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Capítulo do livro Assistência ao Recém Nascido de Risco, editado por Paulo R. Margotto, 2a Edição, 2004

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FISIOTERAPIA 
 
Verônica Alves Corrêa de Oliveira/Maria Elizabeth Corrêa Santos 
 
Capítulo do livro Assistência ao Recém-Nascido de Risco, editado por 
Paulo R. Margotto, 2
a
 Edição, 2004 
 
 
 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA 
 Tem por objetivo manter vias aéreas pérvias, prevenir as complicações 
pulmonares e melhorar a função respiratória nas patologias que acometem o período 
neonatal. 
 O neonato apresenta algumas peculiaridades estruturais e funcionais que prejudicam 
a eliminação de secreção das vias aéreas, tais como mecânica respiratória pouco eficiente na 
manutenção do volume pulmonar, vias aéreas mais estreitas, deficiência de ventilação 
colateral (menor quantidade de poros de Lambert e Kohn) e imaturidade do mecanismo da 
tosse. 
 Uma série de fatores podem comprometer a depuração das vias aéreas, esgotando a 
capacidade dos mecanismos de mantê-las limpas, causando a retenção de secreções.Entre as 
principais causas destacam-se aquelas que aumentam a produção ou alteram as 
características do muco e as que prejudicam o movimento mucociliar. 
 
Alteração da permeabilidade de vias aéreas: 
-Intubação traqueal 
-Traqueobroncomalácia 
-Estemoses traqueais 
-Estenoses ou edema subglótico 
Aumento da quantidade de secreção pulmonar: 
-Processos inflamatórios 
-Pneumonias 
-Doença pulmonar crônica 
-Barro/volutrauma 
-Uso de gases com umidificações e aquecimento inadequados 
-Uso de altas concentrações de oxigênio 
-Oferta hídrica inadequada: hiper ou hipohidratação 
Inibição ou diminuição do reflexo de tosse: 
-Uso de drogas sedativas e/ou analgésicas 
-Lesão do sistema nervoso central 
-Distúrbios músculo esqueléticos 
-Dreno torácico 
-Pós-operatório de cirurgia abdominal e torácica 
 
Indicação: 
 Indicam-se manobras de higiene brônquica para auxiliar a recuperação dos 
problemas respiratórios associados aos pós-operatórios, às lesões neurológicas e a própria 
doença dos pulmões, sempre que a secreção em vias aéreas for um fator agravante e que 
leve às alterações na função pulmonar.As doenças ou condições nas quais a fisioterapia 
respiratória pode ser indicada são: 
-Síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido 
-Síndrome da aspiração de mecônio 
-Displasia broncopulmonar 
-Pneumonias neonatais 
-Pós-operatório 
-Doenças neuromusculares 
Não há um consenso na literatura sobre o melhor critério para indicar as manobras de 
higiene brônquica.Inicia-se a fisioterapia respiratória se, mesmo após a aspiração de vias 
aéreas observa-se a persistência dos seguintes sinais clínicos e laboratoriais: 
-Secreção visível em vias aéreas ou na cânula traqueal 
-Presença de roncos ou estertores grossos localizados ou difusos na ausculta pulmonar 
-Imagens radiológicas sugestivas de retenção de secreção em vias aéreas inferiores como 
atelectasias 
-Deteriorização aguda da função pulmonar (hipoxemia e/ou hipercapnia), acompanhada de 
sinais clínicos de aumento do trabalho respiratório ou da diminuição do volume corrente 
efetivo, se disponível a monitorização da mecânica respiratória. 
 Deve-se ressaltar que na maioria dos recém-nascidos uma boa posição e a 
manutenção do volume pulmonar são mais benéficas do que o uso de manobras 
estressantes.Antes de iniciar qualquer intervenção é fundamental estabelecer um programa 
de atendimento fisioterápico, que inclui a definição clara dos objetivos terapêuticos, 
determinação das prioridades e a aplicação rigorosa das técnicas escolhidas. Além disso, o 
programa deve prever a reavaliação contínua da efetividade e da eficácia das técnicas 
utilizadas e a ocorrência de complicações, no sentido de modificar as estratégias de 
atendimento de acordo com a evolução do quadro.Tal programa se inicia com a avaliação 
cuidadosa do paciente.É de suma importância que se conheça: 
-História obstétrica e materna do RN; 
-Idade gestacional; 
-Peso ao nascimento; 
-Boletim de Apgar; 
-Tipo e condições do parto; 
-Doença pulmonar de base. 
A avaliação do RN consta de: 
Inspeção: 
Na inspeção devemos observar: 
-Postura e tônus muscular; 
-Comportamento e estado do sono: 
Na avaliação do quadro respiratório interessa o reconhecimento de um estado em particular 
do sono, o ativo, em que ocorre o movimento ocular rápido (REM), caracterizado pela 
diminuição generalizada do tônus muscular, incluindo os músculos respiratórios, 
propiciando o aparecimento de distorções da caixa torácica, que diminuem a efetividade 
dos movimentos respiratórios e predispõem a ocorrência de fadiga muscular.Sabe-se que os 
bebês prematuros permanecem cerca de 80 do tempo de sono neste estado. 
 
