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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CAMPUS DE CACHOEIRA DO SUL CACHOEIRA DO SUL – RS Batata Prof. Alfran Tellechea Martini Engenheiro Agrônomo Doutor em Engenharia Agrícola 1 • Origem – Nativa dos Andes onde é cultivada há mais de 8.000 anos – Incas. – Europa (1570) – espanhóis. – América do Norte (1620) – tornou-se alimento popular. – Brasil (1920) – cinturão verde São Paulo. • Quarta cultura mais importante no mundo: - Trigo, milho e arroz. Introdução 2 • A área plantada anualmente está em torno de 140.000 ha. • Pesquisas apontam produção superior a 60 t/ha. • As Regiões Sul e Sudeste (PR,SC, RS, MG e SP) são as principais produtoras, contribuindo com aproximadamente 98% da área plantada com batata no Brasil. • Hoje é considerada a principal hortaliça no país. Introdução 3 • Características: – Nome científico: Solanum tuberosum L. – Família Solanaceae. – Planta anual com hábito de crescimento herbáceo. – Tubérculos – caules adaptados para reservas, resultado do engrossamento dos estolões. – Reprodução vegetativa. – Ciclo: 90-115 dias. Introdução 4 Introdução Fonte: www.abbabatatabrasileira.com.br Figura 1. Morfologia da planta de batata. 5 • Alto valor energético. • Ausência de colesterol. • 100g de batata suprem 13% das necessidades de crianças e 7% de adultos. • Possui balanço adequado de proteína e energia = < complementação proteica que outras raízes, tubérculos e alguns cereais. Aspectos Nutricionais Fonte: www.abbabatatabrasileira.com.br 6 Aspectos Nutricionais • Fonte de tiamina, niacina, vitamina B6, ácido fólico e 50% de vitamina C para um adulto. • Ferro, fósforo, magnésio e potássio. • Maior produção de energia e proteínas por hectare - 300 kg hectare-1. – Trigo 200 kg ha-1 – Arroz 168 kg ha-1 7 Fonte: www.abbabatatabrasileira.com.br Figura 2. Valor biológico de alimentos básicos. Aspectos Nutricionais 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Ovo Leite Batata Trigo Arroz Feijão Milho 95 88 78 68 65 62 58 8 Consumo per Capita Kg ano-1 Mundo 31,70 África 14,00 Ásia 23,70 Europa 91,40 América do Norte 57,00 América do Sul 28,90 Brasil 16,92 Fonte: FAOSTAT, 2012 • Considerado um dos principais problemas; • Encarada como alimento marginal: • Aumento da renda, diminui consumo. Tabela 1. Consumo per capita. 9 Batata no Mundo Posição Produção Países Toneladas 1º China 74.799.084 2º Índia 36.577.300 3º Rúsia 21.140.500 4º Ucrânia 18.705.000 5º EUA 18.016.200 6º Alemanha 10.201.900 7º Polônia 8.765.960 8º Bangladesh 7.930.000 9º Belarus 7.831.110 10º Holanda 6.843.530 19º Brasil 3.595.330 Outros 41.271.330 TOTAL 255.677.244 Fonte: FAOSTAT, 2012 Tabela 2. Países maiores produtores de batata. 10 Batata no Brasil Fonte: FAOSTAT, 2012 Posição Produto Prod. (ton) 1º Cana-de-açúcar 719.157.000 2º Soja 68.5287000 3º Milho 56.060.400 4º Leite integral 31.667.600 5º Mandioca 24.354.000 6º Laranja 19.112.300 7º Arroz 11.208.900 8º Carne de Frango 10.733.000 9º Carne Bovina 7.196.140 13º Batata 3.595.330 Tabela 3. Ranking das culturas mais produzidas no Brasil. 11 Produtividade no Brasil Fonte: FAOSTAT; IBGE, 2012 Figura 3. Evolução da Produtividade de batata no Brasil. 0 5 10 15 20 25 30 P ro d u ti vi d ad e (m il kg h a- ¹) 12 Produção x Área Plantada no Brasil Fonte: FAOSTAT; IBGE, 2012 Figura 4. Evolução da Produção e área plantada de batata no Brasil. 