e competições • TV Escola. Diretoria de Políticas de Educação Especial – DPEE • Programa Escola Acessível; • transporte escolar acessível; • salas de recursos multifuncionais; • formação continuada de professores na educação especial; • BPC na escola; • acessibilidade à Educação Superior; • educação inclusiva: direito à diversidade; • livro acessível; • Prolibras; • Centro de Formação e Recursos (CAP, CAS e NAAHS); • Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas; • Comissão Brasileira do Braille; • principais indicadores da educação de pessoas com deficiência. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica • Programa Mulheres Mil; • Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec); 75 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA • Rede Certific; • Programa de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional; • Programa Brasil Profissionalizado; • Rede e-Tec Brasil; • Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja); • Curso Técnico de Formação para os Funcionários da Educação (Profuncionário); • Projovem Urbano. Saiba mais Para saber mais a respeito dos programas do MEC, visite o site: <www.portal.mec.gov.br>. Na sequência, apresentamos os diferentes projetos e seus desdobramentos diante da realidade nacional. 5.3.1 Ensino Fundamental de nove anos Trata-se de uma medida para promover a aprendizagem dos educandos e garantir a permanência na escola com sucesso até o fim do Ensino Fundamental. 5.3.2 Escola de gestores da educação básica É o reconhecimento da importância do gestor escolar como o grande mediador do conhecimento e das relações na escola. O programa promove a organização administrativa, curricular e pedagógica, bem como coordena e promove a coerência das ações. 5.3.3 Fundeb O Fundeb tem natureza contábil, o que significa que os gastos devem ser comprovados por meio de prestação de contas junto aos órgãos administrativos públicos e acompanhados pelos conselhos. 76 PE D - Gi ov an a/Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II 5.3.4 Merenda escolar A merenda escolar é um programa muito antigo na educação escolar pública. Os benefícios desse programa são indiscutíveis. Atualmente a merenda está sendo complementada com a produção agrícola local, o que promove o desenvolvimento da agricultura familiar e fortalece a cultura local, a identidade e os hábitos e costumes da região. 5.3.5 Plano de Ações Articuladas É um plano que visa à implantação e à implementação de um planejamento estratégico pelos sistemas de ensino para o desenvolvimento da educação escolar. A adesão ao plano implica aos componentes a participação na elaboração de indicadores educacionais de seus sistemas de ensino, que acompanharão o desenvolvimento educativo por meio de ações articuladas, consideradas um dos instrumentos do regime de colaboração para o desenvolvimento da educação escolar. 5.3.6 Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) É um programa que vem atender a uma demanda dos profissionais da educação escolar, que sempre mostraram a importância de a escola receber verba para o aprimoramento da aprendizagem e do uso das verbas de acordo com as necessidades apontadas pelo Projeto Político-Pedagógico. 5.3.7 Plano Nacional de Educação (PNE) O Plano Nacional de Educação, de duração decenal, apresenta diretrizes, metas e ações para a política nacional de educação, na perspectiva da inclusão, igualdade e diversidade para a educação brasileira na contemporaneidade. É o documento legal que orienta a utilização das verbas para a educação. É a instituição, também, de um instrumento de avaliação dos planos decenais de educação das diferentes esferas do Poder Executivo, no sentido de garantir a qualidade de ensino para atingir os níveis desejados de aprendizagem. Pretende articular o funcionamento do sistema nacional de educação. 5.3.8 Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) É o programa que visa a atender à meta de aprimorar a qualidade do ensino, dando assistência direta ao aluno, por meio do livro didático. Atualmente os alunos recebem os livros didáticos das diferentes disciplinas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. 5.3.9 Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (Pradime) Programa que visa à reunião dos dirigentes da educação municipal escolar e à discussão das políticas públicas educacionais em suas regiões. Prevê a formação continuada de toda a equipe da educação municipal para que as metas educacionais sejam atingidas por meio da compreensão dos princípios e objetivos da educação escolar no Brasil. 77 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA 5.3.10 Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação (Pró-Conselho) A legislação educacional prevê a instalação dos conselhos municipais de educação como parte da organização e do funcionamento do sistema municipal de educação. O programa é parte da formação necessária ao grupo gestor do município. 