Condições da pele: 
-Devem ser observadas sua integridade, presença de contusões, lacerações e presença de 
drenos torácicos que geralmente causam dor e podem limitar a expansibilidade 
torácica.Verificar, ainda, se há alterações na coloração da pele, tais como palidez e cianose. 
 
Temperatura: 
-O recém-nascido deve ser mantido em ambiente térmico neutro, no qual as demandas 
metabólicas são mínimas.A temperatura axilar deve ser mantida entre 36,5 e 37 C. O 
manuseio deve ser rápido e cuidadoso para evitar variações acentuadas na temperatura e os 
efeitos adversos da hipotermia. 
 
Avaliação do quadro respiratório: 
 
-Cianose- Pode estar presente sob duas formas: periférica ou central. 
-Configuração da caixa torácica- A expansibilidade deve ser simétrica e apresentar um 
deslocamento satisfatório da caixa torácica, cerca de 0,5 cm de elevação em nível do 
esterno. 
-Padrão respiratório- Observar o ritmo e a profundidade das respirações, como a presença 
de taquipnéia, pausas respiratórias ou episódios de apnéia. 
-Retrações da caixa torácica- As retrações intercostais, subcostais, xifóideas e esternais 
são manifestações clínicas observadas nos neonatos com insuficiência respiratória. Os 
neonatos apresentam uma péssima dinâmica respiratória, com costelas situadas 
horizontalmente em relação ao diafragma, predomínio de estruturas cartilaginosas. Além 
disso, o diafragma se fixa perpendicularmente nas costelas.Junto a isso, o recém-nascido, 
apresenta maior quantidade de sono tipo REM. 
-Batimento de asa nasal-O recém-nascido apresenta uma respiração basicamente nasal e 
por um mecanismo reflexo nos períodos de dificuldade respiratória, observa-se uma 
dilatação das narinas.Tal mecanismo ocorre na fase inspiratória do ciclo respiratório e tem o 
intuito de diminuir a resistência de vias aéreas em nível nasal. 
 
Palpação: 
A palpação da caixa torácica é importante para verificar a presença de edema, enfisema 
subcutâneo e eventualmente fraturas de costelas.Atentar para os músculos acessórios da 
respiração (esternocleidomastóideo e trapézio) que podem ser palpáveis nas situações em 
que a atividade do diafragma torna-se insuficiente para manter a ventilação. 
 