125 130 135 140 145 150 155 160 165 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 Produção (ton) Área colhida (ha) Á re a co lh id a (m il h a) P ro d u çã o ( m il to n ) 13 87% 67,6 % Produção x Estado Fonte: IBGE, 2012 Figura 5. Produção de batata X Estados 31,06 19,06 17,80 10,00 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 Minas Gerais Paraná São Paulo Rio Grande do Sul Pe rc e n tu al d e p ro d u çã o 14 Estes estados representam 79% da produção nacional. Produtividade x Estado Fonte: IBGE, 2012 Figura 5. Produtividade de batata X Estados 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Goiás Bahia Minas Gerais São Paulo Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul P ro d u ti vi d ad e m il kg h a- ¹ 41,7 37,2 29,4 22,4 22,4 17,9 16,4 15 – Safra das águas: agosto a dezembro (RS, SC, PR, MG e SP). Aproximadamente 60 mil hectares. – Safra das secas: dezembro a abril (RS, SC, PR, MG e SP). Aproximadamente 46 mil hectares. – Safra de inverno: abril a julho (SP, MG e ES). 34 mil hectares. Épocas de Plantio 16 Safra das Águas; 43% Safra da Seca; 33% Safra de Inverno; 24% Proporção das Épocas de Produção Fonte: IBGE, 2012 17 Figura 6. Participação das épocas de plantio na cultura da batata Alto risco da doença da requeima. • Plantio da batata até a emergência das hastes – Reservas tubérculo; excesso h2o prejudicial; 1 a 2 semanas • Emergência ao início da tuberização – > crescimento da parte aérea e raízes; – Adubação complementar – Início tuberização; – > Exigências hídricas – 1-2 até 4-5 semanas Desenvolvimento da Cultura 18 • Início tuberização até o máximo desenvolvimento vegetativo – Máxima absorção de nutrientes e tuberização; – Início problemas fitosssanitários; 4-5 até 8-10 semanas. • Máximo desenvolvimento vegetativo à senescência – Mais longo e maior ganho de peso – < Exigências hídricas; > Problemas fitossanitários – 8-10 até 15-17 semanas Desenvolvimento da Cultura 19 • Termoperiodicidade diária: 10°C ≠ entre dia e noite • 20-25 durante o dia. • 10-16 durante a noite. • Temperatura ideal; • Emergência – Início tuberização: 18 – 22°C – Baixa no início do ciclo – atraso no estabelecimento. – Excesso de umidade: apodrecimento e má formação de tubérculos. • Amena na tuberização (20°C) – maior produtividade. • T° > 29°C na tuberização = Altera a respiração < Fotossíntese – Menor nº e peso unitário de tubérculos; – Menor IAF. Exigências Climáticas 20 • Hortaliça mais exigente em água. • Necessidade de água ou evapotranspiração total da cultura varia de 350 – 600 mm/ciclo. • Dependendo principalmente das condições climáticas predominantes e duração do ciclo da cultivar. • A eficiência da utilização varia de 4 – 7 Kg de tubérculos/m³. • Minimizar riscos inerentes a condições climáticas adversas. Exigências Hídricas 21 • Leve, areno-argilosos, soltos, bem estruturados, com média ou alta fertilidade, bem drenados e com boa aeração. – Preparo convencional: aração e gradagem. – Problemas de erosão. • Correção do solo: – Relativamente tolerante à acidez; – pH ideal: 5,5; – Saturação de bases 60%. Solo 22 • > produtividades = > exportação de nutrientes: • Exemplo: – Uma lavoura com produtividade de 27 T ha-1, exporta: • 131,76 kg de K; • 85,86 kg de N; • 25,92 kg de P; • 11,43 kg de S; • 4,05 kg de Ca e Mg. • Pesada adubação. Adubação 23 • Batata-semente:– Menor tamanho favorável. – Adequado brotamento • Densidade de plantio - 3.420 kg ha-1 - tipo I • Plantio em sulcos (10-15 cm) – Espaçamento: • 80-90 cm – consumo • 70-75 cm – batata-semente. • 20-50 cm na linha – depende vigor. • Evitar contato do fertilizante com a batata-semente. Implantação da Cultura 24 Entre as linhas Implantação da Cultura Figura 7. Plantadora-adubadora de batata. 25 • Amontoa: – Aterramento da fileiras, formando um camaleão de cerca de 20 cm. 25 a 30 dias após a emergência. – Efetuar quando hastes atingirem 25-30 cm de altura. – Estimula tuberização. – Melhora eficiência da adubação de cobertura. – Previne esverdeamento. – Controle de plantas daninhas. Tratos Culturais 26 Esverdeamento Figura 8. Esverdeamento da batata por exposição prolongada a luz solar. 