5.3.11 Programa de Fortalecimento Institucional das Secretarias Municipais de Educação do Semiárido (Proforti) É um programa com objetivos específicos para a área a ser atendida. É o reconhecimento da diversidade brasileira e das diferentes necessidades para que a educação escolar tenha a qualidade de ensino adequada a sua clientela. 5.3.12 Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) Projeto que prevê a instalação de bibliotecas nas escolas, com o objetivo de possibilitar aos alunos o manuseio de variados materiais de leitura, com a orientação dos professores. A medida é de grande importância, pois estudos sobre a leitura no Brasil revelam dados insatisfatórios sobre a capacidade leitora dos alunos. 5.3.13 Programa Nacional de Reestruturação e Aparelhagem da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (ProInfância) O projeto prevê financiamento para a construção de creches e pré-escolas. Deve ser desenvolvido em parceria com os municípios interessados. 5.3.14 ProInfantil Esse projeto prevê a formação inicial dos professores, uma vez que, em 2012, 0,1% de professores tinha Ensino Fundamental incompleto, num total de 2.095 professores, o que revela a incapacidade do sistema escolar brasileiro de atender às exigências legais. 5.3.15 Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) O cuidado com as crianças e com os adolescentes também prevê programas de saúde, pois a população brasileira ainda precisa lidar com questões delicadas, como gravidez precoce, drogas e doenças sexualmente transmissíveis. 5.3.16 Prova Brasil Reflete a importância da mudança da cultura de avaliação no Brasil e da implantação da avaliação do sistema escolar que está sendo realizada ao longo do tempo e em larga escala, com os objetivos de conhecer a realidade educacional brasileira e apontar índices de qualidade para o desempenho das escolas nacionais. 78 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II 5.3.17 Rede Nacional de Formação Continuada de Professores É um projeto de importância para a educação básica brasileira, pois prevê a formação continuada dos professores que estão atuando na rede pública de ensino. Não é obrigatória para os sistemas de ensino, pois é proposta em forma de parceria e de adesão voluntária dos interessados. 5.3.18 Transporte Escolar É um projeto que atende ao transporte escolar, especificamente, dos educandos que moram na zona rural. 5.3.19 Caminho da Escola É um projeto que atua diretamente no transporte escolar, previsto como dever do Estado com a educação escolar para os educandos que moram a mais de dois quilômetros da escola. 5.3.20 Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) Constitui um projeto com objetivos específicos de transferência de recursos, previstos no Fundeb para o pagamento de despesas de manutenção dos transportes escolares. Saiba mais Para obter mais informações sobre os programas que acabamos de citar, visite o site do MEC: <http://www.mec.gov.br/>. A seguir incluímos outros programas interessantes cujas informações também estão disponíveis no site do MEC: • Mais Cultura nas Escolas; • Juventude Viva; • Crack, é possível vencer; • Fundo de Financiamento Estudantil (Fies); • Mercosul Educacional; • Educação Ambiental; 79 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA • Fórum Nacional de Educação (FNE); • Tecnologia Social. Observe, a seguir, as secretarias e instituições vinculadas ao Ministério da Educação, sobre as quais é possível encontrar mais informações no site do MEC. • Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (Sase); • Secretaria de educação básica (SEB). • Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). • Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec). • Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres). • Secretaria de Educação Superior (Sesu). • Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). • Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). • Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). • Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). • Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). • Colégio Pedro II. • Instituto Benjamin Constant (IBC). • Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). • Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes). • Conselho Nacional de Educação (CNE). Órgãos vinculados OConselho Nacional de Educação tem a tarefa de regulamentar a legislação educacional e orientar a respeito desta, principalmente quanto à organização curricular para o sistema nacional de educação. Os temas, assuntos e conceitos presentes nessa relação revelam os tipos de consultas solicitadas aos 80 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II conselhos de educação e têm o objetivo de obter um esclarecimento ou uma compreensão mais precisa sobre o assunto, a fim de propiciar orientação à tomada de decisões relativas ao cotidiano escolar quanto à manutenção e ao desenvolvimento da educação escolar. A seguir elencaremos os assuntos que o conselho apresenta no site: • acordos, protocolos e tratados internacionais; • acumulação de cargos; • aluno especial/aluno regular; • apostilamento de diplomas – Pedagogia; • aproveitamento/complementação de