Ausculta: 
 Procurar auscultar as áreas correspondentes a todas as regiões pulmonares, 
mantendo sempre que possível a cabeça do bebê na linha média. É fundamental o 
reconhecimento de sons que indicam a presença de secreção na árvore respiratória, com 
roncos e estertores grossos e médios, e sons que apontam para um possível estreitamento de 
vias aéreas, como 
expiração prolongada e sibilos inspiratórios e expiratórios. Além disso, devem ser 
identificadas as anormalidade quantitativas, com diminuição ou abolição ou, ainda, 
assimetria de sons. 
-Gemido expiratório- É um sinal característico do período neonatal, podendo ser audível 
com ou sem o auxílio de estetoscópio na fase expiratória da respiração. Tal sinal ocorre em 
conseqüência da constrição aonível da laringe (cordas vocais) e tem como objetivo 
aumentar a 
capacidade residual funcional, diminuindo, assim, as alterações da relação ventilação, 
perfusão. 
-Avaliação de outros sistemas- O sistema cardio vascular interrelaciona-se com o pulmonar 
,tanto anatômica como fisiologicamente. Assim, o pulso, a freqüência cardíaca, a pressão 
arterial e a perfusão periférica devem ser monitorados cuidadosamente, já que as manobras 
fisioterápicas podem afetar o estado hemodinâmico. Quanto ao sistema músculo-
esquelético, é importante reconhecer a presença da osteopenia da prematuridade, que requer 
cuidado redobrado durante o manuseio. Quanto ao sistema neuromuscular é importante 
saber se há hemorragia peri/intraventricular e leucomalácia periventricular. 
 
Devem ser observados os parâmetros iniciais do respirador, tais como: 
-frequência respiratória, o tempo inspiratório e expiratório e a relação I/E;. 
-pressão inspiratória máxima.; 
-fluxo de O2; 
-fração inspirada de O2; 
-pressão positiva expiratória final (PEEP); 
-modalidade ventilatória - A/C –SIMV – IMV; 
-temperatura do aquecedor. 
 
Recomenda-se atualmente que a temperatura dos gases inspirados na entrada do tubo 
endotraqueal deva se situar entre 32C e 34C e 100 de umidade relativa equivalente a 
uma umidade absoluta de 34 a 37 mg H2O/L. A umidificação inadequada dos gases 
inalados pode causar disfunção e destruição ciliar, ulcerações , inflamações nas vias aéreas, 
e ressecamento da mucosa e do muco, levando a uma maior retenção de secreções. 
 
Técnicas Fisioterapêuticas: 
 