27 Esverdeamento = produção de solanina nos tubérculos, a qual é tóxica para seres humanos. Esverdeamento pela perda de água. Tratos Culturais Figura 9. Ilustração da amontoa. 28 Amontoa para evitar exposição ao sol que pode causar escaldadura e esverdeamento das batatas. Insetos Pragas - Constitui um dos maiores problemas na cultura da batata. - O controle é um dos fatores que mais oneram os custos. - Causadores de danos: • Diretos • Indiretos 29 • Pulgões • Vaquinha - Diabrotica speciosa Figura 10. Principais insetos-praga e seus danos. Principais Pragas 30 • Traça-da-batata – Phthorimaea operculella • Mosca-minadora – Liriomyza huidobrensis Figura 11. Principais insetos-praga e seus danos. Principais Pragas 31 Figura 12. Pragas secundárias. Pragas Secundárias • Bicho - bolo • Burrinho 32 Figura 13. Pragas secundárias. Pragas Secundárias • Ácaros • Bicho - arame 33 Doenças Doenças podem ser causadas por fungos, bactérias, vírus e nematóides. Maior participação nos custos de produção, pela necessidade de aplicações sequenciais. 34 • Murcha bacteriana – Pseudomonas solanacearum • Vírus do enrolamento da folha – Potato leafroll virus Figura 14. Principais doenças e seus danos. Doenças 35 • Requeima – Phytophthora infestans • Pinta preta – Alternaria solani Figura 15. Principais doenças e seus danos. Doenças 36 Manejo de Plantas Daninhas 37 Competição com plantas daninhas: • Efeitos diretos: competição por fatores de crescimento: – Água. – Luz. – Nutrientes. • Efeitos indiretos: – Dificultam a colheita. – Hospedeiro de pragas e doenças. – Efeitos alelopáticos. • Cada adicional de 10% na massa seca de PD decréscimo de 12% na produção de tubérculos (Nelson e Thoreson, 1981). 38 Período Crítico de Prevenção da Interferência 110 PCPI PAI 0 30 50 PTPI Amontoa PAI e PCPI variáveis: • Clima. • Grau de infestação. • Densidade de plantas. • Vigor de cultivares. • Adubação. Guimarães, 2003 39 Espécie Nome comum Espécie Nome comum Brachiaria plantaginea Papuã Portulaca oleraceae Beldroega Cenchrus echinatus Capim-carrapicho Sida sp. Guanxumas Digitaria horizontalis Milhã Coronopus didymus Mastruço Eleusine indica Capim pé-de-galinha Sonchus oleraceus Serralha Echinochloa sp. Capim-arroz Amaranthus sp. Caruru Brachiaria decumbens Capim-braquiária Galinsoga parviflora Picão-branco Commelina benghalensis Trapoeraba Solanum americanum Maria-pretinha Cyperus rotundus Tiririca Richardia brasiliensis Poáia-branca Bidens pilosa Picão-preto Ipomoea sp. Corriola Tabela 4. Principais plantas daninhas associadas a cultura da batata. (Adaptado de Blanco, 2008) 40 17 0 0 34 17 51 51 34 ------------- Plantas m-2 ------------- Figura 18. Número e massa seca de tubérculos em diferentes densidades de Sorghum halepense . (Adaptado de Beltrano & Caldiz, 1993) -85% -80% -95% -55% -65% -45% 41 Competição • Controle preventivo: – Batata-semente certificada e/ou registrada. – Evitar que plantas daninhas produzam sementes. – Não permitir o desenvolvimento de plantas daninhas de propagação vegetativa. – Limpeza de máquinas, cuidado com trânsito de veículos e animais. – Limpeza de arredores. Métodos de Controle 42 • Controle cultural: – Preparo antecipado do solo. – Espaçamento. – Densidade de plantio. – Cultivares adaptadas e vigorosas. – Rotação de culturas: • Arroz, milho, sorgo, pastagens, feijão. • diversifica controle químico. – Cobertura do solo. • Controle mecânico: – Capinas. – Cultivadores (capinadeiras). – Arranquio. 