estudos; • áreas de conhecimento/campos de saber; • avaliação do rendimento escolar; • carga horária; • certificação de estudos; • cobrança de taxas; • colégios de aplicação; • conceito de sede; • convalidação de estudos; • credenciamento/recredenciamento; • cursos de Teologia; • cursos noturnos; • cursos sequenciais no Ensino Superior; • cursos superiores de tecnologia; • custo-aluno qualidade inicial (Caqi); • década da educação; • delegação de competência; • denominações e siglas de IES; 81 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA • direito adquirido dos profissionais da educação; • direitos humanos; • diretrizes curriculares – cursos de graduação; • diretrizes para a educação básica; • descredenciamento voluntário; • educação a distância; • Educação Física – obrigatoriedade da disciplina; • efetivo trabalho escolar; • Ensino Médio e processo seletivo para IES; • ensino militar; • ensino religioso; • equivalência de disciplinas; • equivalência de estudos – exterior; • escolas brasileiras no exterior; • escolas estrangeiras no Brasil; • estágios; • estatutos/regimentos; • Filosofia e Sociologia no Ensino Médio; • financiamento da educação; • formação acadêmica e exercício profissional; • formação de docentes/docência; • frequência/faltas e abono de faltas; 82 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II • hora-aula; • internato – curso de Medicina; • Língua Espanhola; • livre-docência; • notório saber; • pessoa portadora de necessidades especiais; • planos de carreira e remuneração do Magistério; • pós-graduação; • ProJovem – programa nacional de inclusão de jovens recuperação/reforço escolar; • recursos contra decisões de órgãos do MEC; • referenciais orientadores para os bacharelados interdisciplinares e similares; • regime de exercícios domiciliares; • registro de diplomas; • relações étnico-raciais; • reprovação; • revalidação/reconhecimento de diplomas do exterior; • sistemas de ensino; • transferência de alunos; • transversalidade; • vestibulinhos. 83 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Lembrete As informações sobre o funcionamento do sistema nacional de ensino, apresentando as propostas de políticas públicas do MEC, os assuntos tratados pelo Conselho Nacional de Educação e os órgãos administrativos do MEC servem para explicitar a postura do governo diante da população brasileira. 6 NÍVEIS E MODALIDADES DE ENSINO Iniciando a discussão sobre os níveis de ensino da educação básica, vamos apresentar a Educação Infantil como sua primeira etapa, conquista que só foi obtida com a Constituição Federal de 1988. 6.1 Primeira etapa da educação básica: Educação Infantil Seção II Da Educação Infantil Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30. A Educação Infantil será oferecida em: I – creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. Art. 31. A Educação Infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I – avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental; II – carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; III – atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; 84 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II IV – controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; V – expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança (BRASIL, 1996).8 Os artigos que acabamos de ler expressam o reconhecimento da Educação Infantil como parte da educação escolar brasileira, constituindo-se na primeira etapa da educação básica, que deve apresentar estrutura e funcionamento pertinentes ao desenvolvimento infantil (na faixa etária de 0 a 5 anos), com coerência nos registros que faz e nas avaliações que aplica. A lei explicita que a Educação Infantil não apresenta a função de preparar para o Ensino Fundamental. A partir de 2013, a obrigatoriedade e gratuidade da educação escolar inicia-se aos 4 anos. A Lei 9394/96 destaca que, a partir de 2016, a obrigatoriedade de matrícula das crianças de 4 e 5 anos, 2º nível da Educação Infantil, deve ser implementada em todo o território nacional. As alterações apresentadas no texto legal refletem a importância do espaço escolar para a criança e seu crescimento, instituindo carga horária mínima anual de 800 horas, distribuídas em 200 dias letivos, nos quais pode ocorrer turno parcial, de 4 horas, ou jornada integral, de 7 horas. É ressaltada na lei a importância do controle de frequência e dos registros para transferência. Tabela 3 – Número de matrículas na educação básica por modalidade e etapa de ensino – Brasil (2012) Ensino regular – Educação Infantil Localização Total Creche Pré-Escola Total 7.295.512 2.540.791 4.754.721 Urbana 6.435.986 2.397.110 4.038.876 Rural 859.526 143.681 715.845 Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE). Fonte: Inep (2013, p. 15). O número de matrículas na Educação Infantil indica atendimento maior na pré-escola e menor na creche. O atendimento ocorre também na zona rural, além da urbana. Os dados comprovam que há uma evolução na compreensão do papel da Educação Infantil como parte da educação escolar, embora ainda haja um caminho a percorrer para o atendimento à população dessa faixa etária. 