-Drenagem postural: 
Tem como pré-requisito o conhecimento da conformação da árvore brônquica, pois para 
cada área específica do pulmão há um postura de drenagem correspondente a ação da 
gravidade que, aliada ao posicionamento do bebê, facilita a drenagem das secreções de 
regiões mais periféricas para brônquios de maiores calibres de onde podem ser mais 
facilmente removidas.Tal manobra pode ser utilizada isoladamente ou em associação a 
vibrocompressão. A postura de drenagem para neonatos, além de restrições com a presença 
de drenos torácicos ou cateter umbilical, deve ser adaptada a cada caso específico: 
Assim, recomendam-se os seguintes princípios: 
-Procurar inserir as manobras de higiene brônquica dentro de um protocolo de manipulação 
mínima. 
-Está contra-indicado a posição de Trendelenburg, já que no recém-nascido, em particular 
no prematuro, o controle do fluxo sangüíneo cerebral é limitado e nesta posição , ocorrem 
variações no fluxo sangüíneo sistêmico e cerebral, predispondo a ocorrência tanto de lesões 
isquêmicas (leucomalácia periventricular) como das hemorrágicas (hemorragia 
peri/intraventricular). Esta posição está contra-indicada nas situações que cursam com 
aumento da pressão intracraniana, como na encefalopatia hipóxico-isquêmica, hemorragias 
intracranianas graves, hidrocefalias não tratadas, pós-operatório de cirurgias intracranianas 
e oculares. Além disso, essa manobra não é recomendável nos recém-nascidos de extremo 
baixo peso, na hemorragia pulmonar e devido ao risco de aspiração do conteúdo gástrico 
nos pacientes que apresentam refluxo gastroesofágico. 
-O decúbito ventral está contra-indicado nos pacientes com distensão abdominal grave (íleo 
infeccioso, enterocolite necrosante), no pós-operatório de cirurgias abdominais ou cardíacas 
e nos defeitos de fechamento da parede abdominal onfalocele e gastrosquise). 
-A duração de cada posição de drenagem depende da tolerância do paciente. De uma forma 
geral, o recém-nascido é mantido em cada posição durante 2 a 5 minutos, quando associado 
a percussão e/ou vibração, ou cerca de 15 minutos se a manobra é aplicada 
isoladamente.Durante o procedimento, os sinais vitais devem ser monitorados 
continuamente. 
-A alternância periódica dos decúbitos, além de ser benéfica na melhora da função 
pulmonar e favorecer o desenvolvimento neurossensorial e psicomotor, propicia maior 
conforto ao bebê e previne a formação de escaras de decúbito. Por exemplo, vários estudos 
demonstraram vantagens da postura prona com relação à supina no sentido de otimizar a 
mecânica ventilatória de neonatos com insuficiência respiratória .Nessa posição, a caixa 
torácica torna-se mais estável e observa-se melhor acoplamento tóraco-abdominal, 
favorecendo os músculos respiratórios a expandir o tórax, além de minimizar as distorções 
da caixa torácica que podem ocorrer durante o sono REM. Estes fatos proporcionam 
aumento do volume corrente com melhora da oxigenação arterial e da complacência 
pulmonar. 
-Evitar que o neonato fique na mesma posição por período prolongado. Por exemplo, 
normalmente o RN é mantido em decúbito dorsal por dias. Nesta posição somente a porção 
anterior dos segmentos superiores é drenada e, com o tempo, progressivamente, os lobos 
inferiores sofrem hipoventilação. 
-A decisão de qual segmento ou lobo pulmonar deve ser drenado e conseqüentemente a 
escolha da postura correta é baseada na avaliação clínica cuidadosa e na análise dos raios X 
de tórax. 
-No decúbito lateral em recém-nascidos observa-se diminuição da ventilação no pulmão 
dependente. Tal recurso tem sido utilizado para promover a hipoventilação localizada, 
colocando o neonato em decúbito lateral com o lado comprometido na posição dependente, 
nos casos de enfisema intersticial localizado, pneumotórax unilateral não hipertensivo, 
enfisema lobar congênito unilateral, e para diminuir o fluxo de gases na fistula bronco-
pleural. Além disso, nas situações de atelectasia pode-se posicionar o bebê em decúbito 
lateral com a região comprometida do lado não dependente para favorecer a ventilação e 
insuflar o pulmão ou segmento pulmonar atelectático. 
 
Vibrocompressão: 
 A vibração manual consiste em posicionar a mão espalmada na parede do tórax 
sobre o segmento pulmonar a ser drenado.A seguir, iniciam-se as contrações isométricas 
dos músculos do antebraço e mão que produzirão a energia cinética sob forma de 
movimentos vibratórios, a qual será transmitida para o interior do tórax. E, por fim, desliza-
se a mão em direção ao brônquio fonte correspondente respeitando a anatomia das 
costelas.Durante a realização de tal manobra, procurar manter a mão em contato com a 
parede torácica. A vibrocompressão deve ser aplicada somente na fase expiratória do ciclo 
respiratório espontâneo ou mecânico. Esta manobra está contra-indicado nos recém-
nascidos de extremo baixo peso, na presença de enfisema intersticial não drenado e na 
hemorragia pulmonar. 
 