43 Áreas mais úmidas, favorece o desenvolvimento de doenças como sarna pulverulenta e podridão dos tubérculos. Início Fim pl. m-2 Graus dia DAE Fechamento (%) Graus dia DAE Fechamento (%) 5,3 571 19 40 1163 51 80 6,6 676 24 50 1014 43 100 Tabela 5. Período crítico de prevenção da interferência de plantas daninhas (PCPI), baseado no desenvolvimento em graus dia, dias após a emergência e fechamento do dossel foliar em duas populações de plantas (Adaptado de Ahmadvand et al. 2009). População de Plantas PCPI População de plantas População de plantas PAI PCPI PAI 44 População de Plantas P ro d u çã o r el at iv a (% e m re la çã o à á re as li vr es d e P D Figura 19. Efeito do aumento do período da interferência (círculos) e períodos livre da infestação de plantas daninhas (triângulos) sobre a produção relativa de batatas em (A) alta densidade de plantas e (B) baixa densidade de plantas (Adaptado de Ahmadvand et al. 2009). PAI PCPI PAI PCPI 19 – 51 DAE 24 – 43 DAE 45 Tabela 6. Avaliação visual do fechamento da entrelinha pelo dossel foliar de diferentes cultivares de batata. (Adaptado de Colquhoun et al., 2009) 1Médias não seguidas por mesma letra, diferem pelo teste LSD 5%. Cultivar Fechamento do dossel foliar 1º de junho 21 de junho -----------------------%---------------------- Atlantic 16 a 84 bcd Snowden 14 ab 88 bc Superior 16 a 76 cd Rodeo 10 bc 88 bc Goldrush 9 c 74 d Russet Norkotah 10 bc 85 bcd Bannock Russet 4 d 53 e Russet Burbank 16 a 96 a Villeta Rose 8 c 79 bcd Dark red Norland 14 ab 89 ab Cultivares Competitivas 46 Cultivar Produtividade de tubérculos comercializáveis Infestação durante todo ciclo Livre de infestação nas 4 primeiras semanas -----% em relação à testemunha capinada2 ----- Atlantic 57 a1 75 bc Snowden 57 a 92 ab Superior 48 ab 81 bc Rodeo 57 ab 86 ab Goldrush 42 b 79 bc Russet Norkotah 48 ab 85 ab Bannock Russet 23 c 58 c Russet Burbank 64 a 88 ab Villeta Rose 52 ab 88 ab Dark red Norland 60 a 98 a Tabela 7. Produtividade total de batata comercializável em cultivares submetidas à diferentes períodos de convivência com plantas daninhas. (Adaptado de Colquhoun et al., 2009) 1Médias não seguidas por mesma letra, diferem pelo teste LSD 5%. 2Produtividade relativa à área sem presença de plantas daninhas. Cultivares Competitivas 47 • Controle químico: – Controle de PD em épocas chuvosas – Controle de plantas daninhas que incidem na fase de crescimento da batata. – Plantas que escapam de outras métodos de controle (após a amontoa). – Herbicidasaplicados em pré plantio, pré e pós emergência. – Dessecação em pré-colheita. • Controle integrado: – Emprego de duas ou mais medidas de controle. 48 Ingrediente ativo Nome comercial Composição Aplicação Indicação Carfentrazone-ethyl Affinity 400 EC 400 g L-1 Pré Gra, lat Clethodim Select 240 CE 240 g L-1 Pós Gra Clomazone Gamit 360 CS 360 g L-1 Pré/Pós Gra Dibrometo de diquat Reglone 200 g L-1 Pós-d Gra, lat Dibrometo de paraquat Gramoxone 200 g L-1 Pós-d Gra, lat Fenoxaprop-p-ethyl Rapsode 110 g L-1 Pós Gra Fluazifop-p-butyl Fusilade 250 250 g L-1 Pós Gra Flumioxazin Flumyzin 500 500 g Kg-1 Pré/Pós Gra, lat Tabela 8. Herbicidas registrados para a cultura da batata. Fonte: Agrofit, 2012 49 • Quando as hastes apresentarem-se secas e tubérculo com película firme. • Uso mecânico. • Catação manual após a destruição das leiras. Colheita Fonte: Google Figura 20. Ilustração da colheita. 50 • Perda de umidade. • Lavagem. • Diminuição da vida pós-colheita, aumento de apodrecimentos e deterioração dos tubérculos. • Risco de contaminação por patógenos. • Aumento da taxa de descarte pelo processo de limpeza. • Maiores perdas no transporte à longas distâncias. Processamento 51 • Condições naturais (galpões) - 1 mês. • Condições refrigeradas com 80-90% UR e 7 – 12º C - 3 meses. • Temperaturas amenas no armazenamento pode ocasionar acúmulo de sacarose e açúcares redutores, deixando a batata escura quando for frita. Armazenamento 52 • Local arejado, seco e com