6.2 Segunda etapa da educação básica: Ensino Fundamental Dando continuidade ao processo educativo iniciado na Educação Infantil, o Ensino Fundamental, anos iniciais e anos finais, constitui a continuidade do processo de aprendizagem, objetivando o 8 Texto com modificações promovidaspela Lei n° 12.796/2013. 85 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA aprofundamento dos estudos iniciados na etapa anterior. Não deve ser entendido como etapa a mais a ser cumprida na educação básica, mas como parte integrante da formação básica do cidadão brasileiro. Leia o trecho que segue. Seção III Do Ensino Fundamental Art. 32. O Ensino Fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. § 1º. É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o Ensino Fundamental em ciclos. § 2º. Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no Ensino Fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. § 3º. O Ensino Fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. § 4º. O Ensino Fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. § 5º. O currículo do Ensino Fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo 86 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. § 6º. O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do Ensino Fundamental. Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. § 1º. Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2º. Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. Art. 34. A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. § 1º. São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 2º. O Ensino Fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (BRASIL, 1996).9 O Ensino Fundamental, devido à nova conceituação de Educação Infantil, deixa de ser visto como o único nível educacional obrigatório e passa a ser considerado como mais uma fase de estudos (a da educação dos 6 aos 14 anos). Essa fase, apesar de ser complemento da educação iniciada na primeira infância, diferencia-se da Educação Infantil, como podemos constatar pelas características próprias que a definem e organizam, conforme lemos na Seção III. Convém ainda dizer que o Ensino Fundamental permanece como nível de ensino com o maior número de matrículas e propicia a continuidade de estudos ao aluno, com vistas ao aprofundamento do que foi iniciado na Educação Infantil. 9 Texto com modificações promovidas pelas leis 9.475/1997, 11.274/2006, 11.525/2007 e 12.472/2011. 87 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA Tabela 4 – Número de matrículas na educação básica por modalidade e etapa de ensino – Brasil (2012) Ensino regular – Ensino Fundamental Localização Total Anos iniciais Anos finais Total 29.702.498 16.016.030 13.686.468 Urbana 25.313.692 13.162.350 12.151.342 Rural 4.388.806 2.853.680 1.535.126 Nota: não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE). A Tabela 4 apresenta o número de matrículas no Ensino Fundamental, anos iniciais e anos finais, em 2012, zona urbana e zona rural. Os números demonstram que a defasagem idade-série ainda está presente no atendimento do Ensino Fundamental. Isso porque o número de matrículas nos anos iniciais é superior ao dos anos finais, fato que provavelmente esteja ligado à reprovação e/ou à evasão escolar. É notável também o fato de que o número de matrículas na zona urbana é superior ao da zona rural. 6.3 Etapa final da educação básica: Ensino Médio A seguir trataremos da última etapa da educação básica, o Ensino Médio, que deve ser entendido como a etapa de consolidação dos estudos realizados. O conceito de educação básica se realiza nesse nível, que não deve ser entendido como um conjunto de etapas estanques, mas, ao contrário, como um processo de escolarização que se desenvolve ao longo desse nível de ensino. Leia o trecho que segue. Seção IV Do Ensino Médio Art. 35. O Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; 88 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Art. 36. O currículo do Ensino Médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: I – destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a Língua Portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II – adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes; III – será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do Ensino Médio. § 1º. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do Ensino Médio o educando demonstre: I– domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna; II – conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; § 3º. Os cursos do Ensino Médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos. Seção IV A Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Art. 36 A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o Ensino Médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de Ensino Médio ou em cooperação com instituições especializadas em educação profissional. Art. 36 B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: 89 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA I – articulada com o Ensino Médio; II – subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o Ensino Médio. Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível médio deverá observar: I – os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; II – as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; III – as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. Art. 36 C. A educação profissional técnica de nível médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36 B desta Lei, será desenvolvida de forma: I – integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o Ensino Fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno; II – concomitante, oferecida a quem ingresse no Ensino Médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e podendo ocorrer: a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. Art. 36 D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação superior. Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada, concomitante e subsequente, quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996).10 10 Texto com modificações promovidas pelas leis 11.684/2008 e 11.741/2008. 90 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 Unidade II O Ensino Médio, etapa final da educação básica, representa a consolidação dos estudos do aluno ao longo desse nível de ensino. O texto apresenta o Ensino Médio de nível técnico, que está organizado paralelamente ao Ensino Médio e não se confunde com ele. Tabela 5 – Número de matrículas na educação básica por modalidade e etapa de ensino – Brasil (2012) Ensino regular – Ensino Médio e educação profissional (concomitante e subsequente) Localização Ensino Médio Educação profissional Total 8.376.852 1.063.655 Urbana 8.054.373 1.029.062 Rural 322.479 34.593 Notas: 1. Não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE). 2. Ensino Médio: inclui matrículas no Ensino Médio integrado à educação profissional e no Ensino Médio Normal/Magistério. O número de matrículas no Ensino Médio no Brasil é bem inferior ao do Ensino Fundamental. Isso representa que o conceito de educação básica, aquela que ocorre do início da Educação Infantil até o fim do Ensino Médio, ainda não constitui uma realidade em nosso país. 6.4 Modalidades de ensino 6.4.1 Educação de Jovens e Adultos A Educação de Jovens e Adultos tem representado um desafio para a educação brasileira. Apesar de todo o respaldo legal que a Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 9.394/96 apresentam quanto à obrigatoriedade da oferta dessa modalidade de educação aos que ainda não completaram a Educação Básica, inclusive aos que não estudaram na faixa etária própria, o número de alunos matriculados não atende ao contingente de jovens e adultos que ainda não completaram a educação básica, assim como o número de analfabetos ou alfabetizados funcionais do Brasil. Dados educacionais publicados pela imprensa demonstram que 8,7% dos jovens acima dos 15 anos são analfabetos. No Brasil, esse número representa um total de 13,1 milhões de brasileiros. A reportagem mostra ainda que a região Nordeste concentra metade dessa população (LEAL, 2013). Nesse sentido, podemos entender a importância dessa modalidade de ensino para a educação brasileira como um benefício capaz de atingir o Brasil de modo mais fundamental. Seção V Da Educação de Jovens e Adultos Art. 37. A Educação de Jovens e Adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria. § 1º. Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades 91 PE D - Gi ov an a/ Ju lia na - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 5/ 11 /2 01 3 POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. § 2º. O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. § 3º. A Educação de Jovens e Adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento.11 Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º. Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I – no nível de conclusão do Ensino Fundamental, para os maiores de quinze anos; II – no nível de conclusão do Ensino Médio, para os maiores de dezoito anos. § 2º. Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames (BRASIL, 1996). A Seção V é a descrição da oferta da educação básica para os que não estudaram ou concluíram os estudos na faixa etária proposta pela lei e da obrigatoriedade de oferta desse ensino pelo Estado. Há a preocupação de atender aos alunos de forma que concilie estudos e trabalho, assim como às necessidades específicas dos jovens e adultos. Tabela 6 – Número de matrículas na educação básica por modalidade e etapa de ensino – Brasil (2012) Ensino regular – Educação de Jovens e Adultos (presencial e semipresencial) Localização Fundamental Médio Total 2.561.013 1.345.864 Urbana 2.117.775 1.318.038 Rural 443.238 27.826 Notas: 1. Não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar e Atendimento Educacional Especializado (AEE). 2. Educação de Jovens e Adultos: inclui matrículas de EJA presencial, semipresencial, EJA presencial de nível fundamental
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