-Manobra que interfere no fluxo expiratório: 
 Está fundamentada no princípio da aceleração do fluxo expiratório, baseadas na 
fisiologia da tosse, ou seja, o objetivo principal é o de gerar uma alta velocidade de fluxo de 
gás na fase expiratória com intuito de desprender as secreções aderidas na parede da árvore 
respiratória.Utiliza-se a insuflação pulmonar fisiológica durante a respiração espontânea ou 
a mecânica durante a ventilação pulmonar mecânica. O aumento do fluxo expiratório é 
alcançado através de um movimento tóraco-abdominal sincronizado. Tal manobra inicia-se 
ao final da inspiração e estende-se pela fase expiratória, não ultrapassando os limites 
fisiológicos do recém-nascido.Esta técnica é uma alternativa para os pacientes debilitados e 
instáveis que necessitam da remoção de secreção das vias aéreas, pois dispensa as 
mudanças de decúbito, como acontece com as outras manobras convencionais.Além disso, 
este recurso fisioterápico pode ser utilizado em crianças com refluxo gastroesofágico, desde 
que seja realizado na posição prona e longe das mamadas. A manobra está contra-indicada 
nos casos de instabilidadehemodinâmica, hipertensão intracraniana, hemorragia 
peri/intraventricular grave, osteopenia da prematuridade e distúrbios hemorrágicos. 
 
Reequilíbrio tóraco abdominal –Método RTA 
 Quando se refere a um distúrbio respiratório, freqüentemente aborda-se a doença 
pulmonar em primeiro plano. Porém, deve-se estar atento ao fato de que o tórax é uma 
“bomba” e o pulmão é pouco efetivo sem esta “bomba” para movê-lo 
 Dentro das técnicas de fisioterapia respiratória, é reconhecido um método que 
incentiva a ventilação pulmonar por meio da normalização do tono, comprimento e força 
dos músculos respiratórios. O método reequilíbrico torácico abdominal apóia-se no 
entendimento de que as disfunções respiratórias resultam em alterações musculares, 
posturais e sensoriomotoras. 
 Este método foi assim denominado porque as alterações mecânicas resultantes de 
doenças pulmonares demonstram um desequilíbrio de forças entre os músculos acessórios 
da inspiração e expiração. Essas disfunções musculares modificam a configuração do 
tronco, alteram a geometria do tórax e do abdome bem como dificultam o funcionamento 
normal do diafragma e músculos acessórios, inspiratórios e expiratórios. 
Técnica: 
 A técnica deste método consiste de um manuseio dinâmico sobre o tronco, em que o 
terapeuta deve atuar no sentido de suprir as falhas dos músculos respiratórios oferecendo 
pontos fixos, apoios e alongamento muscular para facilitar o funcionamento muscular 
normal. 
 O método RTA aborda a desobstrução brônquica por meio de incremento 
ventilatório, movimentação fina e qualitativa do tórax e normalização da tonicidade 
abdominal. 
 
EVITAR: 
 
 - Flexão de pernas sobre tronco, 
 - Hiperextensão e hiperflexão cefálica 
 -Fraldas apertadas (dificultando a projeção das vísceras 
 para frente com conseqüente diminuição 
 da expansibilidade diafragmática) 
- Rotação do pescoço- Em decúbito dorsal, manter a cabeça na linha média e elevada à 30, 
pois nesta situação a pressão intracraniana é menor. Rotação abrupta da cabeça para o lado 
causa obstrução da veia jugular ipsilateral e aumento na pressão intracraniana. 
 
 Considerando-se a imaturidade da árvore brônquica dos RN prematuros, pode-se, 
através da estimulação global do RN, promover uma resposta a nível de tono muscular, 
principalmente dos músculos inspiratórios e pela conseqüente estimulação dos centros 
bulbares, incrementar a atividade respiratória. A estimulação do diafragma mecanicamente 
através da mobilização passiva de sua inserções a nível da coluna lombar, arcos costais 
internos e externos é amplamente conhecido pelos médicos neonatologistas em casos de 
apnéias transitórias dos recém-nascidos pré-termos. 
 Também a estimulação sistemática dos reflexos nos RN pré-termos promove uma 
maior atividade das estruturas encefálicas, contribuindo para sua maturação. Assim um 
reflexo de preensão palmar , quando estimulado, estabelece uma sucção mais eficaz e vice-
versa, por exemplo, sempre que se quer estimular a motricidade residual de grupos 
musculares ou músculos específicos, o fisioterapeuta pode dirigir as respostas motoras do 
RN para esta finalidade, através da estimulação reflexa. Em alguns casos de paralisia facial, 
utilizam-se os reflexos de procura e sucção por estimulo tátil, térmica ou proprioceptiva nos 
territórios afetados com resultados visíveis, pela abordagem precoce já na Unidade de 
Neonatologia e, na continuidade, ao se orientar as mães. 
 