abrigo de luz. • Deixar abrigada da luz para evitar esverdeamento e formação de glicoalcalóides tóxicos = solanina, reduzindo o valor comercial e causando danos a saúde humana. • Evitar pilhas próximas às paredes e formação de grandes blocos. • Adequado expurgo de pragas e roedores. Armazenamento 53 • Alta produtividade = rentabilidade. • Maior produção de energia e proteína por hectare. • Alto valor biológico. • Considerado alimento marginal. • Altamente perecível. • Produto volumoso = alto valor de transporte. Considerações Finais 54 • Falta de informações aos consumidores quanto suas qualidades. • Inexistência de mecanismos formais e legais para a certificação e validação de tecnologias especificas para os sistema de cultivo. • Necessidade de realizar rotação de culturas. • Utilizar MIPD para obter êxito na produção de batata. Considerações Finais 55 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CAMPUS DE CACHOEIRA DO SUL CACHOEIRA DO SUL – RS Mandioca Prof. Alfran Tellechea Martini Engenheiro Agrônomo Doutor em Engenharia Agrícola 56 Origem 57 Introdução • Originária da América do Sul (9 mil anos) • Fonte energética para 500 milhões de pessoas • Atraz de cana-de-açúcar, soja e milho • Países em desenvolvimento • Pequenas áreas Importância econômica Utilização da parte aérea • Alimentação animal • Energia 58 Importância econômica Utilização das raízes Culinária Alimentação animal (16 e 30 t MS/ha/ano; Indústria Álcool (12.800l ha; 55 t/ha raízes; Salla, 2008) 59 Importância econômica A raiz pode ser classificada em: 1) de “mesa” - é comercializada na forma in natura; 2) para a indústria - transformada principalmente em farinha, que tem uso essencialmente alimentar, e fécula. 60 FÉCULA ( Amido) FERMENTADA MODIFICADA IN NATURA Polvilho Papéis Baby - food Álcool Fermento químico Goma para tecidos Tapioca / Sagu - Dextrina (papelão) - Pré-gelatinizados - Glucose - Sorbitol (adoçante) - Vitamina C - Plásticos biodegradáveis Figura 1. Utilização industrial da mandioca 61 • Espécie comestível e largamente difundida; • Pertence a família Euphorbiaceae, que contém mais de duzentas espécies; • São plantas de hábito arbustivo ou herbáceo; • Suas principais espécies, por serem comestíveis e largamente difundidas, são Manihot esculenta e a Manihot utilissima. Mandioca 62 Características Quanto à toxidade as cultivares podem ser: 1) doces ou de "mesa", também conhecidas como aipim, macaxeira ou mandioca mansa e normalmente utilizadas para consumo fresco humano e animal; 2) amargas ou mandiocas bravas, geralmente usadas nas indústrias. Quanto ao teor de ácido cianídrico: 1) Não venenosa - menos 50 mg de HCN por kg de raiz fresca 2) Pouco venenosa - de 50 a 80 mg de HCN por kg de raiz fresca 3) Venenosa - de 80 a 100 mg de HCN por kg de raiz fresca 4) Muito venenosa - acima de 100 mg de HCN por kg de raiz fresca Ciclo: Precoce: 10-12 meses Semi-precoce: 14-16 meses Tardio: 18-20 meses 63 Uso industrial Mesa • Branca de Sta Catarina • Roxinha • Fibra • IAC 12 • IAC 13 • IAC 14 • IAC 15 • Fécula Branca • Espeto • Mantiqueira • Verdinha • Jaçanã • Preta • IAC 576 • Pioneira • Paraná • Gema de Ovo Embrapa, 2010. 64 Cultivares de mandioca para plantio na região Centro Sul do Brasil 1. Cor da folha apical Verde claro Verde escuro Verde arroxeado Roxo 65 Características Características 2. Cor do córtex do caule Amarelo Verde claro Verde escuro 66 3. Cor externa do caule Laranja Verde amarelado Dourado Marrom claro Prateado Cinza Marrom escuro 67 Características 5. Cor externa da raiz Branco ou creme Amarelo Marrom claro Marrom escuro 68 Características 6. Cor da polpa da raiz Branca Creme Amarela Rosada 69 Características 7. Textura da epiderme da raiz Lisa Rugosa 70 Características • Clima tropical e subtropical; • Precipitação pluviométrica variável de 600 a 1.500 mm/ano; • Temperatura média de em torno de 25ºC. • 30 graus de latitudes Norte e Sul; • Altitudes até cerca de 2.300 metros; • Período de luz ideal 12 horas/dia. Clima Cultura da Mandioca 71 Solo • Arenoso – Textura médio (argiloso = compactação): • Terrenos de baixada, topografia plana e encharcados periódicamente (inadequado = pequeno desenvolvimento das plantas de apodrecimento das raízes): • Profundidade: • Declividade (até 10%): • Práticas conservacionistas do solo: Ideais: arenosos ou textura média (fácil crescimento das raízes, boa drenagem e facilidade de colheita). 72 Cultura da Mandioca Época de Plantio • Disponibilidade de rama • Fatores climáticos • Pragas, Insetos e PD Manejo das ramas para o plantio • Época de coleta das ramas (10 a 12 meses) • Corte das ramas 20 cm 5 - 7 gemas 1,5 cm 1,5 cm 75 Armazenagem e viabilidade das ramas • Sombreado • Coberto com palha ou capim seco Local Tratamento recomendados para as manivas durante a conservação Fonte: Agrofit O espaçamento é definido como a distância entre as fileiras de plantas e entre plantas na fileira. Fileiras simples: 1,00 x 0.60 m (16.666 plantas ha-1) a 1,00 x 1,00m (10.000 plantas/ha), dependendo do tipo de ramificação, porte da cultivar e fertilidade do solo. Fileiras duplas: 2,00 m x 0,60 m x 0,60 m (12.820 plantas/ha) ou 2,00 m x 0,80 m x 0,80 m (8.928 plantas/ha). Fileiras duplas: alto rendimento de raízes, consorciocom culturas de ciclo curto (milho, feijão, etc.), rotação de culturas na mesma área, redução do número de hastes, controle do mato de forma mecanizada e facilita colheita. Espaçamento 76 Cultura da Mandioca 77 O plantio pode ser feito em covas, sulcos e leirões contínuos ou covas altas; O plantio em covas ou sulcos é feito na profundidade de até 10 cm e as manivas colocadas na posição horizontal das covas, cobrindo-o com uma leve camada de terra. Plantio Cultura da Mandioca Fileira simples Fileiras duplas Consorciado com feijão 78 Covas 79 • Enxada • Sulcador a tração animal ou mecanizados. • Plantadeiras mecanizadas disponíveis no mercado que fazem de uma só vez as operações: • sulcamento, adubação, corte das manivas, plantio e cobertura das manivas. Plantio Cultura da Mandioca ADUBAÇÃO E CALAGEM pH = 5,5 a 7,0 (ideal = 6,5). As áreas devem ser escolhidas, preparadas, corrigidas e adubadas adequadamente, conforme os resultados de análise química. 80 Cultura da Mandioca Marandovás Broca do caule Formigas Ácaros 81 PRAGAS Fonte: Google imagens DOENÇAS Podridão de raiz Mancha parda Mancha parda grande Ferrugem da mandioca (Uromyces manihotis) 82 Fonte: Google imagens 83 Mudas sádias Boa drenagem Adubação balanceada Controlar os insetos e nematóides vetores de viroses e as brocas que provocam ferimentos nas plantas Evitar ferimentos nos tratos culturais Destruir os restos culturais que, normalmente hospedam populações de patógenos e insetos Realizar rotação de culturas Inspecionar a lavoura com freqüência DOENÇAS 84 A colheita da mandioca é feita de maneira manual ou com auxílio de implementos: • 1000 a 1500 kg/homem/dia a) A poda das ramas, efetuada a uma altura de 20 a 30 cm acima do nível do solo, pode ser feito de maneira manual ou com auxílio de implementos COLHEITA • Reduz a produção de raízes e o teor de carboidratos • Disseminação de pragas e doenças • Aumenta a infestação de ervas daninhas • Aumenta teor de fibras nas raízes • Elevar o número de hastes por planta 85 c) arranquio das raízes do solo que pode ser executado de maneira manual, com a ajuda de ferramentas ou por meio de implementos mecanizados, como o arrancador b) passagem de implementos mecanizados como o afofador 86 d) Arranquio das