ESTIMULAÇÃO TÁTIL E CINESTÉSICA 
 A intervenção por meio de estímulo táteis suaves ao longo do corpo do bebê e da 
estimulação cinestésica com movimentos passivos articulares pode ser benéfica ao RNPT, 
propiciando um maior ganho de peso diário, uma melhor qualidade do estado de alerta, 
habituação e tono muscular. Field e cl (12) verificaram que a estimulação tátil e cinestésica 
pode facilitar o crescimento e a organização comportamental em RNPTs. 
 A estimulação tátil parece ser benéfica quanto à redução na incidência de episódios 
de apnéias e bradicardia. 
 O toque suave pode ter apenas o objetivo de proporcionar ao bebê uma experiência 
não dolorosa. Em um estudo realizado com bebês mecanicamente ventilados, foi verificado 
que a simples colocação das mãos sobre o abdome e a cabeça do bebê proporcionou 
melhoras nas respostas da atividade motora e interferiu no período de duração da ventilação 
mecânica, reduzindo o período de intubação. 
 Entretanto é necessário ressaltar que essas intervenções sejam realizadas 
respeitando-se o estado comportamental em que o bebê se encontra. Há bebês, 
principalmente RNPRs extremos em situação clínica instável que podem não tolerar o 
manuseio, apresentando respostas fisiológicas negativas, tais como hipoxemia, bradicardia, 
apnéia e irritabilidade. 
 Os pais devem ser incentivados a tocar o seu bebê e visita-lo com freqüência, sendo 
isto benéfico para se reestabelecer o vínculo na relação pais/bebê e acelerar a sua 
recuperação. 
 
Teoria Síncrono – Ativa: 
 Desenvolvida pela Doutora Heidelise Als, mostra que nosso funcionamento 
compreende vários níveis, os subsistemas autonômico, motor, de estados comportamentais, 
de atenção/interação .Cada um desses sistemas está estreitamente relacionado com os outros 
e com o meio, ou seja, trata-se de um funcionamento sinático onde os subsistemas não 
somente existem lado a lado, mas interagem entre si, dando suporte e reforçando um ao 
outro em busca do estado de equilíbrio (homeostase) 
 A tarefa primária do bebê pré-termo é a obtenção da homeostase, apesar da ampla 
variedade de estímulos que são lançados em subsistemas que não estão prontos para tal 
estimulação . Esses estímulos estão alterando, para melhor ou para pior, a real estrutura do 
cérebro.O cuidador, na UTI neonatal, poderá usar as respostas do pré-termo em cada um 
dos subsistemas, por meio da modulação dos estímulos e da facilitação das respostas do 
bebê, de forma a adequar o “gasto energético” e favorecer o desenvolvimento. 
Como proceder ante os sinais de estresse: 
*Fazer uma pausa, de modo a aguardar que o próprio bebê dê um sinal para continuar a 
interação ou o procedimento; 
*Instituir manobras de organização, observando as respostas do bebê diante delas; 
*Suspender a interação ou o procedimento, caso o bebê não responda adequadamente às 
duas manobras anteriores e continue a apresentar sinais de estresse. 
 