raízes das cepas da mandioca, também conhecido como "despinicar" . e) Carregamento • A colheita é realizada quando a cultura alcança alto rendimento de raízes e de percentual de amido, quando o destino é a indústria, ocorrendo geralmente de 12 a 18 meses de idade da planta. • Para a mandioca de mesa a colheita é feita geralmente a partir dos oitavo mês, pois colheitas tardias podem reduzir a qualidade das raízes para o consumo. • Raízes de mandioca são perecíveis; após a colheita ocorre processo de murchamento e arroxeamento. • O rendimento industrial varia de 25 a 30%, ou seja uma tonelada de raízes produz cerca de 300 quilos de farinha. COLHEITA E RENDIMENTO 87 PLANTAS DANINHAS 88 • As plantas daninhas concorrem com a cultura da mandioca pelos fatores de produção, principalmente por água e nutrientes. • Perdas em produção de raízes podem chegar a 90%, em função do tempo de convivência e da densidade das espécies infestantes (Carvalho, 2000; Mattos & Cardoso, 2003). Manejo de plantas daninhas 89 Custo elevado da mão-de-obra para o controle de plantas daninhas, é devido ao crescimento inicial muito lento da cultura, que demora para fechar e cobrir o solo. Esse custo representa 35 a 40 % do custo total de produção, demandando cerca de 50 % de toda mão-de-obra requerida no ano agrícola. Gomes; Leal, 2006 90 Manejo de plantas daninhas Quanto ao período crítico, em condições normais de umidade e temperatura a mandioca é sensível à competição das plantas daninhas nos primeiros quatro meses do seu ciclo, exigindo nessa fase um período aproximado de 100 dias livre da interferência, a partir de 20 a 30 dias após sua brotação, para se obter boa produção, dispensando daí em diante o controle até à colheita. Embrapa, 2010 . 91 Manejo de plantas daninhas Família Nome científico Comum Compositae Acanthospermum australe Carrapicho rasteiro Acanthospermum hispidum Carrapicho-de-carneiro Eupatorium ballataefolium Eupatorio, picão-preto Eupatorium laevigatum Eupatorio, Erva-formigueira Blainvillea rhomboidea Picão grande Centratheum punctatum Perpétua Ageratum conyzoides Mentrasto Bidens pilosa Picão preto Sonchus oleraceus Serralha Emilia sonchifolia Falsa serralha Tagetes minuta Cravo de defunto Galinsoga parviflora Picão branco Galinsoga ciliata Picão branco, fazendeiro Gramineae Brachiaria plantaginea Capim marmelada Rhynchelytrum repens Capim favorito Pennisetum setosum Capim oferecido Leptocloa filiformis Capim mimoso Echinochloa colonum Capim coloninho Digitaria horizontalis Capim colchão Setaria vulpiseta Capim rabo-de-raposa Eleusine indica Capim pé-de-galinha Leguminosae Senna occidentalis Fedegoso Malvaceae Sida spinosa Guanxuma, malva Sida rhombifolia Guanxuma, relógio Sida cordifolia Malva branca Tabela 9. Plantas daninhas que ocorrem na cultura da mandioca, no Brasil. Embrapa, 2010. 92 Continuação tabela 9. Família Nome científico Comum Rubiaceae Spermacoce verticillata Vassourinha de botão Mitracarpus hirtus Poaia da praia Diodia teres Mata pasto Richardia brasiliensis Poaia branca Spermacoce latifolia Erva quente Richardia scabra Poaia do cerrado Euphorbiaceae Croton lobatus Café bravo Euphorbia heterophylla Amendoim bravo Phyllanthus tenellus Quebra-pedra Chamaesyce hirta Erva-de-santa-luzia Chamaesyce prostata Quebra-pedra rasteiro Euphorbia brasiliensis Leiteira Convolvulaceae Ipomoea sp. Corda-de-viola Portulacaceae Portulaca oleracea Beldroega Amaranthaceae Amaranthus viridis Caruru verde Amaranthus spinosus Caruru-de-espinho Amaranthus hybridus Caruru roxo Alternanthera tenella Apaga fogo Commelinaceae Commelina benghalensis Trapoeraba, marianinha Commelina difusa Trapoeraba, marianinha Cyperaceae Cyperus rotundus Tiririca roxa Cyperus esculentus Tiriricão, tiririca amarela Embrapa, 2010. 93 • Controle cultural • Controle mecânico • Controle químico • Controle integrado 94 Métodos de controle de plantas daninhas na cultura da mandioca bom preparo do solo; qualidade da maniva para o plantio; escolha da variedade adaptada ao ecossistema; época de plantio; densidade de plantio; rotação de culturas; uso de coberturas verdes. 95 Controle cultural Arranquio manual Capina manual Roçadas Cultivo mecanizado Embrapa, 2010 96 Controle mecânico Quando os períodos de convivência das plantas daninhas com a cultura foram iguais e superiores a 50 dias entre o plantio e a capina, a produtividade da cultura apresentou decréscimo na produção de raízes; As perdas no rendimento foram superiores a 90% quando a primeira capina foi realizada após 100 dias de convivência da cultura com as plantas daninhas; O PCPI encontra-se dos 25 aos 75 DAP. INTERFERÊNCIADE PLANTAS DANINHAS SOBRE A PRODUTIVIDADE DA MANDIOCA (Manihot esculenta) Albuquerque et al., 2008 97 A cultura da mandioca é mais sensível à competição quando o período de convivência é superior a 60 dias após o plantio. Capinas realizadas até 90 dias após o plantio aumentam consideravelmente a produção de ramas e raízes de mandioca. Alcântara et al.,1982 Pinho et al. ,1980 98 Consiste no uso de herbicidas, que são produtos químicos aplicados em pré e pós-emergência das plantas daninhas para seu controle. 99 Controle químico Tabela 11 . Herbicidas indicados para o controle de plantas daninhas na cultura da mandioca. Nome comum Produto comercial Dose (kg do i.a./ha-1) Época de aplicação Mecanismo de ação Clomazone Gamit 0,8- 1,0 Pré Carotenóides Metribuzin Sencor 480, Lexone SC 0,35 - 0,49 Pré Fotossistema II Trifluralina Trifluralina Nortox 0,53 - 1,07 PPI Microtúbulos Ametryn + clomazone Sinerge CE 1,2 + 0,8 a 1,5 + 1,0 Pré / Pós inicial Fotossistema II + Carotenóides Clethodim Select 240 CE 0,084 a 0,108 Pós ACCase Isoxaflutole Provence 750 WG 0,075 a 0,09375 Pré Carotenóides Agrofit, 2012; 100 Nome comum Nome comercial Dose (kg do i.a./ha-1) Época de aplicação Diuron Karmex, Diuron, Cention 1,0 - 1,5 PRÉ* Linuron Afalon SC, Linurex 1,0 - 2,0 PRÉ Alachlor Laço CE, Alaclor Nortox 2,4 - 2,8 PRÉ Oxyfluorfen Goal 0,36 - 0,48 PRÉ Trifluralina Trifluralina Nortox 0,53 - 1,07 PPI Metolaclor Dual 960 CE 2,4 - 2,88 PRÉ Atrazina Gesaprim 500, Atrazinax 2,0 - 3,0 PRÉ Metribuzin Sencor 480, Lexone SC 0,35 - 0,49 PRÉ Clomazone Gamit 0,80 - 1,0 PRÉ Fenoxapropetil Furore 0,15 - 0,21 PÓS Sethoxydin Poast 0,23 PÓS Fluazifop-P-butil Fusilade 125 0,188 PÓS Haloxyfop-methyl Verdict 0,12 PÓS Quizalofop-ethyl Targa 0,1 PÓS Glifosato Roundup 0,72 - 1,08 PÓS** Diuron + metolaclor Mistura de tanque 1,0 + 1,92 PRÉ Trifluralina + diuron Mistura de tanque 1,0 + 0,53 PRÉ Diuron + alachlor Mistura de tanque 1,0 + 1,2 PRÉ Atrazina + alachlor Boxer 2,4 - 2,88 PRÉ Linuron + metolaclor Mistura de tanque 1,0 + 1,92 PRÉ Linuron + alachlor Mistura de tanque 1,0 + 1,2 PRÉ Tabela 12 . Herbicidas indicados pela pesquisa, mas não registrados para a cultura da mandioca no Brasil. 101 Fonte: Embrapa, 2003. Consiste na integração dos métodos químico, mecânico e cultural, com o objetivo de eliminar as deficiências de cada um deles e, assim, obter um resultado mais eficiente, redução dos custos e menor efeito sobre o meio ambiente. 102 Controle integrado Na cultura da mandioca, os dois métodos mais utilizados para o controle de plantas daninhas são o mecânico, por meio de capinas, e o químico, por meio de herbicidas. No entanto, o uso de herbicidas nesta cultura ainda é limitado, dependendo da disponibilização de mais informações e de mais herbicidas registrados para uso. Considerações finais 103
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