 
ASPIRAÇÃO 
 As alterações fisiológicas induzidas pela aspiração ainda são pouco conhecidas. 
Sabe-se, no entanto, que decorrem da interrupção da ventilação mecânica e da presença do 
cateter em vias aéreas. A desconexão entre o paciente e o aparelho leva à perda da 
capacidade residual funcional e do volume pulmonar que resultam em hipoxemia 
hipercapnia. Esses efeitos podem ser minimizados com uso do sistema fechado para 
aspiração traqueal. Com relação aos efeitos cardiovasculares, admite-se, atualmente, que 
não sejam somente uma resposta fisiológica à hipoxemia. As alterações da pressão arterial e 
do ritmo cardíaco parecem ser mediadas pelo sistema nervoso autônomo através da 
estimulação dos receptoressimpáticos e parassimpáticos localizados nas vias aéreas 
proximais pelo cateter de aspiração . A ativação dos primeiros resultaria em vasoconstrição 
periférica e aumento da pressão arterial, enquanto que as bradarritmias seriam decorrentes 
da estimulação do sistema parassimpático.Essas respostas podem ser críticas no período 
neonatal, em particular nos recém-nascidos pré-termos e naqueles que cursam com 
encefalopatiahipóxico-isquêmica, já que nesses pacientes a irrigação do cérebro torna-se 
“pressão-passiva” em conseqüência da perda da auto-regulação do fluxo sangüíneo . Nessa 
condição, a perfusão cerebral fica exposta às flutuações da pressão arterial sistêmica, 
aumentando os riscos do aparecimento de lesões tanto isquêmicas como hemorrágicas. 
Vário estudos relatam aumento do fluxo sangüíneo cerebral e da pressão intracraniana 
durante a aspiração traqueal. 
 A aspiração das vias aéreas tornou-se de tal maneira rotineira em UTI, que existe 
uma tendência a esquecer suas complicações e riscos. Mesmo quando realizada 
apropriadamente, a aspiração é um procedimento que envolve cuidados e obediências e 
certos rigores técnicos. Sua indicação baseia-se na evidência de sinais diretos ou indiretos 
de acúmulo de secreção nas vias aéreas ou tubo endotraqueal. 
 Com base nesses sinais é que se vai determinar a freqüência das aspirações. A 
aspiração remove não só a secreção como também os gases na árvore traqueobrônquica e 
alveolar, dependendo da maneira como é realizada. A quantidade de oxigênio disponível à 
circulação arterial pode ser severamente reduzida se a aspiração se prolongar por mais de 10 
segundos. Baseado nisto devemos aumentar em 20% de oxigênio antes de cada 
aspiração. Aspirações prolongadas e repetidas na ausência de secreção traqueal 
determinam freqüentemente a ocorrência de traqueíte. Isto ocorre principalmente quando a 
aspiração é desnecessária. Durante a aspiração, a pressão negativa gerada pode fazer com 
que a mucosa seja sugada através dos orifícios do catéter e com a movimentação do catéter, 
esses pequenos fragmentos de mucosa são deslocados da parede traqueal. A oclusão da via 
aérea pela presença de calibre exagerado da sonda de aspiração é causa de hipoxemia e 
microatelectasias,. Existe o risco de infecção por contaminação ou bacteremia decorrente da 
falta de cuidado com assepsia durante a realização da técnica. 
Cuidados antes do procedimento: 
-Falar suavemente antes de tocar, observando como o bebê reage a essa estimulação; 
-Posicionar e dar contenção elástica; 
-Evitar mudanças súbitas de postura; 
-Respeitar o estado comportamental do bebê, se estiver protestando ou chorando, consola-lo 
completamente antes da realização do procedimento.Quando um procedimento que causa 
diminuição da oxigenação é logo seguido por outro, o período de hipoxemia é maior, e a 
habilidade de recuperação espontânea fica diminuída. 
 
MATERIAL: 
 Todo material a ser utilizado deverá ser separado no início do tratamento 
fisioterápico. Serão necessários: 
 - Aspirador a vácuo com manômetro de parede ou elétrico 
 - Látex para cada RN (individual) 
 - Luvas estéreis descartáveis 
 - Sonda de aspiração traqueal (correspondente ao tubo) 
 - Soro fisiológico em seringa de 3ml ou 5 ml 
 - Medida da sonda (para aspiração do tubo) - obrigatório 
 - Água destilada para lavagem da sonda 
 - Gaze estéril (para limpeza da sonda se necessário) 
 
 
 
TÉCNICA DE ASPIRAÇÃO: 
Esta técnica é um procedimento realizado com rigor asséptico, sendo necessário 
duas pessoas para realizar aspiração no tubo endotraqueal. Durante a aspiração, deve-se 
monitorizar continuamente a freqüência cardíaca e a saturação de O2, quando for possível. 
Os efeitos deletéricos da aspiração podem ser minimizados aumentando-se a fração 
inspiratória de oxigênio (FiO2) em 20% de seu valor inicial, previamente a realização da 
técnica. Para neonatos, recomenda-se o uso de pressões negativas entre 7 cm H2O a 12 cm 
H2O. O bebê deve estar posicionado em decúbito dorsal com o pescoço na posição neutra. 
Para aspirar o brônquio fonte direito, deve-se virar a cabeça para o lado esquerdo e vice-
versa. Introduzir a sonda com o vácuo fechado, não ultrapassando a medida previamente 
marcada na sonda. A duração desta manobra deve ser mínima, não ultrapassando 10 
segundos. Depois disso retirar a sonda com movimentos rotatórios suaves. Em caso de 
secreção muito espessa, instilar soro fisiológico para fluidificá-la. Aspirar cavidade nasal e 
boca a seguir. 
 
POSICIONAMENTO 
Alternar os decúbitos com certa freqüência (de 2 a 4 horas) e posicionar 
corretamente o bebê,podem ser procedimentos benéficos tanto para o aparelho respiratório, 
prevenindo a estase de secreções, funcionando com um estímulo para a parede torácica e 
facilitando a reexpansão pulmonar em áreas atelectasiadas, quanto para o desenvolvimento 
neurosensorial e psicomotor do bebê, além de propiciar um maior conforto e evitar escaras 
de decúbito. 
 
POSICIONAMENTO EM DECÚBITO VENTRAL 
 Posicionar o bebê em decúbito ventral significa oferecer melhor estabilidade à caixa 
torácica e conseqüentemente, maior acoplamento torácico abdominal, facilitando aos 
músculos respiratórios a expansão do tórax altamente complacente dos RN pré-termos. 
Nesta postura, a musculatura recebe maior estímulo tátil e proprioceptivo, tornando-o mais 
efetivo. Quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor, o posicionamento em prono facilita 
uma postura mais flexora pela ação da gravidade, e o RN permanece mais tempo em estado 
de sono quieto, desorganiza-se menos e chora com menor freqüência. O decúbito ventral 
minimiza os efeitos do reflexo gastroesofágico e reduz os riscos de aspiração. 
 No entanto, a posição da cabeça pode alterar a resistência ao fluxo aéreo por 
deformação das vias aéreas superiores e do tubo endotraqueal além de limitar a excursão 
abdominal por tempo prolongado podendo aumentar o trabalho respiratório. 
 
 
POSICIONAMENTO EM DECÚBITO DORSAL 
 O RN fica mais desorganizado, sendo este posicionamento mais freqüente, no 
momento da aspiração , ou quando alguma patologia não permite que se coloque o RN em 
prono, como nos primeiros momentos da colocação do catéter umbilical ou cirurgia 
recente.Pode trazer efeitos não desejados ao bebê, como hiperextensão de pescoço, 
elevação de ombros, retração escapular, achatamento da cabeça. Não promove flexão, 
permitindo maior efeito da gravidade, dificultando as atividades de linha média, sendo mais 
estressante (mais alterações de sono, mais sustos e maior agitação). 
 
POSICIONAMENTO EM DECÚBITO LATERAL 
 É uma postura vantajosa sob o aspecto do desenvolvimento neuropsicomotor, pois 
facilita a flexão ativa ao nível do tronco e quadril, a melhor orientação entre mão e a linha 
média e entre a mão e a boca, que favorecem desenvolvimento da auto-organização e 
simetria. Além disso, o decúbito lateral direito auxilia no esvaziamento gástrico pós-
gavagem.O decúbito lateral esquerdo parece favorecer a redução na duração dos episódios 
de refluxo gastroesofágico. 
 
 
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